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Ministério da Educação

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ


Câmpus Londrina
Departamento Acadêmico de Engenharia Mecânica - DAMEC

Análise Dimensional e Semelhança

Parte I

Prof. Ismael de Marchi Neto


E-mail: ismaelneto@utfpr.edu.br

2023
Sumário

§ Introdução;

§ As Equações Diferenciais Básicas Adimensionais;

§ A Natureza da Análise Dimensional;

§ O Teorema de Pi de Buckingham;

§ Determinação dos Grupos Π;

§ Exercícios.
Introdução

§ A maioria dos problemas na mecânica dos fluidos não podem ser resolvidos apenas
através de procedimentos analíticos;

§ Muitos problemas são resolvidos utilizando abordagem experimental;

§ Um objetivo de qualquer experimento é obter resultados amplamente aplicáveis (medidas


obtidas em escala laboratorial podem ser utilizadas para descrever o comportamento de
um sistema real);

§ Para isso é necessário estabelecer a relação que existe entre o modelo de laboratório e o
sistema real (protótipo).
Introdução
As Equações Diferenciais Básicas Adimensionais

§ Estudou-se aspectos dimensionais do escoamento, onde faz-se uso do princípio de


homogeneidade dimensional, aplicado às equações e leis de conservação.

§ A homogeneidade de uma equação é critério de verificação de sua validade, ou seja, é


uma condição necessária, mas não suficiente para que uma equação seja correta.

Ø Considere por exemplo:

• Escoamento em regime permanente;


• Incompressível;
• Bidimensional;
• Viscosidade constante.
As Equações Diferenciais Básicas Adimensionais

§ Equação da conservação da massa:

§ Equação de Navier-Stokes:

§ Como torná-las em equações adimensionais?


As Equações Diferenciais Básicas Adimensionais

§ Denota-se as quantidades adimensionais por asteriscos, ou seja:

§ Conforme as duas substituições representativas abaixo:

2
As Equações Diferenciais Básicas Adimensionais

Ø Portanto:

§ Equação da conservação da massa:

§ Equação de Navier-Stokes:
As Equações Diferenciais Básicas Adimensionais

§ Observa-se coeficientes adimensional extra na equação chamado de grupos


adimensionais:

���� �� �����
§ Ex: Número de Reynolds
���� ��������

§ De modo geral:

• Escoamentos com Re elevado = escoamento turbulento;


• Escoamento com valores de Re baixo = escoamento laminar.

§ Para a classificação do regime de escoamento a faixa de Re varia de acordo com a


geometria.
A Natureza da Análise Dimensional

§ A maioria dos fenômenos físicos em mecânica dos fluidos dependem:


• Parâmetros geométricos;
• Parâmetros do escoamento.

§ Em certas situações são conhecidas as variáveis envolvidas no fenômeno físico, mas não
a relação funcional entre elas.

§ A análise dimensional permite associar variáveis em grupos adimensionais.

§ Pelo procedimento chamado análise dimensional, o fenômeno pode ser formulado como
uma relação entre um conjunto de grupos adimensionais das variáveis.

Ø Artifício normalmente utilizado quando o teste experimental em um protótipo em tamanho


real é impossível ou custo elevado, utiliza-se modelos reduzidos representativos.
A Natureza da Análise Dimensional

Exemplo: Força de arrasto F sobre uma esfera lisa, de diâmetro D, estacionária, imersa em um
escoamento uniforme de velocidade V.

Quais experimentos deverão ser conduzidos para determinar a força de arrasto F sobre a
esfera?

§ Sabe-se que: F = f(D, V, ρ, μ), onde despreza-se a rugosidade superficial.

§ Após construída a estrutura experimental, inicia-se os ensaios.

Curva F vs. D com parâmetros V, ρ, μ  10 ensaios


Curva F vs. V com parâmetros D, ρ, μ  10 ensaios
Curva F vs. ρ com parâmetros D, V, μ  10 ensaios
Curva F vs. μ com parâmetros D, V, ρ  10 ensaios
TOTAL : 104 ensaios

q Se cada ensaio leva 0,5 hora  8 horas/dia  2,5 anos para completar o trabalho ! !
A Natureza da Análise Dimensional

§ Podemos agrupar as variáveis em duas combinações adimensionais (denominados grupos


adimensionais) de modo que:

§ O interessante é que todas as esferas em todos os fluidos, para a grande maioria das
velocidades irão se ajustar sobre a mesma curva.
O Teorema de Pi de Buckingham

§ O teorema dos p de Buckingham fornece as relações entre os parâmetros dimensionais,


para obter os parâmetros adimensionais.

§ Dado um problema físico onde a variável dependente é função de n-1 variáveis


independentes, para o qual sabemos que existe uma relação do tipo:

q1 = f(q2, q3, ... qn)

Variável relação funcional Variáveis


dependente (desconhecida) independentes

ou também: g (q1, q2, q3, ... qn) = 0.


O Teorema de Pi de Buckingham

§ O teorema p estabelece que:

Ø Dada uma relação entre n variáveis da forma g (q1, q2, q3, ... qn) = 0

as n variáveis podem ser agrupadas em n-m razões adimensionais independentes, ou


parâmetros p, expressados sob a forma funcional :

G (p1, p2, ..., pn-m) = 0 ou p1 = H(p2, ..., pn-m)

Obs1: o número m é usualmente igual ao menor número de grandezas independentes (M, L, t,


etc.) necessárias para especificar as dimensões das variáveis q1, q2, q3, ... qn.

Obs 2 : o teorema não prevê a forma funcional de G ou H. Ela pode ser determinada
experimentalmente.
Determinação dos Grupos Π (estudar os passos pelo livro Fox)

1º Passo – Liste todos os parâmetros envolvidos (n);


Se nem todos os parâmetros pertinentes forem incluídos, uma relação será obtidas, mas
não fornecerá a história completa.

2º Passo – Selecione um conjunto de dimensões (r) fundamentais (primárias);


Ex: M, L, T ou F, L, T.

3º Passo – Liste as dimensões de todos os parâmetros em termos das dimensões primárias;

4º Passo – Selecione da lista um número de parâmetros que se repetem (m) que inclua todas
as dimensões primárias;

5º Passo – Forme equações dimensionais combinando os parâmetros selecionados no passo


4 com cada um dos outros parâmetros a fim de formar grupos adimensionais
(haverá n-m equações);

6º Passo – Certifique-se que cada grupo obtido é adimensional.


Determinação dos Grupos Π

§ Dimensões fundamentais ou primárias:


Quantidade Símbolo Dimensões
Comprimento l L
Tempo t T
Massa m M
§ Dimensões derivativas ou secundárias:

Quantidade Símbolo Dimensões


Força F ML/T2
Velocidade V L/T
Aceleração a L/T2
Freqüência w T-1
Gravidade g L/T2
Área A L2
Determinação dos Grupos Π

§ Dimensões derivativas ou secundárias:

Quantidade Símbolo Dimensões


Vazão Q L3/T
Fluxo de massa m M/T
Pressão p M/LT2
Tensão t M/LT2
Massa específica r M/L3
Peso específico g M/L2T2
Viscosidade m M/LT
Viscosidade cinemática n L2/T
Determinação dos Grupos Π

§ Dimensões derivativas ou secundárias:

Quantidade Símbolo Dimensões


Trabalho W ML2/T2

Potencia, fluxo de calor W , Q ML2/T3

Tensão superficial s M/T2

Módulo da elasticidade volumétrica B M/LT2


Exercício 1

A força de arrasto, F, sobre uma esfera lisa depende da velocidade relativa, V, do diâmetro da
esfera, D, da massa específica do fluido, ρ, e da viscosidade do fluido, µ. Obtenha um
conjunto de grupos adimensionais que podem ser usados para correlacionar dados
experimentais.
Exercício 2

A queda de pressão, Δp, para escoamento em regime permanente, incompressível e viscoso,


através de um tubo retilíneo horizontal, depende do comprimento do tubo, l, da velocidade
média, V, da viscosidade do fluido, µ, do diâmetro do tubo, D, da massa específica do fluido, ρ,
e da rugosidade, e. Determine um conjunto de grupos adimensionais que possa ser usado
para correlacionar os dados.
Referências Bibliográficas

Básicas:

1. FOX, Robert. W.; McDONALD, Alan T.; PRITCHARD, Philip J. Introdução à Mecânica dos Fluidos. 6ª
Edição, LTC Editora – Rio de Janeiro, 2006.

2. WHITE, Frank M. Mecânica dos fluidos. 6ª Edição, Editora McGraw-Hill - São Paulo. Porto Alegre:
AMGH, 2011.

3. ÇENGEL, Yunus A.; CIMBALA, John M. Mecânica dos fluidos: fundamentos e aplicações. Editora
McGraw-Hill - São Paulo, 2007.

4. MUSON, Bruce R.; YOUNG, Donald F.; OKIISH, Theodore H. Fundamentos de Mecânica dos Fluidos.
Tradução da 4ª Edição Americana, Editora Edgard Blücher. São Paulo - SP, 1997.

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