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Fichamento BRAGA – Mediatizaçã o como processo interacional de referência

 Propõ e dois modos para se compreender e estudar a palavra


mediatizaçã o: 1) modo como processos sociais específicos passam a se
desenvolver segundo a ló gica midiá tica; 2) modo como os processos
midiá ticos se tornam referência, passando a abranger outros processos
interacionais em um movimento de reformulaçã o e modificaçã o dos
processos que deixaram de ser hegemô nicos. Essa segunda perspectiva é
a que Braga focaliza neste texto.
 Processos interacionais de referência, ou seja, os processos hegemô nicos,
sã o os que funcionam como base para a organização da sociedade.
“Entendemos que os processos interacionais de referencia sã o os
principais direcionadores da construçã o da realidade social” (BRAGA,
2007, p.2)
 A construçã o social, como explicada por Berger e Luckmann, se dá à
medida que se organizam as possibilidades de interaçã o. Por isso “a
sociedade se constró i diferentemente conforme os processos
interacionais a que dá maior relevâ ncia e hegemonia”.
 A proposiçã o de Braga é que a sociedade passa por um processo de
transiçã o de processos interacionais de referencia – da cultura escrita
para a cultura midiatizada.
 Criaçã o de tecnologias que atendessem a objetivos da sociedade da escrita
acabaram por criar condiçõ es para a existência de uma sociedade
midiatizada. A pró pria midiatizaçã o cria novas necessidades a serem
atendidas (ou frustradas, nessa relaçã o de movimento e transiçã o) pela
tecnologia. Finalmente, assim, o sistema se torna auto-poiético, deixando
de depender das dinâ micas pré-midiatizaçã o (da sociedade escrita) para
seu funcionamento.
 Entende processos diferidos e difusos como marcas da midiatizaçã o.
Esses processos tiveram origem com a cultura escrita - que libertou a
sociedade das redes orais que se baseavam exclusivamente na
pessoalidade - mas na sociedade midiatizada conta com uma amplitude
adicional que permite que a imagem, o som e até mesmo a experiência se
“despessoalizem” junto à palavra.
 O abreviar do tempo de circulaçã o (bem como a possibilidade de
retomada, repetiçã o e arquivo em acervo) também é característica do
processo de transiçã o para a sociedade midiatizada.
 Tendência à descontextualizaçã o – a sociedade midiatizada é marcada por
jogos entre objetivaçõ es contingencialmente indeterminadas e um
trabalho necessá rio de re-determinaçã o contingencial, ou seja, processos
que repõ em as articulaçõ es necessá rias para gerar sentido e pertinência.
 Interatividade – o polo receptor se transforma também em um pó lo
emissor, e a interatividade deixa de ser apenas uma “resposta” para se
tornar também a entrada de todos os pó los comunicacionais no
hiperfluxo.
 Mudança da ênfase do fluxo comunicacional do pó lo emissor (na cultura
escrita, o receptor é que deveria ser preparado e especializado para lidar
com aquela literatura) para o pó lo receptor (Braga fala em
“amigabilidade” na mídia, modos de se superar a necessidade de
formaçã o). Aproximaçã o das realidades setoriais criadas pela cultura
escrita se relativiza, uma vez que a mídia trata de todos eles de maneira
voltada ao receptor, e nenhum campo mais se configura como algo
“apenas para iniciados”. A legitimaçã o de campos sociais por
distanciamento já nã o pode mais acontecer.
 Ressalta que estes sã o alguns processos identificados, mas que nã o sã o
definidores da midiatizaçã o, apenas um â ngulo de prospecçã o.
 Braga acredita, porém, que a sociedade ainda nã o vive uma situaçã o de
predominâ ncia de processos midiatizados enquanto processos
interacionais de referencia, pois ainda existem muitos espaços vazios de
processualidade e inexperiência sociocultural no uso de tais processos.
 Cita 6 incompletudes que o incomodam: rearranjo e construçã o de
campos de significaçã o que antes eram separados, como vida política e
privada, entretenimento e educaçã o, cultura e diversã o, essências e
aparências, ecenomia e afetos; dificuldade de percepçã o de papéis sociais;
ausência de articulaçõ es e interlocuçõ es claras entre a cultura midiatizada
e as culturas escrita e oral;

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