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Manual de Referenciação
ENDOCRINOLOGIA
AUTORES
REVISORES
JUNHO DE 2019
1
Introdução:
Pretende-se, assim, que este documento seja um manual para consulta rápida, que
permita aumentar o conhecimento científico na área da Endocrinologia e possibilite
uma melhoria das referenciações.
2
Índice
Tiróide................................................................................................... 3
Hipotiroidismo........................................................................................ 9
Hipertiroidismo..................................................................................... 15
Hipocalcémia........................................................................................ 21
Hipercalcémia....................................................................................... 22
Displipidemias familiares.............................................................................. 26
Hipercolesterolemia Familiar....................................................................... 26
Obesidade.............................................................................................. 31
Hipoglicemias.......................................................................................... 36
Atraso Pubertário................................................................................... 36
Hirsutismo........................................................................................... 40
Amenorreia.......................................................................................... 45
Ginecomastia........................................................................................ 45
Galactorreia......................................................................................... 45
Síndrome do Ovário Poliquístico................................................................... 48
Patologia hipofisária................................................................................... 52
Indidentalomas hipofisários........................................................................ 52
Hiperprolactinémia................................................................................. 52
Patologia da suprarrenal.............................................................................. 52
Incidentaloma da suprarrenal...................................................................... 52
3
Tiróide
Patologia nodular da tiroide
Introdução
A patologia nodular da tiroide é frequentemente detetada ao nível dos cuidados de
saúde primários, sobretudo no sexo feminino, idosos e em zonas com carência de iodo.
À palpação a prevalência dos nódulos tiroideus é de 3 a 7%, no entanto este valor
1
aumenta para os 20-76% quando detetados por ecografia. Embora se verifique
discrepância entre estes valores, o rastreio ecográfico da patologia nodular da tiroide
não está aconselhado de forma sistemática na população geral. Apesar da prevalência
de nódulos ser elevada, a neoplasia da tiróide corresponde apenas a 5-15% dos
nódulos.
Sempre que haja suspeita clínica de nódulo da tiroide ou nódulo identificado por outro
método de imagem deve ser efetuada ecografia da tiroide para confirmação e
avaliação global da glândula e das cadeias ganglionares cervicais.
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Função Tiroideia: Perante a confirmação de patologia nodular é necessário o estudo
da função tiroidia através da Hormona Estimulante da Tiroide (TSH).
Cintigrafia: Por sistema a cintigrafia não deve ser realizada a todos os doentes com
nódulos. Os doentes com TSH baixa devem efetuar cintigrafia da tiroide para confirmar
ou excluir nódulo hiperfixante (nódulo quente).
Citologia aspirativa com agulha fina (CAAF): Após a confirmação nodular por ecografia
é necessário proceder à decisão de realizar ou não de CAAF, uma vez que é o exame de
eleição para apurar o risco efetivo do nódulo em estudo.
5
Situações de risco clínico aumentado para malignidade
Idade <14A
Exposição a radiação da região tiroideia na infância/adolescência
Antecedente pessoalde patologia com risco acrescido de Ca tiroide (PAF, complexo de
Carney, S. de Cowden ou S. de McCune-Albright)
Antecedente pessoal de cirurgia prévia por Ca tiroide
Antecedente familiar (1º grau) de Ca tiroide ou NEM 2
Hiperfixação focal em localização tiroideia na PET 18F-FDG ou na cintigrafia das
glândulas paratiroideias
Nódulo duro e aderente à palpação
Crescimento nodular rápido e progressivo
Sintomatologia compressiva/infiltrativa cervical incluindo paresia/paralisia de cordas
vocais, ex disfonia persistente, disfagia e dispneia
Adenomegalia cervical suspeita
Elevação da calcitonina
Tabela 3- Risco clínico aumentado para malignidade
Os nódulos com critérios ecográficos suspeitos e/ou risco clínico aumentado têm
indicação para CAAF se dimensão ≥10 mm. 1,2
Nos nódulos<10 mm, com critérios ecográficos suspeitos e/ou risco clínico aumentado
pode ainda ser considerada a CAAF se tecnicamente possível e sempre de acordo com
critério clínicodevidamente justificado no processo clínico. 1,2
6
- Compromisso cardiorrespiratório severo, instabilidade hemodinâmica ou estádio
terminal de doença.
Em doentes com indicação para CAAF e sob terapêutica hipocoagulante poderá ser
ponderada a prescrição da interrupção temporária do hipocoagulante e a introdução
de heparina de baixo peso molecular.
Referenciação
Deverão ser referenciados para Endocrinologia em contexto hospitalar, num prazo
máximo de 30 dias, os doentes com alterações citológicas compatíveis com: 2,3
7
Algoritmo resumo da investigação do nódulo tiroideu
Referências
1. Norma DGS 2013 - Abordagem Diagnóstica do Nódulo da Tiroide em Idade Pediátrica e no Adulto.
2. Cooper DS e col. Revised American Thyroid Association Management Guidelines for Patients with
Thyroid Nodules and Differentiated Thyroid Cancer. The American Thyroid Association (ATA).
Guidelines Taskforce on Thyroid Nodules and Differentiated Thyroid Cancer. Thyroid, 2009;
19(11):1167-1214.
3. Guidelines of the French Society of Endocrinology for the management of thyroid nodules. Annales
d’Endocrinologie 2011;72: 255-281.
Hipotiroidismo
8
Introdução
Etiologia
A tabela 1 apresenta as causas mais frequentes do hipotiroidismo primário e do
hipotiroidismo central.
Manifestações Clínicas
9
existe diminuição da atividade física e mental e deposição de glicosaminoglicanos nos
tecidos moles.
10
arterial diastólica,
bradicardia
Derrame perciárdico
Aumento do risco de
hemorragia (Doença de
von Willebrand adquirida)
Défice cognitivo ligeiro
Tabela 2. Manifestações clínicas e laboratoriais de hipotiroidismo.
Legenda: N – Normal Nota: No caso da tiroidite crónica auto-imune (tiroidite de Hashimoto), são frequentes as
queixas de astenia marcada, sensação de globo cervical, dor cervical, disfonia. No caso do hipotiroidismo congénito,
apatia, letargia, macroglossia, atraso do crescimento e atraso cognitivo.
Diagnóstico
11
Na síndrome de doença não tiroideia há redução dos níveis de TSH e T4L/T3L no
contexto de doença aguda grave, com recuperação após resolução do quadro clínico
(deve-se repetir o doseamento de TSH e de T4L 4-6 semanas depois).
Notar que o pedido de ecografia da tiróide tem lugar essencialmente nos casos
sintomáticos (como a presença de bócio) e nos de tiroidite crónica auto-imune.
Tratamento
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dose da dose aterosclerótica,
- Vigilância anual - Vigilância anual insuficiência cardíaca ou
fatores de risco para
doença vascular
- Dose:
- Sem cardiopatia:
1,5μg/Kg/dia
- Com cardiopatia
e/ou idoso: 25 a 50 μg/dia
e dose titulada
- Vigilância:
- Pacientes sob
tratamento: anual
- Pacientes não
tratados: 6 meses nos 1.os
2 anos e depois
anualmente (Em 6-35%
dos pacientes haverá
normalização do valor de
TSH, dependendo do seu
valor inicial, dos auto-
anticorpos tiroideus e do
tempo de seguimento)
Tabela 4. Tratamento de hipotiroidismo.
Referenciação
13
Referências
1. XXII curso Pós-graduado de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo. Porto: Syllabus; 2016
2. Orlander et al. Hypothyroidism. 2018, acedido em 22/08/2018. Disponível em:
https://emedicine.medscape.com
3. Ross D et al. Diagnosis of and screening for hypothyroidism in nonpregnant adults. 2017,
acedido em 24/08/2018. Disponível em: https://www.uptodate.com
4. Surks M et al. Clinical manifestations of hypothyroidism. 2017, acedido em 24/08/2018.
Disponível em: https://www.uptodate.com
5. Ross D et al. Treatment of primary hypothyroidism in adults. 2017, acedido em 24/08/2018.
Disponível em: https://www.uptodate.com
Hipertiroidismo
Introdução
14
Etiologia
A tabela 1 apresenta causas de hipertiroidismo. Na população jovem, a causa mais
frequente é a doença de Graves e, na população idosa, o bócio multinodular.
Causas de hipertiroidismo:
Doença de Graves
Bócio tóxico difuso/multinodular (BMN)
Adenoma tóxico
Tiroidite subaguda
Tiroidite silenciosa (incluindo tiroidite linfocítica e pós-parto)
Iatrogénico (hormona tiroideia, farmacológica – ex. com iodo)
Tumor hipofisário secretor de TSH
Doença trofoblástica
Tabela 1. Causas mais frequentes de hipotiroidismo.
Legenda: BMN – Bócio multinodular; TSH – Hormona tiroestimulante.
Manifestações Clínicas
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Sintomas Sinais
Intolerância ao calor, hipersudorese, Hipertermia
mãos húmidas
Fadiga, fraqueza muscular Perda de peso e aumento do apetite
Apetite normal ou aumentado Cabelo fino e frágil
Aumento da frequência defecatória e Pele quente, húmida e macia
urinária
Tremor, palpitações Tremor das mãos
Alterações da visão (fotofobia, diplopia) Taquiarritimia, fibrilação auricular
ou exoftalmia
Ansiedade, labilidade emocional Choque da ponta
Aumento da pressão arterial sistólica e da
pressão de pulso
Fraqueza muscular
Oligomenorreia, infertilidade,
ginecomastia, disfunção erétil
Tabela 2. Manifestações clínicas de hipertiroidismo.
Diagnóstico
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- Antecedentes pessoais (ex. doenças auto-imunes, como vitiligo, anemia perniciosa
ou diabetes mellitus tipo 1);
- Exame tiroideu (dor à palpação, nódulos tiroideus, bócio difuso, sopro e frémito
tiroideus);
- Exame oftalmológico
- Exame dermatológico.
- Anticorpo antitiroideu anti-TPO: o anticorpo mais específico, ainda que possa estar
ligeiramente elevado em pessoas sem patologia tiroideia. Habitualmente, observam-se
níveis elevados na tirotoxicose de Graves e baixos ou ausentes no BMN e no adenoma
tóxico;
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- Ecografia da tiróide: avalia a morfologia e a vascularização da glândula tiroideia. Na
doença de Graves, observa-se geralmente bócio difuso com hipervascularização; no
adenoma tóxico ou BMN, observam-se um ou vários nódulos.
- Cintigrafia da tiróide: se, após a colheita dos dados prévios, a etiologia permanecer
desconhecida. O grau e padrão de captação do isótopo indica o tipo de patologia
tiroideia. A hipercaptação sugere hipertiroidismo: se difusa, doença de Graves; se
focal, adenoma ou BMN tóxico. A hipocaptação sugere outras causas de tirotoxicose
com origem extra-tiroideia.
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Tabela 3. Suspeita clínica de acordo com alteração da função tiroideia.
Tratamento
Referenciação
Referências
1. XXII curso Pós-graduado de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo. Porto: Syllabus; 2016
2. Lee S et al. Hyperthyroidism and Thyrotoxicosis. 2018, acedido em 16/09/2018. Disponível em:
https://emedicine.medscape.com
3. Ross D. Diagnosis of hyperthyroidism. 2018, acedido em 02/09/2018. Disponível em:
https://www.uptodate.com
4. Bahn RS et al. Hyperthyroidism and other causes of thyrotoxicoses: Management Guidelines of
the American Thyroid Association and American Association of Clinical Endocrinologists.
Endocrine Practice, 2016.
19
Metabolismo do Fósforo e do Cálcio
Hipocalcémia
Introdução
As concentrações de cálcio sérico ionizado mantêm-se estáveis e sem variações
significativas pela mecanismo de homeostase existente entre o cálcio ionizado, a PTH e
a vitamina D (homeostase do cálcio).
Define-se por concentrações de cálcio sérico ionizado <4,5 mg/dL ou concentrações de
cálcio sérico total <8,6 mg/dL com albumina sérica normal.
Abordagem de hipocalcémia:
- Confirmar o valor obtido, repetindo o doseamento de cálcio sérico
- Determinar o cálcio ionizado (correcção do cálcio total com albumina sérica)
- O doseamento da PTH é essencial
- Outros parâmetros analíticos a pedir: Magnésio e fosfato séricos, metabolitos da
vitamina D (25-hidroxi vitamina D), creatinina plasmática e fosfatase alcalina.
Referenciação
Referenciar para Endocrinologia se hipocalcémia.
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Hipercalcémia
Introdução
As concentrações de cálcio sérico ionizado mantêm-se estáveis e sem variações
significativas pela mecanismo de homeostase existente entre o cálcio ionizado, a PTH e
a vitamina D (homeostase do cálcio).
Define-se por concentrações de cálcio sérico ionizado >5,1 mg/dl ou concentrações de
cálcio sérico total >10,3 mg/dl com albumina sérica normal.
Abordagem de hipercalcémia
- Avaliação clínica e laboratorial para distinguir hiperparatiroidismo de patologia
maligna
- Confirmar o valor obtido, repetindo o doseamento de cálcio sérico
- Determinar o cálcio ionizado (correcção do cálcio total com albumina sérica) -
Determinar presença/ausência d sintomas, história familiar, fármacos
O doseamento da PTH é essencial.
Referenciação
Referenciar para Endocrinologia se hipercalcémia.
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Osteoporose: causa secundária
Introdução/Manifestações clínicas:
A osteoporose secundária deve ser tida em conta:
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Fármacos Glicocorticóides, antiepiléticos, hipoglicemiantes
(tiazolidinedionas), inibidores da lipase, SSRIs, suplementação
excessiva de tiroxina, inibidores da aromatase, agonistas GnRH,
depot de acetato de medroxiprogesterona, tamoxifeno,
quimoterapia, imunossupressores (ciclosporina, tacrolimus),
furosemida, lítio, heparina, IBPs, antiácidos com alumínio,
antipsicóticos, anti-retrovirais.
Diagnóstico
Exame Físico: Baixa estatura e IMC <18,5 Kg/m2, inflamação articular, cifose, escleras
azuladas.
Estudo analítico:
□ Cálcio sérico
□ Cálcio urina 24h
□ Fósforo
□ PTH
□ Vitamina D
□ Glicose em jejum
□ TSH
□ Testosterona livre, LH e FSH
□ Cortisol sérico
□ Fosfatase alcalina
□ Electroforese de proteínas
□ Creatinina, hemograma, PCR, enzimas hepáticas, anti-transglutaminase.
Tratamento
- Tratar causa secundária
Referenciação
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Devem ser referenciados para Endocrinologia os doentes em que se suspeita de causa
endócrina de osteoporose secundária.
Referências
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Displipidemias familiares
Hipercolesterolemia Familiar
Introdução
A hipercolesterolemia familiar (FH) é uma doença genética, autossómica dominante,
com uma prevalência da forma heterozigótica de 1:500 na maioria das populações
europeias, o que a torna uma das patologias genéticas mais comuns. Pelo contrário, a
forma homozigótica da FH é rara (1:1000000).
A síndrome clínica é caracterizada por níveis extremamente elevados de colesterol de
lipoproteína de baixa densidade (C-LDL) e maior risco de doença cardiovascular
aterosclerótica prematura. Os homozigotos geralmente manifestam a doença ainda na
infância.
Etiologia
Na FH foram identificadas mutações em três genes: o receptor de lipoproteína de
baixa densidade (LDLR), mutações de ganho de função do gene da PCSK9 e do gene da
apolipoproteina B (ApoB).
No entanto, a frequência de mutações detetáveis em doentes com HF heterozigótica,
clinicamente definida ou provável, é apenas de 60-70%. Isto significa que, um
considerável número de doentes com HF terá uma forma poligénica da doença. Podem
ainda haver outros genes não identificados na base desta patologia.
Clínica
A FH é caracterizada por níveis elevados de colesterol total (CT) e de C-LDL, acima do
percentil 95% para o sexo e a idade, com valores de colesterol das lipoproteínas de alta
densidade (C-HDL) e de triglicéridos (TG) dentro do intervalo de referência considerado
normal, associados a uma história familiar de hipercolesterolemia e de doença
cardiovascular prematura.
25
Clinicamente, a forma homozigótica da FH tem um fenótipo mais severo do que a
heterozigótica, sendo que quando não diagnosticada, os indivíduos desenvolvem
doença cardiovascular aterosclerótica grave e prematura, com eventos fatais em
idades precoces.
O CT na HF heterozigótica varia entre 290 e 500 mg/dL e na forma homozigótica
habitualmente encontra-se entre os 600 mg/dL e os 1000 mg/dL. Estes níveis elevados
resultam frequentemente em depósitos de colesterol nos tecidos extravasculares, sob
a forma de xantomas, xantelasmas e arco corneano antes dos 45 anos.
A presença de xantomas tendinosos é geralmente considerada patognomónica da FH,
pois embora possam estar presentes noutras patologias (hiperlipoproteinemia tipo III,
fitoesterolemia e xantomatose cerebrotendinosa), estas são muito raras. Os xantomas
tendinosos são facilmente observados no tendão de Aquiles e nos tendões extensores
dos dedos das mãos.
Abordagem Diagnóstica
Deve suspeitar-se de HF (Classe I, Nível C):
- Doentes com doença coronária antes dos 55 anos nos homens e antes dos 60 anos
nas mulheres;
- Indivíduos com familiares com doença cardiovascular precoce fatal ou não fatal;
- Indivíduos com familiares com xantomas tendinosos;
- Indivíduos com C-LDL elevado [adultos >190 mg/dL (5mmol/L); crianças >150 mg/dL
(4 mmol/L)].
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- Morte súbita cardíaca precoce num membro da família.
Diagnósti co HF:
“Defi niti vo” - score de > 8 pontos.
“Provável” - score de 6-8 pontos.
“Possível” - score de 3-5 pontos.
“Improvável” - score de 0-2 pontos.
[Nota: Só pode ser escolhido um valor por grupo, sendo o maior dos aplicáveis.]
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Abordagem Clínica
Teste Genético
Mutações nos genes LDLR, APOB e PCSK9
Nos homozigotos, o teste genético pode ajudar na tomada de decisão em relação
aos agentes PCSK9.
*Nota: Níveis elevados de TG não excluem o diagnóstico de HF; no entanto, outras causas
potenciais de hipertrigliceridemia devem ser consideradas.
Tratamento
As modificações do estilo de vida, como a alimentação equilibrada e a pática de
exercício físico, são essenciais. Também a cessação tabágica está recomendada.
Os doentes com HF devem ser tratados com uma dose terapêutica de Estatinas, de
elevada potência, muitas vezes em combinação com a ezetimiba (Classe I, Nível C).
Objetivos terapêuticos de C-LDL:
- Crianças <135 mg/dL (3,5 mmol/L);
- Adultos < 100 mg/dL (2,6 mmol/L);
- Adultos com doença cardiovascular < 70 mg/dL (1,8 mmol/L).
Se os alvos não forem atingidos, deve ser considerada uma redução máxima do C-LDL
utilizando combinações farmacológicas apropriadas (Classe IIa, Nível C).
Deve ser considerada a terapêutica com um anticorpo da PCSK9 nos doentes com HF
com doença cardiovascular ou com outros fatores que os colocam numa situação de
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risco muito elevado de doença coronária, tais como outros fatores de risco
cardiovascular, história familiar, Lipoprotéina (a) elevada ou intolerância às estatinas
(Classe IIa, Nível C).
As crianças com HF devem ser ensinadas a adotar uma dieta adequada e devem ser
tratadas com estatinas a partir dos 8 - 10 anos. Os alvos terapêuticos devem ser de C-
LDL <135 mg/dL (3,5 mmol/L) se idade > 10 anos (Classe IIa, Nível C).
Referenciação
Todos doentes com suspeita de HF devem ser referenciados para confirmação com
teste genético, estratificação do risco e o estudo da doença cardiovascular
assintomática.
Distúrbios primários do metabolismo do C-LDL que permaneçam acima do seu alvo
terapêutico, apesar da dose máxima tolerada de estatina.
Referências
1. Bourbon M et al. Estudo Português de Hipercolesterolemia Familiar: Apresentação
do Estudo e Resultados Preliminare.; Rev Port Cardiol 2006; 25 (11): 999-1013
2. Catapano Aet al. 2016 ESC/EAS Guidelines for the Management of Dyslipidaemias.
European Heart Journal, October 2016, Pages 2999–3058,
doi.org/10.1093/eurheartj/ehw272
3. Rosenson R et al. Familial hypercholesterolemia in adults: Overview. 2018, acedido
em 23/01/2019. Disponível em: https://www.uptodate.com
4. Nordestgaard B et al. Familial hypercholesterolaemia is underdiagnosed and
undertreated in the general population: guidance for clinicians to prevent coronary
heart disease. Consensus Statement of the European Atherosclerosis Society.
European Heart Journal. 2013. doi:10.1093/eurheartj/eht273
Obesidade
Introdução
29
esta patologia, à luz da mais recente evidência científica e uniformizar os critérios de
referenciação à consulta hospitalar de Endocrinologia. 1
Etiologia
A um nível individual, a combinação de uma ingestão alimentar excessiva e a
inactividade física explicam a maior parte dos casos de obesidade. Um número
limitado de casos poderá dever-se a causas genéticas, médicas ou doença psiquiátrica.
As causas mais frequentes desta patologia estão representadas na Tabela1. 2
Causas de Obesidade:
Ingestão alimentar excessiva
Inactividade física
Genética e hereditariedade
Hipotiroidismo, síndrome de Cushing, défice da hormona de crescimento, alterações
do metabolismo lipídico
Perturbações do sono e do comportamento alimentar
Iatrogenia (e.g., fármacos como antipsicóticos atípicos, antidepressivos, insulina,
sulfonilureias, tiazidas, esteróides, anticonvulsivantes e contracepção hormonal
Tabela 1. Causas mais frequentes de obesidade.
Diagnóstico e Classificação
30
destaca-se o Índice de Massa Corporal (IMC) que corresponde à razão entre o peso e o
quadrado da estatura. A tabela 2 apresenta a classificação de excesso de peso /
obesidade com base neste índice.1
31
Tabela 3. Critérios harmonizados para diagnóstico da Síndrome Metabólica.
Nota: *ou terapêutica direccionada à alteração
Abordagem Clínica
Objetivo Estratégia
Diminuir a densidade - Substituir os alimentos com elevada densidade energética por porções
energética da dieta equivalentes de alimentos de elevada densidade nutricional.
- Reduzir a ingestão de açúcares, evitando o açúcar de adição e as
bebidas açucaradas.
- Controlar a ingestão de gordura, evitando alimentos gordos e
controlando a gordura de adição (para barrar, como condimento e
tempero)
- Aumentar a proporção de legumes nas refeições, através das sopas de
legumes, como guarnição e como ingrediente adicional nas receitas
habituais.
- Utilizar uma metodologia de confeção “tipo” mediterrânico: utilizando
ingredientes com baixo teor de gordura, controlando a gordura nos
cozinhados (salteados, estufados, assados) e utilizando ervas
aromáticas em detrimento do sal.
Adotar padrões de - Manter um padrão estável de, pelo menos, três refeições.
refeição regulares - Ponderar a inclusão de refeições intermédias, visando o controlo do
32
apetite as escolhas alimentares adequadas (por exemplo, planeando os
snacks).
Diminuir a velocidade Diminuir o “tamanho” de cada garfada, pousar talheres entre garfadas
da ingestão e/ou acompanhar um comensal que coma devagar.
Ter actividade física - Diminuir o sedentarismo (tempo de ecrã, sentado…)
regular - Aumentar a atividade física não-estruturada, por exemplo, caminhar
para a escola/trabalho, usar escadas (em vez do elevador), fazer
trabalhos domésticos e de jardinagem, etc.
- Fazer exercício físico orientado se possível.
Tabela 4. Objetivos, estratégias e evidência de suporte da intervenção nutricional.
Tratamento
Referenciação
Referências
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1. Fernando Batista, Isabel Do Carmo, J. Garcia E Costa, A. Galvão-Teles. Obesidade E
Dislipidemia. Lisboa: Núcleo de Endocrinologia, Hospital de Santa Maria; 1991
2. Ross D. Obesity in adults: Prevalence, screening, and evaluation. 2019, acedido em
30/01/2019. Disponível em: https://www.uptodate.com
3. Direcção Geral de Saúde. Obesidade: Otimização Da Abordagem Terapêutica No
Serviço Nacional De Saúde. Lisboa: Programa Nacional para a Promoção da
Alimentação Saudável; 2017
4. XXIV curso Pós-graduado de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo. Porto:
Associação dos Amigos do Serviço de Endocrinologia do Hospital de São João; 2018
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Hipoglicemias
35
Sistema Reprodutor e alterações relacionadas
Atraso Pubertário
Introdução
A puberdade é uma fase do desenvolvimento do ser humano caracterizada por
maturação da gametogénese, secreção de hormonas sexuais, desenvolvimento dos
caracteres sexuais secundários e início da função reprodutiva. O evento fundamental
para o seu início ocorre a nível hipotalâmico pelo aumento da secreção pulsátil das
gonadotropinas hipofisárias (LH- Hormona Luteinizante- e FSH-Hormona Estimuladora
dos Folículos-). Esta cascata hormonal resulta na maturação das gónadas, com
consequente produção das hormonas sexuais (testosterona ou estrogénio) e
gametogénese.1
Definição
A puberdade tem início em média aos 10 anos nas raparigas e dois anos mais tarde nos
rapazes, mas os limites do normal são bastante variáveis. Todo o processo da
puberdade, desde os primeiros sinais até à plena maturidade física, desenrola-se num
espaço de tempo que pode variar entre 18 meses e 5 anos, em geral três a quatro
anos. Habitualmente, nos casos em que se inicia mais cedo, a duração é maior. 2
Considera-se atraso pubertário a ausência ou desenvolvimento incompleto dos
caracteres sexuais numa idade em que 95% das crianças do mesmo sexo e cultura já
tenham iniciado a sua maturação sexual.3
Deve suspeitar-se de atraso pubertário quando não existem sinais pubertários aos 13
anos nas raparigas e aos 14 anos nos rapazes, ou quando as raparigas permanecem
amenorreicas aos 16 anos. 2 Pelo contrário, considera-se que a puberdade é precoce
quando surgem sinais pubertários antes dos 8 anos nas raparigas e dos 9 anos nos
rapazes.2
De acordo com as orientações da Direção Geral de Saúde, no Programa de Saúde
Infantil e Juvenil, a monitorização do desenvolvimento pubertário deve ser realizada
através dos estádios de Tanner (Figura 1).1
36
Figura 2 – Estádios Pubertários de Tanner (Tanner, 1962)
Etiologia
As causas de atraso pubertário encontram-se descritas na Tabela 1.
O atraso constitucional do crescimento e puberdade (ACCP) corresponde à principal
causa de atraso pubertário, sendo mais comum no sexo masculino e em casos de
história familiar de atraso pubertário. Apesar da sua frequência, o diagnóstico de ACCP
apenas pode ser estabelecido após exclusão de outras patologias. 3-5
O hipogonadismo hipogonadotrófico (também designado de secundário) resulta de
disfunção do sistema nervoso central. Pode ser classificado em congénito, adquirido
ou constitucional, neste último caso secundário a anorexia, exercício extenuante,
stress ou doenças crónicas.3-5
Já o hipogonadismo hipergonadotrófico (primário) está associado a patologia gonadal,
caracterizando por níveis de gonadoprofinas hipofisárias elevadas (LH e FSH).3-5
37
Tabela 6. Causas de Atraso Pubertário3
Hipogonadismo primário (FSH e LH altas)
Adquirido Congénito
Autoimune ou pós-infecciosa Alterações cromossómicas (S. Turner - 45,
Após trauma ou cirurgia XO; S. Klinefelter - 47, XXY)
Quimioterapia, radioterapia Anorquia bilateral
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Algoritmo Clínico: História Clínica Exame objetivo
Antecedentes familiares de atraso pubertário Curva de crescimento
Antecedentes pessoais de doença crónica, anosmia, Estádio de Tanner
anorexia, criptorquidia, radioterapia ou quimioterapia Volume testicular (<4mL)
MCDT
Bioquímica (hemograma, VS, creatinina, ionograma, perfil hepático)
TSH, T4L
LH, FSH (testosterona ; estradiol )
Fator de crescimento IGF-1
Rx mão e punho (idade óssea)
Ecografia Escrotal | Ecografia Pélvica
LH e FSH N ou : LH e FSH :
Hipogonadismo hipogonadotrófico Hipogonadismo
hipergonadotrófico
Referências
1. XXII curso Pós-graduado de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo. Porto:
Syllabus; 2016.
2. Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil, 2013, DGS.
3. Crowley W et al. Approach to the patient with delayed puberty. Uptodate 2018.
Acedido em 23/01/2019. Disponível em https://www.uptodate.com
4. Kaplowitz PB. Delayed puberty. Pediatrics in review 2010; 31: 189-95.
5. Cañete Estrada R, Mata Rodrígues C, Aguilar Quintero M. Retraso puberal.
Hipogonadismos. Protoc diagn ter pediatr 2011; 1: 205-17.
Hirsutismo
40
Introdução
O hirsutismo resulta da interação entre os androgénios plasmáticos e a sensibilidade
1,2
dos folículos pilosos aos mesmos . Esta é determinada pelo metabolismo local de
androgénios, em particular pela conversão da testosterona em dihidrotestosterona
pela 5α-redutase, e posterior ligação destas moléculas ao receptor androgénico 2.
Define-se, então, como o excesso de crescimento terminal de pêlos em áreas
dependentes de androgéneos, com crescimento num padrão de distribuição
tipicamente masculino. Afeta 5-10% das mulheres em idade reprodutiva.
A síndrome do ovário poliquístico (SOP) e o hirsutismo idiopático são as causas mais
frequentes.
Etiologia
Síndrome do Causa mais frequente de hirsutismo (70-80%)
Ovário Tipicamente, a clínica desenvolve-se durante a puberdade
Poliquístico Caraterizado por:
(SOP)
Irregularidade menstruais (oliomenorreia; amenorreia secundária)
Evidência de hiperandroginismo clínico (hirsutismo, acne, alopécia) ou
bioquímico (elevação concentração sérica de androgénios)
Alterações ecográficas dos ovários
Síndrome de Resulta de um excesso de produção de ACTH, habitualmente secundária a
Cushing adenoma hipofisário.
Hirsutismo Associa-se a ciclos menstruais regulares, fertilidade preservada e níveis
Idiopático séricos de androgénios normais
Aumento da sensibilidade da unidade pilossebácea aos androgéneos e a
aumento da atividade da 5-alfa-reductase
Geralmente um diagnóstico de exclusão
Hiperplasia Deficiência da atividade de uma das enzimas adrenocorticais necessárias
adrenal para a biossíntese dos corticoides (a deficiência de 21-hidroxilase é a forma
congénita mais comum)
Pouco frequente
As formas clássicas geralmente são reconhecidos ao nascimento ou início da
infância. As formas não clássicas surgem mais tarde na vida, habitualmente
na pré-puberdade, puberdade ou até mais tarde, quando se estuda uma
infertilidade.
Sinais são similares aos do SOP
Tumores São raros.
41
Podem localizar-se no ovário ou nas supra-renais
Suspeitar quando:
Rápido aparecimento e progressão (especialmente após puberdade)
Evidência de virilização(↑massa muscular, voz grave, clitoromegália)
Massa abdominal ou pélvica
Medicamento Esteróides anabolizantes, fenotiazidas, ciclosporina, minoxidil, ácido
s valpróico, escitalopram.
Tabela: Principais causas de hirsutismo3,4
Clínica
Há 2 tipos de pêlo distintos: pêlo veloso (fino, não pigmentado) e pêlo terminal (longo,
áspero e pigmentado). O excesso de androgénios nas mulheres leva a aumento do
crescimento piloso nas regiões mais sensíveis aos androgénios (lábio superior, mento,
região esternal, abdómen superior, dorso e nádegas). O aparecimento de alopécia
androgénica e o surgimento de acne podem-se associar como manifestações de
hiperandrogenismo. É importante distinguir hirsutismo de hipertricose (aumento
difuso do crescimento de pêlo veloso). A hipertricose refere-se ao excessivo
crescimento de pelos de uma forma generalizada, que pode ser hereditária ou
resultante de alguns tipos de fármacos (p.ex: fenitoína, minoxidil, glucocorticoides e
1,2
ciclosporina) ou doenças (p.ex: anorexia nervosa) . Este tipo de aumento do
crescimento piloso não está relacionado com o aumento de androgénios, embora este,
quando presente, possa agravar o primeiro1,2.
Para a sua avaliação é geralmente utilizada a escala de Ferriman-Gallwey que
avalia o crescimento piloso em 9 áreas diferentes. Nove áreas corporais (lábio
superior, queixo, peito, braço, abdómen superior, costas, zona lombar e coxas) são
pontuadas de 1 (presença mínima de pelos terminais) até 4 (presença de pelos
terminais equivalente a um homem). Se não se identificam pelos terminais na zona
observada, atribui-se uma pontuação de 0. O crescimento piloso em algumas destas
áreas é considerado normal nas mulheres. A pontuação normal é menor em algumas
populações asiáticas e maior nas populações do Mediterrâneo (mulheres hispânicas e
do médio oriente ≥ 9 a 10; sul-americanas ≥ 6; asiáticas ≥ 2; chineses ≥ 6). 1
Geralmente, na grande maioria das situações, na nossa população, o estudo é
42
solicitado a partir de um score ≥ 8 a 10. Embora amplamente utilizado, este score
apresenta algumas limitações, nomeadamente a subjetividade da avaliação.
43
Abordagem diagnóstica
História clínica Se início rápido, agravamento progressivo ou início tardio/ não perto da pu
Duração dos sintomas Suspeitar de tumores secretores de andrógenos!
Localização
História menstrual
Fertilidade
Etnia
História Familiar de hirsutismo, infertilidade e obesidade
Medicação – descontinuar medicamentos associados, se possível
e resistência à insulina (acantose nigricans, síndrome Cushing – fácies em lua cheia, obesidade troncular, pele fina, estrias violáceas abdominais)
e virilização - Voz grave, acne, aumento da massa muscular, alopécia e clitoromegália
Score Ferriman-Gallwey
Referenciação
Devemos referenciar para consulta hospitalar de Endocrinologia se suspeita de uma
causa endócrina ou se hirsutismo moderado a grave.
Referências
1. Martin K, Anderson R, Chang RJ, Ehrmann D, et al. Evaluation and treatment of
hirsutism in premenopausal women: an endocrine society clinical practice
guideline. The Journal of clinical endocrinology and metabolism. April 2018,
103(4):1–25
2. Escobar-Morreale HF, Carmina E, Dewailly D, Gambineri A, Kelestimur F, Moghetti
P, et al. Epidemiology, diagnosis and management of hirsutism: a consensus
statement by the Androgen Excess and Polycystic Ovary Syndrome Society. Human
reproduction update. 2012;18(2):146–70.
3. Barbieri RL, Ehrmann DA. Pathogenesis and causes of hirsutism. In: UpToDate, Post
TW (Ed), UpToDate,Waltham, MA. 2015.
4. Mihailidis J. et al. Endocrine evaluation of hirsutism. International Journal of
Women’s Dermatology 3. 2017. S6 – S10
5. Hohl A. et al. Hirsutism: diagnosis and treatment. Arq Bras Endocrinol Metabol.
2014 Mar;58(2):97-107.
45
6. Barbieri RL, Ehrmann DA. Evaluation of premenopausal women with hirsutism. In:
UpToDate, Post TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA. 2015.
7. Barbieri RL. Treatment of hirsutism. In: UpToDate, Post TW (Ed), UpToDate,
Waltham, MA. 2015.
8. Pasquali R. et al. Treatment of hirsutism in the polycystic ovary syndrome.
European Journal of Endocrinology. 2014. 170, R75–R90
46
Amenorreia
Ginecomastia
47
Galactorreia
Introdução
A galactorreia define-se como a secreção láctea da glândula mamária, fora do
puerpério (> 6 meses pós-parto na mulher não lactante).
48
pelas células lactotrófcas da hipófise anterior, que é essencial para o desenvolvimento
mamário e para a lactação.
Etiologia
Idiopática Diagnóstico de exclusão
(50%)
49
Antihistamínicos (cimetidina, ranitidina)
IBP (lansoprazol)
Contracetivos orais de alta dosagem
Ácido valpróico, isoniazida, danazol, sumatriptano,
octreotido…
Tumoral Tumores hipofisários produtores de PRL (prolactinomas – 25%
dos casos)
Tumores hipotalâmicos
Tumor produtor de prolactina no pulmão ou rim
Fisiológica Estimulação mecânica repetida, puberdade, neonatal
Clínica
A galactorreia é geralmente bilateral, multiductal, leitosa, mas pode também ter
coloração amarelada ou acastanhada.
50
Abordagem diagnóstica
estimulação do mamilo devem ser evitados 30 min antes de verificar os níveis de PRL
Elevados
Normais
Hipotiroidismo
Doseamento TSH, creatinina, perfil hepático
Cirrose hepática
Insuficiência Renal
Tranquilizar
Excluir causas prováveis Tratar/Referenciar
Vigiar
51
Tratamento
Dose baixa de um agonista da dopamina se a galactorreia for incómoda para o doente.
Na presença de uma doença sistémica, o tratamento da patologia de base irá reverter
a hiperprolactinemia, como acontece por exemplo na hiperprolactinema associada ao
hipotiroidismo.
Referenciação
Os doentes devem ser referenciados para consulta hospitalar de Endocrinologia se for
colocada a hipótese de uma lesão intra-craniana e não existir uma causa aparente da
galactorreia quer pela anamnese, quer pelo exame físico, quer nos exames
laboratoriais ou se for necessário tratamento.
Referências
1. Evaluation and management of galactorrhea. American Family Physician. Volume
85, Number 11. June 1, 2012
2. http://www.fisterra.com/guias-clinicas/galactorrea. Acedido em 12/04/2019
3. Livro Endocrinologia São Joao
http://portobiomedicaljournal.com/content/uploads/maingallery/75_1470059297.
pdf
52
Síndrome do Ovário Poliquístico
Introdução
Manifestações clínicas
- O acne tem tendência a ser exuberante e com sinais inflamatórios, sobre a forma de
pápulas e pústulas.
53
- O Síndrome Metabólico inclui diferentes fatores de risco cardiovasculares associados
a resistência à Insulina como a intolerância à glicose, hipertrigliceridemia, diminuição
do HDL, hipertensão arterial e obesidade central.
Devido à estimulação constante, a SOP é responsável pela maior parte das neoplasias
de endométrio que ocorrem em mulheres jovens, sendo a probabilidade de
desenvolver neoplasia de endométrio superior à da população geral.
Abordagem Diagnóstica
Abordagem clínica
54
Tratamento
O tratamento do SOP baseia-se fundamentalmente na sintomatologia apresentada, na
prevenção de alterações metabólicas e na redução de fatores de risco
cardiovasculares.6
Com o tratamento é expectável que ocorra uma regularização dos ciclos menstruais,
diminuição do volume e distribuição pilosa, acne e outras manifestações androgénicas.
O benefício é aparente por volta dos 6 meses de tratamento.
Referências
1. Merino PM, Codner E, Cassoria F. A rational approach to the diagnosis of polycystic
ovary syndrome during adolescence. Arq Bras Endocrino Metabo 2011; 55(8).
2. Shannon M, Wang Y. Polycystic Ovary Syndrome: A Common But Often
Unrecognized Condition. Journal of Midwifery and Women’s Health 2012; 57: 221-
230.
3. Franks S. Polycystic ovary syndrome in adolescents. International Journal of Obesity
2008; 32: 1035-1041.
4. Bekx MT, Connor EC, Allen DB. Characteristics of Adolescents Presenting to a
Multidisciplinary Clinic for Polycystic Ovarian Syndrome. J Pediatr Adolesc Gynecol
2012; 23:7-10.
5. Diamanti-Kandarakis E. PCOS in adolescents. Best Practice and Research Clinical
Obstetrics and Gynaecology 2010; 24:173-183.
6. Ornstein RM, Copperman NM, Jacobson MS. Effect of Weight Loss on Menstrual
Function in Adolescents with Polycystic Ovary Syndrome. J Pediatr Adolesc Gynecol
2011; 24: 161-165.
55
Patologia hipofisária
Indidentalomas hipofisários
Hiperprolactinémia
Patologia da suprarrenal
Incidentaloma da suprarrenal
56
Hipertensão Arterial – Causas Secundárias
Introdução
Na maioria dos casos de Hipertensão Arterial (HTA), não é possível identificar uma
etiologia clara, sendo a hipertensão classificada como primária ou essencial. Uma
causa específica, potencialmente reversível, de elevação da pressão arterial (PA)
poderá ser identificada numa proporção reduzida de adultos com HTA (entre 5 a 10%
dos hipertensos adultos). Se corretamente diagnosticados e tratados, os indivíduos
com uma forma secundária de HTA poderão ser curados, ou, pelo menos, apresentar
melhoria no controlo da PA e redução do risco cardiovascular. 1,2
Abordagem Clínica
57
Exames Complementares de diagnóstico
o Hemograma, glicose, ácido úrico*, perfil lipídico, creatinina, ionograma e
TSH
o Exame sumário de urina
o ECG e radiografia do tórax*
Etiologia
A prevalência de HTA secundária e as etiologias mais comuns variam de acordo com
grupos etários (Quadro I):
PERCENTAGEM DE
GRUPOS ETÁRIOS CASOS DE HTA COM ETIOLOGIAS MAIS FREQUENTES †
CAUSA 2ª *
Disfunção tiroideia
Adultos jovens (19- Estenose da artéria renal associada a
5%
39 anos) displasia fibromuscular
Doença parenquimatosa renal
Hiperaldosteronismo
Disfunção tiroideia
Adultos
8-12% Síndrome Apneia Sono
(40-64 anos)
Síndrome Cushing
Feocromocitoma
58
† Listagem de acordo com ordem de frequência aproximada; categorias não absolutas, podendo existir
sobreposição de causas entre grupos
Apenas nestes casos deverão ser investigadas causas secundárias específicas de HTA.
Não é necessário pesquisar sistematicamente todas as doenças secundárias, e a
procura deve ser dirigida em função do doente (Quadro II em anexo).
Referenciação
Referências
1. Vieira AJ, Neutze DM. Diagnosis of Secondary Hypertension: An Age-Based
Approach. American Family Physician 2010; Vol 82, Num 12: 1471-8
59
2. European Society of Hypertension (ESH)/European Society of Cardiology. 2013
ESH/ESC Guidelines for the management of arterial hypertension. Journal of
Hypertension 2013, 31: 1281-1357
3. Norma da Direcção Geral da Saúde – Abordagem terapêutica da Hipertensão
Arterial – nº 026/2011
60
Quadro II: Indicações clínicas e exames complementares de diagnóstico na investigação de causas secundárias de HTA
INDICAÇÕES CLÍNICAS
DIAGNÓSTICO
HISTÓRIA CLÍNICA EXAME FÍSICO ECD
História de ITU ou
Massas Presença de 1ª linha: ecografia renal
Doença obstrução, hematúria,
abdominais proteínas, eritrócitos
parenquimatosa abuso de analgésicos
(doença renal ou leucócitos na Confirmação: investigação detalhada de doença
renal História familiar de
poliquística) urina; redução da TFG renal
doença poliquística
Displasia fibromuscular: Diferença de
início em idade jovem (+ tamanho > 1.5 cm
++ mulheres) entre os rins, rápida
Estenose aterosclerótica: deterioração da
1ª linha: ecografia renal com doppler
Hipertensão início agudo, função renal
renovascular agravamento súbito ou Sopro (espontânea ou em
(Realização em CSS)
(estenose artéria controlo da HTA abdominal resposta a
Confirmação: angiorressonância, angio-TC,
renal) progressiva/ mais difícil; antagonistas do SRAA;
angiografia
episódios recorrentes de aumento do valor de
edema agudo do pulmão creatinina sérica ≥ 0.5
não explicados por outra a 1 mg/dL após início
causa de IECA/ARA)
Fraqueza muscular;
Hipocaliemia (Realização em CSS)
história familiar de HTA
Arritmias (espontânea ou 1ª linha: níveis de renina e aldosterona, cálculo do
Aldosteronismo em idade jovem e
(se hipocaliemia induzida por ratio aldosterona/renina em condições standard
primário eventos
grave) diuréticos) (correcção da hipocaliemia e suspensão de
cerebrovasculares <40
Massa suprarenal antagonistas do SRAA)
anos
61
HTA paroxística ou crise
hipertensiva em doente Estigmas
(Realização em CSS)
com HTA sustentada (PA cutâneos de
1ª linha: metanefrinas fraccionadas em urina de
lábil); flushing, cefaleias, neurofibromato Massa glândula supra-
Feocromocitoma 24h ou metanefrinas plasmáticas
palidez, palpitações, se (manchas renal
Confirmação: TC ou RM pélvica entre outros
hipersudorese, síncope café-com-leite,
exames de imagem; estudo genético
História familiar de neurofibromas)
feocomocitoma
Obesidade
central, face lua-
cheia,
hirsutismo, 1ª linha: excreção urinária de cortisol em urina de
Ganho de peso rápido,
estrias de cor 24h
Síndrome de poliúria, polidipsia,
avermelhada ou Hiperglicemia
Cushing perturbações
violeta, Confirmação: teste de supressão com
psicológicas
deposição de dexametasona
gordura na
região posterior
do pescoço
Coartação da Diferença (Realização em CSS)
aorta acentuada da RM
PA entre os 2
membros
superiores
Pulsos femorais
ausentes ou
com delay
62
Sopro
Bradicardia/
Taquicardia
Intolerância ao frio/calor Hipotiroidismo:
Obstipação/diarreia elevação da PA
Patologia
Irregularidades diastólica TSH
tiroideia
menstruais, menorragias Hipertiroidismo:
ou amenorreia elevação isolada
da PA sistólica
Episódios de apneia
Síndrome Apneia durante o sono (Realização em CSS)
Sono Sonolência diurna Polissonografia
Roncopatia
Adaptado de ESH/ESC Guidelines for the management of arterial hypertension, 2013 e Adaptado de Vieira AJ, Neutze DM - Diagnosis of
Secondary Hypertension: An Age-Based Approach
Siglas/Acrónimos: CSS – Cuidados de Saúde Secundários; ECD - Exames Complementares de Diagnóstico; ITU – Infecções do trato urinário; TGF
– Taxa de Filtração Glomerular; HTA – Hipertensão arterial; PA – Pressão Arterial; IECA – Inibidores da enzima conversora da angiotensina; ARA
– Antagonistas do receptor da angiotensina;
TC – Tomografia Computadorizada; SRAA – Sistema Renina/Angiotensina/Aldosterona; RM – Ressonância Magnética
63
Fluxograma
Hemograma
Glicose
Verificar precisão das medições da PA Perfil lipídico
Creatinina
Excluir elevação da PA secundária a erros Ionograma
alimentares, fármacos/drogas TSH
SU2
ECG
Radiografia do
História clínica, exame físico e testes laboratoriais tórax*
Ácido Úrico*
Ver Quadro II
64