O documento discute a importância do multiculturalismo e da igualdade de direitos para minorias culturais. Propõe medidas como incluir uma educação sobre diferentes culturas na escola, realizar festivais culturais e colocar placas indicativas de instituições de todas as culturas presentes em uma comunidade. Defende que a dignidade humana requer respeito às diferenças culturais e que grupos minoritários devem ter direitos que protejam suas identidades.
Descrição original:
Multiculturalismo
Título original
Multiculturalismo - Igualdade de direitos, direito à diferença- Jornal
O documento discute a importância do multiculturalismo e da igualdade de direitos para minorias culturais. Propõe medidas como incluir uma educação sobre diferentes culturas na escola, realizar festivais culturais e colocar placas indicativas de instituições de todas as culturas presentes em uma comunidade. Defende que a dignidade humana requer respeito às diferenças culturais e que grupos minoritários devem ter direitos que protejam suas identidades.
O documento discute a importância do multiculturalismo e da igualdade de direitos para minorias culturais. Propõe medidas como incluir uma educação sobre diferentes culturas na escola, realizar festivais culturais e colocar placas indicativas de instituições de todas as culturas presentes em uma comunidade. Defende que a dignidade humana requer respeito às diferenças culturais e que grupos minoritários devem ter direitos que protejam suas identidades.
Multiculturalismo, a diversidade nos espaços públicos
Igualdade de direitos, direito à diferença.
As culturas, na sua riqueza e diversidade, representam maneiras de agir e de pensar
que a humanidade criou de modo a satisfazer as suas necessidades e de se adaptar às condições naturais onde vive. Assim como defendemos a diversidade das múltiplas formas de vida, defendemos também a diversidade cultural. Parece que não se encontram grandes obstáculos à presença de práticas culturais diferentes quando estas dizem respeito à satisfação de necessidades de sobrevivência e de segurança, mas no que diz respeito às necessidades de poder, de estima e de autorrealização, as culturas minoritárias têm dificuldades em ser reconhecidas. Os problemas que se colocam dizem respeito à possibilidade de integração política, ao acesso a bens e serviços, à participação nos espaços de decisão, ou seja, de coexistência num espaço onde há uma forte identidade cultural maioritária. A História mostra que as minorias, sejam religiosas, étnicas, sexuais, culturais, têm sido perseguidas e impedidas de concretizar os seus projetos de vida. Mas mostra também a luta de povos e indivíduos que reivindicam a igualdade de direitos, recusando que a sua pertença a um grupo/minoria, com modos de vida diferentes considerados marginais ou mesmo não naturais pelas maiorias sociais, os impeça de serem tratados como os outros cidadãos. Veja-se, em nome do reconhecimento identitário, a luta das minorias nacionais e culturais pelos direitos linguísticos, educativos e territoriais. Veja- se a luta contra o racismo e sexismo que exclui pessoas de certas posições sociais, culturalmente reservadas aos membros das maiorias que são poupados de muitas injustiças que permanecem invisíveis para eles pelo facto de pertencerem à maioria. Esta luta pela igualdade de direitos não é apenas um combate para obter um direito à diferença em nome de um respeito incondicional pela identidade de grupo, mas uma luta contra as discriminações, fundada na universalidade dos direitos do homem que garante e assegura que cada pessoa será tratada da mesma maneira quaisquer que sejam as suas diferenças de cultura, origem, sexo, estatuto. Para as minorias culturais, a afirmação da sua identidade, as suas reivindicações identitárias não são um valor em si, mas um instrumento de sobrevivência moral, valorizando precisamente aquilo que a maioria cultural tende a denegrir, o direito à diferença. Graças à sua tenacidade, a sua acção sobre o conjunto da sociedade tem permitido a consciencialização que cada um de nós se sente devedor de um direito à diferença. Como defensores do multiculturalismo, contra qualquer posição reducionista etnocêntrica de uniformização de modos de vida dominantes, pensamos que é necessário partilhar os significados das experiências culturais de uma comunidade. Deste modo, propomos um conjunto de medidas que visam dar voz e visibilidade a todas as culturas que convivam no mesmo espaço e tempo, que favoreçam e cultivem a diferença intrínseca de cada ser humano, que permitam comparar diferentes interpretações da realidade e das suas práticas. As nossas medidas procuram aproximar as diferentes culturas de modo a promover o conhecimento recíproco e a mudança de atitudes e comportamentos. Há algum limite? A nossa proposta desafia, tendo em conta a evolução da própria humanidade, todas as culturas a abandonarem os valores e princípios que não são universalizáveis e que são inconsistentes com os ideais da liberdade e da igualdade. Assim propomos, no currículo escolar, uma educação que permita a formação de uma consciência ética que se orienta por práticas e valores baseados em princípios universais, livremente escolhidos. Assim, se compreenderia e ultrapassaria estereótipos e preconceitos, se compreenderia o outro e a sua visão do mundo. Propomos ainda a criação de dias culturais com festivais de música e gastronomia, assim como a colocação de placas indicativas da localização de instituições de todas as culturas presentes numa comunidade. A dignidade humana não se define unicamente pelo reconhecimento daquilo que é comum, pela pertença à Humanidade, mas supõe que respeitemos a sua diferença, condição do reconhecimento desse Universal pelo qual somos idênticos. A representação diferenciada da Universalidade deve levar ao estabelecimento de uma cidadania diferenciada, concedendo aos diferentes grupos culturais direitos que protejam a identidade do próprio grupo. A pertença cultural é condição de liberdade, a escolha pela minoria deve ser protegida.