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CURITIBA
2020
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CURITIBA
2020
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LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Perspectivas a partir das quais o cristão pode avaliar vários aspectos da
arte..............................................................................................................................11
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5
4.4 O fato de algo ser uma obra de arte não o torna sagrado ............................... 12
4.6 A arte pode ser usada para todo tipo de mensagem ....................................... 13
4.11 Todo artista enfrenta a dificuldade de fazer uma obra de arte individual bem
como a de desenvolver um conjunto de obras ...................................................... 15
6 CONCLUSÃO......................................................................................................... 17
7 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 19
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1 INTRODUÇÃO
Em pleno século 21, ainda não há um entendimento claro nas igrejas, de como
o artista deve relacionar a sua fé e profissão no mundo hoje. A tendência dualista do
sacro e do profano, ao sacralizar a arte “gospel” e desprezar a arte secular está
presente na maioria dos círculos eclesiásticos. Se faz necessário que a arte e a
teologia andem mais juntas. Essa é uma das razões na escolha do tema, que faz eco
ao autor Steve Turner, quando ele compartilha de forma aberta o seu anseio sobre a
arte e o cristianismo:
3 A BÍBLIA E A ARTE
Para os cristãos em geral, não é tão claro o que a Bíblia fala sobre a arte. Assim,
o esforço aqui se dá em esclarecer o que a Palavra de Deus vai dizer sobre o assunto.
Serão elencados aqui versículos e trechos de histórias bíblicas que ajudam a perceber
princípios sobre a arte na Bíblia. Pode-se encontrar ideias sobre arte figurativa
(escultura e objetos), arquitetura, poesia, música, teatro e dança.
Na história do povo hebreu há muitos relatos interessantes. Muitos acham que
os dez mandamentos proibiam a arte (Ex 20.4-5), mas ao olhar Lv 26.1, fica claro que
a proibição é sobre a adoração à alguma arte figurativa. “Adorar a arte é um erro;
produzi-la, não.” (SCHAEFFER, 2010, p. 20) Do mesmo modo, a ordem de Deus a
Moisés sobre a construção do tabernáculo, emprega variadas formas de arte figurativa:
a) modelos arquitetônicos e mobiliários (Ex 25.9, 40); b) escultura, com os querubins
(Ex 25.18); c) candelabros (Ex 25.31-33); d) roupas sacerdotais (Ex 25.33). O templo,
assim como o tabernáculo, também não foi planejado por homens, mas por Deus e
com detalhes que denotavam o ornamento, a arte, conforme 2 Cr 3.6-7, 16-17; 2 Cr
4.3-4; 1 Rs 6.29 e 1 Rs 7.29.
Esses exemplos bíblicos abordam a arte com uma temática religiosa, mas deve
ficar claro aqui, que “O que torna a arte cristã não é necessariamente o fato de ela
tratar de questões religiosas”. (SCHAEFFER, 2010, p. 28) Ao procurar então exemplos
sobre arte secular na Bíblia Sagrada, pode-se ver em 1 Reis 10.18-20 a descrição do
trono de Salomão, que pela descrição se revela uma obra de arte: “Nada igual havia
sido feito em nenhum outro reino.” (BÍBLIA, 2003, 1 Reis 10:20b, p. 546) Pode-se ver
também em Ageu 1.4, os profetas condenando que “...as casas dos mais ricos eram
dispendiosamente decoradas, enquanto a casa de Deus era negligenciada.”
(DICIONÁRIO BÍBLICO VIDA NOVA, 2000, p. 31)
Há também, o uso da arte por Jesus, em João 3.14-15, quando Cristo menciona
a serpente de bronze de Moisés (Nm 21.8), usando como ilustração de sua
crucificação. A serpente não deixa de ser uma obra de arte, mesmo que depois tenha
disso usada como ídolo. Como dito anteriormente, o problema foi a adoração ao objeto
e não o objeto em si, que Deus mesmo mandou criar.
Evoluindo o tema, com certeza muitos já se lembraram dos Salmos, a poesia
judaica. É evidente que os hebreus estimulavam a expressão artística por meio da
música e literatura. Há muitos exemplos, como os 150 Salmos, e há poesia não
religiosa, como em 2Sm 1.19-27. Existe também o livro Cantares de Salomão, que
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4.4 O fato de algo ser uma obra de arte não o torna sagrado
Como cristãos carecemos em perceber que o simples fato de um grande artista
retratar uma cosmovisão, não significa que devamos aceitar sua cosmovisão. “A
verdade de uma cosmovisão apresentada por um artista deve ser julgada à parte de
sua grandeza artística.” (SCHAEFFER, 2010, p. 53).
2. Validade
O artista deve ser honesto consigo mesmo e com sua cosmovisão, e não fazer
sua arte apenas por dinheiro ou aceitação. Seu trabalho não tem validade se ele
produz uma obra de arte somente por causa de um cliente.
...a arte cristã é a expressão da vida integral da pessoa toda que é cristã.
Aquilo que o artista cristão retrata em sua arte é a totalidade da vida. A arte
não deve ser apenas um veículo para um tipo de evangelismo autoconsciente”
(...) Não temos produzido arte cristã porque temos nos esquecido de quase
tudo o que o cristianismo diz sobre as artes.” (SCHAEFFER, 2010, p. 74)
Os temas religiosos por si só, não garantem que uma obra de arte seja cristã. Até
mesmo esses temas podem ser completamente não-cristãos.
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4.11 Todo artista enfrenta a dificuldade de fazer uma obra de arte individual
bem como a de desenvolver um conjunto de obras
Não se pode julgar a obra de um artista com base em apenas uma peça, mas
sim julgar seu desempenho e sua cosmovisão com base no maior número de suas
obras. Portanto, o artista não deve desistir por não conseguir fazer tudo de uma só
vez. Seu objetivo deve ser produzir um conjunto amplo e profundo de obras durante a
sua vida.
Numa era relativista, não se deve dizer que cremos na verdade e não sermos
capazes de praticar a verdade nos lugares em que ela pode ser observada e
seu preço é alto. Nós, como cristãos, dizemos crer na existência da verdade.
Alegamos contar com a verdade na Bíblia. E afirmamos ser capazes de
transmitir a verdade a outros homens de forma propositiva e verbalizada,
sendo-lhes possível obter a verdade. (SCHAEFFER, 2015, p. 86 e 87)
Agora, ao pontuar sobre a comunicação do evangelho, Schaeffer vai trabalhar
o conceito de pré-evangelização como estratégia de uma apologética cristã. De forma
resumida, nesse conceito, o cristão deve buscar qual é o seu “ponto de contato” com
o outro (a realidade do homem, que ele é um ser moral, que tem sentimentos de amor
e estéticos, que é um ser pessoal) para que consiga abrir uma conexão. Em seguida,
que ele chama de “ponto de tensão”, onde se mostra a fragilidade do pensamento
não-cristão, confrontando-o com a realidade, mas já apontando para o evangelho,
para uma verdade real e não sobre algo vagamente religioso. Isso é negar a verdade
relativa, e realizar assim um confronto negativo, que despe a ideologia do outro. Após
isso, há então o “confronto positivo”, mostrando a saída pelo evangelho, que deve ser
feita de maneira muito educada. Schaeffer sistematiza da seguinte maneira:
1 – Você crê que Deus existe e que ele é um Deus pessoal, e que Jesus
Cristo é Deus – lembrando que nós não estamos falando da palavra ou da
ideia de deus, mas do Deus infinito pessoal que aí está?
2 – Você concorda que é culpado na presença deste Deus – lembrando que
não estamos nos referindo a meros sentimentos de culpa, mas à culpa moral
verdadeira?
3 – Você acredita que Jesus Cristo morreu no espaço e no tempo, na História,
na cruz, e que, ao morrer assim, a sua obra substitutiva, o fato de ter sofrido
o castigo de Deus, em razão do pecado, foi totalmente suficiente e acabada?
4 – Com base nas promessas de Deus e na sua comunicação escrita conosco,
a Bíblia, você está disposto a confiar a sua vida (ou já confiou) a Cristo como
o seu Salvador pessoal – deixando de confiar nas próprias obras que você
fez ou fará? (SCHAEFFER, 2016, p. 171, 172)
Em suma, a base da apologética de Francis Schaeffer é a integração entre fé
e razão na espiritualidade e vida humana, à luz do evangelho de Jesus (morte, vida e
ressurreição), bem como no poder do Espírito operando no tempo e espaço aqui neste
mundo. Não há separação nem dicotomia, e sim uma continuidade do mundo
sobrenatural no mundo natural.
O artista cristão pode usar desse modelo para que com a sua criatividade,
evangelize sem necessariamente ser panfletário. Comunicar o evangelho com a arte
é mostrar a beleza da graça de Deus, é adorar ao Senhor com todo o seu ser. “Uma
obra de arte pode ser, em si, uma doxologia.” (SCHAEFFER, 2010, p. 19)
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6 CONCLUSÃO
Ficou evidente, que a arte tem um papel muito importante na sociedade atual.
Através dela várias visões de mundo são cantadas, vistas e lidas. E uma arte cristã
só é possível a partir de um cristão comprometido em refletir em suas obras a obra de
Deus em sua vida, uma cosmovisão bíblica. Assim, essa arte deve ser avaliada a partir
de sua cosmovisão, qualidade técnica, beleza e propósito. Portanto, com essa
avaliação, um obra de arte qualquer, pode não ser agradável a Deus.
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Conhecer o que a Bíblia diz sobre a arte se faz importante para que o cristão
perceba que Deus se importa com a beleza, e deixo isso registrado de vária formas.
Não há uma sistematização, claro, mas há princípios fundamentais que podem nortear
o fazer artístico, por meio de uma percepção bíblica.
As perspectivas que devem moldar a avaliação da arte, de acordo com
Schaeffer, vão conduzir o cristão para que entenda como ler os sinais por trás da
criação artística. Com esses onze pontos, pode-se chegar a uma análise eficaz e clara
de uma obra de arte. E uma das razões da necessidade de uma análise constante, se
dá no Rookmaaker explica:
7 REFERÊNCIAS
ARTE. In: WILLIAMS, Derek et al. Dicionário Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida
Nova, 2000. p. 30, 31.
BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo NVI. Tradução: Nova Versão Internacional. São
Paulo: Editora Vida, 2003.
BLOG DO GUILHERME DE CARVALHO. Francis Schaeffer para o Século 21.
Viçosa, 2012. Disponível em:
http://ultimato.com.br/sites/guilhermedecarvalho/2012/02/08/francis-schaeffer-para-o-
seculo-21/. Acesso em: 05 de ago. 2020.
COSTA, Hermisten M. Cosmovisão e arte: uma introdução comprometida. Revista
Religião, Linguagem e Confessionalidade. São Paulo, v. 1 n. 1, p. 43-65, jan./jun.
2019.
FERREIRA, Franklin. Gigantes da fé: espiritualidade e teologia na igreja cristã.
São Paulo: Editora Vida, 2006.
L’ABRI FELLOWSHIP BRASIL. Lagoa Santa, 2020. Disponível em:
https://www.labri.org.br/sobre. Acesso em: 05 de ago. 2020.
MÚSICA. In: WILLIAMS, Derek et al. Dicionário Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida
Nova, 2000. p. 243, 244.
ROOKMAAKER, Hans R. A arte não precisa de justificativa. Viçosa: Ultimato, 2010.
SCHAEFFER, Francis A. 25 estudos bíblicos básicos. Brasília: Editora Monergismo,
2015.
SCHAEFFER, Francis A. A arte e a bíblia. Viçosa: Editora Ultimato, 2010.
SCHAEFFER, Francis A. A morte da razão. São Paulo: Editora Fiel e ABU, 1977.
SCHAEFFER, Francis. A igreja no século XXI. São Paulo: Editora Mundo Cristão,
2010.
SCHAEFFER, Francis. O Deus que intervém. São Paulo: Cultura Cristã, 2016.
SCHAEFFER, Francis. Verdadeira espiritualidade. São José dos Campos: Cultura
Cristã, 1993.
TURNER, Steve. Cristianismo Criativo? - uma visão para o cristianismo e as artes.
São Paulo: W4 editora, 2006.