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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

BRUNA RABELO RIBEIRO DOMINGUES

FIBRAS MUSCULARES

ALEFNAS/MG
2020
1.FIBRAS MUSCULARES
O corpo humano é formado por muitos músculos esqueléticos que permite ao homem
ser capaz de se movimentar rapidamente, reagir a estímulos em velocidade, gerar
potência durante um chute ou um soco e suportar horas de exercício físico, como uma
prova de maratona, por exemplo. Cada músculo do corpo é formado pelas chamadas
fibras musculares que podem ser rápidas, lentas e outras com características
intermediárias entre as rápidas e lentas.
As Fibras Musculares são estruturas cilíndricas, alongadas, localizadas em toda a
extensão do músculo. Cada fibra muscular é inervada por uma única terminação nervosa
que se localiza no centro da fibra. Cada fibra é composta por inúmeras miofibrilas que
internamente contém os filamentos de actina e miosina, tendo aproximadamente 1500
unidades de miosina e 3000 unidades de actina, que vão desencadear a contração
muscular após todo um processo de estímulos e potencial de ação. Os músculos podem
ser formados por diferentes tipos de fibras musculares cujas capacidades contráteis e de
metabolismo influenciam a função do músculo em relação à força, rapidez e resistência
à fadiga em cada movimento. Ou seja, diferentes características do movimento são
determinadas pelas diferentes propriedades das fibras musculares. Sendo assim, as
fibras musculares podem ser separadas em tipo, I, II.
1.1 DIFERENÇAS ENTRE AS FIBRAS MUSCULARES
Os tipos de células musculares diferem entre si em relação ao mecanismo de obtenção
de energia, ou seja, ao seu metabolismo energético. Ora, o músculo precisa de energia
para funcionar, então a forma como é gerada energia nas células musculares vai
influenciar a função do músculo e o tipo de movimento gerado. Existem três maneiras
para obtenção de energia pelas células musculares: o metabolismo aeróbico e
anaeróbico, que usam como principal substrato a glicose proveniente da dieta, que
chega até as fibras musculares pela corrente sanguínea e, devido sua importância, é
armazenada nos músculos (e no fígado) na forma de glicogênio; e, um sistema
alternativo que utiliza compostos ricos em fosfato (necessário para as moléculas de ATP
– trifosfato de adenosina). As fibras musculares podem ter um metabolismo energético
predominante, ou seja, estar adaptada a seguir mais uma via que outra na obtenção de
energia. Com isso, formam-se grupos diferentes de fibras musculares que são
classificadas de acordo com seu funcionamento e estão relacionadas aos tipos de
exercício.
1.2 CLASSIFICÇÃO DAS FIBRAS
Os diferentes tipos de fibras musculares podem ser agrupados em três grandes grupos:
fibras musculares lentas, fibras musculares intermediárias e fibras musculares rápidas.
Cada músculo tem uma proporção desses três tipos de células: a quantidade de fibras de
contração rápida ou lenta presente vai depender da atividade e da função que esse
músculo desempenha no corpo. Porém, com treinamentos específicos esse perfil de
fibras musculares pode ser alterado de acordo com as necessidades energéticas exigidas
pelo tipo de exercício. Por exemplo, a maioria das pessoas apresenta um equilíbrio entre
os tipos principais de fibras musculares (50-60%), porém, maratonistas possuem
aproximadamente 75% fibras musculares lentas enquanto que em velocistas há mais
fibras musculares rápidas, chegando a 80%. De fato, tanto o treino como a inatividade
podem alterar o perfil de distribuição das fibras musculares no corpo, adaptando o
indivíduo a um ou outro exercício, ou mesmo a falta dele. Essa mudança ocorre
gradualmente e a transformação das células musculares depende de um processo
contínuo de adaptações fisiológicas e metabólicas em resposta ao tipo de treinamento ou
atividade que são praticados.
1.2.1 FIBRAS MUSCULARES DO TIPO I
As fibras musculares lentas também são chamadas de fibras musculares do tipo I, fibras
musculares vermelhas, aeróbicas ou ainda oxidativas, denominações referentes ao seu
metabolismo, morfologia e funcionamento. Seu metabolismo energético é caracterizado
pela respiração celular (aeróbica), principalmente, e isso é o que vai determinar suas
características diferenciais.
Por serem dependentes da disponibilidade oxigênio para geração de energia possuem
maior vascularização (maior presença de capilares sanguíneos), maior quantidade de
mitocôndrias e maior quantidade de proteínas globulares denominadas mioglobinas. A
função das mioglobinas é semelhante à das hemoglobinas no sangue, transportar e
estocar oxigênio aumentando a disponibilidade de oxigênio para as mitocôndrias
durante o processo de respiração. As mioglobinas possuem ferro em sua estrutura
conferindo às fibras musculares lentas aspecto mais avermelhado (por isso também são
chamadas de fibras musculares vermelhas).
Os neurônios (ou neurônios motores) que inervam essas fibras, também se caracterizam
pelo menor calibre, desde mesmo modo que as fibras musculares do tipo I, são
consideravelmente menores. Tais neurônios conduzem "menos" estímulos por unidade
de tempo, ou seja, a velocidade do impulso nervoso que chega e estimula essas células
musculares é menor. São denominados neurônios motores alfa-2 ou α-2.
As propriedades das fibras tipo I, são consequência do seu metabolismo aeróbico
(obtenção de energia – ATP – através do processo lento de respiração celular). Essas
células apresentam geração de energia aeróbica, grande número de enzimas oxidativas,
alta capacidade de oxidar (queimar, consumir) gordura, carboidratos e até mesmo ácido
lático, baixa capacidade de manipular íon cálcio (Ca2+) e baixa atividade da enzima
miosina ATPase, que são responsáveis basicamente pela velocidade de contração e
relaxamento dos músculo (as fibras tipo I têm velocidade de contração menor), menor
potência máxima de contração, baixa capacidade de gerar força e baixa fatigabilidade
(maior resistência à fadiga).
Em relação ao exercício, uma das principais características das fibras musculares lentas
é que, por seu metabolismo não ser o de fermentação anaeróbica, não há formação de
metabólitos tóxicos para a célula como o ácido lático, e melhor ainda, as fibras tipo I
têm a capacidade de metaboliza-los. Dessa maneira, essas células apresentam grande
RESISTÊNCIA à fadiga possibilitando maior duração da ação muscular. São, então,
adaptadas para a resistência de contração, vantagem para atividades prolongadas e
contínuas, esforços duradouros de minutos a horas. Assim, estão presentes em grande
quantidade nos músculos responsáveis por sustentação e resistência, cuja resposta aos
estímulos ocorre lentamente, o que fornece maior quantidade de energia, e por mais
tempo. Atividades como a maratonas (corrida), natação, caminhada, ciclismo e ginástica
(exercício de intensidade moderada ou baixa e geralmente de longa duração) são
predominantemente aeróbias. Além dessas, a própria sustentação do corpo contra a
gravidade e a manutenção e correção da postura, pelos chamados músculos posturais,
deve-se a ação de fibras resistentes como as do tipo I.
1.2.2 FIBRAS MUSCULARES TIPO II
As fibras musculares rápidas são denominadas fisiologicamente como fibras musculares
do tipo II. Esse grupo de células se subdivide em dois principais tipos: fibras musculares
do tipo IIa e do tipo IIb. As fibras musculares rápidas propriamente ditas são as do tipo
IIb; as do tipo IIa são as consideradas fibras musculares intermediárias. As fibras
musculares rápidas são também conhecidas como fibras musculares brancas,
anaeróbicas ou glicolíticas.
As fibras musculares do tipo IIb caracterizam-se por um metabolismo não dependente
de oxigênio denominado fermentação lática que segue a via glicolítica. Basicamente, as
moléculas de glicose são metabolizadas rapidamente, porém de forma incompleta
gerando além de ATP, moléculas orgânicas como o ácido lático cujo acúmulo é uma das
razões que levam o músculo à fadiga. Assim, a produção de energia por essas fibras é
rápida por ser um processo mais simples, porém é também limitada porque não há
resistência à fadiga e produz ATP em menor quantidade. Essas fibras são maiores em
diâmetro, apresentam menor vascularização (menor número de capilares sanguíneos) e
por não depender tanto do oxigênio para seu metabolismo energético apresentam
pequena quantidade de mitocôndrias e mioglobinas, e consequentemente têm aspecto
mais pálido, de cor vermelho mais claro ou esbranquiçado.
Em contrapartida, sua reserva de glicose (substrato principal metabolizado para
produção de energia) é maior com grande quantidade de grânulos de glicogênio, que
permite acesso rápido de glicose para fermentação.
As fibras musculares tipo II, apresentam algumas propriedades; alta atividade da
miosina ATPase e alta liberação e captação de Ca2+, ou seja, alta velocidade de
contração; maior capacidade de gerar força; fatigabiliade alta ou moderada; maior
potência máxima de contração; mais enzimas glicolíticas (glicólise e fermentação), que
intensificam metabolismo de carboidratos inervação por neurônios motores do tipo alfa-
1 ou α-1; diâmetro maior o que possibilita maior velocidade de condução de impulsos
nervosos para as fibras musculares; mais impulsos nervosos por unidade de tempo.
Em relação ao funcionamento dessas fibras musculares no exercício, sua principal
característica é a VELOCIDADE e FORÇA. Exercício com alta intensidade e pouca
duração é o cenário no qual as fibras do tipo IIb estão atuando como protagonistas.
Essas são capazes de fornecer grande quantidade de potência, mas suportam apenas
alguns segundos ou poucos minutos de trabalho porque não são resistentes à fadiga. São
usadas, por exemplo, em corridas curtas (100m) e saltos (em altura ou distância),
levantamento de peso, e qualquer outro exercício intenso e curto. Compõem músculos
com prioridade de contração muito rápida e forte.
1.2.3 FIBRAS MUSCULARES INTERMEDIÁRIAS
As fibras musculares intermediárias (tipo IIa) são também conhecidas como fibras
musculares rápidas resistentes à fadiga e possuem característica intermediárias entres
fibras do tipo I e IIb. Apresentam além de metabolismo glicolítico, capacidade oxidativa
desenvolvida e resistência à fadiga. Apresentam morfologia e propriedades semelhante
às fibras musculares IIb com acréscimo de que possuem compostos fosfagênios, como a
fosfocreatina, e enzima creatina fosfoquinase (CPK), que participam do sistema do
fosfato e garante, de modo limitado, rápida síntese de moléculas de ATP.
Em exercício de segundos, o sistema fosfato é o principal fornecedor de energia à célula
muscular, porque é imediato. Quando a duração da atividade física aumenta para alguns
minutos, o sistema fosfato já está esgotado e o sistema de fermentação lática ganha
importância. Nesse estado, não só fibras musculares rápidas, mas também as
intermediárias estão atuando no músculo, por exemplo na musculação e também
natação.
1.3 ATUAÇÃO DE FIBRAS MUSCULARES
O recrutamento de fibras musculares em qualquer exercício acontece da seguinte
forma; primeiro, as fibras musculares lentas são as primeiras a serem recrutadas,
independente da intensidade requerida pela atividade física; segundo, se houver
necessidade de fornecimento rápido de energia e grande potência de contração, as fibras
rápidas (IIa e IIb) entram em ação; terceiro, se o movimento continuar, as fibras de
contração rápida entram logo em fadiga (acabam os estoques de fosfocreatina e acumula
ácido lático). As de contração lenta então, é que ficam responsáveis por fornecer energia
para manter a atividade muscular. As fibras musculares tipo I persistem fornecendo
energia a partir da oxidação de gorduras e ácido lático (produzido pelas fibras
musculares rápidas); as reservas de glicogênio não é o substrato preferencial.
É importante ressaltar que, a fadiga muscular é a fraqueza progressiva e perda da
capacidade de contração do músculo devido uso prolongado. Esse estado pode ser
causado por vários fatores. Um deles já foi comentado que é o acúmulo de ácido lático
na célula o que resulta na inibição de enzimas da via glicolítica (acidez do pH); esse é o
responsável por produzir a câimbra. Outro fatore é a baixa ou queda de disponibilidade
de ATP, de maneira que sem energia não há contração.
2. REFERÊNCIAS
Ramalho, J.; Gobb, J. I. F.; Rocha, L. R. M.; Nishida, S. M. Fisiologia do Exercício II.
Museu Escola. Universidade Estadual Paulista. Acesso:
http://museuescola.ibb.unesp.br/subtopico.php?id=2&pag=2&num=3&sub=40
William D. McArdle, Frank I. Katch e Victor L. Katch. Fisiologia do Exercício;
Energia, Nutrição e Desempenho Humano.
FOX. E, KETEYIAN, S. J.; FOSS, M. L. Bases Fisiológicas do Exercício e do Esporte.
Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 1998

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