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Estudo Da Distorção Gerada Pelo Processo FCAW e Uma Comparação Com GMAW
Estudo Da Distorção Gerada Pelo Processo FCAW e Uma Comparação Com GMAW
TCC II
Reis, Lucas
AGRADECIMENTOS
Aos amigos, incluindo meu irmão, que se fizeram presentes e dispostos a ajudar.
Espero que essa disposição tenha sido e continue sendo recíproca, pois isso torna a vida muito
mais agradável e fácil.
Agradeço à minha orientadora, Ivanilza Felizardo, por ter me aceito de última hora
como seu orientado, por sempre manter uma atenção excepcional comigo mesmo tendo
diversos outros afazeres e, principalmente, por fornecer conselhos sinceros. Agradeço também
ao Professor Eduardo Schirm, que me aconselhou qual procedimento metrológico adotar.
Welding is a process of union widely used in the metal-mechanical industry. Given its
relevance to the manufacturing process, it is relevant for acknowledge the variables involved
in the welding process and how this affects the final result of that each component. Thereby,
this work has the objective of analyzing the effect of the welding sequence by the FCAW
process with the WELD 71T-1 wire of 1.2mm in diameter in the generation of distortions
through an experimental study, also aiming to establish a comparison with the results obtained
by Silva (2018) for similar tests in GMAW. For this purpose, a measuring mesh was created
in ASTM A-36 steel sheets, which was calibrated, with the aid of a performance table and
comparator watch, before and after the realization of the weld beads positioned transversely
or longitudinally to the largest dimension of the pieces, the survey was carried out in two
sequences: single and ‘back and forth’. Thus, it was observed that the transverse pieces distort
more than the longitudinal ones; the single sequence favors the pieces with smaller
deformations and that the FCAW processes tend to present smaller distortions than the
GMAW. This is mostly due to the heat distribution in the component, the more uniform the
heat distribution throughout the piece, the lower the final stresses and, thus, the less
distortions that results from it. The FCAW process generates slag, which provides a greater
thermal protection than in the GMAW process, which is an important feature that generates
deformation, just as the welding sequence is also very relevant.
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 12
2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 14
3.2.1 GMAW................................................................................................................... 20
4 METODOLOGIA.................................................................................................................. 31
6 CONCLUSÕES ..................................................................................................................... 55
8 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 57
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVOS
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Silva (2018) submeteu 12 chapas de aço ASTM A36 à soldagem pelo processo
GMAW com arame sólido OK AristoRod 12.50 de 1,2 mm de diâmetro afim de averiguar as
distorções resultantes. Para a realização desses experimentos alguns parâmetros se
mantiveram constantes e outros foram alterados. Dentre os constantes, a tensão e a corrente de
soldagem foram fixadas em 18 V e 160 A, respectivamente. Utilizou-se gás de proteção com
80% de Argônio (Ar) e 20% de dióxido de carbono (CO2), com uma vazão de 13 L/min. Todas as
chapas possuíam largura de 100mm e espessura de 13mm e todas as soldas foram realizadas
com uma ordem de deposição dos cordões de solda de uma extremidade até a outra das peças.
Na Figura 1 estão apresentadas as sequências de soldagem testadas.
Na Tabela 1 estão apresentados os parâmetros variáveis e seus valores para cada corpo
de prova (CP).
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Silva (2018) concluiu que dependendo da sequência de soldagem adotada foram obtidos
menores deslocamentos em uma determinada região dos corpos de prova. Porém a variação da
sequência de soldagem não apresentou uma diferença significativa na geração de distorções. Da
análise dos resultados de Silva (2018), é possível notar que da comparação entre soldas
transversais e longitudinais também pouco afetou na geração de deformação. Também é viável de
observar que o comprimento das peças e a velocidade de soldagem envolvida no processo foram
as variáveis que mais tiveram relação direta com a criação de distorção. Nas Figuras 3 e 4 são
apresentados os gráficos 3D das distorções geradas nas peças com o maior aporte térmico de
Silva (2018), CPs 05 e 06 representam as chapas soldadas com cordões transversais e os CPs
07 e 08 as longitudinais.
Figura 3 - a) CP 5 b) CP 6
Figura 4 - a) CP 7 b) CP 8
Neste trabalho serão realizados testes semelhantes a essas peças para comparar os
processos GMAW e FCAW quanto à geração de distorções. Isso é relevante devido ao fato
que os equipamentos utilizados em ambos os processos muitas vezes são os mesmos, se
tratando de processos robotizados, geralmente utilizados nos meios industriais, esse dois
processos competem entre si. Desta maneira, ter as informação necessárias para fazer a
escolha de qual processo utilizar pode ser decisivo para se obter um cordão de solda com as
características desejadas. Há diversos fatores a se comparar entre os dois procedimentos, a
proposta do atual trabalho é fornecer uma comparação em relação à geração de deformação,
para quando esse aspecto for relevante.
Segundo Modenesi e Marques (2000), há dois grandes grupos para classificar métodos
de união: processos que a união é gerada devido a forças macroscópicas e os que são devido a
forças microscópicas. Parafusagem e rebitagem são exemplos de processos que utilizam
forças macroscópicas. Nesse caso, a resistência das juntas provém da resistência ao
cisalhamento do parafuso ou rebite e das forças de atrito entre as peças unidas. Soldagem,
brasagem e colagem são exemplos de processos que usam as forças microscópicas, geradas
pela aproximação dos átomos das duas peças o que resulta em interações atômicas, ligações.
A soldagem pode ser definida, de acordo com a AWS – American Wending Society,
como sendo a operação que visa obter a coalescência localizada produzida pelo aquecimento
até uma temperatura adequada, com ou sem a aplicação de pressão e de metal de adição.
Dado o grande número de processos de soldagem por fusão, muitas vezes utiliza-se a
classificação de acordo com o tipo de fonte de energia usada para fundir as peças. Na Tabela
2 são apresentados alguns processos de soldagem por fusão e suas principais características.
Dentre os processos de soldagem por fusão, aqueles que utilizam o arco elétrico como fonte
de energia são os mais utilizados industrialmente (MODENESI e MARQUES, 2000).
Já a região na qual as peças serão unidas por soldagem chama-se de junta. O
posicionamento de uma peça em relação à outra caracteriza alguns tipos de juntas (Marques et
al.,2009). Na Figura 5 está apresentado os principais tipos de juntas.
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Segundo Marques et al. (2009), a disposição entre a peça e o eixo da solda determina a
posição de soldagem. Na Figura 6 está apresentado, para juntas de topo, a posição plana,
20
3.2.1 GMAW
MIG/MAG (Metal Inert Gas / Metal Active Gas) também conhecido como GMAW
(Gas Metal Arc Welding) é um processo que se baseia na fonte de calor de um arco elétrico,
mantido entre a extremidade de um arame nu consumível, alimentado continuamente, e a peça
a ser soldada. A característica do tipo de gás de proteção utilizado definirá se trata-se de um
processo MIG ou MAG (MOREIRA, 2008 apud BARBEDO, 2011).
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Segundo Almeida (2004 apud BARBEDO, 2011), devido a ação do gás de proteção, o
processo GMAW é adequado para diversos materiais, tais como: aços carbono, aços de baixa,
média e alta liga, aços inoxidáveis, alumínio e suas ligas, magnésio e suas ligas, cobre e suas
ligas. Pode ser executado tanto no modo manual, onde o soldador é o responsável pelo
deslocamento da tocha, quanto automatizado, com ou sem a utilização de robôs
(FELIZARDO, 2006)
3.2.2 FCAW
O processo FCAW (Flux Cored Arc Welding) é aquele onde a união entre os metais é
obtida por meio de uma fonte de calor, um arco elétrico, mantido entre um eletrodo tubular
consumível, continuamente alimentado e a peça a ser soldada. Há duas variações básicas do
processo com arame tubular, uma em que toda a proteção necessária é gerada pelo próprio
fluxo contido no eletrodo, chamada de arame autoprotegido, e outra em que a proteção é
complementada por uma nuvem de gás, geralmente CO2 (MARQUES et al. 2000). Na Figura
9 está ilustrado esquematicamente o processo.
aumento e depois uma diminuição com o aumento da velocidade de soldagem, sendo máxima
para velocidades intermediárias.
Já a extensão livre do eletrodo, que corresponde ao comprimento do arame não
fundido a partir do bico de contato: um aumento na extensão do eletrodo tende a aumentar a
temperatura do eletrodo devido ao efeito Joule (GOMES, 2006). As mudanças na geometria
do cordão de solda com relação à variação do stick-out são apresentada na Figura 10.
Figura 10 - Stick-out
Segundo Marques et al. (2000), soldagem com arame tubular é bastante semelhante ao
processo MIG/MAG, no que diz respeito aos equipamentos e princípios de funcionamento,
que produz a coalescência de metais pelo aquecimento destes com um arco elétrico
estabelecido entre um eletrodo tubular, contínuo, consumível e a peça.
Esses processos são aplicados no modo manual (soldador quem desloca a tocha) e
também são muito aplicados no modo automático, através de robôs industriais (SOUZA,
2011).
A soldagem a arco com arame tubular (FCAW) é um processo que acumula
as principais vantagens da soldagem com arame maciço e proteção gasosa
(GMAW), como alto fator de trabalho do soldador, alta taxa de deposição, alto
rendimento, resultando em alta produtividade e qualidade da solda produzida. Inclui
também as vantagens da soldagem manual com eletrodos revestidos (SMAW), como
alta versatilidade, possibilidade de ajustes da composição química do cordão de
solda e facilidade de operação em campo. Na soldagem FCAW e em outros
processos de soldagem com eletrodo consumível, o material do eletrodo precisa ser
aquecido desde a sua temperatura inicial, próxima da temperatura ambiente, até a
sua temperatura de fusão e, a seguir, ser fundido e separado do eletrodo. A
velocidade com que o eletrodo é fundido deve ser, em média, igual à velocidade que
este é alimentado de forma a manter um comprimento de arco relativamente
constante (STARLING et al. 2011).
Segundo Marques et al. (2009), o fluxo de calor na soldagem pode ser dividido, de
maneira simplificada, em duas etapas básicas: fornecimento de calor à junta e dissipação deste
calor pela peça. Na primeira etapa, um parâmetro importante para caracterizar o processo é a
energia de soldagem definido como a quantidade de energia fornecida à junta por unidade de
comprimento da mesma. Na soldagem a arco elétrico, em condições em que os valores de
corrente (I) e tensão (V) são relativamente constantes, a energia de soldagem (H) pode ser
calculada como (MODENESI et al., 2012):
(1)
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3.3 Distorções
Segundo Modenesi et al. (2012), os processos por fusão são caracterizados por um
aquecimento localizado das peças, permanecendo o restante destas em temperaturas muito
inferiores. As regiões aquecidas tendem a se dilatar, mas esta dilatação é restringida pelas
partes adjacentes submetidas a temperaturas menores, o que resulta no desenvolvimento de
deformações elásticas e plásticas concentradas nas regiões aquecidas. Devido à deformação
plástica localizada, ao final do processo de soldagem, tensões internas (as chamadas tensões
residuais) permanecem na junta soldada que ainda tende a apresentar mudanças permanentes
de forma e de dimensões (distorções) (MODENESI et al., 2012).
Embora tensões residuais e distorções estejam intimamente relacionadas, é
interessante analisar separadamente os dois fenômenos, uma vez que cada um tem
consequências e técnicas de controle próprias. De fato, em várias situações, medidas para a
redução de distorções causam um aumento no nível de tensões residuais e vice versa
(MODENESI et al., 2012).
Segundo Modenesi et al. (2012), há três tipos básicos de distorção: contração
transversal (perpendicular à linha da solda), contração longitudinal (paralela à linha da solda)
e distorção angular (rotação em torno da linha da solda), Figura 12. Na Figura 13 estão
apresentados distorções mais complexas em juntas reais de solda como, por exemplo, o
dobramento e a torção de vigas e a distorção por flambagem em juntas de peças de pequena
espessura.
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3.4 Metrologia
Segundo Silva Neto (2012), as medições estão sempre sujeitas a erros, porque muitos
fatores podem interferir nos resultados. Até as condições ambientais podem afetar o resultado
de uma medição. E antes de acreditar que a medida apontada por um instrumento é
verdadeira, é preciso certificar-se de que o sistema de medição é confiável. O objetivo de uma
medição é aferir o valor de um mensurando, por isso ela é a base para a especificação
apropriada do objeto a ser medido, tendo como referência um método adequado e
fundamentado em determinado procedimento de medição (SILVA NETO, 2012).
Segundo Martins (2013), desvio padrão é uma medida de dispersão dos dados
relativamente à média, que se obtém tomando a raiz quadrada da variância amostral,
conforme apresentado na Equação 2:
(2)
4 METODOLOGIA
4.1 Materiais
4.1.1 Consumíveis
Manganês <1,7%
Silício <1,0%
Carbono <0,10%
Molibdênio <0,30%
Cobre <0,30%
Cromo <0,20%
Fósforo <0,04%
Enxofre <0,030%
Fonte: Adaptado do catálogo da ESAB (2018)
Para o gás de proteção utilizou-se uma mistura de 80% de argônio e 20% de dióxido
de carbono (CO2)
Como material de base para os processos de soldagem, foram utilizadas quatro chapas
de aço ASTM A36 com dimensões de 300 mm de comprimento, 98 mm de largura e 13 mm
de espessura (300mm x 98mm x 13mm). Na Tabela 4 apresentam-se as características
químicas e mecânicas desse material.
32
Para aferir as distorções nas chapas de teste foi necessário medir, comparativamente,
as superfícies antes e depois do processo de soldagem. Para isso, utilizou-se o laboratório de
metrologia do CEFET campus I. Neste ambiente, utilizou-se uma mesa desempeno de granito
da Starrett, Figura 15, que possui uma superfície certificadamente plana, com dimensões e
erros admissíveis.
Uma malha retangular caracterizada por ter 6 linhas na direção longitudinal, nomeadas
de A a F, e 11 linhas na direção transversal, nomeadas de 1 a 11 , Figura 18, foi marcada na
superfície que seria, posteriormente, soldada. Essa marcação foi realizada de forma a garantir
que não se desfaria durante o processo de soldagem, e que os cordões de soldas ocorreriam o
mais afastado possível das linhas, ou seja, entre as linhas. A linhas A e F e colunas 1 e 11
representam as bordas da peça marcada. Ao encontro das linhas transversais com as
longitudinais se dá o nome de nó, os quais são os pontos que serão aferidos com o relógio
comparador. Ao todo são 66 nós de aferimento, mantendo-se uma malha semelhante a
utilizada por Silva (2018), para ter relevância ao se comparar os resultados de ambos
experimentos.
distorções sejam realmente mensuradas com o mínimo de erro. Por isso, não basta colocar as
chapas em uma superfície certificadamente plana porque as peças distorcidas oscilariam nessa
superfície a medida que se aplica pressão com o relógio comparador em diferentes pontos da
chapa, gerando erros.
Visando solucionar esse problema de medição, utilizou-se na mesa desempeno do
laboratório de metrologia do CEFET-MG campus 1 um arranjo com três roletes posicionados
para sustentar as chapas sobre a mesa em três pontos separados, Figura 19. A altura de cada
rolete foi mensurada com auxilio de um paquímetro com precisão de 0,02 mm, obtendo-se
32,00 mm para todos os três. Cada um desses roletes foi numerado e demarcado uma região
na cor azul (Figura 17), a qual serviu de base para apoiar as chapas em cima, em cada
aferimento os roletes foram colocados na mesmo posição em relação a peça.
Desta forma, minimizou-se os erros de medição devido ao deslocamento vertical da
chapa em relação à mesa, quando a chapa sofria a força exercida pelo relógio comparador em
diferentes pontos da superfície da peça.
Feito todo procedimento para certificar uma medição com o menor erro possível, o
próximo passo foi aferir cada nó da malha com o relógio comparador. Esse processo gerou
uma matriz de medição de 6 linhas, referente às linhas longitudinais, e 11 colunas, referente
às linhas transversais: matriz (6 x 11), totalizando 66 pontos de medição. Para cada chapa
teste foi mensurada a superfície 6 vezes, sendo 3 antes da soldagem e 3 após, de forma que as
medidas tenham um grau de repetibilidade aceitável.
Realizou-se testes preliminares sobre chapas semelhantes as chapas testes para definir
quais parâmetros seriam utilizados, seguindo a faixa recomendada pelo fornecedor do arame
tubular. Tomou-se como base manter a mesma energia de soldagem utilizada por Silva
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(2018), para facilitar e validar a comparação dos resultados feitos pelo processo FCAW, nesse
trabalho, e pelo GMAW, executado por Silva (2018). Outras variáveis do processo de
soldagem também foram mantidas iguais, como a utilização de uma mistura de 80% Ar e 20%
CO2 à uma vazão de 13 L/min.
Desta forma, os testes preliminares foram realizados com valores variados de tensão,
corrente e velocidade de soldagem que resultassem em energia de soldagem de,
aproximadamente, 1152,00 J/mm. E assim, selecionou-se o conjunto de parâmetros que
resultou em cordões de solda com ótimo aspecto visual.
Ao todo, foram 10 cordões nas chapas transversais, com comprimento total de 880
mm aproximadamente, e 3 nas longitudinais, com cerca de 810 mm de comprimento total. A
39
ordem de soldagem dos cordões foi semelhante em todas as peças, iniciando em uma
extremidade e terminando na outra. Ou seja, o primeiro cordão de solda transversal foi feito
perto da linha 1, o segundo perto a linha 2, o terceiro perto a linha 3, e assim sucessivamente.
De forma análoga para as chapas longitudinais, iniciando próximo da linha A e terminando
próximo da linha F.
Durante a realização dos testes, as chapas não foram fixadas por nenhum dispositivo,
ou seja, estavam sem restrições para se moverem. Desta forma, o calor envolvido no processo
tende a causar distorções ao invés de tensões residuais.
Um padrão de nomenclatura também foi adotado para a identificação das chapas
testes. A primeira letra da sigla refere-se se o cordão é transversal (T) ou longitudinal (L).
Depois se é em sequência única (U) ou vai e volta (VV). Por ultimo, em subscrito refere-se
ao tipo de arame, tubular (t) ou sólido (s). Destaca-se que nesse trabalho todas as chapas teste
foram soldadas com arame tubular. O trabalho realizado por Silva (2018) foi com arame
sólido. Desta forma, é possível entender as siglas apresentadas na Figura 22. Por exemplo, a
sigla TUt refere-se à chapa teste em que foram feitos cordões de solda transversais a chapa em
sequência única e utilizando arame tubular.
O processo de aferição das superfícies das chapas gerou matrizes de medições, pré e
pós-soldagem com 66 pontos de medição. Devido ao procedimento de medição utilizado com
o relógio comparador, na qual se estabelece um plano de referencia a 45 mm de distância da
mesa desempeno, a matriz de medição informa qual a distancia vertical o nó está deste plano,
Figura 22. Portanto, é possível obter dados (em mm) tanto positivos quanto negativos.
Houve três medições para cada chapa, tanto pré quanto pós-soldagem. Obteve-se, em
seguida, a média aritmética das matrizes de medição pré e pós-soldagem, o que representa
uma medida mais precisa e exata da distância que cada nó está do plano de referencia. A
matriz de distorção devido ao processo de soldagem de cada chapa teste foi obtida pela
diferença entre a média das matrizes de medições pós-soldagem com a da pré-soldagem.
Destaca-se que a matriz de distorção também pode possuir números negativos e
positivos. A informação mais importante passada por essa matriz é como a peça se deforma
no espaço e essa deformação está relacionada com a diferença de seus valores. Esta
informação não se altera manipulando os valores da matriz com operações de soma e
subtração, visto que isso representa apenas mudança do plano de referencia, Figura 23.
Na Tabela 4 está em destaque o menor valor relativo dessa matriz. Deste valor foi
subtraído os demais valores da matriz e esses são apresentados na Tabela 5. Todas as matrizes
de distorção, incluindo as apresentadas por Silva (2018), passaram por esse tratamento de
dados, Assim, o valor mínimo de todas as matrizes normalizadas serão 0, sendo esse o ponto
de referência para comparações futuras.
Esse tratamento de dados foi importante para criar uma mesma referência para todas
as matrizes de distorção. Além disso, facilita analisar números inteiros para conseguir fazer
uma comparação relativa entre as chapas. Outra forma para análise dos resultados foi incluir
padrões de cores na matriz normalizada, conforme apresentado na Tabela 5. Na cor de
vermelho estão os maiores valores de distorções e na cor de verde, os menores, será mantido
esse padrão.
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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tensão 28 V
Corrente 210 A
Velocidade de soldagem 0,31 m/min
Stick-out 20 mm
Ângulo da tocha 80°
Fonte: Próprio Autor
Para LUt, Tabela 10, tem-se o mesmo padrão, com máxima de 2,67mm em A1. Obteve
1,07 mm como média de distorção.
Comparando TUt com LUt e TVVt com LVVt é possível extrair uma análise de como o
efeito da disposição dos cordões de solda em relação a chapa, se foi transversal ou
longitudinal, pode influenciar na geração de distorção.
Na Figura 27 estão apresentados os gráficos gerados a partir das colunas das matrizes
de distorções de TUt e LUt (Tabela 8 e Tabela 10, respectivamente), na qual a linha contínua
representa LUt e a tracejada TUt. Destaca-se que as colunas 5 e 7 foram suprimidas desses
gráficos devido ao seus valores numéricos serem próximo da coluna central 6 como é possível
perceber na Tabela 8 e 10, assim as linhas do gráfico ficariam excessivamente próximas
prejudicando a visualização. Nota-se que ambos as chapas possuem o mesmo padrão de
deformação, porém LUt mostrou distorções relativamente maiores na região central das linhas
E e F. A maioria dos pontos da malha aferida em LUt sofreram deformações menores do que
a TUt, exceto ao redor do ponto F6. LUt deformou, em media, 17,5% a menos que TUt, a
diferença máxima de distorção entre as chapas foi de 0,61 mm no nó E1, o que representa em
termos percentuais 23,47%. Pelos gráficos também é possível observar que as maiores
discrepâncias nas distorções das duas chapas ocorreram na coluna 11, na qual TUt deformou
23,73% a mais, e na linha C, onde TUt deformou 21,56% a mais.
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Na Figuras 28 são apresentados os gráficos gerados a partir das colunas das matrizes
de deformações de TVVt e LVVt (Tabela 9 e Tabela 11 respectivamente), na qual as linhas
contínuas representam LVVt e a tracejada TVVt. Nota-se que ambas as peças possuem o
mesmo padrão de deformação discutido anteriormente: LVVt deformou-se menores que
TVVt, com exclusão da região central em torno do pronto F6; TVVt deformou 20,28 % a mais
que LVVt e a diferença máxima de distorção entre elas foi de 0,71 mm no nó B1, 26,29%;
Pelos gráficos também é possível observar que as maiores discrepâncias nas distorções das
duas chapas ocorreram na coluna 1, onde TVVt deformou 24,96% a mais, e na linha C, onde
TVVt deformou 32,06% a mais.
48
Logo, verifica-se que tanto na sequência única quanto na vai e volta as peças com
soldas longitudinais distorceram menos, em media 18,88%. Isso ocorreu porque as peças
transversais receberam 8,64% a mais de de material depositado, consequentemente, uma
distribuição de calor mais concentrada do que as longitudinais, criando maiores gradientes de
temperatura, o que resulta em mais tensões térmicas e, portanto, maiores deformações.
Comparando TUt com TVVt e LUt com LVVt é possível extrair uma análise de como o
sequência de soldagem de diversos passes afeta a deformação da peça.
Na Figuras 29 estão apresentados os gráficos gerados a partir das colunas e das
matrizes de deformações de TUt e TVVt (Tabela 8 e Tabela 9 respectivamente), onde linha
contínua representa TUt e a tracejada TVVt. Observa-se que as peças apresentaram o mesmo
padrão de deformação. A maioria dos pontos da malha aferida na sequência vai e volta
(TVVt) sofreram deformações maiores do que os pontos aferidos na única (TUt), em media,
6,01% a mais. A diferença máxima de distorção foi de 0,39mm (11,39%) no nó B1. Em
relação às colunas e linhas, as maiores discrepâncias ocorreram na coluna 1, onde TUt
deformou 9,66% menos, e na linha B, onde TUt deformou 8,90% menos.
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Na Figuras 30 são apresentados os gráficos gerados a partir das colunas e das matrizes
de deformações (Tabela 8 e Tabela 9) de LUt e LVVt . A maioria dos pontos da malha aferida
sofreram deformações semelhantes nas duas peças, em valores e forma. Ainda assim, a peça
de sequência única deformou, em média, 3,78 % a menos que a vai e volta, com maior
divergência em E1 no valor de 0,24 mm (9,28%). Em relação às colunas e linhas, as maiores
discrepâncias ocorreram na coluna 1, onde LUt deformou 6,75% a menos, e na linha A , no
qual
Logo, nota-se que a sequência “vai e volta” apresentou deformações maiores do que a
“única”, em media 4,86% a mais. Desta forma, é possível afirmar que há uma tendência de
distorcer menos em soldagem com uma sequencia “única”. Da mesma maneira que entre os
cordões transversais e longitudinais, a sequência única de soldagem distribui o calor de
maneira mais uniforme sobre a peça o que gera menores tensões térmicas, desta forma,
geram-se distorções menores.
Na Figura 31 estão apresentados os gráficos gerados a partir das colunas e das matrizes
de deformações de TUt e TUs, na qual a linha contínua representa o processo FCAW e as
linhas pontilhadas o processo GMAW. Em relação às distorções entre essas chapas teste,
nota-se que:
1. Possuem um padrão semelhante: as colunas externas deformam mais que as
colunas internas. Porém com arame sólido tem um formato mais linear e um
aumento gradativo, enquanto o arame tubular tem uma forma côncava de
distorção para cada coluna;
2. A maioria da malha aferida na TUs sofreram deformações maiores do que a
TUt, com exclusão da região próxima ao ponto A5;
3. O processo GMAW gerou, em média, 20,93 % a mais de distorção que pelo
FCAW;
4. A diferença máxima de distorção foi de 1,02 mm (25,58%) no nó E1;
5. As maiores discrepâncias nas distorções das duas chapas ocorreram na coluna
11, onde TUs deformou 24,73% a mais, e na linha F, onde TUs deformou
23,83% a mais.
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Na Figura 33 são apresentados os gráficos gerados a partir das colunas e das matrizes
de deformações de LUt (linha contínua) e LUs (linhas pontilhadas). De modo geral, as peças
possuem um padrão semelhante de deformação, as colunas externas deformam mais que as
colunas internas, porém houve algumas discordâncias: a malha aferida na LUs sofreu
deformações maiores do que a LUt na região próxima ao ponto A9, enquanto na região das
colunas de 1 a 4 a LUt deformou mais. Em média, a chapa pelo GMAW deformou apenas
2,22% a menos que pelo FCAW, mas houve discrepâncias fortes de distorção para ambos os
lados:
1.1 A diferença máxima, nó A9, foi de 0,64 mm (39,16%.) a mais para LUs;
1.2 Por outro lado, no nó A1 LUt deformou 0,59mm (28,37%) a mais;
2.1 A maior discrepância das colunas foi a coluna 1, onde LUt deformou 18,85% a
mais;
2.2 Em contrapartida, na coluna 9 LUs distorceu 16,89% a mais;
3.1 Nas linhas, a maior diferença ocorreu em prol de LUt de na linha E, 12,04%;
3.2 No entanto, na linha A, LUs distorceu, em média, 8,75% a mais.
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Na Figura 34 são apresentados os gráficos gerados a partir das colunas e das matrizes
de deformações de LVVt e LVVs, onde linha contínua representa o corpo de prova com soldas
pelo processo FCAW e as linhas pontilhadas pelo processo GMAW. De forma análoga a
comparação de LUt com LUs, possuíram, em geral, um padrão semelhante de deformação: as
colunas externas deformam mais que as colunas internas. Porém houve algumas
discordâncias: a maioria da malha aferida na LVVt sofreu deformações maiores do que a
LVVs na parte esquerda , mas na parte direita as distorções foram maiores nas soldas por
arame sólido. Desta forma, a deformação média entre as peças foi insignificante, de 0,04%,
também havendo diferenças relevantes para ambos os lados:
1.1 No nó E1: 1,31 mm (50,45%) de diferença máxima, a mais para LVVt;
1.2 Por outro lado: LVVs deformou 0,77mm (31,95%) a mais em A11;
2.1 Na coluna 1: LVVt deformou 38,86% a mais;
2.2 Em contrapartida, na coluna 10: LVVs sofreu distorções 25,49% maiores, em
média;
3.1 Na linha F: distorções maiores em 19,91% para arame tubular;
3.2 No entanto, na linha A: arame sólido gerou 17,20% a mais de deformação.
54
Desta forma, há então uma tendência das soldas por GMAW resultarem em maiores
distorções. No caso destas comparações, soldas com arame sólido resultaram em 8,11% a
mais de deformação, em média. Isso pode ser explicado pelo fato do arame tubular gerar
escoria, e isso promove uma proteção térmica, gerando menores gradientes de temperatura.
55
6 CONCLUSÕES
1. Realizar outros testes com FCAW e/ou GMAW com enfoque em estudar a influencia de
uma variável do processo em causar distorções;
2. Realizar um trabalho semelhante mensurando a temperatura da chapa no momento da
soldagem;
3. Analisar como um pré-aquecimento e/ou um pós-aquecimento interferem para o
surgimento de distorções ;
4. Fazer um estudo semelhante utilizando elementos finitos.
57
8 REFERÊNCIAS
MODENESI, Paulo J.; COSTA, Maria Celeste Monteiro de Souza; SANTANA, Ivan
J. and BERGANHOLI, João Paulo Pereira,. Estudo de alguns parâmetros básicos da
58
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também conhecido como GMAW (Gas Metal Arc Welding) é um processo que se baseia
na fonte de calor de um arco elétrico, mantido entre a extremidade de um arame nu
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http://dx.doi.org/10.1590/S0104-92242011000300010. Acesso em 20 Out. 2018.
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1 Medições TUt
2 Medições TVVt
3 Medições LUt
4 Medições LVVt
1 Gráficos de TUt
2 Gráficos de TVVt
Figura B 3 - Gráfico das médias das linhas de TVVt
3 Gráficos de LUt
Figura B 5 - Gráfico das médias das linhas de LUt
4 Gráficos de LVVt