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Apostila de Mecânica dos Fluidos

Análise Dimensional

Curso: Engenharia Mecânica

Professor: Flávio Tambellini

Ano - 2019

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Legenda
Letras latinas
𝐶𝐷 = coeficiente de arrasto
𝐷 = diâmetro
𝐹 = força, dimensão de força
𝐹𝑎𝑟𝑟 = força de arrasto
ℎ = altura
𝐿 = comprimento, dimensão de comprimento
𝑀 = dimensão de massa
𝑝 = pressão
𝑉 = velocidade

Letras gregas
∆ = diferença
𝛾 = peso específico
𝜇 = viscosidade dinâmica
Π = parâmetro adimensional PI
𝜌 = densidade
𝜎 = tensão superficial

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1 – Análise Dimensional
1.1 – Introdução
A análise dimensional tem uma grande importância na definição de um conjunto de
variáveis que serão escolhidas para um determinado experimento e como elas se comportarão
para um dado fenômeno. Por exemplo, como a força de arrasto sobre uma esfera lisa se
comporta em função de algumas variáveis, tais como: velocidade da esfera em relação ao
fluido; viscosidade dinâmica do fluido; densidade do fluido; diâmetro da esfera. Um outro
exemplo, como a altura de um fluido devido ao efeito capilar se relaciona com o diâmetro do
tubo, com o peso específico do fluido e com a tensão superficial.
Nestes dois exemplos é aplicado o teorema Pi de Buckingham que faz um tratamento
econômico das variáveis na forma adimensional, cujo resultado é uma economia na execução
dos experimentos para relacionar as variáveis.
Continuando, é importante saber a diferença entre protótipo e modelo, pois algumas
regras precisam ser seguidas para que se possa trabalhar com o modelo (escala em tamanho
reduzido ou ampliado) e tirar conclusões do protótipo (escala em tamanho real).
Finalmente, o estudo de análise dimensional termina com alguns grupos
adimensionais importantes já consagrados pela literatura, como por exemplo, o número de
Reynolds que é uma razão entre a força de inércia e a força viscosa em um escoamento, cuja
importância prática é a determinação do regime de escoamento, que pode ser laminar
(quando a força de inércia é menor do que a força viscosa) ou pode ser turbulento (quando a
força de inércia é maior do que a força viscosa), pois os tratamentos para cálculo de
velocidade, fator de atrito e altura da camada limite são diferentes para as duas situações.

1.2 – Teorema Pi de Buckingham


O teorema  (Pi) foi dado por Edgar Buckingham, que foi provado por um matemático
francês, Joseph Bertrand em 1878. Bertrand considerou somente casos especiais de
eletrodinâmica e condução de calor, mas o artigo continha todas as ideias básicas das provas
modernas do teorema e indicava claramente a utilidade do teorema para a modelagem do
fenômeno físico. A técnica de usar o teorema Pi tornou-se conhecido devido ao trabalho de
Rayleigh. A primeira aplicação do teorema  em um caso geral para a dependência da queda
de pressão em um tubo sobre parâmetros que governam provavelmente remonta a data de
1892.
O teorema Pi de Buckingham tem o objetivo de transformar uma relação de variáveis
dimensionais de um determinado fenômeno em parâmetros adimensionais deste mesmo
fenômeno. Lembrando que o teorema simplesmente mostra a relação de um parâmetro
adimensional com outros parâmetros adimensionais sem dizer se esta relação é linear,
polinomial ou exponencial.
Outro detalhe importante é que o teorema Pi traz uma economia enorme em termos
de experimentos a serem realizados. Por exemplo, suponha que se deseja investigar a relação
entre a força de arrasto (𝐹𝑎𝑟𝑟 ) sobre uma esfera lisa em função do diâmetro (𝐷), da velocidade
da esfera em relação ao escoamento (𝑉), da densidade do fluido (𝜌) e da viscosidade dinâmica
do fluido (𝜇), ou seja:
𝐹𝑎𝑟𝑟 = 𝑓(𝐷, 𝑉, 𝜌, 𝜇)
São quatro variáveis independentes (𝐷, 𝑉, 𝜌, 𝜇) e uma variável dependente (𝐹𝑎𝑟𝑟 ). Se
fossem utilizados 10 diâmetros diferentes, 10 velocidades diferentes, 8 densidades diferentes

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e 8 viscosidades diferentes, seria necessário fazer 10 × 10 × 8 × 8 = 6400 experimentos, mas
com o teorema Pi de Buckingham é possível reduzir drasticamente o número de experimentos
para aproximadamente 100. É uma grande economia de experimentos utilizando esta técnica
que trabalha com parâmetros adimensionais. A figura a seguir mostra o coeficiente de arrasto
em função do número de Reynolds para o escoamento sobre uma esfera lisa.

Figura 1 – Coeficiente de arrasto em função do número de Reynolds.

Note que não foi necessário utilizar os 6400 experimentos e, neste caso, não depende
das duas propriedades do fluido (densidade e viscosidade dinâmica), não depende do diâmetro
da esfera e não depende da velocidade. O número de Reynolds será explicado na próxima
seção.

Dimensão primárias
Antes do desenvolvimento da técnica do teorema Pi de Buckingham, é preciso
entender quais são as dimensões primárias importantes sobre as quais as variáveis estão
sujeitas. São elas:

Sistema: MLT Símbolo Sistema: FLT Símbolo


Massa M Força F
Comprimento L Comprimento L
Tempo T Tempo T
Temperatura  Temperatura 
Carga Q Carga Q

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As dimensões primárias podem ser MLT ou FLT, mas não se pode ter a dimensão
primária massa (M) e força (F) simultaneamente, ou uma, ou a outra.
Vejamos algumas variáveis em função das dimensões primárias:
Variável Unidade no SI Sistema MLTΘ Sistema FLTΘ
Calor específico (𝑐) m /(s K) ou J/(kgK)
2 2
𝑐=L T 
2 -2 -1
𝑐 = L2T-2-1
Densidade (𝜌) kg/m3 𝜌 = ML-3 𝜌 = FT2L-4
Força (𝐹) kgm/s2 ou N 𝐹 = MLT-2 𝐹=F
Massa (𝑚) kg 𝑚=M 𝑚 = FT2L-1
Peso específico (𝛾) N/m3 𝛾 = ML-2T-2 𝛾 = FL-3
Trabalho (𝑊) Nm 𝑊 = ML2T-2 𝑊 = FL
-1
Velocidade (𝑉) m/s 𝑉 = LT 𝑉 = LT-1

Técnica do teorema Pi de Buckingham


Agora será vista a técnica do teorema Pi de Buckingham. As etapas a seguir indicam
como transformar as variáveis dimensionais em parâmetros adimensionais.
Etapa 1
Listar todas as variáveis dimensionais (parâmetros) do fenômeno em questão. São “n”
parâmetros dimensionais.
Etapa 2
Definir a base das dimensões primárias, se será na base MLTΘ ou FLTΘ.
Etapa 3
Escrever as dimensões primárias das variáveis da etapa 1.
Etapa 4
Escolher os parâmetros repetentes (𝑟̂ ).
Etapa 5
Determinar os expoentes (coeficientes) dos parâmetros repetentes que aparecerão
nas (𝑛 – 𝑟̂ ) equações dos grupos adimensionais PI, que serão da forma:
Π1 = 𝑓(Π2 , Π3 , … , Π𝑛−𝑟̂ )

Um detalhe: nem sempre a quantidade dos parâmetros repetentes (𝑟̂ ) coincidirá com
o tamanho da dimensão primária (𝑝̂ ). Quando não se comentar nada, considere que 𝑟̂ = 𝑝̂ .
Quando a quantidade de parâmetros repetentes (𝑟̂ ) for menor do que o tamanho da dimensão
̂), então a quantidade de parâmetros
primária (𝑝̂ ), deverá ser calculado o posto da matriz (𝑚
repetentes será igual ao posto da matriz, ou seja, 𝑟̂ = 𝑚
̂. O posto da matriz será explicado nos
dois próximos exemplos.

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Exemplo 1 - Coeficiente de arrasto de uma esfera lisa
A força de arrasto (𝐹𝑎𝑟𝑟 ) sobre uma esfera lisa é função das seguintes variáveis: 𝜌 (densidade
do fluido); 𝑉 (velocidade relativa da esfera em relação ao fluido); 𝐷 (diâmetro da esfera); 𝜇
(viscosidade dinâmica do fluido). Podendo ser escrita da seguinte forma:
𝐹𝑎𝑟𝑟 = 𝑓(𝜌, 𝑉, 𝐷, 𝜇)
Considere que as variáveis repetentes serão: densidade (𝜌); velocidade relativa da esfera em
relação ao fluido (𝑉) e diâmetro da esfera (𝐷) e a base das dimensões primárias será MLT.
a) Determine os grupos adimensionais, PI.
b) Verifique o posto da matriz das variáveis repetentes.
Solução
a) Grupos adimensionais, PI.
Etapa 1: listar todas as variáveis.
As variáveis são: 𝐹𝑎𝑟𝑟 ; 𝜌; 𝑉; 𝐷; 𝜇. São 5 variáveis, então n = 5.
Etapa 2: definir a base das dimensões primárias.
A base das dimensões primárias foi definida como: MLT.
Etapa 3: escrever as dimensões primárias das variáveis do problema.

𝐹𝑎𝑟𝑟 𝜌 𝑉 𝐷 𝜇
MLT-2 ML-3 LT-1 L ML-1T-1

A quantidade de dimensões primárias vale 3, ou seja: 𝑝̂ = 3.


Etapa 4: selecione os parâmetros repetentes.
A priori, os parâmetros repetentes serão: 𝜌; 𝑉; 𝐷. Então: 𝑟̂ = 3 e eles não formam um
parâmetro adimensional.
Etapa 5: determine os expoentes (coeficientes) dos parâmetros repetentes e monte os (n -
𝒓̂) grupos PI adimensionais independentes.
Serão n - 𝑟̂ = 5 – 3 = 2 grupos PI adimensionais independentes. São eles:
Π1 = 𝑓(𝐹𝑎𝑟𝑟 , 𝜌, 𝑉, 𝐷) e Π2 = 𝑓(𝜇, 𝜌, 𝑉, 𝐷), resultando em: Π1 = 𝑓(Π2 )
Vamos fazer a análise do grupo adimensional Π1 .
𝜋1 = 𝜌𝑎 𝑉 𝑏 𝐷𝑐 𝐹𝑎𝑟𝑟 → (𝑀𝐿−3 )𝑎 (𝐿𝑇 −1 )𝑏 (𝐿)𝑐 (𝑀𝐿𝑇 −2 ) = 𝑀0 𝐿0 𝑇 0
Resolvendo para 𝑀, teremos:
𝑎 + 1 = 0 → 𝑎 = −1
Resolvendo para 𝐿, teremos:
−3𝑎 + 𝑏 + 𝑐 + 1 = 0
Resolvendo para 𝑇, teremos:
−𝑏 − 2 = 0 → 𝑏 = −2
Com o valor de “a” e “b”, encontramos o valor de “c”.
−3𝑎 + 𝑏 + 𝑐 + 1 = 0 → −3(−1) − 2 + 𝑐 + 1 = 0 → 𝑐 = −2

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Substituindo em Π1 , teremos:
𝐹𝑎𝑟𝑟
Π1 = 𝜌−1 𝑉 −2 𝐷 −2 𝐹𝑎𝑟𝑟 → Π1 =
𝜌𝑉 2 𝐷2
Vamos fazer a análise do grupo adimensional Π2 .
𝜋2 = 𝜌𝑎 𝑉 𝑏 𝐷𝑐 𝜇 → (𝑀𝐿−3 )𝑎 (𝐿𝑇 −1 )𝑏 (𝐿)𝑐 (𝑀𝐿−1 𝑇 −1 ) = 𝑀0 𝐿0 𝑇 0
Resolvendo para 𝑀, teremos:
𝑎 + 1 = 0 → 𝑎 = −1
Resolvendo para 𝐿, teremos:
−3𝑎 + 𝑏 + 𝑐 − 1 = 0
Resolvendo para 𝑇, teremos:
−𝑏 − 1 = 0 → 𝑏 = −1
Com o valor de “a” e “b”, encontramos o valor de “c”.
−3𝑎 + 𝑏 + 𝑐 − 1 = 0 → −3(−1) − 1 + 𝑐 − 1 = 0 → 𝑐 = −1
Substituindo em Π2 , teremos:
𝜇
Π2 = 𝜌−1 𝑉 −1 𝐷−1 𝜇 → Π2 =
𝜌𝑉𝐷
Escrevendo Π1 = 𝑓(Π2 ), teremos:
𝐹𝑎𝑟𝑟 𝜇
2 2
= 𝑓( )
𝜌𝑉 𝐷 𝜌𝑉𝐷
Sendo:
𝐹𝑎𝑟𝑟 𝜇
Π1 = 𝑒 Π2 =
𝜌𝑉 2 𝐷2 𝜌𝑉𝐷
Lembre-se: quando o teorema PI de Buckingham foi desenvolvido, obtivemos a seguinte
relação:
𝐹𝑎𝑟𝑟 𝜇
= 𝑓( )
𝜌𝑉 2 𝐷2 𝜌𝑉𝐷
O parâmetro adimensional Π1 é a razão entre a força de arrasto e o produto da densidade do
fluido pela velocidade ao quadrado e pelo diâmetro ao quadrado (área). Como já foi abordado,
sabemos que é esta a relação, mas não sabemos como é esta relação. Os experimentos foram feitos
da seguinte forma:
𝐶𝐷 = 𝑓(𝑅𝑒)
Sendo que 𝑅𝑒 é o número de Reynolds que é um número adimensional que relaciona a força
de inércia com a força viscosa e serve para descobrir o tipo de escoamento, se ele é laminar ou
turbulento e 𝐶𝐷 é o coeficiente de arrasto. A Figura 1 mostra o coeficiente de arrasto de um
escoamento sobre uma esfera lisa em função do número de Reynolds.
b) Posto da matriz das variáveis repetentes.
Foi imposto que a ordem do sistema de equações dos parâmetros repetentes vale 3 (𝑟̂ = 3).
Como realmente saber qual é a ordem do sistema de equações? Qual será a dimensão dos parâmetros
repetentes?
Uma maneira fácil de fazer isto é determinar o posto de uma matriz, que é a matriz de maior
ordem em que pelo menos um dos determinantes é diferente de zero. Se todos os determinantes

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forem iguais a zero, então rebaixamos a ordem da matriz em uma unidade e verificamos todos os
possíveis determinantes. Caso haja algum determinante diferente de zero, então esta será a nova
ordem da matriz. Entretanto, se todos eles forem iguais a zero, então rebaixamos a ordem em mais
uma unidade até que haja pelo menos uma matriz com determinante não-nulo.
Vamos voltar às variáveis em função de suas dimensões primárias.
Dimensões primárias das variáveis do problema.

𝐹𝑎𝑟𝑟 𝜌 𝑉 𝐷 𝜇
MLT-2 ML-3 LT-1 L ML-1T-1

Vamos montar uma matriz com os expoentes das variáveis.

𝐹𝑎𝑟𝑟 𝜌 𝑉 𝐷 𝜇
M 1 1 0 0 1
L 1 -3 1 1 -1
T -2 0 -1 0 -1

Vamos entender com esta matriz foi montada: analisemos a força de arrasto (𝐹𝑎𝑟𝑟 ) em que o
expoente da dimensão “M” vale “1”, o expoente da dimensão “L” vale “1” e o expoente da dimensão
“T” vale “-2”, então na primeira coluna teremos os valores 1; 1 e -2.
Para a variável densidade (𝜌), o expoente da dimensão “M” vale “1”, o expoente da dimensão
“L” vale “-3” e o expoente da dimensão “T” vale “0”, então na segunda coluna teremos os valores 1;
-3 e 0.
E assim sucessivamente para as outras variáveis. A matriz será composta de 3 linhas e 5
colunas.

1 1 0 0 1

1 -3 1 1 -1

-2 0 -1 0 -1

Como existem 5 colunas e vamos agrupá-las 3 a 3, então existem 10 possibilidades de matrizes


3×3. Para calcular o número de possibilidades é só fazer combinação de 5 tomados 3 a 3, assim:
5 5! 5∙4∙3∙2∙1
( )= = = 10
3 3! (5 − 3)! 3 ∙ 2 ∙ 1 ∙ (2 ∙ 1)
Vamos analisar o determinante formado pela matriz das três primeiras colunas.

1 1 0

1 -3 1

-2 0 -1

O determinante desta matriz vale:


𝑑𝑒𝑡 = 1 ∙ (−3) ∙ (−1) + 1 ∙ 1 ∙ (−2) + 1 ∙ 0 ∙ 0 − (−2) ∙ (−3) ∙ 0 − 1 ∙ 1 ∙ (−1) − 0 ∙ 1 ∙ 1

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𝑑𝑒𝑡 = 2
̂) vale 3 e a
Percebe-se que o determinante já é diferente de zero, então o posto da matriz (𝑚
dimensão das variáveis repetentes será igual a 3, neste caso: 𝑟̂ = 𝑚
̂ = 3.

Exemplo 2 – Vazão volumétrica no interior de um tubo em um escoamento


laminar
A vazão volumétrica (∀̇) no interior do tubo, em baixas velocidades, depende do raio do tubo
(𝑅), da viscosidade dinâmica do fluido (𝜇) e da queda de pressão por unidade de comprimento de tubo
(𝑑𝑝⁄𝑑𝑥 ). Neste caso, o escoamento é caracterizado como regime laminar.
𝑑𝑝
∀̇= 𝑓 (𝑅, 𝜇, )
𝑑𝑥
As dimensões primárias serão: M, L e T, ou seja, massa, comprimento e tempo,
respectivamente.
a) Determine o posto da matriz, ou seja, a ordem dos parâmetros repetentes.
b) Quais são os parâmetros repetentes?
c) Quantos grupos PI serão?
d) Determine os grupos adimensionais.
Solução
a) O posto da matriz, ou seja, a ordem dos parâmetros repetentes.
Etapa 1: listar todas as variáveis.
As variáveis são: ∀̇; 𝑅; 𝜇; 𝑑𝑝⁄𝑑𝑥. São 4 variáveis, então n = 4.
Etapa 2: definir a base das dimensões primárias.
A base das dimensões primárias já está definida como: MLT.
Etapa 3: escrever as dimensões primárias das variáveis do problema.

∀̇ 𝑅 𝜇 𝑑𝑝⁄𝑑𝑥
L3T-1 L ML-1T-1 M L-2T-2

A quantidade de dimensões primárias vale 3, ou seja: 𝑝̂ = 3.


Etapa 4: selecione os parâmetros repetentes.
Vamos analisar quantos e quais serão os parâmetros repetentes e vamos calcular o posto da
matriz.
Vamos montar uma matriz com os expoentes das variáveis.
∀̇ 𝑅 𝜇 𝑑𝑝⁄𝑑𝑥
M 0 0 1 1
L 3 1 -1 -2
T -1 0 -1 -2

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Do mesmo modo do que no exemplo resolvido anteriormente, temos a vazão volumétrica (∀̇)
em que o expoente da dimensão “M” vale “0”, o expoente da dimensão “L” vale “3” e o expoente da
dimensão “T” vale “-1”, então na primeira coluna teremos os valores 0; 3 e -1.
Para a variável raio (𝑅), o expoente da dimensão “M” vale “0”, o expoente da dimensão “L”
vale “1” e o expoente da dimensão “T” vale “0”, então na segunda coluna teremos os valores 0; 1 e 0.
E assim sucessivamente para as outras variáveis. A matriz será composta de 3 linhas e 4
colunas.

0 0 1 1

3 1 -1 -2

-1 0 1 -2

Existem 4 colunas, então existem 4 possibilidades de matrizes 3×3, ou seja:


4 4! 4∙3∙2∙1
( )= = =4
3 3! (4 − 3)! 3 ∙ 2 ∙ 1 ∙ (1)
Vamos analisar o determinante da matriz das três primeiras colunas.

0 0 1

3 1 -1

-1 0 1

O determinante desta matriz vale:


𝑑𝑒𝑡 = 0 ∙ 1 ∙ 1 + 0 ∙ (−1) ∙ (−1) + 3 ∙ 0 ∙ 1 − (−1) ∙ 1 ∙ 1 − 3 ∙ 0 ∙ 1 − 0 ∙ (−1) ∙ 0
𝑑𝑒𝑡 = 1
Percebe-se que o determinante já é diferente de zero, então a dimensão das variáveis
repetentes será igual a 3.
̂) vale 3 e a
Percebe-se que o determinante já é diferente de zero, então o posto da matriz (𝑚
dimensão das variáveis repetentes será igual a 3, neste caso: 𝑟̂ = 𝑚
̂ = 3.
b) Os parâmetros repetentes?
Neste caso, como temos 4 variáveis (n = 4), a dimensão dos parâmetros repetentes será igual
a 3 (𝑟̂ = 3) e os parâmetros repetentes serão: o raio do tubo (𝑅); a viscosidade dinâmica do fluido (𝜇)
e da queda de pressão por unidade de comprimento de tubo (𝑑𝑝⁄𝑑𝑥 ).
c) Quantos grupos PI serão?
Será apenas um grupo PI.
d) Determine os grupos adimensionais.
Etapa 5: determine os expoentes (coeficientes) dos parâmetros repetentes e monte os (n -
𝒓̂) grupos PI adimensionais independentes.
Serão n - 𝑟̂ = 4 – 3 = 1 grupo PI adimensional independente. Será:
Π1 = 𝑓(∀̇, 𝑅, 𝜇, 𝑑𝑝⁄𝑑𝑥 ), resultando em: Π1 = constante.

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Vamos fazer a análise do grupo adimensional Π1 .
𝜋1 = 𝑅 𝑎 𝜇𝑏 (𝑑𝑝⁄𝑑𝑥 )𝑐 ∀̇ → (𝐿)𝑎 (𝑀𝐿−1 𝑇 −1 )𝑏 (𝑀𝐿−2 𝑇 −2 )𝑐 (𝐿3 𝑇 −1 ) = 𝑀0 𝐿0 𝑇 0
Resolvendo para 𝑀, teremos:
𝑏 + 𝑐 = 0 → 𝑎 = −1
Resolvendo para 𝐿, teremos:
𝑎 − 𝑏 − 2𝑐 + 3 = 0
Resolvendo para 𝑇, teremos:
−𝑏 − 2𝑐 − 1 = 0
Resolvendo este sistema de 3 equações e 3 incógnitas, teremos: 𝑎 = -4; 𝑏 = 1; 𝑐 = -1.
Substituindo em Π1 , teremos:
𝑑𝑝 −1 ∀̇ ∙ 𝜇
Π1 = 𝑅 −4 𝜇1 ( ) ∀̇ → Π1 = 4 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑑𝑥 𝑅 (𝑑𝑝⁄𝑑𝑥)
Em um escoamento laminar dentro de um tubo, a vazão volumétrica é dada por:
𝜋𝑅 4 𝑑𝑝
∀̇= − ( )
8𝜇 𝑑𝑥
A constante do grupo adimensional Π1 vale −𝜋⁄8.

Exemplo 3 – Efeito capilar de um líquido dentro do tubo

O efeito capilar consiste em que o nível do líquido


dentro do tubo é diferente do nível do líquido fora dele, além
de formar uma superfície curva próximo à parede do tubo,
então esta diferença de altura (∆ℎ) é função do diâmetro do
tubo (𝐷), do peso específico do fluido (𝛾) e da tensão superficial
entre os dois fluidos (𝜎). Esta tensão superficial é mais comum
entre um líquido e um gás, que geralmente é o ar. A figura a
seguir mostra o efeito capilar.
Então a diferença de altura pode ser escrita da seguinte
forma:
∆ℎ = 𝑓(𝐷, 𝛾, 𝜎)
a) Trabalhando com as dimensões primárias F, L e T, verifique qual é o posto da matriz.
Considere que os parâmetros (variáveis) repetentes são o diâmetro do tubo (𝐷) e o peso específico do
fluido (𝛾). Depois disto, determine os grupos adimensionais e finalmente determine a relação Π1 =
𝑓(Π2 ).
b) Trabalhando com as dimensões primárias M, L e T, verifique qual é o posto da matriz.
Considere que os parâmetros (variáveis) repetentes são o diâmetro do tubo (𝐷) e o peso específico do
fluido (𝛾). Depois disto, determine os grupos adimensionais e finalmente determine a relação Π1 =
𝑓(Π2 ).
Para entender qual é a relação funcional entre estas variáveis, eis a fórmula:
4𝜎cos (𝛼)
∆ℎ =
𝛾𝐷

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Onde:
∆ℎ = altura do menisco.
𝐷 = diâmetro do tubo.
𝛼 = ângulo do menisco na parede do tubo.
𝛾 = peso específico do fluido.
𝜎 = tensão superficial.

Solução
a) Trabalhando com as dimensões primárias F, L e T, verifique qual é o posto da matriz.
Considere que os parâmetros (variáveis) repetentes são o diâmetro do tubo (𝐷) e o peso específico do
fluido (𝛾). Depois disto, determine os grupos adimensionais e finalmente determine a relação Π1 =
𝑓(Π2 ).

Etapa 1: listar todas as variáveis.


As variáveis são: ∆ℎ; 𝐷; 𝛾; 𝜎. São 4 variáveis, então n = 4.
Etapa 2: definir a base das dimensões primárias.
A base das dimensões primárias já está definida como: FLT.
Etapa 3: escrever as dimensões primárias das variáveis do problema.

∆ℎ 𝐷 𝛾 𝜎
L L FL-3 FL-1

Na verdade, a quantidade de dimensões primárias vale 2, ou seja: 𝑝̂ = 2. As variáveis são F e L.


Etapa 4: selecione os parâmetros repetentes.
Já foi dado no enunciado que os parâmetros repetentes são o diâmetro (𝐷) e o peso específico
(𝛾). A dimensão dos parâmetros repetentes vale 2, ou seja, 𝑟̂ = 2. Agora, vamos calcular o posto da
matriz.
Vamos montar a matriz das varáveis em função das dimensões primárias.
∆ℎ 𝐷 𝛾 𝜎
F 0 0 1 1
L 1 1 -3 -1

A matriz será composta de 2 linhas e 4 colunas.

0 0 1 1

1 1 -3 -1

Existem 4 colunas, então existem 6 possibilidades de matrizes 2×2, ou seja:


4 4! 4∙3∙2∙1
( )= = =6
2 2! (4 − 2)! 2 ∙ 1 ∙ (2 ∙ 1)

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Vamos analisar o determinante da matriz das duas últimas colunas.

1 1

-3 -1

O determinante desta matriz vale:


𝑑𝑒𝑡 = 1 ∙ (−1) − (−3) ∙ 1 = 2
𝑑𝑒𝑡 = 2
Como o determinante desta matriz é diferente de zero, o posto da matriz vale 2, ou seja, 𝑚
̂=
2, então teremos: 𝑟̂ = 𝑚
̂ = 2.
Etapa 5: determine os expoentes (coeficientes) dos parâmetros repetentes e monte os (n -
𝒓̂) grupos PI adimensionais independentes.
Os parâmetros repetentes são: 𝐷; 𝛾.
Serão n - 𝑟̂ = 4 – 2 = 2 grupos PI adimensionais independentes. Serão:
Π1 = 𝑓(∆ℎ, 𝐷, 𝛾) e Π2 = 𝑓(𝜎, 𝐷, 𝛾)

Vamos fazer a análise do grupo adimensional Π1 = 𝑓(∆ℎ, 𝐷, 𝛾).


𝜋1 = 𝐷 𝑎 𝛾 𝑏 ∆ℎ → (𝐿)𝑎 (𝐹𝐿−3 )𝑏 (𝐿) = 𝐿0 𝐹 0
Resolvendo para 𝐿, teremos:
𝑎 − 3𝑏 + 1 = 0
Resolvendo para 𝐹, teremos:
−3𝑏 = 0 → 𝑏 = 0
Substituindo 𝑏 = 0 na equação anterior, teremos:
𝑎 + 1 = 0 → 𝑎 = −1
Substituindo em Π1 , teremos:
∆ℎ
Π1 = 𝐷 −1 𝛾 0 ∆ℎ → Π1 =
𝐷

Agora, vamos fazer a análise do grupo adimensional Π2 = 𝑓(𝜎, 𝐷, 𝛾).


Π2 = 𝐷 𝑎 𝛾 𝑏 𝜎 → (𝐿)𝑎 (𝐹𝐿−3 )𝑏 (𝐹𝐿−1 ) = 𝐿0 𝐹 0
Resolvendo para 𝐿, teremos:
𝑎 − 3𝑏 − 1 = 0
Resolvendo para 𝐹, teremos:
𝑏 + 1 = 0 → 𝑏 = −1
Substituindo 𝑏 = −1 na equação anterior, teremos:
𝑎 − 3(−1) − 1 = 0 → 𝑎 = −2
Substituindo em Π2 , teremos:
𝜎
Π2 = 𝐷 −2 𝛾 −1 𝜎 → Π2 =
𝛾𝐷 2

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Escrevendo Π1 = 𝑓(Π2 ), teremos:
∆ℎ 𝜎
= 𝑓 ( 2)
𝐷 𝛾𝐷
Sendo:
∆ℎ 𝜎
Π1 = 𝑒 Π2 =
𝐷 𝛾𝐷 2

b) Trabalhando com as dimensões primárias M, L e T, verifique qual é o posto da matriz.


Considere que os parâmetros (variáveis) repetentes são o diâmetro do tubo (𝐷) e o peso específico do
fluido (𝛾). Depois disto, determine os grupos adimensionais e finalmente determine a relação Π1 =
𝑓(Π2 ).

Etapa 1: listar todas as variáveis.


As variáveis são: ∆ℎ; 𝐷; 𝛾; 𝜎. São 4 variáveis, então n = 4.
Etapa 2: definir a base das dimensões primárias.
A base das dimensões primárias já está definida como: MLT.
Etapa 3: escrever as dimensões primárias das variáveis do problema.

∆ℎ 𝐷 𝛾 𝜎
L L ML-2 T-2 MT-2

Agora, a quantidade de dimensões primárias vale 3, ou seja: 𝑝̂ = 3. As variáveis são M, L e T.


Etapa 4: selecione os parâmetros repetentes.
Já foi dado no enunciado que os parâmetros repetentes são o diâmetro (𝐷) e o peso específico
(𝛾). A dimensão dos parâmetros repetentes vale 2, ou seja, 𝑟̂ = 2. Agora, vamos calcular o posto da
matriz.
Vamos montar a matriz das varáveis em função das dimensões primárias.
∆ℎ 𝐷 𝛾 𝜎
M 0 0 1 1
L 1 1 -2 0
T 0 0 -2 -2

A matriz será composta de 3 linhas e 4 colunas.

0 0 1 1

1 1 -2 0

0 0 -2 -2

Existem 4 colunas, então existem 4 possibilidades de matrizes 3×3, ou seja:


4 4! 4∙3∙2∙1
( )= = =4
3 3! (4 − 3)! 3 ∙ 2 ∙ 1 ∙ (1)

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Vamos analisar o determinante da matriz compostas pelas colunas 1, 2 e 3.

0 0 1

1 1 -2

0 0 -2

O determinante desta matriz vale:


𝑑𝑒𝑡 = 0 ∙ 1 ∙ (−2) + 0 ∙ (−2) ∙ 0 + 1 ∙ 0 ∙ 1 − 0 ∙ 1 ∙ 1 − 1 ∙ 0 ∙ (−2) − 0 ∙ (−2) ∙ 0 = 0
𝑑𝑒𝑡 = 0

Vamos analisar o determinante da matriz compostas pelas colunas 1, 2 e 4.

0 0 1

1 1 0

0 0 -2

O determinante desta matriz vale:


𝑑𝑒𝑡 = 0 ∙ 1 ∙ (−2) + 0 ∙ 0 ∙ 0 + 1 ∙ 0 ∙ 1 − 0 ∙ 1 ∙ 1 − 1 ∙ 0 ∙ (−2) − 0 ∙ 0 ∙ 0 = 0
𝑑𝑒𝑡 = 0

Vamos analisar o determinante da matriz compostas pelas colunas 1, 3 e 4.

0 1 1

1 -2 0

0 -2 -2

O determinante desta matriz vale:


𝑑𝑒𝑡 = 0 ∙ (−2) ∙ (−2) + 1 ∙ 0 ∙ 0 + 1 ∙ (−2) ∙ 1 − 0 ∙ (−2) ∙ 1 − 1 ∙ 1 ∙ (−2) − (−2) ∙ 0 ∙ 0 = 0
𝑑𝑒𝑡 = 0

Vamos analisar o determinante da matriz compostas pelas colunas 2, 3 e 4.

0 1 1

1 -2 0

0 -2 -2

O determinante desta matriz vale:


𝑑𝑒𝑡 = 0 ∙ (−2) ∙ (−2) + 1 ∙ 0 ∙ 0 + 1 ∙ (−2) ∙ 1 − 0 ∙ (−2) ∙ 1 − 1 ∙ 1 ∙ (−2) − (−2) ∙ 0 ∙ 0 = 0
𝑑𝑒𝑡 = 0

15
Neste caso, todas as combinações das colunas para os cálculos dos determinantes de matriz
3×3 forneceram resultados NULOS. Consequentemente, o posto da matriz será no máximo 2.
Seja a matriz formada pelas colunas 1, 2 e 3.

0 0 1

1 1 -2

0 0 -2

Isolando a primeira linha e a primeira coluna desta matriz, teremos:

A matriz 2×2 que sobrou, tem um determinante que vale:


𝑑𝑒𝑡 = 1 ∙ (−2) − 0 ∙ (−2) = −2
Neste caso, o determinante desta matriz é diferente de zero e o posto da matriz vale 2, ou
seja, 𝑚
̂ = 2, então teremos: 𝑟̂ = 𝑚
̂ = 2. Então teremos 𝑛 − 𝑟̂ = 4 − 2 = 2 parâmetros independentes,
ou seja, teremos dois grupos PI.
Etapa 5: determine os expoentes (coeficientes) dos parâmetros repetentes e monte os (n -
𝒓̂) grupos PI adimensionais independentes.
Os parâmetros repetentes são: 𝐷; 𝛾.
Serão n - 𝑟̂ = 4 – 2 = 2 grupos PI adimensionais independentes. Serão:
Π1 = 𝑓(∆ℎ, 𝐷, 𝛾) e Π2 = 𝑓(𝜎, 𝐷, 𝛾)

Vamos fazer a análise do grupo adimensional Π1 = 𝑓(∆ℎ, 𝐷, 𝛾).


𝜋1 = 𝐷 𝑎 𝛾 𝑏 ∆ℎ → (𝐿)𝑎 (𝑀𝐿−2 𝑇 −2 )𝑏 (𝐿) = 𝑀0 𝐿0 𝑇 0
Resolvendo para 𝑀, teremos:
𝑏=0
Resolvendo para 𝐿, teremos:
𝑎 − 2𝑏 + 1 = 0 → 𝑎 = −1
Resolvendo para 𝑇, teremos:
−2𝑏 = 0 → 𝑏 = 0
Substituindo em Π1 , teremos:
∆ℎ
Π1 = 𝐷 −1 𝛾 0 ∆ℎ → Π1 =
𝐷

16
Agora, vamos fazer a análise do grupo adimensional Π2 = 𝑓(𝜎, 𝐷, 𝛾).
Π2 = 𝐷 𝑎 𝛾 𝑏 𝜎 → (𝐿)𝑎 (𝑀𝐿−2 𝑇 −2 )𝑏 (𝑀𝑇 −2 ) = 𝑀0 𝐿0 𝑇 0
Resolvendo para 𝑀, teremos:
𝑏 + 1 = 0 → 𝑏 = −1
Resolvendo para 𝐿, teremos:
𝑎 − 2𝑏 = 0 → 𝑎 − 2 ∙ (−1) = 0 → 𝑎 = −2
Resolvendo para 𝑇, teremos:
−2𝑏 − 2 = 0 → 𝑏 = −1
Substituindo em Π2 , teremos:
𝜎
Π2 = 𝐷 −2 𝛾 −1 𝜎 → Π2 =
𝛾𝐷 2
Escrevendo Π1 = 𝑓(Π2 ), teremos:
∆ℎ 𝜎
= 𝑓 ( 2)
𝐷 𝛾𝐷
Sendo:
∆ℎ 𝜎
Π1 = 𝑒 Π2 =
𝐷 𝛾𝐷 2
Este resultado coincide com o resultado do item a.

1.3 – Grupos adimensionais importantes


Com o teorema PI de Buckingham é possível definir grupos adimensionais importantes
utilizados em Mecânica dos Fluidos, em Transferência de Calor, em Eletromagnetismo e, em outras
áreas. Os grupos adimensionais importantes utilizados em Mecânica dos Fluidos são:

1. Número de Reynolds (Re)


Osborne Reynolds (1867-1912) foi um físico britânico, sacerdote na igreja anglicana e um
respeitado acadêmico, que determinou, em 1880, este número adimensional independentemente de
Buckingham. Relaciona a força de inércia com a força viscosa em um escoamento e permite identificar
o padrão de escoamento, se é laminar ou turbulento. Também é utilizado para fazer análise
dimensional de corpos em dentro de um escoamento ou escoamentos dentro de uma tubulação ou
dentro de dutos.
𝜌𝑉𝐿 𝑉𝐿 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑑𝑒 𝑖𝑛é𝑟𝑐𝑖𝑎
𝑅𝑒 = = 𝑅𝑒 =
𝜇 𝜈 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑣𝑖𝑠𝑐𝑜𝑠𝑎

2. Número de Mach (Ma)


Ernst Mach (1838-1916) foi um físico e filósofo austríaco que estabeleceu princípios
importantes nas áreas de óptica, mecânica e dinâmica das ondas e estudou o efeito de
compressibilidade de um escoamento. Relaciona a força de inércia com a força elástica (de
compressibilidade).

17
𝑉 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑑𝑒 𝑖𝑛é𝑟𝑐𝑖𝑎
𝑀𝑎 = 𝑀𝑎 =
𝑐 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑒𝑙á𝑠𝑡𝑖𝑐𝑎

3. Número de Froude (Fr)


William Froude (1810-1879) foi um engenheiro naval inglês. Foi o primeiro a formular leis
confiáveis sobe a resistência da água ao avanço de navios, predizendo a estabilidade deles com relação
às ondas. Junto com seu filho, Robert Edmund Froude, relacionou os efeitos da superfície livre.

𝑉 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑑𝑒 𝑖𝑛é𝑟𝑐𝑖𝑎
𝐹𝑟 = 𝐹𝑟 =
√𝑔𝐿 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑑𝑒𝑣𝑖𝑑𝑜 à 𝑔𝑟𝑎𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒

4. Número de Weber (We)


Moritz Weber (1871-1951) desenvolveu as leis de semelhança em sua forma moderna. O
número de Weber é importante somente se ele for próximo de 1 ou menor, o que ocorre tipicamente
quando a curvatura da superfície é comparável em tamanho à profundidade do líquido, como acontece
nas gotículas, nos escoamentos capilares, nas ondas encrespadas e em modelos hidráulicos muito
pequenos. É um indicativo da existência, e da frequência de ondas capilares em uma superfície livre.

𝜌𝑉 2 𝐿 𝑉𝐿 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑑𝑒 𝑖𝑛é𝑟𝑐𝑖𝑎
𝑊𝑒 = = 𝑊𝑒 =
𝜎 𝜈 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙

5. Número de Euler (Eu)


Leonhard Euler (1707-1783) foi um matemático suíço, sendo um dos pioneiros nos trabalhos
analíticos em Mecânica dos Fluidos. O número de Euler estabelece a relação entre a força de pressão
e a força de inércia.

Δ𝑝 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜
𝐸𝑢 = 𝐸𝑢 =
𝜌𝑉 2 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑑𝑒𝑣𝑖𝑑𝑜 à 𝑔𝑟𝑎𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒

Euler recebeu o crédito de ter sido o primeiro a reconhecer o papel da pressão no movimento
dos fluidos. O coeficiente de pressão (𝐶𝑝) é o dobro do número de Euler.
Δ𝑝
𝐶𝑝 =
1 2
2 𝜌𝑉
Δ𝑝 = pressão da corrente líquida menos a pressão local
O número de Euler é utilizado nos estudos dos fenômenos de cavitação, em que 𝐶𝑎 é o índice
de cavitação.
𝑝 − 𝑝𝑣
𝐶𝑎 =
1 2
𝜌𝑉
2
𝑝 é a pressão da corrente líquida e 𝑝𝑣 é a pressão do vapor.

18
Quanto menor o número de cavitação (𝐶𝑎), maior a probabilidade de ocorrer cavitação, sendo
um fenômeno indesejável.

Tabela 1.1 - Parâmetros adimensionais em mecânica dos fluidos


Parâmetro Expressão Situações em que o parâmetro é fundamental
𝜌𝑉𝐿 Escoamentos internos ou escoamentos externos
Número de Reynolds 𝑅𝑒 =
𝜇 influenciados pelos efeitos viscosos, em que 𝑉 ≤ 0,3𝑐.
𝑉 Escoamentos em que a compressibilidade é
Número de Mach 𝑀𝑎 =
𝑐 importante, para 𝑉 > 0,3𝑐.
∆𝑝 Escoamentos em que a queda de pressão é
Número de Euler 𝐸𝑢 =
𝜌𝑉 2 significativa, também serve para avaliar a cavitação.
𝑉 Escoamentos em que há superfície livre, em que há
Número de Froude 𝐹𝑟 =
√𝑔𝐿 influência da gravidade.
𝜌𝑉 2 𝐿 Um escoamento com uma interface, em que a tensão
Número de Weber 𝑊𝑒 =
𝜎 superficial é importante.

1.4 – Semelhança (similaridade)


Como já foi abordado nas duas seções anteriores, o teorema Pi de Buckingham serviu para
transformar uma relação dimensional em uma relação adimensional, em que um dos objetivos era
diminuir o trabalho experimental, tornando-o mais econômico. A partir desta análise, a seção seguinte
apresentou alguns grupos adimensionais importantes utilizados em mecânica dos fluidos. Agora, para
um trabalho experimental, nem sempre é possível utilizar a escala real para se fazer os testes, então
se utiliza uma escala reduzida ou ampliada.
A escala real é quando se usa um protótipo, é o que acontece na realidade e a escala reduzida
ou ampliada é quando se usa um modelo, é o que acontece nos experimentos nos túneis de vento. É
óbvio que testes podem ser feitos em escala real para saber o que realmente acontece.
Para que os modelos possam ser testados com segurança e haja reprodução do protótipo é
necessário que ocorram as seguintes semelhanças: geométrica, cinemática e dinâmica.
A semelhança geométrica assegura que as proporções da geometria se mantenham, por
exemplo, um protótipo na forma de um paralelepípedo com dimensões de 3 m por 2 m por 1 m
mantém a semelhança geométrica com um modelo com as seguintes dimensões de 30 cm por 20 cm
por 10 cm. A escala linear é de 1:10, ou seja, o modelo é 10 vezes menor do que o protótipo, conforme
pode ser visto na Figura 2.

Figura 2 – Semelhança geométrica entre um modelo e um protótipo.

19
Em termos matemáticos, temos:
𝐿𝑚
𝐿𝑟 = = 𝑐𝑡𝑒
𝐿𝑝
Onde: 𝐿𝑚 é a dimensão linear do modelo; 𝐿𝑝 é a dimensão linear do protótipo; 𝐿𝑟 é a razão
entre a dimensão linear do modelo e do protótipo.

A semelhança cinemática garante que as configurações das linhas de corrente (caminho do


fluido) sejam as mesmas tanto para o modelo como para o protótipo. A semelhança cinemática requer
semelhança geométrica. A semelhança cinemática é um requisito necessário, mas não é suficiente
para assegurar a semelhança dinâmica.
Em termos matemáticos, temos:
𝑉𝑚
𝑉𝑟 = = 𝑐𝑡𝑒
𝑉𝑝
Onde: 𝑉𝑚 é a velocidade do modelo; 𝑉𝑝 é a velocidade do protótipo; 𝑉𝑟 é a razão entre a
velocidade do modelo e do protótipo.
A semelhança dinâmica garante que as forças sejam proporcionais entre o modelo e o
protótipo, garantindo que parâmetros adimensionais sejam iguais entre o modelo e o protótipo.
Em termos matemáticos, temos:
𝐹𝑚
𝐹𝑟 = = 𝑐𝑡𝑒
𝐹𝑝
Onde: 𝐹𝑚 é a força do modelo; 𝐹𝑝 é a força do protótipo; 𝐹𝑟 é a razão entre a força do modelo
e do protótipo.
𝑉𝑟 𝐿𝑟 𝐿𝑟
𝑎𝑟 = = 2 𝑒 𝐹𝑟 = 𝑚𝑟 𝑎𝑟 = 𝑚𝑟 2 𝑒 𝑚𝑟 = 𝜌𝑟 ∀𝑟 = 𝜌𝑟 𝐿3𝑟
𝑡𝑟 𝑡𝑟 𝑡𝑟
Então, rearranjando, teremos:
𝐿𝑟 2 𝑟
𝐿2
𝐹𝑟 = 𝜌𝑟 𝐿3𝑟 = 𝜌𝑟 𝐿 𝑟 = 𝜌𝑟 𝐿2𝑟 𝑉𝑟2
𝑡𝑟2 𝑡𝑟2
Havendo semelhança geométrica, se medirmos a força de arrasto em um modelo e quisermos
prever a força de arrasto em um protótipo, precisamos igualar a razão entre as forças de arrasto, ou
seja:
(𝐹𝑎𝑟𝑟 )𝑝 (𝐹𝑖𝑛𝑒 )𝑝 𝜌𝑝 𝑉𝑝2 𝐿2𝑝
= =
(𝐹𝑎𝑟𝑟 )𝑚 (𝐹𝑖𝑛𝑒 )𝑚 𝜌𝑚 𝑉𝑚2 𝐿2𝑚
A razão entre as forças de arrasto (𝐹𝑎𝑟𝑟 ) é igual à razão entre as forças de inércia (𝐹𝑖𝑛𝑒 ),
conforme a última relação.
Lembrando que 𝐿𝑝 ⁄𝐿𝑚 acaba sendo a escala entre o protótipo e o modelo, em que 𝐿𝑝 é um
comprimento característico do protótipo e 𝐿𝑚 é um característico do modelo.
Sabemos que a potência é o produto da força pela velocidade e, quando, há necessidade de
estimar a potência do protótipo em função da potência do modelo, teremos:
𝑊̇𝑝 (𝐹𝑖𝑛𝑒 )𝑝 ∙ 𝑉𝑝 𝜌𝑝 𝑉𝑝3 𝐿2𝑝
= =
𝑊̇𝑚 (𝐹𝑖𝑛𝑒 )𝑚 ∙ 𝑉𝑚 𝜌𝑚 𝑉𝑚3 𝐿2𝑚

20
Escoamentos confinados: internos ou externos
Quando estamos trabalhando com escoamentos dentro de uma tubulação ou dentro de um
duto, em que não há superfícies livres e não há efeito de compressibilidade (𝑀𝑎 ≤ 0,3), então há as
forças viscosas, de inércia e de pressão. O número de Reynolds relaciona a força de inércia com a força
viscosa e o número de Euler relaciona a força de pressão com a força de inércia. Este caso também se
aplica para escoamentos externos sem superfície livre, como por exemplo, um submarino dentro do
mar ou um avião voando, desde que esteja até 30% da velocidade do som.
Escoamentos compressíveis
Neste caso a velocidade do fluido em uma tubulação, em um bocal ou em difusor são elevadas,
geralmente acima de 30% da velocidade do som, em que o fluido mais comum são os gases por serem
compressíveis. Então neste caso o número de Mach será utilizado, pois relaciona a força de inércia
com a força elástica (compressibilidade).
Escoamentos com superfícies livres
Onde escoamento com superfícies livres, geralmente o caso mais comum são os escoamentos
em que existe o ar e a água ou o ar e a água do mar. Nesta situação, usamos o número de Froude que
relaciona a força de inércia com a força devido à gravidade.

Exemplo 4 – Forças que atuam sobre uma sonda esférica envolvendo o número
de Reynolds em um escoamento externo com velocidades baixas
Uma sonda esférica deve trabalhar no mar a uma temperatura de 20 oC. O protótipo tem um
diâmetro de 20 cm e a velocidade sobre o protótipo é de 1,8 m/s. Um modelo deve ser desenvolvido
em um túnel de vento, pois será testado com ar a uma temperatura de 25 oC, em uma escala 1:2.
Testes realizados com o modelo indicaram uma força de arrasto de 2,165 N. Para a água do mar a 20
o
C, considere que a densidade vale 1025 kg/m3 e a viscosidade dinâmica vale 0,00108 kg/(m∙s). Para o
ar a 25 oC, considere que a densidade vale 1,185 kg/m3 e a viscosidade dinâmica vale 1,84×10-5
kg/(m∙s). Determine:
a) o número de Reynolds do protótipo;
b) a velocidade do modelo;
c) a força de arrasto sobre o protótipo.
Solução
a) Número de Reynolds do protótipo.
O número de Reynolds do protótipo vale:
𝜌𝑝 𝑉𝑝 𝐷𝑝 1025 ∙ 1,8 ∙ 0,2
𝑅𝑒𝑝 = = = 341667
𝜇𝑝 0,00108
O número de Reynolds do protótipo vale 341667.
b) A velocidade do modelo.
Para calcularmos a velocidade do modelo, sabemos que o número de Reynolds do protótipo e
do modelo devem ser iguais, então:
𝜌𝑚 𝑉𝑚 𝐷𝑚 1,185 ∙ 𝑉𝑚 ∙ 0,1
𝑅𝑒𝑚 = 𝑅𝑒𝑝 → = 341667 → = 341667 → 𝑉𝑚 = 53,05 𝑚/𝑠
𝜇𝑚 1,84 × 10−5
A velocidade do modelo vale 53,05 m/s.
c) A força de arrasto sobre o protótipo.

21
A força de arrasto sobre o protótipo pode ser calculada de acordo com a seguinte relação.
𝐹𝑎𝑟𝑟,𝑝 𝐹𝑎𝑟𝑟,𝑚 𝐹𝑎𝑟𝑟,𝑝 2,165
2 2 = 2 2 → = → 𝐹𝑎𝑟𝑟,𝑝 = 8,624
𝜌𝑝 ∙ 𝑉𝑝 ∙ 𝐷𝑝 𝜌𝑚 ∙ 𝑉𝑚 ∙ 𝐷𝑚 1025 ∙ 1,82 ∙ 0,22 1,185 ∙ 53,052 ∙ 0,12
A força de arrasto sobre o protótipo vale 8,624 N.

Exemplo 5 – Forças que atuam sobre um avião envolvendo o número de


Reynolds em um escoamento externo com velocidades baixas
Um avião deve operar a uma velocidade de 90 km/h (25 m/s) com o ar a uma temperatura de
o
25 C. Um modelo deve ser testado com ar à mesma temperatura do protótipo, sendo que a velocidade
do modelo é de 80 m/s e a escala é de 1:10. Testes feitos com o modelo revelaram que a força de
arrasto vale 400 N. Propriedades do ar a 25 oC: densidade = 1,185 kg/m3 e a viscosidade dinâmica =
1,84×10-5 kg/(m∙s). A constante universal dos gases (𝑅̅) vale 8,314 kJ/(kmol∙K) e o mol do ar vale 28,97
kg/kmol.
Determine:
a) a densidade do ar no túnel de vento, em kg/m3;
b) a pressão no túnel de vento, em kPa;
c) a força de arrasto sobre o protótipo, em N.
Solução
a) Densidade do ar no túnel de vento, em kg/m3;
A semelhança dinâmica importante é a igualdade entre o número de Reynolds do protótipo e
do modelo.
𝜌𝑚 ∙ 𝑉𝑚 ∙ 𝐿𝑚 𝜌𝑝 ∙ 𝑉𝑝 ∙ 𝐿𝑝
𝑅𝑒𝑚 = 𝑅𝑒𝑝 → =
𝜇𝑚 𝜇𝑝
Neste caso, como a temperatura do modelo é igual à temperatura do protótipo, as
viscosidades dinâmicas serão iguais, ou seja, 𝜇𝑚 = 𝜇𝑝 . Eliminando as viscosidades das fórmulas,
teremos:
𝜌𝑚 ∙ 𝑉𝑚 ∙ 𝐿𝑚 = 𝜌𝑝 ∙ 𝑉𝑝 ∙ 𝐿𝑝
Substituindo os valores, teremos:
𝜌𝑚 ∙ 80 ∙ 1 = 1,185 ∙ 25 ∙ 10 → 𝜌𝑚 = 3,703
A densidade do ar no túnel de vento vale 3,703 kg/m3.
b) A pressão no túnel de vento, em kPa.
Utilizando a equação dos gases ideais, teremos:
𝜌𝑚 𝑅̅𝑇𝑚 3,703 ∙ 8,314 ∙ (25 + 273)
𝑝𝑚 = = = 316,7
𝑀 28,97
A pressão no túnel de vento será de 316,7 kPa
c) A força de arrasto sobre o protótipo, em N.
A relação entre a força de arrasto do protótipo e do modelo é dada por:
𝐹𝑎𝑟𝑟,𝑝 𝐹𝑎𝑟𝑟,𝑚
=
𝜌𝑝 ∙ 𝑉𝑝 ∙ 𝐿𝑝 𝜌𝑚 ∙ 𝑉𝑚2 ∙ 𝐿2𝑚
2 2

22
Substituindo os valores, teremos:
𝐹𝑎𝑟𝑟,𝑝 400
= → 𝐹𝑎𝑟𝑟,𝑝 = 1250
1,185 ∙ 252 ∙ 102 3,703 ∙ 802 ∙ 12
A força de arrasto sobre o protótipo vale 1250 N.

Exemplo 6 – Forças que atuam sobre um iate envolvendo o número de Froude


(superfície livre) e o número de Euler (pressão e cavitação)
Um iate deve ser testado em uma escala de 1:16, em que a velocidade do protótipo é de 25
m/s. O modelo deve levar em conta o número de Froude para o cálculo da sua velocidade. O protótipo
atuará em água doce com uma temperatura de 15 oC e o modelo será testado em água doce com uma
temperatura de 30 oC. Também deve-se evitar a cavitação que provoca um barulho desagradável para
os passageiros, então deve-se utilizar o grupo adimensional de Euler para calcular a pressão do
escoamento no modelo, já que o protótipo estará em um escoamento a uma pressão de 101,3 kPa.
Propriedades da água a 15 oC: pressão do vapor = 1,71 kPa e densidade = 999 kg/m3.
Propriedades da água a 30 oC: pressão do vapor = 4,25 kPa e densidade = 996 kg/m3.
a) Determine a velocidade do modelo, em m/s.
b) Qual é a pressão do escoamento do modelo, em kPa, para se evitar a cavitação?
c) Se os testes fossem feitos com óleo lubrificante a 20 oC, qual seria a pressão do escoamento
do modelo, em kPa, para se evitar a cavitação?
Propriedades do óleo lubrificante a 20 oC: pressão do vapor = 0,2893 kPa e densidade = 822
3
kg/m .
d) Determine o valor da cavitação.
Solução
a) Determine a velocidade do modelo, em m/s.
Como é um iate que está sobre a água, então o grupo adimensional importante é o número de
Froude.

𝑉𝑚 𝑉𝑝 𝐿𝑚 1
𝐹𝑟𝑚 = 𝐹𝑟𝑝 → = → 𝑉𝑚 = 𝑉𝑝 ∙ √ = 25 ∙ √ = 6,25
√𝑔 ∙ 𝐿𝑚 √𝑔 ∙ 𝐿𝑝 𝐿𝑝 16

A velocidade do modelo vale 6,25 m/s.


b) Qual é a pressão do escoamento do modelo, em kPa?
Para saber qual é a pressão do escoamento do modelo, devemos utilizar o grupo adimensional
de Euler, no caso a constante 1/2 não será usada na fórmula, porque ela será cancelada.
𝑝𝑚 − 𝑝𝑣,𝑚 𝑝𝑝 − 𝑝𝑣,𝑝
𝐸𝑢𝑚 = 𝐸𝑢𝑝 → 2 =
𝜌𝑚 ∙ 𝑉𝑚 𝜌𝑝 ∙ 𝑉𝑝2
Substituindo os valores, teremos:
𝑝𝑚 − 4,25 101,3 − 1,71
= → 𝑝𝑚 = 10,46
996 ∙ 6,252 999 ∙ 252
A pressão do escoamento do modelo vale 10,46 kPa.
c) Se os testes fossem feitos com óleo lubrificante a 20 oC, qual seria a pressão do escoamento
do modelo, em kPa?

23
Propriedades do óleo lubrificante a 20 oC: pressão do vapor = 0,2893 kPa e densidade = 822
3
kg/m .
Do mesmo modo que foi feito no item c, então substituindo os valores, teremos:
𝑝𝑚 − 0,2893 101,3 − 1,71
= → 𝑝𝑚 = 5,411
822 ∙ 6,252 999 ∙ 252
A pressão do escoamento do modelo vale 5,411 kPa.
d) Determine o valor da cavitação.
O valor da cavitação será o mesmo, independentemente do fluido ou se está trabalhando com
o modelo ou com o protótipo.
Temos a seguinte fórmula:
∆𝑝 101,3 × 103 − 1,71 × 103
𝐶𝑎 = = = 0,3190
1 2 1 2
2 𝜌𝑉 2 ∙ 999 ∙ 25
O valor cavitação é 0,3190.

Exemplo 7 – Escoamento dentro de um tubo em regime turbulento envolvendo


o número de Reynolds e outros parâmetros inerentes ao escoamento
Em uma tubulação de 500 m de tubo de concreto de diâmetro de 1,0 m, escoa ar a 25 oC com
uma velocidade média de 4,0 m/s. Considere que a rugosidade do concreto vale 1,84 mm. Testes serão
realizados em laboratório com água a 25 oC em uma tubulação com diâmetro de 25 mm. Sabe-se que
pelo teorema Pi de Buckingham, temos a queda de pressão em função dos outros parâmetros.
∆𝑝 𝜇 𝐿 𝑒
2
= 𝑓( , , )
𝜌𝑉 𝜌𝑉𝐷 𝐷 𝐷
Propriedades do ar a 25 oC.
Viscosidade dinâmica = 1,84×10-5 Pas
Densidade = 1,185 kg/m3
Propriedades da água a 25 oC.
Viscosidade dinâmica = 8,93×10-4 m2/s
Densidade = 997 kg/m3
Determine:
a) o número de Reynolds do protótipo;
b) a velocidade do escoamento no modelo, em m/s;
c) a escala do modelo;
d) a rugosidade do modelo, em mm;
e) o comprimento da tubulação do modelo, em m.
f) Com estes dados foi possível fazer um teste e verificou-se que a queda de pressão no modelo
foi de 505,5 kPa. Então determine a queda de pressão no protótipo.
Solução
a) O número de Reynolds do protótipo.

24
O número de Reynolds do protótipo vale:
𝜌𝑝 ∙ 𝑉𝑝 ∙ 𝐷𝑝 1,185 ∙ 4 ∙ 1
𝑅𝑒𝑝 = = = 257609
𝜇𝑝 1,84 × 10−5
b) A velocidade do escoamento no modelo, em m/s.
Para determinara a velocidade no modelo, consideraremos que o número de Reynolds do
protótipo é igual ao número de Reynolds do modelo.
𝜌𝑚 ∙ 𝑉𝑚 ∙ 𝐷𝑚
𝑅𝑒𝑚 = 𝑅𝑒𝑝 → = 257609
𝜇𝑚

997 ∙ 𝑉𝑚 ∙ 0,025
= 257609 → 𝑉𝑚 = 9,229
8,93 × 10−4
A velocidade do escoamento no modelo vale 9,229 m/s.
c) A escala do modelo.
A escala do modelo dada de acordo com dos diâmetros do modelo (𝐷𝑚 =0,025 m) e do
protótipo (𝐷𝑝 =1 m). Dividindo o diâmetro do protótipo pelo diâmetro do modelo, teremos:
𝐷𝑝 1
= = 40
𝐷𝑚 0,025
Então a escala vale 1:40, ou seja, o modelo foi reduzido linearmente 40 vezes.
d) A rugosidade do modelo, em mm.
Neste caso, pode se utilizar o fator de escala ou parâmetro adimensional que relaciona a
rugosidade (𝑒) e o diâmetro (𝐷). Vamos optar por esta última abordagem.
𝑒𝑚 𝑒𝑝 𝑒𝑚 1,84
= → = → 𝑒𝑚 = 0,046
𝐷𝑚 𝐷𝑝 0,025 1
A rugosidade requerida no modelo vale 0,046 mm.

e) O comprimento da tubulação do modelo, em m.


Para o cálculo do comprimento da tubulação do modelo, pode-se usar o fator de escala ou
parâmetro adimensional que relaciona diâmetro (𝐷) com o comprimento (𝐿). Os resultados serão
iguais.
𝐿𝑚 𝐿𝑝 𝐿𝑚 500
= → = → 𝐿𝑚 = 12,5
𝐷𝑚 𝐷𝑝 0,025 1
O comprimento da tubulação do modelo vale 12,5 metros.

f) Com estes dados foi possível fazer um teste e verificou-se que a queda de pressão no modelo
foi de 509,7 kPa. Então determine a queda de pressão no protótipo.
Para cálculo da queda de pressão no protótipo, vamos utilizar o primeiro número
adimensional.
∆𝑝𝑝 ∆𝑝𝑚 ∆𝑝𝑝 505.500
2 = 2 → = → ∆𝑝𝑝 = 112,9
𝜌𝑝 ∙ 𝑉𝑝 𝜌𝑚 ∙ 𝑉𝑚 1,185 ∙ 42 997 ∙ 9,2292
A queda de pressão no protótipo será de 112,9 Pa.

25
Exemplo 8 – Escoamento ao redor de uma aeronave em alta velocidade
envolvendo o número de Mach (efeito de compressibilidade)
Em um túnel de vento com temperatura de 25 oC, a elevação da pressão da corrente livre para
o nariz da seção da fuselagem de uma aeronave vale 55 kPa, com uma velocidade do ar no túnel de
vento de 1260 km/h. O teste deve simular um voo a uma altitude de 11 km. O modelo é 10 vezes
menor do que o protótipo.
a) Determine a velocidade do som no túnel de vento, em km/h.
b) Calcule o número de Mach no túnel de vento.
c) Determine a velocidade do som a uma altitude de 11 km.
d) Qual deve ser a velocidade do protótipo?
e) Calcule a densidade do ar no túnel de vento, em kg/m3.
f) Qual deve ser a pressão no túnel de vento, em kPa?
g) Determine a elevação da pressão esperada no nariz da fuselagem do protótipo.
Observação: a elevação da pressão no nariz da seção da fuselagem de uma aeronave
corresponde à diferença de pressão entre a corrente livre e a frente do avião.
O ar deve ser modelado como um gás ideal, sendo que a razão entre os calores específicos =
1,4 e o R(ar) = 287 J/(kg∙K).
Propriedades do ar a 11 km de altitude
Temperatura = 216,8 K (-56,2 oC)
Pressão = 22,70 kPa
Densidade = 0,3648 kg/m3
Viscosidade dinâmica = 1,416×10-5 Pa∙s
Propriedades do ar no túnel de vento
Temperatura = 25 oC
Viscosidade dinâmica = 1,84×10-5 Pa∙s
A velocidade do som é dada pela seguinte fórmula:
𝑐 = √𝑘𝑅𝑇
Onde:
𝑐 = velocidade do som, em m/s;
𝑅 = constante do ar, que vale 287 J/(kg∙K)
𝑇 = temperatura, em K.

Solução
a) Determine a velocidade do som no túnel de vento, em km/h.
A velocidade do som é dada por:
𝑐𝑚 = √𝑘𝑅𝑇𝑚 = √1,4 ∙ 287 ∙ 298 = 346,0

26
A velocidade do som do ar no túnel de vento vale 346,0 m/s (1246 km/h).
b) Calcule o número de Mach no túnel de vento.
O número de Mach é dado por:
𝑉𝑚 1260
𝑀𝑎 = = = 1,011
𝑐𝑚 1246
O número de Mach vale 1,011.
c) Determine a velocidade do som a uma altitude de 11 km.
A velocidade do som é dada por:

𝑐𝑚 = √𝑘𝑅𝑇𝑝 = √1,4 ∙ 287 ∙ 216,8 = 295,1

A velocidade do som do a uma altitude de 11 km vale 295,1 m/s (1062 km/h).


d) Qual deve ser a velocidade do protótipo?
A velocidade do protótipo deve respeitar o número de Mach, então:
𝑉𝑝 𝑉𝑝
𝑀𝑎𝑝 = 𝑀𝑎𝑚 → = 1,011 → = 1,011 → 𝑉𝑝 = 1074
𝑐𝑝 1062
A velocidade do protótipo vale 1074 km/h (298,3 m/s).
e) Calcule a densidade do ar no túnel de vento, em kg/m3.
Para o cálculo na densidade do ar no túnel de vento, vamos utilizar o número de Reynolds para
que haja semelhança dinâmica e o tipo de escoamento seja o mesmo.
𝜌𝑚 𝑉𝑚 𝐿𝑚 𝜌𝑝 𝑉𝑝 𝐿𝑝
𝑅𝑒𝑚 = 𝑅𝑒𝑝 → =
𝜇𝑚 𝜇𝑝
Substituindo os valores, teremos:
𝜌𝑚 ∙ 1260 ∙ 1 0,3648 ∙ 1062 ∙ 10
= → 𝜌𝑚 = 3,995
1,84 × 10−5 1,416 × 10−5
A densidade do ar no túnel de vento deve ser igual a 3,995 kg/m3.
f) Qual deve ser a pressão no túnel de vento, em kPa?
A pressão no túnel de vento pode ser calculada pela equação dos gases ideais.
𝜌𝑅̅ 𝑇 3,995 ∙ 8,314 ∙ 298
𝑝= = = 341,7
𝑀 28,97
A pressão no túnel de vento deve ser de 341,7 kPa.
g) Determine a elevação da pressão esperada no nariz da fuselagem do protótipo.
Para o cálculo da elevação da pressão no nariz da fuselagem, vamos utilizar o número de Euler.
∆𝑝𝑝 ∆𝑝𝑚 ∆𝑝𝑝 ∆𝑝𝑚
𝐸𝑢𝑝 = 𝐸𝑢𝑚 → 2 = 2 → 2 =
𝜌𝑝 𝑉𝑝 𝜌𝑚 𝑉𝑚 𝜌𝑝 𝑉𝑝 𝜌𝑚 𝑉𝑚2
Substituindo os valores, teremos:
∆𝑝𝑝 55
2
= → ∆𝑝𝑝 = 3649
0,3648 ∙ 1074 3,995 ∙ 12602

27
A elevação de pressão na fuselagem do protótipo será de 3,649 kPa.

Exemplo 9 – Escoamento em uma superfície livre envolvendo o número de


Froude
Um barco tem uma velocidade de 44 km/h em um rio com uma temperatura de 25 oC. Testes
serão feitos em um modelo em escala 1:16. Utilizando água a 25 oC.
a) Qual deve ser a velocidade do modelo para reproduzir as condições do protótipo?
b) Se testes realizados com o modelo produziram uma força de arrasto de 28 N, qual é a
estimativa da força de arrasto no protótipo?

Solução
a) Qual deve ser a velocidade do modelo para reproduzir as condições do protótipo?
Para o caso do barco, temos uma superfície livre, em que usaremos o número de Froude
para que haja semelhança dinâmica.
𝑉𝑚 𝑉𝑝
𝐹𝑟𝑚 = 𝐹𝑟𝑝 → =
√𝑔𝑚 𝐿𝑚 √𝑔𝑝 𝐿𝑝
Neste caso, temos que: 𝑔𝑚 = 𝑔𝑝 , então a equação anterior fica:

𝐿𝑚 1
𝑉𝑚 = 𝑉𝑝 ∙ √ = 44 ∙ √ = 11
𝐿𝑝 16

A velocidade do modelo para que haja semelhança dinâmica é de 18 km/h.


b) Se testes realizados com o modelo produziram uma força de arrasto de 28 N, qual é a
estimativa da força de arrasto no protótipo?
Sabemos que as propriedades do fluido do protótipo e de modelo são iguais e para o cálculo
da força de arrasto, temos:
𝐹𝑝 𝐹𝑚
=
𝜌𝑝 𝑉𝑝2 𝐿2𝑝 𝜌𝑚 𝑉𝑚2 𝐿2𝑚
Neste caso, temos que: 𝜌𝑝 = 𝜌𝑚 , então:
𝑉𝑝 2 𝐿𝑝 2 44 2 16 2
𝐹𝑝 = 𝐹𝑚 ∙ ( ) ∙ ( ) = 28 ∙ ( ) ∙ ( ) = 114688
𝑉𝑚 𝐿𝑚 11 1
A força de arrasto no protótipo vale 114,7 kN.

28
Anexo A – Propriedades dos Fluidos

Propriedades da água à pressão atmosférica

𝑻 𝝆 𝝁 𝝂 𝝈 𝒑𝒗 𝑬𝒗
(oC) (kg/m3) (Ns/m2) (m2/s) (N/m) (kPa) (GPa)
0 1000 1,76×10-3 1,76×10-6 0,0757 0,661 2,016
5 1000 1,51 1,51 0,0749 0,872 2,069
10 1000 1,30 1,30 0,0742 1,23 2,117
15 999 1,14 1,14 0,0735 1,71 2,159
20 998 1,01×10-3 1,01×10-6 0,0727 2,34 2,195
25 997 8,93×10-4 8,96×10-7 0,0720 3,17 2,226
30 996 8,00 8,03 0,0712 4,25 2,251
35 994 7,21 7,25 0,0704 5,63 2,270
40 992 6,53 6,58 0,0696 7,38 2,284
45 990 5,95 6,01 0,0688 9,59 2,291
50 988 5,46 5,53 0,0679 12,4 2,294
55 986 5,02 5,09 0,0671 15,8 2,290
60 983 4,64 4,72 0,0662 19,9 2,281
65 980 4,31 4,40 0,0654 25,0 2,266
70 978 4,01 4,10 0,0645 31,2 2,245
75 975 3,75 3,85 0,0636 38,6 2,219
80 972 3,52 3,62 0,0627 47,4 2,186
85 969 3,31 3,42 0,0618 57,8 2,149
90 965 3,12 3,23 0,0608 70,1 2,105
95 962 2,95 3,07 0,0599 84,6 2,056
100 958 2,79×10-4 2,91×10-7 0,0589 101 2,001

𝑇 = temperatura
𝜌 = densidade
𝜇 = viscosidade dinâmica
𝜈 = viscosidade cinemática
𝜎 = tensão superficial
𝑝𝑣 = pressão de vapor (pressão de saturação)
𝐸𝑣 = módulo de compressibilidade

29
Propriedades do ar à pressão atmosférica

𝑻 𝝆 𝝁×105 𝝂×105
o
( C) (kg/m3) (Ns/m2) (m2/s)
0 1,293 1,72 1,33
5 1,270 1,74 1,37
10 1,248 1,76 1,41
15 1,226 1,79 1,46
20 1,205 1,81 1,50
25 1,185 1,84 1,55
30 1,165 1,86 1,60
35 1,146 1,88 1,64
40 1,128 1,91 1,69
45 1,110 1,93 1,74
50 1,093 1,95 1,78
55 1,076 1,98 1,84
60 1,060 2,00 1,89
65 1,045 2,02 1,93
70 1,029 2,04 1,98
75 1,015 2,06 2,03
80 1,000 2,09 2,09
85 0,986 2,11 2,14
90 0,973 2,13 2,19
95 0,959 2,15 2,24
100 0,947 2,17 2,29

30
Propriedades do ar em função da altitude

Altitude 𝑻 Pressão Densidade Altitude 𝑻 Pressão Densidade


(m) (K) (kPa) (kg/m3) (m) (K) (kPa) (kg/m3)
-500 291,4 107,5 1,286 13000 216,7 16,58 0,2666
0 288,2 101,3 1,225 14000 216,7 14,18 0,2279
500 284,9 95,46 1,168 15000 216,7 12,11 0,1947
1000 281,7 89,88 1,112 16000 216,7 10,36 0,1665
1500 278,4 84,56 1,058 17000 216,7 8,850 0,1423
2000 275,2 79,50 1,007 18000 216,7 7,565 0,1216
2500 271,9 74,70 0,9573 19000 216,7 6,468 0,1040
3000 268,7 70,12 0,9093 20000 216,7 5,529 0,08891
3500 265,4 65,78 0,8636 22000 218,6 4,048 0,06452
4000 262,2 61,66 0,8194 24000 220,6 2,972 0,04694
4500 258,9 57,76 0,7773 26000 222,5 2,189 0,03428
5000 255,7 54,05 0,7365 28000 224,5 1,616 0,02508
6000 249,2 47,22 0,6602 30000 226,5 1,197 0,01841
7000 242,7 41,11 0,5902 40000 250,4 0,2872 0,003996
8000 236,2 35,66 0,5260 50000 270,7 0,0798 0,001027
9000 229,7 30,80 0,4673 60000 255,8 0,02246 3,060×10-4
10000 223,3 26,50 0,4135 70000 219,7 0,005520 8,755×10-5
11000 216,8 22,70 0,3648 80000 180,7 0,001037 1,999×10-5
12000 216,7 19,40 0,3120 90000 180,7 1,643×10-4 3,169×10-6

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Anexo B – Coeficiente de Arrasto de uma Esfera Lisa
O coeficiente de arrasto de uma esfera em função do número de Reynolds é dado, conforme
a figura a seguir.

Fazendo um ajuste polinomial do segundo grau do logaritmo das variáveis envolvidas,


chegamos ao seguinte resultado.
𝑙𝑛(𝐶𝐷 ) = 0,051924 ∙ [𝑙𝑛(𝑅𝑒)]2 − 0,94123 ∙ 𝑙𝑛(𝑅𝑒) + 3,2273
Válida para 0,1 ≤ 𝑅𝑒 < 105.
Para o ajuste da curva, o coeficiente de determinação foi de 99,90% e o coeficiente de
correlação foi 0,9995.
Para número de Reynolds maiores, temos os seguintes valores tabelados, que podem ser
obtidos diretamente ou interpolados.

𝑅𝑒 𝐶𝐷 𝑅𝑒 𝐶𝐷 𝑅𝑒 𝐶𝐷
105 0,4675 2,8×105 0,2000 6,0×105 0,08801
5 5 5
2,0×10 0,4392 3,2×10 0,1124 8,0×10 0,1138
2,5×105 0,3225 4,0×105 0,07746 106 0,1414

32

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