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O CABO DO MEDO
O DA E S H E M M O Ç A M B I QU E
(JUNHO 2019-2020)
ISBN: 978‑972‑20-7033-1
SIGLAS 11
NOTA PRÉVIA 13
ÂMBITO DA INVESTIGAÇÃO 21
INTRODUÇÃO A UM LUGAR DIFÍCIL 25
1. PARTE: DEFINIÇÃO DA AMEAÇA
a
35
No Princípio: O «Islão Social», «Revolucionário» e «Libertador» 37
O Lugar do Crime: Bandidos, Pistas, Detidos 43
Objectivos do Bando 51
Os Custos da Campanha Negra 53
Cronologia e Detalhes dos Principais Ataques 57
Conclusões 71
Tácticas e Armas dos Grupos Atacantes 73
Quem São? Identificar as Sombras 81
Bases, Poisos, Esconderijos: Um «Califado» Instável e Fungível 89
Outros Problemas num Cenário Complexo 95
Resposta Oficial e Contraterror 103
Excurso: A Verdade sobre a Presença Russa 121
2.a PARTE: DO SHABAAB AO DAESH 127
O Ângulo da Jihad: Essencial, de Oportunidade ou Acessório? 129
A Jihad do Daesh: O Verdadeiro Inimigo 143
O Abc do ADF: A Origem 144
O Estranho Caso do MTM: Polémicas em Curso 153
Os Resultados da «Metamorfose» 160
CONCLUSÃO NECESSARIAMENTE PROVISÓRIA 167
NOTA FINAL 179
DEPOIS DO FIM: MOCÍMBOA DA PRAIA 181
EPÍLOGO: O TÚNEL AO FUNDO DA LUZ 187
Anexos 207
Índice Onomástico 227
AAWI = WILAYAT
ADF – Allied Democratic Forces (Uganda e República Democrática do Congo)
ANR – Agência Nacional de Informações, serviço secreto da RDC
AK-47 – Espingarda automática ou «de assalto», vulgarmente conhecida como
Kalashnikov
AKM – Versão posterior da AK-47 introduzida para serviço do Exército Ver-
melho no final da década de 1950
Al Shabaab – Harakat al-Shabaab al-Mujahideen, ou «Movimento dos Jovens
Mujahedin» (Somália)
ALFA – Unidade antiterrorista e contraterrorista do FSB (Rússia)
AQ – Al-Qaeda, «A Base», organização fundada por Osama bin Laden
ASSMT – Analytical Support and Sanctions Monitoring Team, da ONU
CMI – Chefia de Informações Militares (Uganda)
CTC – Comité Contraterrorista do Conselho de Segurança da ONU
CTED – Directorado Executivo do CTC
DAESH – «Discórdia», transcrição fonética de acrónimo do chamado ISIS/
ISIL, considerado derrogatório por este
DEDI – Dito Estado Dito Islâmico
EIPAC – Estado Islâmico Província da África Central
EIPACKM – Estado Islâmico Província da África Central – Kativa (batalhão)
de Moçambique
ESO – Organização de Segurança Externa (Uganda)
FADM – Forças Armadas e de Defesa de Moçambique
FARDC – Forças Armadas da República Democrática do Congo
11
12
1
O acrónimo inglês designa o «Analytical Support and Sanctions Monitoring Team»
da ONU.
13
2
O Comité contraterrorista do Conselho de Segurança da ONU é constituído por
15 estados: Bolívia, Cazaquistão, China, Costa do Marfim, Guiné Equatorial, Etiópia,
França, Kuwait, Países Baixos, Peru, Polónia, Federação Russa, Suécia, Reino Unido e
EUA, representando, portanto, a mistura ecléctica de membros permanentes e temporá-
rios, e não uma «mundividência» específica sobre defesa e segurança.
14
15
4
Nampula, contacto telefónico, Agosto de 2019.
16
17
8
Cf. C. Schmitt, Teoria da Guerrilha, Arcádia 1975.
18
9
Um ensaio lúcido sobre a «violência política» e o terrorismo encontra‑se em
M. Sageman, Turning to Political Violence: The Emergence of Terrorism, University of Pennsyl-
vania Press, 2017.
10
Uma visão detalhada está em N. Rogeiro, op. cit.
19
11
A tentação de interpretar a narrativa de Tolkien à luz da «Guerra contra o terro-
rismo» surge, por exemplo, em K. Gelder, «Epic Fantasy and Global Terrorism», em
E. Mathijs/M.Pomerance, From Hobbits to Hollywood – Essay’s on Peter Jackson’s Lord of the
Rings, Rodopi Ed., 2006.
20
21
22
23
1968 and 1970, e tornou‑se depois no último ministro do Ultramar antes do Movimento
de 25 de Abril de 1974. No último cargo supervisionou todos os actuais estados da
CPLP, com a óbvia exclusão do Brasil. Depois de a FRELIMO ter conquistado o poder
25
26
27
5
Cf. a película de João Nuno Pinto, Mosquito, Leopardo Filmes, Fevereiro de 2020,
para alguns pormenores preciosos do ambiente do conflito, referente à chamada «Coluna
do Lago Niassa». Cf. ainda o utilíssimo contributo de M. A. da Costa, É o Inimigo que Fala:
Subsídios inéditos para o estudo da campanha da África Oriental, 1914‑1918, Imprensa Nacional,
1936; F. Falcão, A Grande Guerra em Moçambique: Diário do Tenente Frederico Marinho Falcão
(1916‑1918), Colibri, 2018; J. C. de Moura, Os Últimos Anos da Monarquia e os Primeiros
da República em Moçambique, Imprensa Nacional de Moçambique, 1965; E. Moreira dos
Santos, Combate de Negomano (Cobiça de Moçambique), seus Heróis e seus Inimigos: Memórias,
Ed. Gráficas Pax, Braga, 1961. Para abordagens ou reedições contemporâneas de relevo,
A. Afonso, Grande Guerra: Angola, Moçambique e Flandres, Quidnovi, 2008, R. Marques,
Os Fantasmas do Rovuma, Leya, 2012.
28
6
Ironicamente, Mueda, em Cabo Delgado, foi uma das primeiras bases da
FRELIMO contra a presença da administração portuguesa, passou a base contra
‑insurrecional das forças armadas de Lisboa, e agora é um importante centro militar
com as mesmas funções, em pleno território assolado pelo Daesh. Outros sítios de Cabo
Delgado foram marcantes para a guerrilha da FRELIMO, a partir de Setembro de 1964,
como Chai, no distrito de Macomia, onde se moveu a unidade de Alberto Chipande, um
dos históricos do partido.
29
7
A Comunidade Económica dos Países da África Central inclui Angola, Burundi,
Camarões, a República Centro-Africana (RCA), Chade, RDC, República do Congo (Bra-
zzaville), Guiné Equatorial, Gabão, Ruanda e São Tomé e Príncipe. Quanto ao Banco de
Desenvolvimento Africano, define os membros da área como Camarões, RCA, Chade,
RDC, Congo Brazzaville, Guiné Equatorial e Gabão.
8
Sete espingardas do tipo Kalashnikov, uma G3 de fabrico português, alegadamente
capturada às forças de segurança moçambicanas, três metralhadoras ligeiras, três lança
‑granadas‑foguete RPG‑7 e um RPG‑22.
30
31
32
33
1
Especial agradecimento a V., ex‑analista de informações do Estado moçambicano,
que colocou a necessidade de reposição dos factos à frente das eventuais divisões parti-
dárias e doutrinais. Agradecimento também ao xeque AL, por ter revisto esta secção, e
de a ter confrontado com a sua experiência. O melhor estudo sociológico moçambicano
sobre a progressão jihadista, entre 2017 e 2019, é Habibe, Saide, Forquilha, Pereira, «Radi-
calização Islâmica no Norte de Moçambique: O Caso de Mocímboa da Praia», em Cadernos
do IESE, 2019, acessível em http://www.iese.ac.mz/wpcontent/uploads/2019/12/
cadernos_17eng.pdf.
37
2
Cf. N. Levtzion, ed., The History of Islam in Africa, Ohio University Press, 2000,
especialmente os caps. 12‑16.
3
Maputo, contacto telefónico, Novembro de 2019 e Fevereiro de 2020.
4
Multiplicado com o breve apoio rodesiano, que só durou até 1978, e apesar das
campanhas militares anti‑RENAMO que envolveram conselheiros militares de vários
países do Pacto de Varsóvia, e, nos anos 1980, de unidades do Zimbabué conduzidas
por norte‑coreanos.
38
39
40
6
Desde 2014 que as autoridades alfandegárias moçambicanas apreendem grandes
carregamentos ilegais de madeira, a ser exportados para a China por via marítima, ou
para a Tanzânia por estrada. Em 2016 deu‑se a descoberta de mais de mil contentores
com madeira preciosa no valor de quase um milhão de dólares, só num porto do país.
7
A grande corrida aos recursos naturais de Cabo Delgado dá‑se a partir de 2017, e
com mais intensidade em 2019. Hoje em dia os projectos mais importantes são os do gás
natural, sob responsabilidade da TOTAL (Área 1) e do consórcio Mobil/ENI (Área 4),
entre outros. Só em Fevereiro de 2020, a TOTAL celebrou acordos de venda futura de
gás, correspondente a 11.1 mtpa.
41
8
Cf. a útil distinção entre «Islão vocal», ou vociferante, e «Islão violento», em
E. Orofino, Hizb ut‑Tahrir and the Caliphate: Why the Group is Still Appealing to Muslims in the
West, Routledge, 2019. Cf. ainda E. Rabasa, Radical Islam in East Africa, Rand Corp. 2009;
O. Yinka, Frontiers of Jihad: Radical Islam in Africa, Safari Books, 2015.
42
1
Roma, 2020.
43
2
Maputo, via telefónica, Fevereiro de 2020.
44
45
b) C
apturados (e, em 2019, em diversas fases de postura
processual)
46
47
7
Cf. S. A., «SHOCKING: Usafi Mosque leaders were dubious, access was restricted
to Confidants – Witnesses», em SoftPower News, Uganda, 30 de Abril de 2018, 21.40,
acessível em https://www.softpower.ug/shocking‑usafi‑mosque‑leaders‑were‑dubious
‑access‑was‑restricted‑to‑confidants‑witnesses/.
48
8
Sic, de um documento classificado, alegadamente do SISE para um congénere
africano, de 2019.
9
Mukulu, que aguarda julgamento no TPI, era originariamente ugandês sob o nome
de David Steven, e vem de uma família cristã para um «islamismo profundo e cultivado»,
como diz um antigo amigo, que estudou consigo na Arábia Saudita. «Era um verdadeiro
revolucionário», diz a mesma fonte, que o perdeu de vista quando Mukulu comandou um
ataque contra fuzileiros americanos no Uganda. Preso, libertado, Mukulu entrou no cha-
mado Exército de Libertação Nacional do Uganda (ENLU). Fundou o ADF «separado»
em 1996, depois de ter militado e sido comandante na chamada frente ENLU‑ADF
desde 1989. Saiu com o seu bando do Uganda para o Congo. Procurou ser o principal
representante da Al‑Qaeda para a África Oriental. No seu caminho «doutrinário» esteve
ainda a passagem pelo grupo «missionário» dos Tablig, que entrara em confronto com
as autoridades tradicionais islâmicas de Kampala. Muitos Tablig negaram‑se sempre, no
entanto, a pegar em armas, salientando, como noutros sítios do mundo, que a sua missão
era «vigorosa mas pacífica».
49
10
Pretória, Janeiro de 2020, contacto telefónico. F. diz‑nos que Faisan possuía vários
documentos de identidade e diversos disfarces, e que muitos serviços secretos não pos-
suíam a noção exacta da sua cara.
50
51
a) Empresas
b) Infra‑estruturas ou outros
52
53
54
55
57
1
UFIR‑ Unidade da Força de Intervenção Rápida, a polícia especial do Ministério do
Interior, integrada na PRM, com funções que vão desde o controlo de motins ao contra
e antiterrorismo.
58
2
VBTP – Veículo Blindado de Transporte de Pessoal.
59
3
NB – A negro, as reclamações no Congo.
60
4
A posse de meia dúzia de tubos lançadores foi sugerida por fonte militar estrangeira
em Maputo, mas nunca confirmada. Seria uma alteração qualitativa brutal das circuns-
tâncias da guerra.
61
62
63
64
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66
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68
69
71
72
1
Um documento encontrado no Uganda justifica «teologicamente» a posse de escra-
vos «infiéis», como consequência da sua derrota.
73
2
Embora não se descarte a acção de funcionários desviados e de desertores, como
se verá à frente.
3
Numa região muito influenciada por lendas e mitos, com muitos receios sobre feiti-
çaria e maus espíritos, alguns dos «grupos de combate» do EIPAC saem do espírito «islâ-
mico» e praticam actos, ou usam apetrechos, mais típicos de seitas animistas ou pagãs.
Nalgumas regiões de Cabo Delgado, os terroristas são conhecidos como «Homens
Violeta». Noutras cometem mutilações indescritíveis, que parecem destinadas a práticas
rituais ou a um circuito de tráfico de órgãos humanos.
74
4
Informações coincidentes do SISE, PRM, Inteligência Militar de Moçambique,
uma agência de informações africana, um gabinete de adidos militares em Maputo e
outro em Dar Es Salam.
5
O cálculo desta fonte (norte‑americana) é a de que o EIPAC tenha capturado, desde
2017, só em Moçambique, 500 espingardas semiautomáticas e automáticas, pistolas
75
76
6
Uma fonte militar moçambicana diz‑nos que as deserções se devem mais ao medo
e à indisciplina, mas reconhece que nalguns casos pode haver infiltrados a regressar aos
bandos, e recrutas demasiado jovens ou descontentes com algumas condições do seu
serviço, incluindo a alimentação, alojamento e serviços médicos. «Estes ditos desespe-
rados não aderem ao Shabaab, mas às vezes podem passar‑lhes armas, sob pagamento.»
77
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79
81
82
83
84
Quanto à situação interna da PRM, um suposto líder detido confessou que tentou
2
85
3
Nova Iorque e Virginia, contacto telefónico, início de Fevereiro de 2020.
86
4
Lovaina, Dezembro de 2020.
87
88
1
Com a deserção de Jamal Ahmed al‑Fadl, um dos «tesoureiros» da organização.
Em Dezembro desse ano, al-Fadl começou a revelar os detalhes da organização aos
investigadores americanos, na altura comandados pelos agentes especiais do FBI Jack
Cloonan e Dan Coleman. Al‑Fadl foi essencial no primeiro processo judicial contra a
organização, US. Vs. Osama bin Laden, N.º. S(7) 98 Cr. 1023 (S.D. N.Y.). O julgamento
começou em Fevereiro de 2001, e viria a verificar‑se que, nos testemunhos e conclusões,
se passou a «saber tudo» sobre a organização. Sinistramente, a Al‑Qaeda, ao mesmo
tempo que estava a ser julgada, preparava e executava, no mesmo território dos EUA, o
11 de Setembro.
2
Formado em 2002. A primeira reunião deu‑se em Copenhaga, a segunda em Ate-
nas, a terceira em Bruxelas, e aí por diante.
89
3
Parte dessa discussão está em N. Rogeiro, O Inimigo Público: Osama Bin Laden, Carl
Schmitt e o Terrorismo Pós‑Moderno, Gradiva, 2002.
4
«Provisoriamente» dado que, segundo uma fonte da PRM, alguns poisos de bandi-
dos foram reactivados várias vezes, «dado corresponderem a locais naturais de esconde-
rijo ou pausa» (Maputo, 2019).
90
Prossegue:
Por fim:
5
M., oficial das FADM, a fonte, Mueda e Pemba, 2019.
91
6
Fontes da PRM (investigação) e do seu Grupo de Operações Especiais (GOE).
92
93
7
Maputo, Março de 2020. Sobre diversas interpretações do Shabaab e seus sucesso-
res, cf. E. Morier‑Genoud, «Tracing the history of Mozambique’s mysterious and deadly
insurgency», em The Conversation, 18 Fevereiro 2019, acessível em https://theconversation.
com/tracing‑the‑history‑of‑mozambiques‑mysterious‑and‑deadlyinsurgency‑111563;
P. Fabricius, «Is Islamic State taking charge of Mozambique’s jihadist insurgency?», em
USS Today, 10 Janeiro 2020, acessível em https://issafrica.org/iss‑today/is‑islamic
‑state‑taking‑charge‑of‑mozambiques‑jihadist‑insurgency; H. Matfess, «Clear threat,
murky objectives: Ahlu sunna wal jamaa and instability in Cabo Delgado, Mozambique»,
em ACLED, 30 Novembro 2018, acessível em https://acleddata.com/2018/11/30/
clear‑threat‑murky‑objectives‑ahlu‑sunna‑wal‑jamaa‑and‑instability‑in‑cabo‑delgado
‑mozambique/; B. Weimer, Vampires, Jihadists and Structural Violence in Mozambique. Reflec‑
tions on Violent Manifestations of Local Discontent and their Implications for Peacebuilding. An
Essay, Março 2018, acessível em https://www.academia.edu/39009630/Vampires_Jiha-
dists_and_Structural_Violence_in_Mozambique._Reflections_on_Violent_Manifes-
tations_of_Local_Discontent_and_their_Implications_for_Peacebuilding_An_Essay.
94
a) Negócios e redes
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96
97
c) A nova indústria
98
1
Londres e Pretória, Agosto de 2019.
99
100
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1
A resistência interna às purgas Frelimistas (que mataram muitos moçambicanos
acusados primeiro de colaboração com Portugal, e depois de uma «contra revolução» de
costas largas) foi seguida pela luta armada da RENAMO, apoiada durante alguns anos
por Salisbúria, e depois, intermitentemente e de forma ambígua, pela África do Sul. Pres-
são para obrigar à mudança. Pressão existiu também das comunidades internacionais
africanas, com as exigências de «democratização» e «abertura». O mesmo para outros
parceiros internacionais, investidores e credores. Pressão, ainda, para levar as partes
beligerantes ao acordo de 1992. Pressões internas para a alteração das regras do jogo
económico. Pressão para aceitar o multipartidarismo e o espírito de eleições universais.
Mas também convencimento, por muitos actores estatais, de que não havia muitos cami-
103
104
2. Instituições e mecanismos
2
Portugal mantém programas de Cooperação Técnico‑Militar com Moçambique,
referentes aos três ramos, que nas últimas décadas mobilizaram centenas de profissionais
dos dois países, e que muitas vezes não evoluem apenas por restrições orçamentais. Por
outro lado, a cooperação no seio da CPLP, em matérias de defesa e segurança, tem‑se
revelado na série de exercícios de forças especiais «Felino», e na criação do Centro de
Análise Estratégica.
105
106
3
Norfolk e Virginia, Novembro de 2019.
107
Prossegue a fonte:
4
Maputo, via telefónica, Janeiro de 2020. Uma fonte militar da região, não moçam-
bicana, calcula que entre 80 a 90 % do armamento do EIPAC é material capturado às
forças de defesa e segurança de Moçambique e do Congo.
5
Maputo, Janeiro de 2020.
108
109
6
Kampala, Dezembro de 2019.
110
7
Londres e Dar es Salaam, Julho de 2019.
111
8
Palma e MdP, Dezembro de 2019, Lisboa e Londres, Janeiro e Fevereiro de 2020.
112
9
Prince terá entrado num negócio contestado judicialmente nos EUA, com a com-
pra de dois ou três helicópteros Gazelle, transformados e armados, através da sua parti-
cipação na empresa UMBRA (onde detinha 49 %).
10
Sobre Erik Prince e a sua «galáxia», algumas precisões: empresarialmente, o seu
cavalo de batalha tem sido a HK Frontier Services Group (FSG), com papel accionista
do CITIC chinês (uma das principais empresas de investimento público da RPC), e sede
social em Hong Kong: está presente em Moçambique, Tanzânia e na RCA, falando ape-
nas na África subsaariana. Competiu em tempos pela segurança das empresas madeireiras
da RPC em Moçambique, com o VSS. O presidente da empresa é o presidente do CITIC,
Chang Zhenmin. Ko Chun Shun (Johnson Ko) é o co‑CEO não‑oficial do CITIC, que,
segundo alguns, é a «sombra empresarial» de Erik Prince. Luo Ning é o representante
não oficial do Exército Popular de Libertação. O FSG também está presente em Angola
em infra‑estrutura (habitação social) e protecção de áreas industriais. A FSG reforçou a
sua presença na região da RDC/Uganda, África do Sul (Gauteng, logística e segurança
do local) e na Zâmbia. Na RDC, segundo a mesma fonte, a empresa está‑se «expandindo
bastante em mineração e logística», no Kasai, por exemplo. O FSG também tem um
papel crucial e menos conhecido, ao ministrar treino a outras companhias de segurança
privada chinesas, que desejam trabalhar no mercado africano.
113
11
Lisboa e Coimbra, Dezembro de 2019.
114
115
Ainda:
13
Palma, Maio de 2019.
14
Kampala e Londres, 2020.
116
Por fim:
15
Ibid.
16
Maputo e Lisboa, fim de 2019.
117
17
Pemba, Maio de 2019.
118
18
Janeiro de 2020.
119
19
Maputo, Março de 2020. A fonte diz que «tem de ser parada a sangria que leva
jovens impreparados, ou a terminar a recruta, para zonas de combate real sem tréguas:
«muitas das baixas militares das FDS devem‑se a esse facto. Por muita coragem que
demonstrem, e que conhecemos, os jovens que morrem precisavam de ter sido enqua-
drados por combatentes experientes».
120
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1
O Daesh (EIPAC) reivindicou apenas cerca de 15 % do total de ataques desde
2017, mas cerca de 95 % das acções verificadas desde Julho de 2019.
129
2
Sendo que a «Grande Jihad» é o combate interior e espiritual para o melhoramento
individual.
130
E prossegue:
3
Londres, 2020. Sobre o papel da «dissimulação», «engano», «engodo», «segredo» e
«clandestinidade» nos grupos terroristas, cf. J. Holeindre, La Russe et la Force – Une Autre
Histoire de la Stratégie, Place des Éditeurs, 2017.
4
A (taqiah), ou «prudência», começou por ser ensinada como uma necessidade
virtuosa de esconder a verdadeira fé e o verdadeiro culto, quando o crente está ameaçado
de extinção, e pode prejudicar a sua comunidade ao revelar a verdade. Uma das grandes
questões doutrinais no mundo islâmico – e em todas as religiões (cf., por exemplo, o
131
132
7
Uma síntese razoavelmente adequada aparece em Pirio, Pitteli, Adam, «The Emer-
gence of Violent Extremism in Northern Mozambique», em Africa Center for Strategic
Studies, Março de 2018, acessível em https://africacenter.org/spotlight/the‑emergence
‑of‑violent‑extremism‑in‑northern‑mozambique/.
133
8
A capital da província do mesmo nome fica a 410 km a sul de Pemba.
134
9
Esta ideia surge também no próximo volume de J. Warner, R. Cummings, R.
O’Farrell, The Islamic State of Africa, Hunt Publishers, Dezembro de 2020.
135
136
10
Excerto de relatório de informações de uma agência não‑africana, Janeiro de 2020.
O documento explica que «não parece haver contradição fundamental» entre o «ele-
mento dito jihadista» e o «elemento de delito comum e banditismo organizado», já que,
«para além das técnicas verificadas de dissimulação, comuns à Al‑Qaeda e ao Daesh», o
«primeiro elemento serve para justificar o segundo», e «o segundo é perdoado por líderes
religiosos autoproclamados, como meio de atingir os fins supremos da organização, a
saber uma sociedade baseada na Sharia e com o poder político administrado pelo alegado
Califado Global, através das suas “províncias”, “regiões” e “distritos”».
137
11
Uma ponta do véu sobre esta rede terá sido levantada com a detenção do cidadão
paquistanês Tanveer Ahmed Allah, conhecido como «Galby», em Janeiro de 2019, e
posterior extradição para os EUA (Janeiro de 2020), onde será julgado no Tribunal de
Distrito do Sul do Texas, acusado de co‑comandar uma vasta organização com base
em Moçambique. «Galby» foi escoltado por um comando armado da DEA, a partir de
Maputo, e pode estar em negociações com a justiça americana, como arrependido. O
paquistanês foi detido com dois alegados cúmplices tanzanianos, e foram‑lhe apreendi-
das 24 viaturas.
138
12
Cf. J. Hanlon, «The Uberization of Mozambique’s heroin trade», em London
School of Economics, International Development, Working Paper 18‑190, Londres 2018,
acessível em http://bit.ly/Mozheroin and Portuguese: http://bit.ly/Moz‑heroina, e
Haysom, «Where crime compounds conflict: Understanding northern Mozambique’s
vulnerabilities», em Global Initiative Against Transnational Organized Crime, 2018, acessível
em https://globalinitiative.net/wp‑content/uploads/2018/10/TGIATOC‑North
‑MozambiqueReport‑WEB.pdf.
139
Irmãos de Moçambique:
A nossa geração, devido às obras do Diabo [Sheitan], corre
o risco de perder o conhecimento de Alá e do Seu Mensa-
geiro Rasud, mas vamos parar com isso.
A religião é para nós uma maneira de construir a sociedade,
um comando, e somos soldados, como o Hizbollah.»
140
141
143
1
Um informador arrependido diz que o juramento foi feito na base principal do
«complexo da Grande Madina II», perto da cidade de Beni, na região congolesa do Norte
do Kivu. Madina era o quartel‑general do ADF, no dia 10 de Abril de 2019. Refere ainda
que o acto foi participado por 45 «comandantes» armados, representantes de várias «uni-
dades de toda a RDC». Na imagem mais conhecida sobre o assunto, surgem menos de
20 desses «chefes de guerra».
144
2
Segundo um serviço de informações da Europa Ocidental, contactado já em 2020.
145
3
Kigali, Janeiro de 2020, Paris, Fevereiro de 2020.
4
Kampala e Londres, Fevereiro de 2020. A estimativa ugandesa parece ser em parte
aceite pelo grupo de peritos da ONU.
5
Ex‑elemento do grupo, hoje detido num país limítrofe do Congo.
146
147
7
Esta fonte diz que os moçambicanos passaram também pela base de Mwalika.
148
149
9
Kizito Bin Hangi tornou‑se um activista conhecido, que diz a ofensiva ter sido mal
preparada, e ter‑se transformado numa batalha desorganizada onde às vezes é difícil
perceber quem é quem.
150
10
Paris, Fevereiro de 2020.
151
12
Forças especiais do Brasil, treinadas para a luta na selva, tinham integrado a
MONUSCO e dado treino específico às FARDC, na luta contra o ADF/EIPAC, no
quadro de uma unidade chamada JWMTT.
152
Uma fonte antes ligada aos meios radicais moçambicanos, mas que os renun-
13
ciou e denunciou, diz que a designação correcta do MTM devia ser, em árabe,
, ou «madinat al tawhid wa muqatil jihad», se quisermos dizer
«Cidade do Monoteísmo e dos Combatentes da Jihad».
153
154
E continua:
14
A., Londres 2019 e 2020.
155
15
Ibid.
16
Coronel do SRM, ex‑SARM e ex‑DEMIAP, chefiado até há pouco pelo general
Delphin Kahimbi, entretanto suspenso e que acabou por morrer em circunstâncias
estranhas, já em 2020.
156
17
Fonte citada, Kinshasa, Março de 2020.
18
Ibid. Em linhas gerais, esta tese é comungada por uma fonte privilegiada da União
Africana, que trabalhou durante muito tempo no gabinete contraterrorista (ACSRT), sob
a orientação de Larry Gbevlo‑Lartey. Mas o informador da AU diz que «com o tempo, o
MTM absorveu quase todo o ADF, e tornou‑se difícil distinguir entre os dois».
19
Um elemento é oficial superior do ESO, o serviço de informações estratégico
(externo), e trabalhou com os directores Bob Masolo e Joseph Ocwet, a que chama
«o embaixador». O outro é analista das informações militares (CMI), que trabalhou no
departamento contraterrorista de «Chuck» Asiimwe. Finalmente, uma fonte é professor
na academia IISS, que treina também agentes de informações.
157
20
Fontes citadas, Kampala, 2020.
158
Mais:
21
Apesar disso, afirmam as fontes, vários ugandeses aparecem, como o filho mais
velho de Mukulu, e uma das mulheres de Musa Baluku. Mas a mesma fonte adverte que
«os ugandeses que chegaram ao Congo casaram‑se entretanto com muitos civis de etnias
locais, e possuem já famílias sem filiação étnica directa no Uganda». Um dos capturados,
diz a fonte congolesa atrás citada (SMR), afirmou em interrogatório que «A ideia era a
159
Os resultados da «metamorfose»
de cortar os laços nacionais com o Uganda, uma pátria que nos tinha perseguido e que
já não nos dizia nada. Começáramos ali, nas chamadas “selvas” do Congo, uma nova
existência, sob protecção divina.» (sic)
22
Ibid.
23
Refugiado hoje em Pemba, refugiado em Maputo, refugiado em Quelimane,
ex‑autarca hoje na Tanzânia, refugiado em convalescença na Europa, etc.
160
24
Contacto com fonte directa deste livro, na região de Mueda, fim de Janeiro de 2020.
25
A informação, segundo a qual os bandos tinham acesso a uma fábrica de farda-
mento, não pode ser confirmada.
26
A existência de canhões sem recuo de tipo B‑10, entre as armas capturadas pelos
terroristas de Cabo Delgado só nos foi avançada por uma fonte. A mesma fonte identi-
ficou, nalguns documentos capturados num telemóvel do Daesh, na RDC, espingardas
automáticas VZ‑58, espingardas semiautomáticas SKS, pistolas Makarov e Stechkin,
metralhadoras RPK, PK, DShk (com capacidade antiaérea) e SG‑43, pelo menos dois
lançadores do míssil AA 9K32 (Strela 2), e alguns lança‑foguetes bitubo, rebocados. Não
se sabia, no entanto, se o material dizia respeito apenas a armas roubadas em Moçambi-
que, ou também na Tanzânia e no Congo.
161
27
Londres, 2020.
162
28
Londres, ibid. A fonte refere que, segundo documentos capturados e escutas, a
Amaq recomenda que nunca se divulguem caras descobertas de comandantes, ou ima-
gens gerais onde se possa perceber o número exacto de elementos do grupo de combate.
Por outro lado, há um conselho para revelar rostos determinados, para realçar certas
mensagens («juventude» dos «soldados do Califado», revelação da militância de vizinhos,
companheiros de trabalho e escola, no sentido de promover a causa e lançar perturba-
ção), e para «provar» a captura de material militar, embora algumas imagens não revelem
quantidades exactas, para criar dúvida entre os analistas dos serviços de informações das
forças armadas.
163
29
Maputo, Dezembro de 2020.
30
Agradecemos a M., ex‑operacional da secção de investigação criminal da PRM.
31
A «rede» funciona em várias dimensões, das mesquitas oficiais às «informais», mas
também em estabelecimentos escolares e em lugares públicos onde se formam filas de
jovens à procura de emprego.
164
165
166
«África Central
§44. Os Estados‑Membros observaram que a ameaça do
Estado Islâmico na Província da África Central (EIPAC),
um ramo do “Madina Tawheed wal Muwahedeen (MTM)”,
continuou a evoluir.
Em Julho de 2019, a MTM mudou o seu nome, subs-
tituindo seu logotipo pelo do ISIL. Segundo alguns
Estados‑Membros, a adesão ao EIPAC consiste em dois
mil recrutas locais e combatentes terroristas estrangeiros
do Burundi, Chade, República Democrática do Congo,
República do Congo, Eritreia, Etiópia, Quénia, Moçam-
167
168
1
O Daesh dividia o seu território físico‑espiritual em «províncias» (Al Sham/Síria,
Iraque, Sinai, Khorasan‑Paquistão/Afeganistão/Irão, Iémene/Península Arábica, Somá-
lia, Cáucaso, Turquia, Ásia Oriental, África Ocidental, Grande Sahara) e «redes» (Tunísia,
Europa).
2
De nome real Ibrahim Awad Ibrahim al‑Badri.
169
Diz o informador:
3
Kampala e Londres, Outubro 2019.
4
Que também informou grupos de estudo sediados nos EUA e no Reino Unido.
170
E na continuação do raciocínio:
Por fim:
5
Abu Mus’ab Habeeb Bin Muhammad Bin Yusuf al‑Barnawi, que liderou uma cisão
no Boko Haram, a partir de 2016, aderindo plenamente ao círculo do Daesh.
171
6
Londres, 2019.
7
O BH era formalmente o Jamã’at Ahl as‑Sunnah lid‑Da’wah wa’l‑Jihãd
( ), ou «Grupo do Povo da Sunnah para a Prédica e
Jihad». Estava activo na Nigéria, mas também nos Camarões, Chade, Nigéria e Mali. Mais
uma vez, a «África Ocidental» era, para o Daesh, uma designação de conveniência. Ou,
como dizia um analista francês, «uma designação que adapta a realidade às forças exis-
tentes, e não o contrário» (sic, Bamako, 2019).
172
173
174
175
O tráfico de órgãos?
O branqueamento de capitais?
O comércio de pedras preciosas?
A criação de um corredor de todos os tráficos?
Consequências das dívidas ocultas?
Sublimação da pobreza extrema?
Concessão exacerbada de terras de prospecção mineira?
176
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179
180
1
Seria este o nome da operação, segundo uma reclamação via Telegram, de 24 de
Março: «yd alnabii», ou .
181
2
«Baga» é o tipo de barco baptizado pelo Daesh na localidade com o mesmo nome,
perto do Lago Chade, no nodeste da Nigéria, estado de Borno.
182
183
184
185
187
A terra calcinada
1
Em frente do comando da PRM da sede do distrito.
2
Quissanga, segundo informações confidenciais, estava a ser planeada pelo EIPAC
como ponto de recepção de material de guerra e provavelmente droga, vindos de algum
navio que estava aprazado chegar àquela bela praia, que já não via operações de tráfico
de narcóticos em larga escala desde o período de 1997‑2000, quando várias redes foram
desmanteladas.
3
Mais precisamente, como me foi dito, de «heliassalto, porque os terroristas transitam por
188
zonas não servidas por estrada, de recolha de informações, vigilância e reconhecimento, e de ataque ao
solo e apoio às tropas no terreno. Não temos nada disto, praticamente».
4
Conversa telefónica a 28 de Março.
5
Falámos, por exemplo, dos vários tipos de lanchas rápidas da Privinvest, feitas em
Cherburgo, inoperacionais ou pouco usadas, em Mocímboa da Praia e na Base Naval e
no Porto de Pemba. Ao todo umas 12 embarcações de diversos tipos, incluindo trimarans
da classe Ocean Eagle 43, supostas operar «drones» e canhões automáticos, e navegar
240 milhas a 15 nós sem reabastecimento, com velocidade máxima próxima dos 45 nós.
6
Sob pretexto da Covid, foi também retirado, no dia 17 de Abril, para a Costa do Sol,
em Maputo (dado o fecho dos portos sul‑africanos), o gigantesco navio de exploração
SAIPEM 12000, ao serviço da Total, e antes da Anadarko, que custa cerca de 1 milhão
de dólares por dia em operações. Mas um dos motivos da retirada provisória foi um rela-
tório secreto de segurança, que incluía a hipótese de o Daesh colocar minas magnéticas
no casco, a partir de um dos seus meios navais, incluindo uma lancha da marinha, a Alha,
roubada em Mocímboa.
7
Pan‑africana, mas com escritórios mais importantes na África do Sul, filial da G4S
britânica.
189
«Invencíveis»?
190
8
O ataque foi‑me imediatamente confirmado por André Afonso, da empresa. A
Conduril é uma das firmas portuguesas que mais se tem distinguido nas obras públicas
em África, sempre elogiada pela competência, profissionalismo e consciência social.
9
«Foi esta gota de água que nos convenceu da ligação directa dos bandos locais ao
tal Daesh da África Central. Era impossível terem conhecimento, no Congo, do que se
passava aqui, com todos os pormenores.»
191
192
A reconquista
10
Fatimah bint Muhamad, ou Fatimah al‑Zhara, filha de Muhamad e Khadijah.
193
11
Versão sul‑africana do canhão MG‑Matra dos Alouette III/«Lobo Mau» da nossa
FAP, usados com sucesso operacional em Moçambique, até 1975.
12
Máximo de 6 mil tiros por minuto, alcance 1 km.
13
Foi este que, numa missão arriscada, resgatou os dois ocupantes de um dos
Gazelle, alvejado sobre Quissanga, e que ficou com um problema na caixa de mudanças.
Quando o «comando» do Daesh (15 homens) chegou, já tinha sido destruído o Gazelle
pelos sul‑africanos. O héli sobrevivente foi também alvejado, mas conseguiu pousar de
emergência em território livre de inimigo.
14
A Ultimate é dirigida por Craig Munro, e a CADG tem um grupo de veteranos
de assistência alimentar no Afeganistão e «segurança humanitária», dirigido pela senhora
Raju Shaulis.
15
A frota incluía, para além dos meios citados, e de dois antigos helicópteros Mil Mi‑2
Hoplite (um modelo russo do fim dos anos 60 do século xx, modernizado), seis aviões:
um jacto de transporte VIP do tipo HS125 /Hawker 800XP, um BE20 ‑ Beech Super
King Air B200 Turboprop, e quatro C208B ‑ Cessna Grand Caravan, para transporte
e observação. Os helicópteros eram ou antigos ou ultralimitados: dois AS/350/AS355
Squirrel/Twin Squirrel da Airbus, um Eurocopter EC130, um BH412 Huey (silhueta que
muitos reconhecem da Guerra do Vietname), e dois minúsculos Robinson R44/R66. De
todos os aparelhos, Mi‑2, Gazelles, Huey e Eurocopter podiam ser armados. Havia ainda
um avião Diamond DA42 MPP Twin Star/Guardian de reconhecimento, vigilância e
recolha de informações, e um Cessna C441 de transporte executivo. O Helix derivava das
experiências da Ultimate (divisão de UAV’s), que resultaram nos modelos Viper 100MR/
UAS, e da colaboração da CADG com as empresas Ecarys e S‑Plane, sobre a plataforma
de um avião ultraligeiro da Stemme alemã, o ES‑15.
194
16
A Manticorp tinha como «assessores» o capitão reformado Simon Mann, um
ex‑SAS britânico que se envolvera, com o filho de Margaret Thatcher, num patético
golpe na Guiné Equatorial (que o levara à prisão em Malabo) em 2004, e que fizera um
dia declarações desastrosas sobre o combate ao IRA, e o inevitável Erik Dean Prince,
sempre referenciado nas ajudas reais e imaginárias a países com crises de segurança.
Dado o peso algo embaraçoso dos nomes, a companhia acabou por tirá‑los da conhecida
organização, e depois saiu ela própria da cena pública.
195
17
Conversa telefónica com uma grande capital da SADC, dois dias depois da rápida
devolução de Fuminho às autoridades judiciárias brasileiras.
196
Mudanças radicais
197
198
199
A batalha de Metuge
18
A saber: Africans Rising, Amnesty International, Associação Dos Jornalistas
De Cabo Verde – AJOC, Centro Democracia e Desenvolvimento (CDD), CIVICUS,
Committee to Protect Journalists (CPJ), Friends of Angola, Federação de Jornalistas de
Língua Portuguesa – FJLP, Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ, Brasil, Inter-
national Press Institute (IPI), Media Institute of Southern Africa (MISA), OMUNGA,
Reporters Without Borders (RSF), Solidariedade Moçambique (SOLDMOZ‑ADS),
Southern African Human Rights Defenders Network, Southern Africa Litigation Centre
(SALC) e The African Editors’ Forum (TAEF).
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O fim do princípio
203
22
Da Bloomberg, Africa Confidential e Intelyse, com graus diversos de cepticismo
quanto à possibilidade de ser reposta a ordem por parte do governo.
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222
A ilha de Congo, que seria uma das bases provisórias da «frota» do Daesh.
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229
V
Voronkov, Vladimir 14
W
Wolf, Markus «Mischa» 121
Y
Yangue, Adamu Nhaungwa 50
W
«Waswa», aliás «Ibrahimo» 45, 147
«Werasson» 148
Z
Zein, Waleed Ahmed 95
Zelin, Aaron 165
Zollo, Robert 99
Zumbire, José Castiano de 23
230