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PRATICUM DE PROCESSO CIVIL

2.º SEMESTRE DE 2012/2013


ESCOLA DE DIREITO DO PORTO DA UNIVERSIDADE CATÓLICA
PORTUGUESA
ESPÉCIES DE ACÇÕES E FORMAS DE PROCESSO
ESPÉCIES DE ACÇÕES E FORMAS DE PROCESSO

ESPÉCIES DE ACÇÕES – ART.º 10.º DO CPC

 Acções Declarativas

 De simples apreciação: visam obter unicamente a declaração da existência


ou inexistência de um direito ou de um facto;
 De condenação: visam exigir a prestação de uma coisa ou de um facto,
pressupondo ou prevendo a violação de um direito;
 Constitutivas: visam autorizar uma mudança na ordem jurídica existente.

 Acções Executivas são aquelas em que o autor requer as providências adequadas


à reparação efectiva do direito violado e têm como fim:

 Pagamento de quantia certa;


 Entrega de coisa certa;
 Prestação de um facto, positivo ou negativo.

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ESPÉCIES DE ACÇÕES E FORMAS DE PROCESSO

FORMAS DE PROCESSO – ART.º 546.º DO CPC

 Processo Comum: é aplicável a todos os casos a que não corresponda processo


especial.

 Processo Especial: aplica-se aos casos expressamente designados na lei.

N.b.: O juiz deve adoptar a tramitação processual adequada às especificidades da


causa e adaptar o conteúdo e a forma dos actos processuais ao fim que visam
atingir – art.º 547.º CPC.

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ESPÉCIES DE ACÇÕES E FORMAS DE PROCESSO

FORMAS DE PROCESSO

 Processo de declaração: segue forma única.

 Processo de execução: o processo comum para pagamento de quantia certa pode


ser ordinário ou sumário.

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PETIÇÃO INICIAL
PETIÇÃO INICIAL

 É a peça processual que dá início ao processo e na qual o autor expõe as razões de


facto e de direito que fundamentam a sua pretensão.

 Requisitos – art.º 552.º do CPC:

 Designação do tribunal e respectivo juízo;


 Identificação das partes;
 Indicação do domicílio profissional do mandatário judicial;
 Indicação da forma de processo;
 Exposição dos factos essenciais que constituem a causa de pedir e as razões de
direito que servem de fundamento à acção;
 Formulação do pedido;
 Indicação do valor da causa;
 Apresentação do rol de testemunhas e requerimento de outros meios de prova;
 Opcional: designação do agente de execução incumbido de efectuar a citação ou
o mandatário judicial responsável pela sua promoção;
 Junção do documento comprovativo do prévio pagamento da taxa de justiça ou
da concessão de apoio judiciário na modalidade de dispensa de pagamento

A falta de junção destes documentos é fundamento de recusa da PI pela secretaria


– art.º 558.º, f). Excepto: nos casos previstos no art.º 552.º, n.º 5 do CPC.

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PETIÇÃO INICIAL

 Identificação do Tribunal
 Arts. 552.º, n.º 1, al. a) e 558.º, al. a)
 Competência territorial: arts. 70.º e seguintes CPC e LOFTJ

 Identificação das partes


 Arts. 552.º, n.º 1, al. a) e 558.º, al. b)

 Forma do processo
 Arts. 552.º, n.º 1, al. c) e 558.º, al. d)
 Arts. 546.º, 548.º e 549.º

 Causa de pedir: factos e razões de direito que servem de fundamento à acção


 Art. 552.º, n.º 1, al. d)

 Pedido: efeito que o autor pretende obter da acção


 Arts. 552.º, n.º 1, al. e) e 609.º, n.º 1

 Meios de Prova
 Art. 552.º, n.º 2

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PETIÇÃO INICIAL

 Valor da causa
 Arts. 552.º, n.º 1, al. f) e 558.º, al. e)
 Arts. 296.º e seguintes

 Elementos a juntar com a PI


 Documentos, duplicados, DUC e comprovativo do prévio pagamento da taxa
de justiça ou comprovativo da concessão do benefício de apoio judiciário.
 Arts. 552.º, n.ºs 3 a 6, 558.º, al. f)
 Art. 423.º - prova por documentos
 Art. 148.º - exigência de duplicados: quando a parte não esteja patrocinada

 Domicílio profissional do mandatário judicial

 Assinatura do articulado

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CASO DA AULA

EXPOSIÇÃO DOS FACTOS


CASO DA AULA – EXPOSIÇÃO DOS FACTOS

A Maria Antónia prometeu vender ao Manuel Jorge um andar em Matosinhos e ao mesmo


tempo prometeu comprar ao Fernando Mamede um andar na Foz, pelo preço de
€400.000,00.

A Maria Antónia prometeu vender o seu andar por €200.000,00, tendo recebido como
sinal e princípio de pagamento €20.000,00, que entregou ao Fernando Mamede para
sinalizar a compra do andar da Foz.

A Maria Antónia planeara pagar o andar que prometeu comprar com o produto da venda
do andar de Matosinhos mais um financiamento que estava a negociar com o banco. Por
isso, ficou estabelecido que a escritura de compra e venda do andar de Matosinhos seria
celebrada até ao dia 31 de Janeiro de 2012, véspera da realização da escritura do andar
da Foz, que estava acordada ser celebrada no dia 01 de Fevereiro de 2012.

O Manuel Jorge também havia solicitado um financiamento a um banco para pagar o


preço do andar de Matosinhos.

Aconteceu que, no dia 20 de Janeiro de 2012, o Manuel Jorge comunicou à Maria Antónia
que não poderia celebrar a escritura de compra e venda no projectado dia 31 de Janeiro
porque o banco havia atrasado o processo de financiamento e, como tal, não tinha
dinheiro para pagar, pelo que pedia uma prorrogação de prazo por 15 dias.

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CASO DA AULA – EXPOSIÇÃO DOS FACTOS

A Maria Antónia, invocando a necessidade de realizar a escritura do andar que havia


prometido comprar, não aceitou a prorrogação de prazo e nesse dia enviou-lhe uma carta
registada com aviso de recepção convocando-o para comparecer no notário no dia 31 de
Janeiro, sob pena de considerar definitivamente incumprido o contrato, com todas as
cominações legais.

No dia 31 de Janeiro o Manuel Jorge não compareceu à escritura e, em consequência, a


Maria Antónia enviou-lhe uma carta comunicando-lhe que resolvia o contrato por
incumprimento culposo.

A Maria Antónia de imediato contactou o Fernando Mamede solicitando-lhe uma


prorrogação do prazo para a celebração da escritura do andar da Foz, ao que este
acedeu.

Durante este prazo, a Maria Antónia vendeu à Inês o andar de Matosinhos.

O Manuel Jorge quer reagir judicialmente.

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CASO DA AULA – PETIÇÃO INICIAL

Exmo. Senhor Juiz de Direito do tribunal


Judicial da Comarca de
MATOSINHOS

MANUEL JORGE REIS e mulher, MARIA JOANA REIS, residentes na Rua da


Carvalha, 365, 4º Esquerdo, Fânzeres, Gondomar, vêm intentar a presente

ACÇÃO DECLARATIVA DE CONDENAÇÃO SOB A FORMA DE PROCESSO


COMUM contra

Maria Antónia Azevedo, viúva, residente na Rua Brito Capelo, 145, 3º direito
frente, Matosinhos,

O que fazem nos termos e com os fundamentos seguintes:

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CASO DA AULA – PETIÇÃO INICIAL

i) DOS FACTOS


Por contrato celebrado em 31 de Outubro de 2011, a aqui R. prometeu vender
ao A. marido a fracção autónoma designada pela letra “E”, do prédio urbano sito na
freguesia e concelho de Matosinhos, com entrada pelo nº 145 da Rua Brito Capelo,
correspondente ao terceiro andar direito frente, com garagem e arrumos na cave do
prédio urbano descrito na Conservatória do Registo Predial de Matosinhos sob o nº 1293,
e inscrito na matriz predial urbana sob o artigo 2446-E, conforme resulta do contrato
promessa adiante junto como documento nº 1.


Nos termos do referido contrato, o preço global da compra e venda era de
€200.000,00 (duzentos mil euros), a ser pago da seguinte forma:
a) €20.000,00 (vinte mil euros), na data da celebração do contrato promessa, a
título de sinal e princípio de pagamento;
b) €180.000,00 (cento e oitenta mil euros), na data da outorga da escritura
pública.

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CASO DA AULA – PETIÇÃO INICIAL


O A. procedeu ao pagamento da dita quantia de €20.000,00 (vinte mil euros)
no dia 31 de Outubro de 2011, quantia esta da qual a R. deu integral quitação – cfr.
documentos nºs 1 e 2 adiante juntos.


Sucede que, como a R. bem sabia, os AA. iriam adquirir a fracção com recurso
ao crédito bancário.


Não obstante os AA. terem atempadamente solicitado a concessão do crédito e
de este se encontrar aprovado desde o dia 10 de Janeiro de 2012 – cfr. documento nº
3 adiante junto,


Em 19 de Janeiro de 2012 os AA. foram informados pelo Banco de que, por
motivos internos do próprio Banco, a que os AA. são totalmente alheios, a quantia
mutuada apenas seria disponibilizada a partir do dia 10 de Fevereiro de 2012 – cfr.
documento nº 4 adiante junto.

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CASO DA AULA – PETIÇÃO INICIAL

Na sequência desta comunicação, logo no dia seguinte, 20 de Janeiro de 2012,
o A. marido enviou à R. a carta registada com aviso de recepção cuja cópia adiante se
junta como documento nº 5, informando que se encontrava impossibilitado de
celebrar a escritura de compra e venda até ao dia 31 de Janeiro de 2012 e solicitando
uma prorrogação do prazo, porquanto o Banco se atrasara na disponibilização do
financiamento.


Não obstante os motivos invocados que, como se referiu, foram em tudo
alheios à vontade dos aqui AA., que atempadamente tinham tratado de todo o
processo de concessão de crédito, a verdade é que a R. não aceitou a requerida
prorrogação.


E, pese embora o facto de saber que era com a quantia mutuada pelo Banco
que os AA. iriam proceder ao pagamento do remanescente do preço,

10º
Em 22 de Janeiro de 2012 a R. enviou ao A. marido a carta adiante junta como
documento nº 6, convocando-o para no dia 31 de Janeiro de 2012, pelas 10 horas,
comparecer no Cartório Notarial da Boavista para outorgar a escritura de compra e
venda, sob pena de considerar definitivamente incumprido o contrato, com todas as
cominações legais.

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CASO DA AULA – PETIÇÃO INICIAL

11º
Atentos os motivos acima expostos, no dia 31 de Janeiro de 2012, o aqui A.
marido não compareceu à escritura.

12º
Tendo recebido, em 2 de Fevereiro de 2012, a carta da R. em que esta lhe
comunicava que resolvia o contrato por incumprimento culposo.

13º
Por escritura pública de 12 de Fevereiro de 2012, a R. vendeu a fracção que
prometera vender ao A. marido, melhor identificada no artigo 1º supra, a Inês Tavares
– cfr. documento nº 7 adiante junto.

14º
Aquisição esta que, conforme melhor resulta da certidão da Conservatória do
Registo Predial de Matosinhos adiante junta sob o nº 8, já se encontra registada a
favor da dita Inês Tavares.

15º
Sucede que, entretanto, os AA. apuraram que em Novembro de 2011 a R.
celebrou um contrato promessa de compra e venda com Fernando Mamede, no qual
prometeu comprar um andar sito na Foz do Douro.

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CASO DA AULA – PETIÇÃO INICIAL

16º
De acordo com o acordado entre as partes, ou seja, a aqui R. e o dito Sr.
Fernando Mamede, a escritura de compra e venda seria celebrada até ao dia 1 de
Fevereiro de 2012.

17º
Acresce que os AA. apuraram ainda que, na sequência da carta que em 20 de
Janeiro de 2012 o A. marido enviou à R.,

18º
Esta solicitou ao Sr. Fernando Mamede a prorrogação do prazo para a
celebração da escritura pública de compra e venda da fracção que prometera comprar,

19º
Prorrogação esta que lhe foi concedida por 15 dias,

20º
Tendo a escritura de compra e venda sido celebrada em 15 de Fevereiro de
2012 – cfr. documento nº 9 adiante junto.

21º
Note-se, por fim, que nesta data os AA., conforme a R. bem sabe, já estavam
em condições de outorgar a escritura pública.

18
CASO DA AULA – PETIÇÃO INICIAL
II) DO DIREITO

22º
Ao vender a fracção autónoma identificada no artigo 1º supra a Inês Tavares, a
aqui R. incumpriu definitivamente o contrato promessa celebrado com o A. marido,

23º
O que, nos termos e ao abrigo do disposto no artigo 801º, nº 2, do Código
Civil, lhe confere o direito a resolver o contrato,

24º
Bem como, atento o disposto na 2ª parte do nº 2 do artigo 442º daquele
diploma, o direito à restituição do sinal em dobro, acrescida dos juros vencidos desde
a citação.

25º
Na verdade, o A. marido e a R. não tinham fixado um termo no contrato
promessa celebrado, que permitisse à R. considerar o contrato definitivamente
incumprido,

26º
A menção feita na cláusula terceira – de que a escritura pública teria que ser
realizada até ao dia 31 de Janeiro de 2012 – deveu-se, exclusivamente, à necessidade
de fixar um prazo dentro do qual a escritura teria que ter lugar,

19
CASO DA AULA – PETIÇÃO INICIAL

27º
Tendo as partes convencionado o prazo de 90 dias porquanto era este que
constava da minuta apresentada pela imobiliária encarregue da transacção e porque
esse prazo era suficiente para que os trâmites do financiamento bancário solicitado
pelos AA. estivessem concluídos.

28º
Nunca entre as partes ficou convencionado que a A. apenas teria interesse na
celebração da escritura pública se esta fosse outorgada até ao dia 31 de Janeiro,

29º
O que, de resto, resulta do próprio teor da dita cláusula 3ª.

30º
Caso fosse essa a vontade das partes, da mesma constaria a menção
“impreterivelmente”, que traduz, precisamente, a ideia de que as partes quiseram
estabelecer um termo essencial para o cumprimento da promessa.

31º
O que aqui não sucedeu.

20
CASO DA AULA – PETIÇÃO INICIAL

32º
A não comparência do A. marido no dia e hora aprazados para a celebração da
escritura apenas daria lugar à sua constituição em mora e nunca ao incumprimento
definitivo,

33º
E a simples mora da parte faltosa, os aqui AA., não dá à contraparte, a aqui R.,
o direito de resolver o contrato, que apenas é possível quando há incumprimento
definitivo imputável ao faltoso.

34º
Mas, para que a mora se converta em incumprimento definitivo necessário se
torna a verificação de uma das situações previstas no artigo 808º nº 1 do CC:
a) perda do interesse do credor na prestação, apreciada objectivamente;
b) fixação ao devedor de um prazo razoável para cumprir, sob pena de se
considerar o contrato incumprido.

35º
Ora, conforme resulta do que acima se disse, nenhuma destas circunstâncias
se verifica no caso dos autos,

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CASO DA AULA – PETIÇÃO INICIAL

36º
Motivo pelo qual nunca a mora dos AA. se transformou em incumprimento
definitivo do contrato.

37º
O incumprimento definitivo existe, sim, por parte da R.

38º
O que, nos termos acima referidos, confere aos AA. o direito a haverem da R. o
sinal em dobro, acrescido dos juros legais, estes devidos desde a data da citação –
nesse sentido, vide Ac. STJ de 30.06.98 in CJSTJ, Ano VI, T2, página 145.

Termos em que deverá a presente acção ser


julgada procedente, por provada e, em
consequência:
a) declarar-se o incumprimento definitivo do
contrato promessa por parte da R. e a sua
consequente resolução,
b) ser a R. condenada a pagar aos AA. a
quantia de €40.000 (quarenta mil euros),
acrescida dos juros à taxa legal desde a
citação até efectivo pagamento.

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CASO DA AULA – PETIÇÃO INICIAL

PROVA:
PROVA TESTEMUNHAL:
1. João Manuel da Silva Marques, arquitecto, residente na Rua da Alegria, n.º 32,
Porto;
2. Rosa Maria Albuquerque Ramos, economista, residente na Rua da Damião de
Góis, n.º 101, Porto;
3. Gustavo Pereira de Sousa, designer, residente na Rua do Campo Alegre, n.º 1240,
Porto;
4. Benedita Magalhães Gonçalves, empresária, residente na Rua de Gondarém, n.º
217, Porto.

VALOR: €40.000 (quarenta mil euros).

JUNTA: 9 (nove) documentos, procuração, DUC e documento comprovativo do


pagamento da taxa de justiça.

O ADVOGADO,

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GRUPOS DE TRABALHO
GRUPOS DE TRABALHO

GRUPO 1 - Autor

Ana Francisca Viana Brochado


Bárbara Fernandes Rito dos Santos
Bernardo Nestor Azevedo Mendes Pereira Rodrigues
Carolina Ferreira da Silva Cordeiro dos Santos
Catarina Isabel Mendes da Silva Martins
Catarina Isabel Vicente Martins Ferreira
Catarina Margarida de Queirós Moreira

GRUPO 2 - Réu

Catarina Maria Álvaro Almeida Amaral Basto


Catarina Oliveira Dias
Cristina Isabel Oliveira Vieira
Diogo Ferraz Costa Vieira Neves
Francisco de Mendonça São Pedro
Francisco Pedroso de Lima Carvalho Neves
João Filipe Santiago da Silva

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GRUPOS DE TRABALHO

GRUPO 3 - Autor

João Seixas Cambão


Jorge Varão Pinto
Marco Solino Milhazes Morais
Maria Bárbara Teixeira Dias Valente Guedes
Maria Madalena Torres Pereira Mendes
Mariana Oliveira Marques da Silva
Nélson Ricardo Ribeiro Carvalho

GRUPO 4 - Réu

Pedro Manuel Condês Tomaz


Rita Mafalda Machado Magalhães
Sara Raquel Teixeira Lopes Carpinteiro
Sérgio Bastardinho de Mesquita Dinis
Sérgio Girão de Almeida Santos
Tiago Júlio Moreira da Silva Santos
Rute Gomes

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APRESENTAÇÃO DOS FACTOS PARA O CASO A
SER ACOMPANHADO PELOS ALUNOS
CASO DOS ALUNOS – EXPOSIÇÃO DOS FACTOS

 Sociedade “Confecções Mil Fios, Lda.” dedica-se à confecção e ao comércio de artigos


têxteis para o lar, tais como atoalhados e lençóis.

 Esta empresa celebrou com a sociedade “Mega e Giga – Sistemas Informáticos, S.A.”,
que se dedica à concepção, desenvolvimento e implementação de soluções informáticas,
bases de dados e outras funcionalidades de desenvolvimento informático, um contrato
com o seguinte objecto:
a. Implementação de um software que permita a gestão dos fluxos de compra de
matéria-prima e de venda de mercadoria/produto final, acabado e a gestão do stock,
ou seja, da mercadoria/existências em armazém;

b. Costumização do referido programa informático, ou seja, uma adaptação do mesmo à


realidade concreta da empresa;

c. Realização de sessões de formação adequada aos funcionários da “Confecções Mil


Fios, Lda.” que, previsivelmente, lidassem com o sistema informático.

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CASO DOS ALUNOS – EXPOSIÇÃO DOS FACTOS

 Celebração do contrato de fornecimento e instalação de software de gestão TL (têxteis


para o lar) em 31 de Março de 2010.

 Preço do contrato: €60.000,00 (sessenta mil euros), divididos como se segue:


a. Fornecimento das Licenças TL - €20.000,00.
b. Serviços de implementação e teste - €20.000,00.
c. Formação - €20.000,00.

 A “Confecções Mil Fios, Lda.” pagou.

 Prazo para implementação do software: 31 de Julho de 2010.

 A implementação ocorreu em 30 de Agosto de 2010.

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CASO DOS ALUNOS – EXPOSIÇÃO DOS FACTOS

 Em 4 de Outubro de 2010, a “Confecções Mil Fios, Lda.” enviou uma carta à sociedade
“Mega e Giga – Sistemas Informáticos, S.A.” reportando vários defeitos, entre os quais:

a. O sistema não permitia um cruzamento eficiente de informação entre os clientes e


os escritórios da “Confecções Mil Fios, Lda.”;

b. Não se registava qualquer poupança de tempo, nem de recursos humanos no


processo de inventário das existências permanentemente em stock;

c. O sistema não permitia organizar os stocks por tipo de produto e respectivas


dimensões.

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CASO DOS ALUNOS – EXPOSIÇÃO DOS FACTOS

 Em 18 de Outubro de 2010, a “Mega e Giga – Sistemas Informáticos, S.A.” respondeu a


tal carta, afirmando que os defeitos reclamados se deviam a:
a. Utilização inadequada do programa que foi implementado correctamente;
b. Recusa por parte da “Confecções Mil Fios, Lda.” em receber a assistência que foi
sendo disponibilizada;
c. Recusa por parte da “Confecções Mil Fios, Lda.” em serem realizadas sessões
adicionais de formação;
d. Recurso por parte da “Confecções Mil Fios, Lda.” a programas não autorizados e
aplicações paralelas, que prejudicam o funcionamento pleno do software instalado.

A “Confecções Mil Fios, Lda.” comunicou à “Mega e Giga – Sistemas Informáticos, S.A.”,
em 25 de Outubro de 2011, a resolução do contrato e interpelou esta última a proceder à
devolução do preço pago.

 A “Mega e Giga – Sistemas Informáticos, S.A.” nunca devolveu o dinheiro, pelo que a
“Confecções Mil Fios, Lda.” pretende reagir judicialmente.

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EXEMPLO DE NOTA DE CITAÇÃO
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TRAMITAÇÃO ELECTRÓNICA DOS
PROCESSOS – CITIUS

PORTARIA N.º 114/2008, DE 6 DE FEVEREIRO


CITIUS

 Concretiza o projecto de “desmaterialização, eliminação e simplificação de actos e


processos na justiça”;

 Implementado pela Portaria n.º 114/2008, de 6 de Fevereiro (alterada pelas Portarias


n.ºs 457/2008, 1538/2008, 458-B/2009, 975/2009, 65-A/2010, 195-A/2010 e
471/2010).

 Regulamenta:
 a transmissão electrónica de peças processuais;

 a tramitação electrónica dos respectivos processos judiciais.

- Apenas processos judiciais nos tribunais de 1.ª instância

35
CITIUS

QUAIS AS FUNCIONALIDADES?

 Visualizar e aceder ao histórico dos processos;

 Conhecer da distribuição;

 Aceder aos agendamentos de diligências;

 Proceder à entrega electrónica de peças processuais, requerimentos de execução


e injunções.

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CITIUS

PROCESSOS A QUE SE APLICA – ART. 2.º

 Acções declarativas cíveis, incluindo o processo de trabalho e os processos


tutelares cíveis;

 Procedimentos cautelares;

 Notificações judiciais avulsas;

 Acções executivas cíveis e todos os incidentes que corram por apenso à execução;

 Processos de competência dos tribunais ou juízos de execução das penas;

 Não se aplica a:
 processos de promoção e protecção das crianças e jovens em perigo
 pedido de indemnização cível ou processos de execução de natureza cível
deduzidos no âmbito do processo penal.

37
CITIUS

COMO SE PROCESSA?

 Preenchimento de formulários, aos quais se anexam a peça a enviar e os


documentos a juntar:

 Ficheiros e documentos em formato “.pdf”, apenas – art.º 7.º;

 Se os documentos originais tiverem um formato superior a A4 ou não forem


em papel, podem ser apresentados em suporte físico;

 no prazo de 5 dias após o envio dos formulários e ficheiros pelo CITIUS – art.º
5.º, n.º 6.

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CITIUS

COMO SE PROCESSA? – CONT.

 Se o tamanho total da peça e documentos exceder 3Mb:

 A peça e os documentos devem ser enviados pelos meios previstos no CPC –


art.º 10.º, n.º 1

 Se apenas a dimensão dos documentos exceder 3Mb:

 Pode enviar-se a peça pelo CITIUS e os documentos pelos restantes meios


previstos no CPC, no prazo de 5 dias após a entrega da peça – art.º 10.º, n.º
3

 N.B.: em ambas as situações, não devem ser apresentados duplicados ou cópias


da peça ou dos documentos – cfr. art.º 10.º, n.º 5.

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CITIUS

DISPENSA DA REMESSA DOS ORIGINAIS, DUPLICADOS E CÓPIAS DAS


PEÇAS E DOS DOCUMENTOS – ART.º 3.º, N.º 1

MAS

 Não prejudica o dever de exibição das peças processuais e dos originais dos
documentos sempre que o juiz assim o exigir – art.º 3.º, n.º 2.

40
CITIUS

 Taxa de justiça:

 Deve ser junto o documento comprovativo da respectiva autoliquidação, em


formato “.pdf “– art.º 8.º, n.º 1.

 Assinatura electrónica:

 A peça e documentos são assinados electronicamente com o certificado de


assinatura digital disponibilizado pela Ordem dos Advogados – art.º 5.º, n.º 3.

 Certificado de entrega:

 É emitido um certificado da data e hora da expedição – art.º 13.º, a);

 Se falhar a recepção, é disponibilizada ao remetente uma mensagem a


informar da impossibilidade de entrega no sistema informático – art.º 13.º, c).

41
CITIUS

VANTAGENS:

 Redução dos custos:

 Directos: taxa de justiça - nos processos em que o recurso aos meios


electrónicos não é obrigatório, a taxa de justiça é reduzida a 90% do seu valor
quando a parte entregue todas as peças processuais electronicamente

 Indirectos: despesas com correios, deslocações, fotocópias,…;

 no prazo de 5 dias após o envio dos formulários e ficheiros pelo CITIUS – art.º
5.º, n.º 6.

 Dispensa do uso da MDDE.

42
CITIUS

DISTRIBUIÇÃO:

 É electrónica e diária, às 9h e às 13h – art.º 15.º, n.º 1;

 As pautas da distribuição diária são publicadas às 16h no site


http://www.tribunaisnet.mj.pt – art.º 16.º;

 A secção de processo deve verificar se foi junto comprovativo do pagamento da


taxa de justiça e se a peça está redigida em língua portuguesa – art.º 15.º-A, n.º
1;

 Se houver recusa da peça, a mesma é notificada por via electrónica – art.º 15.º-
A, n.º 2;

 Da recusa pode haver reclamação – art.º 15.º-A, n.º 3.

43
CITIUS

NOTIFICAÇÕES ELECTRÓNICAS – ART.º 21.º-A

 As notificações electrónicas são realizadas através do Citius que assegura


automaticamente a sua disponibilização e consulta no endereço electrónico
http://citius.tribunaisnet.mj.pt, não havendo neste caso notificações por outro
meio;

 Quando se presumem feitas?


 O Citius certifica a data da elaboração da notificação;

 Presume-se feita a notificação no 3.º dia posterior ao da elaboração, ou no 1.º


dia útil seguinte a esse, quando o não seja.

44
CITIUS

NOTIFICAÇÕES ELECTRÓNICAS – ART.º 21.º-A

 Notificações às partes em processos pendentes – art. 21.º-A, n.º 4:

 As notificações são realizadas na pessoa do seu mandatário por via electrónica


quando:
- o mandatário se tenha manifestado nesse sentido através do Citius; ou
- o mandatário tenha enviado, para o processo, qualquer peça processual ou
documento pelo Citius

45
CITIUS

NOTIFICAÇÕES ELECTRÓNICAS – ART.º 21.º-B

 Como saber se um mandatário deve ser notificado electronicamente?

 O próprio CITIUS assegura a indicação de que o mandatário da contraparte se


manifestou no sentido de ser notificado electronicamente ou que já enviou
para o processo uma peça processual ou documento via CITIUS;

 Nestes casos o CITIUS assegura a notificação por transmissão electrónica de


dados automaticamente após a apresentação de qualquer peça processual ou
de documento pelo mandatário notificante.

 Nos casos em que o mandatário declare, nos formulários, que vai proceder ao
envio da notificação à contraparte, esse envio deve ser feito no prazo máximo
de 1 dia útil – art. 21º-B, n.º 6.

46
CITIUS

NOTIFICAÇÕES ELECTRÓNICAS – ART.º 21.º-B

 O mandatário notificante fica dispensado:

 do envio qualquer cópia ou duplicado à contraparte da peça processual ou


documento entregue através do sistema informático CITIUS;
 de juntar aos autos documento comprovativo da data de notificação à
contraparte.

 Excepção:
 Quando o acto processual a notificar contenha documentos entregues em
suporte físico, deve ser disponibilizada cópia dos mesmos à contraparte, no
prazo máximo de 5 dias, por qualquer meio legalmente admissível para a
prática de actos processuais.

 A declaração feita pelo mandatário, nos formulários, da data em que procedeu


ou vai proceder ao envio dos documentos que devam ser entregues em
suporte físico dispensa o envio de documento comprovativo desse envio.

47
CITIUS

CONSULTA DO PROCESSO – ART.ºS 22.º E 23.º:

 O processo físico é constituído apenas pelos autos e termos do processo que


sejam relevantes para a decisão material da causa (estão, assim, excluídos os
despachos de mero expediente, requerimentos para alteração da marcação de
audiência de julgamento, inter alia) – cfr. elenco exemplifico do art.º 23.º, n.º 2;

 Contudo, as peças, autos e termos do processo que não constem do processo


físico podem ser consultados em suporte electrónico no Citius – art.º 22.º e 23.º,
n.º 1, in fine;

48
CITIUS

CERTIDÕES – ART.º 24.º

 Quando a passagem de certidões de termos e autos do processo tenha por fim a


junção das mesmas a um processo judicial pendente, tal passagem é efectuada
electronicamente e a secretaria envia a certidão para o tribunal onde corre o
processo.

49
CITIUS

ACTOS PROCESSUAIS DOS MAGISTRADOS E FUNCIONÁRIOS


JUDICIAIS:

 Os actos processuais dos magistrados são sempre praticados em suporte


informático através do sistema CITIUS – Magistrados Judiciais e CITIUS –
Ministério Público – art.º 17.º, n.ºs 1 e 2;

 Assinados electronicamente com assinatura digital qualificada ou avançada,


emitida pelo Sistema de Certificação Electrónica do Estado ou pelo Instituto das
Tecnologias de Informação na Justiça, I.P. – art.os 17.º e 18.º;

 Os actos dos funcionários, tais como notificações electrónicas, comunicações


internas e remessa do processo para o juiz, são sempre praticados em suporte
informático – art.º 19.º.

50
Este documento es meramente expositivo y debe ser interpretado conjuntamente con las explicaciones y, en su
caso, con el informe elaborado por Cuatrecasas, Gonçalves Pereira sobre esta cuestión

This document is merely a presentation and must be interpreted together with any explanations and opinions
drafted by Cuatrecasas, Gonçalves Pereira on this subject

Este documento é uma mera exposição, devendo ser interpretado em conjunto com as explicações e quando seja
o caso, com o relatório/parecer elaborada pela Cuatrecasas, Gonçalves Pereira sobre esta questão

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