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ANÁLISE DIMENSIONAL

E SEMELHANÇA
(Fox, Bennett e Munson)
Análise dimensional

Análise dimensional é um método para transformar problemas físicos


complexos em problemas mais simples (e, normalmente, de forma
mais econômica).

Para tanto, utiliza-se homogeneidade dimensional, visando diminuir o


número de variáveis envolvidas.

A análise dimensional é utilizada para:

- Avaliação de dados experimentais,


- Resolução de problemas cuja solução analítica é complexa,
- Avaliação da importância de um dado fenômeno em relação aos
outros presentes; etc.
Semelhança

Vários problemas de Engenharia  poucas resoluções exclusivamente por


análise teórica  muito comum os estudos experimentais.
Métodos analíticos: limitações associadas às simplificações necessárias para
resolução das equações diferenciais, Detalhamento: alta complexidade, custo
elevado.
 experimentos envolvendo o próprio equipamento ou réplicas perfeitas
 na maioria das vezes usam-se modelos em escala
 necessidade de planejamento (controlar tempo, ser objetivo, reduzir custos
dos experimentos)
Análise Dimensional: proporciona uma lei de similaridade para o fenômeno
em análise. Similaridade nesse contexto implica em equivalência envolvendo
os fenômenos observados.
ANÁLISE DIMENSIONAL
 Artigo no Scientific American (1991): analisou a velocidade de dinossauros a partir
dos dados: comprimento médio das pernas (l) e comprimento médio dos passos (s)
dos dinossauros (como?!?)
 Comparação de dados de l e s de quadrúpedes (cavalos, cachorros, gatos...) e
bípedes (humanos, aves, etc.)  nenhuma conclusão.
 Análises posteriores: gráfico de s/l em função de v2/g l (onde v é a velocidade do
animal)  para a maioria dos animais os dados caíam aproximadamente sobre uma
mesma curva!
 Assim, usando a razão s/l dos dinossauros e entrando no gráfico citado, obteve-se
um valor para v2/g l que permitiu a estimativa da velocidade dos dinosssauros.
 Surgem as questões:
 Será que dá para usar esse artifício também em outras áreas?
 Se sim, como são obtidos esses grupamentos adimensionais “mágicos” que
permitem esse tipo de correlação?
 Grupamentos como número de Reynolds e outros grupos importantes na
mecânica dos fluidos podem ser envolvidos em estudos semelhantes e trazem em
si algum significado físico?
 O estudo de um dado fenômeno em um protótipo pode ser ampliado para uma
escala maior fazendo uma mera regra de três?
 A maioria dos fenômenos em mecânica dos fluidos apresenta dependência
complexa de parâmetros geométricos e do escoamento  análise dimensional:
importante ferramenta.
ANÁLISE DIMENSIONAL

QUEDA DE PRESSÃO EM TUBULAÇÃO (POR COMPRIMENTO DE TUBO)


 Escoamento em regime permanente, incompressível, de um fluido newtoniano em
tubo longo, horizontal e parede lisa: uso de dados experimentais
 No projeto da tubulação: queda de pressão no escoamento por comprimento de
tubo  apesar de simples, não pode ser resolvido sem o uso de dados experimentais.
Planejamento experimental: identificar parâmetros que contribuam, de forma
significativa, com a queda de pressão:
Entenda-se P como sendo queda
P  f (D, , , v) de pressão por comprimento de
tubulação.
Tomar cuidado com a possibilidade de não se incluir parâmetros que interfiram na
queda de pressão numa tubulação (como a rugosidade do tubo, por ex.). A equação
obtida vai funcionar bem para, por exemplo, tubos lisos.

Quais e quantos experimentos devem ser realizados para determinar a queda de


pressão no tubo?
 Considerando a relação acima, poderíamos definir experimentos variando cada
parâmetro individualmente, ou seja, faríamos experimentos variando apenas D, depois
, em seguida  e finalmente, v. Dessa forma, o número de experimentos é colossal.
Se fizéssemos um estudo envolvendo 10 diâmetros diferentes, 10 fluidos com 
diferentes, mais 10 com  e mais 10 com vazões diferentes, chegaríamos num total de
104 experimentos. Estimando que cada experimento dure 30 min, levar-se-ia 2 anos e
meio (trabalhando 40 h por semana) para finalizá-los. Em seguida, viria a etapa de
tratamento dos dados, que também seria complexa: como traçaríamos gráficos de P
em função de v tendo D,  e  como parâmetros?
 Felizmente não é necessário todo esse esforço. Será mostrado que é possível obter
uma relação simples entre P e os parâmetros citados, agrupando as variáveis em dois
grupos adimensionais:
DP  Dv 
 f  
v   
2

 Portanto, pode-se trabalhar com dois grupos adimensionais ao invés de


analisarmos os 5 parâmetros. A figura a seguir mostra como é possível relacionar os
resultados usando uma única curva. Note que essa curva é válida para qualquer
combinação de tubo (parede lisa) e fluido (incompressível e newtoniano). Todos os
experimentos podem, por exemplo, ser realizados usando um único tubo de diâmetro
D, um único fluido e variando apenas a vazão, o que minimiza os custos. Dessa
forma, o tempo gasto seria mínimo.

DP
v 2

VD

 QUEDA DE PRESSÃO SOBRE UMA PLACA TRANSVERSAL

 Queda de pressão sobre uma placa transversal dentro de uma tubulação.


 Identificação dos parâmetros que interferem no cálculo da queda de pressão:
Placa
deslizante

p  f ( V, , , d,h)
Grupos adimensionais que se mostraram representantes do fenômeno:

p  Vd h 
 f  , 
V 2
  d
Nesse caso, os experimentos podem envolver uma única placa e um único fluido,
variando-se apenas a vazão e o h.

 Forma gráfica: os resultados experimentais podem incluir experimentos de


vários pesquisadores, envolvendo fluidos e tubulações diferentes.
 FORÇA DE ARRASTE SOBRE UMA ESFERA

 Considere a força de arraste sobre uma esfera lisa, estacionária, imersa em uma
corrente uniforme.
 Identificação dos parâmetros que interferem no cálculo da força de arraste:

v v v

F  f (D, , , v)
F  Dv 
 f  
Grupos adimensionais representantes do fenômeno: v 2 D 2   
Nesse caso, os experimentos podem envolver uma única esfera e um único fluido,
variando-se apenas a vazão.
Forma gráfica: os resultados experimentais podem incluir experimentos de vários
pesquisadores, envolvendo fluidos e esferas diferentes.
 Esse gráfico pode ser usado para calcular o arraste sobre um balão de ar
quente em uma corrente de vento ou para estimar o arraste sobre uma hemácia
(considerando que se aproxima de uma esfera) movendo-se através da aorta.
Teorema  de Buckingham

 Dado um problema físico onde o parâmetro dependente q1 (seria o P ou o F dos


problemas anteriores) é uma função de n-1 parâmetros denominados q2, q3, q4....qn
(como D, , , v, etc.) pode-se escrever que:

q1 = f(q2, q3, q4....qn), ou ainda:


g(q1, q2, q3, q4....qn) = 0

onde g é uma função diferente de f, ou seja, no caso do arraste na esfera:


F = f (D, , , v), ou poderíamos escrever
g (F, D, , , v) = 0

 Segundo o teorema  de Buckingham, dada uma relação entre n parâmetros, da


forma g (q1, q2, q3, q4....qn) = 0, os n parâmetros podem ser agrupados em n-m razões
adimensionais independentes, ou parâmetros  expressos na forma:
G(1, 2, .... n-m) = 0 ou

1 = G’(2, 3, .... n-m)


mas, quem é m?
 O número m é, em geral (mas não sempre) igual ao número mínimo de dimensões
independentes, necessárias para especificar os parâmetros q1, q2, q3, q4....qn.
 Conjunto de grandezas fundamentais (primárias): sistemas MLT ou FLT
MLT (massa, comprimento, tempo): força é grandeza secundária
FLT (força, comprimento, tempo): massa é grandeza secundária
 A relação entre os parâmetros adimensionais independentes , deve ser obtida
experimentalmente.
 Os n-m parâmetros  obtidos segundo esse procedimento são independentes. Um
parâmetro  não é independente se ele puder ser formado por um produto ou
quociente dos outros parâmetros do problema.
DETERMINAÇÃO DOS GRUPOS 
Segundo FOX
Sobre a escolha das variáveis (MUNSON):

Obs.: a escolha das variáveis repetentes deve, de preferência, também


contemplar os seguintes aspectos:
• variáveis mensuráveis,
• que sejam bons parâmetros de projeto
• quando combinadas contêm todas as dimensões M, L e T.
GRUPOS ADIMENSIONAIS USUAIS NA MECÂNICA DOS FLUIDOS
(Munson)
Número de Reynolds (Re): Reynolds (1842-1912) demonstrou pela primeira vez
que a combinação de variáveis poderia ser usada como um critério para a distinção
entre escoamento laminar e turbulento.
Dv forças de inércia
Re  
 forças viscosas
 Se Re <<1 (creeping flow) as forças viscosas são dominantes e é possível desprezar
os efeitos de inércia. Nesses casos, a massa específica do fluido não será uma variável
importante. Se Re for muito alto, efeitos viscosos pequenos em relação aos efeitos de
inércia.
Número de Froude (Fr): único grupo da tabela que envolve a gravidade.

v v 2 v 2 forças de inércia do corpo


Fr  ou Fr  2
 
gL gL gL peso do fluido (forças gravitacio nais)
onde L é o comprimento característico. Fr é importante na maioria dos escoamentos
que apresentam superfície livre. É usado para determinar a resistência de um objeto
parcialmente submerso movendo-se através da água e permite a comparação de objetos
de diferentes tamanhos. O escoamento de água ao redor de um navio (com a ação das
ondas resultantes do movimento do navio) e os que ocorrem nos rios e canais abertos
são bons exemplos.. Nos estudos de resistência hidrodinâmica de barcos o
comprimento de referência é o comprimento do barco na linha d'água. No caso do
estudo de formação de ondas na superfície de um escoamento, o comprimento de
referência é a profundidade do fluido.
Número de Euler (Eu): dados de pressão na forma adimensional.

p p forças de pressão
Eu  ou Eu  
v 2 v 2
forças de inércia
Também chamado de coeficiente de pressão, Cp.
No estudo dos fenômenos de cavitação a diferença de pressão, p, é tomada como p = p –
pv, onde p é a pressão na corrente (pressão de referência) e pv é a pressão de vapor do fluido
na temperatura do escoamento:
p  pv
Ca 
v 2
- quanto menor o número de cavitação (Ca), maior a probabilidade de ocorrer cavitação.
Esse fenômeno é (normalmente) indesejável.
Número de Cauchy e Mach (mais usado): quando a compressibilidade do fluido é
significativa. módulo elasticidade volumétrico:
mede a resistência à compressão
v 2 forças inerciais  v
Ca   e Ma  v  uniforme, ou seja, indica o
E  forças de compressibilidade E c aumento da pressão necessário
para causar certa diminuição no
c = velocidade do som e E = módulo de elasticidade volume de fluido.
A velocidade do som é a maior velocidade com a qual uma “informação” mecânica pode se propagar
em um fluido. Quando uma perturbação no fluido se move a uma velocidade maior que a do som,
ocorrem as ondas de choque.
Quando Ma < 0,3 as forças de inércia presentes no escoamento não são suficientemente grandes para
causar uma variação significativa na massa específica do fluido e nesses casos os efeitos de
compressibilidade podem ser desprezados.
Número de Strouhal: descreve escoamentos oscilatórios  é um parâmetro
adimensional importante nos problemas transitórios (aceleração local) que apresentam
oscilações com freqüência w.
l forças de inércia devidas à transitoriedade do escoamento
St  
v forças de inércia devidas à variação de velocidade pto a pto no escoam.
(aceleração local/aceleração convectiva)
Escoamento tipo transitório pode ser desenvolvido quando um fluido escoa em torno
de um corpo colocado em um escoamento. O número de Strouhal mede a freqüência
de formação dos vórtices de Von Karman na esteira do corpo.
Ex.: um escoamento transitório se forma na região traseira de um cilindro colocado
num escoamento uniforme. Esse escoamento oscilatório apresenta uma freqüência .
Nesse caso, o número de Strouhal pode ser bem correlacionado com o Re.
ESTEIRAS DE VON KARMAN
Considere o escoamento sobre um cilindro:

• Re < 5: não há vórtices


• 5 < Re < 40: início na formação de vórtices
• Re formação de esteira. Na primeira, um dos dois vórtices rompe e depois o
segundo se solta devido à pressão não simétrica na esteira. Os vórtices saem
intermitentemente formando uma esteira periódica de vórtices alternados de sinal
oposto. Este fenômeno é muitas vezes chamado de esteiras de Von Karman
Visualization of the vortex street behind a
circular cylinder in air; the flow is made visible
through release of oil vapour in the air near the
cylinder
mastro

vento
A solução do escoamento de fluidos em torno de corpos rombudos é muito
importante para a engenharia devido às suas aplicações em situações reais como
risers de plataformas de petróleo e pilares de pontes. O escoamento que apresente
número de Reynolds superior a 45 induz o aparecimento de vórtices logo após o
corpo bojudo, formando a esteira de vórtices de von Karmann. O corpo fica então
sujeito a forças dinâmicas fazendo com que o mesmo vibre com freqüências
associadas às freqüências com que se desprendem os vórtices. Outro exemplo é o
conjunto de redemoinhos que objetos como barcos deixam para trás, no mar.
Conforme o barco se move, ele divide a água em dois. E quando ela se reúne
novamente, cria esse padrão de vórtices.
O fenômeno também atinge o projeto de prédios altos, chaminés e periscópios de
submarinos, por exemplo, que têm que lidar com o fenômeno. Conforme essa
força chega, as estruturas vibram fortemente.
 Número de Weber (We): a tensão superficial influencia no escoamento. É
importante no estudo das interfaces gás-líquido ou líquido-líquido e também
onde essas interfaces estão em contato com um contorno sólido.

v 2l forças inerciais
We  
 forças associadas à tensão superficial

A tensão superficial causa pequenas ondas e formação de gotas.


Esse número adimensional é considerado um índice de formação de gotas para
escoamento de filme fino de líquidos, onde há uma interface entre dois fluidos.
Para We > 1as forças inerciais predominam sobre as associadas à tensão
superficial (Ex.: escoamento de água em um rio).
SEMELHANÇA DE ESCOAMENTOS E ESTUDOS DE MODELOS

 Modelos: muito usados na mecânica dos fluidos

 maior parte dos projetos de engenharia envolvem estruturas, aviões,


navios, portos, barragens, emissões em ar e água, etc. frequentemente
utilizam modelos.
 vamos nos restringir a modelos físicos  parecem com o protótipo
(sistema real) mas apresentam tamanho diferente, podem estar envolvidos por
fluidos diferentes e sempre operam sob condições diferentes: pressão,
velocidade, etc.

Teste de modelo: deve resultar em dados que possam, por mudança de escala,
fornecer forças, momentos, cargas dinâmicas, etc.
 Modelo: normalmente menor que o protótipo (menos custoso construir e operar).
Mas, o protótipo pode tb ser muito pequeno (uso de modelo maior).

 Com o desenvolvimento de um modelo adequado é possível predizer, sob certas


condições, o comportamento do protótipo.

 Que condições devem ser atendidas para assegurar a semelhança entre os


escoamentos de modelo e de protótipo?
 modelo e protótipo devem ser geometricamente semelhantes  ambos têm a
mesma forma e as dimensões lineares do modelo são relacionadas com as
correspondentes dimensões do protótipo por um fator de escala constante

 protótipo e modelo devem ser cinematicamente semelhantes: apresentam o


mesmo regime de escoamento. Como as fronteiras sólidas formam as linhas de
corrente de contorno do sólido, escoamentos cinematicamente semelhantes
devem ser também geometricamente semelhantes.

 protótipo e modelo devem ser dinamicamente semelhantes: ambos apresentam


a mesma distribuição de forças. Todas as forças devem ser relacionadas pelo
mesmo fator de escala.
Similaridade geométrica:

• somente se todas as dimensões dos corpos nas três coordenadas tiverem a mesma
escala linear.
• todos os ângulos devem ser preservados
• todas as direções de escoamento devem ser mantidas (as orientações do modelo e
do protótipo em relação às vizinhanças devem ser idênticas.
protótipo

modelo

Escala 10:1
A proporção entre as dimensões não é mantida  similaridade
comprometida
Similaridade cinemática
• os movimentos são cinematicamente similares quando modelo e protótipo tem as
mesmas escalas de comprimento e de tempo  escala de velocidades iguais.

Escoamento sem
superfície livre:
Re constante

Escoamento com superfície


livre: Re e Fr constantes.

Comprimento de onda e
amplitude
• Fluidos compressíveis: números de Reynolds e Mach e razões de calores específicos
iguais entre modelo e protótipo.

• Fluidos incompressíveis:
• sem superfície livre: Reynolds do modelo e do protótipo são iguais
• com superfície livre: número de Reynolds e Froude iguais entre modelo e
protótipo. Em alguns casos, número de Weber (rel. tensão superficial) também.

Similaridade dinâmica
• os movimentos são dinamicamente similares quando as forças do escoamento no
modelo são proporcionais (por um fator constante) às forças correspondentes do
escoamento do protótipo. Modelo e protótipo tem as mesmas escalas de comprimento,
de tempo e de força.
OBS.: um modelo pode ser
similar geométrica e
cinematicamente, em relação
ao protótipo, mas pode não
ser similar dinamicamente. A
similaridade completa é
apenas alcançada quando
modelo e protótipo são
similares nos três quesitos.
TEORIA DOS MODELOS

 pode ser desenvolvida a partir da análise dimensional: qualquer problema pode ser
descrito em função de um conjunto de termos 
 formulação do problema: conhecimento da natureza geral do fenômeno físico e das
variáveis relevantes do fenômeno
assim, - para o protótipo: 1 = f(2, 3, .... n)

- para o modelo (m): 1,m = f(2,m, 3,m, .... n,m)

nesse caso, a forma da função será a mesma desde que os fenômenos envolvidos no
protótipo e no modelo sejam os mesmos.
 Uma igualdade dos grupos adimensionais para protótipo e modelo define a relação
entre as variáveis, já que a função f é a mesma entre eles:
1,m = 1 2,m = 2 3,m = 3 ......

Exemplo: Considere o problema de arraste sobre uma esfera: F = f (D, v, , )


Pelo teorema  de Buckingham obteve-se:

F vD
1  2 
v 2 D2 
Pela teoria dos modelos:  F   F 
 2 2    2 2 
 v D modelo  v D protótipo

Remodelo = Reprotótipo

 v 
2 2
Fm Fp  Dp 
Assim,   FP  Fm p  p   
 m v m2 Dm2  p v p2Dp2 m  v m   Dm 

 m v mDm  p v pDp  vp  m  p Dm
e  
m p vm  p  m Dp

2
 p   m  p Dm 
2
 Dp 
FP  Fm    
 m   p  m Dp 

 Dm 

m   p 
2

 FP  Fm  
 p   m 
Similaridade incompleta

• Similaridade completa: é alcançada somente se todas as três condições de


similaridade forem atendidas (geométrica, cinemática e dinâmica). Assim, ela é
garantida se todos os grupamentos  são os mesmos entre modelo e protótipo

• Similaridade incompleta: Quando não se conseguem materiais apropriados para a


realização de experimentos modelo, a simulação das condições de trabalho de uma
planta industrial em um laboratório ou em uma planta piloto pode não ser possível.
Nesses casos, experimentos em equipamentos de diferentes escalas são normalmente
feitos antes da extrapolação dos resultados para a operação em escala plena.

• Muitas vezes esse procedimento caro e duvidoso pode ser substituído por uma
estratégia experimental bem planejada. Assim, o processo pode ser dividido em
partes que serão analisadas individualmente. Pode-se ainda abandonar certos
critérios de similaridades e checar se o impacto no processo foi grande.
Considere um escoamento em um rio, ou em um porto, etc.Tais escoamentos têm
grandes dimensões horizontais e dimensões verticais relativamente pequenas. Não é
difícil deparar com escalas de comprimento de 1:1000
 o modelo resultante teria poucos mm de profundidade
 tensões superficiais tornam-se importantes (número de Weber)
v 2l
We  
 forças
 violação da similaridade geométrica pela mudança na escala vertical
por um fator de, pelo menos, 10, para manter o efeito da rugosidade em
proporção aceitável.
 o efeito do fator de atrito pode ser corrigido, mas o seu efeito na
transferência de calor e massa não é bem conhecido.
Uma comparação dos números de Reynolds:

• Velocidade que é 6 vezes maior do que a que se pode alcançar no túnel.


• Mesmo que fosse possível atingi-la, estaríamos num escoamento supersônico,
já que a velocidade da luz no ar a temperatura ambiente é ao redor de 346 m/s.
(no modelo, Ma = 0,08; mas no protótipo alcançaria 1,24)
• Opções:
• Usar um túnel de vento maior (para automóveis as montadoras usam
uma escala de 3 para 8. Para caminhões, utiliza-se uma escala de 1 para
8). Mas temos a questão de custo (quanto maior o túnel, maior o custo).
Há ainda uma regra prática a ser seguida para evitar efeitos de parede:
a razão área frontal do modelo pela área da seção transversal do túnel
deve ser menor que 7,5%.
• Usar um fluido diferente (com água alcançam-se maiores Re mas o
custo de construção e operação é significativamente maior).
• Pressurizar ou aumentar a temperatura visando aumentar Re, mas esse
aumento é limitado.
• Se tudo falhar: repetir o experimento para várias velocidades e obter o
FD (dado do experimento). Fazer o gráfico de CD em função de Re que
deve atingir um CD constante para altas velocidades. Extrapolar para o
número de Re em escala total e obter o CD e calcular o FD do protótipo.
SEMELHANÇA BASEADA NAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS

A forma matemática da solução das equações é muito sensível


aos valores dos coeficientes das equações (por ex., certas
equações diferenciais parciais podem ser elípticas, parabólicas
ou hiperbólicas, dependendo dos valores dos coeficientes).

Para que dois escoamentos sejam geometricamente semelhantes,


mas em escalas diferentes (por ex., um modelo e um protótipo)
as equações somente levam a um mesmo resultado matemático
se os dois escoamentos tiverem os mesmos coeficientes
SEMELHANÇA BASEADA NAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS

 Análise dimensional: requer apenas o conhecimento das variáveis que influenciam


o fenômeno que se deseja analisar.
 Omissão de uma ou mais variáveis: pode provocar erros sérios de projeto
 Abordagem alternativa: analisar equações que descrevem o fenômeno desde que
conhecidas (normalmente essas equações são diferenciais).
 Nesse caso: é possível desenvolver as leis de semelhança a partir das equações que
descrevem o fenômeno (mesmo sabendo que pode ser impossível obter uma solução
analítica das equações).
 Para ilustrar essa possibilidade: considere o escoamento bidimensional
incompressível de um fluido Newtoniano com viscosidade constante. As equações
que regem esse fenômeno são:
o Equação da continuidade: (1)

o Equações de Navier-Stokes:
(2)
 Equações de difícil solução para a maioria dos escoamentos. A equação (1) tem
dimensão de (tempo)-1 e as equações (2) tem dimensões de força/volume.
 Transformando as equações acima em equações adimensionais:
o dividir todos os comprimentos por um comprimento de referência L
o dividir todas as velocidades por uma velocidade de referência v
(normalmente adota-se a velocidade da corrente livre).
o dividir a pressão por duas vezes a pressão dinâmica da corrente livre.
o denotar por asterisco as variáveis adimensionais:

o exemplos de procedimentos de adimensionalização:

 u   (u * .v  ) v 2 u *
u   u * .v   u*
 x   ( x * .L) L x *
 2 u   u    u * .v    v    u *  v   2 u *
       2    2
y 2
y  y  y * .L   y * .L   L y *  y *  L y *2
o seguindo esse procedimentos, as equações (1) e (2) ficam:

o dividindo a primeira equação por v  / L e as duas seguintes por v 2 / L


u * v *
 0
x * y *
u * u * P *    2u *  2u * 
u*  v*     
x * y * x * v  L  x *2 y *2 

v * v * gL P *   2v * 2v * 
u*  v*  2     
x * y * v  y * v  L  x *2 y *2 

o analisando essas equações observa-se que aparecem coeficientes


adimensionais nas equações de N-S:

 v L - identificado como o inverso do nº de Reynolds  em frente ao
termo associado a forças viscosas
gL
 v 2 - no termo da força da gravidade (associado ao nº de Froude)
o Lembrando: a forma matemática da solução das equações é muito sensível aos
valores dos coeficientes das equações (por ex., certas equações diferenciais
parciais podem ser elípticas, parabólicas ou hiperbólicas, dependendo dos
valores dos coeficientes).
o Com base nas equações obtidas: a solução (configuração real do escoamento)
depende de 2 coeficientes  por ex.: se Re for muito grande ( /(vD) muito
pequeno) as diferenciais de segunda ordem podem ser desconsideradas (pelo
menos na maior parte do escoamento, pois sempre haverá uma camada limite
onde os efeitos viscosos serão importantes) e caímos nas equações de Euler.
o Obs.: muito cuidado em desconsiderar derivadas de ordem superior mesmo que
seus coeficientes sejam pequenos, pois isso significa a perda de uma condição de
contorno (especialmente a condição de não escorregamento)
gL ser grande ou pequeno permite prever se as forças da gravidade serão
v 2 significativas ou não, respectivamente.
o A escrita das equações na forma adimensional pode auxiliar na compreensão do
fenômeno físico e na identificação das forças dominantes.
o Para que dois escoamentos sejam geometricamente semelhantes, mas em escalas
diferentes (por ex., um modelo e um protótipo) as equações somente levam a um
mesmo resultado matemático se os dois escoamentos tiverem os mesmos coeficientes,
ou seja, apresentarem a mesma importância relativa da gravidade, viscosidade e das
forças de inércia.
Estudo de caso: Agitação e Mistura
 Agitação: movimento induzido em um fluido contido em um
recipiente, por meios mecânicos.
 Mistura: normalmente relacionada a duas ou mais fases inicialmente
separadas, que são aleatoriamente distribuídas umas nas outras.
 Um material homogêneo, como água em um tanque, pode ser
agitado, enquanto um material em pó vai ser misturado à água.

OBJETIVOS DA AGITAÇÃO
• Suspender partículas sólidas
• Misturar líquidos miscíveis
• Dispersar um gás através do líquido na forma de pequenas bolhas
• Dispersar um líquido em outro imiscível, por ex. para a formação
de emulsão
• Promover a transferência de calor através do contato do líquido e
uma serpentina ou uma camisa de aquecimento, por exemplo.
Tanque agitado
Características:
motor alimentação
 Tanques cilíndricos verticais,
abertos ou fechados;

 Base do tanque arredondada, para camisa


evitar regiões mortas ou cantos;
chicanas
 Altura do líquido = diâmetro do
tanque;
Impelidor
 Agitação mecânica (normalmente), ou
controlada na parte superior; agitador

 Caixa de engrenagem para redução


de velocidade.
produtos
Tanque agitado
Acessórios:
motor alimentação

 Local para alimentação e/ou


remoção;
camisa
 Poço para termopar;
chicanas
 Serpentina ou camisa de
aquecimento ou resfriamento;
Impelidor
 Impelidores de diversos ou
formatos; agitador

 Chicanas (para reduzir a


formação de vórtices)
produtos
Formação de vórtice: indesejável pois reduz a mistura
Solução: uso de chicanas
Evitando vórtices

 Quando o agitador está disposto no centro enão há chicanas 


prejudicial à mistura. Fluxo com trajetória circular ao redor
do eixo e criando vórtices no tanque de agitação
 Tanques pequenos: agitador descentralizado e/ou inclinado
 Tanques largos: agitador pode ser colocado na lateral
horizontalmente
 Chicanas (ou defletores): que impedem o escoamento
rotacional
espaçados b

4 defletores igualmente Defletores tão finos


espaçados Jb
W como possível
Defletores tão finos
n como possível

Hi

H = altura de líquido,
Da E Dt = diâmetro do tanque,
Elevação Hi Plano
Da = diâmetro do impelidor,
Dt
E = distância do fundo ao
impelidor,
J = largura das chicanas
Elevação Plano
n = número de rotações,
Classes de impelidores
 Fluxo axial: correntes
paralelas ao eixo do
agitador.

 Fluxo radial: correntes


tangenciais ou na
direção perpendicular ao
eixo do agitador.

 Fluxo tangencial: para


fluidos de alta
viscosidade
Propulsores

 Usados em líquidos muito


viscosos
 Tipos: propulsores tipo
hélice e tipo âncora
 tipo âncora fornece um
escoamento misto e o
modelo helicoidal um fluxo
axial
FLUXO RADIAL FLUXO AXIAL FLUXO TANGENCIAL
Para melhorar o fluxo vertical e, quando a direção e a
velocidade do escoamento para a sucção do propulsor
precisam ser controlados, são usados tubos “draft”.
Consumo de energia
 Para estimar a energia necessária utilizam-se correlações
empíricas de potência com outras variáveis do sistema.
 A forma destas correlações é encontrada através de análise
dimensional.
 A potência é função das seguintes variáveis...
P = f (n, Da, , , g, Dt, H, E, W)
Grupos adimensionais
 Para estimar a energia necessária utilizam-se correlações
empíricas de potência com outras variáveis do sistema.
 Correlações: encontradas através da análise dimensional.
Número de potência P
NP  3 5
n Da 

n. D a2 .
Número de Reynolds Re 

n 2 .D a
Número de Froude Fr  (Importante para Re > 300)
g
Fatores de forma
Análise dimensional: Teorema  de Buckingham
Número de Potência

N P   ( N Re , N Fr , S1 , S 2 , S 3 , S 4 , S 5 , S 6 )
 Número de Potência (NP) é proporcional a razão da força de
arraste agindo sobre unidade de área do impulsor

 NP é análogo ao coeficiente de arraste ou fator de fricção.


P
 Número de Reynolds NP 
n 3 D 5a 
Re <10 escoamento viscoso
Re > 104 escoamento turbulento

 Número de Froude é uma medida da razão das forças


inerciais pela força gravitacional por unidade de área agindo
no fluido.
FATORES DE CORREÇÃO PARA O CÁLCULO DE AGITADORES

Fatores de correção (Fc) serão utilizados quando o tanque e o impelidor


apresentarem medidas diferentes das medidas padrão.
Nesse caso, quando as razões geométricas diferirem um pouco das medidas padrão
aplica-se um fator de correção (fc ) desenvolvido por pesquisadores dessa área.
PARA SISTEMAS GASEIFICADOS

Quando o sistema é gaseificado, utiliza-se o gráfico de Ohyama-Endoh (Aiba) ou o de


Calderbank (Mc Cabe) para o cálculo do número de agitação ou número de aeração
(NQ = q/(nD3)  para turbina de lâmina plana

onde NQ = q/(nDa3),
q é a vazão do gás
Seleção do impelidor
Amassadeira
Tipo de agitador
Pá em Z

Helicoidal

Âncora

Turbina

Hélice

10-3 10-2 10-1 100 101 102 103 104

Viscosidade (Pa.s)
Múltiplos impelidores
• Se H/Dt for maior que 1,2-1,5, normalmente são usados múltiplos
impulsores.
• O número de potência e a potência consumida por dois impulsores
montados no mesmo eixo e espaçados por uma distância S
geralmente não são o dobro do impulsor individual.
• Para S elevado, NP duplo  2. NP simples
SEMELHANÇA
Semelhança Geométrica: igualdade das relações envolvendo
parâmetros geométricos.

Semelhança Cinemática e Dinâmica: igualdade entre os números


adimensionais relacionados à fluidodinâmica do sistema

Igualdade na velocidade periférica do agitador:

onde Vp = DN
ENADE 2011
ENADE 2014

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