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CIÊNCIAS HUMANAS

E SUAS TECNOLOGIAS

FRENTE: TEMAS E ATUALIDADES


EAD – MEDICINA
PROFESSOR: HERMANO MELO
AULA 3

ASSUNTO: GOLPES, RUPTURAS E REVOLUÇÕES – PARTE 1

O Golpe da Maioridade – 1840


1. Introdução
a) Instabilidade da regência.
b) Disputas políticas (liberais x conservadores).
Golpes, rupturas e revoluções c) Debate político: em torno da centralização ou
descentralização do poder.
1. Introdução d) Intensa agitação política e social em várias províncias:
a) Conceitos básicos  1835 – Cabanagem (PA), popular
 Golpe: ação que promove desrespeito a ordem político-  1837 – Sabinada (BA), classe média
institucional.  1838 – Balaiada (MA), popular
 Revolução: Conjunto de alterações ou mudanças que  1835 – Farroupilha(RS), elitista
alteram efetivamente a estrutura.
 Revolta: manifestação de rebeldia ou reação contrária a “... Nasci e me criei no tempo da regência e nesse tempo o Brasil
uma medida ou conjunto de medidas. vivia, por assim dizer, muito mais na praça pública do que mesmo
 O mito da cordialidade do povo brasileiro. no lar doméstico.”
Justiniano José da Rocha
b) Rupturas e permanências na história do Brasil.
(Independência, golpe da maioridade, golpe republicano)
Observações: O Levante dos Malês
Repensando a nossa independência – 1822 Foi a mais importante revolta de escravos da história da Bahia.
Os malês eram escravos islamizados, isto é, adeptos da religião
1. Um jogo político comandado pela aristocracia: (Papel de José
muçulmana. Quase tomaram a cidade de Salvador e ainda hoje
Bonifácio) – Aliança circunstancial de interesses de D. Pedro e
das elites brasileiras para manterem seus privilégios. há marcas na memória do povo soteropolitano.

2. Manutenção da mesma estrutura: Monarquia, escravista,


exportadora latifundiária, monocultora.
2. Articulado pelos liberais. (Objetivo de retomar o poder).
3. Sem participação popular no processo de independência. 3. Clube da Maioridade.
4. Heroísmo de D. Pedro I? 4. Visto como uma solução política (Restauração do poder
moderador).
Observações: Fique de olho! Cronologia da Regência de
D. Pedro (1822) Proclamação ou golpe republicano?
Janeiro: “Dia do Fico”.
1. Introdução
Maio: Decreto do “Cumpra-se”.
a) O império em crise
Junho: D. Pedro convoca Assembleia Constituinte.  Questão religiosa: Estado x Igreja x Maçonaria (Bula
Agosto: tropas portuguesas no Brasil consideradas inimigas. Syllabus).
Setembro: Após receber ultimato de Portugal, D. Pedro  Questão militar: Estado x Exército (pós Guerra do
proclama a independência (07/09/1822). Paraguai)
Outubro: D. Pedro foi proclamado Imperador Constitucional e  Questão sociopolítica: Estado x Escravocratas
Defensor Perpétuo do Brasil (abolicionismo)
 Golpe republicano: Cafeicultores, classe média e
Dezembro: D. Pedro é coroado Imperador.
militares.

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D) à chamada Revolução de 30, que depôs o governo eleito


com apoio do Movimento Tenentista, colocou Getúlio
Vargas no Poder e convocou uma Assembleia Constituinte.
E) à instalação do Estado Novo durante o governo de Getúlio
Vargas entre 1937-1945.

03. (Enem/2009) No tempo da Independência do Brasil, circulavam


nas classes populares do Recife trovas que faziam alusão à
revolta escrava do Haiti:
Marinheiros e caiados
Todos devem se acabar,
Porque só pardos e pretos
O país hão de habitar.

AMARAL, F. P. do. Apud CARVALHO, A. Estudos pernambucanos.


Recife: Cultura Acadêmica, 1907.

2. Características O período da Independência do Brasil registra conflitos raciais,


a) Articulado pelo partido republicano e sem participação como se depreende
popular. A) dos rumores acerca da revolta escrava do Haiti, que
 “O povo assistiu bestializado a chegada da república” – circulavam entre a população escrava e entre os mestiços
“O Brasil não tem povo, tem público”. pobres, alimentando seu desejo por mudanças.
b) Os diversos significados da nossa república. B) da rejeição aos portugueses, brancos, que significava a
 Cafeicultores: Federalismo – Norte Americano. rejeição à opressão da Metrópole, como ocorreu na Noite
 Classe média: Jacobinismo – Francês. das Garrafadas.
 Militares: Positivismo – Francês. C) do apoio que escravos e negros forros deram à monarquia,
com a perspectiva de receber sua proteção contra as
injustiças do sistema escravista.
D) do repúdio que os escravos trabalhadores dos portos
demonstravam contra os marinheiros, porque estes
representavam a elite branca opressora.
E) da expulsão de vários líderes negros independentistas, que
01. (UFTM/2012) No Brasil, os anos que se seguiram à
defendiam a implantação de uma república negra, a
Independência foram marcados por crises políticas e revoltas
exemplo do Haiti.
em várias províncias. A situação ganhou novos rumos com o
Golpe da Maioridade, que pode ser caracterizado como
A) o movimento que afastou D. Pedro I e deu início ao 04. (Enem/2010) Eu, o Príncipe Regente, faço saber aos que o
Período Regencial. presente Alvará virem: que desejando promover e adiantar a
B) a luta entre monarquistas e republicanos, que marcou o riqueza nacional, e sendo um dos mananciais dela as
Primeiro Reinado. manufaturas e a indústria, sou servido abolir e revogar toda e
C) a manobra do Partido Liberal, que antecipou a coroação de qualquer proibição que haja a este respeito no Estado do
D. Pedro II. Brasil.
D) a reação conservadora, que restringia o poder das
Alvará de liberdade para as indústrias (1º de Abril de 1808).
assembleias provinciais. In: Bonavides, P.; Amaral, R. Textos políticos da História do Brasil.
E) a ação de Feijó que, com apoio da Guarda Nacional, Vol. 1. Brasília: Senado Federal, 2002 (Adaptado).
instituiu a Regência Una.
O projeto industrializante de D. João, conforme expresso no
02. (Udesc/2016) “Por ora, a cor do Governo é puramente militar alvará, não se concretizou. Que características desse período
e deverá ser assim. O fato foi deles, deles só, porque a explicam esse fato?
colaboração do elemento civil foi quase nula. O povo assistiu A) A ocupação de Portugal pelas tropas francesas e o
bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer que significava. fechamento das manufaturas portuguesas.
Muitos acreditavam sinceramente estar vendo uma parada”. b) A dependência portuguesa da Inglaterra e o predomínio
Aristides Lobo. industrial inglês sobre suas redes de comércio.
c) A desconfiança da burguesia industrial colonial diante da
A citação anterior faz referência chegada da família real portuguesa.
A) ao golpe civil-militar instaurado no Brasil, no ano de 1964. d) O confronto entre a França e a Inglaterra e a posição dúbia
B) às transmissões efetuadas pela imprensa televisiva sobre as assumida por Portugal no comércio internacional.
multidões que ocuparam as ruas em 2015, contra a e) O atraso industrial da colônia provocado pela perda de
corrupção e o governo do PT. mercados para as indústrias portuguesas.
C) à instauração da República no Brasil, no ano de 1889.

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05. (Fac. Albert Einstein – Medicina/2017) “A vinda da Corte com As ações pela antecipação da maioridade, expresso na
o enraizamento do Estado português no Centro-Sul daria quadrinha popular do século XIX, confirma a esperança de
início à transformação da colônia em metrópole interiorizada. superação da crise vigente durante o Período Regencial.
Seria esta a única solução aceitável para as classes dominantes
em meio à insegurança que lhes inspiravam as contradições Sobre o golpe da maioridade podemos afirmar:
da sociedade colonial, agravadas pelas agitações do A) Este ato significou a diminuição das atribuições de D. Pedro II,
constitucionalismo português e pela fermentação mais e uma tentativa de solucionar a crise social e econômica
generalizada no mundo inteiro da época, que a Santa Aliança que atingia as províncias do norte do país.
e a ideologia da contrarrevolução na Europa não chegavam a B) A proposta da antecipação da maioridade do imperador foi
dominar.” apresentada pelos liberais para solucionar a crise política
vivida pelo país.
Maria Odila Leite da Silva Dias. A interiorização da metrópole C) O golpe da maioridade foi uma manobra dos
e outros estudos. São Paulo: Alameda, 2005.
conservadores para antecipar a maioridade de D. Pedro,
o qual assume o poder aos 17 anos.
O texto oferece uma interpretação da independência do D) O golpe da maioridade ocorre no momento em que os
Brasil, que implica problemas sociais que marcaram o período regencial:
A) o reconhecimento da importância do processo de fome, seca e estagnação das culturas tradicionais tinham
emancipação, que influenciou a luta por autonomia na sido totalmente superados.
Europa e em outras partes da América, impulsionou a E) A medida foi apresentada no momento em que a revoltas
economia mundial e estabeleceu as bases para um pacto regenciais foram reprimidas pelos governos locais com
social dentro do Brasil. ajuda do governo central.
B) a caracterização da emancipação como um ato meramente
formal, uma vez que ela não foi acompanhada de 08. (Unesp/2012) A maioridade do príncipe D. Pedro foi
alterações significativas no cenário político, nem de antecipada, em 1840, para que ele pudesse assumir o trono
reformas sociais e econômicas capazes de romper a brasileiro. Entre os objetivos do chamado Golpe da
dependência externa do Brasil. Maioridade, podemos citar o esforço de
C) o reconhecimento da complexidade do processo de A) obter o apoio das oligarquias regionais, insatisfeitas com a
emancipação, afetado simultaneamente por movimentos centralização política ocorrida durante o Período Regencial.
como os reflexos da Revolução Francesa, a Revolução do B) ampliar a autonomia das províncias e reduzir a interferência
Porto, as disputas políticas na metrópole e na colônia e as do poder central nas unidades administrativas.
tensões sociais dentro do Brasil. C) abolir o Ato Adicional de 1834 e aumentar os efeitos federalistas
D) a caracterização da emancipação como uma decorrência da Lei Interpretativa do Ato, editada seis anos depois.
inevitável do declínio econômico português provocado pela D) promover ampla reforma constitucional de caráter liberal
invasão napoleônica, pelo endividamento crescente com a e democrático no país, reagindo ao centralismo da
Inglaterra e pela redução nos recursos obtidos com a Constituição de 1824.
colonização do Brasil. E) restabelecer a estabilidade política, comprometida durante
o Período Regencial, e conter revoltas de caráter regionalista.
06. (Uece/2010.1) “Tivemos nossas guerras de independência,
só que não para realizá-la, mas, sim para sustentá-la”. 09. (Enem Simulado) “Desde os tempos de Heródoto e Tucídides,
a história tem sido escrita sob variada forma de gêneros:
FRANCES, Daniel. História do Brasil. Fortaleza: Premius, 2004, p. 187. crônica monástica, memória política, tratados de antiquário,
e assim por diante. A forma dominante, porém, tem sido a
A partir da frase anterior, entende-se que a independência narrativa dos acontecimentos políticos e militares, apresentada
brasileira de 1822, representou como a história dos grandes feitos de grandes – chefes militares,
A) uma ruptura completa com a metrópole colonizadora e a reis. Foi durante o Iluminismo que ocorreu, pela primeira vez,
vitória dos grupos defensores da República no Brasil. uma contestação a esse tipo de narrativa histórica."
B) um ato político-administrativo, porém, na prática a BURKE, P. A escola dos Annales 1929-1989: A revolução francesa
continuidade da ordem econômica e social. da historiografia. Tradução de Nilo Odália. São Paulo: Unesp, 1991, p.18.
C) a ruptura da ordem econômica com a abolição da
escravatura e o fim da estrutura do latifúndio. A clássica representação da memória nacional está presente na(o)
D) a diminuição radical dos desníveis socioeconômicos A) afirmativa de mártir-herói atribuído a Tiradentes logo após
herdados do período colonial. a Inconfidência Mineira.
B) Assinatura da Lei Áurea por D. Pedro II que foi considerado
07. (IFBA/2017) benemérito do abolicionismo.
“Queremos Pedro II, C) Liderança dos militares no golpe Republicano omitindo a
Ainda que não tenha idade. participação de outros segmentos.
A nação dispensa a Lei D) Resgate dos valores políticos da Primeira República pelos
E viva a maioridade.” líderes da Revolução de 1930.
E) Construção “mítica” de Vargas como o “pai dos pobres”
pelos dos liberais paulistas.

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10. (Enem Simulado) B) o ressentimento do clero católico contra o imperador, que


resolveu pôr fim à união Igreja-Estado, assegurada pela
“Dom Pedro II dormindo...”, 1887, caricatura de Angelo Constituição outorgada, em 1824, por D. Pedro I.
Agostini. C) a atitude de fraqueza de D. Pedro II perante o
Revista Ilustrada.
representante máximo da Igreja Católica, que o obrigou a
renunciar definitivamente ao direito de exercer o Padroado.
D) o impasse político criado pela Questão Religiosa, que
abalou a relação entre Igreja-Estado, apesar da anistia
concedida pelo Imperador D. Pedro II aos bispos rebeldes.

12. (IFBA/2016) Neste país, que se presume constitucional e onde


só deverão ter ação poderes delegados, responsáveis,
acontece, por defeito do sistema, que só há um poder ativo
onímodo, onipotente, perpétuo, superior à lei, e à opinião, e
esse é justamente o poder sagrado, inviolável e irresponsável.

Trecho do Manifesto Republicano, publicado no Jornal A República,


do Rio de Janeiro, em dezembro de 1870.
Disponível em: <http:/www.historiamais.com/manifesto.htm>.
Acesso em 20.09.2015.

https://ocomentaristapolitico.wordpress.com/2014/05/04/
os-interesses-da-midia-burguesa-nos-escandalos-de-corrupcao/
A crítica apresentada pelo Manifesto Republicano de 1870
pode ser associada
A imagem, observando o contexto político da sua publicação A) ao despotismo de D. Pedro II, no desrespeito à Constituição
busca Imperial.
A) destacar a eficaz reação do governo monárquico às duras B) aos amplos e ilimitados poderes garantidos ao Imperador
críticas que o jornal O Paiz faz ao seu governo. pelo Poder Moderador.
B) mostrar que a prática da leitura no país não desperta o C) à irresponsabilidade de D. Pedro II no trato com o dinheiro
interesse das autoridades governamentais. e com as finanças públicas.
C) evidenciar a apatia do monarca em meio ao declínio do D) ao estado de corrupção e fraudes que envolvia D. Pedro II e
império e das mobilizações republicanas e abolicionistas. grande parte de seus assessores.
D) retratar um monarca progressista e indiferente, mas com a E) aos prejuízos econômicos do país nas negociatas que
idade avançada e sem dotes intelectuais para governar o D. Pedro II realizou com a Inglaterra.
país.
E) exaltar a quantidade de jornais que são publicados em 13. (Uerj/2010)
meio a rígida censura feita pelo governo monárquico.
INDEPENDÊNCIA OU MORTE

11. (PUC/MG – 2006)

Pedro Américo – www.dee.ufcg.edu.br

Esta tela foi produzida entre 1886 e 1888, momento de crise


do Estado Imperial e de expansão do republicanismo.
A imagem da Independência do Brasil nela representada
enfatiza uma memória desse acontecimento político
entendido como
Observe a charge de Bordalo Pinheiro, publicada em
A) ação militar dos grupos populares.
"O Mosquito", em setembro de 1875. Ela expressa
B) fundação heroica do regime monárquico.
A) a punição exemplar do Papa Pio IX ao Regente do Trono,
C) libertação patriótica pelos líderes brasileiros.
que, desrespeitando as determinações do Vaticano,
D) luta emancipadora face ao domínio estrangeiro.
decretou plena liberdade de culto no Brasil.

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14. (PUC-MG/2007.2) Segundo o historiador José Murilo de Resolução


Carvalho, o povo acompanhou bestializado a criação do
regime republicano no Brasil. Essa afirmação pode explicar
nossa Proclamação da República no Brasil como 01. O golpe da maioridade deve ser visto historicamente como
A) adoção das teses sobre a ordem e o progresso, inspiradas uma articulação política dos liberais que pretendiam tomar o
na revolução norte-americana do século XVIII. poder das mãos dos conservadores. Através de uma
B) uma ruptura com os valores liberais, instituídos pelo ideário campanha na qual se destacava em importância o “Clube da
dos membros do clube militar do Rio de Janeiro. Maioridade”. Acreditava-se que a agitação política e social
C) um golpe militar ou quartelada, que instaurou novo seria reduzida com a instituição do legítimo herdeiro no trono,
modelo político nos moldes que tivemos mais tarde em já que isso implicaria também na restauração do poder
1964. Moderador, facilitando sobremaneira o combate aos focos
D) estabelecimento de uma nova ordem social, que promovia rebeldes que ameaçavam a ordem monárquica.
a igualdade social com base na organização do trabalho.
Resposta: C
a
15. (Enem/2010 – 1 Aplicação) 02. O conhecimento historiográfico pode ser muito útil aos alunos
I. Para consolidar-se como governo, a República precisava nessa questão, pois foi com José Murilo de Carvalho na obra
eliminar as arestas, conciliar-se com o passado monarquista, Os Bestializados que se eternizou a impressão de Aristides Lobo
incorporar distintas vertentes do republicanismo. Tiradentes sobre o processo que culminou com a instauração da República
não deveria ser visto como herói republicano radical, mas no Brasil, dizendo “O povo assistiu bestializado” para referir a
sim como herói cívico-religioso, como mártir, integrador, ausência de participação popular nesse processo.
portador da imagem do povo inteiro.
Resposta: C
CARVALHO, J. M. C. A formação das almas: O imaginário da República
no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. 03. A questão faz referência à demanda por mudanças que
marcavam os interesses dos grupos populares, especialmente
II. Ei-lo, o gigante da praça, negros e mulatos, no período da independência do Brasil.
O Cristo da multidão! A autonomia política não foi acompanhada por grandes
É Tiradentes quem passa transformações econômicas e sociais, mantendo-se velhas
estruturas coloniais, como o latifúndio, a economia agrária
Deixem passar o Titão.
exportadora, a escravidão e a exclusão social. Esta situação
ALVES, C. Gonzaga ou a revolução de Minas. In: CARVALHO, J. M. C. levou ao surgimento de movimentos e ideias que resgatavam
A formação das almas: O imaginário da República no Brasil. o processo de independência do Haiti, marcado pelo
São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
radicalismo e a violência, principalmente contra os brancos.

A Primeira República brasileira, nos seus primórdios, precisava Resposta: A


constituir uma figura heroica capaz de congregar diferenças e
sustentar simbolicamente o novo regime. Optando pela figura 04. A questão aborda as dificuldades enfrentadas para a
de Tiradentes, deixou de lado figuras como Frei Caneca ou concretização de um projeto de industrialização no Brasil.
Bento Gonçalves. A transformação do inconfidente em herói Observe que, mesmo com o fim da proibição às manufaturas
nacional evidencia que o esforço de construção de um promovida pelo Príncipe Regente D. João com o Alvará de
simbolismo por parte da República estava relacionado Liberdade para as indústrias, o projeto industrializante não se
A) ao caráter nacionalista e republicano da Inconfidência, concretizou, pois a hegemonia inglesa sobre Portugal e
evidenciado nas ideias e na atuação de Tiradentes. consequentemente sobre o Brasil inviabilizava um projeto
B) à identificação da Conjuração Mineira como o movimento industrial autônomo na medida que a Inglaterra desfrutava no
precursor do positivismo brasileiro. Brasil de grandes vantagens comerciais (alfandegárias).
C) ao fato de a proclamação da República ter sido um
Resposta: B
movimento de poucas raízes populares, que precisava de
legitimação.
05. A questão aponta para os eventos que na Europa
D) à semelhança física entre Tiradentes e Jesus, que
influenciaram e repercutiram no processo de independência
proporcionaria, a um povo católico como o brasileiro, uma
do Brasil. As ideias liberais iluministas presentes na Revolução
fácil identificação.
Francesa foram aqui adaptadas para atender aos interesses da
E) ao fato de Frei Caneca e Bento Gonçalves, terem liderado
elite agrária. A tentativa de recolonizar o Brasil que era
movimentos separatistas no Nordeste e no Sul do país.
princípio da Revolução Liberal do Porto acelerou a ruptura
pela impossibilidade de conciliar interesses antagônicos de
portugueses e segmentos da elite nacional. Esses e outros
elementos nos permitem classificar a independência do Brasil
como um processo relativamente complexo.

Resposta: C

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06. Historicamente é possível compreender o processo de em 13 de maio de 1888. Essa situação foi e continua sendo,
independência do Brasil como um ato essencialmente político, mesmo com menor intensidade, responsável pela
na medida em que, rompemos o pacto colonial com a disseminação da imagem da princesa como a “libertadora dos
metrópole, mas mantivemos a estrutura econômica e social escravos”. Ainda que historicamente saibamos que o Golpe
praticamente intactas, marcadas pela exclusão social, Republicano foi resultado da convergência de interesses de
especialmente pela manutenção do trabalho escravo, bem diversos grupos como os cafeicultores, segmentos médios e
como pela dependência econômica junto aos ingleses. militares, a memória deste episódio é centrada na figura de
Observe, no entanto, que tínhamos como representante Deodoro da Fonseca que evidencia o protagonismo dos
maior, o herdeiro legítimo do trono português (D. Pedro I), militares e ignora ou omite os demais elementos envolvidos.
o que mantinha certa desconfiança de uma possível Após a Revolução de 1930, ao destituir do comando do país
recolonização. os paulistas representados por Washington Luís, seus líderes
procuraram criar uma memória negativa do modelo político
Resposta: B que vigorou na Primeira República destacando suas práticas
políticas corruptas e que limitavam a participação popular na
07. A antecipação de D. Pedro II significaria a restauração do vida política. Por fim, a clássica alcunha de Vargas como “pai
poder moderador e por via de consequência haveria um dos pobres” não foi resultado do esforço dos defensores do
reforço do poder e da autoridade do monarca. Vale lembrar liberalismo que de maneira geral não concordavam com
que o golpe foi articulado pelos liberais que pretendiam intervencionismo e trabalhismo varguista.
recuperar o poder que estava nas mãos dos conservadores.
O ambiente em 1840 ainda era muito conturbado sendo Resposta: C
equivocado afirmar que o golpe da maioridade ocorreu
quando os problemas sociais estavam superados e que todas 10. Depois de um longo período de relativa estabilidade, as crises
as revoltas já haviam sido superadas, a Farroupilha, por sociais, políticas e econômicas fragilizaram o império.
exemplo, só vai ser encerrada em 1845. A imagem publicada dois anos antes do golpe republicano de
1889 busca representar a D. Pedro II como um governante
Resposta: B que diante da sua própria fragilidade física (velho e cansado)
e até de outros componentes que não aparecem na imagem,
08. Embora articulada pelos liberais a antecipação de D. Pedro II mas que, eram limitadores de seu vigor (sofria de diabetes),
no trono era vista como uma solução para o quadro de era incapaz de atender as demandas dos grupos que lhe
instabilidade política e social da fase das regências, pois com a faziam questionamentos e que levantaram a bandeira
restauração do poder Moderador a capacidade de repressão republicana.
seria ampliada.
Resposta: C
Resposta: E
11. A vinculação da Igreja ao Estado presente desde a
09. A questão destaca a construção da identidade nacional a Constituição de 1824 acabou gerando no decorrer do
partir da memória, construída e reconstruída levando em Segundo Reinado uma forte querela envolvendo o Trono e o
consideração a diversidade de interesses e o contexto histórico Altar. No cerne da questão estava a determinação do Papa
que se inserem. Senão vejamos: O Alferes José Joaquim da Pio IX em expurgar os elementos da maçonaria usando para
Silva Xavier, popularmente conhecido como Tiradentes foi tal a normativa da Bula Syllabus. No Brasil o envolvimento de
submetido ao castigo exemplar, ou seja, execução, em 1792, D. Pedro II com a maçonaria fez com tal dispositivo papal aqui
por seu envolvimento na Inconfidência Mineira. Naquele não tivesse valor, no que se rebelaram dois bispos que por
momento as autoridades da época procuraram macular e desobediência ao Imperador acabaram presos. O impasse
estigmatizar a imagem do inconfidente que só foi conhecido como questão religiosa ou episco-maçônica acabou
ressignificada após a proclamação da República como contribuindo para a fragilização das bases de sustentação do
podemos constatar pela análise da obra Tiradentes Império, ainda que os bispos tivessem sido anistiados.
Esquartejado (1893) de Pedro Américo. De forma geral pode-se
atribuir à obra a tentativa de estabelecer uma imagem de Resposta: D
herói-mártir ao Alferes, associando o sofrimento de Tiradentes
ao suplício de Jesus. O mesmo artista, foi também autor de 12. As transformações econômicas e sociais que o Brasil viveu em
uma das mais significativas obras relativas a identidade meados do século XIX estiveram em muitos momentos
nacional conhecida como Independência ou Morte ou associados a ascensão dos cafeicultores do Oeste paulista.
O Grito. Concluída em 1888, foi encomendada por D. Pedro II Dessa forma, este grupo que se mostrava disposto a ter maior
em meio a um contexto de crise que culminaria com o golpe influência no processo político nacional, fez duras críticas ao
republicano de 1889, em uma propensa tentativa de resgatar centralismo imperial definido na Constituição de 1824
a imagem de seu pai como um herói e de ressaltar a tradição especialmente no que concerne as prerrogativas do poder
monárquica sob a qual a nação brasileira foi originada. Moderador. Em síntese, o Manifesto Republicano de 1870
Ausente por questões de saúde, convém destacar que defende o federalismo em oposição ao unitarismo monárquico.
D. Pedro II não foi o responsável pela assinatura da Lei Áurea,
cabendo essa responsabilidade a sua filha, a princesa Isabel, Resposta: B

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13. A tela Independência ou Morte foi produzida por Pedro


Américo de Sousa sob a encomenda do governo imperial em
um momento em que monarquia brasileira enfrentava grave
crise em virtude do avanço do abolicionismo e do
republicanismo.
A obra é cercada de polêmicas pois além do próprio Pedro
Américo não ter sido testemunha ocular do evento
especialistas costumam destacar divergências da
representação com o relato de historiadores. Para completar o
pintor ainda foi acusado de plágio da obra 1807, Friedland,
de Ernest Meissonier, pintado em 1875. Entre as
interpretações atribuídas a obra está aquela que o autor
procurava resgatar na tradição a legitimação do governo
monárquico, tomando como referência a independência,
destacada como um ato de heroísmo de D. Pedro I, que
rompeu com a sua pátria em nome da liberdade do povo
brasileiro.

Resposta: B

14. No Brasil a “República”, não assumiu o significado que


preceitua etimologia da palavra, isto é "coisa pública".
Observamos que seus idealizadores temiam as consequências
que a participação popular poderiam lhes trazer. De fato,
a República no Brasil não contou com a participação efetiva
das camadas populares, como se observa na expressão de
Aristides Lobo que afirmou: “o povo assistiu bestializado”,
concluindo ainda que o povo julgava tratar-se de uma
"parada militar". Essa impressão nos remete ao que foi de
fato o evento do dia 15 de novembro de 1889, um verdadeiro
golpe militar (ainda que para tanto tivesse contribuído os
interesses de cafeicultores e da classe média) em que os
militares aproveitaram a fragilidade do Império, que
mergulhado em muitas crises, não esboçou qualquer reação
capaz de impedir sua melancólica derrocada. O lema
estampado em nossa bandeira “Ordem e Progresso” ajuda a
explicar o projeto de República desejado pelos militares,
fundamentado nos valores positivistas.

Resposta: C

15. A identificação de Tiradentes como herói do republicanismo


brasileiro foi incentivada pela elite, pois as características da
Inconfidência Mineira objetivavam uma independência, mas
sem radicalização, ou seja, o programa político não destruiria
a estrutura vigente, como a monocultura e o latifúndio.
Já outros movimentos republicanos se tornam radicais, como
a Confederação do Equador, pois permitiam uma relativa
ascensão popular, o que deixava a aristocracia temerosa, além
de quebrar a unidade territorial do país.

Resposta: C

SUPERVISOR/DIRETOR: MARCELO PENA – AUTOR: HERMANO MELO


DIG.: EDNA – REV.: KARLLA

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