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DICAS de ESTÉTICA 1 Por que é importante?

A constante procura por restaurações estéticas ção cerâmica e da cor do cimento.2,3 Estudos de-

A importância das
bem como a incansável luta pela preservação monstram que o substrato dentário pode ter in-
dos tecidos da estrutura dental têm motivado fluência primária na aparência de restaurações

pastas de prova pesquisadores à busca de melhorias nos mate-


riais odontológicos.
cerâmicas definitivas.5,6 A cor do cimento pode
ajudar a mascarar o escurecimento do elemento

(try-in) e como Atualmente, diferentes sistemas cerâmicos e dentário, igualar diferentes substratos e ajustar
marcas comerciais estão disponíveis no merca-
individualizá-las
pequenas nuances na cor final da restauração.
do mundial, que, somados aos avanços na odon- Os cimentos resinosos apresentam variedade

para cada caso


tologia adesiva, permitem ao profissional téc- de cores e diferentes níveis de opacidade3,4 (Fig.
nicas mais conservadoras, utilizando materiais A-C), permitindo-nos utilizá-los em situações dis-
com melhores propriedades físicas e ópticas, tintas. Um dos métodos para selecionar a tonali-
mimetizando ainda mais os tecidos dentários e dade do cimento é utilizar pastas de provas (try-
alcançando excelentes resultados estéticos. 1
-in) antes do procedimento de cimentação.6,7
Essa evolução nos materiais cerâmicos nos per- As pastas try-in são solúveis, de fácil remoção,
Solon-de-Mello, Monique de mitiu trabalhar com restaurações com espessu- à base de glicerina pigmentada, com consistên-
ras ainda mais reduzidas, responsáveis apenas
Almeida cia e cor similares às do cimento resinoso, e têm
por pequenas correções morfológicas, sem o como objetivo simular o efeito cromático promo-
Mestranda em Dentística - UERJ
objetivo de alterações na coloração dos dentes. vido pelo cimento resinoso completamente poli-
A escolha de material para cimentação de res- merizado após sua fotoativação.6
Santos, Gustavo Oliveira
taurações com pequenas espessuras, assim As pastas de provas ajudam na avaliação da cor-
Prof. Adjunto da Disciplina de Clínica Integrada – UFF
Prof. do Mestrado em Odontologia – Clínica Odontológica – UFF
como facetas, laminados e fragmentos é de ex- respondência de cor dessas restaurações para
trema importância, já que a tonalidade dos ci- certificar que a expectativa estética do caso
mentos resinosos pode alterar a cor final de res-
Monte Alto, Raphael Vieira pode ser alcançada após a cimentação.7,8 Indivi-
taurações translúcidas. Os cimentos resinosos
1,2
dualizar a escolha do cimento, harmonizando a
Professor Adjunto da Disciplina de Clínica Integrada – UFF
Professor do Mestrado em Odontologia – Clínica Odontológica – UFF
fotoativados são largamente defendidos na lite- opacidade e a cor, pode criar um melhor resul-
Professor do Curso de Especialização em Implantodontia – UFF ratura como materiais de escolha para cimenta- tado. Através de mistura de cimentos, o clínico é
ção dessas restaurações adesivas.3,4 Sendo as- capaz de ajustar a cor da restauração.2 A possi-
sim, sua seleção é um fator crítico na obtenção bilidade de testar essa mistura com as pastas de
de resultados estéticos para restaurações com provas leva à escolha mais sensata e segura da
pouca espessura.3 tonalidade do cimento a ser utilizada.
O comportamento óptico das restaurações ce- Após a escolha da cor, as pastas try-in devem
râmicas é determinado pela combinação de ser completamente removidas do preparo e da
alguns fatores, como a coloração da estrutura restauração, para não comprometer a adesão do
dentária (substrato), da espessura da restaura- cimento resinoso com o elemento dentário.

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v.2, n.3, 2013
A
Qualquer falha na escolha do cimento adequado
I
pode comprometer a estética da reabilitação.

O que é necessário?

• Kit de cimento resinoso fotoativável com res-


pectivas pastas de prova
• Placa de vidro
• Espátula para manipulação do cimento (Ex.:
Suprafill ou espátula 1)

II

B C

(I) Diferentes tonalidades dos cimentos resinosos. (II)


Diferentes níveis de opacidade (translucidez) verificadas através
da luz transmitida (A). Gama de cores e opacidades dos cimen-
tos resinosos (B-C).
Como fazer? D E
I II I II

Quando e por que combinar duas pastas


try-in
Como descrito anteriormente, muitos kits de ci-
mentos resinosos já possuem as pastas de pro-
vas correspondentes. É de extrema importância
utilizar a pasta de prova referente ao cimento
resinoso, visto que cada marca comercial possui
diferentes nuances de cores (Fig. D).
Em um mesmo kit, as diferentes tonalidades IV III IV III

podem refletir-se em diferentes matizes (cor-


-base) e saturações (quantidade de pigmento
F
de cada matiz), variando também suas opacida-
des (Fig. E).
A opacidade é uma propriedade óptica que pode
apresentar-se em diversos graus. Popularmen-
te, um material opaco não permite a passagem
de luz, enquanto um material translúcido permite
a passagem de luz de maneira difusa. Na prática
clínica, essas características apresentam-se de
maneira que uma restauracão em pequenas es-
pessuras sobre substrato escurecido poderá ter
grande influência de seu substrato quão maior
for sua translucidez.
Existem casos em que é necessário trabalhar
com determinada matiz e grau de saturação, em
conjunto com uma maior opacidade. Nessa situ-
ações, pode-se combinar duas pastas de prova
(e, consequentemente, os cimentos). Na Figu-
ra F, para exemplificar, misturou-se uma pasta
marrom, saturada e com média opacidade, com
Duas marcas comerciais, uma representada por I e II, e a outra por III e IV. I e III representam as cores mais translúcidas sob luz
uma pasta branco-opaco, altamente opaca, ob-
refletida; e II e IV representam as cores mais opacas sob luz transmitida (D). Variações de cores e translucidez das pastas try-in cor-
tendo, assim, uma pasta homogênea individuali- respondentes às do cimento resinoso (E). Combinação de duas pastas, com diferentes cores e opacidades, para a obtenção de uma pasta
zada para uma situação específica. homogênea específica para determinado caso; (I) luz refletida e (II) luz transmitida (F).

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G H Individualizando cada caso: influência da cor
do cimento resinoso no resultado final da
restauração
Caso de 4 facetas anteriores (12 ao 22), realiza-
das sobre substratos dentinários com tonalida-
des similares. Foram planejadas restaurações
com cerâmica vítrea de dissilicato de lítio feitas a
partir de pastilhas com média opacidade (Fig. G).
Após receber as restaurações do laboratório e
ser feita a limpeza dos preparos (Fig. H), realiza-

I J
-se uma prova seca (Fig. I), seguida da seleção
do cimento resinoso com a utilização das pastas
de provas. Uma maneira simples de começar
essa avaliação é mediante a utilização do try-in
incolor/transparente, observando se existe a ne-
cessidade de opacificar, tornar mais translúcido,
escurecer ou clarear o efeito final da restaura-
ção.
Neste caso clínico, de maneira didática, foram
colocadas diferentes pastas de provas, para fá-
cil comparação, da seguinte maneira: no elemen-
K L to 12 foi utilizado try-in A4; no elemento 11, try-in
branco-opaco; no elemento 21, try-in A1; e no ele-
mento 22, try-in transparente (Fig. J).
Pode-se observar diferentes opacidades e to-
nalidades em cada restauração, influenciada
pelas pastas de provas, que corresponderiam
ao cimento resinoso (Fig. K). No elemento 11, por
exemplo, a restauração ficou mais opaca (menos
translúcida) se comparada com o elemento 22, e
menos saturada se comparada com o elemento
12. Neste caso, a cor de escolha foi A1, mas em
Pastilhas de dissilicato de lítio permitem trabalhar com restaurações de diferentes opacidades (G). Limpeza dos preparos (H). Prova
outra situação poderia ser essencial trabalhar
seca das facetas, com ausência de pasta try-in (I). Análise de cores do cimento resinoso para cimentação. Try-in A4 no elemento 12;
com um cimento em que fosse necessário com-
try-in branco-opaco no elemento 11; try-in A1 no elemento 21; e try-in Bleaching e try-in transparente no elemento 22 (J). Diferentes
efeitos nas facetas, influenciados pelas diferentes pastas de prova (K). Fotografia final, imediata à cimentação, com a cor do cimento binar duas pastas de prova e, consequentemen-
resinoso previamente definida (L). te, seus cimentos equivalentes.
Considerações finais Referências

O entendimento das características de opaci- 1. Anusavice KJ. Propriedades mecânicas dos


dade e matiz/saturação dos cimentos de prova materiais dentários. 10a ed. Rio de Janeiro:
Guanabara-Koogan; 1998.
é fundamental para a escolha de cor do cimento
resinoso. A utilização individualizada das pastas 2. Chang J, Da Silva JD, Sakai M, Kristiansen J,
Ishikawa-Nagai S. The optical effect of composite
de provas (try-in) funciona de maneira a minimi-
luting cement on all ceramic crowns. J Dent.
zar a ocorrência de erros, favorecendo a previ- 2009;37:937-43.
sibilidade quanto ao resultado estético final da 3. Turgut S, Bagis B. Effect of resin cement and
restauração. ceramic thickness on final color of laminate
veneers: an in vitro study. J Prosthet Dent.
2013;109:179-86.
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cimentação de facetas cerâmicas: relato de caso.
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5. Chu FC, Chow TW, Chai J. Contrast ratios and
masking ability of three types of ceramic veneer.
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6. Vichi A, Ferrari M, Davidson CL. Influence of
ceramic and cement thickness on the masking of
various types of opaque posts. J Prosthet Dent.
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properties of veneer trial pastes relevant to
clinical success. Br Dent J. 2008;204:E11.

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