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Tocar Faz Sentido

Se a prioridade da sensação isolada fosse observada, o sentido do


toque poderia ser considerado o mais importante; assim como deveria
ser exercitado muito antes do nascimento, e seria provavelmente
a primeira sensação que teríamos para saber que a vida começa.
L. E. Krueger

A pele é um receptor sensorial e, como nossos olhos e orelhas, busca


continuamente informações novas e importantes. Entretanto, se comparados aos
nossos outros receptores, os receptores de pressão da pele recebem
relativamente pouco estímulo. Por serem pouco estimulados e pouco utilizados,
eles operam em um estado constante de sensibilidade elevada. Quando a pele é
tocada, as informações sensoriais são rapidamente processadas, fornecendo ao
cérebro uma riqueza de informações.

O Toque Influencia o Comportamento?

Nosso sentido do toque tem sido chamado de "a mãe dos sentidos" e é o
primeiro a se desenvolver no embrião humano. No nascimento, os receptores da
pele imediatamente transmitem as sensações de calor, frio, toque, dor e, acima de
tudo, conforto. Conforme as crianças são ninadas, carregadas, abraçadas e
acariciadas, cada um desses atos estimula a pele e ajuda a desenvolver a
conexão mente-corpo. Entretanto, com o passar dos anos, tendemos a nos retrair
ao usar o sentido do toque e ao sermos tocados.
Ashley Montagu reconheceu a importância do toque e seu papel na
conexão mente-corpo. Ele publicou suas descobertas em seu famoso livro, Tocar
– O Significado Humano da Pele (agora em sua terceira edição). Montagu
explorou o efeito do toque e de sua falta no comportamento humano e propôs que
o sentido do toque seja considerado uma necessidade básica dos seres humanos.
Ele relatou que uma pessoa não pode sobreviver sem o estímulo da pele seja
advindo de outra pessoa, da água caindo sobre a pele no chuveiro ou mesmo do
toque das roupas. A necessidade de tocar e ser tocado exerce uma influência
significativa em nosso comportamento.
Alguns de nossos primeiros movimentos fora do útero resultam de estímulo
na pele. Tocar a bochecha de uma criança, por exemplo, resulta em um giro de
sua cabeça na direção do toque (reflexo rotativo). Se você pressiona o dedo na
palma da mão de uma criança, ela irá segurá-lo (reflexo da compressão da
palma). Tocar a planta do pé de uma criança resulta em uma resposta de
contração do pé (reflexo de contração plantar). Tocar um lado das costas próximo
à coluna da criança fará com que ela se curve nessa direção. Essas reações natas
ao toque são uma evidência de que quando a pele é tocada de uma maneira
específica, um músculo (ou um grupo de músculos) se contrai de modo reflexo.
Apesar de seu poder, o toque é usado apenas seletivamente na
comunicação. Entre amigos e pessoas que amamos, o toque é a linguagem da
intimidade, mas, entre estranhos, ele normalmente suscita suspeita. O aperto de
mão e o tapinha nas costas são gestos simbólicos na nossa cultura, mas qualquer
outro toque de um estranho normalmente leva a incertezas sobre a mensagem
pretendida. Conseqüentemente, muitos de nós relutamos quanto a tocar e
escolhemos, então, expressar-nos verbal ou visualmente.

Qual é o Sentido de Termos Pele?

Uma regra geral da neurologia é que o tamanho de uma área específica do


cérebro relata o número de funções que a área realiza. Os receptores da pele são
bem representados no cérebro. E mesmo os nervos da medula espinhal que
conduzem mensagens da pele semelhantes ao código Morse são normalmente
maiores do que aqueles associados aos outros sentidos.
Então, a importância relativa da pele em prover informação sensorial ao
cérebro está evidenciada pela grande área de córtex sensória reservada à ela. Em
1980, uma equipe de pesquisadores liderada por Michael Merzenich,
neurofisiologista, declarou que a porção do cérebro associada ao toque pode
mudar (aumentar) pelo estímulo repetitivo da pele, sugerindo que o mapa do
cérebro pode ser alterado pelo estímulo de uma área específica da mesma. Como
a parte do cérebro associada ao aumento do toque, as conexões podem ser
estabelecidas com os nervos que se estendem do cérebro até os músculos,
melhorando assim a conexão mente-corpo.

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