Uma introdução aos Estudos Culturais 1 Antecedentes
ESTE TRABALHO TEM POR objetivo apresentar a
tradição dos cultural studies,1 especialmente, àqueles que se iniciam no estudo das teorias da comunicação. Assim, é preciso percorrer a trajetória desta tradição, dos seus antece- dentes até os contornos que este campo de estudos assume na atualidade. Ressalta-se que, neste momento, esta incursão é apenas brevemente delineada devido ao propósito inicial deste texto, embora estejam indica- das inúmeras referências bibliográficas que servem de pistas para preencher as lacunas deste percurso. É necessário estabelecer, também, um recorte dentro deste vasto empreendimen- to diversificado e controverso dos estudos culturais. Nossa discussão limita-se a recu- perar posições e trabalhos que lidam com a relação cultura/comunicação massiva e dentro desta, aqueles que enfocam produ- tos da cultura popular (considerados atra- vés da categoria texto2) e suas audiências. Se originalmente os estudos culturais foram uma invenção britânica, hoje, na sua forma contemporânea, transformaram-se num fenômeno internacional. Os estudos culturais não se confinaram na Inglaterra nem nos Estados Unidos, espraiando-se para a Austrália, Canadá, África, América Latina, entre outros territórios. Isto não sig- nifica, no entanto, que exista um corpo fixo de conceitos que pode ser transportado de um lugar para o outro e que opere de forma similar em contextos nacionais ou regionais diversos.3 Entretanto, as peculiaridades do con- texto histórico britânico, abrangendo da área política ao meio acadêmico, marcaram indelevelmente o surgimento deste movi- Ana Carolina D. Escosteguy mento teórico-político. Originalmente, na Mestre em Comunicacão – ECA/USP Inglaterra, os estudos culturais ressaltaram Professora da FAMECOS/PUCRS os nexos existentes entre investigação e for-
Revista FAMECOS • Porto Alegre • nº 9 • dezembro 1998 • semestral 87
mações sociais onde se desenrola a mesma, pesquisa tentaram não propagar uma defi- isto é, o contexto cultural onde nos encon- nição absoluta e rígida de sua proposta. Nas tramos.4 palavras de Stuart Hall, o órgão de divulga- Neste momento nosso objetivo é es- ção do Centro – Working Papers in Cultural boçar apenas alguns traços de sua trajetó- Studies 7 – não deveria preocupar-se em “... ria histórica.5 Em primeiro lugar, deve-se ser um veículo que defina o alcance e ex- acentuar o fato de que os estudos culturais tensão dos estudos culturais de uma forma devem ser vistos tanto do ponto de vista definitiva ou absoluta. Nós rejeitamos, em político, na tentativa de constituição de um resumo, uma definição descritiva ou pres- projeto político, quanto do ponto de vista critiva do campo” (Hall 1980: 15). teórico, isto é, com a intenção de construir Este campo de estudos surge, então, um novo campo de estudos. Do ponto vista de forma organizada, através do Center for político, é sinônimo de “correção política”,6 Contemporary Cultural Studies (CCCS), dian- podendo ser identificado como a política te da alteração dos valores tradicionais da cultural dos vários movimentos sociais da classe operária da Inglaterra do pós-guerra. época de seu surgimento. Da perspectiva Inspirado na sua pesquisa, As utiliza- teórica, resultam da insatisfação com os ções da cultura (1957), Richard Hoggart fun- limites de algumas disciplinas, propondo, da em 1964 o Centro. Este surge ligado ao então, a interdisciplinaridade. English Department da Universidade de Birmingham, constituindo-se num centro “Os estudos culturais não configuram de pesquisa de pós-graduação desta mes- uma ‘disciplina’ mas uma área onde ma instituição. As relações entre a cultura diferentes disciplinas interatuam, vi- contemporânea e a sociedade, isto é, suas sando o estudo de aspectos culturais formas culturais, instituições e práticas cul- da sociedade.” (Hall et al. 1980: 7) turais, assim como, suas relações com a so- ciedade e mudanças sociais, compõem seu A área, então, segundo um dos seus eixo principal de pesquisa. promotores, não se constitui numa nova Na realidade, são três textos que sur- disciplina mas resulta da insatisfação com giram nos final dos anos 50 que estabelece- algumas disciplinas e seus próprios limi- ram as bases dos estudos culturais: Richard tes. É um campo de estudos onde diversas Hoggart com The uses of literacy (1957), disciplinas se interseccionam no estudo de Raymond Williams com Culture and society aspectos culturais da sociedade contempo- (1958) e E. P. Thompson com The making of rânea. the english working-class (1963). Em análises que tentam mapear o cen- O primeiro é em parte autobiográfico tro de atenção deste campo, encontramos a e em parte história cultural do meio do sé- seguinte avaliação: culo XX. O segundo constrói um histórico do conceito de cultura, culminando com a “Estudos culturais é um campo inter- idéia de que a “cultura comum ou ordiná- disciplinar onde certas preocupações e ria” pode ser vista como um modo de vida métodos convergem; a utilidade dessa em condições de igualdade de existência. E convergência é que ela nos propicia o terceiro reconstrói uma parte da história entender fenômenos e relações que da sociedade inglesa. não são acessíveis através das disci- Especialmente, para este estudo inte- plinas existentes. Não é, contudo, um ressa a pesquisa realizada por Hoggart8 na campo unificado.” (Turner 1990: 11) medida em que seu foco de atenção recai sobre materiais culturais, antes despreza- Entretanto, é preciso ressaltar que, na dos, da cultura popular e dos mass media, sua fase inicial, os fundadores desta área de através de metodologia qualitativa. Este
88 Revista FAMECOS • Porto Alegre • nº 9 • dezembro 1998 • semestral
trabalho inaugura o olhar de que no âmbito tre modos de vida diferentes. popular não existe apenas submissão mas, Sobre a importante participação de também, resistência o que, mais tarde, será Stuart Hall12 na formação dos cultural stu- recuperado pelos estudos de audiência dos dies, avalia-se que este ao substituir Hog- meios massivos.9 No entanto, o tom nostál- gart na direção do Centro, de 1969 a 1979, gico aflora em relação a uma cultura orgâ- incentivou o desenvolvimento de estudos nica da classe trabalhadora. etnográficos, análises dos meios massivos A contribuição teórica de Williams10 e a investigação de práticas de resistência é fundamental para os estudos culturais a dentro de subculturas. Tem uma abundante partir de Culture and society. Através de um produção de artigos, sendo que sua reflexão olhar diferenciado sobre a história literária, faz parte da maioria dos “readers” sobre es- ele mostra que a cultura é uma categoria- tudos culturais, sejam eles publicados pelo chave que conecta tanto a análise literária próprio Centro ou não. quanto a investigação social. Seu livro The A proposta original dos cultural studies long revolution (1962) avança na demons- é considerada por alguns como mais políti- tração da intensidade do debate contempo- ca do que analítica. Embora sustentasse um râneo sobre o impacto cultural dos meios marco teórico específico – amparado prin- massivos, mostrando um certo pessimismo cipalmente no marxismo, a história deste em relação à cultura popular e aos próprios campo de estudos está entrelaçada com a media. trajetória da New Left, de alguns movimen- É o próprio Stuart Hall que avalia a tos sociais (Worker’s Educational Association, importância deste texto: Campaign for Nuclear Disarmament) e de publicações – entre elas, a New Left Review “It shifted the whole ground of debate – que surgiram em torno de respostas polí- from a literary-moral to an anthro- ticas à esquerda. pological definition of culture. But it Mais tarde, no período pós-68, trans- defined the latter now as the ‘whole formaram-se numa força motriz da cultura process’ by means of which meanings intelectual de esquerda. Assim, enquanto and definitions are socially cons-truc- movimento intelectual teve um impacto ted and historically transformed, with teórico e político que foi além dos muros literature and art as only one, specially acadêmicos, pois, na Inglaterra, consti-tui- privileged, kind of social communica- ram-se numa questão de militância e num tion.” (Hall apud Turner 1990: 55) compromisso com mudanças sociais radi- cais. Essa mudança no entendimento de cultura fez possível o desenvolvimento dos estudos culturais . 2 Os deslocamentos necessários Em relação à contribuição de Thom- pson,11 pode-se dizer que este influencia o De forma sintética, é preciso apontar desenvolvimento da história social britâ- as rupturas e incorporações mais impor- nica, de dentro da tradição marxista. Para tantes que contribuiram na construção da ambos, Williams e Thompson, cultura era perspectiva teórica e das principais pro- uma rede vivida de práticas e relações que blemáticas desta tradição. Aproximando- constituíam a vida cotidiana dentro da qual se do vasto campo das práticas sociais e o papel do indivíduo estava em primeiro dos processos históricos, os cultural studies plano. Mas, de certa forma, Thompson re- preocuparam-se, em primeira mão, com sistia ao entendimento de cultura enquanto os produtos da cultura popular e dos mass uma forma de vida global. No seu lugar, media que expressavam os rumos da cultura preferia entendê-la enquanto uma luta en- contemporânea.
Revista FAMECOS • Porto Alegre • nº 9 • dezembro 1998 • semestral 89
Tentaram redescobrir outras tradições decentring their assumed privileged teóricas sociológicas, deixando de lado o status – one kind of evidence, among estruturo-funcionalismo norte-americano, others.”(Hall 1980: 27) pois este não dava conta de compreender as temáticas propostas. Acompanhando Os estudos culturais atribuem à cultu- um movimento de resgate, iniciado dentro ra um papel que não é totalmente explicado mesmo da sociologia (na Inglaterra do pe- pelas determinações da esfera econômica. ríodo em foco), foram sendo recuperadas, A relação entre marxismo e cultural studies entre outras aproximações, as perspectivas se inicia e se desenvolve através da crítica da fenomenologia, da etnometodologia e do de um certo reducionismo e econo-micismo interacionismo simbólico. desta perspectiva, resultando na contes- Do ponto de vista metodológico, a tação do modelo base-superestrutura. A ênfase recaiu, mais tarde, no trabalho quali- perspectiva marxista contribuiu para os es- tativo. Este exerceu uma forte influência na tudos culturais no sentido de compreender formação dos cultural studies. A escolha por a cultura na sua “autonomia relativa”, isto trabalhar etnograficamente deve-se ao fato é, ela não é dependente e nem é reflexo das de que o interesse incide nos valores e sen- relações econômicas, mas tem influência e tidos vividos. O estudo etnográfico acentua sofre consequências das relações político- a importância nos modos pelos quais os econômicas. Como Althusser argumentava, atores sociais definem por eles próprios as existem várias forças deter-minantes – eco- condições em que vivem.13 nômica, política e cultural – competindo e Com a extensão do significado de em conflito entre elas, compondo a comple- cultura de textos e representações para xa unidade – a sociedade. práticas vividas, considera-se em foco toda A questão da relação entre práticas produção de sentido. O ponto de partida culturais e outras práticas em formações é a atenção sobre as estruturas sociais (po- sociais definidas, isto é, a relação do cultu- der) e o contexto histórico enquanto fatores ral com o econômico, político e instâncias essenciais para a compreensão da ação dos ideológicas, pode ser considerada enquanto meios massivos, assim como, o desprendi- um segundo deslocamento importante na mento do sentido de cultura da sua tradição construção desta tradição. A contribuição elitista para as práticas cotidianas. de Althusser neste sentido foi importante. Então, o primeiro deslocamento dire- ciona-se no sentido de uma nova formula- “Crudely, the important innovation ção do sentido de cultura: was the attempt to think the ‘unity’of a social formation in terms of an ar- “Broadly speaking, two steps were ticu-lation. This posed the issues of involved here: first, the move (to give the ‘relative autonomy’ of the cultural- it a too-condensed specification) to an ideological level and a new concept ‘anthropological’definition of cultu- of social totality: totalities as complex re – as cultural practices; second, the structures.”(Hall 1980: 32) move to a more historical definition of cultural pactices: questioning the Outra incorporação, extremamente anthropological meaning and inter- cara a este campo, diz respeito ao conceito rogating its universality by means de ideologia, proposto por Althusser. Esta é of the concepts of social formation, vista enquanto “provedora de estruturas de cultural power, domination and regu- entendimento através das quais os homens lation, resistance and struggle. These interpretam, dão sentido, expe-rienciam e moves did not exclude the analysis of ‘vivem’ as condições materiais nas quais texts, but it treated them as archives, eles próprios se encontram”. (Hall 1980: 32)
90 Revista FAMECOS • Porto Alegre • nº 9 • dezembro 1998 • semestral
Além disso, a ideologia deve ser examinada existe um confronto bipolar e rígido entre “não só na linguagem, nas representações as diferentes culturas. Na prática o que mas, também, nas suas formas materiais acontece é um sutil jogo de intercâmbios – nas instituições e nas práticas sociais atra- entre elas. Elas não são vistas como exterio- vés das quais nós organizamos e vivemos res entre si mas comportando cruzamentos, nossas vidas” (Turner, op. cit., p. 26). transações, intersecções. Em determinados Nesta primeira etapa dos estudos cul- momentos a cultura popular resiste e im- turais, ainda pleinamente concentrada na pugna a cultura hegemônica, em outros Escola de Birmingham, a pesquisa estava reproduz a concepção de mundo e de vida delimitada, principalmente, nas seguintes das classes hegemônicas. áreas: as subculturas, as condutas des-vian- Quanto às linhas de pesquisa, imple- tes, as sociabilidades operárias, a escola, mentadas pelos estudos culturais, interessa- a música e a linguagem. “É através da nos, sobretudo, aquela que se detem sobre conversão mais explícita em problemática o consumo da comunicação de massa en- dos desafios vinculados à ideologia e aos quanto lugar de negociação entre práticas vetores de um trabalho hegemônico que os comunicativas extremamente diferenciadas meios de comunicação social, especialmen- – esta será adiante comentada. te, os audiovisuais, aos que se havia dedi- É claro que, aqui, relatamos de forma cado até o momento um interesse acessório, bastante sumária o espectro teórico propos- chegam a ocupar paulatinamente um lugar to pelos estudos culturais, principalmente, destacado” (Mattelart e Neveau 1997: 122) na década de 70, isto é, no seu período de enquanto temática deste campo de estudos. afirmação. Referimo-nos apenas a pontos- Discordando do entendimento dos chave que mostram a influência de diferen- meios de comunicação de massa (MCM) tes teóricos. como simples instrumentos de manipulação De forma sintética, pode-se entender e controle da classe dirigente, os estudos o centro de Birmingham, da sua fundação culturais compreendem os produtos cul- ao início dos anos 80, como foco irradia- turais como agentes da reprodução social, dor de uma plataforma teórica derivada acentuando sua natureza complexa, dinâ- de importações e adaptações de diversas mica e ativa na construção da hege-monia. teorias; como promotor de uma abertura a Nesta perspectiva são estudadas as problemáticas antes desconsideradas como estruturas e os processos através dos quais as relacionadas às culturas populares e aos os MCM sustentam e reproduzem a estabi- meios de comunicação de massa e, mais lidade social e cultural. Entretanto, isto não tarde, a questões vinculadas às identidades se produz de forma mecânica, senão “adap- étnicas e sexuais; e como divulgador de es- tando-se” continuamente às pressões e às tudos bastante heterogêneos decorrentes da contradições que emergem da sociedade, e diversidade de referências teóricas, assim “englobando-as” e “integrando-as” no pró- como, da pluralidade das temáticas estuda- prio sistema cultural. das. A contribuição de Antonio Gramsci No final dos setenta/início dos 80, as é, aqui, fundamental, pois mostra como a coisas começam a mudar. Desponta a influ- mudança pode ser construída dentro do ência de teóricos franceses como Michel De sistema. A teoria da hegemonia gramsciana Certeau, Michel Foucault, Pierre Bourdieu, pressupõe a conquista do consentimento. entre outros. Dá-se a internacionalização O movimento de construção da direção dos estudos culturais. Tornam-se escassas política da sociedade pressupõe complexas as análises onde as categorias centrais são interações e empréstimos entre as culturas “luta” e “resistência” e, para alguns analis- populares e a cultura hegemônica. tas, é o início da despolitização dos estudos Com isto o que se quer dizer é que não culturais. A prolífica produção de balanços
Revista FAMECOS • Porto Alegre • nº 9 • dezembro 1998 • semestral 91
críticos, publicados a partir de 1990, apon- No final dos anos 60, a temática da ta, em alguns casos, para a fragmentação recepção e a densidade dos consumos me- e trivialização deste campo de estudos, diáticos começam chamar a atenção dos embora seja possível detectar tanto aspec- pesquisadores de Birmingham. Este tipo de tos estéreis quanto potencialidades na sua reflexão acentua-se a partir da divulgação proposta de análise da dinâmica cultural do texto “Encoding and decoding in televi- contemporânea. sion discourse”, de Stuart Hall, publicado a primeira vez em 1973.14 Através de categorias da semiologia 3 Contornos da atualidade articuladas à uma noção marxista de ide- ologia, Hall insiste na pluralidade, deter- É interessante notar as diferenças en- minada socialmente, das modalidades de tre os “primeiros” estudos culturais e os dos recepção dos programas televisivos. Argu- anos 90. Identifica-se uma primeira fase em- menta, também, que podem ser iden-tifica- brionária que se inicia com os textos precur- das três posições hipotéticas de interpreta- sores, já citados, passando para a instalação ção da mensagem televisiva: uma posição do Centro de Birmingham e sua abundante “dominante” ou “preferencial” quando o produção até o final dos anos 70/início dos sentido da mensagem é decodificado se- 80, numa etapa de consolidação, e uma ter- gundo as referências da sua construção; ceira fase, de internacio-nalização, de mea- uma posição “negociada” quando o sentido dos dos oitenta até os dias de hoje. da mensagem entra “em negociação” com No primeiro momento, havia uma as condições particulares dos receptores; e forte relação com iniciativas políticas, pois uma posição de “oposição” quando o re- existia uma intenção de compartilhar um ceptor entende a proposta dominante da projeto político. Se pretendia, também, uma mensagem mas a interpreta segundo uma relação com diversas disciplinas para a estrutura de referência alternativa. observação sistemática da cultura popular, assim como, com diversos movimentos so- “A preocupação com o momento da ciais. recepção continua sendo fundamental Já nesta década, há um relaxamento em relação com duas problemáticas na vinculação política. O sentido de que se mais amplas. Uma delas abrange o as- está analisando algo “novo”, também não sunto do retorno ao sujeito, a subjeti- existe mais. Mas, ao contrário, do que se vidade e a inter-subjetividade enquan- possa pensar, existe sim uma continuidade to a outra, se interessa pela integração nos estudos culturais, mesmo que fragmen- das novas modalidades de relações tada. “É um projeto de pensar através das de poder na problemática da domina- implicações da extensão do termo ‘cultura’ ção.” (Mattelart e Neveau 1997: 122) para que inclua atividades e significados da gente comum, precisamente esses coletivos É dessa forma que se produz o encon- excluídos da participação na cultura quan- tro, durante os anos 70, com os estudos fe- do é a definição elitista de cultura a que ministas. Estes propiciaram novos questio- governa” (Barker e Beezer 1994: 12) namentos em torno de questões referentes Retomando nosso foco de interesse à identidade, pois introduziram novas va- mais específico, a relação cultura/ comuni- riáveis na sua constituição, deixando-se de cação massiva e dentro desta, as problemá- “ler os processos de construção da identida- ticas que enfocam as culturas populares e de unicamente através da cultura de classe suas estratégias interpretativas, também se e sua transmissão geracional” (Mat-telart e observam alterações no decorrer da trajetó- Neveau 1997: 123). Mais tarde, acrescenta- ria dos estudos culturais. se às questões de gênero, as que envolvem
92 Revista FAMECOS • Porto Alegre • nº 9 • dezembro 1998 • semestral
raça e etnia. ejercicio del poder cultural como rasgo Em relação à pesquisas que envolvem continuo de la vida cotidiana. Dentro questões de gênero, dentro mesmo do Cen- del lenguaje del posmoder-nismo, po- tro de Estudos Culturais Contemporâneos dríamos sugerir que una intención de de Birmingham, a publicação coletiva Wo- comprender las ‘narrativas principa- men take issue, de 1978, revela essa dispo- les’ del rechazo político ha sido reem- sição. Autoras como Charlotte Brundson, plazada por una dispo-sición a explo- Marion Jordon, Dorothy Hobson, Christine rar aquellas menos evidentes – y en la Geraghty e Angela McRobbie revêem su- superficie menos heroicas – historias posições do senso comum sobre os meios, de la producción ordinaria de signifi- reivindicando que a audiência, no caso, fe- cados.” (Barker e Beezer 1994: 16) minina, tem autoridade sobre suas práticas de leitura.15 Assim, a agenda original foi transfor- Na década de 80, definem-se novas mando-se. No seu lugar, os cultural studies modalidades de análise dos meios de co- assumiram o papel de “testemunha”, dan- municação. Multiplicam-se os estudos de do voz aos significados que se fazem aqui e recepção dos meios massivos, especial- agora. Segundo Barker e Beezer: mente, no que diz respeito aos programas televisivos.16 Também há um redirecio-na- “... los estudios culturales han cambia- mento no que diz respeito aos protocolos do su base fundamental, de manera de investigação. Estes passam a dar uma que el concepto de ‘clase’ ha dejado atenção crescente ao trabalho etnográ-fico. de ser el concepto crítico central. En Se até este momento o estatuto de el mejor de los casos, ha pasado a ser classe ainda centralizava a reflexão sobre a una ‘variable’ entre muchas, pero fre- diversidade de percepções nas estratégias cuentemente entendido ahora como interpretativas, ponto postulado inicial- un modo de opresión, de pobreza; en mente por Stuart Hall, algumas das pesqui- el peor de los casos, se ha disuelto. Al sas empíricas dessa época apontavam para mismo tiempo, el centro de atención a importância do ambiente doméstico e das principal se ha deslizado hacia cues- relações dentro da família na formação das tiones de subjetividad e identidad y leituras diferenciadas.17 hacia esos textos culturales y mediá- Retornando às diferenciações entre ticos que habitan en los dominios a fase de consolidação desta tradição e o privado y doméstico, y a los cuales se momento atual, pode-se afirmar que na- dirigen. Simultaneamente, ha habido quela existia uma agenda fundamental que un deslizamiento hacia una metodo- consistia na compreensão das relações entre logía que restringe la interpretación poder, ideologia e resistência. Nesse perío- a aquellos casos en los que se ve a do, desejava-se explorar o potencial para a los participantes capacitados, y que resistência e a significação de classe. aparta la atención de las estructuras.” Já nos anos 90 a preocupação em recu- (1994: 25) perar as “leituras negociadas” dos recepto- res faz com que, de certa forma, se valorize Simon During (1993), na introdução de a liberdade individual deste receptor e se um reader sobre os estudos culturais, avalia subvalorize os efeitos da ordem social. que, quando as identidades “clas-sistas” se dissolvem ou são consideradas menos perti- “El centro de atención en la ‘resis-ten- nentes pelos pesquisadores, busca-se outros cia’, con la implicación de una opo- princípios de construção da identidade, tais sición momentánea o estratégica, ha como de matrizes como a da raça, do gêne- sido reemplazado por un énfasis en el ro, da relação com os meios de comunicação
Revista FAMECOS • Porto Alegre • nº 9 • dezembro 1998 • semestral 93
e com o consumo. Stuart Hall, também, reconhece este 4 Ver, por exemplo, DAVIES, Ioan (1995) Cultural Studies and redirecionamento no campo dos estudos beyond: Fragments of empire, London/New York, Routledge; culturais. Mesmo que as questões em torno ANG, Ien e MORLEY, David (1989) “Mayon-naise culture da subjetividade e das identidades, temá-ti- and other european follies”in Cultural Studies, vol. 3, n. cas em foco hoje nos cultural studies, tenham 2; BARKER, Martin e BEEZER, Anne (1994) “Qué hay en muitos aspectos relevantes, Hall considera un texto?” in BARKER, Martin e BEEZER, Anne (eds) esta tendência socialmente estreita. Introducción a los estudios culturales, Barcelona, Bosch Casa Editorial; HALL, S., HOBSON, D., LOWE, A. and WILLIS, “Nos primeiros tempos, talvez nós P. (1980) Culture, media, language, London/New York, Rou- falássemos demasiado sobre a clas- tledge and Centre Contemporary Cultural Studies. se trabalhadora e sobre subculturas. Agora, ninguém fala mais sobre isso. 5 Aponta-se como precursora dos cultural studies uma Eles falam sobre si próprios, sua mãe, problemática de estudos conhecida como “Cultura e So- seu pai, seus amigos, e isso é uma ex- ciedade” que surge em torno de 1870, na Inglaterra. Reúne periência muito seletiva especialmente autores tão distintos como Matthew Arnold, John Ruskin e em relação às classes. (Morley e Chen Williams Morris. Entretanto, os três compartilham uma ati- 1996: 18) tude crítica em relação à sociedade moderna. Estigmatizam o século XIX como aquele onde triunfou o “mau gosto” da Existem outros eixos importantes de “sociedade de massa” e a “pobreza de sua cultura”. Estes serem avaliados na etapa presente dos estu- intelectuais, entre outros, se adiantam nas críticas contra as dos culturais. Entre eles estaria a discussão consequências culturais do advento da civilização moder- sobre a pós-modernidade ou a “nova era” na. (no original, new times) como é proposto por A sociedade vitoriana está naquele momento na Hall, a globalização, a força das migrações e vanguarda no que diz respeito ao nascimento das formas o papel do Estado-nação e da cultura na- culturais vinculadas ao sistema industrial. Já na segunda cional e suas repercussões sobre o processo metade do século XIX se travam as primeiras discussões de construção das identidades. No entanto, em torno da regulação de um tipo de atividade como a da estes fogem do propósito inicial deste traba- publicidade, sendo na Inglaterra que surgiram as primei- lho de iniciação aos estudos culturais . ras críticas em relação a cultura industrializada (Matttelart e Neveau 1997). No período entre as duas guerras, Frank Raymond Notas Leavis (1895-1978) passa a ser uma figura central na pro- moção de estudos de literatura inglesa. Funda em 1932 a 1 A partir deste momento, usaremos para esta tradição revista Scrutiny que se converte no centro de uma cruzada britânica a denominação cultural studies e estudos culturais, moral e cultural contra o embrutecimento praticado pelos indistintamente. meios de comunicação e pela publicidade. O movimento, liderado por Leavis, propunha a leitura da grande tradição 2 Os cultural studies difundiram o conceito de “texto” como da ficção inglesa como antídoto para atacar a degeneração além das grandes obras, incluindo aí a cultura popular e as da cultura. No ensino, adverte-se aos alunos contra a força práticas sociais cotidianas. manipuladora da publicidade e a pobreza lingüística da imprensa popular. 3 Sobre a “internacionalização” ou “globalização”dos Estes movimentos no âmbito da literatura inglesa são cultural studies, ver, por exemplo, Simon DURING (ed) vistos enquanto um ambiente propício para o surgimento The Cultural Studies Reader, London, Routledge, 1993; D. dos cultural studies. MORLEY and Kuan-Hsing CHEN (eds) Stuart Hall: Critical Dialogues in Cultural Studies, London, Routledge, 1996; 6 Adoto, aqui, a observação de Fredric Jameson, “Sobre os ANG, Ien e MORLEY, David (1989) “Mayonnaise culture ‘Estudos de Cultura’”, in Novos Estudos - CEBRAP, n 39, and other european follies” in Cultural Studies, vol. 3, n. 2. jul/1994, pp. 11- 48.
94 Revista FAMECOS • Porto Alegre • nº 9 • dezembro 1998 • semestral
7 Seu primeiro número apareceu em 1972. 15 Outro livro que recupera textos dos anos 80 sobre a mes- ma temática – audiência feminina e meios massivos – é o 8 Nasceu em 1918, passando sua infância no meio operário, organizado por Mary Ellen Brown, Television and women’s sua origem. No final da II Guerra entra para a docência. culture: The politics of the popular, Sage, 1990. Este apresenta Trabalha com formação de adultos do meio operário trabalhos de Dorothy Hobson, Ien Ang, Virginia Nightin- (Workers Education Association). Influenciado por Leavis gale, John Fiske, Andrea L. Press e outros. e a revista Scrutiny, acaba afastando-se por dedicar-se às culturas populares de um modo mais condescendente. 16 Considerados “clássicos” entre os estudos de audiência Fundador do Centro (CCCS), hoje, encontra-se de certa for- dos estudos culturais estão: D. Morley (1980) The Natio- ma distante das evoluções político-intelectuais dos estudos nwide audience; do mesmo autor (1986) Family television: culturais dos anos noventa. Cultural power and domestic leisure; Dorothy Hobson (1982) Crossroads: The drama of a soap opera; David Buckingham 9 Aqui, é utilizada a versão em português As utilizações da (1987) Public secrets: EastEnders and its audience; Ien Ang cultura: Aspectos da vida cultural da classe trabalhadora, vol. I (1985) Watching Dallas: Soap opera and the melodramatic ima- e II, Lisboa, Editora Presença, 1973. gination; Bob Hodge and David Tripp (1986) Children and television: A semiotic approach; Janice Radway (1987) Reading 10 Nasceu no País de Gales (1921-1988), filho de um ferro- the romance: Women, patriarchy and popular literature; John viário. No final da II Guerra passa a ser tutor na Oxford Tulloch and Albert Moran (1986) Quality soap: A country University Delegacy for Extra-mural Studies devido a sua practice. formação em literatura. A partir de 1958, quando publica Culture and society, dá vazão a sua produção intelectual. 17 É o caso de D. Morley, entre outros. Este desenvolveu Sua posição teórica será sintetizada em Marxism and litera- uma pesquisa denominada Nationwide, publicada em ture (1977) quando reivindica a construção de um “mate- 1980. Como continuação deste projeto, desenvolveu Family rialismo cultural”. Television, trabalho publicado em 1986. Nationwide é um estudo de audiência conduzido através de entrevistas em 11 Thompson (1924-1993) inicia sua vida como docente de um grupo, fora de suas residências, isto é, as pessoas estavam centro de educação permanente para adultos (WEA). Foi fora do contexto onde normalmente ocorre a assistência da militante do Partido Comunista mas em 1956 rompe com televisão e a produção de significados a partir de seus con- o partido, convertendo-se num dos fundadores da New Left teúdos. Em Family Television, o autor entrevistou famílias Review. em suas próprias casas, pois é neste contexto que se deve entender as particularidades das respostas individuais a 12 De origem jamaicana, Hall (1932- ) abandonou a Jamaica diferentes tipos de programação. Na sua opinião, o ato de em 1951 para prosseguir seus estudos na Inglaterra. Ini- ver TV necessita ser entendido dentro da estrutura e da cia a docência em 1957 numa escola secundária onde os dinâmica do processo doméstico de consumo do qual ele é alunos vêm das classes populares. Tem uma forte atuação parte. junto ao meio editorial político-intelectual britânico, como Comentando a sequência destes dois estudos, Mor- por exemplo na Universities and Left Review (década 50/60), ley afirma que o ponto central concentra-se em pesquisar Marxism Today (anos 80), Sounding (a partir de 1995), entre formas de recepção ou indiferença. “... esta é a questão outras. A partir de 1979, atua na Open University,em Lon- fundamental a ser explorada mais do que a questão sobre dres. qual interpretação as pessoas farão sobre um tipo dado de programa, se elas forem colocadas numa sala e pergun- 13 O recorte da investigação das culturas populares e das tadas sobre sua interpretação. (...) E é por esta razão que audiências implementou este tipo de estratégia metodo- a pertinência ou projeção sobre diferentes tipos de pro- lógica. Ver, por exemplo, capítulo sobre etnografia em Hall gramas em diferentes membros da família ou membros et al., 1980. da família de diferentes escalas sociais foram priorizadas nesta pesquisa [Family Television] sobre a questão das 14 Mais tarde, é a vez de David Morley com “Texts, readers, tendências de fazer leituras ou interpretações oposicionais, subjects” (1977-1978). negociadas ou dominantes de tipos particulares de progra-
Revista FAMECOS • Porto Alegre • nº 9 • dezembro 1998 • semestral 95
mas.” Morley, “Research develop-ment: from ‘decoding’ to other european follies” in Cultural Studies, vol. 3, n. 2, 133- viewing context”, p.137. 144. Metodologicamente, Morley defende que, em primei- ro lugar, deve oferecer-se uma descrição adequadamente BARKER, Martin e BEEZER, Anne. (1994) “Qué hay en un tex- densa das complexidades desta atividade de “assistir TV” to?” in BARKER, Martin e BEEZER, Anne (eds) Introducci- e que a perspectiva antropológica e etnográfica são de ón a los estudios culturales, Barcelona, Bosch Casa Editorial. grande contribuição para alcançar este objetivo. Sua sugestão é de que os estudos de audiência ne- CORNER, John. (1991) “Studying culture: reflections and as- cessitam “investigar as formas nas quais uma variedade sessments. An interview with Richard Hoggart” in Media, de meios de comunicação [media] está envolvida na pro- Culture and Society, vol. 13, SAGE, London, Newbury Park dução da cultura popular e do conhecimento do terreno and New Delhi, 137-151. da vida cotidiana” (Morley, “Towards an ethnography of the television audience”, p.195). Além disso, o autor coloca CHEN, Kuan-Hsing. (1991) “Post-Marxism: between/beyond que “... a chave do desafio reside na nossa habilidade de critical postmodernism and cultural studies” in Media, construir a audiência tanto como um fenômeno social Culture and Society, vol. 13, SAGE, London, Newbury Park como semiológico (cultural) e na nossa habilidade de and New Delhi, 35-51. reconhecer a relação entre telespectadores e a TV, como eles são mediados por determinações cotidianas – e pelo CURRAN, James (1990) “The new revisionism in mass com- envolvimento diário da audiência com todas as outras munication research: A reappraisal” in European Journal of tecnologias, jogando um papel na condução e mediação da Communication, vol 5, SAGE, London, Newbury Park and comunicação cotidiana. É dentro deste extenso campo de New Delhi, 135-164. estudo que a pesquisa qualitativa de audiência deve agora ser desenvolvida” (Morley, “Towards an ethno-graphy of DAVIES, Ioan (1995) Cultural Studies and beyond: Fragments of the television audience”, p.197). empire. London/New York, Routledge. Ver, entre outros textos, MORLEY, D. “Towards an ethnography of the television audience”. In: Television, DURING, Simon (ed). (1993) “Introduction” in The Cultural Audiences and Cultural Studies. Routledge: London and Studies Reader, London, Routledge. New York. Chapter 8. pp. 173-197; “Research develop- ment: from ‘decoding’ to viewing context” in Television, GRIMSHAW, R., HOBSON, D., WILLIS, P. (1980) “Intro-duc- Audiences and Cultural Studies. Routledge: London and tion to ethnography at the Centre” in HALL, S., HOBSON, New York. Chapter 5. pp.133-137; “Quando il globale D., LOWE, A., e WILLIS, P. (1980) Culture, media, language: incontra il local davanti alla TV”. Problemi dell’Informazione. Working papers in Cultural Studies 1972-1979. Routledge e Bologna, A. XVII, n 2, giugno 1992; “Changing paradigms Centre for Contemporary Cultural Studies/University of in audience studies”in SEITER, Ellen, BORCHERS, Hans, Birmingham, London e New York. KREUTZNER, Gabriele , WARTH, Eva-Maria Remote Con- trol: Television, audiences and cultural power. (1994) London, HALL, Stuart. (1980) “Cultural studies: Two paradigms” in Routledge; Televisión, audiencias y estudios culturales. Bue- Media, Culture and Society, vol. 2, n 1, SAGE, London, New- nos Aires: Amorrortu, 1996; “EurAm, modernity, reason bury Park and New Delhi, 57-72. and alterity: or, postmodernism and cultural studies” in Morley, D. and Kuan-Hsing Chen (eds), Stuart Hall: Critical HALL, Stuart. (1980) “Cultural Studies and the Centre: some dilogues in Cultural Studies, London, Routledge, 1996; JAN- problematics and problems” in HALL, S., HOB-SON, D., COVICH, Mark “David Morley, Los estudios de ‘Natiowi- LOWE, A., e WILLIS, P. (1980) Culture, media, language de’ in BARKER, Martin e BEEZER, Anne. Introducción a los – Working papers in Cultural Studies 1972-1979. Routledge e estudios culturales (1994) Barcelona, Bosch Casa Editorial. Centre for Contemporary Cultural Studies/University of Birmingham, London e New York.
Referências HALL, Stuart. (1980) “Introduction to Media at the Centre”
in HALL, S., HOBSON, D., LOWE, A., e WILLIS, P. (1980) ANG, Ien e MORLEY, David. (1989) “Mayonnaise culture and Culture, media, language - Working papers in Cultural Studies
96 Revista FAMECOS • Porto Alegre • nº 9 • dezembro 1998 • semestral
1972-1979. Routledge e Centre for Contemporary Cultural YUDICE, George. “O ‘Estado das Artes’ dos Estudos Cultu- Studies/University of Birmingham, London e New York. rais” (1993) in MESSEDER, Carlos Alberto e FAUSTO, Antonio (orgs.), Comunicação e cultura contemporâneas, Rio HOBSON, Dorothy. (1980) “Housewives and the mass media” de Janeiro, Notrya. in HALL, S., HOBSON, D., LOWE, A., e WILLIS, P. (1980) Culture, media, language – Working papers in Cultural Studies 1972-1979. Routledge e Centre for Contemporary Cultural Studies/University of Birmingham, London e New York.
JAMESON, Frederic. “Sobre os ‘Estudos de Cultura” in Novos
Estudos, CEBRAP, n 39, jul/1994, pp. 11-48.
KREUTZNER, Gabriele (1989) “On doing Cultural Studies in
West Germany” in Cultural Studies, vol. 3, n. 2, 240-249.
MATTELART, A. e NEVEAU, E. (1997) “La institucio-nalizaci-
ón de los estudios de la comunicación” in Revista Telos, n. 49, FUNDESCO.
MELLOR, Adrian. (1992) “Discipline and punish? Cultural stu-
dies at the crossroads” in Media, Culture and Society, vol. 14, SAGE, London, Newbury Park and New Delhi, 663-670.
MORLEY, D. and CHEN, Kuan-Hsing (eds). Stuart Hall – Criti-
cal Dialogues in Cultural Studies, London, Routledge.
MORLEY, David. (1980) “Texts, readers, subjects” in HALL, S.,
HOBSON, D., LOWE, A., e WILLIS, P. (1980) Culture, me- dia, language – Working papers in Cultural Studies 1972-1979. Routledge e Centre for Contemporary Cultural Studies/ University of Birmingham, London e New York.
MURDOCK. G. (1993) “Communications and the consti-tution
of modernity” in Media, Culture and Society, vol. 15, SAGE, London, Newbury park and New Delhi, 521-539.
MURDOCK, G. (1995) “Across the Great Divide: Cultural
analysis and the condition of democracy” in Critical Studies in Mass Communication, 12, 89-95.
TURNER, Graeme. (1990) British Cultural Studies: An Introduc-
tion. Boston, Unwin Hyman.
WILLIS, Paul. (1980) “Notes on method” in HALL, S., HO-
BSON, D., LOWE, A., e WILLIS, P. (1980) Culture, media, language – Working papers in Cultural Studies 1972-1979. Routledge e Centre for Contemporary Cultural Studies/ University of Birmingham, London e New York.
Revista FAMECOS • Porto Alegre • nº 9 • dezembro 1998 • semestral 97