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Sociologia: Aspectos

Iniciais
Material Teórico
Talcott Parsons

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Ms. Edson Alencar

Revisão Textual:
Profa. Esp.Vera Lídia de Sá Cicarone
Talcott Parsons

·· A teoria sociológica de Talcott Parsons


·· Principais ideias
·· Considerações finais

Nesta unidade, é importante o entendimento de que a teoria parsoniana


está centrada na análise da ação social, tendo como ponto de partida o
indivíduo e suas escolhas dentro da lógica das interações travadas entre
os vários atores e grupos dispersos na sociedade. Trataremos, portanto, de
verificar como o autor entende a relação indivíduo sociedade e a própria
dinâmica dessa relação.

Nesta unidade, é importante o entendimento de que a teoria parsoniana está centrada na


análise da ação social, tendo como ponto de partida o indivíduo e suas escolhas dentro da lógica
das interações travadas entre os vários atores e grupos dispersos na sociedade. Trataremos,
portanto, de verificar como o autor entende a relação indivíduo sociedade e a própria dinâmica
dessa relação.

Nesse sentido, vamos buscar entender como Parsons formula essa questão e como se propõe
a estudá-la. Assim, entraremos em contato com os conceitos construídos visando criar uma
teoria que servisse como aporte para os estudos da sociedade em um sentido mais amplo.

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Unidade: Talcott Parsons

Contextualização

Qual é a base para as nossas ações? O que as? Como a sociedade é organizada? Para
entender as relações entre os indivíduos Talcott Parsons recorreu a uma ideia de Marx Weber, a
ação social, que seria todo o comportamento humano individual ou coletivo dotado de sentido.
Essa ação tem como princípio intervir em uma dada situação com intenção de alterá-la. Em
outra mão buscou entender a sociedade como um sistema social, determinado tanto pelos
atores sociais (pessoas) como pela troca de elementos simbólicos (as leis, os valores, as visões
de mundo).
Veremos nesta unidade, assim, como o autor estadunidense entende e trabalha
sociologicamente a realidade social, buscando resolver as questões apontadas acima. Para tanto
abordaremos as suas principais ideias, tais como ação social, agente (ator) social, sistema social
entre outros conceitos. Falaremos também um pouco da sua vida e obra, apresentando a sua
importância no cenário das ciências sociais.

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A teoria sociológica de Talcott Parsons
Talcott Parsons Conhecido por ser um dos maiores sociólogos dos Estados Unidos da
América, Talcott Parsons (1902-1979) é autor de uma vasta obra sobre
teoria sociológica. Foi o principal responsável por levar ao conhecimento
do mundo a sociologia estadunidense. Introduziu, por meio de seus
trabalhos, grandes pensadores europeus, como Max Weber (1864-
1920), Vilfredo Pareto (1848-1923), Émile Durkheim (1858-1917) e
Bronislaw Malinowski (1884-1942). Ao longo de sua vida acadêmica,
concentrou-se em construir uma grande teoria que abarcasse todas as
ciências humanas (LAKATOS e MARCONI, 2013), contribuindo para a
determinação do objeto de estudo da sociologia: a ação humana. Mas
Fonte: education-portal.com também ficou marcado pelas duras críticas recebidas por suas afinidades
com a ideologia liberal e o establishment estadunidense (DOMINGUES, 2001). Somados todos
estes fatores, o que ficou para posteridade foi uma vida dedicada à compreensão do
funcionamento da sociedade de seu tempo.
Principais inspiradores:

Max Weber Vilfredo Pareto Émile Durkheim Bronislaw Malinowski

Fonte: Wikimedia Commons

Nascido em 1902, na cidade de Colorado Springs, localizada no estado estadunidense do


Colorado, Talcott Edgar Frederick Parsons foi o mais novo dos cinco filhos do casal Edward
Smith Parsons (1863-1943) e Mary Augusta Ingersoll Parsons (1863-1944). Cresceu em meio
a um ambiente familiar protestante e politicamente liberal. Seu pai foi um ministro da Igreja
Congregacional, tendo sido ainda professor de literatura e chegando a ocupar a presidência
do Marietta’s College. Já sua mãe era bisneta do teólogo estadunidense Johnathan Edwards
(1703-1758) e dizia ter sido uma sufragista em sua juventude, tendo, ainda, apoiado causas
progressistas (GERHARDT, 2002).
Entretanto, quem procura em Talcott Parsons um sociólogo ortodoxo, com rígida formação
nessa disciplina, ficará decepcionado ao saber que seus interesses, desde a sua graduação,
apontavam para várias direções. De acordo com Quintanero e Oliveira (2002), inicialmente,
na Universidade Amherst, Massachussets, ele se interessou por biologia, passando, depois, pela
filosofia, literatura inglesa, economia, psicanálise e sociologia (1920-1924).
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Unidade: Talcott Parsons

Após se formar e com o apoio financeiro de um tio, cruzou o oceano Atlântico até a
Inglaterra. Estudou no London School of Economics por um ano. Durante esse período, tomou
conhecimento da teoria funcionalista de Malinowski. Dali, por meio de uma bolsa de estudos,
partiu para a Universidade de Hedelberg, na Alemanha, onde concluiu o seu doutorado, já
bastante sensibilizado pelas ideias de Max Weber, falecido anos antes. Essas experiências
deixaram uma marca indelével em sua vida intelectual, tendo sido esse último contato que o fez
optar pela sociologia (QUINTANEIRO e OLIVEIRA, 2002).

Ao regressar ao seu país, em 1927, lecionou por cerca de um ano na universidade em que
anos antes havia iniciado os seus estudos. Dali se transferiu para a Harvard University, local
em que trabalhou até 1973. Ingressou, inicialmente, no departamento de Economia, até 1937,
ocupando um cargo de professor hierarquicamente abaixo dos professores assistentes. Após
quase pensar em sair dessa universidade, foi transferido para o departamento de sociologia, do
qual foi o diretor. Lecionou, após a sua aposentadoria, na Universidade da Pennsylvania e em
outras instituições nos Estados Unidos da América (DOMINGUES, 2001).

Em seu livro A sociologia de Talcott Parsons, José Maurício Domingues (2008) analisa
a obra do autor, dividindo sua vida intelectual em três momentos. O primeiro período
compreende a publicação de seu primeiro livro, A estrutura da ação social, em 1937, trabalho
esse que contém o primeiro esforço de sistematização de uma “grande teoria” para as ciências
humanas. O segundo momento aponta para as publicações, em 1951, dos livros O sistema
social e Em direção de uma teoria geral da ação, nos quais Parsons busca ampliar os objetivos
e o alcance de suas formulações anteriores. Por fim, o terceiro momento destaca o trabalho
em conjunto com Edward Shils e Robert Bales, que resultou no livro Textos de pesquisa na
teoria geral da ação, que aponta para reflexões em várias direções, mesclando-as, até mesmo,
com questões empíricas.

Herdeiro intelectual de Max Weber, mas igualmente de Durkheim e Paretto, Parsons buscou,
ao longo de sua carreira, desenvolver uma noção sintética que abarcasse todos os aspectos da
vida social. Daí, como aponta Quintaneiro e Oliveira (2013), a tendência ao trabalho combinado
com várias disciplinas foi responsável por compor uma obra com uma variedade de temas
centrados em buscar essa grande síntese teórica. Foi por meio desse esforço intelectual que se
tornou o representante máximo do estrutural funcionalismo.

Principais ideias
Após esse sobrevoo sobre a vida e as principais obras de Talcott Parsons, passaremos, agora,
a verificar as suas principais ideias. Vimos, há pouco, que as concepções teóricas do autor
foram fortemente inspiradas nos trabalhos de grandes pensadores europeus. No conjunto de
sua obra, as concepções desses autores são aproveitadas e reorganizadas, constituindo a sua
própria teoria sociológica. Abaixo serão apresentadas as noções de ação social, agente (ator),
situação, as orientações motivacional e valorativa, os contextos da ação e, por fim, abordaremos
a sua concepção de estrutura funcional.

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A noção de ação social
Segundo os principais estudiosos de sua obra, a sua maior contribuição recai sobre a chamada
teoria da ação. Essa noção pode ser concebida como toda “conduta humana individual ou
coletiva, consciente ou inconsciente (ROCHER, 1989, p. 182)”. Ou seja, essa ideia tem como
aporte principal o fato de que os seres humanos buscam interagir tendo como orientação a
conduta do “outro”, seja outro indivíduo ou um grupo.
Dentro dessa chave de pensamento, a ação gera ainda “algum tipo de mudança numa
situação, composta de um conjunto de objetos (sociais e não-sociais) dotados de significado
para o agente (QUINTANEIRO e OLIVEIRA, 2002, p. 54)”. Além disso, existe a possibilidade
de avaliação, por parte do agente, de alguns elementos, sobre o quais, entretanto, ele não
tem controle, podendo até se transformarem em obstáculos para os fins almejados. O último
componente da ação são as orientações, que têm caráter valorativo ou motivacional. Essas
orientações servem tanto para guiar como para auxiliar na seleção do esforço necessário a fim
de alcançar os seus objetivos do ponto de vista individual ou coletivo (Ibidem).
Em suma, a ação social, para o autor, seria todo o comportamento humano, individual
ou coletivo, dotado de sentido e que tem como princípio intervir em uma dada situação com
intenção de alterá-la. Ela é composta por agente, orientações do agente, situação, objetos
(sociais e não-sociais).

O agente (ator)
Para o autor, agente (ator) social pode ser um indivíduo ou uma coletividade que age de
maneira a contemplar objetivos, planejados ou não, mas tendo algumas orientações para isso.
Esse seria o componente básico de análise. Em suas atitudes, ele pode ser ativo em busca de
seus objetivos, pode também agir de modo a aguardar uma dada oportunidade, ou, até mesmo,
priorizar alguns objetivos. Isso porque

A teoria voluntarista não aceita que a ação seja apenas um resultado


determinado pelas condições: ela comporta seleções. O interesse
da teoria não é o indivíduo enquanto organismo, seus processos
fisiológicos, sua estrutura interna, nem como ele sobrevive, mas em
quê ele se baseia ao optar por uma determinada conduta, em seus
interesses e valores. O agente individual é tratado pela teoria da
ação como um “eu” (self), capaz de fazer escolhas (QUINTANEIRO
e OLIVEIRA, 2002, p. 55).

Contudo, tendo em conta que o agente tem a possibilidade de escolha, é importante ressaltar
que essas escolhas não se dão de maneira aleatória. Elas obedecem à lógica da configuração
social em que o agente se encontra. Isto é, em suas várias possibilidades de escolhas, o agente
só poderá escolher entre as escolhas que são aceitas dentro da situação em que está imerso.
Para melhor entender esse conceito, podemos tomar como exemplo a dinâmica de um jogo
de futebol. Os jogadores, apesar de participarem ativamente da partida, só podem jogar dentro
do conjunto de regras que foram estabelecidas externamente às suas vontades. Ou seja, eles

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Unidade: Talcott Parsons

atuam diretamente, mas não têm controle sobre a estrutura do contexto em que se encontram.
Dito de outra maneira, para marcar um gol, não é permitido a qualquer jogador fazer isso
carregando a bola com as mãos e depositá-la no fundo da rede – mesmo o goleiro. Esse ato
poderia até ser punido com expulsão do campo. Em contrapartida, o jogador pode escolher as
jogadas que o levarão a fazer o gol, podendo tanto imprimir uma jogada individual quanto, em
conjunto, construir uma estratégia para atingir o alvo.
Em relação ao agente coletivo, de acordo com Parsons, ele não pode ser resumido pelo
conjunto de atuações de seus membros. Ele remete a apenas uma fração do comportamento
de seus membros. Individualmente, cada membro de uma dada coletividade também faz parte
de outras e, dessa maneira, exerce papéis diferentes em cada uma delas. Por exemplo, uma
escola não é o resultado da soma dos comportamentos de seus membros (alunos, professores,
diretor), pois esse resultado só pode ser tratado pela atuação de cada membro dentro daquele
espaço específico de interação. O mesmo aluno que se comporta de maneira irrequieta no
ambiente escolar pode ser uma pessoa tranquila em casa. Isso porque, ao mesmo tempo em
que é participante dessa coletividade, ele também faz parte de outras em que os seus papéis
variam, dependendo sempre do modo como esse agrupamento se organiza. Nesse sentido, uma
dada coletividade incentivará e motivará os seus membros a agirem de acordo com os seus
objetivos, seja por meio de gratificações, seja por meio de sanções.
O agente, portanto, individualmente tem possibilidades de movimentação dentro do espaço
social; a ele é atribuída a capacidade de interagir com outros agentes e, com isso, compor todo
um cenário de atuações possibilitadas pelas regras e normas do conjunto social no qual está
inserido. Entretanto, os desdobramentos da ação do agente (indivíduo ou coletivo) se dão por
meio de uma dada situação.

A situação
No pensamento parsoniano, a situação é constituída por objetos sociais (outras pessoas) e
objetos não-sociais. Esses objetos agirão como orientadores da ação perpetrada pelo agente. É
por meio deles que o agente pautará uma série de escolhas na sua busca por atingir um objetivo.
Os objetos sociais são aqueles que remetem à interação com indivíduos e/ou coletividades. Em
uma dada situação, os agentes são tomados como objetos sociais e travam, com isso, interações
que são estabelecidas tendo como orientação as condutas dos outros. Isso constitui a base dos
sistemas sociais. Nessa interação, estabelecem-se vínculos, alianças e também afastamentos. A
relação mínima de interação estabelece-se entre ego e alter. Por ego podemos entender o agente
(individual ou coletivo) e por alter, outros indivíduos e coletividades. Ao agir, ego procurará se
basear nas ações e atitudes de alter, o que possibilitará a antecipação ou previsão do modo de
reação a elas, afetando, portanto, as atitudes de ego. Ou seja, “numa dada situação social, a
ansiedade ou a agressividade pode se caracterizar como expectativas antecipadas de privação,
medo, perigo, etc.” (QUINTANEIRO e OLIVEIRA, 2002, p. 57). Há aqui um “jogo de espelhos”,
em que a atitude de um resulta na ação do outro.
Dentro dessa dinâmica, as sanções aparecem como resposta de alter e estão diretamente
relacionadas às ações de ego; seja positivamente ou de maneira negativa, invariavelmente
tenderá a alterar a conduta de ego. Em várias situações corriqueiras, podemos observar
interações que remetem a esse contexto de ideias. Imaginemos uma cena que se passe
dentro de um transporte coletivo em que uma pessoa (ego), em perfeitas condições de saúde,

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ocupe o assento reservado a idosos, gestantes ou deficientes físicos. Em certo momento da
viagem, ao entrar no transporte público uma pessoa que apresente uma dessas condições, o
ocupante do assento especial não faz menção de ceder o lugar para a outra. A cena comove um
dos passageiros (alter), que o interpela sobre a pertinência de se levantar para que a pessoa em
condições especiais ocupe o lugar reservado. Essa sanção poderá ser acatada por ego de maneira
violenta ou com humildade. Seja qual for o desdobramento, em uma próxima oportunidade,
ego, antecipando o constrangimento da situação perpetrado por alter, tenderá a tomar uma
atitude adequada à situação. Nesse sentido, as sanções têm como princípio o ajustamento de
condutas aos valores dominantes dos sistemas sociais.

Toda ação social é caracterizada pelo processo de interação, em que


cada ator (ego) se dirige sempre a outra pessoa (alter), levando em
consideração as reações desta pessoa, assim como as influências
que poderá exercer sobre ela. Portanto, toda ação social envolve a
expectativa da provável reação do alter à possível ação do ego e,
podendo esta reação ser prevista com antecedência, tal fato afeta
de maneira fundamental as opções de que dispõe o ator (LAKATOS
e MARCONI, p. 78, 2013).

De acordo com as autoras, a interação estabelece-se em uma “cultura comum”, em que haja
a possibilidade de o ator (ego) interpretar e antecipar a ação das outras pessoas (alter). Em
outras palavras, como discorrem Quintaneiro e Oliveira (2002, p.56):

A ação inicia-se numa situação que o agente leva em conta e que


pretende modificar. Esta consiste nos objetos aos quais e pelos
quais ele se orienta porque são significativos para ele. Os objetos
de orientação de cada ação formam um conjunto de possibilidades
alternativas e/ou de obstáculos às metas pretendidas.

Assim, os objetos não-sociais constituem-se em objetos físicos e recursos culturais, agindo


como meios para que o agente alcance os seus objetivos. Eles servem como apoio ou obstáculos
à ação, podendo ser elementos simbólicos ou, até mesmo, pessoas. Apesar de afetar a conduta
dos agentes, os seus principais atributos são os de não se mostrarem como reativos ou interativos.
Isto é, são percebidos pelo agente (ego), mas utilizados tal qual um sinal de trânsito. Na concepção
de Talcott Parsons, os objetos não–sociais que mais ganham relevância são os de natureza
cultural, pois são, em geral, ideias, crenças, valores e leis. Isso devido ao fato de eles poderem vir
a fazer parte da própria personalidade do agente quando internalizados ou institucionalizados,
quando partem de coletividades, como a família, a escola, etc. Assim, “os padrões culturais têm
com a ação uma relação dupla: podem ser objetos de situação e/ou componentes internalizados
dos padrões de orientação do agente (Ibidem)”. Diante de um símbolo nacional como uma
bandeira, o agente pode assumir uma postura de respeito. Entretanto, quando essa bandeira é
queimada, por exemplo, em um protesto, há todo um desejo de confronto com os valores que
estão encerrados no objeto (QUINTANEIRO e OLIVEIRA, p. 58, 2002).

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Unidade: Talcott Parsons

Manifestante mascarado exibindo mensagem durante manifestação na Av. Paulista, em Junho/2013.

Fonte: Thinkstock/Getty Images

Além disso, os objetos estão organizados de maneira padronizada em sistemas, ocupando


lugares determinados na situação. Isto é, podem fazer parte do repertório pessoal de significações
do agente como também remeter ao repositório simbólico dos sistemas culturais. Uma moeda
pode ter um significado específico para um colecionador, mas, como objeto, faz parte dos
símbolos e signos culturais de muitas sociedades. Podemos dizer, a partir disso, que os padrões
culturais fazem parte da estrutura do sistema social, estando vinculados às condutas dos agentes,
quando internalizados, e institucionalizados, quando assimilados pelas coletividades, podendo
ser compartilhados, transmitidos e apreendidos.

As orientações motivacionais e valorativas do agente


Com isso, os agentes, buscando atingir os seus objetivos, seguem ainda orientações que se
referem às escolhas a serem feitas no decurso da ação, o que, de acordo Parsons, não significa
que se pode escolher livremente por meio delas, pois estão diretamente relacionadas a uma
dada situação e aos fins que se objetiva. De acordo com Lakatos e Marconi (2013, p. 77), tais
orientações dividem-se em dois tipos: a orientação motivacional e a valorativa.
a) Orientação motivacional: remete à situação (ator) de gratificação ou de privação
de suas necessidades em que se encontra o agente. Essa orientação desdobra-
se em três modalidades: cognitiva, que corresponde à visão geral da situação,
permitindo que agente, baseado em suas necessidades, verifique as informações
acerca dos objetos relevantes para a concretização dos seus objetivos; catética1, que
consiste no processo pelo qual o agente (ator) concentra energia em um só objetivo,
1 Referente à concepção freudiana de catexia, consistindo no emprego de energia mental em torno de um objetivo.

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atribuindo significado afetivo/emocional à busca de compreensão daquilo que o objeto
pode dar ou negar, em termos de gratificação, às suas necessidades; avaliativa, que
é a seleção de interesses pelo agente (ator), visando alcançar o melhor para o seu
objetivo. Essa modalidade organiza as anteriores de maneira racional. Com isso, “a
sua importância reside na resolução de conflitos entre diferentes interesses e diversas
interpretações cognitivas”.
b) Orientação valorativa: está direcionada às normas e padrões, baseando-se na
submissão do agente às suas indicações. Esta orientação também se desdobra em
três variantes: cognitiva, estabelecida nos padrões de conhecimento da subordinação,
por meio da qual se determinam os critérios de avaliação cognitiva; apreciativa,
estabelecida pela apreciação das consequências da ação, seja para o indivíduo seja para
a coletividade; moral, baseada nos padrões morais que modulam a ação e determinam
as responsabilidades do agente diante das consequências.
Para melhor entender esse esquema de disposições, retomemos o exemplo do futebol,
imaginando a sua dinâmica. Pensando pela ótica do indivíduo, um jogador (ego) pode
empreender uma jogada em direção à meta. No caminho, depara-se com outros jogadores do
time adversário (alter) que se lhe impõem como obstáculo. O que ele terá de fazer é um conjunto
de escolhas. Ao analisar a melhor trajetória, o atleta analisa e seleciona quais são as prioridades
de sua ação: correr sozinho com a bola, driblando os adversários, ou passar a bola para os
companheiros melhor posicionados, por exemplo. As suas motivações individuais e coletivas
encerram-se no êxtase do momento do gol, mas, se errar na escolha, poderá levar uma bronca
do técnico e até mesmo proporcionar o contra-ataque
do time adversário (orientações motivacionais). Jogador de futebol em campo
Entretanto, para chegar até o seu objetivo, deverá,
primeiro, ter em mente as regras a seguir e todo aparato
ético e moral que servirá para levá-lo à meta adversária,
levando em consideração a maneira como se chega até
o campo oposto. Não poderá, por exemplo, cometer
infrações que o coloquem em situação de risco e também
o seu grupo em desvantagem. Se fizer isso, sabe que a
jogada será devidamente punida e que isso trará
complicações para si e para todo o seu time (orientações
valorativas). De certo que, durante a partida, todos esses
elementos estão misturados e, como aponta Parsons, a
teoria nos permite construir modelos para podermos
melhor entender as orientações do agente. Vimos,
assim, que essas orientações podem levá-lo para muitas
direções e que suas atitudes estão entrelaçadas com as
atitudes de outros indivíduos que, além de suporte,
podem se colocar como empecilhos para que as metas
Fonte: Thinkstock/Getty Images
pessoais e coletivas sejam alcançadas.
Em suma, as orientações motivacionais incitam a ação do agente, levando em consideração
um equilíbrio entre a gratificação e a privação, enquanto a orientação de valor se conecta com
a ideia de contenção dos ímpetos e da verificação do melhor caminho a seguir.

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Unidade: Talcott Parsons

Os contextos da ação
A ação ainda é situada por Parsons em quatro contextos simultâneos hierarquicamente
determinados, sendo os dois primeiros situados na dinâmica do indivíduo e os dois últimos
vinculados à sociedade:
··contexto cultural, relativo ao campo simbólico (normas, valores, ideologias,
conhecimentos); campo de estudo da antropologia;
··contexto social, relativo às interações entre atores e grupos sociais; área de estudo
da sociologia;
··contexto psíquico, relativo à personalidade e seus impulsos; campo de estudo da psicologia;
··contexto biológico, relativo ao corpo físico e neurológico do sujeito, com todas as suas
necessidades e exigências; campo de estudo da biologia e da medicina.
Toda ação, de acordo com o autor, apresentar-se-ia de maneira entrelaçada a todos esses quatro
contextos, podendo ser analisada apenas do ponto de vista teórico. Isso porque a ação resultaria
da interação entre eles, devendo ser analisada por cada campo ou área correspondente. Por
ser geral esse quadro de referências da ação, Parsons entende-o como sendo o mais adequado
à pesquisa teórica e empírica, pois reúne, em um mesmo lugar, todas as ciências do homem.

A noção de sistema
Buscando uma sistematização, tal qual na Biologia e na Psicologia, e tendo como base a
ação humana, o autor organizou os quatro contextos acima mencionados em subsistemas que,
simultaneamente, guardariam a sua autonomia, mas permaneceriam ligados uns aos outros. Ou
seja, cada um dos sistemas manteria a sua lógica interna, mantendo-se também aberto em uma
relação de complementaridade com os outros subsistemas. Nesse sentido, ao proceder a análise
de um desses sistemas, o pesquisador deve entender que está lidando também com os demais.
Para Parsons:

Um sistema é a expressão de um todo coerente, articulado,


formado por estruturas integradas por partes interdependentes. Ele
não é simplesmente um agrupamento casual de componentes ou
um conjunto aleatório de elementos, tendo, assim, um certo grau
de organização e de consistência. Essa é a sua propriedade mais
geral e fundamental. É distinto do seu ambiente – o que configura
a existência de limites (QUINTANEIRO e OLIVEIRA, 2002, p.70).

Dentro dessa perspectiva, os subsistemas seriam partes de um único sistema, o sistema da


ação, agindo em conformidade uns com os outros, mas guardando as suas próprias “fronteiras”.
Essa ação mais ou menos independente inclui o fato de que, se um sistema falhar, abrirá
oportunidades de falhas nos outros sistemas. Entretanto, de acordo com o nosso autor, há uma
tendência à restauração do equilíbrio do sistema como um todo.

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Com isso, podemos entender que o autor busca sistematizar a ação humana por meio de
quatro contextos (subsistemas) que têm as suas próprias especificidades, mas que agem de
maneira conjunta e, portanto, de maneira funcional. A ação de um esbarra na ação do outro,
configurando-se em uma hierarquia cibernética.

Você Sabia ?
“A cibernética nasceu do estudo comparado das máquinas eletrônicas automáticas, sobretudo dos
ordenadores, e do sistema nervoso humano. (ROCHER, 1989, p. 184)”. Essa palavra tem origem
na palavra grega kibernétké (aquele que governa o timão da embarcação ou o que guia alguma
coisa). Ela remete para funções de controle nas máquinas e nos seres vivos.

Hierarquia cibernética
Em cada um dos subsistemas da ação existem mecanismos de controle da ação encerrados
nas motivações fisiológicas, psíquicas, nas normas de interação entre os atores e nos valores
culturais. Aquilo que Parsons chama de caráter cibernético se dá pelo fato de os subsistemas não
comungarem de uma distribuição horizontal. Isto é, cada um dos subsistemas, como apontado
anteriormente, está vinculado a uma escala em que a sua justaposição depende do grau de
“riqueza” de informação ou de “energia” a ser despendida durante a ação.
Como aponta Rocher (1989, p. 185): “Numa hierarquia cibernética, um sistema situa-se
tanto mais alto na escala quanto é mais rico em informação; quanto mais abaixo se situa na
escala, mais rico é em energia” (grifos nossos).
Assim, o sistema cultural ocuparia o topo da hierarquia, devido ao seu alto grau de teor
simbólico; é aquele que tem a incumbência de controlar a ação pela informação. Por outro
lado, o sistema biológico estaria na base, em decorrência de controlar a maior parte da energia
a ser gasta na ação. Nessa escala de justaposições, cada um dos subsistemas é controlado
pelo seu antecessor hierárquico (ex: sistema cultural controla o sistema social; o social, o
da personalidade; e este último, o biológico). Fica claro aqui que há uma interdependência
latente entre os subsistemas, mas também se evidencia que, quanto mais alto na hierarquia se
estiver, mais controle se exerce sobre os outros. Além disso, de acordo com o autor, essa ordem
cibernética busca, também, fugir a uma concepção reducionista do mecanismo de controle da
ação humana e social, fixada em apenas uma concepção. Ao contrário, ela aponta para uma
explicação que visa à ação humana de maneira global referida a quatro subsistemas.
Vale destacar que o conceito de sistema social proposto por Parsons não inclui a interpretação de
toda a realidade social. Ele divide-se, basicamente, em dois sistemas, a saber, o sistema cultural e o
sistema social. O primeiro compreende todo o aparelho simbólico (conhecimentos, ideias, visões de
mundo); o segundo corresponde às condições envolvidas na interação entre os indivíduos. Com isso,
podemos verificar que esses dois sistemas estão entrelaçados, constituindo-se em condições prévias
para que um sistema social possa sobreviver. Sobre isso, ao comentar a concepção parsoniana,
Rocher (1989, p.189) diz que “um sistema social não pode existir sem um sistema cultural que lhe
forneça os elementos simbólicos essenciais; um sistema cultural sem sistema social é uma “civilização
morta”, como por exemplo, a do antigo Egito ou a do Império Romano”.

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Unidade: Talcott Parsons

Diálogo com o Autor

“O sistema social tem por objetivo as condições compreendidas na interação de pessoas humanas
reais, que constituem coletividades concretas determinantes da qualidade de membros. O sistema
cultural, por outro lado, tem como centro os “modelos” de significações, isto é, de valores, de normas,
de conhecimentos e de crenças organizadas, de “formas” expressivas. O conceito essencial para a
integração e para a interpenetração dos dois é a institucionalização” (PARSONS, 1977, P. 168).

Entretanto, o que possibilitaria uma melhor percepção da junção entre esses dois sistemas seria a
noção de institucionalização proposta por Parsons. Em outras palavras, seria possível ver por meio
da observação da ligação de aspectos culturais com a atuação de um agente. Por exemplo, o valor
da educação estaria institucionalizado no papel dos pais e na escola.

A estrutura funcional do sistema social


Buscando compreender as nuances do sistema da ação, Talcott Parsons empreendeu uma
concepção analítica que ficou conhecida como estrutural-funcionalista. Isso porque era alvo de
seus estudos entender as permanências e as modificações na sociedade. Comecemos pela ideia
de estrutura e, em seguida, veremos a de função.
Nas palavras do autor:

Diálogo com o Autor

O conceito de estrutura centraliza-se nos elementos da configuração do sistema que podem ser tidos
como independentes das flutuações de pequena amplitude e de curta duração na relação do sistema
com sua situação externa. Designa ele, assim, os traços do sistema que podem, sob certos pontos de vista
estratégicos, ser tratados como constantes dentro de um certo campo de variação no comportamento
de outros elementos significativos do problema teórico (PARSONS, 1977, p. 170-171).

Assim, por estrutura, o sociólogo estadunidense entende “modelos institucionalizados da


cultura normativa”. Isto é, a estrutura é composta de elementos simbólicos dispersos em modelos
de ação social, sendo, assim, o resultado da ligação entre o sistema cultural e o sistema social.
Esses elementos, por dificilmente se modificarem, garantem certa estabilidade, o que assegura o
caráter de firmeza e de lenta modificação. Por apresentarem esse comportamento, os elementos
estruturais servem como ponto de apoio para a análise do sistema.
Há quatro grupos de elementos estruturais, a saber: os papéis, que definem os modos de
participação nos vários grupos espalhados pela sociedade (pais, professores, sacerdotes, etc.); as
coletividades, tais como a família, a escola, a igreja, etc., que se agrupam em torno de conteúdos
simbólicos (ideias, valores, visões de mundo, etc.); as normas, que se constituem como modelos
de postura, ou seja, apontam para as posturas aceitáveis; os valores, que orientam as condutas
desejáveis. Teoricamente, através desse esquema, podemos ver mais claramente como, por
meio desses quatro grupos, a cultura se concretiza institucionalmente.

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Igualmente à ordem dos subsistemas da ação, os elementos estruturais obedecem a uma disposição
hierárquica cibernética. Dentro dessa mesma lógica, na base, estão os papéis e as coletividades,
fornecendo mais energia, e, no topo, as normas e os valores, dotados de mais informações.
Se a noção de estrutura confere um caráter menos móvel, quase estático ao sistema da
ação, a ideia de funções atribui a este dinamicidade. De acordo com o intelectual, função “são
modos sistematicamente ordenados de ajustamento do sistema, nas relações em transformação
contínua que existem entre modelos institucionalizados da estrutura do sistema e propriedades
do sistema exteriores circundantes (PARSONS apud. ROCHER, 1989, p. 190)”. Isso quer dizer
que esses modos funcionam como modificadores dos diferentes componentes estruturais.
São quatro os imperativos funcionais do sistema social responsáveis por ajustamentos em
qualquer sistema social, que, em termos de organização, se comportam de acordo com a
hierarquia cibernética: as funções de estabilidade normativa (valores), de integração (normas),
de prosseguimento de fins (coletividade) e de adaptação (papéis). A estabilidade normativa é a
mais fixa das funções, justamente porque tem a função de assegurar que os valores da sociedade
sejam conhecidos por todos. A função de integração, como o nome já diz, tem a característica
de integrar as partes do sistema. A função de prosseguimento de fins está vinculada à busca
de objetivos para as unidades que constituem o sistema social; a função de adaptação fornece
apoio (meios) para que o sistema e os membros deste prossigam nos fins almejados.
Diante disso, podemos verificar que, enquanto a noção de estrutura se liga aos aspectos que
menos mudam na sociedade, a noção de função associa-se aos fatores dinâmicos da estrutura.
Desse conjunto de mecanismos e disposições que atuam de maneira conjunta – sempre
remetendo uns aos outros - resulta o caráter de autopreservação da sociedade.
Com o intuito de melhor verificarmos como Parsons organiza o seu pensamento, abaixo
dispomos, esquematicamente, em tabelas, o “Sistema geral da Ação” e o subsistema social.

Quadro do sistema geral da ação.

Funções do sistema geral Subsistemas do sistema Ordem hierárquica do


da ação geral da ação controle da ação

Estabilidade normativa Cultura Rico em informação

+ -
Integração Sistema Social

Prosseguimento de fins Personalidade


- +

Adaptação Organismo biológico Rico em energia

Fonte: ROCHER, Guy. Sociologia Geral. V.2: a organização Social. Lisboa, PT: Presença, 1989.

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Unidade: Talcott Parsons

Subsistema Social.

Funções do Elementos Conjuntos Ordem hierárquica do


subsistema social estruturais Estruturais controle da ação social

Estabilidade normativa Papéis Socialização Rico em informação

+ -
Integração Coletividades Direito

Prosseguimento de fins Normas Política


- +

Adaptação Valores Econômico Rico em energia

Considerações finais

Pudemos verificar, anteriormente, alguns dos principais conceitos de Talcott Parsons. Esses
conceitos foram sendo construídos ao longo de uma carreira calcada numa constante e rigorosa
atividade intelectual.
Iniciamos os nossos estudos fazendo um retrospecto biográfico, buscando ligar a pessoa
à sua obra. Em seguida, apresentamos os conceitos de ação, agente, situação, orientações
motivacionais e valorativas, sistema, hierarquia cibernética e, por último, a estrutura
do sistema funcional, que compõem aquilo que denominou de sistema geral da ação.
A teoria sociológica desenvolvida pelo autor ao longo dos anos em que atuou como professor
e como chefe do departamento de Sociologia da Harvard University, além de complexa em
seu desenvolvimento, demonstra toda a preocupação em torno do problema da ação social,
buscando, com isso, entender como a sociedade se organiza em seus traços permanentes e suas
mudanças. Seguindo essa trilha, procurou construir uma “grande teoria” que articulasse todas
as ciências humanas. Esse caráter interdisciplinar, de busca por uma síntese teórica, configurou-
se como uma marca não só pessoal, mas de toda uma gama de cientistas sociais sensibilizados
por seus trabalhos.
Assim, ao nos depararmos com as ideias desenvolvidas por Parsons, verificamos que elas
ainda reverberam. Se se tornou um autor consagrado, isso não se deve tão somente ao volume de
seus escritos, mas, principalmente, à originalidade com a qual os trabalhou. Independentemente
de qualquer crítica feita ao seu trabalho, as qualidades intelectuais de sua obra superam-nas.
Invariavelmente encontramos essa marca apenas nos autores que chamamos de clássicos.

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Material Complementar

Para complementar os conhecimentos adquiridos nesta unidade, leia os seguintes artigos:


»» MELO, Marina Félix. Talcott Parsons na teoria sociológica contemporânea. Paraná:
Revista Espaço acadêmico, nº 132. 2012. Disponível em:
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/viewFile/17698/9745 - Acessado em 02/07/2014.

»» CORDOVA, Maria Julieta Weber. Talcott Parsons e o esquema conceitual geral da ação.
Paraná: Emancipação, emancipação, 6(1): 257-276, 2007. Disponível em:
http://www.revistas2.uepg.br/index.php/emancipacao/article/view/108/106. Acessado em 02/07/2014.

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Unidade: Talcott Parsons

Referências

DOMINGUES, José Maurício. A sociologia de Talcott Parsons. 2ª ed. São Paulo:


Annablume, 2008.

GERHARDT, Uta. Talcott Parsons: an intelectual biography. Cambridge, UK: Cambridge


University Press, 2002.

QUINTANEIRO, Tânia e OLIVEIRA, Márcia Gardênia Monteiro de. Labirintos Simétricos:


uma introdução à teoria sociológica de Talcott Parsons. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.

PARSONS, Talcott. Um esboço do sistema social. In: BIRNBAUM, Pierre; CHAZEL, François.
Teoria Sociológica. Trad. Gisela Stock de Souza e Hélio de Souza. São Paulo: Hucitec/
Edusp, 1977.

ROCHER, Guy. Sociologia Geral: a organização social. 4ª edição, Lisboa: Presença, 1989.

Web sites visitados:


http://education-portal.com/academy/lesson/talcott-parsons-theories-contributions-to-sociology.
html#lesson - Acesso em: 22/06/2014.
http://www.economist.com/node/12762398 - Acesso em: 25/06/2014.
http://www.sciencentral.com/technical-difficulties-and-the-8020-rule/ - Acesso em: 25/06/2014.
http://www.brasilescola.com/sociologia/durkheim-fato-social.htm - Acesso em: 25/06/2014.
http://global.britannica.com/EBchecked/topic/360252/Bronislaw-Malinowski - Acesso em:
25/06/2014.

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Anotações

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