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INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL – CFP de Rio Meão

Domínio: Mundo Actual


Módulo A1 - Empregabilidade I: Comunicação e Relações Interpessoais
2. A comunicação nas relações interpessoais

3.1 A comunicação

 O conceito de comunicação

O homem é um ser que necessita de viver inserido na sociedade a que pertence, o que o

consagra como animal social por excelência. E, como animal social, precisa de estabelecer uma relação

comunicativa com tudo o que o envolve e com todos os seres com quais contacta, especialmente com os

seus semelhastes. Essa comunicação, natural e permanente, com o quotidiano é estabelecida através dos

sentidos. E é dessa forma que ele se encontra constantemente receptivo e pronto, para conseguir

captar todas as motivações e estímulos provenientes do exterior.

A comunicação é, igualmente, o suporte da vida em sociedade e o mecanismo através do qual as

relações humanas existem se desenvolvem. De tal modo que nenhum grupo social teria possibilidade de

sobreviver se, entre os elementos que o compõem, não existisse uma troca de qualquer espécie de

comunicação. Em resumo, a comunicação é pois o acto de transmitir e receber uma mensagem,

graças à utilização de um código de sinais ou símbolos.

COMUNICAR é transmitir uma mensagem, estabelecendo uma relação em que os actos, os

pensamentos, as intenções e os sentimentos de um emissor, estimulam e desencadeiam respostas num

ou mais receptores.

A palavra comunicar vem do latim “communis”, que significa “em comum”; pelo que só existe

comunicação quando, aquilo que é comunicado, tem um significado comum para os dois extremos do canal

comunicativo: emissor e receptor.

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 Funções da Comunicação

Podem-se distinguir cinco funções da comunicação:

Uma função de informação propriamente dita, que se refere à reunião e tratamento de dados,

que garantem a liberdade de expressão, que facilita a transferência de relações sociais e que assegura

a difusão dos elementos de conhecimento, de juízo e de opinião necessários à compreensão da

sociedade, ambiente e do mundo na totalidade. Esta função é indissociável de todo o processo

democrático.

Uma função de persuasão, de motivação e de interpretação, ligada ao controlo social, à

organização das actividades colectivas, à coerência das acções públicas e, sobretudo, ao esforço de

convicção e de comando que supõe os objectivos comuns. Esta função é inseparável dos esforços de

desenvolvimento económico e social.

Uma função de educação e de transmissão da herança social e cultural, função que deve ser

exercida na ampla fidelidade aos objectivos de informação e aos objectivos da educação, segundo as

modalidades que lhe são próprias. Embora esses objectivos possam ser convergentes, devem

permanecer distintos na sua coerência e complementaridade: a informação fornece os dados e desperta

a curiosidade pelos problemas; a educação facilita a sua compreensão, favorece a tomada de consciência

e prepara a solução.

Uma função de socialização destinada a facilitar a participação dos indivíduos, dos grupos e das

colectividades na vida pública e na elaboração e tomada das decisões. A troca e a difusão das

informações e dos dados da experiência favorecem a interacção social e permitem a um número

crescente de cidadãos tomarem parte activa na solução dos problemas que lhes dizem respeito. Esta

função faz parte integrante da democratização da vida pública.

Uma função de distracção associada aos tempos livres, segundo modalidades variáveis, de

acordo com a diversidade dos contextos culturais e os níveis de desenvolvimento económico. Esta

função está associada à melhoria da qualidade de vida.

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 Informação e Comunicação

Informação tem a raiz no latim “informare “no sentido de dar

forma ou aparência, pôr em forma, formar, criar, mas, também,

representar, apresentar, criar uma ideia ou noção [...]

Segundo Barbosa (1987) informação é o “conteúdo da mensagem emitida

ou recebida [...] uma medida de uma possibilidade de escolha na selecção de uma

mensagem. Tudo que reduz a incerteza, eliminando certas possibilidades é dotado de

informação”(p.335)

Uma mensagem não possui carácter comunicativo se a informação não é útil ou se não produz

uma resposta coerente.

Comunicar deriva do latim communicare, que significa “tornar comum, partilhar, repartir,

associar, trocar opiniões, conferenciar. Comunicar implica participação em interacção, em troca de

mensagens, em emissão ou recebimento de informações novas” (Barbosa, 1987, p.151). Quando a

informação desperta interesse de outrem é possível o estabelecimento de um sistema de comunicação,

pois existe uma manifestação coerente do receptor aos enunciados do emissor. Comunicar significa

partilhar, isto é, compartilhar com alguém um certo conteúdo de informações, tais como pensamentos,

ideias, intenções, desejos e conhecimentos. Por via de um acto de comunicação, experimenta-se o

sentido de uma comunhão com aquele a quem nos dirigimos, porque com ele passamos a ter algo em

comum.

A informação é a mensagem transmitida, é referente à construção da mensagem pelo emissor.

Já, para que a comunicação se configure é preciso entender a lógica do receptor, ao comunicador

não importa apenas a elaboração da mensagem, mas a sua compreensão pelo público-alvo . Para que

exista comunicação é pressuposto que exista uma relação, uma dinâmica, um fluxo de informações entre

o emissor e o receptor da mensagem.

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 Comunicação VS Relações interpessoais

Simples gestos, gritos, pinturas rupestres, escrita, numeração, papiro, pedra, placas de argila,

estafetas, telégrafos de tochas, telégrafos de tambor, telégrafos por sinais de fumo, cartas, postais,

carteiros, código Morse, “telégrafo falante”, telefone de caixa, telefone de escrivaninha, telefone com

marcador de disco, telefone fixo com marcador de teclas, telemóvel, telemóvel a cores, telemóvel com

câmara digital incorporada, de 2ª, 3ª, 4ª e seguintes gerações, pequenos chips instalados no corpo

substituindo os telefones móveis, televisão a preto e branco, televisão a cores, televisão digital, rádio,

rádios on-line, computadores, Internet, sem fios, de banda larga, motores de busca, blogs, flogs,

homepages, videoconferências, chats, Orkut , YouTube , Wikipedia , MSN Messenger , Hi5, jornais,

jornais on-line em tempo real, vinil, cassete, cd, mini-disc , mp3 , VHS, DVD, DVR, walkman, discman,

leitor de mp3 , iPod , e-mails, mensagens de texto, mensagens de multimédia, postais electrónicos,

música, filmes, livros, arte, ciência... que é isto tudo se não um conjunto de elementos que fizeram e

fazem parte do evoluir da comunicação? Já não se trata de estarmos mais perto do outro, e de fazer

chegar a nossa informação. Agora, ela é difundida, para onde os nossos desejos a guiarem.

Sabemos que, como tudo, também os meios de comunicação têm evoluído ao longo dos séculos.

Apercebendo-nos, do mesmo modo, da rapidez com que somos bombardeados por novidades constantes.

A desactualização dos meios de comunicação de pequena ou grande escala dá-se quase diariamente, o

que reflecte o empenho da melhoria dos serviços mas também a avidez do mercado de venda.

Distinguindo a ténue fronteira do consumismo que separa o querer do necessitar,  seremos nós

capaz de escolher a melhor forma de comunicar, e de regular o impacto que a inovação da tecnologia da

comunicação pode ter na nossa vida? É que, neste caso, o futuro já chegou, e o que poderá vir, deverá

ser fruto da reflexão ponderada sobre o uso dos aparelhos contemporâneos.

  As relações interpessoais vão depender dos papéis

atribuídos aos indivíduos em questão, e estes vão delinear o

tipo de relação existente entre eles. As relações têm em

conta o género, a idade, o estado socioeconómico, a cultura,

etc ... Só que os novos tipos de comunicação vêm abanar

tecnologicamente os antigos pilares.

Num primeiro pormenor, notamos já que as conversas

de vizinhos não são tão comuns, visto as pessoas estarem

ocupadas com um certo tipo de veículo informativo: a

televisão. De um modo bastante impessoal, a televisão vai

tirando tempo às conversas do dia a dia, às reuniões

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familiares, aos jogos de futebol de rua depois das aulas e outro tipo de actividades enriquecedoras.

Lendo-se televisão, poderia dizer-se computador. E Internet. Os telemóveis e afins afastaram as

pessoas, é verdade; assim como o MSN Messenger e outros. É uma fuga ao contacto directo, à troca de

olhares, e à revelação de expressões faciais. É uma máscara atrás de um Nome de Utilizador; um falso

compromisso numa sala de conversação on-line; uma personalidade fabricada num profile de uma

comunidade de criação de amigos como se supõe ser o Hi5. Será isso o que se prevê para as nossas

relações interpessoais do futuro?

De um outro ponto de vista, temos a facilidade tecnológica trazida por todos os aparelhos e

programas inovadores que nos permitem comunicar da forma como o fazemos hoje em dia, de modo já

considerado banalmente vital. Cada vez mais estamos em disponibilidade crescente, o que nos pode

ocupar o tempo de lazer com emergências de trabalho ou manter-nos comunicáveis para velhos amigos

ou casos de emergência. Há histórias já de simples início de comunicação on-line que deram origem a

sólidas relações amorosas. Podemos usar a internet de um modo sinceramente pessoal, com todos os

meios de segurança, aproveitando ao máximo as funcionalidades que disponibiliza, para troca de

trabalhos, reuniões em videoconferência, jogos em rede, etc... Usar o rádio de um modo participativo –

podemos, até, criar a nossa próprio rádio on-line. Ou mesmo canal de televisão!

     Num mundo onde dos meios de comunicação em massa está a surgir a massa dos meios de

comunicação, devemos lembrar-nos que somos os responsáveis pela sua utilização, e a devemos usar de

modo que não nos afaste, mas aproxime ainda mais.

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