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ESCOLA DE DIREITO
CURSO DE DIREITO
FELIPE DE OLIVEIRA
CIDADE
2022
Resumo:
A sentença anexa trata de um pedido de recuperação judicial distribuído
ao juízo da 31ª Vara Cível do Recife em 08 de maio de 2015. Tal recuperação
se refere a um grupo econômico, composto pelas empresas EKT Lojas de
departamentos LTDA e EKT Serviços de Cobrança LTDA. Seu processamento
foi deferido em 15 de maio de 2015.
O processo tramitou normalmente, sendo que houve a publicação da 1ª
lista de credores em 15/07/2015, seguido da juntada do plano de recuperação
judicial em 20/07/2015, tendo mais dois aditivos. Após isto, a assembleia geral
de credores foi convocada sendo, então, o plano aprovado e homologado pelo
juízo.
Ao declarar encerrada a recuperação judicial, o juiz determinou a
intimação da administradora judicial para apresentar relatório circunstanciado no
prazo de 15 dias, homologou a lista geral de credores consolidada até agosto de
2021, exonerou a administradora do seu encargo, notificou o administrador
judicial a informar se há saldo de honorários a receber, no prazo de 30 dias,
determinou um ofício à Junta Comercial para que haja ciência e averbação do
encerramento da recuperação judicial e que se retire a anotação “em
Recuperação Judicial” do nome da sociedade empresária, determinou a
realização da apuração do saldo das custas judiciais a serem pagas à Diretoria
Cível e determinou que a Diretoria Cível cumpra o que fora determinado em
despacho de maneira integral.
25/04/2022
Número: 0006174-66.2015.8.17.2001
Classe: RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Órgão julgador: Seção B da 31ª Vara Cível da Capital
Última distribuição : 13/05/2015
Valor da causa: R$ 100.000,00
Processo referência: 0003520-09.2015.8.17.2001
Assuntos: Recuperação judicial e Falência
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
EKT LOJAS DE DEPARTAMENTOS LTDA. (REQUERENTE) MILIANY ARAUJO MACIEL (ADVOGADO(A))
FABIANA BRUNO SOLANO PEREIRA (ADVOGADO(A))
THOMAS BENES FELSBERG (ADVOGADO(A))
CLARA MOREIRA AZZONI (ADVOGADO(A))
EKT SERVICOS DE COBRANCA LTDA. (REQUERENTE) MILIANY ARAUJO MACIEL (ADVOGADO(A))
FABIANA BRUNO SOLANO PEREIRA (ADVOGADO(A))
THOMAS BENES FELSBERG (ADVOGADO(A))
CLARA MOREIRA AZZONI (ADVOGADO(A))
Ministério Público (FISCAL DA ORDEM JURÍDICA)
LINDOSO E ARAUJO CONSULTORIA EMPRESARIAL LTDA ANA CLAUDIA VASCONCELOS ARAUJO WEINBERG
(ADMINISTRADOR JUDICIAL) (ADVOGADO(A))
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
10075 24/04/2022 15:20 Sentença Sentença
7385
Tribunal de Justiça de Pernambuco
Poder Judiciário
Seção B da 31ª Vara Cível da Capital
Processo nº 0006174-66.2015.8.17.2001
SENTENÇA
O processo tramitou de forma regular, com os seguintes atos: (i) a publicação da 1º lista de
credores em 15/07/2015 (DJE Edição 125/2015); (ii) o Plano de Recuperação Judicial foi juntado
aos autos em 20/07/2015 – ID 7405907, com o primeiro aditivo sendo apresentado em
19/10/2015 ao ID 8562165 e o segundo aditivo em 16/06/2016 ao ID 12201492; (iii)
Apresentação da relação de credores em cumprimento ao art. 7º, §2º, da Lei n. 11.101/2005, de
ID 8303323; (iv) a publicação da 2º lista de credores em 1º/12/2015 (DJE Edição 218/2015).
Com fulcro no art. 56, da Lei n. 11.101/2005, houve a convocação da Assembleia Geral de
credores para deliberar sobre o plano de recuperação – ID 11149831.
Diante da aprovação por parte dos credores, conforme Ata da Assembleia Geral de
Credores anexada aos autos pela administradora judicial ao ID 12294319, o Plano de
Recuperação Judicial foi homologado pelo juízo, nos termos do art. 58 da Lei nº 11.101/2005, e
foi CONCEDIDA a RECUPERAÇÃO JUDICIAL, conforme decisório de ID 12997276.
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Por fim, a Administradora Judicial apresentou o último relatório mensal das empresas
recuperandas ao ID 99260770 e lista de credores atualizada até agosto de 2021 – ID
86928413.
DECIDO:
Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o devedor permanecerá em
recuperação judicial até que se cumpram todas as obrigações previstas no plano que
se vencerem até 2 (dois) anos depois da concessão da recuperação judicial.
Assim, expirado o prazo de 02 anos, ainda que remanesçam obrigações do plano a ser
cumpridas, encerra-se o processo de recuperação, ficando os credores com a garantia de que a
decisão concessiva da recuperação judicial constitui título executivo judicial, permitindo-lhes, em
caso de descumprimento do plano, requerer a tutela específica ou a falência do devedor.
Inclusive não há qualquer limitação legal para que o processo de recuperação judicial não
seja encerrado em razão de pendência recursal na impugnação, pois os incidentes de
impugnação são autônomos e permitem a apreciação, mesmo após o encerramento do principal.
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retardatárias, como prevê o art.10, da Lein.11.101/2005. Portanto, não há
obstáculo legal ou processual para o encerramento da recuperação ainda que as
impugnações, eventuais habilitações retardatárias e ações rescisórias não
estejam definitivamente julgadas, eis que diferentemente do que pensa o ilustre
magistrado prolator da decisão agravada, o encerramento do processo não está
vinculado à consolidação do rol de credores. (....) A postergação ao
encerramento da recuperação em virtude da não consolidação do rol de
credores mais do que desvirtuar, frustrará a própria finalidade do
instituto."(Agravo de Instrumento n.030119001714, 1ª Câmara Cível, Des. Rel.
Fábio Clem de Oliveira - TJES) – grifo nosso.
O rito a ser empregado aos incidentes convertidos em ação autônoma será o ordinário,
por aplicação analógica ao art. 10, § 6º LRF, tendo como fundamento da conversão: o
encerramento da ação de recuperação judicial pelo decurso do prazo de fiscalização do plano.
"(...) Ora, admite-se a realização da AGC sem quadro geral consolidado. Também é
aceita a aprovação do plano sem quadro de credores consolidado. Admite-se o
cumprimento do plano sem quadro geral consolidado. Então qual seria o empecilho
para se encerrar o processo depois de dois anos de fiscalização do plano segundo o
universo de credores até então incluídos na recuperação? Vincular o encerramento da
recuperação ao julgamento definitivo das impugnações não é adequado e viola a
efetividade processual, tendo em vista que a lei admite que qualquer credor pleiteia a
inclusão de crédito ou discuta eventual valor ou natureza de seu crédito a qualquer
tempo, ainda que de forma retardatária (...)"
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Nesse mesmo cenário, cuida-se, portanto, que o presente processo recuperatório está em
fase final uma vez que houve, in casu, o decurso, muito superior, aos 02 anos de supervisão, que
se estende até a presente data, sem a comprovação incontestável e cabal do descumprimento de
quaisquer das obrigações constantes do plano de recuperação judicial, aprovado em assembleia
e homologado judicialmente.
Vale ressaltar que, conforme a Lei n.º 11.101/2005, as obrigações previstas no plano
devem ser cumpridas durante o período de prova, que compreende os dois anos seguintes da
concessão da recuperação.
Nesse contexto, apenas para fins exemplificativos, como se verifica do edital que trata o §
2º do art. 7º da LRF, Edição nº 218/2015, publicado em 01/12/2015, traz cerca de dois mil
credores com créditos ilíquidos, como se verifica abaixo:
Desta feita, aguardar a habilitação de cerca de dois mil credores ou mesmo julgar
todas as Impugnações de Crédito, tornaria o processo de Recuperação Judicial eterno, o
que prejudica todas as partes envolvidas, incluindo o judiciário.
Nesse sentido, a Lei de Recuperação Judicial e Falências (LRF) impõe, e não faculta, ao
juiz do procedimento específico a decisão declaratória do fim da recuperação judicial, desde que
saldadas as obrigações constantes do plano, no prazo estipulado. Eis o comando legal:
Art. 63. Cumpridas as obrigações vencidas no prazo previsto no caput do art. 61 desta
Lei, o juiz decretará por sentença o encerramento da recuperação judicial e
determinará: I - o pagamento do saldo de honorários ao administrador judicial,
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somente podendo efetuar a quitação dessas obrigações mediante prestação de
contas, no prazo de 30 (trinta) dias, e aprovação do relatório previsto no inciso III do
caput deste artigo; II - a apuração do saldo das custas judiciais a serem recolhidas; III
- a apresentação de relatório circunstanciado do administrador judicial, no prazo
máximo de 15 (quinze) dias, versando sobre a execução do plano de recuperação
pelo devedor; IV - a dissolução do Comitê de Credores e a exoneração do
administrador judicial; V - a comunicação ao Registro Público de Empresas para as
providências cabíveis.
O Relator do Recurso Especial, Min. Ministro Luis Felipe Salomão, acolheu os Embargos
de Declaração apresentados em face da decisão, tendo o Ministro Raul Araújo pedido vistas após
esta decisão.
Embora o referido julgamento tenha ocorrido de forma virtual, sua ata ainda não se
encontra presente para consulta nos autos eletrônicos do referido processo, diversos meios de
comunicação já repercutiram seu conteúdo, como o Consultor Jurídico que destacou os principais
pontos da fala do Relator, abaixo transcrita:
Configura-se, assim, que o plano de recuperação judicial aprovado se constitui num título
executivo judicial e por esse motivo, após encerrada a ação de recuperação judicial, caso o
devedor descumpra qualquer obrigação do plano, o interessado poderá requerer a execução
específica ou a falência.
Assim, nos termos do citado art. 94, pouco importa se a recuperação judicial ainda não
tenha sido efetivamente encerrada ao tempo do descumprimento da obrigação, devendo-se
interpretar os dispositivos legais de maneira sistemática, chegando-se à conclusão de que
somente o descumprimento ocorrido nos primeiros 02 anos é que traz a séria consequência da
conversão automática em falência, o que não é o caso dos presentes autos.
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Estabelecida a possibilidade de encerramento do feito, homologo a Lista de Credores
Atualizada apresentado pela Administradora Judicial ao ID 86928413 como Quadro Geral de
Credores, no estado em que se encontra.
Por fim, tendo em vista o encerramento do feito, importante se faz analisar a petição
de ID nº 100889599, apresentada pelas recuperandas requerendo diversos provimentos
deste Juízo, os quais passo a analisar.
Como bem lembrado pelas recuperandas, este Juízo já autorizou a expedição do Edital de
Encerramento ao ID 91189965, motivo pelo qual não vislumbro óbice na concessão do referido
pedido, homologando a minuta apresentada ao ID nº 100889600, determinando que a Diretoria
Cível proceda com a publicação, logo após a publicação da presente sentença de encerramento
da recuperação judicial.
Como acima demonstrado, cerca de 2 (dois) mil credores possuem créditos ilíquidos, dentre os
quais, mais de 1.500 são apenas credores trabalhistas. Imaginar que a presente Recuperação
Judicial deverá ficar ativa, aguardando a liquidação de todos os créditos, não é sequer razoável,
como vai de encontro à Lei 11.101/2005.
Assim, indefiro o pedido em tela, e recebo a Lista de Credores apresentada pelo administrador
judicial ao ID 86928413 como Quadro Geral de Credores da Recuperação Judicial.
Frise-se mais uma vez, que não haverá qualquer prejuízo aos credores ou às Recuperandas,
visto que tal fato, estará expressamente informado no edital de encerramento da recuperação
judicial.
Pugnaram as recuperandas pela transferência dos recursos depositados nestes autos, limitados
ao valor incontroverso, no caso, aquele decorrente da aplicação do PRJ, para as contas judiciais
vinculadas aos processos trabalhistas cujos créditos são sujeitos à recuperação judicial.
Para tanto, pugnaram pela manutenção da conta judicial vinculada à recuperação pelo prazo de
90 dias, com a finalidade de obter a listagem de todos os processos, credores e valores a serem
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pagos em conformidade com o pedido apresentado.
Indefiro de plano o citado pedido. A manutenção da abertura da conta pelo longínquo prazo de 90
dias, bem como a confecção e expedição de indefinidos ofícios à desconhecidos juízos
trabalhistas em muito se distancia do princípio da celeridade processual, caracterizando, em
verdade, tentativa de eternização do processo cujo encerramento se dá nesta oportunidade.
Requerem a expedição de ofício para os citados órgãos, sendo determinado por este Juízo a
baixa de todos os gravames dos veículos de sua propriedade, de modo a possibilitar a sua venda
e a destinação dos recursos financeiros à sua atividade empresarial e pagamento de credores.
No que tange às restrições provenientes de execuções fiscais, entendo que neste momento, em
que a presente recuperação judicial se encerra, foge ao escopo de atuação deste Juízo o poder
de determinar a baixa de penhoras provenientes dos Juízos executivos fiscais, já que se trata de
crédito não submetido e não há mais a possibilidade de deliberar acerca das constrições sobre os
bens das recuperandas, uma vez que estas não mais se encontram em recuperação judicial.
Ora, a determinação de baixa de penhoras não pode ser proferida em regime geral, sendo uma
situação que merece a análise caso a caso para averiguar se a penhora de fato é originada de
crédito submetido aos efeitos da recuperação judicial.
Desta feita, INDEFIRO o pedido de baixa das penhoras, cabendo à recuperanda efetuar tal
pedido no Juízo competente. Entretanto, consigno a quaisquer juízos que processem a
execução de créditos submetidos aos efeitos do Plano de Recuperação Judicial das
recuperandas que a satisfação do crédito exequendo só pode se dar por meio do fiel
cumprimento do PRJ, o qual foi aprovado pelos credores e homologado por este então
Juízo Recuperacional, seguindo todos os ditames legais da Lei nº 11.101/2005.
Confiro ao trecho acima força de ofício com o singelo objetivo de prestar informações ao juízo
executivo, deixando claro que não se trata de determinação expressa de baixa de eventuais
penhoras existentes.
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https://pje.tjpe.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22042415203757300000098565205
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Por fim, relembraram as recuperandas que ao ID 80810754 este Juízo autorizou a expedição de
certidão de quitação nos termos do PRJ dos credores listados no anexo da petição de ID
64165424.
Informaram que até o presente momento a citada certidão ainda não foi expedida, motivo pelo
qual reitero à Diretoria Cível que cumpra a determinação anterior deste Juízo.
Em sendo assim, com fulcro nos termos do art. 61 c/c art. 63, da Lei n. 11.101/2005,
DECLARO ENCERRADA A RECUPERAÇÃO JUDICIAL da EKT LOJAS DE
DEPARTAMENTOS LTDA., inscrita no CNPJ/MF sob o n. 09.294.944/0001-93, e a EKT
SERVIÇOS DE COBRANÇA LTDA., inscrita no CNPJ/MF sob o n. 09.275.053/0001-90, pelo que
passo a determinar:
b) Recebo a lista geral de credores consolidada até agosto de 2021, apresentada pela
administradora judicial de ID 86928413 como Quadro Geral de Credores, homologando a
mesma;
f) Determino que a Diretoria Cível realize a apuração do saldo das custas judiciais a serem
recolhidas, em cumprimento ao disposto no art. 63, II, da Lei n. 11.101/2005.
G) Determino ainda que a Diretoria Cível cumpra na íntegra o que foi determinado em
despacho de ID99738784.
Assinado eletronicamente por: GILDENOR EUDOCIO DE ARAUJO PIRES JUNIOR - 24/04/2022 15:20:37 Num. 100757385 - Pág. 8
https://pje.tjpe.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22042415203757300000098565205
Número do documento: 22042415203757300000098565205
Por fim, com o objetivo de racionalizar a atividade da secretaria deste Juízo quanto
a futuros ofícios eventualmente recepcionados após a publicação da presente sentença,
determino:
Cientifique-se o Ministério Público, por seu ilustre agente em exercício nesta Vara.
Intimem-se da sentença todos os credores que habilitaram advogado nos autos, também
por publicação no DJe.
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https://pje.tjpe.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22042415203757300000098565205
Número do documento: 22042415203757300000098565205
Gildenor Eudócio de Araújo Pires Júnior
Juiz de Direito
Assinado eletronicamente por: GILDENOR EUDOCIO DE ARAUJO PIRES JUNIOR - 24/04/2022 15:20:37 Num. 100757385 - Pág. 10
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