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Os adjectivos apresentam-se como uma classe de palavras aberta, com capacidade de aparecer
junto a nomes e verbos. Podem variar em género, número e grau.
A abertura da classe faz-se graças à adjectivação, isto é, a transformação: de um grupo
preposicional em adjectivo relacional; de um advérbio ou nome em adjectivo qualificativo; de uma
forma verbal, na forma de particípio passado, em adjectivo qualificativo.
Adjectivação
Acto ou modo de atribuir qualidades aos substantivos, precisando o seu significado. Dar acepção ou
valor gramatical de adjectivo. O adjectivo tem uma importância fundamental na expressividade da
língua e no seu uso correcto. O seu uso atribui uma maior beleza ao texto literário e é
imprescindível à explicitação dos conceitos nos textos que o exigem, sejam eles científicos ou
eruditos.
GRAUS
Superlativo absoluto
Normal Superlativo absoluto sintético
analítico
largo
muito fácil
quentíssimo
Alencar, embuçado num capote, um verdadeiro capote de padre de aldeia, levava na mão um ramo
de rosas: e agora guardara o seu panamá na maleta, trazia um boné de lontra. O maestro, pesado
do jantar, com um começo de spleen, encolheu-se a um canto do break, mudo, enterrado na gola
do paletó, com a manta da mamã sobre os joelhos. Partiram. Sintra ficava dormindo ao luar.
Algum tempo o break rodou em silêncio, na beleza da noite. A espaços, a estrada aparecia banhada
de uma claridade quente que faiscava. Fachadas de casas, caladas e pálidas, surgiam, de entre as
árvores, com um ar de melancolia romântica. Murmúrios de águas perdiam-se na sombra; e, junto
dos muros enramados, o ar estava cheio de aroma, Alencar acendera o cachimbo, e olhava a Lua.
Mas, quando passaram as casas de São Pedro, e entraram na estrada, silenciosa e triste, Cruges
mexeu-se, tossiu, olhou também para a Lua, e murmurou de entre os seus agasalhos:
- Ó Alencar, recita para aí alguma coisa...
O poeta condescendeu logo - apesar de um dos criados ir ali ao lado deles, dentro do break. Mas,
que havia ele de recitar, sob o encanto da noite clara? Todo o verso parece frouxo, escutado diante
da Lua! Enfim, ia dizer-lhe uma história bem verdadeira e bem triste... Veio sentar-se ao pé do
Cruges, dentro do seu grande capotão, esvaziou os restos do cachimbo, e, depois de acariciar
algum tempo os bigodes começou, num tom familiar e simples:
Era o jardim de uma vivenda antiga
Sem arrebiques d'arte ou flores de luxo;
Ruas singelas d'alfazema e buxo,
Cravos, Roseiras…
3. Nas frases seguintes, distinga os adjectivos objectivos dos que são usados numa perspectiva
subjectiva.
3.1. Ele escolheu uma camisa amarela.
3.2. Na sala vazia, reinava o silêncio.
3.3. Curiosas e frenéticas, as meninas espalharam os brinquedos todos.
3.4. Um sorriso aparvalhado foi a única resposta ao meu cumprimento.
4. Atente nas seguintes expressões a que chamamos vulgarmente lugares comuns e determine o
valor do adjectivo.
4.1. Destino fatal
4.2. Valorosos soldados da paz.
4.3. Tenra idade
4.4. Louvável iniciativa
4.5. Fontes fidedignas
1.. Modifique a posição dos adjectivos nos casos em que isso for possível.
2.. Registe as suas conclusões.
3.. Recuse esses lugares comuns, propondo para as mesmas ideias novos adjectivos.
5. Substitua a oração relativa restritivas da frase que se segue por um sintagma adjectival:
5.1. Visitámos um monumento que tem mais de mil anos.
1. A mágica e poderosa virulência das palavras é quase sempre mais poderosa que as coisas.
2. A verdade, que fica deposta em nós como o sal na retorta durante uma destilação incerta, é,
para além de uma pura descrição formal, quente ou fria de mais para a boca humana, demasiado
subtil para a palavra escrita, e mais preciosa do que ela.
5. Os astros influem no destino de cada um, mas não decidem. Tão forte e tão misterioso como
eles, regulando a nossa vida, obedecendo a leis mais complicadas do que as nossas, é essoutro
astro vermelho que palpita no mais escuro do corpo, suspenso da sua gaiola feita de ossos e carne.
6. Numa época em que a fé leva à fúria, tem certo valor o cepticismo bem-humorado de alguns.
7. É tal a nossa insuficiência, que basta apenas tapar duas aberturas estreitíssimas para nos ser
vedado o mundo dos sons, e mais duas estreitas passagens para provocar a noite.
8. Este corpo, este nosso reino, parece-me feito, por vezes, de um tecido mais traiçoeiro e fugidio
do que uma sombra.
9. O homem é uma empresa que tem contra si o tempo, a necessidade, a sorte, a imbecil e sempre
crescente primazia do número.
10. Todo o serviço prestado ao próximo deve ser tido como meritório.
11. Por entre muita coisa desconexa, há, bastas vezes, uma verdade a descobrir.
12. A Terra, ao rodar, ignora tudo sobre o calendário juliano ou a era cristã, desenhando um círculo
sem princípio nem fim, semelhante a um anel polido.
13. Todo aquele que defende opiniões comprometedoras sabe, no geral, guardar silêncio.
14. Ninguém há assaz grande ou assaz pequeno para se ver livre de suspeitas e afrontas.
16. Vive cada dia como se fosse o teu último dia, ou seja, na maior das tranquilidades.
1. Neste texto, Alexandre O'Neill apresenta uma longa listagem de adjectivos para caracterizarem o
Homem. Talvez não conheças o significado de todos eles, pelo que te propomos o recurso ao
dicionário para que te inteires do seu significado.
3. Alguns dos adjectivos não se encontram no grau normal. Identifica-os e indica o grau em que se
encontram.
4. Esta lista, como já deves ter constatado, poderia ser alargada. Acrescenta-lhe cinco adjectivos
que consideres essenciais para caracterizar a natureza humana.
5. Tenta, agora, redigir o teu retrato físico e psicológico, recorrendo aos adjectivos apresentados
por Alexandre O'Neill ou utilizando outros que consideres adequados.