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Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri

IV Encontro Universitário da UFC no Cariri


Juazeiro do Norte-CE, 17 a 19 de Dezembro de 2012
EU 2012

GLOBALIZAÇÃO E MEIO AMBIENTE: REFLEXÕES SOBRE


CRESCIMENTO ECONÔMICO E IMPACTOS AMBIENTAIS NO
CARIRI CEARENSE

Josefa Cícera Alves Martins1


Diego Coelho do Nascimento2
Fabiana Correia Bezerra3
Celme Torres Ferreira da Costa4
Suely Salgueiro Chacon5

1. Introdução/Desenvolvimento

Na atualidade, são muitos as mudanças nas relações econômicas, sociais, ambientais e


políticas. Entretanto, após a segunda guerra mundial, a sociedade global teve essas mudanças
ainda mais intensificadas, movidas, sobretudo, no âmbito econômico. Druck (1996, p. 22),
coloca que no final no século XX, a sociedade global vivenciou “um movimento de caráter
estrutural do capitalismo, numa fase em que as principais tendências – presentes desde os seus
primórdios – são levadas as últimas consequências e se desenvolvem no seu limite máximo”.
Nesse sentido, as reconfigurações e rearranjos nas diversas esferas da sociedade nos
séculos XX e XXI, são cruciais para o entendimento e análises da conjuntura atual no que se
refere ao tão debatido processo de globalização. Visto que, ao final da Segunda Guerra
Mundial houve a necessidade de grandes investimentos para a reconstrução da economia
global e consolidação do capitalismo. Esse modelo de produção econômica possui, desde suas
origens, a característica marcante a lucratividade e o consumismo. Um vinculado diretamente
ao outro e, contribuindo, decisivamente, na exploração dos recursos naturais para satisfazerem
sua necessidade de lucro.
Diante, desse contexto de mudanças nas relações entre as esferas que compõem a
sociedade em decorrência do processo de globalização e da consolidação do capitalismo é
necessário afirmar que:

A conjunção de alguns fatos históricos que se verifica, sobretudo, no mundo


desenvolvimento nos últimos trinta anos, conduzem a mudanças nas relações
tradicionais que se estabelecem entre o Estado, mercado e sociedade e
consequentemente a um redesenho do universo institucional e das práticas sociais e
políticas (QUADROS, 1999, p. 01).

1
Mestranda em Desenvolvimento Regional Sustentável, Universidade Federal do Ceará – UFC/ Campus Cariri,
Juazeiro do Norte – CE, cicera_martins@yahoo.com.br
2
Mestrando em Desenvolvimento Regional Sustentável, Universidade Federal do Ceará – UFC/ Campus Cariri,
Juazeiro do Norte – CE, diegocn_jua@yahoo.com.br
3
Mestrando em Desenvolvimento Regional Sustentável, Universidade Federal do Ceará – UFC/ Campus Cariri,
Juazeiro do Norte – CE, fabibezerra@cariri.ufc.br
4
Doutora em Engenharia Civil/ Recursos Hídricos, Universidade Federal do Ceará – UFC/ Campus Cariri,
Juazeiro do Norte – CE, celmetorres@ufc.br
5
Doutora em Desenvolvimento Sustentável, Universidade Federal do Ceará - UFC/ Campus Cariri, Juazeiro do
Norte – CE, suelychacon@gmail.com
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As consequências do processo de globalização e estabilização do capitalismo como


regime dominante mundial foram desastrosas para o meio ambiente, gerando uma crise
ambiental sem precedentes e de difícil solução se não houver um consenso acerca da
necessidade de mudanças (NETO, 2012). Dessa forma, delimita-se um embate importante e
bastante frequente nos dias atuais: a globalização e a preservação do meio ambiente.
O Brasil também sofreu as consequências dessas mudanças a nível global,
especialmente, na esfera ambiental, onde são grandes as mazelas a serem ultrapassadas.
Apesar dos problemas, a teoria é muita bem delimitada e clara com relação ao direito
ambiental, conforme a Constituição Federal de 1988 expõe em seu Art. 225 acerca do meio
ambiente, colocando que:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso


comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.

De acordo com a Constituição brasileira todos têm direito a um meio ambiente


equilibrado, entretanto, na prática esse direito está longe de ser concretizado.
Vale ressaltar que, a responsabilidade pela conservação ambiental não é atribuição
apenas do poder público, mas da sociedade como um todo, em especial, a população local.
Uma vez que, essa é a população mais próxima e mais atuante sobre o meio que a circunda e,
portanto, possui atribuição importante no desenvolvimento sustentável daquele ambiente.
Destaca-se que a palavra sustentabilidade e/ou Desenvolvimento Sustentável, vêm
sendo amplamente utilizada, na maioria das vezes, em uma conotação estritamente ambiental.
Contudo, o Desenvolvimento Sustentável é um conceito muito amplo e voltado não somente
pra dimensão ambiental, visto que contempla também outras dimensões como a econômica,
social e política-institucional (CHACON, 2007).
Nesse sentido, é fundamental se trazer uma reflexão sobre a importância das ações
referentes aos recursos naturais na região do cariri, especialmente, no que se refere aos
impactos ambientais decorrentes do crescimento econômico e populacional.
Dessa forma, o objetivo geral desse estudo é possibilitar uma reflexão acerca da
relação entre crescimento econômico e impactos ambientais no Cariri cearense, visando a
identificação das problemáticas ambientais mais comuns.

2. Metodologia/resultados

Para a realização desse estudo, optou-se pelo método qualitativo de pesquisa de


natureza exploratória-descritiva. O objeto de Estudo da pesquisa em questão são os três
principais municípios da Região Metropolitana do Cariri - Crato, Juazeiro do Norte e
Barbalha -, localizados na região Sul do Estado de Ceará.
Como delineamentos do estudo, escolheu-se a utilização de uma revisão bibliográfica
sistemática, onde foram analisados e utilizados livros, documentos, revistas, matérias on-line
e artigos científicos como fonte de dados secundários para a realização da pesquisa. Além de
levantamentos de campo, a fim de se identificar algumas das principais problemáticas
ambientais vivenciadas por esses municípios.
Na maioria das vezes, o que se tem, na atualidade, é a visão do pertencimento. Não
aquela relacionada ao pertencer a determinado ambiente por meio de vínculos afetivos ou não,
mas aquela de dominar, do ter direito de propriedade, de possuir o pensamento que o planeta
pertence a determinado indivíduo ou grupo.
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Essa visão retrógrada e errônea, faz com que, ainda hoje, seja necessário expor que o
planeta não pertence a ninguém e, ao mesmo tempo, pertence a todos.
A visão do pertencimento não está atrelada ao poderio financeiro, de poder efetuar o
pagamento de determinada quantia por algo. Contudo, é nesse sentido que muitas vezes ela é
vista. Nesse contexto, coloca-se como exemplo o princípio do poluidor-pagador que, nas
entrelinhas, relaciona poderio financeiro ao direito de poluir. Uma vez que, de maneira geral,
o mesmo conduz ao pensamento de que enquanto pode-se pagar, necessariamente, pode-se
poluir.
O Cariri cearense vivencia na última década um período de grandes transformações
marcadas, sobretudo, pelo crescimento econômico. Por conseguinte, profundas e complexas
são as alterações na esfera socioambiental do desenvolvimento. Entre os principais problemas
nesse âmbito, destaca-se a escassez de recursos hídricos superficiais existentes. Os rios que
cortam o território do Cariri cearense são em quantidade reduzida. Como exemplos
emblemáticos temos: o Rio Salgado em Juazeiro do Norte – CE, completamente poluído; e o
Rio Granjeiro em Crato, transformado em um Canal, onde todo o esgoto da cidade é lançado
no mesmo.
Com relação à problemática referente ao tratamento de esgotos, a situação das cidades
do Cariri também é preocupante. Nas três principais cidades da região – Juazeiro do Norte,
Crato e Barbalha, o famoso triângulo CRAJUBAR – a rede de esgoto não possui o destino
adequado. A cidade de Crato não possui estação de tratamento de esgoto. Enquanto que,
Juazeiro do Norte possui somente lagoas de estabilização sub-utilizadas. A situação de
Barbalha é ainda mais preocupante, uma vez que a cidade dispõe de estação de tratamento de
esgoto, mas ainda são poucas as ligações de esgoto para a mesma. Por conta disso, água limpa
é bombeada para estação para que a mesma continue a funcionar a fim de não causar fissuras
nos tanques.
A destinação dos resíduos sólidos é outra grande preocupação para os municípios do
Cariri Cearense. Todos eles continuam a depositar seus respectivos resíduos sólidos nos
famosos lixões em virtude da inexistência de aterros sanitários para a destinação dos mesmos.
As discussões entorno da criação de um aterro sanitário de uso metropolitano ainda gera
polêmicas e atritos, especialmente, no que se refere à localização desse equipamento e aos
custos de manutenção do mesmo.
Entretanto, o grande entrave que impossibilitou e atrasou a instalação do Aterro
Sanitário Consorciado do Cariri foram a importância atribuída aos critérios políticos em
detrimento de critérios técnicos. Visto que, as escolhas referentes à localização e de aspectos
organizacionais e funcionais de aterros sanitários são de competência e responsabilidade
estritamente técnicas.
Outra grave complexidade no aspecto socioambiental do Cariri cearense diz respeito a
problemática dos esgotos a céu aberto, ainda bastante comuns nessa região. Essa problemática
se torna ainda mais complexa por envolver duas importantes dimensões da sustentabilidade: a
social e a ambiental. Além dos impactos ambientais ocasionadas, esse problema também
possui implicações sociais. Visto que, o mesmo se torna ainda mais difícil de ser enfrentado
pela população mais carente da região em virtude dos altos preços praticados.
Dessa forma, uma família com um baixo orçamento familiar que tiver que optar pelo
pagamento da taxa de água ou esgoto – que, muitas vezes se equivalem – optará pelo
pagamento do primeiro. Sendo assim, é necessário se repensar, inicialmente, os valores
cobrados a fim de se incentivar a população à ligação do esgoto domiciliar a rede coletora.
Todos os problemas anteriormente apontados são fruto do rápido processo de
crescimento econômico vivenciado pela região.

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3. Conclusão

Nas discussões acerca dos impactos da globalização e do crescimento econômico


sobre o meio ambiente, desde o final do século XX até a atualidade, emerge-se o conceito de
sustentabilidade com o intuito de buscar qualidade de vida e da preservação ambiental.
Quando se trata de desenvolvimento sustentável é importante englobar as quatro dimensões
que o compõem.
Buscar a união de esforços entre todos os setores da sociedade é muito relevante para
que se haja uma interligação com as quatro dimensões da sustentabilidade em busca da
melhoria na qualidade de vida e na diminuição dos impactos ambientais.
Na região do Cariri cearense são muitos os impactos ambientais em decorrência do
rápido processo de crescimento econômico vivenciado pela região. A necessidade de
promoção de um desenvolvimento, verdadeiramente, sustentável é a possibilidade para dar
condições a todos de cumprirem seus direitos e deveres no exercício da cidadania plena.
São muitas as barreiras a serem transpassados no que se refere aos impactos
ambientais. Nesse sentido, é necessário a idealização de políticas públicas eficientes e de
novos investimentos em prol da instalação de um processo de desenvolvimento pleno que
leve em consideração aspectos econômica, cultural, ambiental, social e simbólica.
Portanto, a informação e a cobrança de uma população mais envolvida no processo de
políticas públicas pode ser uma possibilidade para a tão sonhada sustentabilidade conseguindo
engajar pessoas conscientes do seu papel criando uma relação de pertencimento e
responsabilidade, preocupando-se com o individual e coletivo, dando oportunidade às futuras
gerações a possuir o que ainda temos hoje.

4. Referências

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Editora Saraiva. 6ª ed. São


Paulo: Saraiva, 2010.

CHACON, Suely Salgueiro. O Sertanejo e o caminho da s águas: políticas públicas,


modernidade e sustentabilidade no semi-árido. Fortaleza: BNB, 2007. Série Teses e
Dissertações. Vol. 8. Disponível em:
< http://www.bnb.gov.br/projwebren/exec/livroDetalhe.aspx?cd_livro=20 >. Acesso em: 05.
Nov. 2012.

DRUCK, Maria da Graça. Globalização, reestruturação produtiva e movimento sindical. In:


Caderno CRH, nº 24/25, jan/dez de 1996, p. 21-40.

NETO. Joaquim Maia. Meio ambiente, política e assuntos do cotidiano. Opinião


Sustentável, 2012. Disponível em: <
http://www.opiniaosustentavel.com.br/2012/02/globalizacao-e-meio-ambiente.html >. Acesso
em: 07. Nov. 2012.

QUADROS. Terezinha. Globalização, Novas Tecnologias, Educação e Trabalho: uma


reflexão sobre a possibilidade de superação da exclusão. NUPPEAD, 1999. Disponível
em: < http://www.uesc.br/cpa/artigos/globalizacao_novas_tecnologias_educacao_trabalho.pdf
>. Acesso em: 05. Nov. 2012.

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