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IIJRICUIÁRIO
BUNDO & OUTROS POEMAS

1 >I<,l'l'.0 PRA TEUS DEDOS LEITOR


()l JE BUSCAM, TOCAREM.
'l'OQUE. AGORA.
ABRA AO MESMO TEMPO

s
"( l PREPÚCIO DO CORAÇÃO"
l'EGLJE O BUNDO, SEQUESTRE,
l'STEJA NELE,
COMO EM SUA CASA.
COMECE A LER.
< > IJUNDO É A ESCRITURA DE DEDOS
I'< llffADORES DE VIBRAÇÕES CONCRETAS VIVIDAS
NAS TÂNrn.ICAS PRÁTICAS DE VALDO MOTTA,
l'STE 13UDA AUTOR, IRMÃO DE SER AQUILO QUE
[ESCREVE,
1 >< l CENTENÁRIO ANTONIN ARTAUD.
< .AI)A POEMA UMA VIVÊNCIA DO DMNO AGORA
I JM I' ARTO DE VIDA ETHERNA,
l>FllS MATERIALIZADO, PRODUZIDO NO INSTANTE DO
[CORPO COMO UMA
l'ORllA DE FOGO SEMPRE VIVO.
l'RA MIM CHEGA NESTE FIM DE VERÃO QUANDO
[ENSAIO BACANTES
EXATAMENTE NA CENA EM QUE PENTHEU PERGUNTA
[A DIONIZIOS:
"ONDE ESTÁ ESTE DEUS QUE NÃO BRILHA AOS
[OLHOS MEUS?"
A QlJE RESPONDE DIONIZIOS:
"EM MIM. VOCÊ NÃO VÊ PORQUE NÃO ESTÁ AQUI".
PRA MIM ENTRE OUTRAS COISAS
vrnou UM BREVIÁRIO DE TEATRO
<,)l JE 1: A 13USCA DO DEUS DO CORPO DE CADA
[PESSOA QUE ATUA
l'AI\A SE CHEGAR AO GOZO DA ORGIA DMNA
< :< lM O DEUS DO CORPO DE CADA UM DO CORPO
[PÚBLICO.
1 >I· ORELI !ADA MEUS DEDOS TE DIZEM
11 IA BUSCA ATÉ INCONSCIENTE DE POESIA VITAL
VAI ENCONTRAR O QUE PROCUI(A.
I'< >IS E MESMO UM "L!VI(O INSPIRADO",
I iJ\1 EVANGELIIO DO DEUS ANAL.
NA UVILlí'.AÇAO BRAZYLEIRA NE9 ARCAICA,
IIAIOIAHA E TECNI7..ADA QUE ESTAMOS INVENTANDO,
VALDO MOTTA

BUNDO & OUTROS POEMAS


Organização e Seleção:
Berta Waldman
lumna Maria Simon

EDITORA DA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
UNICAMP
Reitor: José Martins Filho
Coordenador Geral da Universidade: André Villalobos
Conselho Editorial: Antonio Carlos Bannwart, César
Francisco Ciacco (Presidente), Eduardo Guimarães,
Fernando Jorge da Paixão Filho, Hermógenes de Freitas
Leitão Filho, Hugo Horácio Torriani, Jayme Antunes Maciel
Júnior, Luiz Roberto Monzani, Paulo José Samenho Moran
Diretor Executivo: Eduardo Guimarães
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA
BIBLIO T ECA CENTRAL DA UNICAMP
Motta, Valdo
M858b Bundo & outros poemas / Valdo Motta. -- Campinas,
SP : Editora da UNICAMP, 1996.
(Coleção Matéria de Poesia)
1. Literatura brasileira - Poesia. 1 Título. "O Seufundamento está nos montes santos"
ISBN 85-268-0364-6 20.CD D B 869.15 Salmo
Índice para Catálogo Sistemático:
l . Literatura brasileira - Poesia B 869.15
"Em tua destra estão as delícias eternas"
Coleção Matéria de Poesia Salmo
Copyright © by Edivaldo Motta
Assessoria Literária e Coordenação
Berta Waldman "Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida,
lumna Maria Simon que está no meio do paraíso de Deus"
Vi/ma Sant'Anna Arêas
Apocalipse
Coordenação Editorial
Carmen Si/via P. Teixeira
Produção Editorial
Sandra Vieira Alves
"Convidar-se-ão o varão e seu parceiro
Revisão
para debaixo da videira e para debaixo da figueira"
Gladys Viviana Gelado Zacarias
Vi/ma Aparecida Albino
Editoração Eletrônica
Jeverson Barbieri
Capa
Vlad Camargo

,,
1996
Editora da Unicamp
Caixa Postal 6074
Cidade Universitária - Barão G eraldo
CEP 13083-970 - Campinas - SP - Brasil
Tel.: (0192) 39.8412 - Fax: (0192) 39.3157
Ao Esposo fiel,
o Amigo de sempre, Jesus Cristo,
e aos amadores da Justiça e da Verdade.
PREFÁCIO

Na metade dos anos 80 comecei a questionar seriamente


a homossexualidade e a sexualidade em geral. Já era conhe­
cido por escrever uma poesia desbocada e atrevida, com uma
abordagem sincera de minhas experiências. Mas como nem só
de escracho se faz arte, passei a estudar tudo o que a cultura
pudesse dizer sobre o meu tão singular e problemático
comportamento sexual e sobre as desencontradas e conflitivas
relações sexuais. Concomitantemente, surgia a Aids; e a neces­
sidade de combatê-la me afundou em pesquisas e me engajou
em atuações políticas equivocadas.
Ao ler as primeiras informações sobre a plenipotenciária
energia kundalini fiquei perplexo e maravilhado, com a sen­
sação de que encontrara o sonhado caminho para a grande
viagem do autoconhecimento. E logo, por uma dessas provi­
dências inescrutáveis, fiquei sabendo que o conhecimento (a
tão decantada gnose!), em contexto bíblico, tem conotações eró­
ticas, sensoriais. E aprendi bastante de simbolismo do corpo (o

/
Templo, a sede do reino dos céus!), o suficiente para entender o funcionam tais artifícios, exibindo as vísceras das formidáve is
que as religiões em geral escondem para impedir a experiência patranhas desse monstruário que se fez da logosfe ra.
total com o D eus vivo. Algumas noções de língua hebraica e Minha poesia é uma síntese de meu projeto de vida, uma
numerol ogia, somadas às e scassas contribuições da Cabala e aventura em busca da Verdade, intuída como a ciência da res­
às preciosidades garimpadas no constante estudo dos símbolos, tauração da condição divina. Se o nome é céu, a palavra é tem­
me permi tiram ler e entender muitas das regiões indevassadas plo e tudo está aqui no corpo, não pode ser outro o sentido do
e cautelosam ente e vi tadas pelos que lêem e pesquisam a Bíblia. poietes. A transformação se veri fica no plano da linguag em, tanto
Nos dois pri meiros anos da década de 90 as minhas pes­ nas palavras quanto no estilo de ser. Não quero ap enas escrever
quisas chegaram a um nível satisfatório. Desde então, quanto mas também se r o que escrevo. Daí o entusiasmo e o tom solene,
mais lei o e investi go, mais confirmo e amplio as mi nhas des­ porque é algo séri o; daí o caráter pregacional, mesmo que o
cobertas. m eu discurso e st e ja a i nda e m constr u ção e s u as l i nhas
Estamos no 2º milêni o da era cristã, século 20, à porta do estrut u ra i s às v e z e s s e jam r e d e f i n i das e m f u nção de
ano 2000. E estes números si gnificam revelação, esclarecimento, necessidades que vão surgindo aos poucos.
sabedori a (2); discernimento, ju ízo, julgamento (20); o outro, o Há um desenvolvimento gradativo e comedido do te ma
du pl o, a sombra, a duali dade homem X Deus (2); a volta, 0 axial, que é Deus, espraiando-se de várias sucursais temáticas,
re torno (doído) dos mortos, banidos, execrados (20); litígios, avançando e recuando (retroalimentando-se) em ondas irregu­
contendas, querel as, arengas, confronto de antípodas, acerto lares. Tal dinâmica não foi premeditada, tornou-se imperativa
de contas (2 e 20); números da Justiça e seu arauto: aquele que enquanto elaborava os poemas em momentos regidos por marés

todos tem em e de quem todos esperam a mensagem redentora. s e cr e tas. S e mpr e r e conside r e i c e rtos asp e ctos de m i nha
Sou eu? Eta perguntinha implicante ! Assim como se conhece a cosmovisão homoerótica e certas p ercepções dos signi ficados
árvore pel os seus frutos, quem saborear os saberes dos frutos do corpo-templo e seus membros vibráteis, cheios da presença
de meu sofrido trabalho saberá que árvore sou. Que me julguem de D eus, são re gistrados em meus cade rnos de p e squi sa e
todos os comensais deste banque te escatológico! poste ri orme nte de sdobrados e m te xtos vári os, ne m sempre
As virtualidad es da palavra e as artimanhas da literatura poemas. Sempre consulto esses registros e vez por ou tra faço
propiciam requintadas tape ações. Mas, quando aprendi que a novas abordagens de algum tema e, assim, surg em novos poe ­
po esia cami nha e m dir e ção oposta à (da) l i te rat ura, tomei mas, irmanados por muitas semelhanças. Considero tais proce­
corage m (eu, que sempre fui poeta) para denunciar o rei no das dimentos muito importante s em me u proce sso de recriação
enganações e suas geringonças enganadoras, mostrando como poética de mi nhas pesquisas e exp e ri ênc ias - q ue i ncltt('m
práticas esdrúxulas entre dietas, hábitos e venetas que visam a uso a paródia contra os enganadores, os que sofrem pela Justiça
uma espécie de desregramento dos sentidos viciados em e pela Verdade só podem merecer de mim paráfrases, isto é, a
esquemas de percepção. continuidade de seu ministério.
Meu projeto de vida poética não é algo pronto e acabado, Está claro que não venho reforçar as pregações dos adeptos
é uma obra em andamento - o que os meus livros podem de seitas religiosas que se multiplicam por aí, mas surpreendê­
testemunhar. Amylton de Almeida me falou, há alguns anos las em suas patranhas, desmascará-las. A impostação séria é
(quando eu nada sabia de erotismo sagrado e sua presença porque estou falando sério, e se é algo farsesco é porque assim
simbólica em livros sisudos), que os meus livros dão a impres­ quero parodiar o besteirol santarrão e fanático.
são de que estou me preparando para dizer algo mais. Na época, Quanto ao vaivém intra e intertextual, apesar do enjôo
talvez a coletânea Eis o homem já estivesse na praça. Agora sei inicial, após algumas releituras torna-se uma viagem cada vez
que estou pronto para dizer a que vim. Agora sei o que tenho a mais interessante. Considero tais recursos necessários por
dizer. O livro Waw prenuncia a chegada deste momento e o demonstrar coerência e coesão em meu trabalho e tornar evi­
Bundo é o resultado de todos os meus esforços, até agora, de dentes minhas propostas literárias baseadas na leitura de
falar o que não se diz(ia). Aqui se imbricam as questões perti­ religião, mitologia e símbolos em geral. As idéias, crenças,
nentes ao amor que não diz o seu nome e ao nome impronun­ experiências e costumes, como as marés, vêm e vão na História.
ciável ou palavra secreta, verbo sagrado, epicentro da lingua­ A repetição de temas e expressões com o desdobramento de
gem dos pássaros, anjos ou deuses, aludida em textos esotéricos idéias basilares e a amplificação sistemática de meu pensa­
e freqüentemente associada à poesia. mento busca uma homogeneidade, uma compleição estilística.
· O livro Bundo é deliberadamente "inspirado" no livro dos Sem querer revolucionar a Literatura com tão pouco,
"inspirados". As referências ocorrem em vários poemas, resolvi utilizar algumas técnicas das mais comuns nos textos
transmudadas mas reconhecíveis - como na Bíblia, podem-se bíblicos: vários sinônimos para designar a morada de Deus,
encontrar diversas alusões às mãos (cheias de dedos) que se vocábulos de áreas semânticas contíguas e equivalentes, alguns
dirigem a Deus, no mesmo lugar sagrado de tantos nomes: mon­ paralelismos e a repetição, em diferentes poemas, de versos
te, rochedo, colina, outeiro etc. Não poderia ser diferente. São inteiros, imagens e expressões corriqueiras, banalizadas pelo
intencionais as feições de cantochão e ladainha, as nuances uso vulgar mas de significados enigmáticos para o senso
pregacionais e os ecos do ramerrão dos enjoadíssimos profetas. comum, como "árvore da vida eterna", "monte santo", "terra
Que homenageio. Ao mesmo tempo, imito por crítica a oratória, santa" etc. A repetição faz parte de minha fórmula educacional
os rituais e liturgias mesmerizantes dos cultos religiosos. Se e está presente em minhas aulas, palestras e em meus textos.
de maia e carma, associados ao feminino, à Face ou sestra, lado
Com ela, enfatizo, corroboro, multiplico e universalizo a minha
enganoso e terrível de Deus, e às conseqüências de suas
mensagem, "pão excrementício" do banquete escatológico.
agitações, conforme se depreende dos cabalistas e sua árvore
Mastigando, ruminando informações de culturas diferentes,
sefirótica (ver "Consagrei-me sacerdote do Espírito Santo",
vou devorando os véus verbais que encobrem o Olho
"Guerra aos deuses todos", "Retornai, desgraças" etc. ). Há
onividente, promovendo a Revelação prom.etida. Sempre gostei
muitos outros referenciais que omito por enfado. Devo muito
de comer clichês e cagar poesia. O chulo e o erudito me regalam,
aos povos africanos e à mitologia nagô que me ensinaram sobre
e o coloquial é minha fala.
Exu, que tem o seu descanso ao pé da figueira, como Buda,
Nem só de inspiração bíblica se nutre minha poética. Veja­
Shiva, Jeová e outros, e sou eternamente grato à presença
se a ocorrência da expressão "montes gêmeos"*, inspirada em
invisível de meus ancestrais, praticantes âa Cabula espírito­
Cirlot (ver Dicionário de símbolos). Anos depois dos primeiros
santense, guiando-me pelos caminhos do Senhor.
contatos com os símbolos, li que a montanha Kaph, lar divino
Não resistindo à tentação da pilhagem, surripiei também
de Simorg, teria picos gêmeos, e A Epopéia de Gilgamesh alude aos
a "flor da circuncisão" de Lorca; de Drummond, "No meio do
cumes gêmeos da montanha Mashu, guardada pelo homem­
caminho tinha uma pedra" virou "NO MEIO DO CAMINHO,
escorpião, que aí guarda o céu, o inferno e muitas outras coisas
EIS A PEDRA". Algumas investigações poderão descobrir
incríveis: o jardim do sol, a árvore da vida, o famoso elixir que
outros roubos e delitos deste transgressor.
muitos gostariam de obter e a própria dimensão dos deuses.
Desejo que o mundo acabe em estrondos e suspiros. De
Pelo interior de tal montanha, Gilgamesh atravessa a fronteira
gargalhadas e alívio dos que restarem.
dos mundos. Também faço referências à mitologia grega
("Retornai, desgraças"), ao paganismo egípcio, greco-romano
("Extáticos dátilos") e oriente-medial das deusas (nos poemas
ValdoMotta
que falam da mãe terrível: "Anunciação", "Oferenda à Mãe
Primeira"), ao esoterismo hindu, pertinente a Kundalini ("No
Cu do Mistério") e à literatura semítica, herdeira dos conceitos

• Mui recentemente, obse1vei que também a Uíblia, ern Zacarias 6:1, localiza O
centro teofünico nos montes gêmeos. E_•;ses "dois montes" ou "montes duplos"
(D'"1ili1 'lW) compõem o "monte serpentino" ou "monte encantado" ou,
i_nais propriamente, "monte cupertino" (conforme a expressão nuim •,n ).
E que o metal cobre está relacionado a Vênus, planeta/deusa que atua na
área dos glúteos, entre outras.

/,
Bundo

Ilha do Mel
(Vitória do Espírito Santo)
Era do Julgamento, Século 20, Ano 1995
DESCOBRIMENTOS
T
e
x
t
o Aqui vou eu, bundo, pando,
ó país que almejo e canto,
terra desolada, bela adormecida,
virgem por salvar!

Gênios perversos, bestas solertes,


hostes medonhas, greis infernais,
aqui vou eu, verbo em riste,
arredai!

Hidras, quimeras, anfisbenas, lâmias,


górgonas, gárgulas, ogros, exus,
anhangás, humbabas,
abracadabra!

Eldorados, thules, surgas, agarthas,


cimérias, hespérias, pasárgadas, cólquidas,
xangrilás, cocanhas, saléns, guananiras,
reinos miríficos, mundos arcanos,
céus interditos, aqui estou eu!

Velocinos, tesouros,
manás, elixires,
graais, aqui eis!

21
DE OMNI RE SCIBILI
(ET QUIBUSDAMALIIS) '

Mão que moves tudo Extáticos dátilos,


eixo dos mundos ébrios cabiros,
cubo da roda transidos curetes1

porto solenes telquinos


em faleno rito,
lapa da pala em ofício sacro
pala da lapa no antro celeste.
lapa da pala

ô lapa da pala
ônfalo empíreo

ê pala pala
íncola do imo

teofanopéia
vindicantante

laralaralalapi­
doação doída doida

adamante

22 23
Quando eu era pequenino Não me canso de tocar
do tamanho de um botão a lira de dez dedos
já burungava o neste frenético louvor
ao Deus vivo, meu rochedo.
Agora sou marmanjão
mas como então igualzinho
vivo só no buraquinho

Ai, meu Deus, que troço bão!

24 25
Mãos benditas, que servis Ó mãos abençoadas, que sondais
a Deus em seu templo vivo; os montes gêmeos;
dedos santíssimos, eleitos falanges sagradas, que recreais
servos do rei dos reis na toca da serpente.
que habita em meu rochedo. Nações do mundo inteiro,
eis o meu canto:
é tempo de alegria, de brincar
no monte santo.

26 27
TABERNA CULU DEI
"Vim para lançarfogo à Terra... "
Lucas 12:49

Delícias da Terra santa, Onde o germe é imortal


honra de quem se conhece e crepita o fogo eterno, IS 66:24; MR 9:44
e venera o Deus vivo no lugarzinho por onde
no rochedo do seu templo. o espírito entra nos ossos, EC 11:5; SL139:15
é neste lugar terrível
a casa do Deus dos deuses
e a entrada dos céus. GN28:17

Desposando este rochedo EX33:21


podereis vencer a morte. SL68:15,16,19,20;78:34,35
Mas quem há de se abrigar
neste fogo devorador?
Quem poderá habitar
nesta fogueira perpétua? IS33:14
Só quem se fizer criança
brincará no fojo do dragão
e o crianàão adentrará
a mão
na forja serpentecostal. IS 11:8; SL144:1

Desejo ser hóspede cativo


deste tabernáculo supremo,
habitar na montanha santa, SL15:l; 27:4,5
descansando em justa paz
no esconderijo do Altíssimo, SL91:1
desfrutando as gostosuras
da árvore da vida eterna, PR 11:30; ZC 3:10; MQ4:4
entre suspiros e cânticos AP 22:2,14,19; GN49:11
de louvor ao nosso Deus. J015:1

28 29
Tudo em riba do penedo Mundo cão
tudo em cima do morrão. osso da alegria
Todo mundo atrás de Deus única ração
Deus atrás de todo mundo.
Deus fiel e bão, que atiça
o fogo da vida em nosso rabo.

30 31

EXORTAÇÃO ANUNCIAÇÃO

Venerai o Santo Fiofó, Eu sou a Nossa Senhora do Buraco Negro,


ó neófito das delícias, Sujo e Fedorento da Rocha Dorsal,
e os deuses hão de vos abrir as portas mãe dos nove céus, a tetéia do caralhudo.
das inúmeras moradas do Senhor Sou a dona de todo o universo.
e a fortuna vos sorrirá Estou injuriada com este povo
com todos os encantos e prodígios. atolado em minhas pragas, em desgraças
que o louvor a Deus evitaria.
.. Ai de quem esqueceu a pedra santa
e o caminho da casa do Senhor!

32 33
ENDEREÇO DA SALVAÇÃO OFERENDA À MÃE PRIMEIRA

Todos os caminhos Ó Mãe das profundezas,


que se abrem para o mundo matriz oculta dos homens, dos deuses
não valem o caminho interditado. e das inúmeras espécies,
É preciso ensinar a porta certa desolada pelo desamor.
da casa de Deus Dona dos saberes todos,
e franquear aos miseráveis fonte da imperecível luz,
as riquezas celestial rainha, eis vertido
ocultas em suas próprias entranhas. o voto seminal em teus buracos
nos corpos varonis, e consumado
o insondável decreto
que me faz teu sacerdote.
E porque me legaste os teus dons
e me ungiste em tuas graças
é que louvo e honro o teu nome
e consagro tua glória em meu canto.

34 35
A ESHU GANESHA RUMO AO PARAÍSO
"... e uma criança os guiará."
Isaías 11:6

Ó guardião Milênios e milênios de luta


da estreita via pela sobrevivência entre as espécies,
oculta em roupas fizeram-nos assim tão animais
e interditos entre os nossos iguais, filhos da puta,
premia a audácia traidores, escrotos e que tais.
dos destemidos Deixai brincar as feras todas, presas
que enrabamos do primitivo instinto assassino.
e nos enrabam Deixai brincar as feras, que o menino
dá-nos a todos nos conduza nos atos e palavras.
as tuas graças Retornemos, agora, ao paraíso
na plena comunhão dos animais.
Jamais exista algo de mais puro
do que nós dois juntinhos, de pau duro.

36 37
Olhei para a minha destra SAIMO 142:4
e vi quão deserta estava.
Não havia quem a quisesse ISAÍAS 5
e nem quem me ajudasse
a cultivar minha vinha;
só cruzei com iníquos e perversos. Fogo telúrico nos lombos,
apelo amoroso do Santíssimo
Doeu-me não haver quem me apoiasse. que as almas dos justos hão de ouvir
Daí que, desamado e sozinho, e atender com festas e louvores.
só em meus próprios braços tive amparo, ISAÍAS 59:16-18 Terra em transe, cheia de glória,
apenas meu regaço deu-me abrigo. carne redimida pelo amor.

Não havia quem pudesse


lavrar minha Terra santa
e cuidar do meu outeiro;
cruzei apenas com ímpios e néscios.
Pelo que, magoado e resoluto,
consagrei madrugadas solitárias
e muitos novilúnios ao ofício
do culto visceral, com mãos e dedos SAIMO 144:1
transidos em fervor e zelo extremos.

Busquei ao Senhor Deus em meu rochedo ISAÍAS 51:1,2


e o louvei no âmago da Terra
que se adentra por minhas entranhas.
Assim, minha justiça me susteve
e me cobriu com sua armadura
e me lavou as manchas desonrosas,
cingiu-me em suas vestes de glória ISAÍAS 60; 61; 63:5
e me fartou de suas excelências.

38 39
Venturosos montes gêmeos Vem comigo, meu amado,
em cuja mandorla está fervamos o leite cósmico.
o Santíssimo Andrógino. Celebremos nosso gozo
Meu glorioso rochedo, no cristântrico festim.
altar dos votos de amor
• do varão fiel e justo. Vem, querido, preparar
Manancial de águas vivas o teu mosto em meu lagar
e delícias inefáveis, e fazer o vinho santo.
éreis a Terra difamada
e a virgem repudiada, Vem destilar a mirra
inda que esposa legítima do monte dorsal e o mel
do próprio Senhor Deus, vosso marido. que mana da rocha viva.

40 41
Terra dos montes rebolantes.
Ave, pedra dos escândalos,
Aqui vivo entre morros
rejeitada por todos os obreiros.
e entre penedos e penhas.
Rocha viva, eterno
Nas colinas da justiça
assentamento dos céus.
apascento meus rebanhos.
Minúscula pedra,
maior que as montanhas
e colinas juntas.
Pedra da origem, templo
do Senhor dos tempos.
Pedra encantada, jóia
de perfeito engenho.
Pedra fundamental,
selo da aliança
entre Filho e Pai.

42 43
ENCANTAMENTO

Instalou sóis nos céus


mas prefere habitar a treva Ó Deus serpentecostal
interior, o imo da Terra. que habitais os montes gêmeos,
Bendita e louvada seja e fizestes do meu cu
sua glória neste vaso. o trono do vosso reino,
santo, santo, santo espírito
que, em amor, nos forjais,
felai-me com vossas línguas,
atiçai-me o vosso fogo,
dai-me as graças do gozo
das delícias que guardais
no paraíso do corpo.

44 45
Entro no Retornai, desgraças,
antro do escorpião. à buceta de Pandora!
Sou o esposo da virgem E que ela se foda!
e o par da mãe estéril Volvei, sinistros e terrores,
- mãe de sete filhos. aos putos que vos pariram,
Brinco no fojo do dragão aos vossos diabólicos mentores!
e no forno serpentino Ao inferno de vossos deuses
meto a mão. e todos os seus belos artifícios!
Falanges, falanginhas, falangetas,
aios do Senhor dos Exércitos.

46
47
DEUS FURIOSO ERA DO JULGAMENTO
SÉCUL O XX, ANO MCMXCI
MÊS DO ESCORPIÃO,AUGE DA PRIMAVERA
VITÓRIA DO ESPÍRITO SANTO, AMÉM
Estendi mãos generosas
a quantos o permitiram A CANÇÃO DO SENHOR
e disse: sou Deus.
Porém, quem acreditou? NO MEIO DO CAMINHO, EIS A PEDRA,
Fui humilhado, REJEITADA POR TODOS OS OBREIROS, SL 118:22
escarnecido: Deus viado? UMA PEDRA NO MEIO DO CAMINHO
Fui negado e combatido. QUE NOS CONDUZ AO CÉU, EM CARNE VIVA.
Em meu amor entrevado SOBRE ESTA PEDRA ERGO A MINHA IGREJA. MT 16:17
cerrei lábios e ouvidos.
Até o amor reprimido PEDRA DE TROPEÇO E DE ESCÂNDALO RM 9:33
virar ódio desatado. QUE DEUS ARROJA CONTRA OS INIMIGOS IS 8:13-15; AP 16:21
DO PRAZER QUE RESTAURA O PARAÍSO.
Rasguem céus e infernos, PEDRA ENCANTADA DO ANELZINHO
ó gemidos e brados QUE AO DEDO SEM UNHA SE DESTINA,
de amor ressentido. GALARDÃO DO AMANTE DO SENHOR.
Raios partam quantos
meu amor tenham negado. FIRMAI-VOS PARA SEMPRE NESTA PEDRA, EX 33:21
Prorrompam tormentas DESTA PEDRA JAMAIS VOS AFASTEIS,
em corações petrificados. ZELANDO-A COM TODO O VOSSO AMOR.
Quero ser amado AQUI ESTÁ O SEGREDO DE DEUS,
quero ser amado AQUI É A FONTE DA VIDA ETERNA. EX 33:21; GN 28:17
quero ser amado

AI, FIÉIS DE BELIAL, TONTAS PRESAS SL 18:15


DE INFERNINHOS MENTAIS, QUANTOS E QUANTOS
CÉUS SERÃO NECESSÁRIOS PARA AQUELE
QUE NÃO SABE EM SI O CÉU DOS CÉUS? LC 17:20,21; JO 10:30-38
ESTOU CHEIO DE VOSSOS ALTRUÍSMOS IS 1:10 55

48 49
E DE VOSSAS AÇÕES VIRTUOSÍSSIMAS, MAS COMO SEMPRE TARDE O MEU CASTIGO EX 34:6,7
NÃO SUPORTO MAIS AS VOSSAS CERIMÔNIAS, E ESTE CORDEIRO ABRASE NO AMOR, RM 11:32
VOSSOS CULTOS E ASSEMBLÉIAS DETESTO PRONTO A SERVIR MEUS INIMIGOS, MT 5:43-48
E ABORREÇO AS MISSAS E LADAINHAS. UMA VEZ MAIS VOS PEÇO E SUPLICO:
RENDEI-VOS AO ASSÉDIO DO SENHOR,
QUANDO NECESSITAIS DE MINHA AJUDA AMAI-VOS COMO EU SEMPRE VOS AMEI.
E VINDE A MIM COM RAPAPÉS E SALMOS
E FICAIS A PASSEAR EM MEUS ÁTRIOS, IS 1:10 ss SABEI QUE EU SOU O SENHOR DOS EXÉRCITOS,
ESMOLANDO-ME MIL GRAÇAS INDEVIDAS, JUIZ SUPREMO E REI DOS REIS, E VENHO
Ó LAIA DE COVARDES E FARSANTES, RESTABELECER O REINO E A LEI. AP 19:13
QUEM VOS PRESCREVE TANTOS RITUAIS SABEI QUE EU SOU O ESPOSO ETERNO, AP 14:1-4
E VOS ENSINA TANTAS ARTIMANHAS, QUE AMO O VIGOR DO FALO SANTO, JR 2:4
PARA NÃO ADENTRARDES MEUS UMBRAIS A SAGRADA FLOR DA CIRCUNCISÃO GN 17:1-14
E NÃO ME CONHECERDES NAS ENTRANHAS? E QUE RECLAMO O MEU JUSTO PENHOR. EX 4:24-26
E JÁ NÃO POSSO MAIS, NEM MESMO DEVO,
CESSAI OS VOSSOS SACRIFÍCIOS BESTAS, HB 10:1 ss; JR 7:22 IMOLAR ESTE DESEJO, O CORDEIRO
DEIXAI VIVER MEUS SANTOS ANIMAIS, I SM 15:22; OS 6:6 DO SENHOR NÃO SERÁ MAIS SUBLIMADO. AP 19:7-9
NÃO ME FAÇAIS DE MIM DEUS CARNICEIRO. IS 1:11,12
NÃO ME CONTENTAM TAIS ADULAÇÕES, JR 7:22,23 AI, VARÕES SOBERBOS E PERVERSOS,
NEM PODEM GAMBELAR O MEU DESEJO, QUE ME OFENDEIS BUSCANDO NAS MULHERES
JAMAIS APLACARÃO A MINHA IRA O QUE EM MULHER NENHUMA ENCONTRAREIS, EC 7:24-29
E NEM OBTERÃO MINHA CLEMÊNCIA, MALDITOS SOIS JÁ DESDE O INSTANTE GN 3:1-24
POIS CONHEÇO OS PENSAMENTOS SECRETOS EM QUE FOSTES CONCEBIDOS,
E SEI O MÉRITO DE CADA UM. DESDE O DIA EM QUE VOSSOS PAIS
SOMENTE O JUSTO PODERÁ GOZAR AO COMER DO FRUTO PROIBIDO
AS DELÍCIAS DO MANÁ ESCONDIDO, AP 2:17 VIOLARAM A URNA INTERDITA,
E SÓ AO JUSTO EU DOU A PEDRA BRANCA. E, INFRINGINDO A LEI DO PARAÍSO,
FUNDARAM TODA SORTE DE DESGRAÇAS: AP 6:1-7
FOME, PESTE, GUERRA E MORTE
REPREENDO E CASTIGO A QUEM AMO, AP 3:19 - TOLAS VÍTIMAS DE SUAS TRAPAÇAS!
A QUEM ME TRAIA E EVITE EU PERSIGO
E COMBATO COM FÚRIA IMPLACÁVEL
ATRAVÉS DOS SAGRADOS ELEMENTOS.

50 51
VÓS, QUE ME IMPLORAIS MISERICÓRDIA PROCURAI-O ENTOANDO AÇÕES DE GRAÇAS,
E O PERDÃO DOS DIÁRIOS SACRILÉGIOS INSPECIONAI-O COM TODO O CARINHO,
AO MONTE SANTO E AO NICHO DA GLÓRIA SL 68:16,17 AMAI COM TODO O AMOR VOSSO CUZINHO.
QUE EM VOSSO PRÓPRIO CORPO ABRIGAIS, SL 87: 1,2
ATÉ QUANDO PRECISAREIS DE DEUSES, JO 10:30-38; SL 81:1-6 VARÕES DE TODAS AS RAÇAS, TIRAI JR 2:4
ATÉ QUANDO, Ó TRÃNSFUGAS DE DEUS? LC 17:20,21 O PREPÚCIO DE VOSSOS CORAÇÕES;
CIRCUNCIDAI-VOS PARA O SENHOR,
NÃO QUERO QUE ADOREIS A MINHA FACE, EX 33:21-23 QUE APRECIA AS DELÍCIAS URANAIS
E NEM A CONTEMPLEIS, NEM A BUSQUEIS; E EXIGE DE TODOS PLENO AMOR.
NÃO CONFIEIS MAIS NAS BELAS FACHADAS,
SE QUEREIS MESMO EVITAR MAIS DESGRAÇAS. CIRCUNCIDAI-VOS PARA O SENHOR,
PORQUE SOMENTE EM MEUS MONTES SANTOS IS 2:2; 11:8 QUE APRECIA A NUDEZ DO VARÃO
CONQUISTAREIS A ISENÇÃO DA MORTE, IS 25:8; 2:10,19,21 E, HÁ MUITO, AGUARDA O VOSSO AMOR,
E ASSIM TEREIS O QUE NUNCA PERDESTES: SL 72:3 ANSIANDO O MÚTUO CONHECIMENTO zc 3:10
A RESPOSTA DE TODAS AS PERGUNTAS, ENTRE AMANTE E AMADO, TOTALMENTE. AP 14:4
A SOLUÇÃO DE TODOS OS PROBLEMAS TIRAI O PREPÚCIO DE VOSSOS CORAÇÕES.
E O FIM DE TODO O MAL QUE VOS ASSOLA;
SOMENTE PELAS COSTAS PODEREIS EX 33:21-23
CONHECER-ME EM TODA A MINHA GLÓRIA.
NÃO HÁ COMO GOZAR O CÉU NA TERRA
SEM PENETRAR AQUI NESTA MANDORLA.

EIS QUE VOS LEGO ESTE TERRITÓRIO


E O FRANQUEIO A TODOS QUE DESEJEM
A VIDA IMORTAL E A PERFEIÇÃO.
CONTUDO, A MINHA FACE NÃO DEVEIS
CONHECt-LA JAMAIS, OU MORREREIS.
ENTREGAI-VOS AO SENHOR DOS EXÉRCITOS
E ABRIGAI-VOS NO MONTE DO CORDEIRO. IS 2:2; 25:6-8
SÓ ASSIM VENCEREIS A TENTAÇÃO.

VINDE, CANTAI AO SENHOR COM JÚBILO, SL 95:1,2


CELEBRAI O MONTE DA SALVAÇÃO, SL 72:3; 91:1

52 53
INICIAÇÃO DE JACÓ

Numa pedra Jacó buscou o apoio


Os homens erram e sofrem, para a sua cabeça e, como eleito,
sofrem por seus erros e morrem. descobriu o consolo dos aflitos,
Agora vim aniquilar a morte. o bálsamo de todo sofrimento,
Os homens morrem porque erram encontrando a pedra fundamental,
o caminho, a direção, o alvo. obra-prima e trono do Obreiro.
Nascem de cabeça para baixo, Aquela noite, na casa de Deus
o cu para a lua Jacó entrou, a conhecer o Esposo,
e vivem ao inverso, sobre os pés. o excelso Esposo dos varões eleitos,
A vida flui de trás para a frente e como eleito ao seu gentil afeto,
e de baixo para cima. do calcanhar à cabeça o conheceu,
É da direita para a esquerda corpo e alma transidos de amor.
que se cria e se transforma o universo. E em seus mais íntimos recônditos
conhecendo-se Jacó e o Senhor,
aquela noite em Betel,
chamada desde sempre Luz,
cidade templo do Onipotente,
do calcanhar à cabeça, por inteiro,
conheceu os mais íntimos aposentos
do celeste Esposo, o feliz varão
que o Senhor transforma em Israel.
Ali, soube Jacó, em grande enlevo
e mui grande alegria, aquela noite,
soube Jacó, em si, a via estreita,
secreta e exclusiva dos eleitos,
que une, pelo reto, a Terra aos céus
e, desvestindo os véus de seus mistérios,
desterra-nos o Céu interior.

54 55
ANIMA X ANIMUS

A mulher é um homem ao avesso


A mulher é o reflexo invertido o homem é uma mulher ao avesso
da mulher interior do homem Amorosamente se destroem
O homem é o reflexo invertido e geram frutos perecíveis
do homem interior da mulher
A mulher é a miragem do caminho O homem destrói a mulher
do homem em busca de si mesmo a mulher destrói o homem
O homem é a miragem do caminho e corrompem o paraíso
da mulher em busca de si mesma Abalam-se Terra e céus
A mulher que se busca e se estende ao universo
está dentro da cada homem a desgraça das desgraças
O homem que se busca
está dentro da cada mulher Destroem a figueira sagrada
e depredam a vinha santa
em sua feroz concupiscência
devastam o pomar celestial

57
56
BOA ESPERANÇA DO ESPÍRITO SANTO

Que o sol fique lívido Boa Esperança, dom


e a lua corada de vergonha, que me coube e partilho.
as estrelas desmaiem, errem suas rotas os planetas Embutido em teu nome,
e os céus aturdidos se embaralhem. descobri o meu destino:
Urrem os mares e os montes estremeçam, combater a própria morte
porque a Terra santa grita e sacoleja e o seu reino de mentiras.
de gozo: chegou o seu Esposo. Norte espírito-santense,
Boa Esperança, aqui
meu segredo se desvenda:
quem eu sou e a que vim.

58 59
NO CU DO MISTÉRIO
"Visita interiore terrae, rectificando
invenies occultum lapidem"

Consagrei-me sacerdote do Espírito Santo em - charadinha alquimista


desvarios sensuais, mergulhando no vórtice de pra­
zeres renegados, destilando a quintessência dos hu­ Em honra aos arautos da utopia, em prêmio aos
mores serpentinos. No fervor das paixões retemperei seus tantos sacrifícios e para o consolo dos aflitos,
o espírito e, satisfeitas minhas ânsias, hoje descanso revela a sapiência do Espírito Santo que o buraquinho
no Eterno, em núpcias comigo. fedorento é a passagem secreta para os universos
Descobri em meu corpo a réplica do universo, o um­ paralelos, o caminho da eleição dos santos e heróis, a
bigo do ubíquo. No âmago do abismo encontrei o bem via estreita da liberdade dos cansados e oprimidos.
e o mal em comunhão. E nunca mais fiz perguntas. Protegido por monstros legendários, milenares
Serpentes me coroam. interditos e artifícios incontáveis, proscrito e
disfarçado a todo custo, é por ele o acesso ao
Fiz-me discípulo dos loucos mais contritos, miran­ manancial da vida, que aos destemidos concede o
do-me no exemplo de suas pirações. Pela meditação gozo das venturanças, e somente ele conduz ao filão
bisbilhotei as entranhas das trevas, e decifrei os das maravilhas, jazida da Pedra Filosofal, sendo a
propósitos secretos das potências invisíveis. única estrada para o centro de Luz, a Cidade Azul
Conheço os desejos mais sinistros da Inteligência dos Imortais, refúgio da Deusa eternamente virgem &
pervertida, a Esposa infernal, que concebe e produz seu Pai, Filho e Esposo excomungados.
gerações sucessivas de frutos condenados à morte. "Desencantai os vossos mitos", roga o Santíssimo
Imenso é o sofrimento neste círculo de horrores. Espírito de Mamãe Serpente, "ó meus desgraçados
filhos, cativos das loucuras racionais; ó estúpidos
demônios, reféns de vossas culpas e mentiras,
escravos dos trabalhos exaustivos e inúteis, resgatai
os vossos corpos ao jugo do Maligno. Desencantai os
vossos mitos, ó meus amados filhos, e sede felizes!"

60 61
Guerra aos deuses todos e à puta que os pariu, a Meu nome não é meu:
deusa artimanhosa, que abestalha os homens com é produto, corolário
mumunhas e promessas implausíveis, parca tecelã da parolagem mundana
de inglórias sinas. movida a desejo e sonho
Ó cavalos mediúnicos da Besta, recusai vosso repas­ de absurda liberdade;
to de abobrices e banalidades chochas e destronai de
vossos lombos quem vos oprime e tange nos caminhos é fruto retardatário
do inferno decorado de ouropéis e bugigangas. da lavoura onomástica
Desarmem-se as tendas das verdades tacanhas e que deuses e anjos bestas
postiças que adiam para o nunca o gozo do paraíso cultivam neste desterro
aqui, bem aqui, na Terra santa, cheia da glória de e arremedo do Céu íntimo.
Deus, virgem mãe celestial.
Meu nome não sou eu:
é outro, adversário
que combato, mato e como,
filho desnecessário.

Baste o Nome secreto.

62 63
Com vara no lombo Ele tem uma vara de ferro
eu te repreendo com a qual apascenta as feras
e pisa o lagar da ira.
com pau na cacunda Ele tem uma espada na boca,
te amanso e prendo terrível, pesada, certeira,
para matar Leviatan,
com bordão de ferro o dragão da mentira.
te controlo e venço Seu nome é Palavra de Deus.

grimpado em teu dorso


te cavalgo e guio

no rumo que penso

64 65
RETORNO TRIUNFAL

Filho do homem, fmto da Terra, "Tremei, colinas e montes, outeiros e montanhas:


glória de nossas entranhas, venho para atear fogo à Terra", disse o Esposo dos
de nossos lombos procedes. varões assinalados, marido zeloso e amante ciumento,
És benigno ou terrível, empunhando a sua vara de ferro e lançando contínuos
consoante nossos atos. esporros à face das nações.
Julgas com rigor, teu nome Não sem antes avisar pela boca de seus anjos, santos
é Senhor-nossa-justiça. e profetas: "Repreendo e castigo a quem amo"; "tirai
Teus estatutos e leis o prepúcio de vossos corações"; "convertei-vos, ó fi­
vêm dos dias mais antigos, lhos rebeldes".
desde a própria eternidade. Não sem antes indicar ao mundo inteiro o endereço
da salvação, o caminho do seu templo vivo, franquear
a porta estreita ao poviléu e ofertar as delícias de sua
rocha, o seu banquete celestial.
E não sem convidar ao regozijo na caverna do áspide
e no antro do basilisco a todos que, dispostos a virar
crianças, almejem conquistar o reino de Deus e
desfrutar as gostosuras da árvore da vida eterna, aqui
no meio de nós, ao dispor de mãos e dedos.
Ave, Deus retado, que domina o capeta pelo rabo e
adestra os rebeldes com vara de ferro.
Rei da gozação.
Salve.

66 67
PELO RABO NOCU
FISGUEI DEEXU
O LEVIATAN ALUZ

68 69
Pão excrementício CLARO, CLARO:
generosíssimo banquete É PELO TALO
de humildes vermes QUE COMEÇA
O FRUTO.
A VIDA
MEDRA
DO RABO.

70 71
II
Waw

Vitória do Espírito Santo


Amém
(1982-1991)
Je veux la liberté dans le salut

- Rimbaud

Cuando más alto subía,


deslumbróseme la vista,
y la másfuerte conquista
en oscuro se hada;
mas por ser de amor el lance
di un ciego y oscuro salto,
yfuí tan alto, tan alto,
que le dia la cam alcance

-San Juan de La Cruz

Para Sandra Medeiros,


com imensa gratidão.

77
RELIGIÃO

A poesia é a minha
sacrossanta escritura,
cruzada evangélica
que deflagro deste púlpito.

Só ela me salvará
da guela do abismo.
Já não digo como ponte
que me religue
a algum distante céu,
mas como pinguela mesmo,
elo entre alheios eus.

79
O OUTRO VÓRTICE

Espelho onde insisto


E como os deuses me agraciassem
em me mirar e alumiar, mas cuja face
com a peste que me lavra a palavra
pouco fraternal, sempre se disfarçando
e me escalavra veias, nervos, plexos;
em mil outras, me intrigando e assanhando
e como por emblema desta fúria
ainda mais a impertinente curiosidade, que em mim grassa - nem graça, nem desgraça,
é sempre um desafio irrecusável.
eu só tenha este séquito de traças
E quanto mais apaixonada é a peleja
zanzando pela casa e em meu crânio;
na busca da face irmã, mais a lâmina resplende, e como nesta altura da descida
ofuscante e indócil, zombando dos meus esforços, aos círculos do inferno eu só me eleve;
mais refratário se torna o espelho e como nada reste além da réstia
e eu mais solitário me torno.
do que em mim é alheio e me arrasta
em seus rastos de luz na vasta treva,
que me resta, que me resta, e se é sina,
senão me dar, rabinho entre as pernas,
e o coração na boca, e o cu na mão,
e ganindo no êxtase da dor,
que me resta senão a imolação,
o gozo da escarificação
nos cacos do Espelho, na moenda
do amor me revolvendo, e assim volvendo
ao pó, ao ar, à luz, ao Ser Essente?

80 81
MEDITAÇÃO NO CREPÚSCULO HERÓICO

Que obstinação nesta árvore em dar Se me encontro em perigo


por dar frutos por todo o pomar. ao Diabo e a Deus bendigo.
E que obstinação em virar lenha Na luta de mim comigo
no fogo das causas em que se empenha, quem me vence é meu amigo.
negando-se ao discurso enfadonho
que incendeia as pontes para o sonho,
negando-se a ouvir os boletins
de um mundo de inúteis galarins,
e renegando o homo-hierarchicus
(fJ
QJ com todos os seus cânceres tão práticos,
rasgando a pele e a carne da aparência
em busca dessa sempre esquiva essência,
e transformando em mantra a vida humana
vibrando nessa consciência una.
('(j

82 83
GESTA DA PESTE QUE RONDA Converte-me em gás,
louco remoim!
Quero ser o ás
na busca do fim
que nas coisas jaz
Serei sempre mais à espera de mim.
que um arlequim Nunca, nunca a paz
na vida. Aliás, da vida chinfrim
é no camarim para mim, jamais!
que o drama se faz. Fim ao alfenim
Já me desavim que tanto compraz!
Nem tudo é quindim!
com o mundo demais.
Quero ser assim. Serei sempre mais
Quero é ir atrás que um arlequim!
do secreto fim Mais
das coisas, ao cais mais
dos mares de mim, mais...
ao que, enfim, jaz
cá em meus confins
(deixando sem paz
este espadachim),
e que sempre faz
que vai dizer sim
aos meus flertes, mas
nunca está a fim
de nada, jamais.
Todo o galarim
não me satisfaz,
, não me explica a mim.
O peste roaz,
rói-me aos tiquins!
Come-me, antraz!
Come-me, aristim!

84 85
ODE À IDA AO ID a tudo atento
com seus mil ouvidos
"Vexilla regis prodeunt inferni" e olhos cibernéticos,
cf. Dante apesar de toda a
hiperinfernália
Hás de ritmos pânicos,
de sabores e odores
ir e cores e sons
ao alucifeéricos
Id do Leviatan.
Hás
de Hás de ir ao ld,
ir hás de ir ao Hades,
ao derrotar Satan
Hades e as potestades.

Hás
de
apegar
-te a
toda e qualquer
merda
neste
mar de
Hás de enfrentar
a nado
o nada
para enfim dar
a Lugarnenhum

Hás de ir ao ld,
hás de ir ao Hades,
apesar de Cérbero

86 87
NOS DIAS DEAIDS
SEDE DE HADES

Nos dias de Hades e seu reino podre


Cidade, besta formosa,
hás de doar odes e até o odre.
deusa malandra, cheia
Hás de ir ao Id, de todos os modos.
de promessas e amavios.
Hás de ir ao Id, enquanto se pode.
Teus cativos, que otários!,
Isento de ódio, imune ao medo,
hás de ir ao Id, já não é mais cedo. alienam honra e alma
Hás de ir ao Id, hás de ir ao Id, a deuses velhacos e antigos.
para depor Hades, que a tudo preside,
e, depondo Hades, todos os poderes Cidade, teus sortilégios,
tua indústria de prazeres,
que impedem a mútua doação dos seres.
teus apelos e cantadas,
teus prêmios e honrarias
não subornam o poeta.

Recuso teus dons e rasgo


teu colorido estandarte,
cago e cuspo em tua cara
e arraso o teu império.

88
89
r

CUSPIR NO PRATO / VIRAR A MESA CÍRCULO DOS HORRORES

Apodreçam os manjares dos deuses infernais. Mais quantas humanidades


Sustentai-me com passas, confortai-me com maçãs, ainda repassaremos?
pois desfaleço de amor, e nada me satisfaz Por orgulho e vaidade
a não ser os vegetais que me possa dar Nanã. destruímos tôdolos remos.
1 Agora que a água invade
Sustentai-me com passas, confortai-me com maçãs. a canoa, entendemos
Já me empanturrei de amarguras colaterais gue pode ser muito tarde.
nos sensacionais manás da gastronomia vã. Eta estupidez do demo!
E estou me retirando da mesa de Satanás. Mais quantas humanidades
ainda repassaremos?
1
Que eu resista às diabruras audiovisuais
de lindos comerciais que nos fazem de tantãs.
Apodreçam os manjares dos deuses infernais.
Sustentai-me com passas, confortai-me com maçãs.

Que espírito, alma e corpo sejam dimensões irmãs,


partes de um mesmo todo, Céu e Terra como pais.
Sustentai-me com passas, confortai-me com maçãs.
Apodreçam os manjares dos deuses infernais.

90 91
DA ÁRVORE INVERTIDA
E AGORA, Ô MEU?
T
e
x
t
Que frutos são teus frutos, o Eis no que deu
árvore vermelha,
a Terra Prometida
que envenenam aos convivas?
por Prometeu
Árvore vermelha, que árvore és,
que geras selvas de plástico,
metal, concreto, desejo e dor?

Que árvore és, árvore vermelha,


que declaras guerra ao verde
e aos animais dizimas?

Que frutos são teus frutos


que só trazem dissabores?

92
93
MARGARIDA da mesma ínfima classe,
condição intransponível.

Margarida tanto pode Ainda que se encontrem


ser nome de uma flor entre a flor e a criatura
como de mona de equê mais traços de parecença
ou de mona de amapô. do que a graça comum

Se escrevo Margarida (- que graça?!, diriam todos,


assim com M maiúsculo com desdém, espezinhando
é um nome de mulher, as duas humildes flores);
inda que o neguem os músculos embora se leve em conta

do rapaz chamado Sérgio, o feitio, a natureza


contido em Margarida vegetal que Margarida
(e aqui já não é mais tenha, com efeito, mesmo
verdadeira a recíproca). assim não é concebível

Porém, essa Margarida que vegetar seja a sina


de que falo, em que pese dessa flor original
o antropônimo feminino, pelos canteiros da vida
menos que mona, é monera: inumana, vegetal.

é, ao mesmo tempo, gente Por ordinária que seja


e flor, seja nas diversas uma flor, não se explica
pertinências entre si, que a espezinhem tanto,
seja, afinal, por serem, que lhe torçam o nariz.

Margarida e margarida Seja Margarida flor


nos reinos respectivos, que não se cheire, mas nunca

94 95
será menos flor a flor Margarida é uma bicha
que floresce no monturo. por ser sobretudo verme

§ - por ser sobretudo verme,


como todos que vivemos
Em verdade, Margarida nesta vidinha de merda,
nada tem da flor, exceto adubo do novo tempo,
o feitio vegetal
do porte esguio, feito estrume da primavera.

haste a manter erguido


o estandarte do prazer,
a flor da dignidade,
faça o tempo que fizer.

Menos que flor, Margarida


é vaso, um vaso público
onde os assentados cagam
adjetivos estúpidos.

Bem mais que pelo seu nome,


bem mais que pela razão
de que atende os seus bofes
em becos e construções,

mas pela falta de sangue


(vida a fora sugado
em subempregos infames)
que a faz lânguida e pálida,

pela vidinha que leva


sempre atolada na merda,

96 97
P RECEITUÁRIO PARA RACISTAS COM de atear fogo em tudo,
RECEITA DE REBUÇADO E CONTRA­ sabe que, ao provocar
RECEITA DE ANGU a ebulição da massa
é arriscado explodir
o angu em todo o mundo,

Ogunpá sabe que, súbito, tudo,


/elepá tudo pode ficar preto
Ogunpá & vermelho, como queiram,
koropá... num belíssimo incêndio,
um incêndio inusitado.
-canto afro Pois quem atiça o tição
atira mais lenha aos sonhos
Quem atiça o tição que nos abrasam, braseiro
sabe do risco que corre, oculto sob o borralho
sabe que ao bulir com fogo dessa vida borralheira.
é arriscado se queimar,
é arriscado provocar
a ebulição de quanto
há tanto vem nos enchendo
o caldeirão da paciência.

Portanto, todo cuidado


é pouco quando se atiça
o tição, quando se bole
com o fogo, pelo risco
de transformar rebuçado
em ração para a racinha
ordinária dos racistas,

Quem atiça o tição


sabe muito bem do risco

98 99
OS SINOS TOQUE PARA OGUN

QUEM
NÃO
TEM Tudo o que um guerreiro precisa
BENS quando vai à luta
é depor armas e flores
BEM aos pés dos inimigos,
NÃO cair matando de amores
TEM por todos os filhos da puta.
NÃO

TEM
NÃO
TEM

NÃO
TEM
NÃO

100
COPA86 CRÔNICA DE NATAL

Através da Jerônimo Monteiro


Eis que em alheio terreiro
vou mariscando possibilidades
o galinho vira galinha
de prazeres sutis, que o dinheiro
em cujo cu contava o povo
um ovo que lá não tinha. não compre jamais: fraternidade,
As cristas murchas, de novo,
o timão pifa na rinha. por exemplo, por que não? Eis Pardal
A bola não se aninha diante da vitrine de etiquetas,
em gol na rede da França, certamente pensando no Natal
e goram as esperanças que comemoram hoje os caretas.
de nosso povo fominha
de engodos e lambanças. Me oferece unzinho; presto, aceito,
pensando no que pode vir depois.
E eis-nos já aqui, doce deleite,
os dois em um nos dando, dando um dois.

O vinho e os biscoitos compartilho,


curtindo o prazer especial
que existe no se dar sem empecilhos,
coisa rara num mundo tão venal.

Falamos mal de tudo, desde os reis


que hão de enfrentar o Armagedon,
até a eterna laia aia de leis
que impedem a florescência dos dons.

E chega a hora em que todos chegam,


a hora da inelutável partida.

102 103
Imune a visgos, cômodos apegos, CASA & COMIDA
Pardal alçará vôo rumo à vida.

Metido em roupas de liquidação,


chapado e alegre, ele é, com efeito,
um pássaro, anjo de arribação, Tem a ver o papo
levando a vida de qualquer jeito, de que sou o pai
que você não teve,
de léu em léu, filando rango e ninho de que sou a mãe
de quantos não se importem em ter que você não teve.
em troca do que dêem o seu carinho Faça-me de pai,
e a sua alegria de viver. de mãe e de quantos
irmãos necessite
o seu desamparo.
Venha para o abrigo
deste amor frondoso,
deste corpo aberto
em copa à cópula.
Saciemos neste cio
nossas fomes recolhidas.
A despensa do amor
só enche se se esvazia.
Quero ser o pai
que você não teve,
quero ser a mãe
que você não teve,
meu belo pivete,
criança perdida
na selvagem selva.
Quero ser a sua
árvore genealógica,
repleta de frutos
de amorosos sumos.

104 105
Venha para o abrigo AH,CORPO!
deste amor frondoso,
deste corpo aberto
em copa à cópula.
Saciemos neste cio
nossas fomes recolhidas. Em plena madrugada, o bofe insistindo
A despensa do amor num papo alto demais para seres do inframundo.
só enche se se esvazia. Enquanto ele adejava pelo espaço
(do quarto de pensão, com os mosquitos),
a mim, que me interesso pelo céu
na terra, o desprezo que ele dizia ter
pelas coisas do corpo - magro e subnutrido
mas belíssimo para a minha fissura vesga -
só me desenganava, porém não me convencia.
Através de sua quase transparência
(de fomes recolhidas na ascese
um tanto forçada pela pindaíba),
procuro enquadrinhá-lo, entendê-lo.
Sucede que no auge das viagens,
intempestivamente trovejante,
um barulhinho de fome nas tripas do santo
eleva-se aos píncaros, de onde, constrangido,
o bofe despenca e, ploft!, se espatifa no concreto,
em sua ordinária e infame realidade
de pele e osso e necessidades.

106 107
GUIDO REVISITANDO O INFERNO NA PAIXÃO

Mais que bofe, febo, Em águas tantas vezes navegadas,


sol noturno, guia de dor em dor, no dia a dia, ser
de amante míope o bêbado batel entre os corais
e seu amor cego. (arrais e co-arrais já enjoados),
assim vagando em círculos, sem mais
Mais que bofe, febe, combustível além do desespero,
lua amorenada, em águas tantas vezes navegadas.
e eu aluado,
as veias em febre.

Vedem-me de ver-te,
sátiro moreno,
mas dêem-me ao menos
os teus olhos verdes.

108 109
DE EXAUSTIVAS BUSCAS & BATIDAS SAUDAÇÃO AO MENINO

Escanchado no lombo da angústia Que vento te traz ao meu templo,


- porém, menos cavaleiro do que égua semente de luz, não importa.
no cio -, percorro léguas de ruas, Importa é que a mim vens dar. Entra.
noite a dentro - afora becos e praças E vive em mim, de mim, até o fim
que esquadrinho -, as mesmas surradas trilhas de nosso carma juntos nesta dança.
que me conduzem sempre aos mesmos bares, Vive em mim, de mim, menino, qual
em busca do meu Sacrossanto Cálice, bromélia no tronco da mangueira.
meu sacrossandssimo copo, corpo Deus queira, erê. Eu quero. Ererê!
estonteante, onde me desafogo.

110 111
DAS PRIMÍCIAS CONSUMAÇÃO

Regado o chão a humilhações e angústias, Jungidos por suave jugo, par


agora é hora de gozar searas. de ímpares os mais disparatados,
Por louro da vitória deste amor milagre que se alcança em amar,
o fado te conduz à minha porta, que nos expurga todos os pecados,
guri maravilha, erê vagabundo, ergamos nosso reino em lugar
puro ouro manchado de vilezas nenhum, livres de toda servidão
arraigadas no código das feras, senão a de somente só amar,
obra em construção que a mão divina irrevogável sina e remissão.
cumulará de graças e dons, prêmio.
à inocência insana deste amor.

112 113
RETORTAVIA DO AMOR

Mal que bem provei Tu, que, sem pudor, unes céu e lama
por lei inumana, e moves astros, ventos, águas, seres;
sina que me irmana Tu, que, secretamente, amalgamas
à diversa grei; forças opostas e tantos poderes;

mal que bem conheço Tu, que me arquitetas e engendras


de tantos pecados, e sem cujo favor já não existo;
hoje o meu recado Tu, que és a mais bela das legendas
é um bem sem preço e se nos revela Diabo e Cristo;

que se me derrama de Ti, que nos precedes e sucedes


no manso silêncio no tempo, que transcendes, tenho sede
de quem as ciências e fome, ó Nume, que ao abismo arrastas
sabe porque ama. minha alma, tornando-a puta e casta.

114 115
AS BRINCADEIRAS SÉRIAS TURBA

Por amor, sou aio e amo Quereis fugir


de quem amo, e o persigo, ondas em pânico?
me abomino na lama, Não há onde ir.

enfrento qualquer perigo.


Se amo mesmo quem amo
sou meu próprio inimigo,

pois matei o que morreu


em mim ao me dar sem dó
à mó que moeu meu eu.

Só pode amar quem moeu


seu eu na amorosa mó,
e desse pó renasceu.

116 117
CERCO EADWALD
"Vale mais o bom nome que muitns
riquezas; e a boa graça mais
que prata e ouro."
Digo-te, ó Deus:
não procures Deus, Provérbios 22:1
não esperes Deus,
não ocultes Deus, Seja pelo vau do
não fujas de Deus. rio ou mar, seja
Tenho dito, adeus. pelo abismo, ó Valdo,
conforme desejas,

és o pão ausente
nessa mesa posta
(tanta, tanta gente
cevada com bosta).

Crias quantas pontes


podes. Doas odes
ao demo inocente
do reino de Hades.

Reféns de antontens,
hordas de exus
salvam-se em ti, fonte
de verdade, luz

pública, e tão mais


bela e pujante
quanto mais e mais
sejas aclamante.

118 119
D AS MUTAÇÕES VITÓRIA DO ESPÍRITO SA NTO
(AMÉM)
Se és mesmo sincero, hás de mover RE VELAÇÕES DO JUÍZO FINAL
o Céu, a Terra e as potestades.
Se os mapas não indicam tua rota
(CHAVES DE LEITURA BÍBLICA)
nestas águas, apela à estrela íntima.
Dissipa em teu peito e na fronte
o desejo de amar que te oprime. + Deus se manifesta pelas costas (destra/direita/ traseiro):
Em solo do desdém nunca semeies
este sêmen, mas aguarda o teu tempo. Isaías 30:21; Ezequiel 3:12; Apocalipse 1:10
O tigre espere a presa que não sabe
ainda consagrar-se à nobre fome.
A sede acabará achando a fonte + O Senhor Deus, com suas delícias, está à tua destra (costas/
e hás de partilhar os teus prodígios. traseiro):
T ão mais humilde seja o teu barco
mais longe irás, e até contra a maré. Salmos 16:8.11; 17:7; 110:5; Isaías 30:21

+ Somente pelas costas podemos contemplar/adorar/conhecer


a Deus (conhecimento, ou gnose, em contexto bíblico, tem
conotação erótica e sexual, cf. Gênesis 4:1.25; 24:16; Mateus
1:25):

Êxodo 33:21-23

+ Deus está no meio, centro, íntimo, ventre ( :rrp ) de cada um


de nós, e o reino celestial também:

Deuteronômio 7:21; Números 11:20; 14:9- 14 e 42; Lucas


17:21

120 121
+ Monte, montanha, colina, outeiro, rochedo, rocha, penha, (,�) significa mão, antebraço, pênis e à palavra braço ( �rn )
pedreira, pedra, terra, barro, pó etc. Nomes da morada celeste associa-se o sêmen, a semente e o sementeiro (o pênis):
e do centro teofânico, esses tropos aludem aos glúteos, ao ânus,
ao cóccix - área do chacra basal: Gênesis 3:22; Êxodo 33:21-23; Salmos 18:20-24; 28:1,2;
77:3; 98:1; 143:6; 144:1; Isaías 11:8,9; 25:10,11; 59:16; 63:S;
Deuteronômio 32:4.15.18,19.30-34; Salmos 28:1,2; 30:7,8; I Samuel 10:7; II Crônicas 15:7; Sofonias 3:16,17; Zacarias
º
68:16; 72:3; 78:34,35; 85:10-12; 87:1,2; 95:l,2; 99:9; 102:14; 8:13.16 etc.
144:1; Isaías 2:2,3; 6:3; 11:8,9; 17:10; 25:6-12; 26:4; 45:8;
65:16; Jó 19:25; Miquéias 4:1,2; Joel 3:17,18 etc. + Lua nova (até o final da crescente), sábado, madrugada (de O
às 2 horas, principalmente): eis o tempo certo de buscar/louvar
+ Pedra fundamental ou angular, pedra quina!, pedra de tropeço a Deus no lugar sagrado e praticar a justiça (massagens e
e de escândalo, esta pedra viva é, ao mesmo tempo, o Pai e o exercícios anais):
Filho (p = filho e JR= pai estão presentes em pR= pedra):
Isaías 26:9; Provérbios 8:17; Salmos 46:5; 63:1-6; 69:13;
Gênesis 28:17; Salmos 118:22; Isaías 28:16; Mateus 72:7; 78:34; 88:13; 90:14; Oséias 5:15
16:18,19; Romanos 9:33; I Coríntios 10:4; I Pedro 2:4-8
Isaías 1:13,14; 66:23; Levítico 23:3; Êxodo 20:8-11; II Reis
+ Por vezes, a metonímia bíblica confunde a morada e o mo­ 4:23; Salmos 81:3
rador:
+ Sobre o cultivo ou culto da Terra santa e a colheita dos frutos,
Deuteronômio 32:4.15.18.19.30-34; Salmos 18:31; 28:1,2; isto é, as obras da justiça e o prodígio da salvação:
78:35; 144:1
Salmos 28:1,2; 37:29; 67:6,7; 77:3; 85:11,12; 102:13, l •I;
+ Braços, mãos e dedos, veículos de auto-iniciação, produzem 144:1; Provérbios 2:21; 29:4; Jó 19:25; Isaías 1:19,20; 11 :8,lJ;
a justiça e o salvamento dos justos, efeito das massagens e 26:9; 35:3,4; 45:8; 60:1,2; 61:10; 65:16; I Samu(•I 10 7;
exercícios que constituem a oração e o louvor, isto é, o Sofonias 3:16,17; Oséias 6:3; Zacarias 8:9.13.16
''.conhecimento" (mn) de Deus. Ainda que soem como eufe­
mismos e belas metáforas, com efeito, uma só palavra hebraica

122 123
+ Referências ao Deus adormecido que, em seu tempo próprio Deuteronômio 4:4-10; 11:26-28; II Crônicas 15:1-15; Salmo!->
ou ante a petição de seus servos, desperta e levanta-se, 15:1-5; 18:20.24; 27:4,5; 37:1-40; 68:19,20; 78:34,35;
geralmente para salvar os pobres e humildes, para a glória dos Provérbios 3:16; 10:2; 11:4.30; 12:28; Isaías 2:2-4; 11:4 8;
justos e para o terror e a destruição dos ímpios, iníquos e 25:8; 32:16-18; 33:14-16; 35:3,4; 45:8; Ezequiel 18:21,22;
pecadores obstinados: 37:9-14; Oséias 13:13,14; Miquéias 4:2-4; Sofonias 2:3;
Zacarias 3:10; Mateus 5:3-11; 6:33; Marcos 10:13-16; João
Salmos 3:7; 4:6; 7:6; 9:19; 10:12; 12:5; 17:13; 21:13; 35:2.23; 3:3-6.14,15; I Coríntios 15:26.51-56; Apocalipse 2:7.10,
44:23.26; 47:5; 57:5.8; 59:4,5; 68:1; 78:65; 82:8; 94:1,2; 102:13; 11.16,17; 3:5.12.21; 14:4; 20:14; 21:4
108:2-7; 132:8; Isaías 2:10.19.21; 33:2-5.10; 51:5.9; Jeremias
31:26; Jó 19:25 + Relações evidentes entre a oração e a prática da justiça
(massagens anais): julgar e decidir, orar e interceder ( ??� )
+ Tal como (e com) fogo, vulcão, terremoto e tormenta, o Senhor conjugam-se num mesmo gesto ritual, executado às madru­
Deus desperta em seus montes: aflição nos lombos/terríveis gadas, aos sábados e novilúnios. Observe-se que monte(s) e
dores nas costas, estranhos sinais e convulsões, qual dores de deserto(s) são lugares de oração de Jesus Cristo; no Velho Testa­
parto. Por analogia e ressonância, também o planeta sofre a mento, a cama é um lugar adequado para . a comunhão íntima
mesma devastação: com Deus:

Deuteronômio 4:12.15.24.33.36; Êxodo 24:17; II Reis 19:3; Salmos 63:1-6; 65:2; 69:13; 72:7; 77:2; 78:34; 88:9.13; Isaías
Salmos 19:6; 48:6; 66:11; 97:2-5; Isaías 13:3-6.8; 21:3; 24; 1:15; 16:12; 25:10,11; 26:9.16; Provébios 8:17.34; Oséias 5:15;
26:16-18.21; 28:21; 29:6; 30:27-30; 33:11-14; 66:15,16; Mateus 6:6; 14:23; Marcos 1:35; 6:46; Lucas 5:16; 9:28,29
Jeremias 4:13.31; 6:24; 13:21; 30:6; 48:41; 49:22-24; 50:43;
Oséias 13:13; Joel 2:2-5; Amós 7:4; Naum 1:3.8; 2:1-10; 3:13; + Sobre os segredos de Deus, os guardiães e ensinadores da
Habacuque 3:5.11,12; 3:13; Lucas 12:49-56; 21:25,26; ciência sagrada (enganadores ou não) e a revel,1ção ou juízo
Marcos 13:24-31... (ensinamento escatológico) e sobre o ensinador-mor, isto l', o
Consolador ou Advogado/Defensor/Amparador, tamb(>m
+ Das possibilidades de vitória sobre a morte e todas as adver­ chamado Espírito da Verdade ou Espírito Santo:
sidades para os que praticam a justiça e se mantêm fiéis aos
preceitos e estatutos do Senhor Deus. De como e quem há de
conquistar o reino celestial:

124 125
Deuteronômio 4:5-10; 18:15.18; Salmos 25:14; 37:2,3; 111:10; do/contemplado/conhecido pelas costas; a frente/face provoca
Provérbios 8:1-36; 9:1-12; 25:2; Isaías 11:2-5; 25:7-10; 28:2- destruição e morte. Pecar significa errar o caminho, o rumo, o
llss; 30:20; 32:1,2; 41:1-29; 42:1-21; 45:3; 53:1-12; 61:1-5; alvo ( NUn ). Deus advertiu: "Os meus pensamentos não são os
Jeremias 8:7-9; 23:l,2ss; 50:6,7; Ezequiel 18:21-23; 33:1- vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meu
20.30-33; 34:1-31; Daniel 2:1-49; _Oséias 4:1-6; Joel caminhos" (Isaías 55:8); "Destruirei a sabedoria dos sábios e a
2:23.28,29; Miquéias 3:1-11; Mateus 13:9-17ss; 23:2-13ss; inteligência dos inteligentes" (1 Coríntios 1:19, cf Isaías 29:14).
Marcos 4:10.21,22.33,34; Lucas 8:9-17; 10:21-24; 11:46.52;
12:2,3; João 14:16-20.26; 15:26; 16:7...

+ Pensamentos, palavras e ações determinam o destino de cada


um e de todos. Deus não tem venetas ou caprichos, não escolhe
alguém em detrimento de outrem. Consoante a doutrina do
carma, a Bíblia ensina que todos somos responsáveis pelo que
nos sucede e que o devir é o efeito de nossas obras, as quais são
nossos filhos espirituais. O Filho do homem, procedente de
nossos rabos e lombos - cf. Gênesis 35:11; 1 Reis 8:19; Atos
2:29,30; Hebreus 7:5.10 - sai e entra, sobe e desce, vai e retorna.
Eis que estamos no tempo do retorno (século 20, década 200,
ano 2000):

Deuteronômio 4:4-10; 11:26-28; 12:28; 1 Samuel 24:17-20;


Salmos 15:1-5; 18:20.24-26; 24:2-5; Provérbios 30:4;
Eclesiastes 9:12; Isaías 3:9-11; 59:16-18; Jeremias 2:17.19;
4:18; 6:19; 15:19; Lucas 12:39-48; Efésios 4:8-13...

+ Aprenda a discernir a (margem/face/lado: mão) direita da


Pesquisa bíblica respaldada em conhecimentos da lingu,1 lwhr,111·.1,
esquerda Gonas 4:11). Não confunda mais as faces (lados), não da numerologia, do esoterismo, do simbolismo em geral t' t•sp<•n,1'1111•1111•
erre o caminho (Esdras 9:7; Daniel 9:7). Deus só pode ser adora- dos símbolos do corpo. Das várias traduções, prezamos 111.iis ,l dP Jo,10
Ferreira de Almeida, Brasília - DF, Sociedade Bíblica do 13r,1sil, J%!J.

126 127
SUMÁRIO

1
BUND0..................................................................................................... 19
1. Descobrimentos...............................................................................21
2. De omni re scibili (et quibusdam aliis) .......................................22
3. Extáticos dátilos..............................................................................23
4. Quando eu era pequenino.............................................................24
5. Não me canso de tocar....................................................................25
6. Mãos benditas, que servis.............................................................26
7. Ó mãos abençoadas, que sondais..............................................27
8. Delícias da Terra santa..................................................................28
9. Taberna culu dei..............................................................................29
10. Tudo em riba do penedo...............................................................30
11. Mundo cão.........................................................................................31
12. Exortação............................................................................................32
13. A nunciação.......................................................................................33
14. Endereço da salvação....................................................................34
15. Oferenda à Mãe Primeira..............................................................35
16. A Eshu Ganesha..............................................................................36
17. Rumo ao paraíso.............................................................................37
18. Olhei para a minha destra............................................................38
19. Fogo telúrico nos lombos...............................................................39
20. Venturosos montes gêmeos...........................................................40
21. Vem comigo, meu amado...............................................................111
22. Terra dos montes rebolantes..........................................................4
23.Ave, pedra dos escândalos............................................................ •11
24. Instalou sóis nos céus.................................................................... A I
25. Encantamento............................................................................. .. .. 1 ,
26. Entro no........................................................................................ .. . 11,
27. Retornai, desgraças........................................................................ 17
28. Deus furioso.............................................................................. ....... IH

129
29.Acanção do Senhor........................................................................49
11. Círculo dos horrores.......................................................................1 11
30. Os homens erram e sofrem...........................................................54
12. Da árvore invertida.........................................................................112
31. Iniciação de Jacó..............................................................................55
32. Anima X animus..............................................................................56
33. A mulher é um homem ao avesso...............................................57
�!: �:�;::i:a��-��::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::9:1
15. Preceituário para racistas com receita de rebuçado
in

34. Que o sol fique lívido......................................................................58


e contra-receita de angu.................................................................98
35. Boa Esperança do Espírito Santo ................................................59
16. Os sinos............................................................................................. 100
36. Consagrei-me sacerdote do Espírito Santo ...............................60
17. Toque para Ogun............................................................................ l OI
37.No cu do mistério ............................................................................61
18. Copa 86.............................................................................................. I 02
38. Guerra aos deuses todos...............................................................62
19. Crônica deNatal............................................................................. 10'.'
39. Meu nome não é meu......................................................................63

�: ����.��i.- ·._-.. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ·. ·.- ·. ·.- .- .· :.:·.: ·. : : ·.: :·.:·.:·.: : : : : : : : : : : : : : : : !��


20. Casa & comida................................................................................l 05
40. Com vara no lombo.........................................................................64
41. Ele tem uma vara de ferro .............................................................. 65
42. Filho do homem, fruto da Terra...................................................66
23. Revisitando o inferno na paixão................................................ 109
43. Retorno triunfal................................................................................67 24. De exaustivas buscas & batidas................................................. ! IO
44. Pelo rabo.............................................................................................68 25. Saudação ao menino...................................................................... 11 I

�[��=?.'·· · · · · · · · · · · · ·· ·· · · · · · · · · · · ··· · · · · · · · · · · · · · · · ·• :::


45.No cu....................................................................................................69 · , · 112
D
46. Pão excrementício............................................................................70
47. Claro, claro.........................................................................................71
29. Do amor.............................................................................................. 115
30.As brincadeiras sérias................................................................... 116
II 31. Turba................................................................................................... 117
WAW...........................................................................................................75 32. Cerco..................................................................:................................ 118
e
33. Ead Wald........................................................................................... 119
�: � ����::::::::::::::::::::::::::.".".".".".'."."."."."."."."."."...".".".".·.·.·.·.·.·.·.·.·.·.·.·.·.·.·.·.·.·.·.::::::::::::::::::::::::::::::�� .
34. Das mutações................................................................................... 120
3. Vórtice...................................................................................................81
4. Meditação no crepúsculo...............................................................82 Revelações do Juízo Final (Chaves de leitura bíblica).............. 121
5. Heróico.................................................................................................83
6. Gesta da peste que ronda............................. , .................................84
7. Ode à ida ao id..................................................................................86
8.Nos dias deAids...............................................................................88
9. Sede de Hades....................................................................................89
10. Cuspir no prato/virar a mesa....................................................90

130 131
'QUASE BALBUCIANDO SECRJffAMEN'l'I·:,
O BUNDO É UMA BELEZA Ql!E SE l'l((JNI INUA,
ATREVIDA COMO NOSSO AMOR l)E l'OV< > l'l'I.AS
IALE(;JHAS l>A IIIINI >A
É PRÁTICO COMO SÃO OS UVIWS DOS Vf!l>IIS
PARA ALTA MEDITAÇÃO, DEl'l lAI.A<_:Ac l, CANTAI >AS I
ICAN'l'O.
EVOÉ BUNDO.

JOSÉ CELSO MAJ/'f'lN/'.';/ < '()/<fll•.11

Nasci em Boa Esperança, ES, cm 27.10.11 1 1 1


Quis ser jornalista (UFES), mas abandorwl o ( 111.,0
e virei autodidata. Menos de um lustro d,· ('Ili
prego estatal (DEC), e dei o fora, indignado. l·li·r
tei com o engajamento - cultura ncgrn, g,�y /ih. 11 iz
teatro amador. Ensino o que sei de s11nl>olrn,, lw
braico, numerologia e quejandos, ministro .rs ollt l
nas Poiesis e recito.
Entre títulos inexpressivos, publiquei: () i��1111 11,1
pele (81), As peripécias do coração (82), S11lti1io ri,, /1111
cura (84), em edições alternativas, a coletarl!'.I Fí.1 11
homem (87) e Poiezen (90), pela FCAA l 111 1·'.S v
UFES/Massao Ohno, respectivamenlc.
Em 85, enjoei dos freges e desbuntl •s; ('lll 110,
com Wáw e Poiezen escritos, cruzei o pori,rl d(' lo
go e descobri o famigerado Nome. Assullll os rl1,
cos de minha gesta espiriLual e Lornd 111(' .rl1.�ol11
tamente apocalíptico escatológico.
Creio que nomes e números enn·r rvn1 dvsrg
nios, e penso que Vitória do Espírito S.11110 11,10 ('
um lugar insignificante.

Impresso na �editoragrafica1tm. V11/tlo M1111,1


03043 Rua Martim Burchard, 246
Brás - São Paulo - SP
Fone: [011) 270-4388 [PABXJ
com filmes fornecidos pelo Editor.

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