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20/05/2020 Acórdão do Tribunal da Relação do Porto
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transferência.
Por outro lado, não há qualquer indício de que a factura que a recorrente juntou tenha
subjacentes quaisquer serviços jurídicos, nem a mesma os identifica, sendo um
documento junto apenas para formalmente procurar justificar a transferência de um valor
que não pertence nem à recorrente, nem a G…, mas sim à sociedade F…, Ldª, e
subtraído a esta pelo seu gerente com a ajuda da recorrente.
São, assim, e em nosso entender, evidentes e fortes os indícios da prática de crimes de
abuso de confiança, p. e p. pelo art° 205°, nºs 1 e 4, b) do CP e um crime de
branqueamento, p. e p. pelo artº 368°-A do CP.
Verificam-se os pressupostos que ditaram a aplicação, ao abrigo das disposições
conjugadas nos arts° 17°, nºs. 1 e 2 da Lei 25/2008, de 05/06 e art° 4°, nºs. 1 a 4, da Lei
5/2002, de 11/01, da suspensão de movimentos a débito e de controlo de todas a
operações a débito sobre a conta bancária do Banco D… com o IBAN PT
……………………… do Banco D…, de que são titulares B….
*
I.4. Parecer do Ministério Público na Relação.
Acompanhou a motivação da resposta em 1ª instância.
*
II. Objecto do recurso e sua apreciação.
São as conclusões da motivação que delimitam o âmbito do recurso. Se ficam aquém a
parte da motivação que não é resumida nas conclusões torna-se inútil porque o tribunal
de recurso só pode considerar as conclusões e se vão além também não devem ser
consideradas porque são um resumo da motivação e esta é inexistente (neste sentido,
Germano Marques da Silva, Direito Processual Penal Português, Vol. 3, 2015, págs.
335 e 336).
A recorrente apresenta as seguintes divergências em relação às decisões recorridas:
1ª origem da quantia “apreendida” é o reembolso pela Autoridade Tributária de
liquidações e IVA e juro compensatórios, sendo lícita a sua proveniência;
2ª o prazo do inquérito encontra-se esgotado;
3ª não existe qualquer crime subjacente, nomeadamente abuso de confiança, ao
imputado branqueamento que justificou a aplicação das medidas;
4ª a medida de sustação representa uma velada caução económica ou arresto preventivo
e não obedece aos requisitos legais;
5ª as medidas são manifestamente desproporcionais e desnecessárias.
Nos termos do artigo 4º, nº4, da Lei nº5/2002, de 11 de Janeiro, no âmbito das medidas
de combate à criminalidade organizada e económico-financeira, que estabeleceu um
regime especial de recolha de prova em relação, entre outros (cfr. artigo 1º, nº1, alínea
h)), ao crime de branqueamento de capitais, encontra-se previsto o controlo judicial de
conta bancária que pode incluir a obrigação (dirigida à instituição de crédito) de
suspensão de movimentos especificados com fundamento na prevenção da prática de
crime de branqueamento de capitais (em relação à confirmação o seu regime encontra-
se consagrado no artigo 17º da Lei nº25/2008, de 05 de Junho).
A primeira medida, de controlo de contas e movimentos, constitui uma genuína medida
de recolha de prova em tempo quase real, de forma ininterrupta e durante um período
temporal pré-definido, e assenta numa prospectiva de obtenção de informações
relevantes para a investigação. A segunda, ordem de abstenção de execução de
movimentos, radica num juízo de necessidade de prevenção da prática de crime de
branqueamento (neste sentido, José Damião da Cunha, Medidas de Combate à
Criminalidade Organizada e Económico-Financeira, Universidade Católica Editora.
2017, págs.77 a 85).
O referido crime de branqueamento consiste na conversão, transferência, auxílio ou
facilitação de operação de conversão ou transferência de vantagens provenientes da
prática dos factos ilícitos de lenocínio, abuso sexual de crianças ou de menores
dependentes, extorsão, tráfico de estupefacientes e/ou substâncias psicotrópicas, tráfico
de armas, órgãos ou tecidos humanos, espécies protegidas, fraude fiscal, tráfico de
influências, corrupção e demais infracções referidas no artigo 1º, nº1, da Lei nº36/94, de
29 de Setembro, e dos factos ilícitos puníveis com pena de prisão de duração mínima
superior a 6 meses ou de duração máxima superior a 5 anos (artigo 368º-A, nºs 1 e 2,
do Código Penal). Estes crimes precedentes ou subjacentes traduzem os
comportamentos ilícitos geradoras das vantagens cujo branqueamento se incrimina. Com
efeito, o crime de branqueamento visa tutelar o interesse do aparelho judiciário na
detecção e perda de vantagens de certos crimes (Pedro Caeiro, Separata de Liber
Discipulorum para Jorge de Figueiredo Dias, Coimbra Editora, 2003, pág.1086).
As referidas medidas, não obstante a sua consagração particularizada em respeito pela
natureza, também ela particular, do crime em causa (que exige, para além dos
mecanismos de prevenção impostos às entidades bancárias, a utilização de meios de
obtenção de prova em tempo real) obedecem ao critério geral da existência de
fundadas suspeitas da prática do crime (no caso, do crime precedente), juízo que se
terá de estender ao branqueamento da vantagem dele resultante.
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