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DA

CULTURA DO ARROZ.
6° MANUAL AGRÍCOLA

MANDADO PUBLICAR

PELA

SOCIEDADE AMíLíADORA DA íNDÜSTRiA NACíONAL

PELO

Dr. Frederico Leopoldo César Burlamaqui


SECRETARIO PERPETUO HONORÁRIO DA MESMA SOCIEDADE.

O arroz nutre as duas terças partes


da espécie humana.
(?)

Riü BE JANEI-RÜ.
TypocRAPHiA do Imperial Instituto Artístico
Largo de S. Francisco de Paula n. 16.

1864. I
«TO/AL
DA

CULTURA DO ARROZ.

Historia do arroz.—Suas espécies e variedades.—Do


terreno e da situação que convém ao arroz. — Prepa-
ração do terreno. — Cultura e colheita. — Cuidados
— Composição do arroz e seus
que exige o arrosal.
usos, — Insalubridade dos arrosaes e dos meios de os
sanificar. — Estatística.

historia. —espécies e variedades de arroz.

O arroz (Oriza), da familia dosgramineas, daHexan-


dria dygina de Linneu, constitue um único gênero e só-
mente quatro espécies, subdivididas em um grande nu-
mero de variedades.
Destas quatro espécies, somente uma é que se cultiva
para alimentação do homem, mas que comprebende
muitas variedades. Desvaux (1) classifica o arroz, cul-
tivado em differentes regiões do globo, em 6 variedades

(1) Jornal de Botânica, vol. TTT, pag. 76.


manual da cultura

botânicas, que podem ser consideradas como outras


tantas raças, nas quaes se incluem naturalmente todas
as subvariedades distinctas na cultura, e cujo numero é
tal, que Lechenault de Latourt (2) menciona 30 culti-
vadas nas vizinhanças de Pondichery. e Heyne cita 21
cultivadas em Mysore.
As variedades por structura externa podem divi-
dir-se em duas classes: arroz barbado (Oriza sativa),
e arroz sem barba (Oriza mutica).
Entre as variedades barbadas, Desvaux menciona
como as mais notáveis a Oriza sativa pubescens, culti-
vada na Itália ; a Oriza sativa rubribarbis, culti-
vada na America Septentrional; a Oriza S. mar-
cul-
ginata, cultivada na índia : e a O. S. elongata,
tivada no Brasil. Entrs as não barbadas, distingue-se
a Oriza mutica denudata, cultivada na Itália ; e a
Oriza mutica sorghoidea, cultivada na índia.
Quanto as cores, em ambas as classes se encontrão
arroz branco, amarello. côr de rosa, vermelho, tri-
gueiro, etc.
O celebre Poivre introduzio na Ilha de França a cul-
tura de uma variedade de arroz da Cochinchina culti-
vavel nos terrenos seccos, e ao qual se deu o nome de
arroz perenne, ou de arroz de montanha. Mas esta _ es-
pecie que requer, como as outras, um terreno humido,
não exige todavia a submersão como as espécies geral-
mente cultivadas ; basta que na localidade as chuvas
sejão regulares, ou que se possa irrigar artificialmente
os arrosaes, não exigindo a sua cultura senão terrenos
análogos aos dos outros cereaes.
Esta espécie divide-se em duas variedades, uma longa,
outra redonda. A primeira tem uma pellicula vermelha
que communicà uma parte de sua côr ao grão, sem to-
davia communicar-lhe nenhum máo gosto. A segunda
produz sobre as montanhas e collinas, mas somente nos
paizes onde as chuvas sâo regulares e abundantes. Falia-
remos outra vez nesta variedade.

(2) Cultura do arroz na índia. Memoria.s do Museum, vol. VI.


DO ARROZ. 5

As variedades as mais estimadas da índia são as de-


nominadas benapeli e gundoli. O arroz imperial, culti-
vado na China, parece ser o mais temporão de todos,
a terça parte do
porque exige para amadurecer menos arroz. No Japão
tempo do que as outras variedades de
existe uma variedade de grão mui pequeno e mui
branco, que dizem ser a melhor espécie conhecida. #
O trigo excellencia, o trigo sarraceno, o centeio,
por
a avêa, o milho, a mandioca, o arroz, e pode-se accres-
centar — as batatas, são as principaes plantas alimen-
tares, o pão do gênero humano.
O arroz sustenta talvez mais das duas terças par-
tes das raças humanas disseminadas em todos os pon-
tos do globo, e existem povos que quasi exclusiva-
mente se nutrem com arroz, ou pelo menos que com
elle formão a base principal da alimentação, taes como
os chins, a maior parte dos habitantes da índia, do Ja-
pão, etc.
Durante muito tempo considerou-se o arroz como
uma nlanta originaria da índia ou da China ; mas sa-
be-se" agora que em diversos pontos da America e da
África existem variedades de arroz indígena no estado
selvagem, susceptível de melhorar muito pela cultura.
Pouco a pouco a cultura deste cereal se propagou nao
somente nas regiões tropicaes, como também em muitos
na Itália, em França,
paizes temperados, na Hespanha,
e ultimamente em Portugal e mesmo em algumas partes
da Allemanha, e póde-se dizer que ella prospera nas re-
do mundo.
&o-iões Sul das quatro partes
Sabe-se que a cultura do arroz na America Septem-
trional, que apenas começou no fim do 17° século, to-
mou umimmenso desenvolvimento. Os Estados data-
rolina do Sul e do Norte, da União Americana, cultivão
considerada como de
particularmente uma variedade outras, excepto a do
qualidade superior a todas as
Japão, que acima mencionamos.

DO TERRENO E SITUAÇÃO QUE CCNVEM AO ARROZ.

O arroz é uma planta pouco voraz, consome pouco, e


manual da cultura

prospera por pouco que o terreno seja soffrivel. Encon-


trão-se excellentes arrosaes em terras de qualidades as
mais diversas: em terrenos de seixos quasi estéreis,
em areaes, em terras argilosas de difíerentes tenacida-
des, calcareas, etc. A experiência dos chinezes prova
que essa planta prospera até nos terrenos saliferos, ex-
periencia que á pouco tempo foi confirmada em França.
Todavia ella escolhe de preferencia as terras leves, mas
com a condição de que as camadas inferiores não dei-
xem escapar os principios de vegetação que as águas
dissolvem.
Em uma palavra, a natureza da terra é indifferente,
o essencial é a quantidade e a qualidade da água, ao
menos para as variedades sativas ou barbadas de arroz.
Para estas variedades, a água é tanto melhor quanto
mais estiver sobrecarregada de principios orgânicos e
com maior calor. Calcula-se, termo médio, ser necessa-
ria uma corrente d'água de um metro cúbico por mi-
rfuto para a irrigação de 1,300 geiras de arrosaes.
O terreno destinado para um arrosal pôde ser secco,
ou naturalmente pantanoso, quer por defeito de esgoto,
quer pela existência de fontes permanentes. No pri-
meiro caso póde-se ter um arrosal alternado com outras
culturas, ou arrosaes de rotação ; no segundo caso, pôde
formar-se um arrosal permanente.
O terreno pantanoso não pôde tornar-se bom arrosal
senão quando houver meio de produzir-se um certo mo-
vimento, que faça esgotar as águas de irrigação. Obtida
essa condição indispensável, convém dar-lhe sufficiente
solidez pítra que nelle possão trabalhar os animaes, os
homens e os instrumentos, o que se alcança dividindo o
terreno por meio de vallas. Se isto não fôr possível, é
forçoso lavral-o com a pá.
Os melhores terrenos para a cultura do arroz sativo
ou huraido, são : em Io lugar, os terrenos alagados das
margens dos rios perto de suas embocaduras com o mai,
sobretudo nos logares onde a maré represa as águas dos
rios e produz innundações ; 2o, as margens dos rios
inundados durante as enchentes : 3o, os terrenos enchar-
cados. Nos outros terrenos não naturalmente humidos,
DO ARROZ. /

é necessário arranjar as cousas de modo a ter sempre a


água necessária para inundar os arrosaes ; para isso pre-
ferem-se as planícies junto ás montanhas, e procura-se
por meio de diques e parapeitos reunir as águas que
vem de suas vertentes. Estes diques tem comportas ou
adufas de distancia em distancia, afim de soltar a água
quando se quer inundar o arrosal.
A melhor água para regar é a dos próprios arrosaes,
depois segue-se a dos rios e torrentes, as peiores são as
dos alagadiços e pântanos. Se não houver outra senão
dos poços e fontes, convém fazel-as passar por um canal
onde se lancem estrumes, taes como os estéreos de ca-
vallo, de carneiro ou de cabra, o lodo dos rios e dos
canos, etc. (1)
Os arrosaes devem estar bem expostos aos raios do
sol, porque sem isto as plantas são fracas e dão pouco
grão, e esse mesmo é tão duro que dificilmente se co-
sinha.
Quanto ao arroz secco, elle pode vegetai* nas plani-
cies, nas inclinações das montanhas e mesmo em gran-
des elevações nos paizes onde as chuvas são regulares.
Mas convém colhêl-o apenas maduro, porque senão per-
de-se muito, sobretudo quando sopra grandes ventos.

PREPARAÇÃO DO TERRENO.


Quer para os arrosaes permanentes, quer para os arro
saes alternos, o primeiro cuidado a tomar é formar uma
ou muitas superficies planas para que a água de irriga-
ção não deixe nenhum logar secco, nem fique estagnada
em outros. No primeiro caso, elle não germina; no se-
gundo, elanguece e fica sujeito á ferrugem. Começar-
se-ha portanto por nivelar o terreno; se esse terreno
fôr julgado muito vasto, póde-se dividil-o em muitas
porções, porém cada uma dellas bem plana. Estas por-
ções são espécies de canteiros cercados de pequenos mu-

(1) Veja a — Voyage autour du Monde sur Ia corvete ia Bo-


nite — P. A. de Ia Salle, Tomo III pag. 125.
- manual da cultura
dous palmos e com
ros de terra, altos de palmo e meio a é reter as águas
a espessumde tres palmos. O seu fim nao deixar es-
de iírieaeao, e bastantemente fortes para
capar a a«mà, e para que os trabalhadores possão passar.
Mas estes"diques devem ser construídos
de modo que de
a deve
um lado formem uma barreira longitudinal qual cor-
durar tanto como o arrosal, e outros transversaesd agua,
tando ammlarmente a direcção das correntesde acaba-
o-uardando-se uma tal symetria que. depois
mais ou me-
dos o arrosal fique dividido em polygonos deve ser
nos' regulares. A grandeza destes polygonos nível dos
de
principalmente regulada pela differença
Planos de cima para baixo, multiplicando-os quando o
trabalho
terreno for inclinado, sem o que, haveria muito
A extensão
em reduzil-os a um só plano horisontel.
considera-
destas subdivisões é também subordinada a
maior impressão tara
ção de que quanto maiores forem, se achao
as ventanias, sobretudo quando os pés ainda
radiculas.
fracos e apenas seguros na terra por tenras regulada
Finalmente esta extensão também deve ser
de que se pode
pela abundância ou escassez da agua numerosas
dispor • porém ellas devem ser o menos que
no
a agua
fôr possivel, pela difficuldade de conservar e
nível conveniente, pela grande despeza e trabalho, os
com
ainda pela perda de muito terreno oecupado devem
muros ou diques de terra. Emfim, estes diques
ser construídos de modo, que cada uma das repartições
as águas o nível neces-
possão ser regadas, conservando um
sario, sem que se extravase, e se conserve como em
tanque. Faz-se passar essa agua de um a outro ^ogar,
se abrem e íecnao
por meio de pequenas aberturas, que a
á vontade. Depois de regar os espaços plantados
ao-ua deve entrar toda em uma valia que tem sahida
afim de renoval-a todas as
para o exterior do arrosal,
vezes que se quizer, cu para seccar o terreno.
Mas, antes de construir esses diques, convém lavrar
bem o terreno : quanto mais movei elle estiver, tanto
melhor vegetará o arroz. Na oceasião de cavar o terreno
convém estrumal-o com o estéreo ordinário e com as
do arroz.
palhas que resultarão do descascamento
DO ARROZ. y

Todavia, como o arroz teme as terras muito ricas ou


muito estrumadas, não é necessário estrumal-o senão de
tres em tres annos, salvo se a magreza da terra e das
águas indicarem a necessidade de o fazer com mais ire-
de estéreo é de 152
quencia. Na Lombardia a dose
quintaes por geira.
Se os arrosaes são permanentes, quando se quer lazer
uma nova sementeira é necessário preparar de novo o
terreno. Para isso se arrasão os diques ou muros trans-
versaes, lavra-se e estruma-se de novo ; levantão-se
outra vez muros transversaes, enchem-se os canteiros
ou tanques d'água, e no fim de dous ou tres dias, se faz
esgotar o excesso d'água, e semea-se então.
CULTURA E COLHEITA DO ARROZ.

Os methodos de cultura do arroz varião de um a outro


ao menos quanto
paiz senão quanto á sua marcha geral,
a seus detalhes. Mas como esses detalhes dependem ge-
ralmente da natureza do terreno e do clima, é interes-
sante conhecêl-os, pois que o cultivador de arroz pode
aproveitar as praticas dos paizes em circumstancias ana-
logas quando julgar que ellas são preferíveis ás que em-
esses diversos me-
prega Não é portanto inútil referir
thodos ainda que dahi resultem algumas repetições.
Na China, onde a cultura desta graminea se faz em
a ser semeado é
grandiosa escala, o arroz destinado deixão durante
o
posto em saccos dentro d;agua onde tem
alguns dias ; esta operação preliminar por resultado
apressar a germinação. A terra, depois da sementeira,
é super abundantemente regada a ponto de ficar quasi
é la-
reduzida á consistência de lama ; depois disto ella
vrada por meio de uma charrua ligeira arrastada por
um bufalo. Passa-se depois uma grade grosseira, cujo
fim é partir os torrões de terra e unir a superfície. Ii-
rão-se cuidadosamente as pedras e arrancão-se as ervas
inúteis; introduz-se de novo água no campo, e passa-se
de novo uma grade com muitas ordens de dentes de ferro
da terra. A sementeira se faz
para completara preparação
unicamente com os grãos de arroz que começarão a ger-
10 MANUAL DA CULTURA

minar na agua, e somente em uma porção do campo.


São suficientes 24 horas para que as plantas comecem
a mostrar o vértice de sua primeira folha fóra da terra,
e logo que isto acontece rega-se com agua de cal, afim
de destruir ou de afugentar os insectos. Os chins dão
uma grande importância a esta operação, a qual nao
somente faz desapparecer os insectos, como tambem
destróe as ervas inúteis e preserva as plantas da fer-
rugem. Se as plantas estão muito juntas, elles arrancão
os pés superabundantes com muito cuidado, e o replan-
tão nas partes do campo que para isso se deixarão de
propósito sem sementes. Logo que esta operação está
terminada, introduzem agua nos diques, tendo o cui-
dado de elevar gradualmente o seu nivel á medida que
as plantas vão crescendo, sem que entretanto fiquem
submergidas. Para obter este resultado, dispõem oterre-
no em canteiros divididos por muros de terra, o que torna
o campo ou cada porção delle em seu verdadeiro tanque.
Concebe-se facilmente que a cultura por este modo não
pôde ter logar senão ao longo ou nas vizinhanças das
correntes e dos canaes. Quando o nivel das águas é in-
ferior ao dos canaes e correntes, basta abrir as compor-
tas ou adufas para inundar os arrosaes ; no caso contra-
rio os chins empregão machinas hydraulicas grosseiras
ou simples baldes. Emquanto não se faz a colheita,
arrancão cuidadosamente as ervas, operação mui pe-
nosa, pois que o trabalhador é obrigado a estar enter-
rado até o joelho em agua e lodo. A colheita do arroz se
faz na China cortando as espigas com a fouce do sega-
dor, fôrma feixes que transporta para baixo de paiho-
ças, e alli as bate com o mangoal afim de separar os
grãos. Para descascar o arroz os chins empregão o bo-
cardo ou machinas de pilões inteiramente semelhante ao
que se emprega para descascar o café.
A parte mais importante e a mais difficil da cultura
do arroz é a das irrigações, e para isso na índia e na
China se construem grandes canaes que recebem toda a
agua aproveitável, a qual corre para outros canaes que
a levão directamente para os arrosaes.
Em algumas partes da Itália, assim como na China
DO ARROZ. 11

e no Egypto, esperão que os rios transbordem, ou juntão


agua em grandes tanques ou depósitos, que reservão
para quando fôr necessário. Na Itália arão e gradão a
terra, a embebem em pouca agua e semeião á mão, sem
nunca mais deixar sahir a agua até que o arroz esteja
em estado de ser colhido ; por conseguinte, todas as
operações se fazem como na China, tendo o trabalhador
as pernas mettidas n'agua até aos tornozellos. Os terra-
plenos ao pé dos declives das montanhas se abastecem
com a agua que vem das mesmas montanhas, ou dos
terrenos cujo nivel é mais alto do que o dos rios ou dos
canaes, e se regão por meio da Noria ou de outras
machinas.
Na Carolina do Sul, no meiado de Março, se divide a
terra em regos espaçados entre si, de 10 a 12 pollega-
das, no fundo dos quaes se semeião os grãos á mão,
porém de modo que não fiquem muito juntos. Innun-
da-se depois o terreno na altura de uma pollegada pou-
co mais ou menos, e conserva-se neste nivel durante
cinco dias, no fim dos quaes se faz correr esta agua até
que a terra fique descoberta, e assim se conserva, em
quanto as plantas não tem chegado a tres ou quatro
pollegadas de altura, o que de ordinário tem logar um
mez depois da sementeira. Então innunda-se de novo o
arrosal, e deixa-se a agua em repouso durante 15 dias,
afim de fazer morrer as ervas inúteis e favorecer a ve-
getação do arroz. Esgota-se de novo a agua, a terra fica
a descoberto durante dous mezes, e capina-se muitas
vezes; torna-se a introduzir a agua, que se deixa no cam-
po até o momento da colheita,que tem logar desde o fim
de Agosto até Outubro. Este modo de cultura, deixando
alternativamente a terra innundada e a descoberto, cau-
sa tal insalubridade, que os negros cultivadores são an-
nualmente disimados.
Na Hespanha e norte da Itália, a agua fica constan-
temente nos arrosaes, até o tempo da colheita. No reino
de Valencia, a mesma colheita se faz com os arrosaes
cheios, de sorte que os segadores têm agoa até os joelhos.
Ha poucos annos, começou-se a introduzir a cultura
do arroz no delta do Rhodano e nas terras salgadas e
12 MANUAL da cultura

uma considerável su-


pantanosas que se estendem em Uma dupla vanta-
perficie, ao longo do Mediterrâneo.tentativas
gem parece dever resultar destas ; principal-
mente a de tirar partido de terras até agora quasi in-
teiramente improduetivas ; e em segundo logar, a de
converter essas superfícies em terras susceptíveis de
cultura de outros cereaes.
Nas Antilhas, prepara-se o terreno depois das gran-
des chuvas de Junho a Setembro, estação que corres-
a
ponde no hemispherio sul á do quartel de Novembro 16
Março. Abrem-se valletas separadas entre si cie 14 a
a se-
pollegadas em cujo fundo se deposita com cuidado
mente, a qual depois se cobre com duas pollegadas de
terra. As tres quartas partes de um alqueire basta
operação,
para semear uma geira. Terminada esta
abrem-se as portas dos diques, e derrama-se água até
que cubra o terreno ; logo que se percebe a germi-
nação do arroz, fechão-se as portas dos diques, e não
se torna a regar senão no fim de 4 ou 8 dias.
Logo que a planta se levanta, supprime-se a rega
até que ella cresça á altura de algumas pollegadas, e
então limpa-se a terra das ervas inúteis, e revolve-se
os espaços intermediários, deixando os sulcos seccos du-
rante 2 ou 3 dias, para que essas ervas morrão pela
força do sol. Depois disto faz-se correr a agaa pela ter-
ceira vez, e deixa-se o terreno innundado durante uma
semana ou dez dias, porém de sorte que a altura da
agoa nunca exceda de 3 ou 4 pollegadas. No fim deste
tempo, torna-se a deixar sahir a água, e depois que a
terra se acha bem secca, cava-se de novo nos intervallos
das valletas, limpando bem as ervas. Limpo deste modo
o terreno, recebe água pela quarta vez, e se conserva por
3 ou 4 dias, no fim dos quaes se faz a colheita no mo-
mento em que se nota que os grãos mais baixos das es-
pigas começão a dourar-se.
O tempo decorrido desde a sementeira até a colheita
varia entre quatro mezes e meio a cinco, termo médio ;
algumas variedades exigem até oito mezes para amadu-
recer, entretanto que outras apenas exigem tres mezes,
I

DO ARROZ. 13

e ás vezes menos. Afíirma-se, porém, que esta ultima


variedade prematura produz arroz de qualidade inferior.
Em alguns logares planta-se o arroz em covas aber-
tas com a enxada, ou em buracos feitos com um páo
ponteagudo. Este ultimo modo de semear tem logar
quando a terra está muito cheia de raizes, que não con-
sente o trabalho com a enxada ; deita-se em cada bu-
raco tres, quatro ou cinco sementes que se cobrem dei-
tando sobre ellas a terra das bordas do buraco. Quando
no fim de muitos annos, as chuvas, os orvalhos e o calor
têm feito apodrecer as raizes, póde-se então lavrar a
terra á enxada e semear em buracos feitos com o páo
ponteagudo ou plantador.
A quantidade de sementes varia segundo as condições
em que se acha o arrosal. Já vimos qual era a quanti-
dade de sementes empregada nas Antilhas. Em vários
logares da Europa onde se cultiva o arroz, se a terra é
tenaz e o arrosal novo, emprega-se meio alqueire de se-
mente por geira ; se o arrosal é velho e foi recentemente
estrumado, emprega-se pouco mais de tres quartos de
alqueire. Esta quantidade é sempre necessária nos terre-
nos molles que se cultivão á mão.
Antes de semear, põe-se o arroz de molho durante 8
ou 10 horas mettido em saccos, tirão-se depois estes
saccos e deixa-se escorrer a água. Diante do semeador
marcha um cavallo arrastando um pesado pranchão que
aplana o terreno, e o arroz se espalha á mão. Não se co-
bre a pemente com terra, mas como a operação é feita
em um terreno muito humido, ella fica coberta com o
lodo que se deposita logo que a água cessa de ser agi-
tada.
Para dar calor á água e ao terreno, e favorecer a pri-
meira germinação, dous ou tres dias depois da sêmen-
teira, faz-se sahir toda a água do arrosal. Quando appa-
recém as primeiras folhas das plantas, introduz-se nova
água, porém nunca de modo que ellas fiquem submersas.
Entretanto se as novas plantas são atacadas por insectos,
põe-se o arrosal a secco para os fazer morrer; porém, em
geral, eleva-se gradualmente o nivel da água desde a
apparição das primeiras folhas e á medida que as plan-
14 manual da cultura

tas vão crescendo, até mais de metade de sua altura. Se


durante este tempo soprão grandes ventos, abaixa-se
subitamente o nivel d'agua, não se deixando senão uma
camada pouco espessa, para que a grande agitação
das águas não deite as plantas por terra.
As más ervas não tardão em apparecer á superfície
d'agua : a mais freqüente e nociva é o pé de gallo (pa-
nicum crus g alli), denominado pelos Italianos giovani,
porque cresce com o arroz e se assemelha tanto que
custa a distinguir. Então é necessário capinar-se com
muito cuidado e á mão. operação muito custosa e insa-
lubre, que quasi sempre é feita na Itália por mulheres.
Todavia um arrosal bem capinado fica livre de más
ervas durante muitos annos.
Na época da vegetação mais vigorosa, vê-se algumas
vezes que o arroz se torna débil e amarellado ; tira-se
então a água afim de restituir-lhe o vigor pela acção di-
recta e immediata do sol. Outras vezes elle superabunda
em folhas que tomão grande desenvolvimento e uma côr
verde escura. Os agricultores não estão cie accordo sobre
o tratamento que convém applicar a este excesso de ve-
getação herbacea cujo effeito é comprometter a forma-
ção do grão: uns dão um curso mais rápido á água para
que ella não tenha tempo de augmentar ; outros, pelo
contrario, fazem parar a circulação para que ella se es-
quente fortemente e enfraqueça as plantas. E' provável
que situações diversas recommendão um ou outro destes
meios.
Passado este momento, se se pôde dispor de uma cor-
rente continua, deve-se sustentar a inundação em toda
a sua altura por uma introducção regular. Em certos
logares da Itália, sobretudo na Lombardia e no Pie-
monte, onde não se recebe as águas dos canaes senão de
6, 8, ou de 10 em 10 dias, innunda-se o arrosal nessas
épocas, e fecha-se bem todas as sahidas para fazer parar
a água nos canteiros pelo maior tempo possível. A ex-
periencia ensina que o arroz se conserva e cresce bem,
ainda que banhado unicamente por irrigações periódicas
ainda que o arrosal fique a secco durante 5, 6 ou 8 dias
do arroz. 15

de intervallo de uma a outra innundação, sobretudo se o


terreno é argiloso e tenaz.
Se antes do arroz começar a formar os seus paniculos,
o arrosal começa a encher-se de ervas, sobretudo do pé
de gallo, é preciso capinar dc novo. Para isto se faz pas-
sar pelos sulcos muitos trabalhadores que, com os ins-
trumentos próprios, cortão ao nivel dos pés de arroz
essas más ervas, tendo o cuidado de não pisar o arroz,
que é frágil e nunca mais se restabelece.
Em alguns paizes costuma-se cortar as grandes folhas
na época em que o arroz se approxima da sua madureza,
com o fim de retardar a fructificação das plantas mais
adiantadas.
Quando os paniculos de arroz se inclinão e tomão
uma côr amarella avermelhada, reconhece-se que elle
chegou á sua perfeita madureza : então o grão se parte
facilmente com a unha sem deitar licor leitoso, e as has-
tes e folhas amarellão. Porém como todas as plantas
do mesmo canteiro não amadurecem simultaneamente,
deve-se escolher o momento em que a maior parte do
arroz do canteiro está bem maduro para fazer a colheita.
Os arrosaes de culturas alternas amadurecem mais
cedo do que aquelles que são perpétuos ; aquelles cujas
águas são mais quentes, do que aquelles que não tem
uma temperatura tão elevada.
O arroz se corta com a fouce do segador, como o tri-
go ; os trabalhadores fazem feixes de espigas, que são
expostos em terreiros aos pés de cavallos, para separar
o grão da palha ; também se servem do mangoal ou da
machina de bater, usada para o mesmo fim com o trigo.
Uma machina deste gênero, modificada por Morosi e
Colli, se acha muito vulgarisada ua Itália, onde presta
grandes serviços, poupando muitas fadigas aos traba-
lhadores. Os americanos usão de machinas mui vanta-
josas,tanto para separar como para descascar o arroz (1).
(1) Consulte-se o Manual de machinas, instrumentos e mo-
tores agrícolas. Os moinhos d'Evans, de Philadclphia são os mais
completos possíveis. Desde o lançamento do grão (trigo, milho,
arroz, etc.) no moinho até o seu ensacamento, tudo é feito sem
soecorro de forca humana.
IQ MANUAL DA CULTURA

Uma vez separado da palha e bem secco, o arroz pó-


ataque
de-se guardar por muitos annos, sem temer o
dos insectos e sem se alterar. Perde pelo descascamento
39 por cento, e rende, com casca, de 2 a 4 alqueires por
o-eira, conforme a situação e qualidade das terras. As
menores tem logar nos arrosaes regados pelas águas das
fontes ; as mais fortes são devidas ás irrigações das
e dos próprios arrosaes.
°0 dos rios, dos canaes
ao-uas
afolhamento dos arrosaes alternos varia muito ; por
exemplo depois de ter semeado tres annos consecutivos
o campo com arroz, desseca-se, estruma-se e semea-se
de milho, ao qual se segue o trigo e depois o centeio.
Se não é possivel estrumul-o, põe-se em alqueive, ou
então semea-se trigo, depois trevo, e volta-se ao arroz
depois da colheita dessa forragem, etc. Qualquer que
seja a combinação cultural, a do arroz dura tanto como
como a dos outros vegetaes em terreno secco.
Os arrosaes alternos dão mais produetos do que os ar-
rosaes perennes, porém tambem oceasionão maiores des-
dispor de cada
pezas, por quanto é sempre necessário
vez o terreno, destruir e tornar a levantar os diques em
cada rotação.
A colheita se faz, cortando o pé na distancia de 3 a
4 pollegadas acima do chão. Depois de cortado o arroz,
rebenta de novo e produz uma excellente forragem
para os animaes. Em alguns logares o deixão produzir
segunda vez, mas nesta segunda vez elle dá muita palha
e pouco grão ; entretanto em certas localidades póde-se
fazer tres colheitas suecessivas no mesmo terreno.
O arroz lança uma espiga em fôrma de cacho, de 3 a
4 pollegadas de comprimento, que contém de 30 até 50
caleu-
grãos ; e como cada semente lança muitos tubos,
Ia, termo médio, que o arroz rende cem por um. Cem
libras de espigas dão ordinariamente 75 libras de arroz
descascado ; porém o mais commum é obter-se de 40
a 50 libras.
Nas duas Carolinas, avalia-se o producto de uma
geira de terra em 500 libras de espigas, que dão 20 al-
queires de arroz em casca e 8 de arroz descascado.
Nos districtos do Friul (Austríaco) tem-se vulga-
DO ARROZ. 17

risado tanto a cultura de uma variedade de arroz sem


barba (Oriza mutica denudata), que alli se não encon-
trão mais arrosaes do arroz sativo commum.
O arroz mutica não está tão sujeito a moléstias como
o arroz sativo, e amadurece mais cedo. O primeiro chega
a amadurecer completamente naquelles climas no fim de
Agosto ou no principio de Setembro, entretanto qne o
arroz commum não amadurece senão em Outubro, sendo
semeado na primeira metade do mez de Maio.
A preciosa propriedade de amadurecer tão depressa o
livra de ser arrancado pela geada, pelas innundações e
borrascas, que muitas vezes apparecem no mez de Se-
tembro e destroem o arroz commum. Além disto, como
no mez de Agosto chove menos do que no de Setembro,
pôde debulhar-se o arroz com tempo enchuto, e dar-se a
palha aos animaes para comer, em logar de servir-lhes
de cama.
O arroz mutica excede muito ao sativo em fecundi-
dade, de maneira que, de dous campos semeados um
com arroz commum, e o outro com o arroz mutica, o pri-
meiro dará dez alqueires e o segundo quinze ; havendo
ainda uma notável differença de peso entre o alqueire de
um e de outro, em favor do arroz mutica. Um alqueire
deste ultimo pesa cerca de 12o libras, quando do com-
mum pesa cerca de 100. (1)
Uma tão notável differença no peso das duas espécies
provém de não serem os grãos igualmente conformados.
Os do arroz commum têm na parte de uma de suas ex-
tremidades um pellosinho que não se acha no mutica.
O arroz mutica tem uma côr mais escura do que o
commum, e por isso tem no mercado um preço inferior
a este ultimo ; mas é tão pequena a differença de valor
quando se confrontão todas as outras vantagens que
concorrem no primeiro, que essa mesma differença de
valor desapparecerá quando os consumidores se ccnven-
cerem que o arroz mutica não cede nada em sabor ao

(1) A Sociedade fez distribuir em 1857 sementes da Oriza mu-


ti.i.i cultivada no Friul.
18 manual ua CULTUP.A

arroz commivin, tendo de mais a vantagem de augmon-


tar de volume quando é cozinhado, epor isso mais eco-
nomico do qne o arroz commum.
O arroz mutica pôde cultivar-se na mesma qualidade
de terreno que o commum, e precisa de muito menor
quantidade d'agua.
Quando, depois de quatro a seis annos, o arrosal já
não produz, costumão deixal-o em repouso por tres ou
mais annos, podendo-se neste intervallo semear milho,
trigo, aveia e plantas forrageiras. Eis o systema de afo-
lhamento usado no Friul:
Io armo.—Colhido o arroz do ultimo anno no mez
de Novembro, revolvem-se os canteiros do arrosal, tra-
balha-se a terra com a charrua, e nos logares baixos se
abrem vallas para o esgoto das águas. No principio do
Maio, trabalha-se de novo com o arado, grada-se e piau-
ta-se milho.
2o anno.—Colhe-se o milho, arraneão-se os pés, la-
vra-se a terra com a charrua, grada-se e planta-se tri-
go ; colhido este, repete-se o mesmo trabalho, e se-
meão-se plantas forra geiras, que commumelite é o
trevo.
De ordinário semêa-se o trevo quando o trigo já está
crescido, e quando o grão deste cereal está maduro, co-
lhe-se, deixando somente o trevo.
3o e 4° annos.—Prados artificiais.
¦5* anno.—No inverno tornão-so a fazer os canteiros,
enche-se cie novo as vallas, e na primavera faz-se lavrar a
terra com a enxada, misturando-a com o próprio trevo ;
terminada esta operação, aperfeiçoão-se os canteiros, de
modo que possão sustentar a agua que se introduz no
arrosal, e nos primeiros 15 dias do Maio semêa-se o arroz
mutica.
Este methodo fertilisa o terreno de novo, e durante
3, 4 e mesmo 5 annos elle dá boas colheitas como da pri-
meira vez.
O arroz secco ou de montanha, pertence á variedade
mutica ; ao contrario do sativo e mesmo das outras va-
riedíides de sua espécie, vegeta mal nos terrenos baixos
e demasiadamente hum idos : affirnrt-so que elle só pro-
ix i ar noz. 19

duz bem e dá bello grão nas eminências arenosas e es-


tereis. A sua altura apenas excede de um palmo a pai-
mo e meio. íSemêa-se geralmente,em pequenos buraco!.,
separados 18 pollegadas uns dos outros, que se cobrem
logo á enxada ou com a pá. iías Àntilhas., o semeião
durante o mez de Maio, e dá soca e ressoca de ordina-
rio; para isto basta cortal-o raso corn a terra na oceasáião
da colheita. Alguns preferem semear o arroz á mão e ao
acaso, cobril-o com terra e depois recobrilro com as folhas
velhas e cascas do mesmo arroz, até á altura de 2 pollega-
das, porque assim se evita o crescimento cias más ervas
e se nutre ao mesmo tempo o grão, que se fertilisa com
os seus próprios resíduos. A sétima parte de um sacco é
sufficiente para semear uma geira de terra ; nas terras
altas elle produz 1,000 libras por geira.
O methodo usado na ilha de França e outras colo-
nias Européas para separar o arroz de sua palha, con-
siste em uma espécie de giráu formado por quatro es-
taças fincadas no chão e com 2 ou 3 pés de altura e
de duas varas amarradas á essas estacas. Por baixo
desse giráu se estende um panno ou uma esteira, e um
trabalhador bate successivamente as espigas sobre as
varas, o que faz catar os grãos sobre a esteira ou panno.
Por esta operação o arroz conserva a sua pellicula, e
dão-lhe o nome cie arroz em palha ; neste estado é
que elle é próprio para semear-se, contrariamente ao trigo
que não nasceria se lhe conservassem a palha. Antes
de o guardar, convém seccal-o bem ao sol, e pondo-o
depois em logar seeco, conserva-se bem ate 20 annos,
se todavia não é atacado por uma espécie de borboleta.
Neste caso, é indispensável descascal-o, o que se faz em
pilões ordinários, etc. Depois de pilado, é necessário pe-
neiral-o por meio de peneiras ordinárias ou de venti-
ladores, e obtém-se então, além dos gráos inteiros ou
partidos, uma espécie de farinha, que é propriamente
o germen do arroz. Diremos depois os usos desta
farinha.
. O arroz descascado pôde conservar-se muitos annos,
tomando-se todavia o cuidado de o peneirar ao menos
duas vezes por anno. sem o que elle tomaria um gosto
20 MANUAL DA CULTURA

desagradável, e seria atacado, principalmente nos climas


quentes, pelo pequeno insecto conhecido com o nome
de g-orgulho. (1)

cuidados que exige um arrosal.

Um arrosal exige contínuos cuidados. E' necessário


examinar os aterros, visitar o aqueducto e as comportas,
evitar que a agua não se escape por fendas ou não falte,
de modo que esteja sempre no nivel conveniente, e para
isto é indispensável introduzir todos os dias nova agua
afim de substituir aquella que a terra, o arroz e a evapo-
ração consomem. O arroz não está livre das moléstias e
acidentes que atacão os outros grãos. Apenas posto na
terra lodosa onde deve vegetar, elle está ameaçado de
destruição pelos animaes; se por ventura escapa dos
pássaros, dos ratos e dos insectos, outros acidentes e
moléstias o perseguem ; uma superabundancia de suecos
nutritivos provoca a ferrugem ; os ventos o derrubão ;
as chuvas acompanhadas de trovoadas durante a flores-
cencia diluem e arrebatão os polens fecundantes ; as
chuvas de pedra ou um grande sol, fendem os panicu-
los ; as plantas parasitas o enervão ; em uma palavra,
a espectativa do cultivador falha tantas vezes como na
cultura dos outros grãos.

1NSALUBRIDADE DA CULTURA DO ARROZ E DOS MEIOS


DE A REMEDIAR OU ATENUAR.

Não obstante todos estes inconvenientes, e de outros


ainda mais graves que resultão da grande insalubridade
da cultura deste cereal, tal é a sua riqueza, diz Gaspa-
rin, que uma vez introduzida em um Estado, todos os
esforços da autoridade para limitar essa cultura naufra-
gão contra a resistência do interesse privado. Tem sido
em vão que os soberanos do Piemonte têm publicado e
repetido por muitas vezes editos prohibindo ou restrin-

(1) Veja-se o Auxiliador de 1839, pag. 163.


1)0 ARROZ. 21

gindo a cultura do arroz ; hoje, não podendo vencer as


resistências, limitão-se a prohibir a cultura a certa dis-
tancia da capital, das cidades e das praças fortes. O
mesmo tem acontecido em outros paizes.
Se a seguinte exposição da insalubridade da cultura
do arroz, feita pelo acima citado agrônomo no seu curso
de agricultura, fosse rigorosamente verdadeira, todos os
governos deverião prohibir comas penas as mais severas
semelhante cultura, e destruir a ferro e fogo os arrosaes
por" toda a parte.
Os povos que se nutrem com arroz, diz elle, achão
um alimento salubre á custa da saúde daqueiles que o
cultivão ; e póde-se lastimar que a industria humana
tenha achado o meio de cultivar terras pestilenciaès,
muitas vezes mesmo de as crear, pois que não somente
se conseguio fixar nelles homens cuja vicia é uma longa
serie de enfermidades, como tambem attrahir. pelo en-
godo do ganho, outros homens que deixão, na época da
colheita, seus paizes saudáveis, para virem buscar os
germens de febres perigosas-e obstinadas ; finalmente, os
miasmas que escapão dessas terras vão ferir de morte os
paizes circumvizinhoír'.
" Não somente a
população se extingue nos paizes
onde se cultiva o arroz e nâo existe senão por meio de
uma renovação constante, porém as arvores perecem ao
loiige, e a creação de novos arrosaes estende o circulo
de seus estragos e destróe todas as outras culturas na
distancia de muitas léguas, pelas infiltrações dágua que
se formão no solo ; então é forçoso converter os terrenos
invadidos subterraneamente em arrosaes permanentes,
sob pena de os deixar sem producção, e é assim que a
praga se estende progressivamente por toda a superfície
do paiz.
" Basta ter
percorrido esses paizes (o agrônomo se
refere ao Piemonte), e nós temos tido oceasião de o co-
nhecer a fundo, pela longa residência que fizemos em
Novare e na Lumellina. para saber que os habitantes
dos campos vivem com uma febre continua, a qual, não
obstante ter perdido os seus mais perigosos caracteres
dura por toda a vida, febre acompanhada ou seguida de
•_>*2 MAMAI. OA i.'l'L'J.'L'líA

obstruceòes de ligado, de cachexia e de hydropesia ; que


seu rosto amarellado, sua falta de actividade, aununcia
o mal que os mina, e que todo o estrangeiro, por "Não pouco
demore, compromette a sua saude e vida.
que se
existe moças ile 16 annos nos paizes de arroz, dizia
Samte-Martin-Lamotte ; apenas chegadas á puberdade
alcanção a idade madura, e'" depois, por uma rápida pro-
gressão, chegâo á velhice. Em Outubro de 1801, con-
tavão-se 8,000 febricitantes no districto de Bielle sobre
urna população de 80,000 almas.
" Oonvindo no abuso de pur em cultura d; arroz
terras naturalmente sãs, reclama-se em favor d'aquellas
que são pantanosas e onde os arrosaes contribuirião para
sanear o terreno, procurando-se um escoamento regular
ás águas e conservando no verão urna camada d'água
corrente própria para prevenir maléficas exhalações.
Mas não se percebe que essa cultura chama a habitar
esses paizes uma população quo, sem ella, iria buscar
ao longe outras occupações, e que, demais, ella attrahe,
no momento o mais perigoso, que é o da colheita, um
grande numero de robustos montanhezes que vêm, " por
um miserável salário, perder a saude e a vida.
Ha sem duvida grande exageração nesta horrível des-
cripção. Se ella fosse exacta, o paiz examinado pelo
illustre agrônomo, se acharia despovoado, e entretanto
elle augmenta regularmente em população. O mesmo se
pode dizer dos outros paizes onde se cultiva oarroz,,isto
e, de grandes extensões de terreno em todas as partes do
mundo. A Carolina do Sul, a índia, a China, não deve-
rião ter mais habitantes, e entretanto a população mui-
tiplica-se em todo o mundo como as formigas.
As causas da insalubridade dos arrosaes são as mes-
mas que tornão pestilenciaes os pântanos, os charcos,
o, em geral as águas stagnadas. Os meios que hoje se
empregão para sanear estes últimos, são igualmente
applicaveis aos arrosaes.
1.° O perfuramento do terreno para dar sahida ás
águas infectas ;
2.° A Drainaje subterrânea ;
3.° A Drainaje exterior, ou vai Ias de esgoto;
DO ARROZ. 2M

4.° A maniajem, e ainda melhor a caldeajem das ter-


ras destinadas a serem convertidas em arrosaes.
O citado agrônomo parece desconhecer estes meios ;
mas, na época em que escreveu o seu excellente curso
de agricultura, (1) elle se congratulava e applaudia os
esforços que já se fazião para diminuir osmalles causa-
dos pelos arrosaes. Cí E' muito louvável, diz elle, pro-
curar melhorar a hygiene dos habitantes, e dar-lhe uma
melhor nutrição ; sobretudo parece que se obteve gran-
des vantagens dando-lhes uma bebida sã e fresca, abrindo
poços que " não permitteni a infiltração cias águas dos
arrosaes. Cita a este respeito a obra de Giovanetti,
intitulada :— Do regimen das águas, e termina deste
modo : " Não duvidamos que seja possível produzir ai-
gum bem por esses cuidados bem dirigidos, mas é pela
cifra relativa da poptdação e das enfermidades que se
deve decidir a questão da pretendida innocuidade dos
arrosaes. "
Esta questão cuja solução tem tão grande importan-
cia em beneficio cia humanidade, pode resolver-se de
uma maneira satisfactoria, sanificando os arrosaes pelos
meios acima apontados e pela execução dos preceitos
hygieuicos bem conhecidos. Não basta tornar os arro-
saes inoffensivos á saúde ; é necessário ainda que, além
da alimentação, do vestuário e da bebida, os trabalhado-
res não estejão, sobretudo na época da colheita, sujeitos
ás enfermidades que necessariamente devem resultar de
estarem durante muitas horas com os pés dentro d'agua
e a cabeça exposta a um sol ardente.
Não se deve esperar do genio inventor, animado pelo
amor da humanidade, uni invento que preserve o mi-
se.ro trabalhador deste ultimo inconveniente ?

C0?.ÍP0SIÇA0 DO ARROZ, SUAS PROPRIEDADES E USOS.

No momento da colheita, o arroz se compõe de 100

(1) Em 1S4R.
24 MANUAL DA CULTURA

além da parte
partes de grãos e 130 de palha, em peso,
que fica no chão.
O grão do arroz se compõe de 80 partes sera casca, e
20 de cascas.
Depois de perfeitamente secco, Payen achou no
grão, dividido em 100 partes:
Amido 8,0
Glúten e albumina 7,5
Matérias gordas ....... 6,8
Gomma e assucar 0,5
Parenchima linhosa 3,4
Phosphato de cal e chlorureto de po-
tassa 0,9

A dosajem do azoto deu 1,39 fjor 100, e o arroz nor-


mal contendo 13,4 d'agua, 1,20 por 100.
A dosajem da palha para o uso que delia se faz
no sustento dos animaes, é avaliada por Gasparin em
0,24 por 100 em azoto no estado normal.
O arroz exige uma quantidade de estrumes menor do
que qualquer outro cereal, e quando as águas de rega
não são cruas, ellas sós [iodem alimentar os arrosaes.
Comparando esta analyse com a do trigo por exem-
plo,conclue-se que o primeiro cereal é menos nutritivo
do que o segundo; e que além disto, pela pequena
quantidade de glúten quo contém não serve para fazer
pão. Para diminuir o preço do pão de trigo pretendeu-
se misturar a farinha de trigo com a do arroz; mas o
pão que resulta desta mistura, quaesquer que sejão as
proporções, é sempre compacto, sem sabor, indigesto,
e endurece promptamente (1). Porém são tantos os
modos de empregar o arroz como alimento, que se pôde
sem pezar perder a esperança de o fazer servir para
este uso.

(1) O põo de arroz rie Amai, com punha-se ile 12 liLr.is do.
Hiriiilifi «le trigo. 2 de pó de arroz o ü. ile nt>u...
DO ARROZ. 1l.)

Os usos culinários do arroz sãp tão conhecidos, que,


pelo menos, é ocios*o fazer uma resenha de seus varia-
dos empregos como alimento; basta dizer que o arroz
é um artigo de sustento universal a gosto de todos os
homens, e que em muitos paizes elle constitue a nu-
trição quasi exclusiva de numerosas populações.
Todo o mundo sabe que o pilau dos orientaes con-
siste em arroz pilado amollecido com água fervendo ou
por vapor, só ou temperado de diversos modos, e, final-
mente, misturado com outras substancias.
Já vimos que, depois de pilado e peneirado, o arroz
deixa uma espécie de farinha formada pelo gerrnen do
mesmo arroz. Com esta farinha se faz um caldo mui
delicado, de fácil digestão, excellente para as crianças
e os doentes, sendo sobretudo aconselhada para os in-
dividuos atacados de dysenterias

ou fluxos de sangue,
7

para quem tem máo estômago, e para os convalesceu-


tes. A farinha ou o seu grão, são empregados nas mes-
mas circumstancias, A sua decocção, vulgarmente co-
nhecida com o nome de água de arroz, é administrada
quer só, quer misturada com gomma, adoçada com xa-
ropes, como calmante, em tisana, em clysteres. etc. ;
finalmente, o arroz reduzido a farinha e depois a massa,
serve freqüentemente para cataplasmas, preferíveis em
muitos casos, ás de farinha de linhaça, porque secção
t. fermentão mais lentamente.
Na índia e na China o arroz serve para fabricar cer-
ias bebidas alcoólicas conhecidas com o nome d'arrack
e defacki, e diversas preparações alimentares desconfie-
cidas em outros paizes ; reduzindo a sua farinha a
massa, cozinhando-a com água até ficar em consistência
de gomma, logo que secca toma uma solidez sufficiente
para fabricar objectos d'arte e de utilidade. A sua palha
serve para fizer esses tecidos variados, taes como chapéos,
bolsas, etc, conhecidas com o nome de palha de Itália.
A sua casca, denominada pelos Piemontezes — bulla, so
dá aos cavallos depois de a ter ligeiramente molhado ;
c porém considerado como uni nlimento modiocre e in-
ferior ao fiivlb» de tri^ro.
20 MANUAL DA CULTURA

O papel de arroz é feito com as as.tes de Msçhyno-


mena paludosa, planta da familia das leguminosas, que
cresce nas planícies pantanosas da índia.

ESTATÍSTICA DO ARROZ.

Todas as provincias do império cultivão o arroz. Em


algumas elle chega para o consumo ; n'outras, para
snpprir a deficiência da cultura, recebem este cereal
daquelles que o colhem além de suas necessidades.
Pará e Maranhão são as duas províncias do império
onde se cultiva o arroz em maior escala, e por cujos
portos se exportão quantidades mais consideráveis para
paizes estrangeiros.
" Não obstante a grande concurrencia dos Estados-
Unidos, que encontramos em todos os mercados exte-
riores a respeito deste artigo, e a qualidade superior
do arroz da Carolina, nossa producção não tem escas
seado, e não só alimenta nosso mercado, e consumo in-
terno, com exclusão dos produetos similares estrangei-
ros, como que abastece algumas praças no exterior,
talvez que este ramo de cultura nos collocasse nos mer-
cados exteriores a par dos Estados-Unidos, se houvesse
mais cuidado em melhorar as sementes de que usamos.
A sua cultura é acommodada ao trabalho livre, e não
pôde deixar entre nós de progredir e prosperar, attent; i
"
a qualidade do nosso terreno (1).
A exportpção, nos 11 annos decorridos de 1839 a
1850, foi, termo médio, de 217,852 alqueires, no va-
lor cie 511:325^000. A maior exportação durante este
período teve logar em 1848, em que ella se elevou a
546, 795 arrobas.
A exportação por provincias, foi, tambem termo
médio e no mesmo período:

(1) Extraindo do Relatório tia romniissão pnrarregfida da


iwis.ii> da Tarifa.
IMi VIM;» ... 27

Ilio de Janeiro . . 37,558 alqueires.


._ Pernambuco . . . 2,171 „
Rio Grande do Sul. 479 „
Santa-Cátharina . . 6,219 „
Espirito-Santò . ""'". , 120 .,
Ceará. . . . . 1,029
Bahia. ..... 3,155 ,,
Maranhão .... 84/269
Pará 75.262
8. Paulo .... 7,840 [,
Parahyba .... n 2
Alagoas ..... ,,

Nada consta.do Rio-Grande do Norte e Sergipe.


A exportação de umas para outras provinciais, de
1844 a 1849, regulou termo médio, durante esse pe-
riodo de 4 annos, ern :

Rio de Jaueiro 3,1*24 alqueires.


Maranhão. (1). . .5,924
Pará 3,287 ii
Alagoas .... 1,282 i *i

Rio-Grande do Sul 2 15

S. Paulo. . . . 3,202 11
Pernambuco 1,482 11
Bahia 1,680 11
Ceará 64 11

Sergipe .... 592 .


Santa Catharina . 883 •n
Espirito-Santo. 426'

(1 ) Consta do Relatório da Presidência do Maranhão, uni 1856.


(|iie forão importados na capital da provinciaotiü,.70alqueires de
arroz no valor de 582:852,f0-U rs., no triennio de 1852 a 1855,
Na capital existião nessa época quatro grande» estabelecimentos
de descascar arroz, um cuja forca motriz é o vapor, dous de vento,
um de água e outro de animaes, produzindo 170,0'0 arrobas, das
quaes loO,000 forão exportadas e 4O,0lÜ consumidas na capital.
17 A (717 l/r 171! A lm AKHU/,
28 .MANUAL.

Ob paizes productores de arroz são os Estados-Um-


dos as Colônias Européas, os paizes do Oriente, o
Eo-vpto e outras partes da África. Na Europa, cultiva-se
o arroz na Hespanha, na Itália, e ultimamente começou
á introduzir-se em Erança e Portugal.
Os principaes paizes consumidores de arroz do brazil
são Portugal e os Estados do Kio da Prata. A taxa que
eqüivale a
paga o arroz do Brasil em Portugal impostos e quasialçava-
uma prohibição. Keunidos todos os
Ias que sofTre este gênero, .o arroz do Brasil paga
4$240 rs. por quintal ! Em Buenos-Ayres a taxa re-
ua de
jrula na razão de 10 por cento, e em Montevidéu
24 e meio, ad-valorem.
índice.

Historia., espécies e variedades de arroz, pa*:. . o


Do terreno e situação que convém ao atroz. . 5
Preparação do terreno 7
Cultura e colheita do arroz 9
Cuidados que exige um arrosal. . . . . • 20
1 nsalubridade da cultura do arroz e dos meios de a
remedeiar ou attenuar 20
Composição chimica do arroz, suas propriedades
e usos 23
Estatística do arroz -"
¦MU JU IrKUTIU
ou
TRATADO DA CULTURA
E

TRATAMENTO'DAS" ABELHAS.
7» MANUAL D'AGRICULTURA. — 1» D'ECONOMIA AGRÍCOLA.

MANDADO PUBLICAR

PELA

SGCiSBA&S AUXILIADORA M Í_ÍB_STRÍA NACIONAL


PELO

Dr. Frederico Leopoldo César Burlamaqui


SECRETARIO PERPETUO HONORÁRIO DA MESMA SOCIEDADE, ETC.

SuIcb communes natos, consortia tecta


Urbis habent, magnisque agitant sub
legibus cevum;
Et patriam solce et certos novere penates,
Georgicas,— Lib. IV.

RiQ M JANEIRO.
T ypographia do Imperial Instituto Artístico
Largo de S. Francisco de Paula n. 16.
1864.
MANUAL PE APICULTÜRA
OU

TEATADO DA CULTURA E TRATAMENTO


DAS ABELHAS.

Introdução.

Depois do bixo da seda, o insecto que merece mais


chamar a attenção dos cultivadores em geral, é cer-
tamente a abelha, qne antigamente representou um ,
grande papel na economia domestica, quando o as-
sucar era ainda raro, e quando a arte de preparar o
sebo e applical-o á illuminação era desconhecido (*).
Se a abelha não é mais indispensável pelo seu mel,
todavia esse mel ainda serve para condimento adoçante
ou para regalo, podendo-se empregal-o na fabricação
da agoardente, do vinagre, melhor ainda na do hydro-

(*) As velas de sebo forão nos primeiros tempos de sua


invenção, isto é no 13° secuio, pouco mais ou menos, um
objecto de luxo; até então a illuminação era feita com ar-
cbotes ou azeite.
MANUAL DB apicultura.

mel, a bebida favorita dos antigos, e que o é ainda


hoje dos povos do norte da Europa, onde não cresce
a vinha.
Quanto á cera, não obstante a variedade de matérias
de illuminação, sebo, espermacete, stearina, paraffina,
óleos vegetaes e mineraes, e gaz, o seu uzo é tão
extenso que o seu valor ainda não baixou conside-
ravelmente, e o seu depreciamento não terá_ logar
em quanto ella servir para a illuminação das igrejas
e para as pompas fúnebres.
O numero de espécies de abelhas é por assim dizer
infinito; cada paiz contem espécies peculiares, que
varião no mesmo continente, de continente a continente,
de ilha a ilha. Muitos naturalistas, sobre tudo Latreille,
nos tem dado excellentes trabalhos sobre estes insectos;
mas a monographia das diversas espécies de abelhas
está ainda mui longe de ser completa. Na Exposição
Nacional de 1861, forão vistas mais de 50 espécies
de abelhas, ou de ceras de diversas províncias, taes
como Minas, Ceará, Amazonas, etc. Algumas destas
abelhas produzem um mel delicioso, porém apenas
uma espécie que fabrica o seu cortiço nas umbaubas
ou embaybas, cecropias, arvores mui abundantes nas
ilhas e margens do Amazonas, e seus confluentes, pro-
duz cera branca, superior á da abelha domestica.
A abelha domestica, que produz a cera de uso com-
muni, nos veio da Europa. Alguns a suppõe oriunda
da Azia e outros da África; é certo porém, que essas
abelhas vivião e prosperavão nas vastas florestas da
Germania, das Galias e da Scandinavia, e ainda
vivem no estado selvagem nas florestas da Polônia e
da Rússia; não fallando na abelha Liguriana, que
occupa particularmente a Itália.
Muitos escriptores. se tem oecupado com a questão
da naturalisação das diversas espécies de abelhas.
Não entro nesta questão. O trabalho da naturalisa-
ção é mui difficil, sobre tudo, quando se trata da
domesticação de um animal selvagem; portanto a
cultura de um insecto já domesticado, é sempre pre-
ferivel, por isso mesmo que é doméstico.
MANUAL DE APICULTURA.

A principal objecção que apresentão contra _ a


abelha domestica é o seu ferrão; e julga-se de_ muita
conveniência substituil-a por outras espécies ínoíten-
sivas; deve porém reflectir-se que o homem tem meios
de preservar-se do mal que causa essa arma, mas que
se abelha a não tivesse ficaria impossibilitada de defen-
der-se contra seus numerosos inimigos.
A criação das abelhas é uma industria fácil e mui
rendosa; todos os lavradores podem delia tirar muito
se necessite do emprego
proveito, sem que para isso muitos braços. 0 capital
de grandes quantias, nem de
necessário para exercer esta industria, mesmo em
grande escala, consiste no que setratadas gasta nas colmêas,
e muitas dezenas destas podem ser por algumas
mulheres ou inválidos. Importa mesmo que as abe-
lhas sejão vigiadas e tratadas por indivíduos cujo sexo
ou idade os torne naturalmente pacíficos e pacientes.
A cultura das abelhas offerece duas faces interessan-
tissimas. Em primeiro logar ella pode estabelecer-se em
máos terrenos, e por seu meio obter-se lucros miportan-
tes Mais de um logar que a natureza parecia ter con-
demnado a uma esterilidade absoluta, se tem tornado
rico e populoso depois que a cultura das abelhas come-
çou a prosperar. _
Em secundo logar as abelhas não somente sao úteis
uma outra circums-
pelo seu mel e sua cera, mas por im-
tancia geralmente desconhecida, e que tem grande
ellas favorecem
portancia. Kemechendo sobre as flores, conseqüência a
a fecundação dos germens e firmão por vao,
colheita dos fructos. A natureza que nada fez em
encerrao
quiz que a abelha, dilacerando as cápsulasdesse que
o pó fecundante, facilitasse a dispersão po (poi-
o levasse para outras flores, tecun-
len) e mesmo que Esta
dando assim, directa e indirectamente os vegetaes.
funccão é de tal importância para a agricultura, que
ella só vale mil vezes mais, do que os produetos pro-
prios da abelha. condensar
,
tudo
Neste pequeno Manual procurei
interessar ao apicultor, e creio que, mesmo
quanto pode
exerceu esta industria, este tra-
para aquelle que nunca
manual de apicultura.

balho não será sem utilidade; mas antes de terminar


esta pequena introducção, em geral dirigirei aos nossos
lavradores a mesma admoestação que o marquez de
Neufchateau dirigio aos lavradores Francezes, no seu
Diccionario de Agricultura Pratica.
11 O apicultor
que não tira de sua posição todo o
produeto que pôde obter, faz prova de impericia ou de
negligencia, falta aos seus deveres para com a sua fami-
lia, da qual poderia facilmente augmentar a abastança,
e não possue esse sentimento de interesse nacional que
deve dirigir os esforços do homem, amigo de seu paiz,
para todos os melhoramentos" que o podem livrar de pa-
gar tributos ao estrangeiro.

Historia natural das abelhas.


Para o vulgo, a abelha é simplesmente uma mosca
que produz mel e cera ; para o naturalista, a abelha é
um insecto da ordem dos kyménopteros, isto é, daquelles
que voão por meio de quatro azas nuas, membranosas e
desiguaes.
Latreille incluio este insecto na tribu dos melliferos
ou apiarios, na segunda familia dos authophilos ou
amigos das flores; porque é nas corollas das flores, que
ornão os bosques, os jardins e os prados, que estes hy-
ménopteros vão buscar o pollen com que fabricão suas
habitações e o mel com que se sustentão a si e a seus
descendentes.
As abelhas formão uma sociedade bem policiada,
fundada todavia na desigualdade das condições, pois
que tres castas e talvez mesmo quatro, são anatômica-
mente caracterisadas*.
manual de apicultura. 7

§ 1.,—conhecimentos preliminares.—füncções de
cada enxame que compõem uma família.—cons-
trucção dos alveolos.—criação das larvas.

Enxame, colônia ou familia de abelhas.

Denomina-se enxame a uma familia reunida em uma


só colmêa, e trabalhando em commum.
Dá-se muitas vezes o nome do contendo ao conti-
nente, chamando colmêa a uma colônia ou familia de
abelhas.
Diversidade das abelhas que compõem um enxame.
Um enxame de abelhas se compõe de tres variedades
de insectos : Io, uma fêmea, a que se dá o nome de
rainha, de mãi ou de abelha-meslra ; 2o, de machos ou
zangões ; 3o, de obreiras ou fêmeas estéreis, que formão
o povo dos enxames, e ás quaes se dá especialmente o
nome de abelhas.
O numero das obreiras varia muito, e pôde ser de
15,000 a 20,000 em uma colmêa ordinária. Quatro mil
abelhas mal pesão uma libra.
Funcções da abelha-mestra.

A rainha ou abelha-mestra é mais grossa e alongada


do que as obreiras (fig. Ia) ; distinguindo-se também
por uma côr mais brilhante. As suas funcções são pôr
ovos e servir de centro ao enxame, sobre o qual reina
sem rival.
Alguns dias depois do seu nascimento, ella se faz fe-
cundar por um macho, e isto por uma só vez* em sua
vida, que dura de 5 a 6 annos. Ella escolhe esse macho
em uma excursão fora da colmêa. Dous dias depois co-
meça a pôr ovos de obreiras nas cellulas mais pequenas
e numerosas ; depois ovos de machos em cellulas maio-
res ; e, finalmente, ovos destinados a outras abelhas-
mestras em cellulas particulares e pouco numerosas, de
15 a 20 ao muito. Estas cellulas são alongadas, em
MANUAL DE APICULTURA.

fôrma de pêra, situadas verticalmente, tendo a abertura


são sustentadas
para a parte debaixo. As larvas fêmeas
com melhores e mais abundantes alimentos.
Quando as fêmeas não são fecundadas nos primeiros
15 dias de sua existência, a sua postura é defeituosa;
sé o acto de fecundação não tem logar senão passados
16 dias, ellas põe tantos ovos de machos quantos de
obreiras, e quando não copulão senão depois do vige-
simo dia, ellas só põe ovos de machos. >
As fêmeas estão armadas com um ferrão que só em-
pregão contra os seus inimigos. A rainha é aquella que
fica afinal, depois de um combate de morte. Emquanto
ella não é fecundada, o enxame não lhe mostra grande
consideração; porém, desde que recebeu essa faculdade,
ella se torna o objecto dos maiores respeitos e homena-
gens. Se corre algum perigo, todo o enxame combate
para a salvar, e a cobre com a sua massa para prote-
gel-a. O único ponto sobre o qual lhe resistem, é quando
ella quer exterminar os vermes de rainha antes de
tempo, ou quando recusa combater contra uma outra
rainha. A sua fecundidade é prodigiosa, porque ella
põe annualmente de 30 a 40,000 ovos,
Funeções dos zangões.
Os machos ou zangões (Fig. 2), são mais grossos e
pretos do que as obreiras, menos compridos do que as
abelhas mestras. A sua única funeção é fecundar a estas
ultimas. Um único goza desta insigne e funesta honra,
e depois é exterminado. Attribue-se, todavia, aos ma-
chos a propriedade de conservar o calor no interior das
colmêas, ao menos em certas circumstancias, e por isso,
encontra-se algumas vezes de 1,500 a 1.800 zangões ;
elles sahem algumas vezes, na oceasião do maior calor,
para fazerem corridas vagabundas, o são inteiramente
inoffensivos, porque não tem ferrão. Durante esses pas-
seios é que tem logar o seu encontro com as fêmeas e o
acto de fecundação. Como elles consomem sem traba-
lhar logo que o enxame está formado, as abelhas os
exterminão sem piedade. A sua existência não excede,
portanto, de dous a tres mezes.
MANUAL DE APICULTURA. 9

Funeções das obreiras.

A abelha obreira (Fig. 3a), menos grossa e menos


longa do que a abelha-mestra, está encarregada de todos
os trabalhos exteriores e interiores da colônia, eos exe-
cuta com a sua tromba, seu estômago, mandibulas e
o mel, o pollen e a
patas. Ella vai ao campo buscar
cera, e construe no interior da colmêa os repartimentos
necessários para guardarem esses productos e criar uma
numerosa progenitura. A natureza a armou com um
ferrão, mas não lhe concedeu senão um anno de vida.
O órgão o mais importante da obreira é o seu duplo
estômago (Fig. 4), do qual a primeira parte ab serve
de reservatório ou sacco para receber o mel; a segunde
digere a matéria que a abelha absorve para entreter
a sua vitalidade e elaborar a cera ; e é o canal que leva
os resíduos ou dejecções ao ânus. <
As abelhas obreiras fazem com vigilância sentinella
na porta da colmêa, para oppôr-se á entrada de tudo
Entretanto, alguns mi-
quanto não pertence á colônia. de introduzir-se impu-
migos assaz astutos achão meios
nemente, e viver á custa de seu trabalho.

Trabalho das abelhas.

Logo que um enxame de abelhas se introduzio em


uma colmêa, grupa-se na parte superior onde se sus-
e começa desde
pende formando uma espécie de cacho, Emquanto uma
lo*o a construcção de seus edifícios.
matéria gorda e une-
parte das obreiras elaborão a cera,
tuosa que secretão d'entre os anneis de seu abdômen, e
lançãó as primeiras bases dos favos, outras vão buscar
tolhas,
o nectar das flores e a transpiração melliflua das
e lhes serve
que accumulão no seu principal estômago
de sustento, e uma matéria gommosa chamada propohs
e com a qual
queapanhão com as patas posteriores, a
ellas tapão as fendas e os buracos do local, excepto esta
Com
passagem destinada para entrada e sahida. começando
mesma matéria é que ellas ligão os favos,
10 manual de apicultura.
verticalmente des-
pela parte superior, e continuando
cendo. . . , ,
Os favos (Fig. 5a) são uma reunião de alveoios ou
cellulas hexagonaes, que as abelhas começão a formar
lados. Fabri-
pelo fundo, e alongão gradualmente e pelos
cão muitos favos ao mesmo tempo, sobre as duas faces
destes constróem muitas cellulas. Quasi sempre os fa-
vos são parallelos entre si (Fig. 6); a sua largura cor-
responde á da colmêa: elles estão ligados pelos lados e
continuados até em baixo, se a altura da habitação
não é muito considerável (Fig. 7). Algumas vezes, em
logar de estarem dispostos regular e parallelamente, os
favos estão situados mui irregularmente.

Construcção dos alveoios ou cellulas.

Para começar a construcção de seus alveoios, a abelha


tira com as ratas a cera contida em seus saccos abdo-
minaes e a leva ás suas mandibulas, a amassa de
mistura com um sueco particular, e faz uma espécie
de fio molle que applica no ponto em que quer edificar.
Muitas abelhas fazem o mesmo trabalho até que com-
pleta construcção de um alveolo, compartimento ou
cavidade, onde depositão o mel e opollen, e serve de
berço a toda a família. Os alveoios tem seis faces
planas e regulares, e terminão-se no fundo por ama
pyramide tri-romboidal, excepto nos alveoios das
fêmeas, que se assemelhão a extremidade de uma
pêra. Oado um dos zhombaides que formão o fundo
das callulas é commum a dous alveoios (fig. 8); o
que indica que os favos das abelhas tem cellulas
de ambos os lados (fig. 9).
Os alveoios das obreiras e os do macho não estão
no plano horisontal; a sua inclinação é' de 4 a 5
gráos, e essa inclinação é de cima para baixo e de
fora para dentro. Os alveoios das obreiras estão ge-
ralmente situados no alto e no meio da colmêa, os
dos machos e em nos lados dos embaixo, e as das fêmeas,
estão collocados verticularmente, quasi sempre sobre os
lados dos favos.
MANUAL DE APICULTÜRA. II

O nemero de cellulas contidas em uma colrnêa cheia


de favos é considerável, quarenta a cincoenta mil
de ordinário: um raio de palmo e meio de compri-
mento sobre pouco menos de tres quartos de largura
encerra 4,000, que as abelhas constróem em menos
de 24 hora; tal é a sua atividade.
As abelhas trabalhão noite e dia na fabricação dos
alveolos; mas ellas não sahem senão de dia para
hirem apanhar o mel e a cera. A noite todas se
empregão nos trabalhos interriores de dia, uma par-
te vai buscar as provisões; outra e labora a cera
outra finalmente se occupa com a guaada, o aceio
e os cuidados da progenitura. Em tempo fresco, as
abelhas voão do campo para a colrnêa, e da cçlmêa
para o campo, desde a aurora até o crespusculo; na
estação quente, ou -mesmo nos dias quentes, ellas se
conservão no interior nas horas de maior calor.

Criação das larvas.

Quatro dias depois que um ovo foi posto e col-


locado sahe um pequeno verme sem faltas, que se
conserva enrolado sobre si mesmo no fnndo do seu
alveolo. As obreiras lhe fornecem uma espécie de
geléa composta de pollen e de mel, cujaNo quantidade
fim de 5
nutritiva varia com a idade da lavra.
a 6 dias, o alveolo é coberto com uma tampa de
cera, e a larva começa a fiar um^cazulo cuja seda
é applicada sobre as\paredes; bastão-lhe 36 horas
depois ella se
para terminar este trabalho, e 3 dias
metamorphosea em nymphas. No fim de 8 dias, o
insecto está perfeito, fura a tampa do alveolo e pousa
sobre o favo para secar. Esta serie de transformações
dura 20 dias, a partir da postura do ovo. As abelhas
ainda continuão a dar-lhe alimento, a lambem, e tratão
desde logo de limpar a cellula onde a abelha mestra
a familia augmenta
põe outro ovo. E' deste modo que
com prodigiosa fecundidade.
Vejamos agora como a industria humana sabe tirar
partido do frabalho das abelhas.
DE APICULTURA.
X2 MANUAL
colméas
63 II-Da abelheira;da sua collocaçao,
TRANSPORTE
ABELHAS.
DAS

A belheiras.
colméa ao logar
Dá-se o nome de abelheiras ou de estabelecera.be-
onde s S ascolméas. Pode-se
houverem flores cultr-
Sas em toda a parte, onde arbustos ou
vSoT espontâneas, árvores, plan as
dar os productos
r^eU? cujas flores oi folhas possão
que as abelhas procurão.
Collocaçao das abelheiras.
de
As abelheiras não devem ser estabelecidas pertoou em
fabricas, de fornos, em logares mui quentes Convém-
violentos.
pontos elevados onde reinem ventos das
lhe os logares tranquillos e abrigados, perto entre as
casas de morada, dos bosques, e sobre tudo
arvores sempre verdes e copadas.
Nas localidades onde as chuvas e os ventos impe-
tuosos são freqüentes, convém adoptar as abelheiras nao
cobeitas (fig 10); porém nos logares onde isso
aconteee, é preferível a abelheira em pleno ar (fig. 11;.
Porém qualqner que seja a abelheira adoptada, é
necessário oriental-a de maneira que a sua entrada
se ache do lado opposto ás chuvas e aos ventos do-
minantee. Outra recommendação mui essencial se deve
fazer isto é que as colméas devem estar preservadas
da acção directa dos raios do sol* e da humidade,
As abelheiras ao ar livre devem estar cobertas
ao menos com um tejadilho de palha que as preserve
da chuva, do sol e do frio, e as colméas collocadas
sobre espécie de mesas formadas por uma pequena
taboa pregada sobre uma estaca, 3 ou 4 palmosacima
do chão, e distancia das de modo que se possa circular
á roda dellas.
Acquisição das abelhas e seu transporte.
A acquisição das abelhas se faz na oceasião da for-
mação dos novos enxames. O seu transporte deve fa-
MANUAL DE APICULTURA. 13

zer-se á boca da noute, tendo o cuidado de envolver as


colmêas em sarapilheira, ou qualquer outro panno gros-
seiro. Um homem a pé ou a cavallo, pôde transportar
com cuidado uma colmêa ; quando o transporte se faz
em carro, guarnece-se o fundo deste com uma camada
de palhas, sobre a qual sé collocão as colmêas, voltan-
do-se o orifício destas exteriormente e deitando-as de
maneira que os favos fiquem no sentido vertical. Chega-
das ao logar de seu destino, deixão-se as colmêas emo
repouso durante uma ou duas horas, depois tira-se
ficar.
panno, e levão-se para onde devem
Cuidados que se devem ter com as abelhas.

As colmêas devem ser visitadas a miúdo, e por pessoa vi-


a que as abelhas estejão acostumadas a ver Nestas movi-
sitas deve-se evitar andar apressadamente, fazer a
mentos bruscos, gesticular e dar gritos; far-se-lia
menor bulha possível, e se uma abelha annunciar por ss
seus movimentos e por um zumbido particular que
agachar-se e con-
prepara para atacar, o visitante devese vá embora
servar-se nessa posição até que ella trabalhos,
Não se deve perturbar as abelhas em seus houver
nem levantar ou abrir as colmêas senão quando so
necessidade e nunca bruscamente, Esta necessidadenovo
é iustificavel quando se tem de mudar o enxame
ou quando se percebe que as abelhas estão .macUvas,
insectos, caramujos alsas
que as formigas e outros as colmeab.
traças, aranhas, etc, procurão dammficar as abelhas
faltãp provisões
Quando se nota que aquecido
mel em um favo vasio ou
põe-se um pouco de de palha ou
em um vaso que se cobre com um pe^ço da colmea.
nanno ralo, e que se colloca á noite pertomascavo dis-
Em falta de mel, pôde dat-se-lhe assucar
solvido em pouca água.
Colmêas.
sipós
As colmêas são feitas com palha, madeira diffeientes e
troncos de arvores, cortiça, etc, de formas
conforme, as localidades.
grandezas variáveis,
14 MANUAL DE APICUL-TURA.

As colmêas de palha são as menos impressionáveis ao


frio e ao calor, do que as de madeira. As melhores, são
sem duvida as mais simples, e as que permittem colher
facilmente o mel e a cera sem destruir as abelhas.
As colmêas que melhor desempenhão estas condições
são as das figuras 12 e 15.
A colmêa de tampa, fig. 12, se compõe de um cone a b
coberta com um disco (fig. 13) transparente, e de uma
tampa c que se tira á vontade. A parte a & da colmêa
está assentada sobre um pedaço de taboa e f b g. O
orifício m esta aberto quando a colmêa tem a sua
tampa, e fechado com uma rolha, quando esta se sus-
pende.
Esta suspensão tem logar na estação das flores e
quando a colônia enxamou, ou por outra, quando se
julgar que a colmêa está cheia de mel.
Estas colmêas são feitas com rolos ou cordas de palha,
apertados e ligadas entre si com a própria palha, linha
grossa ou barbante. Devem ter o mesmo diâmetro, para
que as tampas sirvão em todas. A altura do corpo da
colmêa, assim como a tampa podem variar, afim de
ter grandes colmêas para os grandes enxames e pe-
quenas para os pequenos enxames.
Esta colmêa foi modificada vantajosamente, substi-
tuindo-se- o disco pela peça representada pelas letras
abe d, na fig. 14.
A fig. 15, representa a colmêa de alças, também de
palha como a precedente. Compõe-se de dous cylindros
mais ou menos altos abe d e d b ef, do mesmo diame-
tro, e cobertos com uma tampa conica c a m, também
do mesmo diâmetro.
Cada uma das alças ou cylindros tem uma espécie de
assoalho composto de taboinhas fixas, fazendo face á
entrada da colmêa.
Pode-se formar esta colmêa com tres ou quatro alças
ou cylindros, porém, bastão duas quando tem tampa,
como está representado na fig. 15; quando a não tem,
então é necessário cobrir a parte superior com palhas ou
com um pedaço de taboa que a tampe bem.
Em alguns logares onde a madeira e a mão de obra
MANUAL DE APIOULTtTRA. 15

são baratas, usão-se colmêas de madeiras de tres ou


quatro alças, como está representado na fig. 16. Algu-
mas vezes, em logar de estar em pé, deita-se est* eòl-
mêa: tal é a colmêa árabe ; outras vezes, supprimem-se
as divisões, e então a eolmêa é simplesmente uma caixa
mais ou menos longa, á moda do Levante, e de alguns
paizes da Allemanha.
A colheita feita nas colmêas de alças se faz na mesma
época e da mesma maneira que nas outras. Quando se
suppõe que a parte superior está' bem guarnecida de
mel, tira-se depois de a ter desgrudado, expellem-se
as abelhas, e colhe-se. Se a colmêa tem capuz de palha,
como na fig. 11, torna-se a pôr este em seu logar; mas
se é uma alça ordinária, a collocão na parte inferior da
colmêa, de maneira que a segunda fica então sendo a
primeira; todavia, pôde tornar-se a pôr na parte supe-
rior, se se tem tenção de a tirar segunda vez, um pouco
mais tarde, e obter mel mui puro.
As colmêas de alças se prestão vantajosamente a todas
as operações de agricultura.
Tem-se inventado um grande numero de colmêas que
pelo seu preço e complicação, convém mais ao amador
do que ao verdadeiro agricultor. Citaremos somente tres
destas colmêas que em muitas circumstancias, podem
ser empregadas com vantagens.
As figuras 17 e 18 representão uma colmêa de alças
oblíquas, que se compõe de tres repartimentos ou alças
que se sobrepõe. A inferior repousa sobre uma taboa em
fórma de estante de livros, como se vê na fig. 17, nas
letras a 5 c d, e a ultima é fechada por uma taboa movei.
As diversas partes estão fixadas por meio de grampos
e, /, g, h; duas travessas postas por detraz de cada alça
a retém sobre a que lhe é inferior. A fig. 26 mostra um
abeac. A colheita se faz tirando alça por alça, e res-
tituindo-as depois aos seus logares.
A colmêa Polytrope, reúne as vantagens das colmêas
ordinárias e das de alças. Compõe-se de duas partes
reunidas por meio de trinques m, de uma cobertura ou
capote, e de uma alça inferior. Esta ultima pôde ser
supprimida á vontade, porque ella não serve senão na
manual de apicultura.
16
quando se quer
occasião cm que o mel superabundaou
fazer uma colheita de mel mui puio.na fig. 20 e de to-
UmoaeiouL -u representado
O modelo de colmêa r
melhor realisa todas as
da%-mrr£ria Fomentada pelo general Mir-
agricultores de França.
S'1'S dotmaisTstincls
a fig. 20 a representa
Toda a colmêa é de madeira: é escusado
qualquer
de uma maneira tão elara, Dque designão o eorpo da col-
descrição As letras ABC tapa a abertura
S -'fql «6 «ma porta de corrediça querepousa a colmêa.
Td base ou mesa, sobre a qual
todas as partes sao fecha-
Como se vê na mesma figura,
das com tramellas lll.
de duas partes, a de
A base ou mesa (Fig. 21) consta
sobre duas travessas
cima que é a mais larga, repousa diante afim de dar-
mKossas por detraz do que por
a sahida dos va-
Se uma leve inclinação que facilita
pores. . ..
fixada sobre a primeira é aquella
A segunda parte a chan-
sobre a qual repousa immediatamente a colmêa; e esta ê
fradura aberta sobre a dianteira serve de porta
impedir a entrada dos ratos
guarnecida de pontas para
e das borboletas nocturnas.
de um
A entrada se fecha ou se diminue por meio^
na época em que os insectos
postigo, mui necessário
mais atacão as colmêas.
e conservar _ as
Querendo-se transportar uma colmêa
abelhas encerradas, será necessário substituir o postigo
inteiriço por outro cheio de pequenos furos feitos com
uma verruma. _
Os compartimentos ou alças, que também se chamao
casas ou armazéns (Fig. 22) são octogonas no interior;
a parte superior é aberta, como está representada na h-
de triângulo, para
gura. As barras são feitas em fôrma
obrigar as abelhas a trabalhar no sentido das mesmas
barras. O seu corte está representado na fig. 23.
As casas ou alças estão munidas de travessas ver-
ticaes e horisontaes, como se observa na figura 20.
Estas peças se unem tão fortemente quanto se queira
MANUAL DE APICULTURA. 17

por meio de chaufros e espécies de feixaduras e


chaves.
O tecto da colméa (fig. 24) é inclinado, e furado
na parte superior com 3, 5 ou 7 pequenos orifícios
que servem deJ ventiladores, e se guarnecem com tubos
tapados com uma rolha, que se tira ou põe á vontade
para arejar o interior da colméa.
A figura 25 é uma taboa da mesma dimensão
que as casas, e que serve para as tampar quando
se quer colher o mel. No meio desta peça vê-se uma
espécie de alçapão e que serve para introduzir fumaça
no interior da colméa ; serve tambem para conse-
guir-se que as abelhas construão favos em um vaso
qualquer, collocando-o sobre a abertura.
Uma só casa ou alça com o seu competente tecto
constitue uma colméa simples, bastante para alojar
um enxame de 20 a 22, ovo abelha, pesando de 4
a 4 1/2 libras. Se o enxame é mais numeroso ajuntar-
se uma outra alça, e quando a alça inferior está cheia,
ajunta-se uma outra na parte inferior.
A colheita se faz por cima, tira-se primeiramente
o tecto, e substitue-se a este pela cobertura, plano
da figura 25. Tres semanas depois, tira-se a alça ou
casa superior, e cobre-se de novo com o tecto (fig. 24).
Continua-se a operar do mesmo modo, até que tudo
se colha.
Para obter enxames forçados com esta colméa,
uma
quando ella tem duas ou tres casas,se prepara-se
enxamar
casa vazia ao lado da colméa que quer
artificialmente, collocando a casa nova sobre uma
taboa. Bate-se sobre a colméa, até que uma parte
das abelhas subão para a casa nova acompanhadas
da rainha, tira-se então a casa superior com o seu
tecto o colloca-se sobre a casa vazia preparada, e
substitue-se sobre a colméa mãi, casa nova coberta
com um tecto vazio, mas preparado. Esta preparação
consiste em fixar um favo de cera nesse tecto, no
sentido em que se quer que as abelhas trabalhem.
Preconisa-se muito as colmêas de caixas de Nutt,
conhecidas com o neme de colmêas inglezas, mas não
3
13 manual de apicultura.

as descrevemos, porque são complicadas, e não


melhores do que as ultimas.
nunca se
Qualquer que seja a colmêa empregada,
deve matar as abelhas para apoderar-se de seus pro-
duetos: ellas podem ser expellidas ou pelo transvasa-
mento, ou por qualquer outra maneira, e fazêl-as
entrar em novas habitações ou reunil-as aos enxa-
mes fracos em outras colmêas. Vale mais fazer uma
boa, destruindo
pequena colheita, do que fazer uma
as abelhas. Em verdade não é possivel multiplicar
as colmêas alem dos recursos que fornece a localidade,
ou por outra querer-se ter 200 colmêas onde não
existe flores |senão para 100, porem póde-se sempre
augmentar as'populações, fazendo com que as colmêas
fracas em abelhas se tornem populosas. Duas popu-
lações reunidas não consomem muito mais do que
uma só isolada. A boa agricultura consiste principal-
mente em ter fortes populações reunidas na mesma
colmêa, e estas guarnecidas de paredes grossas e bem
feixadas. Preenchidas estas condições a cultura das
abelhas é sempre mui vantajosa, mesmo nos logares
pouco favoráveis.

§ III. — moléstia e inimigos das abelhas.

Doenças á que estão sujeitas as abelhas.

Assim como todos os outros seres criados, as abe-


lha estão sujeitas a differentes enfermidades durante
o curso de sua limitada existência. A maior parte
destas enfermidades são resultados da falta de cuidados
da parte dos apicultores. A mais perigosa de todas
é a dysenteria, que produz muitas vezes a perda de
colmêas inteiras; ella resulta da má qualidade do mel,
da excessvia humidade da falta de ar finalmente
das más condições da localidade onde se scha a abe-
lheira. Quando as abelhas se achão atacadas deste
mal, lanção os seus excrementos sobre os favos, infec-
cionão toda a colônia. O remédio consiste em dar-lhes
manual de apicultura. 19
bom mel misturado com pouco vinho generoso, em tirar
os favos sujos, e, sobre tudo em arejar a colmêa,
porque a principal causa da dysenteria provem do
ar viciado.
Ellas soffrem ás vezes do mal contrario, que é a
constipação do ventre; o que acontece quando as abe-
lhas não podem conservar o calor necessário no inte-
rior da colmêa. Esta moléstia, commum nos paizes
frios, rara nos paizes quentes, tem logar quando ellas
não podem sahir da colmêa; então, os excrementos se
solidificão em seu ventre, e ellas morrem. Este mal
não tem remédio conhecido.
A vertigem é uma moléstia que ataca individual-
mente as abelhas em certas localidades. As que se
achão atacadas do mal não podem voar, mas girão
sobre si mesma, até cahirem. Também não se conhece
remédio para este mal que, não sendo epidêmico,
pouco darnno causa.

Inimigos das abelhas.

São mui numerosos os inimigos das abelhas, porem


poucos são os temíveis. O maior de todos é o api-
cultor ignorante, aquelle que não cuida nellas e as
mata para colher seus produetos. Depois deste, o mais
formidável é a falsa traça, e as larvas das borboletas.
As borboletas esvoação em torno da colmêa, e fazem
toda a deligencia para se introduzirem nella, e ahi
porem os seus ovos. As abelhas são vigilantes, e matãoa
todos os insectos que tentão evadir a sua casa; se
colônia é numerosa, esse mal não é de temer. Não
assim a respeito da traça, que escapa a toda a vigilância
e consegue quasi sempre introduzir-se. Tanto ellas
como a sua prole minão os favos e se nutrem com a
cera, sem que as abelhas se possão oppôr a isso.
Conhece-se que esse inimigo está na colmêa, quando
se vê, aqui e ali, uns grãos pretos, que são os seus
20 manual de apicultura.
apressar-se em cortar
excrementes. E' necessário então
os favcs atacados.
intiodn-
Certos insectos alados procurão igualmente é necessário
affluem
Zir-se nas colmêas. Quando elles
diminuir as entradas. Os ratos, os pássaros, e mesmo
roubar
certos animaes grandes fazem a diligencia para O mesmo
o mel. O remédio contra isto, é a vigilância. as for-
remédio é applicavel a dous outros inimigos,
migas e as gallinhas.
As abelhas de uma colmêa são algumas vezes inimi-
se roubão entre si!
gas declaradas das da visinha: ellas nu-
Eeconhece-se a guerra e o saque, quando grande
mero de abelhas, rodão em torno de uma colmêa, entrao
nella e sahem fartas de mel. Immediatamente deve
tapar-se a colmêa, ou melhor ainda leval-a para outro
logar; á tardinha convém examinal-a e reconhecer se
está desorganisada; e se se perceber que a abelha-mestra
está morta, é necessário dar ao enxame uma nova rainha
ou reunir a população a uma colmêa fraca.
Quando a guerra e o saque começa a manifestar-se
em uma abelheira, todas as colmèas, ainda que bem or-
as devidas
ganisadas, serão saqueadas se não se tomarem as entradas, e
precauções, que consistem era apertar
mesmo fechal-as se fôr necessário.

§ IV.—Uso do pollen e do propolis.

O pollen (*) é colhido pelas abelhas para a alimenta-


ção das larvas, e preparado em fôrma de caldo grosso.
Quasi sempre as abelhas fazem depósitos consideráveis,
que ellas guardão para as estações em que faltão as
flores.
Acreditou-se durante muito tempo que o pollen ser-
via para o sustento das próprias abelhas, e por isso se

(*) Pollen, pó fecundante das flores, espécie de esperma contida


nos órgãos masculinos das plantas.
MANUAL DE APICULTUKA. 21

lhe dSu os nomes de ambrosia ou de pão das abelhas.


Mas isto é falso, não podendo todavia, explicar-se^ senão
como um acto de previdência, as grandes quantidades
que se encontrão ás vezes nas colmêas. Segundo Eeau-
mur, póde-se calcular em uma libra por dia o pollen
sua
que as abelhas accumulão durante o tempo de uma
maior actividade. As larvas são alimentadas com
mistura, em fôrma de geléa, de pollen e de mel.
Na parte baixa e nas paredes das colmêas, particu-
larmente em torno das cellulas das larvas, é que as abe-
lhas depositão o pollen, ou nas cellulas das ohreiras ;
algumas vezes, quando o mel é abundante, as cellulas
contém pollen no fundo e mel por cima.
O propolis é uma substancia resinosa, mui tenaz,
aggltítinante, molle durante o calor, secca e quebradiça
ou amarei-
quando o tempo está frio, de côr arroxada
lada. Esta substancia é colhida pelas abelhas durante
o verão, nos gommos das arvores, conforme a opinião de
alguns, ou nos órgãos sexuaes das flores, antes da for-
mação do pollen, conforme a opinião de outros ; ellas a
transportão em fôrma de ballinhas em suas faltas, e a
empregão em tapar os buracos e fendas de suas col-
meas com o fim de preserval-as da humidade das cor-
rentes de ar, e oppôr um obstáculo a passagem de seus
inimigos; tambem se servem do propolis para fortificar
os favos, principalmente nos logares em que estes estão
unidos ás paredes das colmêas. O uso o mais singular
do propolis, é que as abelhas o empregão para embalsa-
mar os pequenos insectos que se introduzem na colmea,
e que ellas matão ; esta substancia impede a corrupção
dos cadáveres desses insectos, e evita assim amtecçao.
embo-
As paredes interiores das colmêas velhas estão deve
o
çadas com espessas camadas de propolis, que
exigir muito trabalho da parte das abelhas; para evitar
a perda de tempo que exige este trabalho, convém que
lisas e
as paredes das colmêas sejão perfeitamente
unidas.
22 manual de apicultura.

§ V.*—Enxames naturaes.—Enxames>rtifis—ciae
Mudança das abelhas de uma para outra colmea.
— Processos empregados nesta operação.

Enxames naturaes

Uma colmêa é forte quando contém, pelo menos,


40,000 abelhas. Quando a sua população excede deste
numero, é então necessário fazer enxame novo, isto é,
uma nova colônia. Se a população de uma cô*lmêa se
torna excessiva, observa-se que as abelhas ficão em ex-
trema agitação ; e se o tempo está secco, quente e som-
breado, não é raro vêl-as pastar todas ao mesmo tempo,
voltijarem vivamente, e pousarem afinal sobre uma ar-
vore, ou qualquer outro objeeto. A isto é que se chama
•— Enxame natural.
Dous ou tres dias antes da emigração, a abelha-mes-
tra agita-se e percorre o interior com inquietação ; pouco
a pouco a agitação se communica a tudo quanto a cerca;
o movimento se torna geral, e toda a colônia alada se
precipita para o exterior, levando comsigo ou acompa-
nhando a sua rainha.
O borborinho e o movimento que se observa dias antes
da sahida, não é o único indicio da partida próxima. Na
véspera a desordem se manifesta no exterior ; as abelhas
entrão e sahem precipitadamente ; durante a tarde e
mesmo á noite, ouve-se zumbidos continuados, e as
abelhas accumuladas em torno das portas e por baixo
da colmêa parecem estar na espectativa de algum acon-
tecimento. Finalmente desde a madrugada, o trabalho
fica suspenso, a agitação redobra, e a esta se segue um
instante de tranquillidade, que é o ultimo signal da
partida. Então toda a colônia parte ao mesmo tempo e
vai fixar-se mais ou menos longe. E' este o primeiro
enxame.
Até esta época, as abelhas velão com cuidado em
torno das cellulas das rainhas, reforção as suas paredes,
não deixando senão uma pequena abertura por onde a
futura rainha recebe o sustento que se lhe pródiga, e
prolongão o seu captiveiro até o momento em que, por
manual de apicultura. 23
excesso de população ou por outra causa, tem logar a
emigração voluntária conduzida pela velha rainha, que
deixa vago o throno que não pôde defender.
Depois da partida, a abelha-mestra que sahe primeiro
de sua cellula é, de ordinário a nova rainha : ella se
apossa da colmêa, e, como sua mãi, esforça-se por dar a
morte a seus rivaes ; porém, fatigada de lutar com as
abelhas obreiras, que defendem os alveolos reaes, ella
sahe da colmêa para ir fecundar uma nova colônia.
Este segundo enxame, que sahe 6 ou 7 dias depois
do primeiro, algumas vezes é acompanhado por um
terceiro, ou mesmo um quarto enxame, até que
a nova rainha tenha conseguido destruir as suas
rivaes.
Se na época da partida da primeira abelha-mes-
tra, uma nova rainha sahe da colmêa, seja no mesmo
dia, seja no dia seguinte, e entra fecundada, desde
então a sua soberania está firmada. As abelhas a
reconhecem por sua rainha e a deixão atacar os alveolos
reaes, e dar a morte ás prisioneiras. Neste caso não
se deve esperar mais nem um enxame.
Não tem igualmente logar um segundo enxame, se
o primeiro foi retardado além do dia marcado, ou
se entrou depois de ter sahido; porque então a velha
rainha extermina todas as novas.
Se na segunda ou terceira emigração, um enxame,
em logar de formar nm só pelotão, se divide e 2 ou
3, é isto signal de que elle tem outras tantas rainhas.
Cada grupo defende a sua rainha; mas de ordinário
os mais fracos se reúnem aos mais fortes, as rainhas
combatem, até que a vencedora seja proclamada rainha
commum.
Depois de ter vageado mais ou menos tempo, ou
ter estado mesmo muitos dias em uma mesma colmêa,
vê-se algumas vezes um enxame, voltar para aquella
donde havia partido. E' isto um signal seguro de que
elle perdeu a sua rainha; porem é provável que noã tar-
de a tornar a sahir com um novo chefe.
Estas emigrações teem ordinariamente logar nos mezes
de verão, em um bello dia, algumas vezes durante
24 MANUAL DE APICULTÜRA.

sempre se fazem
o começo de uma trovoada; porém
a°A™d" V%£f«™» se to-ojg-g
vezes elle se affasta
da colrnêa, entretanto algumas todos os casos, as
Sara mais longe. Mas como, em se agarrão umas as
fias se remem em massa e de uma colmea
outras é faeil fasel-as cahir dentro a defender, ellas
vazia, porque não tendo posteridade
se tornão inoffensivas.
Um homem, coberto com uma vestimenta própria
apresenta-lhes
e com as mãos calçadas com luvas, voltando-a
a colrnêa, e as obriga a cahir sobre ella,
immediatamente sobre um pedaço de taboa. nova
E' conveniente esfregar o interior da colmea
assucar,
com plantas aromaticas, mel, ou mesmo com ameaça
o enxame
para attrahir e reter as abelhas, Se fumaça, ou lan-
dirigir-se ao longe, faz-se parar com
fino, ou mesmo punhados
çando agoa com um regador
de areia.
Como o enxame turbilhona, por muito tempo antes
de pousar, tem-se tempo de tomar as suas medidas,
se, todavia, se prestou attenção a que o enxame vai
está tranquillo,
partir. A' noite, quando o enxame deve ficar. Logo
leva-se a colmea para o logar onde
no dia seguinte a população começa a trabalhar, isto
é, a tapar todos os buracos e a formar os favos. Mais
de 100 alveolos são construidos por dia, formando um
favo de ao menos, 6 pollegados de largura.
a
Quanto á colmea abandonada, ella não tarda
das abelhas que
povoar-se, não somente pela entrada
^tinhão sahido antes da partida do enxame, porém
também pelo nascimanto de novas abelhas. Vê-se
então sahir dos alveolos das abelhas-mestras, aquella
dias depois,
que deve reinar na colmea; cinco ou seis
a rainha sahe para ser fecundada. A nova colônia não
tarda por tanto a ficar tão povoada como d'antes; e
mesmo não é raro, quando ella é muito numerosa,
fornecer no fim de 7 a 10 dias, um novo enxame
depois, raras vezes terceiro, o ainda mais raras vezes
um quarto enxame. Um enxame antigo forte pôde
MANUAL DE APICULTURA. 25

dar novo enxame 20 ou trinta dias depois de estar


formado.
Poupa-se muito trabalho, vigiando diariamente as
colmeas, e prestando muita attenção aos signaes pre-
cursores da emigração, e ter tudo- preparado para
esse momento. As colmeas vazias, destinadas a re-
ceber as emigrantes, devem ser fumigadas com plan-
tas aromaticas, esfregadas com mel, ou simplesmente
molhadas, pouco tempo antes de servirem.
Convém, se é possível, deixar ao menos durante 24
horas a nova colmêa no logar onde o enxame foi
recolhido, afim de que todas as abelhas, que se tenhão
afastado, e mesmo uma parte das da colmêa velha
entrem nellas e augmente a sua população.
Para que um enxame prospere, deve ser composto
pelo menos de 25,000 abelhas, e pesar cousa de 5
libras. Keaumur achou que 5,376 abelhas pesavão
uma libra. Uma colmêa forte deve conter mais de
40,000 abelhas.
Avalia-se em uma libra a quantidade do mel que
as abelhas podem accumular durante um dia. Basta
terço
para isso que cada um destes insectos colha um
de grão para que 30,000 abelhas produzão uma libra
de mel.
Como já se disse, é sempre a abelha-mestra velha,
que sahe com o enxame; mas ella é tão ciosaabelhas que,
se pôde, destróe todos as outras rainhas. As
se oppoemá essa matança; mas, quando a estação nao
deixa a esperança de formar-se enxame novo, ellas
não fazem nenhuma opposição. Observa-se que se
as duas ultimas rainhas morrem ambas em combate,
as obreiras têm a arte de criar uma larva de obreiras
com uma massa succulenta, que lhe dá a grande força
necessária para exercer a alta dignidade de rainha.
é os
Quando a colmêa não pôde mais enxamar, que
zangões são mortos.
Enxame artificial.

Quando uma colmêa se torna demasiadamente po-


2@ MANUAL DE APICULTURA.

se torna tão intenso,


pulosa, falta espaço e o calor
mais viver nella, forma-
que a população não pôde
se então um enxame. As abelhas se dispõem então para
abandonarem a sua antiga morada, e o fazem no
fim de algum tempo. A' esta emigração voluntária
é que se dá o nome de enxame natural. Convém
muito aproveitar a oceasião em que se manifesta esta
correr o risco de o perder,
predisposição, se não se quer apanhal-o; é tempo, em
ou de ter grande trabalho em
uma palavra, de formar enxame novo.
Os embaraços do enxame natural, mesmo quando a
operação é dirigida do modo o mais conveniente e a in-
certeza do suecesso, tem feito estudar os meios de anti-
cipar a época da emigração das abelhas, e de as fazer
enxamar artificialmente, ou antes forçadamente. A
observação ensinou esta pratica, que consiste em fazer
sahir a rainha da colmêa antes que ella tenha tempo de
matar as suas rivaes, e de a fazer entrar, com um certo
numero de abelhas, em uma colmêa vasia preparada de
antemão.
Na véspera do dia em que se deve fazer a operação,
ou mesmo algumas horas antes, deve ter-se o cuidado
de desgrudar as divisões da colmêa, como diremos no
paragrapho seguinte.
Feito este trabalho preparatório, escolhe-se a hora em
que as abelhas vão buscar as suas provisões ; logo que
cessa o movimento de sahida, enfumaça-se a colmêa,
para obrigar a rainha e as outras abelhas a subir para a
parte superior, depois do que, tira-se a divisão inferior
nas colmêas compostas de duas partes, e no centro nas
de tres, e substitue-se a parte tirada por outra de uma
semelhante colmêa vasia ; tampa-se seguidamante a di-
visão que se tirou, e colloca-se no logar da antiga
colmêa.
Depois de alguns momentos de confusão, as abelhas
achando-se com a sua rainha, começão desde logo a
construir novos alveolos, onde a rainha deposita os seus
ovos. As abelhas que estavão ausentes, quando voltão,
tratão logo de reparar o damno causado, e sesubordinãoá
nova rainha que muitas vezes nasceu algumas horas antes.
MANUAL DE APICULTURA. 27

Para o bom êxito desta operação, convém escolher as


colmêas mais povoadas e cheias de mel. Deve-se ter a
precaução de esfregar as novas com mel, ou mesmo mo-
lhar simplesmente as suas paredes.
Em geral, não deve temer-se forçar os enxames artifi-
ciaes, porque sempre muitas abelhas voltão á antiga
colmêa.
E' útil observar que na enxamação natural, as emi-
grantes levão comsigo o mel necessário para satisfazer
as necessidades do novo estabelecimento ; porém, na en-
xamação artificial, as abelhas nada levão comsigo, e
podendo aconteeer que sobrevenhão alguns dias de
chuva, ellas se achão expostas a morrer de fome.
Deve evitar-se a formação de enxames artificiaes nas
colmêas fracas, e mesmo impedir a dos enxames natu-
raes. Se não é possível evitar a emigração^ deve fazer-se
a diligencia para fazer voltar as emigrantes para a
mesma colmêa ; póde-se porém impedir que essa emi-
gração tenha logar, extrahindo uma parte dos favos, ou
se a colmêa é composta de muitas divisões, tirar uma
dellas, e substituil-a por outra vasia.
Emprega-se o mesmo meio para prevenir a sahida
de um enxame em uma estação desfavorável.
A operação de enxamação forçada é a mais in-
commoda e fatigante da apicultura. Para as pessoas
que gozão do privilegio de ser insensíveis ás ferroa-
das o trabalho é leve, porque ellas não têm necessi-
dade de se cobrirem da cabeça até os pés, e de ope-
rarem á sua vontade, com facilidade e sem soffrerem
grande calor, mas, as que são sensíveis, soffrem muito
das ferroadas, e é portanto indisptjnsavel preservarem-
se completamente, mesmo as mãos que devem cobrir
com luvas grossas acolxoadas.
Coinprehende-se bem que estas vestimentas emba-
ração os movimentos e produzem um calor insup-
portavel quando se opera em pleno sol e se tem de
transvasar grande numero de colmêas. Por isso, muitos
preferem expôr-se ás ferroadas, quaudo estas os incom-
modão pouco e quando podem lançar uma gota de
ammoniaco sobre as feridas; mas elles têm o cuidado de
28 manual de apicultura.
ou
usarem de fumaça, trazendo na mão um fogareiro
uma boneca fumegante. Póde-se dizer que o fumo (de
trapos queimados, bosta de vacca, etc), é o tahsman
dos apicultores, e que com fumaça, se faz das abelhas
o que se quer. .
A operação se accelera quando se emprega simulta-
neamente pancadas sobre as colmêas e a fumaça; o
as colmêas são co-
que tem sobre tudo logar quando
bertas pela parte superior.
Collocão-se as colmêas perto de uma celha a (fig.
28), em cujo fundo se accendem trapos, bosta de
vacca, ou qualquer outra matéria própria para produzir
fumaça. Depois de ter enfumaçado bem a entrada da
colmêa, tira-se esta da taboa que lhe serve de base,
vira-se de fundo para cima sobre a celha, ou sobre
um tamborete invertido,. e põe-se sobre ella a colmêa
nova, para a qual se quer fazer passar o enxame.
E; bom, antes disto, fazer nova fumaça para excitar
as abelhas a sahirem promptamente, porque nada as
incommoda tanto como a fumaça.
Não é inútil dizer uma palavra sobre a maneira de
desgrudar e de suspender a colmêa de sua base.
Tem-se o cuidado de observar a direcção dos favos
que se pôde ver facilmente pela entrada, e traça-se essa
direcção sobre as paredes da colmêa por meio de um
risco branco ou preto. E' no sentido dos favos, e não
no sentido transversal, que se deve suspender primei-
ramente um lado da colmêa com uma mão, calcan-
do a base com a outra. O pé substitue depois esta
ultima, ficando ambas as mãos desembaraçadas para
levantarem e collocarem a colmêa no seu logar. Con-
vém nesta oceasião o emprego de duas pessoas; uma
para levantar a colmêa, e a outra para enfumaçar as
abelhas.
A figura 28 represnta a attitude do enfumaçador, e
o apparelho (composto de um folie e de uma espécie de
seringa) o mais conveniente para produzir muita
fumaça.
Se o tempo fôr propicio, e se a enfumação bem
dada, é supérfluo embrulhar, como precedentemente
manual de apicultura. 29

se disse, as colmêas em pannos, porque as abelhas pas-


saráõ de uma para a outra com maior promptidão á
luz do que á sombra. Porém, se o tempo está ventoso,
secco e frio, se se operar tarde, e, sobre tudo, se a
enfumação não tiver sido dada na oceasião a mais con-
veniente, então será prudente envolver as colmêas, e
desembrulhal-as no fim de 5 a 6 minutos, batendo
constantemente sobre ellas durante este tempo. E'
de toda a conveniência que as batidelas sobre as colmêas
sejão continuas e regulares. e que se facão com o
punho fechado ou com uma pedra, ou com qualquer
outro corpo duro.
Estas operações devem ser feitas em dias claros, e
desde as 9 horas da manhã ás 5 horas da tarde.
Quando não fòr possivel collocar debaixo de uma
colmêa uma matéria capaz de produzir fumaça, antes
de começar a bater sobre as suas paredes, é necessário,
de espaço em espaço, empregar um fumigatorio no
alto da colmêa, sobre tudo quando as abelhas não
mostrão pressa em sahir; póde-se então, até certo
ponto, substiuir a fumigação pelo sopTo do operador
soprando fortemente sobre ellas, obriga-se a que se
afiastem. Mas quando, ellas se óbstinão a ficar entre
os favos e no fundo da colmêa, então é indispensa-
vel lançar muita fumaça, do modo indicado na figura
28. Colloca-se então a colmêa superior de maneira que
a sua borda anterior toque o da colmêa que se quer
transvasar. As bordas das duas colmêas não devem
coincidir senão durante os primeiros momentos em
durante 5
que se bate sobre as suas paredes, isto é,
ou 6 minutos. Logo que as abelhas se põem em
movimento e sobem em columna cerrada, batendo
fortemente as azas, para a colmêa superior, deve-se
recuar esta para o lado para onde se dirigem as
abelhas em maior numero; devendo-se graduar o recua-
mento e fazel-o sempre, quanto fôr possivel no sentido
dos favos, afim de lançar fumo ou assoprar de modo
a apressar o transvasamento, que se fará em 10 no
15 minutos, se a operação fôr bem dirigida. Se ou
fim deste tempo, ou mesmo antes, todas as abelhas
30 manual de aficultura.

não tiverem sahido, póde-se submetter as retarda-


tarias á uma fumigação asphyxiante, apanhal-as depois
na colmêa nova. Este é o
que cahirem e introduzil-as
único meio de não deixar ficar nenhuma abelha na
colmêa velha.
utensis para a ex-
§ VI. Mel.—Instrumento e
treaçao do mel e cera. Colheita e preparação
do mel.—Mel.—Influencia da vegetação sobre a
sua qualidade.—Flora das abelhas. Modo de
conservar e de purificar o mel.—usos do mel.

Instrumentos e utensis para extrahir o mel e a cera.

Para extrahir o mel e a cera, se emprega diversos


processos e em épocas variadas do anno.
Ainda em algumas localidades se matão as abelhas
suffocando-as com vapores sulfurosos. Este bárbaro pro-
cesso tende a destruir aquillo mesmo que se quer con-
servar ; elle é portanto, deploravelmente absurdo.
Seguidamente diremos quaes são os melhores meios
de fazer esta operação, sem matar as abelhas, pondo-as,
pelo contrario, na necessidade de redobrarem de activi-
dade e de as fazer ganhar em pouco tempo tudo quanto
se lhes fez perder.
O processo para chegar a este resultado consiste em
prival-as momentaneamente de suas faculdades vitaes,
para durante esse lapso de tempo, conseguir-se extrahir
o mel e a cera, sem que o operador seja ferido pelo fer-
rão das abelhas.
A operação da extracção exige um certo numero de
ferramentas e utensis, taes como: Io, duas facas ; 2o,
um vaso com água fresca; 3o, um panno estendido para
depositar a cera ; 4o, um vaso próprio para receber o
mel; uma pequena vassoura; 5o, um tamborete para
collocar a colmêa ; 6o, uma mascara de tella metallica,
um capuz, luvas grossas, e um vestido próprio para
evitar as ferroadas das abelhas ; 8o, um pequeno vidro
com ammoniaco liquido para, no caso de necessidade,
pôr uma gotta no ponto ferido pela abelha. Este reme-
MANUAL DE APICULTURA. 31

dio destróe o effeito do veneno, faz cessar a dôr e evita


as inchações mais desagradáveis do que perigosas, se
todavia, não forem mui numerosas.
As duas facas têm fôrmas differentes, mas são cor-
tantes de ambos os lados e na ponta ; são compridas e
proporcionadas á profundidade da colmêa. Uma destas
facas, de lamina delgada, leve e curva, se emprega em
fazer uma ineisão no primeiro favo de cera ou mel;
esses favos são mui próximos uns dos outros e mui
apertados contra as paredes internas da colmêa para
poderem ser separados d'outro modo; mas essa pri-
meira faca (Fig. 26) serve para extrahir o primeiro
favo. A segunda faca (Fig. 27) só pôde servir depois de
extrahido o primeiro favo ; a sua lamina é curva, e não
tem o comprimento necessário para cortar a espessura
de um favo. Com esta faca é que se tira os pequenos fa-
vos de cera ou de mel do fundo da colmêa.
A operação se deve fazer ao nascer do sol, em dia de
calmaria e claro. Desgruda-se a colmêa, volta-se de-
baixo para cima, e colloca-se sobre os pés do tamborete
invertido. Bate-se com as mãos sobre as paredes da col-
mêa para fazer sahir as abelhas. Ellas atacão logo ao
operador, e voltijão em torno delle, mas pouco se affas-
tão do logar. Se as abelhas persistem em grande nu-
mero em não abandonarem momentaneamente a col-
mêa, é fácil fazel-as fugir, empregando uma vara em
cuja extremidade se põe um trapo queimado de modo
deixão o
que faça grande fumaça; então ellas fogem, e
campo livre ao operador.
Começa-se cortando-se promptamente a parte supe-
rior dos favos do meio da colmêa, e desce-se de cada
lado até as bordas; não se tocando, todavia, nos favos
que contém as larvas das abelhas, favos que se achão
no centro, correspondentemente ao orifício da entrada.
E' fácil distinguir os favos oecupados pelas larvas, por-
connexa
que os alveoios são cobertos com uma pellicula
e de côr parda. Os alveoios que contém mel estão igual-
mente tapados com uma pellicula delgada, mas essa
molhadas
pellicula é branca e chata. As facas devem ser
32 MANUAL DE APICULTURA.

de espaço a espaço em água fresca para poder tirar-se o


mel e a cera que se agglutinarem sobre as lâminas.
Quando os annos são favoráveis, deve-se fazer esta
operação duas vezes por anno. Se as estações forem des-
favoráveis, é de toda a conveniência não colher mel, po-
rém somente a cera.
Colheita e preparação do mie.

A época a mais fovoravel para fazer-se a colheita do


mel é aquella em que as abelhas podem mais fácil-
mente substituir a parte das previsões de que- se pre-
tende prival-as.
Para extrahir os favos e manipular o mel são neces-
sarias as facas em que já falíamos, peneiras, terrinas ou
potes, e mesmo celhas ou barris, se o mel é abundante.
Desliga-se ou desgruda-se as colmêas com as facas, e
tirâo-se os favos, que se collocão sobre uma peneira,
tendo o cuidado de pôr de parte aquelles que contém
pollen, ou cujo mel parece inferior. Comprime-se leve-
mente os favos para fazer correr o mel, que cahe nos
vasos. Convém operar em um logar quente, porém mui
claro.
O primeiro mel que corre se chama mel virgem, e é
de superior qualidade. Apertando mais fortemente os
favos, obtem-se mel de segunda qualidade; obtem-se,
finalmente, mel de terceira qualidade, ou de quarta qua-
lidade, quando se recorre a uma prensa para extrahir o
restante.
Quando não se possue uma prensa, póde-se levar ao
fogo os últimos residuos misturados com alguns copos
d'agua. O mel que se extrahe por este processo é muito
inferior e não serve senão para sustentar as abelhas, e
para fazer hydro-mel.
Logo depois de extrahidos os favos, o mel é posto em
vasos de barro envernisado, ou em barris que se collo-
cão e conservão em logares frescos, e se deixão em re-
pouso até que o mel se coagule.
Tirão-se então as espumas que se formão na superficie
e tampa-se a boca do vaso com uma folha grossa de pa-
MANUAL DE APICULTURA. 33

logar secco e
pel ou com pergaininho- e guarda-se em
fresco. (Yeja-se adiante— Conservação do mel).
Para não perder nenhum mel, póde-se collqcar os
utensis que servirão na sua extracção, perto das col-
mêas, afim de que as abelhas o aproveitem; mas não
convém que ellas o colhão em grande quantidade com
receio de as fazer soffrer as indigestões ou dysenterias.
As águas de lavagem desses utensis é excellente para os
animaes domésticos.
O mel se compõe de duas espécies de assucar, uma
crystallisavel e outra incrystallisavel, em diversas pro-
de uma matéria,
porções; de uma substancia aromatica,
corante, de algum ácido e cera, e algumas vezes de
.mannita.
Pode-se separar o assucar crystallisavel, misturando
o mel em álcool, e suhmettendo a mistura, posta em um
sacco de panno forte e apertado, á acção graduada de
uma prensa ; operação que se repete por mais de uma
vez. O álcool leva comsigo todo o assucar mcrystalli-
savel, e este se separa do primeiro por meio de distil-
lação.

Mel— Influencia da vegetação sobre a sua qualidade.

O mel é uma secreção dos vegetaes, que se faz geral-


mente pelos nectarios, e se acha sobre as flores de quasi
todos os vegetaes em maior ou menor abundância, con-
forme o calor da estação combinado com a sua humU
dade. As qualidades do mel, seu gosto, seu aroma e sus*
das plantas,
quantidade, varião muito com a natureza
o clima, e o terreno.
Não é somente no cálice das flores que se encontro
mel; o tronco e os ramos de certas plantas, também o
secretão, assim como as arvores das florestas, e mesmo
os excrementos de certos insectos. Sabe-se que as abe-
lhas transformão em mel o sueco dos fruetos e ao pro-
em seu es,tp-
prio assucar. Em geral, ellas o elaborão totalmente as
mago, sem todavia, fazer-lhe perder
é cada local^
qualidades próprias. Por esta razão que
5
34 MANUAL DE APICULTURA.

dade produz um mel particular, conforme a natureza


das plantas dominantes no território; a qualidade do
mel varia igualmente segundo a seccura ou humidade
das estações.
As abelhas não fazem distinção entre o mel o mais
delicioso e o mel o mais desagradável ou malfazejo : pa-
recém totalmente privadas do olfato e de paladar; as
flores da larangeira ou as do alho são indifferentes, e
sua escolha é determinada antes pela abundância do
que pela qualidade.
Isto deve servir de ensino aos apicultores. Se quize-
rem ter bom mel, é necessário não deixar ao alcance
das abelhas, senão plantas aromaticas, e escolher uma
serie de plantas as mais convenientes para produzirem
bom mel. A' escolha destas plantas é que se chama
— Flora das abelhas. (Veja-se adiante — Flora das
abelhas).
E' sempre na parte superior da colmêa onde as abe-
lhas depositão o seu melhor mel, e o mais inferior indif-
ferentemente nos alveolos das obreiras e dos zangões.
Nos tempos de grande abundância de flores, as obreiras
o depositão muitas vezes nos primeiros alveolos da parte
inferior dos favos, e as civieiras se encarregão de o ar-
mazenar nas cellulas altas que alongão demasiadamente
para que caiba a maior quantidade possivel. Logo que
uma cellula está cheia, as abelhas a tapão.
De uma mesma colmêa se tira mel de differentes qua-
lidades. O das cellulas onde não existem larvas, é o
melhor; o das cellulas occupadas por larvas ou perto
dellas é de inferior qualidade; a estação também influe,
sendo a melhor aquelle que foi depositado na estação
das flores.
Já dissemos que tirados os favos, e postos sobre uma
peneira, o melhor mel, que se chama mel virgem, é o
que corre em primeiro logar ; o de segunda qualidade é
o que se obtém espremendo levemente os favos ; e final-
mente, o mais inferior era o que resultava da pressão
feita por uma prensa. Aproveitando a disposição que
tem as abelhas de depositarem o seu melhor mel na
MANUAL DE APICULTURA. 35

fa-
parte superior das colmêas, pode-se obter este mel
zendo muitos buracos nessa parte da colmêa e intro-
duzir nelles tubos de vidro, onde eahirá o mel. Deve,
porém, ter-se o cuidado de cobrir os tubos de modo que
produza obscuridade.
Purificação do mel.

O mel íínpuro pôde purificar-se coando-se lenta-


mente em um panno ralo. Affirma-se que, introduzindo
um prego, ou qualquer outro ferro, bem limpo e aque-
eido até ficar vermelho, em uma porção de mel fervente
todas as impurezas ficão queimadas, restando somente
coal-o depois.
Um apicultor, diz ter obtido mel puríssimo, do
seguinte modo: Depois de ter tirado os favos late-
raes, que são sempre os mais bellos, deixou em repouso
a colmêa durante 12 dias. No fim deste tempo, visi-
tou-a de novo, e observou novos favos de grande
alvura e cheio de mel. Tirando estes novos favos,
deixou-os escorrer sobre uma peneira, e obteve um
mel mui branco e de gosto agradável. Elle affirma que
o mel obtido deste modo é sempre excellente, e que
o vende pelo dobro do preço do mel commum de Ia
â Irlandem.
qualidade, com o nome de mel
Na Moldavia e na Vekrania preparão com o mel
ordinário uma espécie de assucar solido e branco como
a neve. Com este assucar de mel de abelhas é que
os destiladores de Dantzick fabricão os seus famosos
licores.
O seu processo consiste em expor o seu mel, durante
tres semanas, á acção da neve, em um vaso não con-
ductor de calor, de madeira, por exemplo; o mel não
alvo como o bom assu-
gela, ' porém torna-se duro e é
car Com este mesmo mel que na Galicia e na
Itália se fabrica o marrasquino e outros licores
estimados.
Este processo seria impraticável nos paizes quentes,
se hoje o uso do gelo não fosse tão commum em
toda a parte.
3(5 MANUAL DE APICULTURA.

Conservação e purificação do mel.

O mel das abelhas se conserva dificilmente de um


ânno para outro. Sabe-se que o mel se apodera da
humidade do ar ambiente, dissolve-se, torna-se dema-
siamente fluido e azeda, mas elle se conserva perfei-
tamente, quando é posto em vasos bem tapado, collo-
cados em logares seccos e frescos.
Nunca se deve misturar mel liquido em uni vaso
Contendo mel consistente, porque essa mistura fer-
menta e azeda com promptidão. Querendo-se con-
Éervár o mel em estado de fluidez de um para outro
anno, basta deixal-o nos seus favos, sem tocar-lhes,
pondo os favos em potes vidrados.
O mel contém cera e outras impurezas. Para o
outro
purificar basta emmergir nelle um prego (ou
ferro), aquecido de modo que fique vermelho. Coe-
se depois o mel, e repita-se a operação se ella ainda
for precisa. Se o mel fermentou, azeda-se, e não ser-
ve mais senão para fazer hydro-mel, vinagre, ou álcool.
Flora das abelhas.

Já dissemos que as abelhas não fazião nenhuma


differença entre o mel o mais delicioso e o mel o
mais desagravei e mesmo malfazejo. A flor da laran-
geira não lhes agrada mais do que a do alho, sua
escolha é sempre determinada pela abundância e nunca
pela qualidade. Não é raro vêl-as passar por cima
de plantas cheirosas, e ir ao longe colher o sueco
insipido, porém abundante, de outras plantas, mesmo
de plantas venenosas.
Consequentemente o apicultor qne aspira a ter bom
mel, deve fazer a diligencia para cercar o seu col-
mêal com as plantas as mais próprias para isso, ou
pelo menos afastar o mais possivel aquellas que
gosto e sobre tudo, mel
podem produzir mel de máo -palavra,
nocivo á saude. Em uma deve estudar as
plantes que melher convém ás abelhas, com duplo
fim da producção do mel e da cera.
MANUAL DÊ APICULTÜPA. 37

As flores das arvores frUctíferas fornecem ás abe-


lhas uma colheita abundante, e o mel é sobretudo ex-
cellente quando as abelhas o extrahem do nectano
das larangeiras, limões doces, limas, pecegos, êtc.
Os arbustos de ornamento, que dão bellas flores,
também fornecem, em geral, bom mel, assim como
as flores dos prados; porém as que fornecem melhor mel
sãc as plantas aromaticas da familia das labidas.
O mel que as abelhas chupão nas flores do alecrim,
do rosmaninho, da alfazema, da erva de S. João, etc,
é sempre excellente e aromatico.
A vinha, os cereaes, o milho, etc, dão um mel de
medíocre qualidade ; porém produzem boa cera; o
mesmo acontece ao trigo sarraceno, que fornece abun-
dante mel, ainda que um pouco amarellado, e_ ex-
cellente cera. A Sociedade Auxiliadora fez distn-
buir grande quantidade de sementes deste vegetal,
cuja cultura não convém somente ao apicultor, mas
a todos os lavradores, pelos excellentes e abundantes
dos homens e
produetos que fornece á alimentação
dos animaes. (*)
Em um paiz tropical, quasi se não deve temer
que falte nunca sustento ás abelhas; porém,natural podendo
on
acontecer que, depois de uma enxamaçãõ
artificial sobrevenba alguns dias de chuva que em-
peção as abelhas de sahir, pôde, como já se fez ob-
servar haver o risco de que ellas morrão de fome.
Empregão-se dirversas misturas para supprir a falta,
de viveres, fornecendo as abelhas o mel que se guar- de
da, o assucar diluído com agua, uma mistura ai-
vinho com mel ou com assucar, ajuntando-ihe
de por qual-
guin sal, etc. O meio o mais simples
debesuntar todos
quer destas misturas a seu alcance, é
os dias os favos inferiores levantando levemente a colmêa.e
Além do sustento deve haver agua ebm pura,
colmeas.
se fôr corrente tanto melhor, perto das

âe 1863.
(*) Vide o AuafiUadôr de í>e2.eín't.ro
38 MANUAL DE APICULTURA.

Usos*do mel.

Os antigos não conhecerão o assucar ; o mel das abe-


lhas fazia as suas vezes. Basta dizer isto para com-
prehender-se que este ultimo pôde substituir o assucar
em todos, ou em quasi todos os seus usos.
Felizmente para os antigos, elles não conhecerão o
álcool; em seu logar elles bebião vinho ou hydro-mel, a
sua bebida de predilecção. O mel azedo é convertido
pelos modernos em vinagre, em álcool e em hydro-mel,
que ainda hoje é a bebida favorita dos povos do Norte e
dos Gregos.
Como a preparação do hydro-mel é inteiramente des-
conhecido entre nós, vou dar por extenso a receita para
o fabricar.
Como o seu nome indica, o hydro-mel é composto
d'agua e de mel. Fabrica-se de differentes qualidades,
conforme os usos a que se destina, isto é, simples, com-
posto e medicamentoso. A maneira de o preparar varia
de um a outro paiz ; porém eis o modo o mais usual.
O hydro-mel simples se faz somente com mel e agua,
e quando a mistura adquirir por meio de fermentação
uma força igual á do vinho, elle toma o nome de hydro-
mel vinhoso.
Neste caso mistura-se uma libra de mel com tres
garrafas d'agua, e leva-se ao fogo em uma vasilha de
cobre estanhado. 0 calor deve ser moderado. A' medida'
que vão apparecendo espumas vão se lançando fóra, até
que ella tenha adquirido bastante consistência para que
um ovo fresco possa sobrenadar sem ir ao fundo. Che-
gado a este termo, côa-se por um panno ou deixa-se
correr sobre uma peneira fina.
Despeja-se depois metade, pouco mais ou menos, em
um barril novo bem lavado com agua fervendo, e ajun-
ta-se duas garrafas de vinho branco. Quando o barril
está cheio, tapa-se o seu orifício com um pedaço de
panno de linho para impedir que não caia alguma im-
pureza ; depois, leya-se para uma estufa, ou põe-se em
um canto da fornalha domestica, na-qual se deve con-
MANUAL DE APICULTÜRA. 39

servar calor moderado noite e dia, afim de esquentar o


liquido e fazel-o fermentar.
Põe-se o resto do hydro-mel em garrafas, ou em um
cântaro ou bilha de gargalo estreito, que se deixão des-
tapados ; basta cobril-os com um trapo limpo, e pôl-os
perto da fornalha. Esta parte, posta em reserva, serve
para substituir aquellas que se dissipão pela fermenta-
ção, que ás vezes dura 6 semanas. No fim deste tempo
fecha-se o orifício do barril com uma rolha envolvida em
um trapo de linho. Não convém apertar muito a rolha,
porque de espaço a espaço se é obrigado a tiral-a para
encher o barril. Transporta-se então para uma adega, ou
logar escuro e fresco, e no fim de 3 mezes engarrafa-se
o hydro-mel.
E' possivel fazer fermentar o hydro-mel expondo-o á
acção do sol; mas como este astro nem sempre^ se mos-
tra, não é possivel obter uma fermentação uniforme e
prompta.
Depois de prompto, a consistência do hydro-mel se
assemelha á de um xarope, e o seu gosto ao do vinho
Malvasia. Neste estado elle passa por cordial e estorna-
cal; dissipa os gazes formados nos intestinos, cura as
eólicas que resultão da formação desses gazes, e facilita
a respiração.
O hydro-mel composto se prepara do modo seguinte :
Em quanto se fiz ferver água e mel, nas quantidades
acima indicadas para a preparação do hydro-mel simples,
faz-se ferver passas, partidas em duas metades, na razão
de meia libra para 6 de mel, e cozinhão-se em 4 quar-
tilhos d'agua. Quando este cozimento está reduzido a
metade, côa-se em um panno, espremendo um pouco as
e faz-se fer-
passas, depois mistura-se com o hydro-mel,
ver tudo junto durante algum tempo, introduzindo no
liquido uma fatia de pão molhado em cerveja, espu-
raa-se por mais de uma vez, tira-se o liquido do fogo,
deixando-o repousar por algum tempo, è derrama-se
com precaução, afim de o separar do seu sedimento, em
um barril que contém uma solução de uma onça de sal
de tartaro (tartrato de potassa) em um copo de espirito
40 MANUAL DE APICULTURA.

de vinho. Enche-se o barril, que se expõe sem estar, ro-


lhado nem coberto, ao calor do sol, ou em uma estufa
bem quente, onde se deixa até que não saião mais es-
pumas, enche-se de novo pela ultima vez, põe-se-lhe a
rolha e transporta-se para uma adega.onde odeixãoem
repouso durante alguns mezes, e depois engarrafa-se.
Attribuem-se virtudes maravilhosas ao hydro-mel com-
posto: o seu uso fortifica o estômago, cura as encha-
quecas, destróe as obstrucções intestinaes, cura final-
mente, a phtisica, a asthma, e, em geral, todas as mo-
lestias dos pulmões, dos bronchios, etc.
Pretende-se que o hydro-mel composto se torna ainda
mais agradável, misturando 5 ou 6 gotas de essência de
canella, no espirito de vinho que serve para dissolver o
sal de tartaro ; ou pôr de infusão cascas verdes de limão,
flores e aromatas, conforme o gosto de cada um. Póde-se
beber este licor em logar de vinho, nos usos communs
deste ultimo.
O hydro-mel ordinário ou commum, se prepara como
o hydro-mel simples vinhoso, porém sem fazel-o fermen-
tar. Duas libras de mel misturados com 20 libras d'agua,
e fervendo esta mistura em calor moderado, até que a
evaporação tenha diminuido a terça parte, ou até que
um ovo possa sobrenadar no liquido, dá bom hydro-mel
commum. Espuma-se o liquido, que depois se entorna
em um barril, e repete-se a operação até que este esteja
cheio ; deixa-se repousar durante 2 ou 3 dias, no fim
deste tempo pôde beber-se. As virtudes attribuidas a
este hydro-mel são mais modestas : é simplesmente es-
tomacal, e serve de refrigerante e fortificante aos que
fazem trabalhos pesados.
Fabricão-se também hydro-meiscomdecocções de her-
vas vulnerarias e mel, que servem de medicamentos
aquelles que estão affectados dos pulmões.
O mel virgem de boa qualidade é freqüentemente
empregado como medicamento alimentar e no trata^
mento de certas affecções. Considera-se como emoliente
e levemente laxativo, e o prescrevem para adoçar as tir
sanas e outros medicamentos nas phlegmarias do peito,
em garganinas, nas doenças da garganta, e como excitar
MANUAL DE APICULTURA. ¦uai
41

dor dos fluxos menstruaes das mulheres ; algumas vezes


applicão sobre as chagas afim de diminuir a irritação e
provocar uma suppuração de boa natureza ; a medicina
veterinária também lhe dá vários empregos.

§ VII. — Ceça. — Natureza da cera. —Extracçao


da cera.—Sua purificação e embranquecimento.
— usos da cera.

Natureza da cera.

A cera é o resultado da transformação do mel, uma


verdadeira secreção produzida por um órgão particular
situado sobre as partes lateraes da linha media do abdo-
men das abelhas; ou por outras palavras, esta substan-
cia é o produeto de uma espécie de digestão dos suecos
das flores nos órgãos circulatórios, que tomão a fórma
de pentaganos irregulares nos receptaculos que existem
debaixo do ventre das abelhas.
Acreditou-se por muito tempo que a cera era o pollen
transformado ou elaborado pelas abelhas. Hubert, de
Genebra, foi o descobridor da origem da cera, origem
tão mysteriopa até então, que denominavão o — segredo
da, abelha,— ás cousas que não se podia explicar. Ve-
rificou-se que as abelhas, alimentadas com calda de as-
sucar, transformavão uma parte desse assucar em cera ;
isto é, que de 500 grammos de calda ellas extrahião 30
de cera, e apenas 20 do mel.
A cera é portanto um produeto fabricado pelas abe-
"Existe
lhas. cera natural nos vegetaes, mas essa cera é
mui differente daquella que as abelhas fabricão.
A cera das abelhas domesticas é branca, e entretanto
a que se tira das colmêas é sempre amarellada ; obsèr-
vando-se com sorpresa que as mais bellas ceras resultão
de um mel mui corado. O mesmo acontece quando se
nutre as abelhas com assucar branco ou mascavado;
este ultimo, fornece maior quantidado de cera e essa
cera é de qualidade superior.
E' em fórma de lamellas ou de pequenas agulhas que
6
42 MANUAL DE APICULTURA.

a cera sahe dos saccos abdominaes da abelha. Estas la-


mellas são tão leves que são necessárias mais de 200
para igualar em peso a um grão de trigo.
Quando a abelha quer construir, toma com suas patas
essas lamellas, leva-as á sua boca, mastiga-as e as im-
fio
pregna com um sueco análogo á saliva, e faz um
molle que applica no ponto da colméa onde quer edifi-
car o alveolo.
Adoptando a fôrma hexagonal e a uniformidade dos
alveolos, a abelha dá ao homem uma lição de construo-
ção de que elle ainda não soube utilisar-se; porquanto
esta fôrma faz aproveitar os espaços da maneira a mais
vantajosa.

Êxtracção da cera, sua purificação e embranque-


cimento.

Depois de ter expellido as abelhas da colméa, tirão-se


os favos que se collocão sobre peneiras, afim de extrahir
o mel virgem, revirando de vez em quando os favos afim
de facilitar o cozimento do mel ; aperta-se depois os fa-
vos, o que produz uma segunda qualidade de mel; e,
finalmente uma terceira e quarta qualidade, compri-
mindo os favos metidos dentro de saccos, ou em uma
prensa.
Depois de ter reunido todos os restos dos favos, põem-
se estes em saccos de panno grosseiro de trama frouxo,
cosendo estes saccos, qne se deitão em uma caldeira
com bastante água para os cobrir, porém de modo que
o seu nivel não exceda dos dozes terços da altura da
caldeira. Applicando calor, a cera derretida se escoa
dos saccos, e vêm accumular-se na superficie; tira-se
então a caldeira do fogo e deixa-se esfriar. Se duran-
te a fervura, a cera se eleva a ponto de ameçar entor-
nar-se, basta algumas gotas d'agua fria para acalmar
essa ascenção tumultuaria.
Os residuos que ficão nos saccos serve de estrume.
Depois de fria, tira-se a cera, e raspa-se com uma
faca as partes impuras que cobrem a sua parte superior
MANUAL DE APICULTURA. 43

e inferior. Estes residuos podem ser aproveitados em


usos que não exijão cera superior, ou converterem-se
em boa cera repetindo a mesma operação por mais de
uma vez.
Logo que reuna uma certa quantidade de cera,
funde-se de novo para formar uma só massa, que se
desembaraça de corpos estranhos, raspando-a, como
acima se disse. Convém em todos os casos deixar que
a cera esfrie lentamente.
Neste estado é que a cera é vendida ao commereio,
porém os cerieiros a embranquecem por meio de pro-
cessos, que não deixão de ser trabalhosos.
A cera é submettida a dous tratamentos differentes,
a saber: & purificação eo embranquecimento.
A primeira operação se effectua derretendo a cera
em uma caldeira de cobre estanhado, de fundo eliptico,
tendo uma torneira situada na terça parte da altura
total da caldeira. Deita-se água nessa caldeira, porém
de maneira que só chegue ao nivel superior do tubo;
esquenta-se a água e vai-se lançando nella pedaços de
cera, e continúa-se a aquecer gradualmente a água,
tendo o cuidado de remecher constantemente com uma
«•rande espátula de madeira afim de distribuir uni-
formemente o calor e temperal-o pela acção da água.
Quando a cera se acha toda derreetida, ajunta-se
uma pequena quantidade de creme de tartaro em pó,
couza de 4 onças por cada quintal de cera, remeche-
se de novo, e deixa-se repousar. Julgando-se que a
cera está sufíicientemente purificada, abre-se a tor-
neira para a fazer correr para uma cuba de madeira,
arranjada de modo a oppôr-se a um prompto resfria-
mento. Deixa-se ahi a cera em repouso durante o
tempo necessário, para que se separe do resto das
impurezas.
Finalmente, por meio de uma torneira situada na
a cera para uma
parte inferior da cuba, se faz correr
espécie de fôrma furada no fundo, com muitos orifícios,
todos situados na mesma linha. A cera cahe em fios
sobr<í um cylindro de madeira, em parte mergulhada
n'agua, e ao qual se imprime' um movimento regular
44 MANUAL DE APICULTURA.

de rotação. Quando cahe, a cera se achata por seu


do cylindro fazendo-a
próprio peso, e o movimento não consente
cahir sempre em novos logares, que ella
se accumule, mas a transforma em tiras ou fitas,
e pouca espessura
que, apresentando muita superfície
se presta perfeitamente á clarificação.
A cuba, longa e achatada, espécie de banheira, onde
se mergulha o cylindro, é forrado de chumbo, e a
água que ella contém é de continuo renovada e re-
frescada, por meio de uma corrente de água fria.
As tiras de cera se tirão da cuba e se põem sobre
espécies de grandes peneiras forradas com panno de
linho ou de algodão, que se collocão em um logar
bem arejado. Todos os dias se revolve as tiras por
muitas vezes, afim de renovar as superfícies; e quando
o embranquecimento não faz mais progressos, refunde-
se a cera e torna-se a converter em fitas para a expor
de novo á acção successiva do ar, do sereno e da luz.
Keitera-so estas manipulações, até que o embranqueci-
mento esteja perfeito.
Terminada esta operação, refunde-se pela ultima
vez a cera, e quando ella se acha liquida faz-se
correr, por meio de uma escudela, sobre uma mesa
molhada, cheia de pequenas fôrmas fundas que a con-
vertem em pães de cousa de 2 onças cada um. De-
baixo desta fórma de pães é que a cera branca é
conhecida com o nome de cera virgem.
Não convém tirar a cera branca de cima das peneiras
em tempo chuvoso ou humido. porque ella toma uma
côr cinzenta e perde uma parte de seu pezo. Por
esta razão deve escolher-se um tempo mui secco para
fazer esta operação.
Os diversos restos desta serie de operações, se refun-
dem com água, e submettem-se á uma prensa. O
producto obtido fica muitas vezes com uma côr cin-
zenta, e por isso só serve para fabricar bugias de
inferior qualidade ou rolos, tendo-se porém o cuidado
de formar a ultima capa destes com boa cera branca.
Os últimos resíduos da prensa, empregão-se para dar
mais corpo e elasticidade ao alcatrão, que fica ex:-
MANUAL DE APICULTURA. 45

cellente para alcatroar as cordas e cabo dos navios.


Todos os ensaios tentados com o chloro e os chlro-
ruretos pára o embranquecimento da cera só tem pro-
duzido máos resultados. l
tfão convém expor as tiras de cera a acçao directa
do calor do sol, porque este as derreteria; expõem-
se porém os pequenos pães, para que elles adqui-
rão certo lustre.
Usos da cera.
en-
A cera purificada, porém não branca, serve paracertos
cerar os soalhos, os moveis, para a encaustica, etc,
flores
vernizes, etc.; para figuras, vellas, tochas lustrar e
é indispensável embranquecel-a. A cera de
uma mistura de cera, resina e terebenthma. #
¦ As vellas e tochas se fazem cobrindo um pavio de ai-
successivas
íiodão mais ou menos grosso, com camadas de uma
de cera ; os rolos são feitos no torno, composto sao
fieira e de um molinete ; as bugias ordinárias, em um ge-
ralmente feitas em fôrmas ou por immersãode
banho de cera; as bugias diaphanas se compõe moldadas. partes
iguaes de cera e de espermacete, e são sempre
— Preceitos.
§ VIII.
recapi-
Antes de terminar, é útil fazer uma succinta o api-
tulação de alguns preceitos de importância para
CU— senão uma
Não deve haver nunca em uma colmêa, infallivel-
rainha perece
#unica rainha; uma colmêa sem
mente. ,
Emquanto houver em uma colmêa larvas de
crear
obreiras de menos de 3 dias, as abelhas podem
uma abelha mestra.
Se a rainha morrer 3 dias depois de pôr os ovos
de rainha, a colônia
das obreiras, e antes de pôr os ovos
a uma outra.
perece ou se reúne anno.
As abelhas-mestras põem ovos quasi todo o
excepto na estação fria.
46 manual de apicultura.
As colméas enxamão maior numero de vezes nos
paizes quentes, do que nos temperados ou frios.
Quando uma colméa não é suficientemente po-
voada para as suas dimensões, não sahe delia enxame
novo.
Quando uma colméa tem fraca população, é ne-
cessario irapedil-a de enxamar.
O meio que ordinariamente se emprega para co-
nhecer em massa a população de uma colméa, é bater
de leve em uma de suas paredes, e applicar-lhe segui-
damente o ouvido; o que deve ser feito de manhã cedo,
ou á tarde. Se a colônia é numerosa, ouve-se um zum-
bicto surdo que se renova por muitas vezes; se, pelo
contrario, ella é fraca, esse zumbido é sonoro e dura só-
mente um instante.
A maneira de impedir que uma colméa enxame
é ajuntar-lhe uma nova parte vasia.
Uma só colméa pôde dar de 6 a 8 enxames; mas,
em geral, a que dá mais de 4, perece quasi sempre.
Um enxame de um anno
pôde dar de 1 a 2 enxa-
mes novos.
Os enxames sahem ordinariamente das colméas,
desde ás 10 horas da manhã até 4 ou 5 horas da tarde.
Os enxames recusão uma colméa muito espaçosa.
Um bom enxame deve
pesar de 5 a 6 libras.
-^ Sendo a cera mais cara do que o mel, convém for-
çar as abelhas a fabricar a primeira.
Em uma grande colméa obtem-se mais cera.
Em uma pequena colméa obtem-se mais mel.
A colheita do mel não deve ser senão o supérfluo-
das abelhas.
Uma colméa bem
povoada consome libra ou libra
e meia de mel na estação em que faltão as flores.
O melhor mel se encontra na
parte superior da
colméa.
Quanto mais novo é o mel tanto melhor elle é.
Quanto mais velhas são as colméas, menor
é a quantidade de mel que ellas contém. quanto
Tanto mais velhas são as colméas
branca é a cera. quanto menos
MANUAL DE APICULTURA. 47

Paia cbnhécer-se se uma colmêa é> antiga' Otf nova,


basta levantal-a e examinar a côr dos favos ; se a mesa
sobre a qual assenta a colmêa estiver limpa, se a cera
fôr branca, isso serve de indicio certo da bondade da
colmêa e de que ella é nova. Todavia é bom, nesta ve-
rificação, não sec ontentar de vêr os favos inferiores, que
algumas vezes se cor tão para forçar as abelhas a cons-
truir outros novos, dando-se assim á colmêa uma falsa
apparencia.
Todos os favos de uma colmêa devem ser renova-
dos pelo menos de 2 em 2 annos.
Esta renovação bisatnnual dos favos é o melhor
preservativo contra as traças.
Convém extrahir das colmêas a cera velha, a que
está suja e atacada pelos insectos; fazendo-se esta opé-
ração, as abelhas se tornão mais activas, e reparão a
perda em poucos dias.
A exposição das colmêas influe muito ; convém
nem
que ellas não estejão em posição tal, que soífrãQ
muito calor, nem muito frio.
Quando o calor fôr mui grande, é indispensável
ventihar as colmêas.
As colmêas não devem pousar sobre a terra; basta
acima
porém que ellas estejão elevadas de 4 a 5 palmos
do chão.
A relva em tomo do colmeal deve estar sempre
limpa ; mas essa relva deve estar um pouco longe.
Convém que haja agoa bem limpa perto do col-
meai; e se ella fôr corrente tanto melhor.
Deve procurar destruir-se todo o gênero de insec-
tos ; as formigas são os inimigos naturaes das abelhas,
assim como muitos outros insectos alados, as gallinhas
e os pássaros. ,
Não se deve irritar as abelhas nem consentir que
faça bulha em torno do colmeal.

FIM.
índice do Manual de Aplcultura.
Pags.
3
Introducçao
PRELIMINARES.
§ I._C0NHECIMENT0S
Enxame ou colônia de abelhas . '
/
Diversidade das abelhas que compõem um enxame
Funeções da abelha-mestra '
" dos zangões °.
" das obreiras ^
Trabalho das abelhas *
Construcção dos alveolos ou cellulas |u
Criação das larvas
o
S II.—Abelheira OU COLMEAL.
Abelheira ou colmeal ||
Collocação das abelheiras -J|
Acquisição .„
Cuidados que se deve ter com as abelhas j«j
Colmêas Lá
e inimigos das abelhas.
§ III.—Moléstias
Doenças a que estão sugeitas as abelhas 18
Inimigos das abelhas
§IV.
Uso do pollen e do propolis 20
§ V.—Enxames.
Enxames naturaes 22
Enxame artificial 25
§ VI.—Mel.
Instrumentos e utensis para extrahir o mel c a cera . .30
Colheita e preparação do mel 32
Influencia da vegetação sobre a qualidade do mel. . 33
Purificação do mel 35
Conservação e purificação do mel àb
Flora das' abelhas 36
Usos do mel 3o
§ VII.—Cera.
Natureza da cera 41
Extracção da cera, sua purificação e embranquecimento. 42
Usos da cera 45
§ VIII.
Preceitos • 45
*... < •..-¦¦¦'*:
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II
I

15
/

lllllli!
DA

INDUSTEIA NACIONAL

EM
SESSÃO
16DO CONSELHO ADMINISTRATIVO
DE NOVEMBRO DE 1863.

Presidência do Sr. conselheiro Mariz Sarmento. "\.

os Srs
As 6 horas da tarde, achando-se presentes
de Carvalho, Drs.
conselheiros Mariz Sarmento e Dias V-lhen., Vd z,
Bu Caqui, Souza BeKo, Souza Costa,e Ferro Cardoso,
Lúcio Brindao, José Rufino, Onofre Is.aael Eeu-
eommendador Duarte Galvão, Azevedo Valdetoo, Codk,
rique Nascentes Pinto, Cmc.nato A. C. Aavier
Antão, Celestino Maurício Qumtanüha,
de Brito e Joaquim Varella.
antecedente.
Foi lida e approvada a acta da sessão
EXPEDIENTE.

declarando que o
Aviso do ministério da agricultura, orgamsadas
.oferao imperial approva as instrucções
paia que a so-
dentro e fora do império, e devolvendo-asop^'"*!
Sde as taça impUr, e remmetta
ao dito ministério o numero de exemplaies proporcio
V
V
4 —

nado ao dos agentes do governo qne forem incumbidos


daquelle trabalho.— A' redaeção do periódico.
Idem, transníittindo. para que tenha a devida publi-
cidade, dous exemplares das Memórias de Francisco
Adolpho de Varnhagem sobrei vários melhoramentos in-
troduzidos nos engenhos de assucar das Antilhas eappli-
caveis aos do Brazil. e acerca do modo de melhorar o
cultivo e preparo do tabaco da Bahia.— A' redaeção do
periódico.
Idem, transníittindo. a tim de que sejão submettidas
ao exame da Sociedad" e opportunameiitc devolvidas ao
mesmo ministério, quatro amostras dc um producto que
os Índios Coroados extrahcm na provincia do Paraná
<<u
do vegetal conliecido polo nome de urfujn l>r<in<"_
o linho
imhinsxà. e que tem a vantagem dc substituir
nos trabalhos da cordoaria.— A' secção da agriculi ura.
Oilicio do Sr. Luiz (ioim-s Iíibciro de Avcllar \\ <r
neck, do Paty do Alteres, agradecendo a sua admissão
como sócio eitectivo.— Inteirado.
OtÜcio do Sr. Luiz dose de Mendonça, de Maceió. d>-
clarando que pretende fundar nas terras de sua ]>v><-
de lavoura dedicado espe-
priedade um estabelecimento
cialmente á cultura do algodão dc lmi-a libra mi *<<i-
os
islaml, para ensaiar a primeira plantação, hein cuno
escriptos que houver a respeito da cultura dessa espécie
de algodão.— Ao Sr. secretario para satisfazer.
Officio do Sr. director do archivo publico, Dr. Auto-
nio Pereira Pinto, pedindo para se ivnietterem a essa
repartição os números que a Sociedade possuir do seu
Dr. Souza líoem declarou ja
periódico. 0 Sr. secretario
ter satisfeito a essa requisição do modo que lhe íoi
possivel.
Officio do mesmo Sr. director, aceusando o recebi-
mento do dito periódico, e reclamando os ns. 3 e 4 do
anno de 1862. 0 Sr. secretario declarou que esses nu-
meros se achão esgotados, e lembrou ao conselho a ne-
cessidade de fazer-se reimprimir esses e outros números
collecções que estão trun-
que faltão para completar as
cadas.— Ao Sr. thesoureiro para informar.
Officio do Sr. E. Fromentin, agradecendo a sua
5

admissão como sócio effectivo, e declarando que em


breve convidará a sociedade para assistir ás expenen-
cias da machina a vapor rotativa de sua invenção, que
serão feitas na Ponta cVArêa.— Inteirado.
Forão recebidos com agrado : um folheto intitulado
Apontamentos sobre suspeições e recusações, reniettido
Luiz Francisco da
pelo seu autor, o juiz de direito Dr.
Câmara Leal, chefe de policia interino da provincia do
Paraná; o n. 3 do 3° volume do jornal A Lanceta, do
Ceará, remettida pelo seu redactor, o Dr. Joaquim Au-
tonio Alves Kibeiro ; 3 números do FauHsta e outros 3
do Correio da Viotoria, enviados pelas respectivas re-
«moções. ^ toa
Depois de algumas observações íeitas pelos Srs. Aze-
vedo e Burlamaqui sobre o aviso do ministério da agri-
cultura que trata das instrucções organisadas pela So-
ciedaile para a acquisição de sementes de _plantas, o
conselho decidi.» que se mandassem imprimir, e se re-
met tosse ao dito ministério o numero de exemplares que
ivijuisita.
O Sr. Dr. Sou/a lb-go propoz que se_autonsasse o
Sr. thesoureiro a fazer a despeza necessária com a com-
os diplomas de sócios.—
pra de uma prensa e sello para
Foi approvado sem debate.

ou o em r>0 DIA.

Foi lido e approvado o seguinte parecer da secção de


agricultura
1 " :
l) Sr. presidente cia provincia de Goyaz remetteu a
Sociedade Auxiliadora, um embrulho contendo duas
ar-
amostras deum produeto vegetal que se extrahe de
d
vores conhecidas naquella provincia com o nome An-
«-¦ico ; propondo-se no caso desse produeto offerecer ai-
flores e fruetos dessas
guma utilidade, a enviar folhas,
arvores, afim de ser classificada a sua espécie. _
<: A secção de agricultura, a quem foi reniettido o om-
cha-
cio c as amostras,"" não podendo saber se a arvore
as
mada Angico na provincia de Goyaz, corresponde
do im-
que, tem o mesmo nome nas diversas províncias
\

— 6 —

Angico de De-Martius é
perio, entre as quaes a Acácia se deve aceitar
i única bem determinada, pensa que
do br. presi-
com agradecimento a obsequiosa offerta a
dente de Goyaz, de enviar as peças necessárias para
classificação da arvore. _
" Na exposição nacional forão vistas diversas amostras
d'Angico,
com os nomes, ora de. gomma, ora de resina
analogia com as de Uoyaz, poiem
que oferecem grande
não tão bellas como estas ultimas.
" Feitos os devidos estudos, a secção julga dever m-
cluir este producto no numero das gommas-rosinas,
de
ainda que ella seja quasi na totalidade composta
arábica.
uma matéria gommosa mui análoga á gomma
Dissolvida n'agua, deixa um resíduo avermelhado, qu.-
é uma verdadeira resina orada e de gosto adstringente,
sua
cujas propriedades não poderão ser examinadas pela
insignificante quantidade.
"O álcool fraco dissolve completamente <-sse ívsulii-*,
urdi-
sem atacar a gomma. Empregando a aguardente
naria, póde-se portanto purificar o producto e t..rnal-o
aos
commercial, pois que a gomina do Angico sr presta
mesmos usos que a arábica, á qual pôde substituir nos
usos ordinários, mesmo no estado natural.
" Mas é necessário reduzir
para lazer esta purificação,
a matéria a pequenos pedaços ou a pó, e atacal-a pela
agoardente ordinária, melhor a quente do (pie a trio;
ou também dissolvel-a em água pura. separar a parte
dissolvida coando-a em um ]»anno grosseiro, e lazer eva-
mi a logo brando.
porar a água ao calor do sol
l< Sea o producto pôde ven-
purificação for bem feita,
der-se aqui pelo preço da goniiiia arábica.
£í Não deixa de ter interesse dizer-se, que a gomma-re-
sina do Angico, passa como excellente remédio nas mo-
lestias de peito.
" Seria de muito interesse verificar os usos tlu-rapeiiti-
cos desta substancia ; e se a sua appiicação ás moléstias
de peito produzisse os bons effeitos que se lhe attribue,
então ella assumiria toda a importância que merece, so-
bretudo nesta cidade onde as tosses e as lesões dos órgãos
respiratórios são tão communs e rebeldes aos tratameii-
7 —
substituir essa
tos conhecidos. Pelo menos ella poderia
do estrange.ro ou se
multidão de xaropes que nos vem
e desconhecida.
\*
fabricão no paiz, e cuja composição
"Um dos membros da secção affirma que que a gom-
experimentado e de
ma-resina do Angico é um remédio emprega-se
eíficaciaindubitavel; e que na sua província
e que quando este
ora falta delia, o sumo das folhas, completa, e porque
w lio não produz cura prompta e ma.s que
s li do doente estão contados. Açcrescenta no
,:, ua-resina do Angico empregada internamente
"aso de que-
tle contusões, especialmente as queresultaoa armea.
do que
Z em tanta ón maior efficacia
angico e também appli-
nalmente a gonmia-resma do
homopt.s.s ou he-
,',;,"; 2» gmnde effeito, dizem, nas
in.irrliíi<nas de sangue pela boca.
« N >~interesse da humanidade sofredora convém ve-
a esta substancia sao
,.ltit,;r se as virtudes attribuidas
• mas. para esse fim, e para a vulgansar e torna 1-a
mercado
, 1 ,èi a aqui, onde ella acharia um grande
e a prescrevao,
,assuio «.ue os médicos a adoptem de uso
a,! ;,1(,ll,; a toínat-a «n. produeto pharmaceuueo
C""'o'sr de Goyaiftjia nm
presidente da provineia no interesse da pro-
e
eminente serviço á humanidade,
S administra, se enviasse uma grande porção
de Metona so-
ÀL .uWanci. A Academia Imperial as devidas expe
licitando-a para que a submettesse
nencias
''°S'ila das sessões, 16 de Novembro de 1863.— F- L.
A. F. Co/m, secretano.-
C. ZcrlZ:,lk presidente.-
os Srs.: Dr. Joa-
^n^approvLdos sócios effectivos
m Duque-Estrada Teixeira, Gony Stephen e A„
„„

Mello, por pro


pL • Francisco Cândido Goularte de
Ismael; Dr. João Baptista CortmesLaxe,
potY\o Sr
— 8 —

vidente» no Bio *™*^£&%gXto


Di An omo 1 mc
Maurício Qumtamllia ; d. Cha^ 1 L
Júnior e Antônio Jurtmumo1 »Aaj _
d0 Sr. Dr. Onoíre ; coronel na ü^
Nogueira da Gama, íazendeio do
Itapmmnm por p.oposta
grete,em st, o oi. £r
i ^
Nada havendo mais a tiatai
vantou a sessão.

EM 3 UE DEZEMBRO
SESSÃO UO CONSELHO.
DL lobo.

Mariz Sarmento.
Presidência do Sr. conselheiro
ás 6 1/2
Achando-.» presenh,. ^^''^
Di», i*»um | n .
Srs conselheiro Man/. Sarmento,

___: S^°^í^ vi^.^^. i^jo. -s^™-^^


"- 1
naio • como os sócios eltectnos *jh.
bem

e Coelho An.ao, abre-se .


rtólek Ln&nvll
86 "approvado 10 de
lf sem debate a acta da sessão de
Novembro próximo findo.
EXPEDIENTE.

commercio o obras
Aviso do ministério da agricultura, sociedade informe
a
publi as : 1" remettendo, paradaque Mm-
S„ parecer, nm officio presulcnc,a de
colhido por Bento
G raes com uma amostra de azougue noslmntos
Gome"olhade Escohar em uma mina descoberta
a de S. Pano; 2-
d, provincia com Cunha, ie-
Dias dajen^nd»
um novo requerimento de Joaquim
"ativo
labnear viulio de
ao privilegio qno solicitou para
9 —
-1™ » "^gJj?_
uva do pai, ; 3» remettendo, para Josepn Pram
forme o requerimento em que o francez
S
™ 'anno em Pernambuco, solicita privilegio por
vender no Impeno, atiadores
15 para fabricar e Vão á secção de oh,-
de r invLcão, para navalhas.-
m
da sociedade, tres amos-
DtotStendo ao exame
na fabrica de Fernao
tv s o panno, manufacturado na
Veho
Vctio, i,piopiit-u. companhia União Mercantil
n i-ielade da AWôas
—A'a oo v de indus-
secção
capital da província das Alagoas,
tníL)!to)l informe o re-
remettendo, para que a sociedade solicita
nuei non en queCamillo de Lellis e Silva carros
e vender
l 1" , dei armes para construir transiteoh
nados ao
u Sos lie sua invenção, dcst
c,vus verdes do matadouro publico para os difterentes
"í 1 t • ,-id-ide — A secção de machinas e apparelhos
1 da directoria central
, , dc ' 16 de Novcml.ro,
brevidade, na apresenta-
,1„ „ .s ô nrirristciio, pedindo so
, . .1,. inroLvr relativo á concessão do privilegio que um ap-
no Impeno
I ; ,;\vriglrt. para vender a.sucai.
u-elho destinado á luanutãctura e retinaçao do
1
"U \ elia-se na mesa o parecer e vai ser lido. relaüva a
carta cn, iVrrucl,. dc E, Fromentrn
»»'¦• 1!"l",,ill!l ^ ^'^mcarruT Xkrtífíl
d"S "n\y S;;;™Í"P no barão de Ta-
nc x,.
tue l'Liàis
carta, tambem em lianccz,
eX=ecessa-
E^mS ^am ^^
rÍ,0Ífií:r,WFnmcisco
Marcondes de Moura e Cas-
a sua nomeação de soco
tmd.-Tairt-a.US agradecendo

^ i,!.^™t "ao «"'enviando os pare-


J^,t ml, a cargo do Sr. br. Capanema pre-
eodrm. ca md™
, ente da secção ,1c geologia applieada dc viagem, me
fv;.,1 „ mio nor este, em conseqüência
de secretario da mesma
JilXgí^ na qualidade
S<!
números da revista da Associação Recreio
Quatro
Auxil.Jan.18tU.
— 10 —

,- AaQ. Pm.Io 5 ditos da Revista Commer-


Porto das
Í^Xâlt-I^AuFo^a^ agraÜo.
Caixas.- São recebidos com
ORDEM DO DIA.
ácêrca
m a Qr +>iMonreiro informado o conselho

industrial:
gia applicada e chimica
com eue.
de caZ e assacar preparado
de 1857).
(Carta de 20 de Dezembro

"";srSE_iH£S
^ 0°Sr Madail offerece mais bisulphitos gratuita-
meute a quem o quizer «P»™"1,^ a slia cavta e Be
as mes-
iJmtt^u^^at^til.ati.-a,-

os uão recebi. -O. 8. de Capanema. -


allude porque
Concordo.— G. A. Gabagha.
« Fabricação de sal marinho.
de 20 de Março de 1858).
(Aviso
« Pronõe-se Gibons a construir salinas, produzindo
auuo 100,000 toueladas de sal, que elle
l„Kouo primeiro

cahem, e em que tn ter-


dias, a quSde de chuvas que
vallos.
— 11
aj-
« Não apresente condições alg^as, nem, «^ ^e
melhoramento que se possa applicar as salinas ja
gum
67Taíla nnioa prova pro-
daS snas habilitações e como
duas caixas com sa1
põe-se a mandar

•r fitoefo ZTo«raío áa BOv^-VOla eJe^^ocee.


26 de Julho dc 1859).
(Carta de
fogo
« T)i7 oue tendo-se feito uma roçada e lançado

____""orrOes. "^
££?_?Ect»

tade á Sociedade Auxiliadora.


u Scr^ exi-ir amostras e saber se esse cinza
q < conveniente '.elo phe-
Sm diversos togar», e se a
7n7ne
E=t7^H-f£"rf*
^»em«.-
Concordo.- O^GabagUa-

« 2WÍ--0 José ilfon/ecm.- SeZo arti/!c*a_.


21 de Julho de 1859).
( \viso de

etti
fonde meia libra de ^ ^^ ft. pas-
míl5Sa contendo 20 libras (Vagna.
sar por t.koTe «m «so insufficiente,
baixo cie um e como o m-
<< Essa quantidade de etliei t i™u egses
™07!srrr^r0çò:7 «*-..
incêndio. ,TQan(! m1P COntém o ether
« Pelo desenho vê-se ^^^^Tauelles onde se

gelação.
— 12 —

*- Vê-se do exposto, que o requerente é alheio aos


ccmesinhos de
principies mais ser f'?^S. ^" de Ca-pa nem a
vento só lhe pôde prejudicial.- G.
« Concordando quanto ao duvidoso resultado utd i o
Br. Francscc, José H>im,. an
processo apresentado peloartificial, concluo (tendo (c.
no intuito cie fazer gelo do.yrmlegio i«-
me não parece justificável a concessão
B. Gabagha.
dido pelo mesmo senhor.- G.

.anno passado).
4 de Julho e 23 de Setembro do
(Avisos de
» A' secção de maçhinas e apparelhos, forão presen-
relativos ao pr.vieg.o
tes o requerimento e mais papeis
vender no impei», um
que pede Ricardo Wrigh, paia -fi-
invenção destinado a re-h.u.,,...
aparelho de sua
assucar. , i; •_
" A invenção consta da combinação dos Oimos __i
os apparellios avac^
rantes, systema já conhecido, com do a
hoje também empregados para a concentração tem poi hm
das matérias saccharinas. Esta combinarão
seja supenoi a -i-
obter uma temperatura que nunca
^O apparellio é dividido em dous compartimentos :
a água desti-
o 1 inferiormente ollocado serve para eoncentraeao
a
nada a produzir o vapor necessário para
superior, oinl-e
do liquido contido no compartimento
disposição par
funccionão os discos girantes. Por uma
interior nao pod e
ticular, a água do compartimento
attingir á caldeira superior, e isto contribue paia que
Falirenheit
a sua temperatura não exceda a 212"
" Póde-se utilisar com as mesmas vantagens o yapoi
fazendo-o mtro-
produzido por uma machina qualquer, como
duzir no compartimento inferior do apparellio,
indica o desenho apresentado pelo supplicante.
« Entende pois a secção, que a invenção do Sr.
mecanismo, sa-
Wriffht ainda que de muito simples
em vista, a
tisfaz completamente ao fim que teve elle com os
saber • fazer a combinação dos discos girantes do li-
apparelhos a vapor ; de sorte que, a temperatura
1 '->
lü —

a 212» Fahreuheit par


nuido á concentrar nfto excedesse
i» Viom fabrico do assucar. o suppli- ,.
« Òuanto, 'a^cçfti
porém, ao privilegio que pede
toa ft sabedoria e decisfto do governe
cante
Ím.fsl da In-
das sessões da Sociedade Auxiliaelova
1863^-D^»
dusteia Nacional, cm 3 de Dezombrode -4. brolvao * uno,
^sío Dias Carneiro, presidente.-i».
secretario.
do
a Ai SCCcão d'agricutaí foi remettido o aviso
e obra, puta,
unuistrie eíàgricuftura, commercio
"¦X^^XXXi^XXfX sociedade sobre
'vau
de. cordoa-
, • n"q e ».ele°pvestar nos trabalhos
da província do
v, «fiCnnooHralio» Coroados, conhecida com o
i -in, dc uma planta ali
i

x:xfx:x:^ ^ - ^^ao mesmo


í.iirtiira brava ou dlmbirussú, de
cujas fibias

ministério. as fibras,
•< iTccão d-acmcultum só pôde dizer que

J'?ã:ií';^'==í."ÇEr:
L -i -^ taltao itie meios, matei ia e
+.»lf.in-llie
tomada em consideração,
tenip?- - -n +.»m meios de fabricar cordas, nem

t-^ftd, e .pcuido mesmo tí^^^^^lSl sao ei 1


hia a matéria, porque as amostias ™^ecer
uimiainentc i,»siSn»dcan te pane toda
o tempo. Ia ou t.iL matu^ todavia
mente, sem que U se
a resistência mecânica desejável
navegação pela sua pooca V
preste aos usos da salgadas ou doces,
e resistência á acção das águas
— 14 —

applicada aos usos


mesmo ás causas ambientes, quando
tei'"e o exame d«as
Não' sendo todavia para despresar-se
e dos quaes tal-
amuicações do vegetal de que se trata,
a favor ria navega-
ve se pòderáõ tirar úteis resultados as repartições da
ção ; e interessando isso grandemente a
marinha seria conveniente pedir-se lui.irussúpresidência do
do a hua
?aàtó algumas arrobas da fibra
a cordoalha, e
de ser no arsenal de marinha reduzido
com vantagem
experimentar-se se ella pôde substituir navegação.
da
o linho, canhamo ou cairo, nos usos _
" A secçao sabe que possuímos muitas matérias in-
recebemos do
digenas expontâneas, mui analogasás que nos, poi
estrangeiro, mas sem nenhuma utilidade ospara seus usos e
não terem nunca sido experimentados
dever d.- lazer ai-
applicações. Ao governo corre quasi o
dessas matérias, cujo
gumas despezas com o estudo a riqueza do
aproveitamento deve augmentar paiz, tnm-
a novas industrias que darão emprego
queando o passo
a muitos braços ociosos
« Sala das sessões, 3 de Dezembro de 1863. — Dr.
— Augusto ±<. Oolin,
F. L. C. Burlamaqui, presidente.
secretario.—M. A. Galvãou
" Proponho que o conselho leve á presença do governo
imperial, por intermédio do ministério ^agricultura,
solici-
commercio e obras publicas, uma representação,
ou de
tando a isempção de direitos d'alíándega, quaes-
e embaraços fiscaes, das sementes
quer outros impostos
Império. Que nessa represen-
que forem introduzidas no
tação, a mesa do conselho peça a particular protecção
do esclarecido Sr. ministro ^agricultura, rogando-lhe
instantemente que promova com todo o interesse que
solução
deve inspirar-lhe a prosperidade publica, uma
em todo
favorável deste negocio, de grande importância
mais su-
o tempo para a agricultura, e actualmente do do
bido interesse para os lavradores e p«ara as finanças
"Saladas sessões, 3 de Dezembro de 1863.—Dr.
"
F. L. C. Burlamaqui.
— 15 —

« Prooonho
f roponno que thesoureiro seja autorisado a
que o Sr. resolva o contrario, a
ga8taí-aTfi0M00Ór X ompTdo semente» de ai-

" de 1863.- Dr.


Sala das sessões, 3" de Dezembro
f. X. C. Burlamaqni.

.< Vou chamar a attenção do conselho administrado

taíias^sss-sssaStc
™s
do pai,, eqne promet te,.« grand^utuo.

da
das em Montevidéo, a respeito
-í r^sriSTr ^
I7e ss? £

ralisai novas espteu» estamoléstia,


^que, a
começou a mani &g
pois que

"•£fHSS7t"Ã- no p
zem criações destes ultimo^em ja
cometo a en-
SârB-s^rS^
que . c i
Brazil e alguns ensaios ja provarão fo toe ^ p«
¦ «Uaçã do bicho qne se nutre com as «nas
no O mesmo se pode du» doquanto »
sivel pai,. a
que nos lumtassemos a producao
porém,
do bicho do ricino para grande f^^^o abas-
dade do pai,, e paraforneceraos¦to™**™"^ impo Não
tados um recurso de nao pequena
— 16 —

admittem no-
fallo nos ricos, porque esses dificilmente
mesmo quando
vos meios de augmentar as suas riquezas,
e de manifesto m-
se lhes aconselha cousas conhecidas
sao os que
teresse. Sirva de exemplo o algodão. Quantos
dessa planta,
se têm dedicado seriamente á cultura o algo-
apezar do preço altíssimo a que tem chegado
durante
dão ? A despeito da tremenda lição que levarão
os quatro últimos annos, os nossos grandes cultivadores
algodão,
de café têm por ventura tratado da cultura do
cm um anno, do que o
que lhe produziria mais renda t
café em cinco, mesmo no caso de colheitas regulares
" A cultura do mamoneiro e a criação do seu bicho,
algodão:
está ainda em melhores condições do que a do
escuso
e a facilidade dessa cultura 6 tão conhecida que
basta dizer
insistir nisso. Quanto á criação do bicho,
casulo do ar livre, e que todos os
que elle fabrica o seu de
apparelhos necessários se reduzem a algumas caixas
madeira forradas de papel. .
" Já tive a honra de propor ao Imperial Instituto
Fluminense de Agricultura que fizesse criações destes
insectos na sua fazenda normal, com o fim de distn-
bui-los pelos lavradores ; e devo dizer ao conselho, que
bi-
assisti na fazenda de Sapopemba a duas criaçõesdo
cho do mamono. Por isso posso fallar com conhecimento
de causa sobre este assumpto. e ao mesmo tempo asse-
daquella fazenda, sempre
gurar que o proprietário
todas as tentativas de progresso,
prompto a auxiliar
facilitará a todos quantos quizerem, os meios de reali-
zar esta nova industria.
" Mas o que convém desde já é tratar-se de fazer co-
nhecido no paiz o valor desta industria, chamar a
attençao do publico agrícola, e fazer os estudos neces-
sarios para introduzir e animar a producção.
" Neste intuitoéque tenho a honra de propor ao con-
'
selbo que faça estudar por uma commissão especial tudo
e lhe proponha os
quanto fôr relativo a este assumpto,
meios de realizar a introducção no paiz da nova indus-
tria sericicula.
" Sala das sessões, 3 de Dezembro de 1863.—Dr. t.
L. C. Burlamaqui.
— 17 —

A Nascentes rm
_%^^^^^*
Uchôa
cintra propostos
Oliveira e Antônio rimicu nTn •„ . Luiz oJacomo de
Ferreira Sampai^mz
pelo Sr. Dr. J.
khreu e Souza, proposto vf^.f ^"0 Mollina;
o Albuquerque; Dr Jo« Ano^Ve ^

&-jf»™»™^V-
checo da Rocha, propostos pelo
Levantou-se a sessão »8h^ ^^ ^ de

Ferreira, secretario adjunto.

AGRICULTURA.

de
do meí/iodo de fecundação artificial
Daniel Hooibrenk. ( )
^.-eciafão

diversos es-
O novo methodo tem sido apreciado por alguns negao
modo mui contradictorio
de um mouuun
1.1 d^um . ;
crrptores rMtrin*rem a sua

e *™
um modo calmo, ao mesmo tempo pratico
e a sua aprec V
Este escriptor chama-se Belanger,

de Dezembro do anno próximo pas-


(*) Vide o Auxüiador
sado (1863). 3
Auxil. Jan. 186-1.
— 18 —

vem na folha do Cultivador Belga, de 23 de Setembro


de 1863.
" A fecundação das flores é a operação capital de sua
existência. Quasi todo o mundo sabe cm que consiste a
fecundação e qual a sua importância.
" O ovario é a parte da flor destinada a ser fructo.
Elle não se desenvolve, não se converte em fructo, se
não foi penetrado pelo pó amarello chamado pollen.
Para este fim o ovario contém um ou muitos _ fios cha-
mados pistillos, pelos quaes o pollen é absorvido depois
de posto em liberdade. O pollen está encerrado, até o
momento propicio, em vesiculas, collocadas geralmente
na extremidade de outros rios chamados estames.
" A' intermédio
penetração do pollen no ovario, por
dos pistillos, é que se dá o nome dc/ecundação. Se esta
não tem logar, o fructo não se turma, e todo o trabalho
fica perdido, se o fructo é o objecto principal da cul-
tura.
" Comprehende-se que quando se trata do trigo, por
exemplo o interesse é grande. Cada anno, na época da
florescência dos cereaes, reina uma legitima inquieta-
ção a respeito da sua fecundação total ou parcial.
" Felizmente a Providencia velou cuidadosamente
sobre a orgauisação dessa planta maravilhosamente
apropriada ao sustento do homem. Pode-se dizer que a
um só instante o grão
protecção divina nunca abandona
de trigo confiado á terra, e concede um grande privi-
leoio á espiga, que encerrada ein um envoltório espesso
durante os máos tempos que precedem e preparão o lio-
rescimento, não se expõem ao ar senão quando o sol
adquirio todo o calor necessário para provocar rápida-
mente a obra da fruetificação.
<•' Mas a fecundação pode coincidir com o máo tempo;
neste caso a colheita fica gravemente comproniettida.
Aquelles que tem observado o trabalho da natureza, sa-
bem que este inconveniente é attenuado pelo fracciona-
mento da operação. A espiga floresce a partir^ da base,
flor por flor, e isto dura de 8 a 10 dias. Assim, a in-
fluencia do máo tempo fica muito reduzida.
— 19 —

" Se se examina a conformação da flor, ainda melhor


se apprecia a obra do Creador.
" Outras flores expõem pomposamente suas corolas
ao sol, e solicitão a admiração em detrimento de seusor-
muitas
gãos essenciaes ; mas sujeitas ás intempéries,
vezes deixa de ter logar o fim de sua creação, que é o
fructo e a semente.
" No trigo,
porém, tudo é sacrificado á protecção do
fructo. A cellula que encerra os órgãos da flor, é com-
e é ne-
posta de dous envoltórios impenetráveis á água ;
cessario observar a adhereneia dessas pequenas folhas
do trigo
para fazer-se uma justa idéa da predestinação
na alimentação do homem. E' ahi que estão reunidos o
ovario, o pistillo e os estames, eé ahi portanto onde re-
side a grande obra da fecundação.
" Abri uma dessas cellulas na véspera do floresci-
mento, e ahi se distinguira perfeitamente todos esses or-
o-ãos ; os estames com as suas vesiculas de pollen, occu-
o aspecto de
pão a parte superior ; o pistillo offerece
uma escova, cujos pellos mal chegão á metade da altura,
e estão fixados'sobre o ovario, que é o grão de trigo no
estado rudimentar.
" Examinando-se igualmente uma cellula cuja fecun-
dação se acha terminada, observa-se quasi sempre, que
todo ou parte dos estames tem rompido as dobras dos
envoltórios protectores. As vesiculas de pollen se achão
vasias ou quasi, e os envoltórios fechando de novo o
sanctuario que encerra o ovario e o pistillo. Forçan-
do-se a entrada para examinar a posição deste, reco-
nhece-se que seu estado e dimensões não mudarão, e
do envoltório.
que" elle não pode, como dantes, sahir
Fica-se obrigado a concluir que a absorpção do
e que esta é
pollen tem logar no interior da cellula,
impenetrável ao pollen vindo do exterior.
" Deve-se fa-
portanto concordar que para o botânico
miliarisado com os segredos da vida intima do trigo, a
noticia de uma fecundação artificial deste cereal devia
carnara que
parecer uma utopia. Como penetrar nessa
Deos quiz tornar impenetrável e que, por assim dizer,
acompanha o trigo até á sua morte ? !
— 20 —

" A fecundação artificial das flores de corollas aber-


tas se explica facilmente. Se, por uma causa qualquer,
os estames lançarão o seu pollen ao vento, sem que os
nada impede ao homem
pistillos o tenhão aproveitado,
de restituir-lhe ; acontece mesmo ás vezes que os inscc-
tos, as abelhas, as borboletas apanhando o pollen de flor
em flor, provocão uma fecundação que não teria logar
sem o seu concurso. . .
" O autor da fecundação artificial pretende imitar
essa acção dos insectos, apanhando o pollen disperso, e
lançando-o nos lábios do pistillo esfomeado.
" Dahi resultou o seu processo e o emprego que faz de
uma corda guarnccida com pedaços de lã. Estas, hesun-
tadas em um corpo agglutinante e passadas por cima
do trigo em flor, apanhão o pollen perdido sobre a espiga,
e o depositão sobre o pistillo.
" A botânica nega com razão que os pistillos possão
receber o menor átomo deste pollen apanhado pelos tra-
ao abrigo de todo
pos da corda, por isso que elles estão
o contacto.
" Entretanto a experiência parece provar que os
trigos, submettidos ao tratamento preconisado por M.
Hooibrenk, rendeu mais grãos do que aquelies que não
soffrerão o mesmo tratamento.
" Concluamos que se a sciencia tem razão de negar
a fecundação artificial, pôde todavia admittir qne, por
uma causa inexplicada, a operação da fecundação na-
tural é facilitada pelo processo de Hooibrenk.
" Deixemos isto de lado por um momento, e estudo-
mos de mais perto o phenomeno da fecundação natural.
11 Foi intencionalmente que, no principio desta nota,
do trigo na ves-
pozemos em parallelo o estado da flor
teve logar
pera da fecundação, e seu estado depois que
essa funcção dos órgãos. Vio-se que a dilferença appa-
rente consiste no estado da posição dos estames. Na ves-
de pollen
pera, os estames e suas vesiculas estavão cheias
e se achavão no interior da cellula ; no dia seguinte as
vesiculas estavão pendentes fora da cellula perfeita-
mente fechada. E' natural investigar em que momento
preciso teve logar a operação.
— 21 —

" A botânica fornece a este respeito uma indicação


experiência que, durante
preciosa. Tem-se verificado por
a fecundação, a temperatura se eleva no interior das
flores, e que este calor é acompanhado de emissão de
acido'carbonico, signal de uma combustão. Mas, para
logar é necessário que o ar
que esta combustão possa ter
tenha accesso fácil no interior da flor. Ora, o trigo obe-
dos
dece a esta condição geral das plantas. As vesiculas
estames, para sahirem da cellula que até então habita-
vão, são obrigadas a abrir as folhas que a compõem. Es-
tas vesiculas'são tubos mui pequenos, mas a suagros-
da
sura é sufficiente para conservar abertas as paredes
cellula Durante este movimento, o ar tem accesso fácil
no interior da flor. O augmento do calor toma uma
das
certa intensidade, e sob sua influencia, o envoltório
vesiculas se rompe no momento em que os pistillos tem
necessidade imperiosa de absorver o pollen.
" O momento critico da fecundação é portanto aquelle,
cel-
em nue as vesiculas se achão entre as válvulas da
de
lula e toda a operação que tiver em resultado seja
no
os introduzir entre essas válvulas, ou de as romper
a fe-
momento decisivo, facilitará incontestavelmente
emulação. .
•• A corda armada oVescovas de Hooibrenk, parece ciar
resultados favoráveis, e isto torna provável que a agi-
*das espigas determina o movimento das
tação violenta
vesiculas, e contribue para o bom êxito da operação.
" A botânica achará certamente outras explicações, e
cau-
indicará ao mesmo tempo a influencia das diversas
sas do aborto dos trigos. Este estudo feito com cuidado,
levará necessariamente ao conhecimento dos melhores
hoje.
remédios a oppór a estas causas mal appreciadas ate
vez
Então os processos práticos se approximaráõ cada
estado
mais da perfeição, e os cultivadores ficaráõ em
deverão usar
de julgar quando, como e em que limites
deste novo methodo de fecundação.
— 22 —

AGRICULTURA.

AS TERRAS CANÇADAS E AS MATÉRIAS FERTILISADORAS


ANIMAES.

1." A terra cansa pelo desapparecimento das subs-


tancias fertilisant.es solúveis. Estas matérias so perdem
de diversas maneiras : podem volatilisar-se, ou então as
águas da chuva as dissolvem e as levão com as enchur-
radas, ou, finalmente, as plantas as absorvem.
Uma certa vegetação protege melhor as substancias
nutridoras das plantas, do que uma nudez completa.
Por tanto, uma terra pode cansar, sem ter dado colhei-
tas. Segundo as experiências de Block, um campo es-
trumado, porém deixado inculto durante 3 annos. não
continha maior quantidade de matérias nutritivas do
que outros campos da mesma natureza, e estrumados
na mesma proporção, mas cultivados durante esses tres
annos.
2.° Uma terra cansa quando contém muitos agentes
dissolventes, taes como os saes ammonicaes o carbona-
tados, águas, etc. Estes agentes exercem a sua máxima
acção a grandes temperaturas ; mas a agua obra com
pouca eíficacia em baixas temperaturas. As chuvas fre-
quentes e copiosas substituem nos climas quentes a
força dissolvente que os estrumes exercem nos paizes
frios.
A theoria do emprego exclusivo dos estrumes azota-
dos, que exercem uma acção excitante, é perigosa, porque
as colheitas obtidas deste modo não bastão para resti-
tuir ás terras as matérias fertilisantes e excitantes que
essas mesmas colheitas lhes roubarão.
3.° Quando, pelos trabalhos da cultura, se exige da
terra não estrumada mais colheitas do que aquellas que
ella pode dar, naturalmente ella se cansa. Seaestrumão,
ella ainda cansa, se não lhe restituem tudo quanto as
colheitas lhe tirou.
Conforme a opinião do agrônomo Fraas, as plantas
podem dar colheitas determinadas sem cansar a terra,
somente nos climas que lhes são apropriados. Poder-
— 23 —

se-ha estabelecer zonas agrícolas para as plantas, assim


como se dividio, na geographia das plantas, a terra em
zonas e regiões.
Os cereaes cansão a terra nas zonas temperadas frias ;
sobretudo o milho, o trigo, o centeio, a cevada e a avêa ;
as leguminosas exhaurem menos as terras ; as diversas
de nenhum modo.
grammeas forrageiras não as fadigão
Nas zonas temperadas quentes, os cereaes e as legu-
minosas não cansão a terra, excepto o milho e o arroz ;
o tabaco pôde ser cultivado com o auxilio de matérias
fertilisacloras. O trigo e a cevada, as ervilhas, as favas,
as lentilhas, etc, dominão ; mas as gramineas abun-
dantes nas primeiras, excepto a luzerna, desapparecem
nestas ultimas. O algodoeiro, o arroz, o milho, a canna
de assucar, etc., não'podem cultivar-se sem estrumes.
Nos trópicos, os cereaes das zonas temperadas frias ou
dos paizes frios, podem ciar uma vegetação luxuriante,
entretanto que o
porém pouca ou nenhuma semente ;
arroz, o milho, a canna de- assucar, etc, podem dar pro-
duetos abundantes sem estrumes.
A divisão em regiões se pode igualmente applicar em
relação da situação dos logares acima do nivel do mar.
4.° As plantas de raizes superficiaes cansão mais a
terra do que as de raizes profundas, porque estas po-
dem ir buscar o seu sustento nas camadas inferiores, e
mesmo enriquecêl-a com os seus restos. Colhidas ma-
duras, as plantas extraírem maior quantidade de mate-
rias do que colhidas verdes.
Da mesma sorte, as plantas que oecupão mais longo
tempo a terra a exhaurem mais do que aquellas cuja ve-
getação dura pouco tempo.
A cultura da mesma planta cansa prompta e viva-
mente a terra.
Um terreno nú se torna infertil mais depressa do
que um outro coberto de vegetação.
Como os alimentos das plantas tornando-se livres,
não se conservão facilmente na terra, convertem-se em
estrumes verdes, que não é outra cousa senão uma re-
serva d'alimentos vegetaes tirados da terra e cia atmos-
phera, e que se accumulão para fins determinados.
— 24 —

Em certas condições, as colheitas luxuriantes são fã-


voraveis ás colheitas seguintes.
As terras leves e moveis se exhaurem mais depressa
do que as terras consistentes, porque nas primeiras a
decomposição e dissolução das substancias é mais ra-
pida, e a perda maior.
A terra cansa de uma maneira desigual, conforme os
princípios orgânicos on inorgânicos que clelia são extra-
hidos ; e se é justo chamar a attenção sobre a impor-
tancia do azoto, do ácido phosphorico e da potassa, não
se deve todavia esquecer que todos os principios nutri-
tivos são necessários, ao menos aquelles que não se po-
dem substituir um a outro.
Os conhecimentos actuaes sobre a maneira com que
se nutrem as plantas cultivadas, sobre a dose necessária
de matérias fertilisantes conforme o fira que se tem vis-
to, o tempo, o logar e o clima, são ainda de tal modo
restrictos que devemos dar á terra grande copia dessas
matérias se queremos obter bons resultados. A atmos-
phera contém, em geral, bastante ammoniaco para satis-
fazer ás necessidades de uma colheita ; quasi todas as
terras contém mais cal, potassa e mesmo ácido phos-
phorico, do que a quantidade das,mesmas matérias con-
tidas nas cinzas de uma colheita inteira, e, entretanto,
as plantas cultivadas não podem prosperar se não lhe
dermos um supplemento dessas substancias, debaixo da
forma de estéreo e de estrumes orgânicos.
Algumas considerações sobre estes estrumes não vêm
fora de propósito. Aproveitar o mais possivel e perder
o menos possivel, é máxima que o agricultor nunca deve
perder de vista. As seguintes regras não serão portanto
inúteis :
1.° Os estrumes que se decompõem lentamente e se
dissolvem dificilmente, devem ser applicados o mais
cedo possivel.
2.° Os estrumes mui solúveis não serão applicados
senão no momento em que devem obrar : alguns estru-
mes influem particularmente sobre o desenvolvimento
das folhas, outros favorecem a fruetificação ; o estrume
— 25 —

deverá portanto ser fraccionado, e os primeiros devem


ser applicados antes dos segundos.
3.° Em geral é preferível enterrar os estrumes orga-
nicos no estado de frescura ; sua acção duplicará então,
sendo ao mesmo tempo mecânica e chimica.
4.° Os estrumes líquidos dos animaes (ourinas) obrão
4 ou 5 vezes mais vivamente do que os estrumes sólidos
(excrementos).
5.° Os excrementos sólidos, além de sua acção directa
como estrumes, exercem ainda uma acção indirecta: pela
fermentação, elles regularisão a humidade e o calor da
terra diminuindo a sua cohesão ; favorecem a absorpção
dos gazes e a dissolução dos elementos mineraes.
6.° Deve-se impedir toda a perda de líquidos ou de
fixo : a addicção
gazes. Os ácidos tornão o ammoniaco como do gesso
dos ácidos sulfurico e chlorhydrico, assim
e cio sulfato de ferro, produzem este effeito.
Os alcalis cáusticos e os metaes terrosos, e da mesma
sorte o sulfato de ferro, etc, se oppoem á decomposição
das substancias orgânicas, isto é, á formação do ammo-
niaco e de outros gazes fertilisantes. Póde-se addicionar
cal cáustica, sulfato de ferro e cinzas aos excrementos
frescos, sólidos e líquidos, porém de nenhum modo se
deve juntar cal cáustica aos extrumes fermentados. To-
davia, convém que se esses extrumes possão_ decom-
teve necessidade de
por-se mais tarde, porque a planta
nutrir-se com os productos da podridão e da decompo-
sição lenta.
7.° Os compostos têm por fim concentrar os alimen-
tos das plantas.
8.° Perde-se íinnuíilmente os despejos das cidades,
em productos
que facilmente, se podião transformar
eminentemente úteis á agricultura. Temos repetido isto
até á saciedade, e repetimos com o illustre Liebig, que
a humanidade está ameaçada de fomes, se daqui a ai-
não forem
guns annos todos os despejos das cidades a cidade de
aproveitados até ao ultimo pingo. Somente
Paris, com os seus dous milhões de habitantes, deita
fora com grandes despezas perto de 600 milhões de li-
bras de matérias fertilisadoras !
Auxil. Jau. 1864. 4
— 26 —

INDUSTRIA AGRÍCOLA.

Fabricação e melhoramento dos vinhos.


em ai-
Começa a manifestar-se uma certa tendênciaEstear-
do vinho.
gumas provincias para a fabricação de Ire-
tigo, que trata do methodo do Dr. Luiz Gall,
ves, para fabricar e melhorar os vinhos, tem nos por tanto
tentao
alguma importância para aquelles que entre Devo
dedicar-se á essa industria utilissima para o paiz. vamos
observar que o methodo do Dr. Luiz Gall, que na Al-
dar em resumo, obteve um grande successo
lemanha.
Elle se reduz ás seguintes proposições :
1a A vinha não produz vinho já formado, porém sim
fructos e passas ; o seu sueco se compõe de água, tendo
os
em solução assucar, alguns ácidos livres (sobretudo
ácidos tartarico, malico e paracido citnco) e muci-
lagem.
2.a O sueco da uva, o môsto, não se transforma em
vinho senão por effeito da fermentação. Esta reacção
chimica faz dissolver a mucilagem, a transforma em
fermento que obra sobre o assucar, e gera dous produc-
tos, dos quaes um, o álcool (ou espirito de vinho) fica
no vinho e lhe communica o seu fogo e a sua força, e o
outro, o ácido carbônico, se evapora.
3,a Kesulta do precedente, que o vinho não é um
sim, um produeto
produeto natural e immediato, porém
da arte.
4.a A uva perfeitamente madura contém todos os
elementos do vinho: a água, o assucar, os ácidos livres e
o fermento nas proporções requeridas para produzir o
melhor vinho que é possivel obter nas condições dadas
de exposição, de terreno, da qualidade da cepa, da tem-
peratura do local onde se faz a fermentação.
5.a Aos olhos do chimico JSnologo, a única differença
maduras e uvas
que existe entre uvas perfeitamente
verdes, é que estas ultimas não encerrão todos os ele-
mentos em proporções vantajosas. Intrinsicamente, o
assucar, a água, os ácidos tartarico e malico das uvas
— 27 -

verdes em nada se distinguem das matérias semelhantes e no


contidas no produeto das cepas as mais preciosas,
mais perfeito estado de madureza.
o
6a As matérias que faltão nas uvas verdes são
ellas con-
assucar, e, em relação ao ácido livre que
tém, agua.
e
a As uvas verdes contém menos agua e assucar,
mais ácido malico e menos ácido tartarico, principio que
dá ao vinho o cheiro e o gosto, (que não deve contun-
o nome
dir-se com o perfume a que os Francezes dao
de bouquet) que lhe são próprios, e cujo desenvolvi- contem
mento é tanto mais lento quanto menos assucar
o môsto. em-
a Se se ajuntar ao sueco da uva assucar e aguatanto
contenha
quantidade sufficiente, para que elle mesma
como o sueco da uva madura, proveniente da tao
cepa e da mesma exposição, resultará um vinho
obter em circumstancias
perfeito quanto é possivel
do
V^Como a madureza das uvas, a transformação de uma
môsto em vinho perfeito, depende da absorpção
o liquido nao a re-
quantidade determinada de calor. Se esta operação se re-
cebe desde a primeira fermentação,
annos, em quanto
produz durante tres, quatro ou cincoas vezes
o fermento não é iluminado, todas que o vinho
aquella
alcança uma temperatura mais elevada do que
fermentação.
que havia adquirido na precedente se
10 E' ainda a uma fermentação incompleta, que o
de
deve'attribuir o excesso de ácido carbônicomuitosquean-
vinho não se desembaraça senão no fim de adquirem
nos Os vinhos do Kheno, por exemplo, não a seis
todas as suas qualidades, senão depois de quatro se-
annos ; o vinho da Madeira, não gosa de estimação,
não no fim de 10 annos, etc.
obtêm
11 Os vinhos finos, ricos em perfume, não se
senão com uvas bem maduras. Consequentemente,
uvas, antes do
quanto mais cuidadosa for a escolha das e as seccas,
apisoamente, excluindo as verdes, as podres
tanto maior será o perfume do vinho.
— 28 —

muitas uvas
12 Mesmo nos annos desfavoráveis, então
ficarão perfeitamente maduras, eé justamente
mais superiores, fazendo-se,bem
que se obtêm os vinhos escolha. m
entendido, escrupulosa bom vi-
13 Depois que se tornou possível produzir allegar
nho de mesa com uvas verdes, não se pode seu sueco
nenhuma rasão plausível, para converter o
em vinagre, ou em espirito de vinho. __.„.., cie-
Em resumo, na fôrma do methodo de Luiz Orall,
ve-se começar a vendima o mais tarde que fôr illimmarpossível;
colher em primeiro logar, as melhores uvas,
o vinho
com cuidado as partes seccas ou podres, e fazer
somente com as uvas escolhidas.
Deve dosar-se depois o môsto das uvas de qualidade
livres
inferior para conhecer-se a quantidade de ácidos e o
e de assucar que elle contém. Calcula-se o volume
água e de assucar
peso afim de saber a quantidade de os ácidos, assucar
diluir
que se deve ajuntar: aqua para d'álcool
para restabelecer a" quantidade proporcional mes-
existente no liquido antes da addição da água, ou
mo para o augmentar. Deve-se, finalmente, conservar
na adéga o calor conveniente para levar ao fim a ler-
a
mentação, que deve estar acabada no cabo de tres
de fermentações
quatro mezes, sem ser acompanhada
secundarias.
Importa muito observar que estas addições, se fazem
no môsto e não no vinho. Ajuntando assucar ao_ vinho,
mecânica; ajuntan-
produz-se uma mistura puramentecombinação chimica,
do-o ao môsto, provoca-se uma _
o assucar se converte em álcool e se incorpora
pois que
ao vinho.
A Glucose, assucar de uva ou de fecula, é preferível
de canna ou de beterraba.
para esta operação, ao
E' fácil transformar o assucar de canna em glucose,
lançando sobre uma dissolução de assucar,algumas gotas
de qualquer ácido, nitrico, sulfuricoou chlorhydrico,
mesmo vinagre concentrado ou ácido citrico.
— 29 —

ENSINO AGRÍCOLA.

EDUCAÇÃO DAS MULHERES,

ESPECIAES PARA AS FILHAS DOS CUL-


DAS ESCOLAS
TIVADORES.

Da educação das mulheres em geral.


Fazer homens e não bacharéis ;
fazer mulheres e não bonecas.
Um ministro.

a educação
Se a instruccão é cousa útil para todos, útil. Em
especial para cada profissão é duplicadamente
todos os paizes cultos a instruccão e a educação e, proíis-
íeliz-
sional, merece o cuidado de todos os governos ;
tomar o logar
mente, o ensino da agricultura começa a conhecimen-
nue lhe compete entre os outros ramos dos
os jornaes,'
tos humanos. Os institutos, as associações, modelos, o en-
as escolas theorico-praticas, as fazendas
conferências so-
sino nas escolas primarias, os cursos e attençao
bre a horticultura, etc, attestão a profunda e assegura
nutre os homens
que hoje merece a arte que
a prosperidade das nações. e
Faltava ainda uma medida capital, complemento das mo-
chave mestra do edifício agrícola : a educação
vai tomar a iniciativa desse
ças dos campos. A Bélgica
grande melhoramento. eespi-
Deixemos fallar a Mr. P. Joigneaux notável -Folha do
rituoso escriptor do jornal belga intitulado
Cultivador.

se tra-
Deixando a Bélgica, veio-nos ao ouvido queorganisar
de
tava seriamente no ministério do interior, Ver-
escolas especiaes para as filhas dos cultivadores.
nos agrada.
dadeira ou não, a noticia que corre muito e sei ia um
Semelhante iniciativa faria honra ao paiz
— 30 —

Gembloux man-
bom exemplo. Se se quer fazer em é natural ( ) por
ceto hábeis na sciencia agricola, que,
compauhemrs.que
assim dter sem demora, se lhe facão os emhanrjar.
clprehendao e ajudem, em logar^de
a intelligencia ,
A intelligencia chama necessariamente de casa o insti-
o bom cultivador exige uma boa dona ;
tuto requer ao menos uma escola especial para as moças
é mipossryel
do campo. Emquanto existir essa lacuna,crearao hábeis
se
chegai felizes resultados. De balde não marchara sem
o progresso
práticos e bons theoricos, sabe isto, o o
boas donas de casa. Todo o mundo tem sido du -
mundo o diz, porém até hoje as cousas soubesse, nem
ninguém o
gidas precisamente como se a nossa
dissesse. Sorprehende a nossa immobihdade, carreta, que
eterna parada no sulco aberto pela nossa trabalhar com
tendo necessidade de duas rodas, não pode e a cul-
uma só. Houve um tempo em que o cultivador
tivadora estavão no mesmo nível e puchavaonao pela mes-
ma corda. A bagagem dos conhecimentos pesava
íaziao
muito de parte a parte, e as tradições seculares
lei para ambos ; consequentemente reinava mas perfeito
esses
accordo na direcçao dos negócios communs ;
tempos iá lá se vão. Hoje, os homens da nova geração, numero
recebem uma instrucção conveniente; grande cousas
de mancebos aprendem nos livros e nos jornaes
experimentarem os
que os interessa, e se esforção para nesses escriptos, nos
processos novos e úteis que achão sua
comícios e nas publicações especiaes ; mas quando
intelligencia acorda e se aperfeiçoa, a mulher nca esta-
cionaria, agarra-se ao outro século e não quer pertencer
a este. Então ninguém mais pode entender-se, e o desa-
cordo se tornará cada vez mais insupportavel, á medida
e mes-
que o tempo avançar. Nestas condições, quando
mo houvesse em cada herdade um Mathieu de Dombasle
ou um Van Aelbroeck, o cultivador nada poderá fazer
que preste. .
Com dous bois mal jungidos, ainda assim e possível
tirar-se do embaraço ; mas com um lavrador que pro-
agricola.
(*) Grande instituto de ensino
— 31 —

a dificuldade tor-
gressa e uma lavradora que regressa,
na-se insuperável.
Temos chegado a este ponto, e nada ganharíamos em
dissimular a gravidade da situação. Indicamos o reme-
dio que outros mais hábeis havião indicado antes de
nós. Percorrei os Annaes de Roville, e vereis que Dom-
basle, se queixa amargamente da educação dada nas ei-
dades ás filhas dos lavradores abastados. Aquelles que
as não fazem artistas, querem ao menos que ellas sejão
camponezas do século de Maria Thereza. As artistas
camponezas não querem mais ouvir fallar de cultivado-
res quando mesmo elles tenhão recebido diplomas de
Gemblaux, de Grignon ou de Gran Jouan ; de sua
se lembrão de campo-
parte, estes últimos ainda menos em
nezas'um pouco primitivas. Achamo-nos portanto
um becco e com o nariz sobre uma parede. Devemoso
recuar para sahir ? furar o becco para seguirmos íechar
nosso caminho ? Em outros termos, dever-se-ha con-
as escolas abertas aos mancebos camponezes ? Ou
vém abrir escolas especiae? para as moças do campo, as
afim de fazer desapparecer as distancias e nivelar
condições ?
Propor a questão, eqüivale a resolvel-a.
Não podemos, não devemos querer que uma geração
recue ; pelo contrario, devemos exigir que se faça por
nossas filhas, o que se faz por nossos filhos, e o exigi-
divida;
mos como se exige o pagamento de uma antiga e ur-
ella
pedimos, instamos por essa medida, porque exforços serão
gente, porque, sem ella, todos os nossos
baldados, porque, finalmente, essa questão de ensino,
prima sobre todas as outras. nao
Ha cousa de cem annos, um homem de bem, que no
nos deixou de seu nome senão duas iniciaes escnptas :
frontespicio de um livro incógnito, escreveu o seguintedos
" Pode dizer-se das donas de casa o que se diz
amigos : nada tão commum como o nome, 1 nada tão raro
como a cousa. _.__»
Se isto não é galante, certamente é uma boa verdade.estão
Demais, se nossas mulheres, se nossas filhas, nao
na altura de sua missão, é por nossa culpa e nao pela
— 32 —

fossem. Ora se a
dellas ; ellas são o que queremos que esquecer e entrar leal-
eu pa é nossa, cumpre-nos fazel-aembaraços
mente na via das reparações. Os que se apre-
erão e co
ZZ e vão cada dia impeiorando tido a previstos
nlecidos • e pois, que não temos previdência de
a prudência de nos
ôsP,evenir' tenhamos ao menos
desembaraçar por meio de hábeis medidas. e
#
abrir esta-
O paiz que tomar a iniciativa, organisar
as moças do
belecimentos de instrucção especial paraoutros
campo, terá bem merecido de todos os paizes e
render
fará m„is serviços á agricultura, do que lhe podem discursos du-
todos os livros, todos os jornaes e todos os
rante séculos. . ,
outro da Bélgica, denomi-
O redactor de um jornal
nado A Cultura, contrariou em alguns pontos o modo
de vêr do agrônomo. . , .
Mr JoWeaux responde do modo seguinte as objec-
: " O nosso excel-
ções do se_ collega, Mr. A. Sansonas mulheres e falhas
lente collega acha, como nós, que o
dos cultivadores não estão preparadas para representaren-
mas que, para as
papel para que forão destinadas ;
sinar queria se seguisse um caminho diferente daquelle
que indicamos. Ha portanto desaccordo entre nós, quanto
" Onde achareis mulheres educadas
ás vias e aos meios.
em vistas de representar outro papel, excepto o de ata-
viar-se e freqüentar as festas ?
" Faremos observar a Mr. Sanson, que esse modo de
educação parece convir aos habitantes das cidades, e que
não nos pertence mettermo-nos nos seus negócios. Entre
elles, a mulher não é, como entre os cultivadores, a chave
da abobada do edifício ; ella não fábrica, gasta somente.
Basta portanto estabelecer o orçamento da casa ; isto
feito, a dona da casa não tem necessidade de conheci-
mentos muito variados para representar dignamente o
seu papel.
O homem do mundo fica de ordinário muito lison-
brilhou pelos
geado quando ouve dizer que sua mulher
seus adornos, encantou pela sua belleza, que tem ma-
neiras encantadoras, uma voz deliciosa e um notável
talento musical. Isto lhe diz respeito, e seriamos desar-
— 33 —

rasoados, achando máo o que elle acha bom. Entre os


homens do commercio não se desprezão os pequenos
talentos da sociedade, porque elles gostão de entrar em
contacto com as gentes do mundo e de os copiar ; só-
mente tem-se cuidado de ajuntar á esses pequenos ta-
lentos o conhecimento dos negócios que se adquire no
balcão da familia, debaixo das vistas do pai e da mãi.
Nos campos, a situação é menos fácil. Nossas mulheres
e nossas filhas têm a seu cargo numerosos e variados
trabalhos que exigem conhecimentos igualmente varia-
dos, e uma longa aprendizagem. Ellas não têm ás suas
ordens, nem padeiros, nem cozinheiras, nem lavadeiras;
ellas não achão legumes já colhidos, ovos já postos e
manteiga feita. Ellas devem criar, fabricar, tratar do
conseqüência, o
gallinheiro e da horta, saber, por é rigorosamente que ne-
não se sabe nas cidades, o que não
cessario que se saiba.
Podemos nós, em consciência, nós outros cultivado-
res, que, pela maior parte, não conhecemos senão mm
imperfeitamente, o que todavia deveríamos conhecer a
fundo, encarregar-nos do ensino especial no seio das fa-
milias ? Não, não o podemos fazer, e quando podesse-
mos, faltar-nos-hia o tempo. Demais, a educação em
familia tem graves inconvenientes, porque ella nao pre-
embota os angu-
para os filhos para a vida social, nem debastar e corri-
los que a fricção dos caracteres pôde só
o-ir Onde a mãi que conheça claramente os defeitos de
suas filhas ? Que ella tome parte na educação nada _ de
melhor, mas que ella a faça por si só, nada de peior.
Não se teria então senão caprichosas e egoístas.
Diz-se a propósito dos rapazes o que Mr. Sanson diz
das raparigas : a melhor escola é a da herdade. Sim, ella
é uma escola que tem seu lado bom, mas sem as outras,
sem as escolas deThaer, de Dombasle, de Schwarz, etc, sao
sem os livros, sem os jornaes especiaes, que também
escolas, onde estaríamos nós agora _
Que estes modos de ensino pertenção á administração
te-
ou aos particulares, que dependão de sacrifícios do
tado ou da especulação privada, não é menos verdade
Achamos o governo
que elles tenhão grande utilidade.
Auxil.Jan.I864. 5
34

via, que nos parece boa e


Belsa disposto a entrar nesta igualmente os
^ela qual o felicitamos; felicitaríamos nella
mrticukres
P se os achássemos dispostos a entrar cousa e
faça alguma
O cs encial para nós é epie se de uma. efac*-
como Z acreditamos ua possibilidade desejamos natuial-
não completa no seio das famílias
mente que ella se faça de outro modo. do
Mr Sanson não quer a intervenção forçados governo ; tam-
a tomar
hem não insistimos\isso ; mas somos convém reconhecer qne
os bomens taes como elles são, e vale mais do
a seTolhos tudo quanto vem do Estado um estabeleci-
e que
que o que vem dos particulares, administração tem
mento aberto e patrocinado pela
maior probabilidade de "suecesso.
Mr Sanson nos diz: Se alguma vez os homens m-
nem sempre e
telligentes se chegarem a persuadir que momento
hom desposar um dote, então terá chegadoo nao o actual.
de educar as moças de outro modo queas outras, vale-
As filhas dos cultivadores, assim como
ráõ pelas suas aptidões, e a educação teráa uma por fim des-
boa mai
envolver todas as qualidades necessárias
rt •-! ií
família.
de lamina. nosso
,, collega,
Tomamos a liberdade de responder ao
o momento
que não devemos esperar até que chegue se resolvao
afortunado em que os homens intelligentes
a casar sem dote. Devemos tomar os homens pelo de
que
dote,
elles são, e não pelo que deverião ser. Em íalta
a mao
exigimos um equivalente. Não olharemos para "
mão o dê.
que o dá; o importante é que essa do citado escriptor, ^
A estas judiciosas observações
iulgamos dever acerescentar algumas outras sobre «a edu-
de um
cação, em geral, das mulheres ; nós as roubamos A dis-
artio-o devido á penna de Mr. Edmond Texier.
cussko é da mais subida importância, e as conclusões
não se applicão somente ás mulheres, mas igualmente
aos homens.
A educação, diz elle, dada ás moças, é pouco mais ou
menos a mesma em toda a parte. O nivel é universal ;
Nada mais absurdo,
quem vio um collegio vio todos.
mais romanesco, mais fatal, do que essa uniformidade
35 —

da educação imposta ás moças de diversas condições e


de fortunas differentes. A mulher, tal como a fazem os
colleo-ios, é aquella que nós vemos nos salões, relicano
vivo°paramentada de seda, de veludo, de setim, rendas
e pedras preciosas ; encantadora, porém inútil. O que ne-
foi que ella aprendeu ? Elementos de tudo ; cousa nao
nhuma em resultado. Das sciencias e das artes, ella
apalpou senão a superfície. Um bocado de geographia, in-
um pouco de historia, um pouco de litteratura de
elezf noções de musica, de bordados, etc. F a homceo-
direcção especial.
pathia applicada ao ensino. Nenhuma na sociedade,
Entregue a si própria, ella nada pôde que
as
aliás lhe concedeu uma esphera tão limitada. Que
esta educação, ou
pessoas ricas queirão dar a suas filhasdos collegios, com-
antes esse simulacro da educação
com o seu
prehende-se bem. A moça opulenta, pagará
dote sua eterna ociosidade. Como porém, essa educação,
servir
suficiente para uma pequena minoria, pôde família, para sem
o maior numero ? Como é que um pai de ter uma
fortuna não comprehende que sua filha deve e agua,
educação mais substancial ? Elle suará sangue
as idéas e os sonhos de
para dar a essa filha os gostos, do colle-
uma Patrícia, e mais tarde, quando ella sahir
o-io não deverá admirar-se se ella não supportar^ senão
Som impaciência, a mesquinhez da casa paterna.um mi-
Fazer homens e não bacharéis, dizia ha pouco se
nistro ; fazer mulheres e não bonecas, eis o alvo que
deveria ter em vista na educação das mulheres. san-
Vivemos em um tempo em que o trabalho é cousa é uma
ta, tão santa como a oração: Qui laborai, orat se desdoura
máxima eminentemente catholica. Ninguém intelligen-
trabalhando com as suas mãos, ou com a sua do acaso.
cia A educação actual, entrega a mulher á mercê das
Muito se poderia dizer a respeito da educação
moças das cidades e dos campos; vasto assumpto, emfim,
que
no
toca de perto e de longe, de todos os lados
assumpto
nosso estado social. Neste importantíssimo
talvez mais do que em qualquer outro, é indispensável da
e urgeute, procurar novos elementos de reorgamsaçao
sociedade moderna.
— 36 —

PROGRESSOS AGRÍCOLAS.
Manoel Olegario
0 estabelecimento de machinas do Sr.
Abranches.

tem por fim


O Auxüiador da Industria Nacional lavradores do
e
principal demonstrar aos fazendeiros
da terra quando esta e
paiz as vantagens que se obtém no seu ama-
cultivada com intelligencia, empregando em todo
nho os processos mecânicos boje tão conhecidos maior
tempo
o mundo, e dos quês resulta economia de
colheita em quantidade e qualidade. trabalho
.m-
A riqueza das nações, está na terra e no
aug-
dustrial e activo do homem, e essa riqueza so pode
mentar com o emprego de agentes mecânicos, que pou-
muito as
de braços e reduzem
pão um grande numero
despezas da producção.
tornar
O Auxüiador tem feito o que tem podido paramas isto
conhecidos os mecanismos agrícolas modernos ; esses
não basta : é preciso que o lavrador veja e examine e o
mecanismos, que comprehenda a sua construcçao
seu uso, e que os possa obter por preços moderados.
Aquelle, portanto, que faz, por assim dizer, uma ex-
as mais úteis e ap-
posição permanente das maquinas um eminente ser-
plicaveis á agricultura do paiz, presta esse
viço aos lavradores, sobre tudo quando propagan-
dista do progresso inspira confiança pelo seu caracter
e reputação.
E' pois com muito prazer, que hoje mencionamos um
desses úteis estabelecimentos ; e com tanto maior pra-
zer o fazemos, pois que esse estabelecimento pertence a
um digno membro da Sociedade Auxiliadora da Indus-
tria Nacional.
O Sr. Manoel Olegario Abranches, estabelecido neste
a um commercio todo
paiz ha muitos annos, devotadoartefactos_ de industria,
excepcional, e importador de
tem-se applicado especialmente ás machitías e instru-
mentos agrícolas, como consta de seus catálogos e nu-
merosos publicações.
37 —
es-
O honrado negociante é digno de toda a nossa
á mis-
tinia, não somente pelo concurso que elle presta
membro,
são a que se devotou a sociedade de que é
como pelo auxilio e serviços eífectivamente prestados
aos agricultores. ,
maqui-
Com o fim de vulgarisar o conhecimento das^ íun-
nas agrícolas, e com uma tenacidade que só pôde
dar-se no amor da gloria, elle tem solicitado os poderes lns-
do Estado, á Sociedade Auxiliadora, ao Imperial JNa-
tituto de Agricultura, e á commissão da Exposição
maquinas
cional, com o fim de fazer trabalhar essas
manejo e usos.
perante o publico, e ensinar o seu aceitos,
Nenhum destes reiterados pedidos tem sido
vontade dos
sem duvida por motivos extranhos á boa
iniciativa em assumptos de tao
que deverião tomar a
magna utilidade. , T
cie Ja-
uma circular, datada do Io
Foi-nos dirigida
em levar
neiro do corrente anno, que nos apressamos
ao conhecimento dos interessados, aos quaes pedimos
vantagens que lhes sao
que attentamente ponderem as Abranches
oferecidas no prospecto do Sr. M. Olegano — Manoel
" Circular aos illustres Srs. fazendeiros.
a maior gene-
Olegario Abranches, ufano em promover
sua importa-
ralisação a tantos e tão úteis objectos de
cão que constantemente apresenta ao publico ;
"Incançavel na melhor reunião de novidades, rece-
bendo-aslogo que sejão descobertas ;
" Analysando-as, para conscienciosamente expol-as
á apreciação do consumidor :
" São os predicados com que tem adquirido toda a
b un-
distineção e preferencia a seu estabelecimento,
mais mere-
dado em 1851, tem todos os dias feito por nao so de -
cêl-a : distribuindo catálogos descriptivos e horticul-
machinas e instrumentos de agricultura como ae
fvra _do que tem feito sua especialidade ;
_ ^ensilios domésticos- fazendo collocar prospe.*»
agenc as
com os emblemas respectivos ; estabelecendo
em todo o império, e dando-lhes a devida publicidade.
descripçoes, re-
A cuia franqueza e sinceridade de suas o
reconhecimento do publico e mais
gistrf com prazer o
— 38 —

testemanho valioso da imprensa, em muitos de seus


illustrados artigos.
" Assim ha decorrido 13 annos de incessantes dili-
gencias, para elevar a tanto quanto seja tempossível o des-
envolvimento de seu commercio, no que sabido con-
ennobrece. Ainda
quistar os foros dignos com que se mais deseja fazer:
assim, não satisfeito o seu fundador,
como tudo é preciso pratica, tanto com mais justiça
objec-
quando se trata de introduzir nos usos e costumes
tos de moderna invenção ; mil embaraços suggerem a
estas emprezas, que só se dissipão com o tempo e dedi-
cação. E' incontestável que este estabelecimento tem
trabalhado com amor do progresso, a maior parte dos
machinismos actualmente empregados na terra e nos
nossos usos caseiros, fallão bem alto em seu apoio!
Apresentar pois os meios de mais testemunhar sua di-
visa, é, para o que chama hoje toda a attenção.
" No intuito de uma efficaz retribuição, tem delibe-
rado desde já abrir relações directas com os Srs. fazen-
deiros, e offerecer-lhes todo o apoio ao acolhimento des-
tes úteis e indispensáveis auxiliares da lavoura. O uso
dos meios necessários, já felizmente se achão entre nós
apreciados, e só o que resta é facilital-os mais commo-
damente e menos dispendioso ; eis a que se propõe.
" Tornando-se
portanto correspondente directo, não
só poupará trabalho, como mais certeza na execução,
e a salutar vantagem de serem servidos a preços, como
se directamente os mandassem vir da Europa e Ame-
rica ; apenas se limitará á commissão indispensável exi-
gida pelo emprego de capitães, no deposito que sempre
tem, para mais promptamente satisfazer ás encom-
mendas.
" O resultado a auferir desta
proposta, é incalcula-
vel, e pensa que muito deverá animar a lavoura, pois
com pequenos empregos e á escolha, encontrará tudo
quanto lhe é mister.
" Em todos os mais accessorios do seu commercio,
procurará estabelecer um novo systema, proporcionando
igualmente o gozo de tão interessantes artefactos, a
todas as classes da sociedade ; devendo mesmo offere-
— 39 —

cer condições para convir a negocio tanto na corte como


uo interior. , ,
" A sua estada breve na Europa, nao olvidara um
momento do compromisso que contrahe, e ahi execu-a
tara quaesquer ordens para o que se presta desde conta
ja
recebel-as ; certo da confiança que tem merecido,
assim esperar. # . .... ^ -,
" Rio de Janeiro, Io de Janeiro de 1864.— "Rua da
Alfândega n. 10, defronte do Banco do Brasil.

NOTICIA íNSÜSTaiÁL.
UMA MARAVILHA CONTEMPORÂNEA.
1863 :
Lê-se na IUustração Franceza de Junho deda Bas-
» Se se dissesse : — Construio-se na praça
as casas de
tilha um único calorifero que aquece todas a 4 ti-
Pariz ' ou por ontra, uma só caldeira, collocada
lometros de Pariz, alimenta de vapor todas as machinas
— Utopia!
da capital, todos exclamarião :
" Entretanto, esse problema ja esta realisado, da
da compa-
maneira a mais inexperada. Os gazometros nova
nhia Parisiense são a única fonte de uma de
jorça
ardi-
motriz W em seus vastos bojos que o motor
lotado de Lenoir, vai buscar essa força, que sc d.stnbue
a in-
nas fabricas e officinas. Que horisonte novo para
dustria !

PRüGRESSa E ROTIÜA.
(anecdotas agrícolas).
Barreto, se-
O Sr Antonio Francisco Paes de Mello esperando
nhor do engenho Viagem, nesta provincia,
ter no anno passado uma safra de mil e setecentos
aturar
pães
car-
de assucar, e não querendo continuar a exigentes, e,
dia se tornavão mais
gueiros, que cada deirete»,
calculando a quantia enorme que lhes pagaria
com molas da
mandou vir de Inglaterra uma carroça
— 40 —

chegou ao en-
força de duzentas arrobas, a qual lhe carroça a con-
nesta
senho por novecentos mil réis ; fez no
Sucção de toda a safra, e somente primeiro anno
economisou um conto de reis !

tão
Outro senhor de engenho, próximo deste homem
metódico, obra da maneira seguinte, certamente bem
difíerente :
Tendo de refazer um lanço do cercado contíguo á
mata, mandou cortar a madeira e conduzil-aparao
forão apontadas as
pateo da casa de vivenda, onde
estacas á distancia de mais de duzentas braças do logar
onde forão de novo conduzidas para serem postas em
obra.
Carecendo concertar a casa do feitor, mandou tirar o
barro além da casa do engenho e amassal-o no pateo da
casa de vivenda (umas 100 braças de distancia) e de-
talvez mais de quinhentas
pois conduzil-o para a obra,
braças distante do amassadouro, quando podia ter ti-
rado e amassado o barro na mesma obra ; occupando
nesta conducção tres escravos, além dos amassadores,
cavadores, etc. !
E como estas, mil outras.
A razão que dá este senhor, é que assim faz, para os
escravos serem mais diligentes no serviço !
N. B. Estas anecdotasnos forão communicadas pelo
Sr. Antônio I. T. de Mendonça Belém, da provincia
de Pernambuco. Accrescentar-lhe-hei uma outra, que
ainda é mais caracteristica :
Procurei convencer a um fazendeiro as vantagens de
adoptar instrumentos agrícolas mais perfeitos, dizen-
do-lhe que uma charrúa podia fazer mais serviço por
dia do que 40 enxadas.— " Se eu usar de semelhante
machina, me replicou elle, em que hei de occupar os
escravos ?!!
iimui
DA

INDUSTRIA NACIONAL
FEVEREIRO DE 1864—N. 2.

SESSÃO DA ASSEMBLÉA GERAL EM 16 DE


DEZEMBRO DE 1863.
A's 6 horas da tarde, achando-se reunidos os Srs.
conselheiro Mariz Sarmento, Drs. Burlamaqui, Souza
Re°-o, Souza Costa, Lopo Diniz Cordeiro, Nascentes
Pinto, José Rufino, Arthur de Murinelly Pereira de
Abreu, Pereira Portugal, Lúcio Brandão, Araujo, Ma-
theus da Cunha, Vilhena, Raphael Galvão, Azevedo,
Pereira Bastos, Norberto A. Lopes, Miguel Galyao, Un-
cinato Valdetaro, Camillo de Lellis, bacharel Pereira
Rego Júnior, Emilio Gularte, Xavier Pinheiro, Araujo
Carvalho, Henrique Nascentes, Roberto Grey, Virgi-
nius de Brito, Ferreira Sampaio, José Maria Pereira,
Silva Souto, Coelho Antão, José Ricardo Muniz, Affonso
de A. Albuquerque, Ismael e Celestino Qumtamlha
Foi lida e approvada sem debate a acta da assembléa
geral de 15 de Setembro ultimo. a
Procedeu-se á leitura da seguinte proposta fixando
despeza e orçando a receita da Sociedade Auxiliadora
da Industria Nacional para o anno de 1864 :
da
Proposta fixando a despeza e orçando a receita
Sociedade Auxiliadora da Industria Nacionalpara
, o anno de 1864.
1864
Art. l.° A despeza da Sociedade para o anno de
Auxil.Fev. 1864. 6
— 42 —

e oitenta e
é fixada na quantia de dez contos setecentos
forma dos se-
dous mil réis, a qual será distribuída na
guintes paragraphos :
§ 1." Impões 2:800|000
g 2.° Brochuras. _ *™fW
redactor. . . . 1:200$000
§ 3.° Gratificação ao —"
§ 4.° Dita ao thesoureiro para quebras. 400$000 166$000
JJ 5.» Dita ao entregador. • •
^
2Xf!í£
§ 67 Estampas ;
. . i:^lnna
§ 7.° Ordenado do escripturario
§ 8.° Dito do porteiro ...... ?2n£55.
i^Innn
8 9.° Dito do ajudante do porteiro.
a cobradores. 284$OUU
§ 10.° Porcentagem de 8 % compra
§ 11.° Assignaturas de jornaes, . . ÍUxJxxü
e encadernações de livros.
§ 127 Expediente 400|000
§ 13.° Compra de sementes onnfnnrí
§ 14-° Divida passiva ....... *00|000
. /áOftuuu
§ 15.° Extraordinárias e eventuaes.
Es 10:782$000
Art. 2.° A receita é orçada na quantia de dez contos
setecentos oitenta e dous mil réis, que será effectuada
com o producto da renda que se arrecadar no anno
de 1864 sob os titulos abaixo designados:
Tit. l.° Prestação do thesouro nacional 6:000$000
o
Tit 2 Mensalidades dos sócios. . . 2:400$000
Tit. 3.o Jóias 900&000
. Tit. 4.° Divida activa cobravel. . . 100$000
Tit 5.° Assignatura e venda de publi-
cações 150^000
Tit 6.° Juros de apólices da divida pu-
blica. 1:200$000
Tit 7 o Dividendo de acções de compa-
nhias 20$000
Tit. 8.° Extraordinárias e eventuaes. 12$000

Rs 10:782$000
— 43

Art. 3.° Toda a despeza que o conselho porventura


autorisar, e que não esteja incluída em algum dos pa-
ragraphos do art. Io desta proposta, será feita pelo pa-
ragrapho 15°. que poderá ser excedido sendo preciso.#
Art. 4.° O excesso que porventura houver da receita
sobre a despeza, será empregada no custo de meda-
lhas, para serem oíferecidas :
1.° Aos autores dos melhores trabalhos escriptos so-
bre a agricultura do paiz.
2.° Aos fazendeiros que introduzirem o uso das ma-
chinas nas suas lavouras e novos processos na manipu-
lação de seus productos.
3.° Aos inventores de machinas ou apparelhos, com
appiicação immediata á agricultura.
O conselho regulará a maneira pratica para a realisa-
ter logar,
ção dos prêmios, e quando estes não possão
fará appiicação do saldo á compra de fundos públicos ou
acções de companhias garantidas pelo governo.
Art. 5.° A thesouraria da Sociedade, independente
de autorisação do conselho, deverá, á medida que hou-
verem saldos disponiveis, empregal-os na compra des
apólices da divida publica, até a importância total da
de remissões de
quantias que tiverem sido arrecadadas
mensalidades dos Sócios.
Rio de Janeiro, 16 de Dezembro de 1863.— O the-
soureiro, José Augusto Nascentes Pinto.
Foi apresentada pelo Sr. Dr. Souza Rego, a seguinte
emenda substitutiva dos §§ 8o e 9o do art Io:
" Proponho que os ordenados do porteiro e seu aju-
dante fiquem elevados, o do primeiro, a 360$000, e o
do segundo, a 180$00 rs. annuaes.
" Sala das sessões, 16 de Dezembro de 1863. — Dr.
Souza Rego.
Depois de uma discussão sobre os arts. 3o e 5o, na
Drs. Lúcio Bran-
qual tomarão parte os Srs. Azevedo, approvada com a
dão, Burlamaqui e Nascentes, foi
emenda do Sr. Dr. Souza Rego.
Forão igualmente approvados, depois de algumas
reflexões feitas pelos Srs. Drs. Burlamaqui, Nascentes e
Azevedo, os seguintes artigos additivos :
— 44 —

" Art 6 ° O conselho admininistrativo fica autori-


raças de _ animaes e
sado a introduzir no paiz novas
renovar as ja existen-
plantas exóticas, ou melhorar e as ja acli-
tes e revesar de umas para outras províncias ate a
madas no paiz, para cujo fim poderá empregar
quantia de 2:000$000.
" Art 7 ° Por oceasião da execução do artigo ante-
se
cedente poderão os lavradores pedir ao conselho queam-
incumba de mandar vir por conta delles plantas,
mães e sementes que desejarem.
" Sala das sessões, 16 de Dezembro de ISod. — vi.
Azevedo." .
Procedeu-se á nomeação da commissão de contas que
ficou composta dos Srs.: Francisco Corrêa da Conceição,
34 votos ; João Carlos de Souza Ferreira, 33 ; Afionso
de Almeida e Albuquerque, 29. Obtendo os Srs. Jose
Ferreira Sampaio, 11 votos e Luiz Heraclito da Fon-
toura 1.
Passou-se depois á eleição da mesa e conselho, que
ficarão assim organisados :
Presidente.
Marquez de Abrantes, 33 votos. O Sr. conselheiro
José Pedro Dias de Carvalho obteve 2 votos, e foi re-
cebida uma cédula em branco.
Io Vice-presidente.
Conselheiro Alexandre Maria de Mariz Sarmento, 34
votos. Seguirão-se os Srs. conselheiros Dias de Car-
valho e Antão com 1 voto.
2o Vice-presidente.
Conselheiro José Pedro Dias de Carvalho, 36 votos.
Secretario geral.
Dr. Antônio José de Souza Rego, 34 votos. O Sr. ba-
charel José Pereira Rego Júnior e João Thomaz Coelho
Antão obtiverão 1 voto cada um.
Secretários adjuntos.
Dr. Domingos Jacy Monteiro, 36 votos; José Pedro
Xavier Pinheiro, 35 ; João Carlos de Souza Ferreira,
— 45 —

34. O Sr. Dr. Antonio Corrêa de Souza Costa teve 2


votos, e o Sr. Antonio José Victorino de Barros' 1.
Conselheiros.
Dr. Bernardo Augusto Nascentes de Azambuja, 36
votos ; Dr. Frederico Leopoldo César Burlamaqui, 36 ;
tenente-coronel Jacintho Vieira do Couto Soares, 36 ;
Dr. Gabriel Militão Villa-Nova Machado, 36; Dr. Ma-
noel de Oliveira Fausto, 36 ; Dr. José Bonifácio Nas-
centes de Azambuja, 36 ; conselheiro Joaquim Antão
Fernandes Leão, 36 ; Dr. Augusto Dias Carneiro, 36 ;
Joaquim Antonio de Azevedo, 36 ; Augusto Frederico
Colin, 36 ; Ezequiel Corrêa dos Santos, 36 ; Miguel
Archanjo Galvão, 36 ; Dr. Manoel Ignacio de Andrade
Souto-Maior, 36 ; commendador José Duarte Galvão
Júnior, 36 ; Dr. Kaphael Archanjo Galvão, 36 ; Virgi-
nius Alves de Brito, 36 ; Dr. José Firmino Vellez, 36;
Luiz Heraclito da Fontoura, 36 ; Dr. Lucas da Silva
Lisboa, 36 ; Dr. José Maurício Fernandes Pereira de
Barros, 36; José Ricardo Muniz, 36 ; Dr. José Rufino
Soares de Almeida, 36 ; Dr. Giacomo Raya Gabaglia,
36 ; Dr. Lúcio José da Silva Brandão, 36 ; Dr. Ernesto
Frederico dos Santos, 36 ; José Bernardo Brandão, 36 ;
Francisco Corrêa da Conceição, 36 ; Dr. Nicoláo Joa-
Pinto,
quim Moreira, 35 ; Dr. José Augusto Nascentes
35 ; José Botelho de Araújo Carvalho, 35 ; commenda-
dor José Antonio Ayrosa, 35; Dr. Evaristo Nunes Pi-
res, 35 ; Braz da Costa Rubirn, 35 ; Dr. Antonio Cor-
rêa de Souza Costa, 35 ; Dr. Frederico José de Vilhena,
35 ; Manoel Paulo Vieira Pinto, 34 ; Dr. Carlos José
do Rosário, 34 ; Bernardo José de Castro, 34; Dr. Ma-
theus da Cunha, 34 ; capitão Affonso de Almeida Al-
buquerque, 33 ; Dr. Lopo Diniz Cordeiro, 33 ; José
Ferreira Sampaio, 33 ; commendador Manoel Ferreira
Lagos, 32; José Maria Pereira, 31 ; Dr. Antonio José
de Araújo, 26 ; Dr. Raymundo Augusco de Carvalho
Filgueiras, 26 ; Ismael Torres de Albuquerque, 24 ;
Dr. José Arthur de Murinelly, 24; tenente-coronel
Norbeito Augusto Lopes, 22 ; José Frasão de Souza
Breves, 22.
— 46 —

Immediatos em votos.
Dr. Antônio Fernandes Pereira Portugal, 20 votos ;
Dr. João Baptista dos Santos, 18 ; Dr. Cândido de Aze-
redo Coutinho, 16 ; Emilio Chilarte de Mello, 16 ; con-
selheiro João Martins Lourenço Vianna, 16 ; Henrique
Nascentes Pinto, 14 ; Cincinato Clemente Muniz Vai-
detaro, 4; bacharel José Pereira Rego Júnior, 1.

SESSÃO DO CONSELHO ADMINISTRATIVO,


EM 2 DE JANEIRO DE 1864.

Presidência do Sr. Dr. F. L. César Burlamaqui.

A's 6 horas da tarde, achando-se presentes os Srs.


Drs. Burlamaqui, Souza Re<xo, Nascentes Pinto, Souza
Costa, Matheus da Cunha, Murinelly, Lúcio Brandão
e Vellez, bacharel Pereira Rego Júnior, Souza Ferreira,
José Maria Pereira, Affonso de Albuquerque, Ismael,
Henrique Nascentes, Azevedo, José Bernardo Brandão,
Coelho Antão, Lidgerwood e Camillo de Lellis.
O Sr. presidente declara aberta a sessão.
Foi lida e approvada sem debate a acta da ultima
sessão do conselho passado.
Em seguida procedeu-se á eleição do theseureiro que
tem de servir no corrente anno. Recebidas 13 cédulas,
obtiverão os Srs. Dr. José Augusto Nascentes Pinto, 11
votos ; Joaquim Antônio de Azevedo, e Dr. Lopo Diniz
Cordeiro, 1 voto. Em conseqüência desta votação, o Sr.
presidente interino, Dr. Burlamaqui, proclamou the-
soureiro o Sr. Dr. Nascentes Pinto.
Procedeu-se então á leitura da distribuição dos mem-
bros do novo conselho pelas diversas secções que o com-
põe, e que ficarão organisadas do modo seguinte :
Secção de agricultura.
Presidente, Dr. Frederico Leopoldo César Burlama-
qui ; secretario, Augusto Frederico Colin ; membros,
Miguel Archanjo Galvão, tenente-coronel Jacintho
— 47 —

Vieira do Couto Soares, Dr. Antônio Corrêa de Souza


Costa, Affbnso de Almeida Albuquerque, e Bernardo
José de Castro.
Secção de industria fabril.
Presidente, Dr. Bernardo Augusto Nascentes de
Azambuja ; secretario, Dr. Manoel Ignacio de Andrade
Souto-Maior ; membros, Dr. Matheus da Cunha, com-
mendador José Duarte Oalvão Júnior, José Maria Pe-
reira, Dr. Antônio José de Araújo e commendador Ma-
noel Ferreira Lagos.
Secção de machinas e apparelhos.
Presidente, Dr. Augusto Dias Carneiro; secre-
tario, Dr. Baphael Archanjo Gralvão; membros, Dr.
José Bonifácio Nascentes de Azambuja, Virginius
Alves de Brito, Dr. José Firmino Vellez, Dr. Carlos
José do Rosário e Dr. José Arthur de Murinelly.
Secção de artes liberaes e mecânicas.
Presidente, Dr. Manoel de Oliveira Fausto; secre-
tario, Braz da Costa Rubim ; membros, Dr. Lucas da
Silva Lisboa, Dr. Frederico José de Vilhena, Luiz He-
raclito da Fontoura, Ezequiel Corrêa dos Santos e Ma-
noel Paulo Vieira Pinto.
Secção de commercio e meios de transporte.
Presidente, conselheiro Joaquim Antão Fernandes
Leão ; secretario, Dr. José Maurício Fernandes Pe-
reira de Barros ; membros, Dr. Lopo Diniz Cordeiro,
Dr. José Rufino Soares de Almeida, José Ricardo
Muniz, Dr. Evaristo Nunes Pires e José Ferreira
Sampaio.
Secção de geologia applicada e chimica industrial.
Presidente, Dr. Gabriel Militão de Villa-Nova Ma-
chado ; secretario, Dr. Lúcio José da Silva Brandão ;
membros, Dr. Raymundo Augusto de Carvalho Fil-
gueiras, Dr. Nicoláo Joaquim Moreira, Ismael Torres
de Albuquerque, Dr. Giacomo Raja G-abaglia e Dr. Er-
nesto Frederico dos Santos.
— 48 —

Secção de melhoramento das raças animaes.


Presidente, Joaquim Antônio de Azevedo ; secre-
tario, Francisco Corrêa da Conceição ; membros, José
Bernardo Brandão, commendador José Antônio Ay-
rosa, tenente-coronel Norberto Augusto Lopes, José
Botelho de Araújo Carvalho e José Frazão de Souza
Breves.
Passou-se á leitura do seguinte expediente
EXPEDIENTE.
Aviso do ministério do império, pedindo informações
sobre a fabrica de cal de marisco, estabelecida na ilha
de Paquetá, pertencente a Antônio Pedro de Medeiros.
— A' secção de industria fabril.
Dito, pedindo informações sobre a fabrica de chapéos
estabelecida á rua de S. Pedro n. 52, pertencente a
Costa Braga & C. O Sr. secretario geral, Dr. Souza
Bego, declarou já ter officiado a este respeito aos mem-
bros da secção de industria fabril.
Aviso do ministério da agricultura, transmittindo o
requerimento no qual Manoel Dutra Cardozo pede
privilegio por dez annos para usar em todo o império
de uma machina que diz ter inventado, destinada a
facilitar diversas obras hydraulicas, afim de que a
sociedade haja de imformal-o com seu parecer. — A'
secção de machinas e apparelhos.
Dito, transmittindo uma barrica contendo sementes
de trigo sarraceno, afim de que a sociedade as distribua
como julgar conveniente. — Kecebida com agrado.
Dito, transmittindo o requerimento em que Alberto
Giérkens pede privilegio por 20 annos para construir
um apparelho, do qual se diz inventor, destinado ao
travassamento de líquidos, afim de que a sociedade
haja de informal-o com o seu parecer. — A' secção de
machinas e apparelhos.
Dito, transmitindo afim de que seja submettida ao
exame da sociedade, e opportuamente devolvida ao
mesmo ministério, uma amostra de algodão produzido
na provincia do Pará. — A' secção de agricultura.
Dito, transmittindo uma pequena porção de sementes
— 49 —

do melhor algodão da Geórgia, afim de


que a sociedade
as faça distribuir como julgar conveniente. — Kecebida
com agrado.
Dito, declarando que, tendo-se offerecido B. Aubé a
ensaiar perante aquelle ministério o melhoramento
mtroduzio no fabrico das redes, e que
pelo qual se obtém
uma economia de tempo, de menos de tres
quartos do
que actualmente se gasta no preparo dellas, resolveu o
governo que aquelle ensaio fosse feito perante a socie-
dade, a qual, certamente de bom
grado se prestará a
auxiliar o mesmo governo, dando as providencias neces-
sanas ao comprimento da referida resolução. — Convi-
de-se o pretendente, e convoque-se sessão especial.
Dito, remettendo o , ;uerimento no
Stampert, pede privilegio Por 10 annos, qual Henry
introduzir
no império um systema de substituir a para madeira pelo
ferro, nas cobertas e pavimentos dos edifícios, empre-
gando telhas de qualquer qualidade nas ditas cobertas,
afim de que a sociedade o informe com seu parecer. —
A" secção de machinas e apparelhos.
Aviso do ministério dos negócios estrangeiros, remet-
tendo um exemplar da memória escripta pelo Dr. Mar-
tius, e impressa em allemão, sobre a introducção da ar-
vore da quina peruana. — Eecebido com agrado, e á
redacção do jornal.
Officio do presidente da provincia de S. Pedro do Rio
Grande do Sul, remettendo um exemplar da colleccão
de leis promulgadas pela assembléa legislativa da dita
provincia na sessão do anno passado. — Recebido com
agrado.
Officio do Dr. Luiz Torquato Marques de Oliveira,
agradecendo a sua admissão como sócio effectivo, e re-
mettendo 50 exemplares do Novo methodo da plantação
do cafée extincção das formigas, por elle escripto e pu-
blicado.—Inteirado e recebidos com agrado os exem-
plares, que se mandão distribuir.
O Sr. Dr. Burlamaqui apresentou ao conselho uma
porção de trigo negro ou trigo sarraeeno, cultivado e
colhido na fazenda de Sapopemba, assim como uma
amostra de farinha produzida pelo mesmo trigo, cujas
Auxil. Fev. 1864. 7
— 50 —

sementes têm sido distribuídas pela sociedade, e cha-


mou a particular attenção dos nossos lavradores para
esse vegetal, de mui fácil cultura e eminentemente util
para a alimentação dos homens e dos outros animaes.
O mesmo Sr. Dr. Burlamaqui recommendou a leitura
do periódico da sociedade, do mez de Dezembro pro-
ximo findo, que se está imprimindo, e onde se encon-
trará um artigo sobre a cultura e productos do refe-
rido trigo.
ORDEM DO DIA.

Forão lidas e approvadas sem debate as seguintes


propostas:
l.a Tendo a experiência demonstrado a necessidade
de fazer-se algumas correcções nos presentes estatutos*
e em conformidade dos arts. 34 e 32 dos mesmos esta-
tutos, proponho as seguintes alterações :
Art. 2o § 1° supprima-se.
Art. 8o § 1.° Um presidente, um Io e um 2o vice-
presidentes, um secretario geral, dous adjuntos, e di-
rectores dos cursos, das exposições, e do musêo e da
bibliotheca.
Art. 8.° A sociedade será dirigida por um conselho
administrativo composto dos funccionarios mencionados
no § Io do artigo antecedente, e mais 36 membros elei-
tos d'entre os sócios effectivos, dos quaes serão designa-
dos tres por cada uma das secções de que trata o capi-
tulo seguinte.
Será presidente do conselho o mesmo da sociedade.
Art. 9o § único.— Risque-se as palavras — os presi-
dentes das secções e o thesoureiro.
Art. 10. Accrescente-se: — 8.° Fundos e orçamento.
Art. 11. O presidente da sociedade na Ia reunião do
conselho nomeará tres membros para cada uma das
secções, designando os seus substitutos nas suas faltas
ou impedimentos.
Cada secçao terá um presidente e um secretario no-
meado d'entre seus membros.
Art. 15. O conselho poderá funccionar quando se
acharem presentes o presidente ou um dos vice-presi-
— 51 —

dentes, e na falta destes alguns dos


presidentes das
secções, o secretario geral ou algum dos seus adjuntos,
e na falta destes qualquer dos secretários das secções e
mais sete membros.
Art. 16, § 4o—supprima-se.
Art. 16, § 7o—risque-se a palavra—professores.
Art. 19, § 2°—approvação do
parecer da commissão
de fundos e orçamento sobre a
proposta do thesoureiro,
fixando a despeza e orçando a receita
para o anno fu-
turo.
Art. 19, § 3o—snpprima-se.
Art. 35—supprima-se.
Sala das sessões, 2 de Janeiro de 1864.— J. A. de
Azevedo.
Foi remettida a uma commissão especial, nomeada
pelo Sr. presidente interino, e composta dos Srs. Drs.
Matheus da Cunha, Raphael Arahanjo Galvão e Ma-
noel de Oliveira Fausto.
2.a Proponho ao conselho que convide a secção do
melhoramento das raças animaes,
para que formule
instrucções circumstanciadas sobre os assumptos de sua
competência, e lhe communique o seu illustrado
parecer
e opinião motivada sobre os seguintes :
pontos
1.° Se convém melhorar simultaneamente todas as
raças de animaes domésticos do
paiz, ou se alguma ou
algumas dellas em primeiro logar, e
quaes.
2.° Quaes devem ser os meios precisos de realizar o
melhoramento simultâneo ou parcial dessas raças.
3.° Que despezas se deverá fazer em um ou outro
caso, e por conta de quem se fará essas despezas.
4.° Qual dos methodos conhecidos para o melhora-
mento das raças animaes domésticos é
preferível e
applicavel ás circumstancias do paiz.
Sala das sessões, 2 de Janeiro de 1864.—Dr. F. L. C.
Burlamaqui.
Foi remettida á secção de melhoramentos das raças
animaes.
Foi lido o parecer cia secção de maçhinas e appare-
lhos, sobre o privilegio pedido por Camillo de Lellis e
Silva, para construir e vender carros suspensos, destina-
— 52 —

dos ao transporte das carnes verdes do matadouro pu-


Mico para os differentes pontos da cidade. Foi lido
igualmente um protesto remettido á sociedade por Luiz
Dordan, que declara serem os carros para que Lellis
na
pede privilegio, conhecidos ha mais de cem annos
Europa, e inteiramente semelhantes aos carros de fac-
tagem que já funccionárão nesta corte, com uma mui
in-
pequena modificação, e que a elle Dordan, primeiro
troductor dos mencionados carros no império, deve ser
concedido esse privilegio, que já o solicitou em 18G0, e
não a Lellis.
Obtendo então a palavra o Sr. Lellis, procurou de-
monstrar ao conselho quão infundadas erão os accusa-
ções que lhe fazia nesse protesto Luiz Dordan, o qual
não tem por certo idéa .alguma dos carros por elle in-
ventados, e que forão escrupulosa e attentamente exa-
minados pelos illustrados membros da secção de ma-
chinas.
Depois de um debate, em que tomarão parte os Srs.
Dr. Matheus da Cunha, Affonso de Albuquerque, Dr.
Lúcio Brandão, José Maria Pereira e Lellis, foi o pare-
cer remettido de novo á secção de machinas, com o pro-
testo de Dordan, para que ella o tome na consideração
que o achar digno.
Forão lidos e approvados sem debate, os seguintes
pareceres da secção de chimica industrial:
11 Manoel Bezerra de Albuquerque.—Processo chi-
mico para produzir assucar de garapa, de 2 a 30
horas.
(Aviso de 27 de Agosto de 1861).
" Não ha motivo
para parecer, pois não descrevem
processo.
" Além disso,
parece que esse mesmo Manoel Be-
zerra (que já é fallecido) procedeu a experiências na fa-
zenda do Sr. Barão de Piraquára, em presença de uma
commissão, que já apresentou o seu parecer ao governo.
— G. S. de Capanema. — Concordo, G. R. Gabaglia. "
— 53 —

" Fábio Tribbiani.— Pintura hydrofuga.


(Aviso de 28 de Janeiro de 1860).
" Indica o Sr. Tribbiani as vantagens da sua
pintura
para proteger ferro, madeira e paredes contra a humi-
dade, como porém, não remette a composição para ser
experimentada, nem descreve o seu processo, não ha
matéria para dar parecer.— G. S. de Capanema.— Con-
cordo.— G. B. Gabaglia. "

Foi igualmente lido outro parecer da mesma seçcão


sobre o privilegio pedido por Frederico C. Willerkamp
para introduzir no paiz o uso de um combustível que
se denominará combustível econômico, que serve para
as cozinhas, e em geral para produzir o calor.—Não se
achando plenamente de accordo os dous membros sig-
natarios do parecer, foi este remettido á nova secção
de chimica industrial para dar sua opinião sobre a re-
ferida pretenção.
O Sr. Dr. Nascentes Pinto pedio que, com o extracto
da secção, se publicasse nos jornaes a proposta do Sr.
Azevedo, afim de ser convenientemente estudada por
todos os sócios.
O Sr. Dr. Souza Rego declarou que todas as pro-
postas apresentadas em conselho são publicadas inte-
gralmente nos principaes jornaes da corte, cujos re-
dactores a isso se prestão de boa vontade ; e que, por-
tanto, não era necessária a recommendação que acabava
de fazer o Sr. Nascentes.
Forão approvados sócios effectivos os Srs. Francisco
Ignacio Xavier de Assis Moura, fazendeiro em Tau-
bate, por proposta do Sr. Dr. Matheus da Cunha;
Estanisláo José da Silva, negociante, morador no En-
genho-Velho, por proposta do Sr. Dr. Burlamaqui; e
major Quintiliano Gomes Ribeiro de Avellar, residente
no Paty do Alferes, por proposta do Sr. Dr. Ismael
Torres de Albuquerque.
Nada mais havendo a tratar-se, levantou-se a sessão.
— 54 —

AGRICBLTBRA S CffiMlGA AGRÍCOLA.

ANALYSES DE TERRAS E ENSAIOS DE CULTURA EXPERI-


MENTAL, FEITAS NA COLÔNIA DE D, FRANCISCA, NA
PROVÍNCIA DE SANTA CATHARINA, PELO SR. CONDE DE
LA HURE.

O Sr. Conde de Ia Hure, vice-cônsul dos Estados


Pontifícios, empreheude fazer uma serie de estudos e
de experiências, com o fim de dar uma classificação me-
thodica dos terrenos cultivados no Brasil, tendo em vis-
ta, não somente a natureza ou composição dos terrenos,
como tambem as colheitas que esses terrenos podem dar.
Esses estudos começarão a ser feitos na colônia de
D. Francisca, no municipio de S. Francisco do Sul,
provincia de Santa Catharina. E' com grande prazer que
os communicamos aos leitores.
Um terreno profundamente revolvido com a pá de
cavar, e destinado a receber sementes do algodoeiro htr-
baceo, da variedade conhecida com o nome de Geórgia,
deu pela analyse os seguintes resultados :

Humidade da terra, termo médio de


5 lugares differentes, e secca a 110n
centígrados 15 por cento.
Absorpção d'água pela mesma terra
secca 22 jj
Facilidade de dissecação ao ar livre,
em uma temperatura de 21° cent.
em 5 horas 18,.50
Calcareo 2,50
Areia fina 38,50
Seixos (gravier) 10,50 •o
Argila 31,00 57
Restos orgânicos vegetaes. ... 4,50 55
Húmus e matérias orgânicas inso-
luveis 8,00 „
Dito, dito, dito, solúveis .... 2,00 „
Diversos saes solúveis 4,00 ,,
— 55 —

A terra foi estrumada, na proporção de 4,000 kilo-


grammos por hectare, com lodo do rio, cuja composição
foi a seguinte, depois de iluminada a agua por disseca-
ção previa a 110° centígrados :

Aluminia 14,00 porcento.


Oxydo de ferro 11,00 "
Silica 68,00
Cal. . 3,50
Magnesia e seu carbonato. . . . 1,00
Matérias orgânicas 1 00
Alcalis 1^50 „
Os algodoeiros, semeados no mez de Agosto, e trata-
dos pelo methodo seguidos nas Antilhas Francezas, offe-
recém um magnífico aspecto e promettem uma bella e
abundante colheita.
Um terreno argiloso, plantado com milho, deu, pela
analyse, os seguintes resultados :

Aluminia 28,00
por cento.
Oxydo de ferro 5;50 ..
Süica 57?00 „
Cal 0,70
Magnesia. . .# 1,60 „
Ácido phosphorico 4 00
Matérias orgânicas 2 70
Peida 0,50

Antes de semear, enterrou-se no terreno restos de
plantas, principalmente bananeiras, palmeiras, fetus
arborecentes, etc, na proporção de 2,000 kilogrammos
por hectare. O milharal está bello e promette uma so-
berba colheita. Os feijões, que forão plantados entre o
milho, formão soccas espessas e astes longas, começão a
colher-se com abundância.
— 56 —

AGRICULTURA.

AS LEIS NATURAES DA AGRICULTURA MODERNA.

Segundo artigo.

Já publicamos, no Auxiliador de Dezembro do anno


próximo passado, um extracto da introducção da re-
cente obra do iilustre chimico allemão, o Barão Justus
Liebig.
Os leitores do Auxiliador leráõ sem duvida com pra-
zer outros extractos dessa obra interessantíssima :
" Durante os 16 annos
que tem decorrido depois da
publicação da 6a edição da minha Chimica applicada á
agricultura e á physologia, tenho tido muitas vezes,
oceasião de reconhecer os obstáculos que se oppoem á
introducção dos princípios scientificos no domínio da
agricultura pratica.
" A
principal causa reside, parece-me, na ausência
de um ponto de união entre a pratica e a sciencia.
(í Os cultivadores estão
geralmente imbuídos do pre-
juizo de que a agricultura não exige o gráo de instru-
ção necessária nas outras industrias, e até mesmo que o
pratico faz mal estudando ou apropriando-se das des-
cobertas úteis que a sciencia põe á sua disposição. Tudo,
quanto reclama alguma reflexão de sua parte, é consi-
derado como theoria e esta estando, conforme pensão, em
opposição com a pratica, não merece senão pouca ou
nenhuma attenção. E' facto que a doutrina scientifica
ou a theoria é freqüentemente prejudicial ao pratico,
quando este tenta applical-a, por ignorar que a theoria
não se comprehende sem uma aprendizagem, seme-
lhante á habilidade requerida no manejo de um ins-
trumento complicado.
" Entretanto, e todo o mundo deve concordar neste
ponto, não é indifferente que as idéas que guião um ho-
mem na sua pratica e determinão seus actos, sejão jus-
tas ou falsas.
"Não
podendo comprehendêl-as, a pratica não achou
nas mais justas noções que a sciencia lhes offerecia, na
-57 -

demonstração dos phenomenos do crescimento das


tas e da parte que tomão neste acto a terra, o ar, oplan-
tra-
balho e o estrume, nenhum meio de melhoramento.
Desde que os_ cultivadores não podem
perceber a conne-
xão da doutrina scientifica com os factos
que se apre-
sentao na sua pratica, concluem de uma maneira
geral
que entre ellas não existe nenhuma relação.
" Os cultivadores se deixão
guiar em suas operações
pelos factos observados e colligidos de longa data no
logar onde residem, ou se algum se elevava até ás idéas
um pouco mais geraes, seguia sempre certas autorida-
des cujo systema de cultura passava por modelo. Não
podia, para elles, ser isso questão de um exame pois
que lhes faltava um ponto de comparação.
" O
que Thaer, em Moeglin, achava útil e bom
os seus campos, passava por conveniente e bom para
todos os campos da Allemanha. e os dados a para
que chegou
Lawes sobre uma zona de terra em Eothamsted, forão
considerados como axiomas para todos os campos in-
fflezes.
Sob a fé da tradição e de uma fé cega em uma
única autoridade, o pratico renunciou á faculdade de
dar-se. conta a si próprio^ia exactidão dos factos
que se
lhe apresenta vão cada dia, e, no fim, elle não sabia mais
distinguir entre os factos e as opiniões. Deste modo,
quando a sciencia exprimia duvidas sobre a exactidão
ck suas explicações, os agricultores pretendião
que a
sciencia combatia a própria existência dos factos.
Quando a sciencia avançava, que era um progresso
compensar a insufficiencia do estéreo por seus elemen-
tos erricazes ; que o super-phosphato de cal não é um
estrume especifico para as raizes, assim como o ammo-
niaco o não é para os cereaes, acreclitavão que a scien-
cia negava, de uma maneira geral, a eíficacia destes
estrumes.
" Os mal entendidos desta espécie derão
origem alon-
gíis discussões. O pratico não comprehendia as deduções
scientiticas, e insistia em defender suas opiniões adqui-
ridas: elle não combatia os principios scientificos, porque
Auxil.Fev.1864. 8
— 58 —

os não comprehendia, mas sim as idéas errôneas de que


estava imbuído a respeito destes princípios.
" Para
que a sciencia preste soccorros efficazes, é pre-
ciso que os antagonistas se entendão sobre estas discus-
soes, e que os cultivadores sejão os árbitros; mas, em
verdade, creio que ainda estamos mui longe disto. De-
posito, porém, toda a minha esperança na nova geração,
que entre na carreira pratica, preparada de uma maneira
mui diversa de seus pais. Pelo que me diz respeito, já
cheguei á idade em que os elementos do corpo mortal
denuncião uma certa tendência a entrar em um novo
cyclo, a tratar de arranjar a sua casa, e dizer sem re-
buço, tudo quanto resta a dizer.
" Como em agricultura, cada experiência
para dar
um resultado completo, exige um anno e mais, não ouso
esperar viver bastante tempo para assistir á consagra-
ção pratica de meus princípios. Parece-me que, nesta
situação, o que posso fazer de melhor consiste em coor-
denar esses princípios, de modo que quem quizer ter o
trabalho de os estudar com attenção, não possa mais,
d'ora avante, illudir-se sobre o seu sentido. Collocando
neste ponto de vista, é que eu rogo ao leitor de bem
julgar a parte polemica deste livro.
" Acreditei durante muito#tempo que em assumptos
de agricultura, assim como nas sciencias, se podia, sem
preoccupar-se com o erro, ensinar as sãs doutrinas, com
a certeza de as vulgarisar ; mas acabei reconhecendo que
isto era uma falsa via, e que em primeiro logar, é ne-
cessario despedaçar os altares da mentira, se se quer
dar uma solida base á verdade. Emfim, penso que todos
devem reconhecer o direito que me assiste de purificar
a minha doutrina de todas as impurezas, por meio das
quaes, se tem procurado durante tantos annos, tornal-a
incom prehensi vel.
" De differentes lados se me fera
aceusado de haver
condemnado a agricultura moderna como uma cultura
vampiro, e em verdade, eu não posso manter a minha
aceusaçao contra vários agricultores. Assegurão-me que
na Allemanha do Norte, nos reinos de Saxonia e Havre,
no Brunswick, etc, grande numero de cultivadores fa-
— 59 —

zem todos os seus esforços para restituir a seus campos


muito mais do que delles tirão, de sorte
que, a respeito
destes, não^ pôde haver questão de espoliação. Entre-
tanto, considerando-se a situação geral, deve reconhe-
cer-se que, proporcionalmente, bem poucos são os cul-
tivadores que saibão o estado em que estão as suas
terras.
<c Nunca encontrei até hoje um
só cultivador que se
desse ao trabalho, como naturalmente se faz nas outras
industrias, de abrir conta corrente com cada um de seus
campos e de inscrever nessa conta tudo o que entra e
tudo quanto sahe.
" Os cultivadores sofírem um mal antigo
e inve-
terado; esse mal consiste em que cada um julga a
agricultura no seu complexo, debaixo do estreito ponto
cie vista onde elle mesmo se collocou, e quando um
evita o mal acredita achar nisso a prova de que todos
fazem bem.
" A enorme exportação de ossos
que se faz na Alie-
manha, é certamente uma prova decisiva de que, de
uma maneira geral, apenas um pequeno numero de cnl-
tivadores, se lembra de restituir ás suas terras os phos-
phatos em quantidade, suficientes. Quando uma única
e pequena fabrica da Baviera (Heufeld) exporta das
visinhanças de Munich, para a Saxonia, um milhão
e meio de pó de ossos, isto não pôde ter logar senão
á custa e em detrimento dos campos Bavareses.
" Os
grandes espolião os pequenos, o que sabe es-
polia o ignorante, e será eternamente assim.
" Na Allemanha do Norte commette-se igualmente
deploráveis roubos, feitos á terra; o futuro da industria
assucareira allemã o provará talvez em breve a um
grande numero de contemporâneos.
" Pela applicação do super-phosphato de
cal e de
guano, tem se obtido grandiosas colheitas de beterrabas
ricas em assucar, ecomo isto dura já ha muitos annos, sem
que as colheitas diminuão, os cultivadores imaginão
que estes bons rendimentos se conservarão sempre,
ainda que explorando os seus campos deste modo, elles
— 60 —

percão constantemente potassa, e devem acabar por


exhaurimento.
" A
potassa, dizem elles, é um estrume muito caro,
e como pelo mesmo preço comprão três ou quatro vezes
maior quantidade de super-phosphato e de guano,
suppoem que fazem grande beneficio a seus campos, es-
trumando-os com estas matérias. Acreditão igualmente
substituir a potassa pelo estéreo, mas ignorão porque
preço lhe fica este estrume.
" E' certo
que elles se enganão em suas previsões, e
que seus melaços e suas vinhaças alienão a matéria a
mais importante para a producção do assucar, e, por
conseqüência, empobrecem os seus campos. Reconhece-
ráõ, talvez no fim de algumas dezenas de annos, que
procedendo desta maneira, a proporção do assucar nas
beterrabas diminue, não insensivelmente, porém subi-
tamente de 11 e 10 a 4 e 3 °/0, e que a fertilidade das
terras que davão outr'ora, rendimentos tão elevados em
assucar, não pôde ser restaurada somente com guano e
super-phosphato. Em França e na Bohemia, já houve
oceasião de fazer-se esta triste experiência.
" E' deste modo
que no fim de algumas gerações as
regiões onde a fabricação do assucar ainda floresce, sob
o império deste systema vicioso, serão citadas como
exemplos dos erros dos homens, em uma industria des-
tinada pela sua natureza, a durar eternamente nos
mesmos campos sem os esgotar.
" Na Inglaterra, tem-se feito análogas observações.
Em todos os campos de cultura de cenouras, onde se ti-
rou as raizes sem restituir-lhe a potassa, se manifestou
igualmente uma deterioração na qualidade dos produc-
tos; tem sido somente nos logares onde os carneiros co-
mem as raizes no próprio campo, e onde, por conse-
quencia, se conservou toda a potassa ás terras, que os
rendimentos não diminuirão, nem em quantidade, nem
em qualidade. "
— 61 —

ECONOMIA AGÍÜCGLA.

ESTUDOS SOBRE AS RAÇAS BOVINAS. (1)

RAÇAS FRANCEZAS.

A alimentação publica é o maior pro-


blema de economia social.
F. H.

Raça Garosena. '

O primeiro prêmio do concurso universal de 1856 foi


obtido por um boi garonez Durham, e o segundo por
um garonez de raça pura. Eis o rendimento que derão
estes dous animaes no matadouro¦: (2).
Garonez Durham. Garonez puro.

Peso vivo total 54 arr. e 15 lb. 51 arr. e 16 lb.


Peso dos 4 quartos ... 33 arr. e 14 lb. 33 arr. e 4 lb.
Peso do sebo 5 arr. 4 arr. e 16 lb.
Peso do couro 2 arr. e 16 lb. 2 arr. e 30 lb.
Miúdos e restos 9 arr. e 2 lb. 12 arr. e 10 lb.

(1) O Auxiliaãor tem publicado uma serie de artigos sobre


este assumpto, nos quaes se tratou das raças bovinas inglezas,
allemães, belgas, suissas e francezas. Este ultimo estudo ter-
mina o que pôde haver de interessante a respeito das raças
francezas.
(Extraindo do Calendário Agrícola de M. Victor Borie).
com o do nosso,
(2) Este rendimento do gado, comparado
forma o objecto de um serio estudo. Não temos dados suffi-
cientes para fazermos uma comparação do peso médio do gado
bovino nas diversas províncias do império com os dos paizes
onde se procura melhorar as raças bovinas. Citaremos somente
uma provincia, onde a criação do gado forma, por assim dizer, a
industria única.
Para fazer-se idéa do quanto pôde ganhar a subsistência pu-
blica pelo melhoramento das raças bovinas, basta dizer que no
concurso de Poissy, em 18G2, foi-premiada uma vacca da raça
Durham de 4 annos e 3 mezes, que pesava 54 arrobas e 15
libras !
Lêa-se agora o seguinte trecho, extrahido da Memória Chro-
— 62 —

O engordamento prematuro do gado parece destina-


do, segundo o autor citado na nota, a fazer sérios pro-
gressos nas regiões occupadas pela raça garonesa, que
se presta a este methodo, com maravilhosa facilidade.
Mas, os carniceiros de Bordeaux, não parecem ser mui
favoráveis á esta innovação, porque pedem que se pre-
meie de preferencia os bois que produzirem maior por-
ção de sebo de entranhas, o que só pôde obter-se com
bois velhos engordados ; os animaes novos produzem
menos sebo e mais carne, e por tanto o interesse dos
consumidores está em opposição com a dos carniceiros
ou dos vendedores de sebo.
As vaccas garonezas são medíocres leiteiras, porque
mal podem nutrir os seus bezerros, mas são excellentes
para os trabalhos ruraes, ainda que menos dóceis do
que os bois.
Raça Bazadesa.

Bazas é uma pequena cidade da Gironda. A raça bo-


vina a que esta cidade deu o nome, é pouco numerosa,
porém soberba e extremamente vigorosa ; por isso, em
geral, os bois desta raça são empregados particularmente
em puchar pesados carros de duas rodas, carregados de
madeira.
Alguns conhecedores attribuem a origem, desta raça
ao crusamento da raça suissa com a garoneza, sem du-
vida por causa da còr da pelle (parda escura), mui se-
melhante á dos animaes Schwitz ; outros, pretendem
que ella se approxima mais da raça gasconha, do que
da raça garonesa.
Depois de terem trabalhado 6 ou 8 annos, os animaes
desta raça são engordados e vendidos para o açougue ;

nologica, Histórica e Geogra.phica da província do Piauhy, pelo


Sr. José Martins Pereira de Alencastro, inserta na Revista do
Instituto Histórico e Geographico, tomo XX; 1857. pag. 70:
" A criação do
gado vaccum e cavallar tem enfraquecido,
porque no Piauhy, não se procura melhorar a raça por meio
de crusamentos ; e tanto isto é verdade, que a arrobação media
do boi, que já foi de 12 arrobas, é de 9 arrobas actualmente ! "
— 63 —

alguns chegão a pesar até 50 arrobas, e fornecem excel-


lente carne misturada com gordura.
As vaccas são medíocres leiteiras.

Raça Comtesa.

Esta raça se subdivide em duas variedades ou sub-


raças ; a tourache e nfémelina, isto é, raça de montanha
e raça de planície. Ambas oecupão o território da antiga
provincia de Franche-Comté, donde lhe veio o nome,
Ainda se encontra a raça tourache na cadeia demon-
tanhas do Jura, que separa o Franche-Comté dos can-
toes de Vaud e Neuchateau, na Suissa. A pelle dos ani-
mães desta raça é roxa carregada, pellos grossos e fri-
sados na cabeça ; suas formas são pesadas, massisas,
largas no peito e estreitas na parte posterior.
Os bois são vigorosos, porém as vaccas são medíocres
leiteiras. Não obstante, a industria da fabricação dos
queijos, é mui desenvolvida nas localidades habitadas
pela raça tourache.
Ahi se fabricão duas espécies de queijos, chamados
no paiz—vachelin e septmoncel que gozão de muita es-
timação.
Como as vaccas desta raça são pouco leiteiras, osfa-
bricantes cie queijos, alugão todos os annos na Suissa
muitas mil vaccas das raças de Berne ou de Friburgo,
afim de utilisar os excellentes pastos das montanhas do
Jura. A invasão no paiz por essas raças superiores, tem
a
quasi absolutamente absorvido e feito desapparecer
sub-raça tourache.
A raça fémelina se distingue da precedente^ indepen-
dentemente da côr, por outros caracteres mais impor-
tantes e que indicão qualidades superiores, lactiferas, e
de aptidão para o engordamento.

Raça Limousina.

Esta raça é uma das mais estimadas, por ser igual-


mente apta para o trabfilho e para o açougue. Ella
se distingue por animaes de estaturas differentes ; mas
_ 64 —

as vaccas grandes ou pequenas são mui medíocres lei-


teiras, e os bois consomem muito para ficarem gordos.
Desde a idade de 2 a 3 annos, faz-se trabalhar indis-
tinctamente bois e vaccas ; depois de 4 annos de tra-
balho, os engordão e os vendem para os açougues, onde
são estimados pela excellente carne e o muito sebo que
produzem.
Baça de Salers.

Esta raça é considerada como muito superior, porque


os animaes são dóceis pelas suas aptidões lactiferas,
d'engordamento e para o trabalho.
Esta raça offerece muitas analogias com as da Suissa,
e como naLimousina, offerece animaes de estaturas diffe-
rentes ; mas quer grandes, quer de pequena estatura,
as vaccas são boas leiteiras. Calcula-se que com o leite
de uma unica vacca de Salers se pode fabricar cada anno
300 libras de queijo ; citão-se mesmo vaccas excepcio-
naes que dão de 500 a 600 libras de queijo.
Como a principal industria do paiz é a criação e
o commercio do gado, raras vezes se matão os bezerros
e vitellas, que se deixão criar pelas mais, não lhes dei-
xando, porem, mamar senão a quarta parte do seu leite.
Na idade de 2 annos, põe-se em bons pastos,
para en-
gordarem e serem vendidos. Depois de terem traba-
lhado 4 ou 5 annos, isto é, na idade de 7 annos, os
engordão para os açougues.
A raça salers tem grande analogia com a raça in-
gleza do Devonshire, pela côr da pelle, a fôrma e a
aptidão para o trabalho e o engordamento ; a raça fran-
ceza, lhe é todavia superior no ponto de vista do
e da qualidade lactifera. peso

Raça oVAubrac.
Tem-se discutido muito sobre as relações desta raça
com a precedente, ou com as variedades de raças do
Auvergne. Os catálogos dos concursos a reúnem a essas
raças, porém M. Victor Borie, diz
que, pela fôrma e
— 65 —

pela côr da pelle, a raça d'Aubrac se assemelha á Ba-


radeza e por conseqüência á raça suissa de Schiwtz.
As qualidades que destinguem os animaes da raça
^
d'Aubrac os approximão dos Salers e dos Limousinos;
elles são todavia inferiores a estes últimos, porque sua
carne é menos saborosa e o seu sebo menos branco. As
vaccas são em geral boas leiteiras. Na idade de 8 a 9
annos, os bois aubracs são exportados para o paiz de
Mezin, onde são engordados e depois vendidos
para os
açougues com o nome de bois do Mezin.

Raça Parthenesa.

Os catálogos officiaes dos concursos regionaes com-


prehendem debaixo desta denominação as duas princi-
pães variedades da raça Vendeana, criada no paiz, conhe-
cido com o nome de Bocage, isto é, a raça Parthenesa e
a raça Choletesa. A esta ultima se chama indifíerente-
mente raça de Parthenay ou raça de Cholet. Entretanto,
os animaes das vizinhanças de Parthenay, não são intei-
ramente semelhantes aos das vizinhanças de Cholet,
ainda que pertencendo á mesma raça.
O typo da raça consiste principalmente em uma fronte
larga e chata, longos chifres ponteagudos, brancos na
maior parte de seu comprimento e pretos na extremi-
dade ; em torno dos olhos, no focinho e nos pés existe
uma penujem branca comparável ás malhas do cabrito.
Os olhos são pretos e brilhantes.
O gado bovino Parthenez emigra para Saintonge,
Alto Poiton e Toraine, onde toma o nome de gado de
Gatina. Os animaes desta raça servem para transportar
as mercadorias para o porto de Nantes e vice-versa,
assim como os Garoneses para Bordeaux.
As vaccas são muito boas leiteiras e o seu leite é mui
rico em manteiga ; igualmente ellas são aptas para o
trabalho e o engordamento. O gado desta raça contri-
bue em grande parte para o abastecimento da capital do
império francez.
Auxil. Pev. 1864. 9
— 66 —

Raça Bretona.
estatura, po-
A raça Bretona typo é de pequena
ou preta. Ella e aía-
rém eleUnte ; a sua pelle é branca
mans.dão As
Sa pela sua rust&ade e sua =
lactiieras.
são muito estimadas pelas suas qualidades seu, duvida aos
Dtógüem-se duas sub-raças, devidas, avermelhada com
é
crusamentos. A sub-raça Ehenesa do que a raça typo,
Cas mauchas brancas; é mais alta
Guirecamp e verme-
e ainda melhor leiteira. A sub-raça
ou vermelha clara ;
lha ebrLa, algumas vezes ruaua
Ehenesa, boa lei-
ainda é mais alta do qne a sub-raça
teira, rústica e corajosa.

íNEÜSTítfA.

PHOTO-LITHOGRAPHIA.

inventou um pro-
Um capitão de navio, M. Morvan
as pedras litho-
cesso que permitte reproduzir sobre cartas e planos
desenhos,
gTaphiLto^aaespecie^e Este novo me-
Cavados, impressos ou manuscnptos. notável por sua exe-
thodo photo-lithographico se torna
methodo,,—nto
cucão simples e rápida. Digo novo A. Poitevins dis-
M.
inventor da photo-lithographia fez as primeiras
tineto photographo, que, em 1855, sobre misturas de
luz
experiências rektivas \ acção da orgânicas. O
bichromato de potassa e de substancias
é uma photogra-
ponto de partida da operação imagem provase
ímica uegativa do objecto, a que grava na
invertida. No novo pro-
pedra é então positiva, poréma deba>xo da
lio isola-se directamente pedra Nao ha, gravura
ou o desenho que se quer reproduzir. portanto,
methodos, pois que
nenhuma identidade entre os dous inversos.
os resultados obtidos são absolutamente
Eis o modo de operar :
67 —

Cobre-se a superfície da pedra lithographica, com


uma leve camada de verniz, composto de :

Bichromato d'ammoniaco. . 50 grammos.


Albuuiina 300 ,,
Agoa 300 ,,
á luz ex-
Logo que a superfície está sêcca, expõe-se
desenho que
terior, e cobrindo-a antes com a gravura ou
se quer reproduzir. do cli-
O tempo da exposição depende da espessura
ché e da intensidade da luz ; pôde porém dizer-se que,e
ao sol,
termo médio, são necessários de 2 a 3 minutos
tira-se
10 minutos á sombra. Kecolhendo-se a pedra,
lavando-se
o clichê, porém nada se vê sobre ella ; porém e,
a superfície com sabão branco, as partes solúveis a (isto
e pedra
aquellas que nãÓ receberão luz) desapparecem a mi;
ficao
mostra traços nestes logares, que assim
receberão a
entretanto que em todos os logares que
sendo roso-
acção da luz, o oxido de chromeo formado,
apparece en-
luvel resiste á acção do sabão. A imagem estendendo
tão • procede-se seguidamente a dar tinta, o rolo de
uma camada d'agua sobre a pedra, e passando
a tinta nao
imprimir impregnado de tinta gorda ; repellida po-
é
dendo ficar senão sobre as partes Ocas, pela
agua nos logares que estão em relevo : as partes ocas
e as partes em
dlráõ portanto os negros do desenho,
ocas correspon-
relevo os brancos. Ora, como as partes
resultara .denti-
dem aos negros do clichê empregado Esta e a parte
dade entre a reproducção e o modelo. do inventor. O
verdadeiramente original do processo
alterado.
modelo não fica de nenhum modo _
da pe-
Deixando repousar o sabão sobre a superfície
dra, aviva-se os traços no gráo conveniente para a tira-
fim é um
cem ; o tempo médio para conseguir este
depois disto pôde proceder-se a im-
quarto de hora ;
PTprocrettaaginado destinado a
por M, Morvan é
lithographia e na
representar um importante papel na
typographia.
— 68 —

PHOTOORAPHIA.

ás provas pkotogrciphicas.
Methodo para ciar cores

não passão de ».má


As photographias pintadas

se fosse possível animar uma piuv ,


Ps.t=írat^^^^
parte por M. de Lucy. .
te-
como as mais
As cores que o autor recommenda

«XS?iS*=X:,=
dos ingredientes. -viíricrlp do es-

algum tempo. ,,

AV^r, nrs f=sa^s e


na repróducção dos animaes.
— 69 —

FABRICAÇÃO DO GAZ DE ILLUMINAÇÃO,


EXTRAHIDO DO PETRÓLEO.
se tem feito em
Nin-uem ignora as descobertas que e no Ca-
varios° pai»?, sobretudo uos Estados-Umdos e de napnta ,
nada de grandes depósitos de petróleo
existe petróleo, e va-
porém nS gente* ignora que
riasTutoas matérias análogas, em algumas, províncias
tarde ou
d Bra sobretudo na da Bahia que, mais dos óleos
commercial
mais cedo', entrará ua concorrência
entre nos com o
hoTe 4o vulgarisados, conhecidos muito m-
nome de kerosene. Este artigo tem portanto
a da Ba-
TemL para o paiz, sobretudo para maisprovínciaconveniente e
hTa oue possue a matéria prima
a ga, todas as suas
a ml própria para illuminar
/"míi íi ri ps
em-
M Hinde e Tompson obtiverão privilegio para
o seguinte processo de ext.a-
pregarem exclusivamente de illuminação.
hir do petróleo bruto o gaz
os obtidos
Este processo consiste em misturartijollosgazes
refiactanos,
de
nela acção de chapas de ferro ou bruto
CecZsaté ao calor vermelho, sobre petróleo d água
de vapores
com Òs que resultão da passagem
de coke ou de carvão de
atmvéz de massas quentes sao lavados
lenhl Depois de combinados, estes gazesuma sene dc rec-
em ácido Srhydrico, e passão por A luz
^ntes onde se purificão, para um gazometrobely.
extremamente
^ g-, ÔbtóU deL modo' \ ordi
ellá custa está muito abaixo do preço do gaz
que
ümano.
dinario. • ~ .]„

? r —e Z umffett: £SEE£ t
fornalha Um cylinM
C:i°àC^^^

,ce o que
folha de ferro, dobrada em f^dehe
do cylmdio e as u
o intervallo entre as paredes
Dous tubos
Une ou retorta. o pttioiio
^^JmXZ,o
contei
alambique ; um serve para
— 70 -
serpen
outro paru água ; o primeiro comm™««
a
tina do alambique, e esta com P^XTche^Sé
da helice e chega ate
lindro ; o segundo corta os espiraes
á ua s^entina ; a
Tj^n&i oi-laudo respectivo tubo e
no
airaa passa ao estado de vapor
como ella encontra o
Se até abaixo do eylindro, e da logar a ai
mire ou carvão de madeira, esse encontro
e de.carboueoassmr
versas combinações de hydrogeneo
TJm terceiro tubo iu-
como de carboneo e d'oxygeneo. superior recebe os
troduzido no eylindro, na sua parte do
*a_es e dos
provenientes da decomposiçãod'aguapetróleo
com o oarbo-
da mistura do vapor
Presultóo
neo aue estão em contacto.
comprehender e o
Todas estas operações são fáceis de ser mui
de portátil.
apparelho tem de mais a vantagem

NOVO ALGODÃO-POLVORA.

Eis o modo de preparar este produeto, que não é


como «algodão-
su£i o a fa_er explosão pelo choque,
ordinário. Este processo é devido ao Sr. Remy,
pólvora
de Vienna d'Áustria. de
,
modo
Torcem-se alguns fios ou linhas de algodão,
igual ao do grão
a formar um cordão de um diâmetro cordão durante
de pólvora bombardeira. Molha-se este metallico, con-
não
algims minutos, em um recipiente,
e depois se submeto
Sdo ácido nitrico, comprime-se, de uma,001 rente
á uma lavagem completa, por meio uma certa altatia
dW que se dirige sobre ella de
em uma estufa
Comprime-se de novo, e se faz seccar
Fahr. (54°, 80 c.)
aquecida na temperatura de 130°
um vaso de vidro ou
Durante este tempo prepara-se em de1 acide> ni-
de louça uma mistura, em partes iguaes, dens.)
tricô (1,52 de densidade) e de ácido sulfurico (1,14
24 horas. Quando os cordões
que se deixa repousar uesta mistura que
estão bem .eecos, mergulhão-se
— 71 —

se tem o cuidado de cobrir, e depois de passadas 48 ho-


ras remechendo de tempos a tempos, tirão-se, compri-
mem-se, lavão-se perfeitamente em água corrente du-
rante muitas horas, faz-se de novo seccar na estufa.
Neste estado, mergulhão-se durante alguns instantes em
um banho de silicato de potassa diluido, e finalmente,
comprimem-se de novo, lavão-se e seccão-se do mesmo
modo ; então a operação está terminada, e o algodão-
pólvora prompto para ser empregado.

REPRODUCÇÃO DAS NOYAS OU VELHAS


LITHOGrRAPHIAS.

M Rigaud conseguio fazer essa reproducção de um


a li-
modo relativamente fácil e expedicto. Appbcando
thosraphia pelo seu verso sobre uma camada d'água pura
durante alguns minutos, elle humidece uniformemente
esta folha
e a água não molha os traços negros. Tira-se liquido e
do
e colloca-se entre dous papeis ; o excesso
a
absorvido, e então estende-se a folha sobre pedra pelo
suas partes
recto, adherindo aquella a esta em todas as
depois uma ío-
por meio de uma leve pressão. Molha-se diluído em dez
lha de papel ordinário em ácido nitrico, de posta
vezes o seu volume d'agua. Esta folha depois o excesso
entre outras duas folhas de papel, que absorve adherente a
do ácido nitrico, cobre a folha lithographica uniiorme.
ambas uma pressão
pedra ; exerce-se sobre
na prova litho-
O ácido nitrico penetra lentamente
a de uma maneira
graphica humida, e opera sobre pedra a maior
uniforme, de sorte que ella é atacada com
igualdade em todos os seus pontos.
— 72 —

D'ARTILHARIA.
NOVA LICA PARA AS PEÇAS
Von Rosthorn,
O inventor desta nova liga foi o Sr.nome ^sterrome-
de Vienna d'Áustria, que lhe deu o resistente), a sua
tal (nome grego que significa duro,
a sua grande du-
côr ie assemelhai do teon.e, e visto de bello po-
reza ella pôde sem duvida ser susceptívela tem empregado
Ud Muitos engenheiros de Vienna, já hydraul.cas, com
na fabricação d! cylindros de prensas ordem do go-
excellentes resultados. Esta liga foi, pormui exactos no
verno imperial, submettida a ensaios imperial de
Instituto Polytechnico (n. 1) e no arsenal
Vienna (n. 2). Em 100 partes deu :
N. 1. N. 2.

Pobre ' * * • • 55,04 57,63


Ziíco '¦'¦¦¦¦¦. • 42 36X'
40'22
Ferro fi
Estanho ^83 0,15
ToO,00 99,86
deu os resul-
O ensaio feito no Instituto Polytechnico
pollegada qua-
tados se-uintes, quanto a resistência porfusão- supportou,
drada un a barra obtida por simples forjado na em-
Ím partia, um peso de 27 toneladas a;
sob pressão de 34
peratura de calor rubro, partio-seem circumstancias ana-
toneladas. No arsenal obteve-se,
logas, de 28. 32 a 37 toneladas. _
8,37 (forjado a
A densidade cia liga é de perto de
com os que dao
quente). Comparando estes resultados dando,
o ferro forjado e o açode primeira qualidade,
lo uma resistência de 26 toneladas por pollegadade qua-An-
drada e a do 2<>—35, conforme as experencias
sorprehendido
dessoA no arsenal de Woolwich, fica-se
da resistência da nova liga.
mm
A electricidade do Sterrometal é igualmente
^rande- póde-se-lhe fazer tomar uma extençao de
— 73 —

—- de seu comprimento, entretanto que a do bronze é


apenas de —_ e a do ferro forjado de —- Depois dis-
to não é de admirar que um tubo feito com esta nova liga,
possa supportar uma pressão de 763 atmospheras, en-
tretanto que um tubo de ferro forjado, de fôrma e di-
mensões semelhantes, cede á uma pressão de 267 atmos-
pheras.

BURNIDURA DO FERRO E DO AÇO.

Vamos dar conta de um processo que se emprega na


Prússia, para dar aos metaes um aspecto agradável e ao
mesmo tempo preserval-os da ferrugem.
Faz-se dissolver em 4 ou 5 partes d'agua (quanto me-
nos melhor) duas partes de chlorureto de ferro cristalli-
sado, outro tanto de manteiga d'antimonio (chlorureto
d'antimonio) e uma parte de ácido gallico; humidece-se
um pedaço de panno ou uma esponja com esta mistura,
e fricciona-se o objecto que se quer burnir ; deixa-se
seecar e passa-se depois a esponja ou panno embebido
por muitas vezes sobre o mesmo objecto cleixando-o
seecar de cada vez. Depois lava-se com agua, secca-se e
esfrega-se com óleo de linhaça quente.

NOVO METHODO DE FUNDIR O AÇO.

Os que estão ao facto do progresso da industria co-


nhecem os aperfeiçoamentos introduzidos na fabricação
do aço, principalmente por Fremy, em França, e por
Bessemer, na Inglaterra. M. Ludre imaginou um novo
methodo de fabricar economicamente o aço. O aço oecupa
de dia a dia um maior logar na industria, e a grande in-
dustria tem necessidade de operar sobre grandes massas
na ma-
para a construcção das machinas, da artilharia,
rinha, nos caminhos de ferro, etc. A grande difficuldade
Auxil.Fev. 1864. 10
— 74

de grandes quantidades
a vencer é a fusão simultânea ca-
L Ten • até hoie porém, essa fusão se praticava em até
mal podião conter
thosdeterrTíefractaria, que
40 libras de aço, e escandescidos exteriormente de
pelo
do carvão pedra.
calor do cole ou pela chamma meio de o fundir em
M Ludre tendo proposto um novo sem emprego
fraudes massas em fornos de reverbero, compôs a de
commissãu
fechos, nomeou-se uma MM. lrusine ae
ressoas inteiramente competentes, esta comnnssao
KXm Caron e Saint Claire-Deville; os segumtes in-
do qual faremos
puhhcou um relatório,:
teressantes extractos
« A destruição rápida dos cadinhos e dos fornos, re-
ferro que comhman-
núta d formação do oxidos de um sib-
do se com a silica dos tijolos do forno, produz
maneira que o forno e os
cato de fero mui fusível ; de cada operação. M. Ludre
cadinhos ficão destruídos em
contacto do ar, pela mter-
procurou preservar o aço do o aço, ao
Sd uma matéria incapaz de alterar o enxo-
corpos como
nua a menor partícula de certos faz perder suas
CS» phosphoro, o silicium, mesmo tempo que
teciosl qua idades ;elle quiz ao
os tijolos do forno; ou em
ess matedas não atacassem

onde se queima lenha.


Tefcorias do's fornos altos
" A commissão verificou :
« 1 o Oue a fusão do aço se operava rápida e tacü-
nenhuma de suas quali-
mente', sem fazer-lhe perder
a«62° fácil-
Oue com este methodo se podia fundir
küogrammos)
mente e de uma só vez, 400 libras (200 #
de aço no mesmo forno.
«3o Que se obtém uma notável economia tanto pela
em relação á quantidade
suppressão dos cadinhos, como
de combustível empregado. reíracta-
ii 40 Oue os fornos construídos com tijolos
da multidão de
rios, resistem difiicilmente por causa
— 75 —

juncturas, e que seria da maior conveniência econômica


formar as goleiras e as abobadas de uma só peça, ou de
um pequeno numero de pedaços perfeitamente unidos,
como se faz com as soleiras dos fornos de cobre.

nqticjas e varísdasss.
Modo de conservar e purificar o mel das abelhas.—
Conserva-se dificilmente o mel de um anno para outro,
porque o collocão em logares impróprios. Sabe-se que o
mel se apodera da humidade do ar ambiente, dissolve-se,
torna-se demasiadamente fluido e azedo ; mas elle se con-
serva perfeitamente, quando é mettido em vasos bem
tapados, collocados em logares sêccos e frescos. Nunca
se deve misturar mel liquido em um vaso contendo mel
consistente ; esta mistura fermenta e azeda em breve.
Se se quer conservar o mel em estado de fluidez de um
anno para outro, é necessário deixal-o nos favos.
O mel contém cera e outras impurezas. Para purifi-
car, basta emergir nelle um prego (ou outro ferro) aque-
cido de modo que fique vermelho.
Valor de um cão morto. — O novo Jornal dos Conhe-
cimentos Úteis, traz um curioso artigo sobre os lucros
de um cão. ^
que a industria pôde tirar dos despojos
No momento, diz o autor do artigo, em que se vai por
em vigor a lei do imposto sobre os cães, esses animaes
vão soffrer uma espécie de Saint-Barthélemy. Não deixa
de ter interesse saber o valor dos restos de um cão, desse
homem.
grande amigo da panella do tirar :
De um cão morto póde-se
1.° A pelle vendida em primeira mão, de 40 a 80 cen-
timos.
2.a As gorduras, que se vendem de 60 a 80 centimos o
kilogrammo, e de 1 franco e 80 centimos, depois de uma
tem um valor
primeira apuração. Em segunda mão, ella e meio ao
dobrado, chegando a vender-se a 2 francos
commercio, que os revende de 3 francos a 3 francos e
meio aos industriaes que as empregão.
— 76 —

estrumes, tem
3 o Carnes, ossos e sangue, que, como
um valor médio de 15 cent. o kilogrde um cao morto e
Seja cousa de 5 francos o valor o
alguns dão muito mais. Consequentemente proverbm. o nenhum
ifto «cio vale nm cão morto, paras.gn.ficar
valor de um objecto, não é exacto. chamarolec,
As gorduras dos cães, que se podem uso este em
como as de mocotó de boi, tem o mesmo são que
Sas circr.mstar.eias (1) : mas ellas pnnc.pal-
falsa,, nos
mente empregadas na fabricação das pérolas
olhos de esmaltes, etc. convém,., fund,-as
Para aproveitar todas as gorduras
com nma parte das carnes que a cer ao
juntamente fornecem certa quantidade, üs cães
porque estas carnes libras.
o-ordos dão muitas
"Avaliando
em 200,000, o numero de cães que deveme
1856) a Fevere.ro,
ser mortos de hoje Janeiro de
deiteia economia m-
a 5 francos o produeto de cada um mühão de francos
dustrial vai irar desta medida nm destes parasitas
Se além disto, avaliar-se o sustento ao
18 francos por
em 5 eentímospor-ena.. ou 3 ou 4 =
milhões
anno, aebar-se-ba que ella poupara que
em sustentar animaes úteis, e dar
poderáõ empregar-se de dous pe . Ava-
alimento aos necessitados ammaes
liando-se em 5 centimos o que come por dia um cao,
Em Pans somente
fica-se muito abaixo da verdade. com carne de
existem 10,000 cães que são sustentados
Unha, biscoutos, assucar, etc, cujo sustento nao
ga de 4 mi
Susta menos de um franco por dia, ou perto
lhões por anno.
desapparecemte-
Como quer que seja, os cães que ao menos igual a
rião podido ou poderáõ ter um valor
e deixarão certamente á u.spos.çao
que dantes tinhão, milhões
da população alguns gastos em sustentar pa-
rasitas perfeitamente inúteis.

gorduras, depois de
m Os americanos do norte vendem eetasbacalhau,
fígado de boje tao em-
purmeadas^omoTfosseoleode
pregado pela medicina.
77 —

Franklin e o sorgho.— Pope e o salgueiro chorão.—


Muitos factos importantes se dão, dizem, por acaso ;
mas nos negócios deste mundo, sobretudo quando se
trata de cousas úteis, o acaso não existe.
Em apoio deste modo de ver, citaremos duas anedoc-
tas pouco conhecidas, mas que o merecem.
" Visitando a uma senhora, o celebre Franklin, não
tendo sido recebido immediatamente, teve de esperar.
Conhecendo melhor do que ninguém o valor do tempo,
via
começou desde logo a passar em revista tudo quanto
na sala. Vendo uma pequena cesta posta sobre uma
mesa dirigio-se a examinal-a, a achou vasia, mas sobre
ella estava collado um rotulo com a seguinte mscnp-
• virou a cesta,
ção — Diversas sementes.— Franklin ella era inteira-
sacudio-a e cahio uma semente ; como
e toi se-
mente nova para elle, sahio immediatamente
esse homem
meal-a no seu jardim. Foi deste modo que
illustre dotou a America do Norte ^com o sorgbo, _
que
ainda não existia no novo mundo.
consignado
O outro facto, igualmente curioso, se acha
na biographia do poeta inglez Pope :
« Um de seus amigos, estabelecido em Smyrna na
um cestmho
Ásia Menor, enviou-lhe daquella cidade
de salgueiro.
de figos, cuia tampa era forrada com ramos
mortos, elle
Parecendo-lhe que esses ramos não estavão
onde elles en-
os plantou de estaca em terreno humido,
o salgueiro
raisárão promptamente. Foi deste modo que
cemitérios foi m-
chorão, ornamento dos jardins e dos
no resto da U.u-
troduzido na Grã-Bretanha, e dahi
r° nem o gosto
Nunca o espirito pratico de Franklin,
certamente me-
de iardinagem do poeta Pope, não são
úteis e a quem
ros effeitos do acaso. Só aos homeus
acontece semelhantes acasos. —
a
Explosão dos tubos de cobre de {Iluminação gaz. os
Conforme o Dr. Phipson, verificou-se que,muito quando
ficão durante tempo
tubos de cobre ou de bronze
"postos! lor-
_ acçao do ga, ordinário de illura.aaçao
de cobie e de um
ma-se no seu interior um composto
— 78 —

principio novo, ao qual os chimicos derão o nome de


Acetylene, que, no estado sêcco detona com grande vio-
lencia pela fricção, choque ou o calor. Este pheno-
meno já tem dado logar a alguns accidentes, e muitos
trabalhadores têm sido fulminados por explosão, na
oecasião de limparem grandes tubos desta espécie. O
emprego do chumbo ou do ferro para os tubos, não dan-
do logar á formação de nenhum corpo explosivel, é evi-
dente, sobre tudo quando se trata de tubos de grande
diâmetro, que o cobre deve ser proscripto, em rasão dos
perigos, aos quaes expõe a todo o instante. Em todo o
caso, para os pequenos diâmetros que são menos peri-
gosos, seria bom que sejão limpos, introduzindo du-
rante 10 minutos pouco mais ou menos, ácido chlorhy-
drico antes de fazer operação, e lavando-se depois com
água quente. O ácido chlorhydrico destróe o composto,
combinando-se com. o cobre e deixando portanto livre
a acetylene.
Um discurso que todos os paizes desejarião ouvir. —
Extrahimos do discurso que o illustre Dumas proferio
em Yalenciennes, na qualidade de presidente da com-
missão da distribuição dos prêmios do concurso depar-
tamental, o seguinte trecho que merece ser seriamente
meditado :
" Se conheceis uma prosperidade, actualmente mais
firme e mais durável, é porque tendes procurado o se-
gredo nessa estreita aliiança da agricultura, da indus-
tria e do commereio, na qual a agricultura, oecupando
o primeiro logar, acha uma sahida immediata a seus
produetos, a industria recebe directamente delia suas
matérias primas, e o commereio exporta o que o paiz
produz, e não consome ; aliiança que, por um privilegio
feliz e raro, embellezão e coroão as artes e as lettras, no-
bremente cultivadas. O que não tendes vós feito nestes
últimos 50 annos ? Supprimistes os alqueives, que o
vosso paiz já não conhece ; vossos terrenos communaes
dão hoje rendas ; alqueives e bens communaes, serão em
breve lendas para vós. Adoptastes a cultura da beter-
raba, e sem fallar no álcool, vossos estabelecimentos re-
— 79 —

presentão a quinta parte das oficinas assucareiras da


França, fornecendo a quarte parte da producção indi-
gena de assucar, 20 milhões de kilogrammos, A vossa
producção em trigo, que merecia servir de typo e de
modelo em tod'a a parte, augmentou de 50 por cento,
e o hectare dá 30 hectolitros, muitas vezes inesmo de 40
a 42 de um trigo pesando de 78 a 80 kilogrammos. Di-
versas plantas industriaes tomavão em vossos afolha-
mentos um largo e util logar. O numero das cabeças de
gado se elevou na relação de 2 para 3, e os animaes la-
nigeros dobrarão em numero, de 1810 para cá. A natu-
reza, pródiga para vós, além dos 40,000 hectares de terra
cultiva vel que exploraes, vos fez o dom de 42,000 hectares
de terrenos carboniferos ; emquanto na superfície do solo,
a charrua prepara em pleno sol o pão do trabalhador,
no fundo de suas entranhas, no meio de uma noute
eterna, a picareta arranca o pão das machinas ; e se o
trigo que colheis pôde nutrir cem mil cidadãos, o carvão
de pedra pôde animar tres milhões de homens-vapor.
" Nenhum outro districto em França emprega o va-
por em tão larga escala, e se quatro departamentos to-
mão a precedência a Valenciennes, ella pôde consolar-se
de marchar a par do Norte, do Senna e do Loire. Trinta
mil toneladas de ferro fundido, e outras tantas de ferro
forjado, vidros no valor de cinco milhões de francos, uma
louça estimada, uma porcellana de grande renome, re-
chamaria
presentão a vossa industria universal que mas
adulta, se não considerasse senão o presente, que
me permittireis de chamar nascente, pensancto no im-
menso futuro que lhe está reservado e na actividade de
vossos filhos. Depois do restabelecimento do império, as
vossas fiações de lã tem tomado um desenvolvimento
tal, que a producção sextupliçou !
" Nas dunas da Gironda se encontra, em centenas
de léguas areaes desde séculos movediças pela acção
dos ventos e das ondas, estéreis em quanto a mao
do homem não interveio ; tão estéreis como as neves
eternas dos Alpes. Semêe-se as sementes de uma erva
uma arvore (o
(o courbet), de um arbusto (1'ajone),
sementeiras com algu-
pinho marítimo) ; cubrão-se as
— 80
Protegida
mas ramagens, a scena em breve mudara.
areias movediças as se-
pelas ramagens, que fixão as sahir da terra
mentes vã? germinar e as plantas novas o
Protegida pela hcrva, que nascerá em primeira-.logar S°™ suas
arbusto lançar* seus ramos, e o pinheiro-tort os seus primei-
raízes. Protegido pelo arbusto, durante do homem e
ros annos o pinheiro se elevará á altura
atravessando ter-
se protegerá aPsi mesmo. Mais tarde, onde
ras firmes e férteis, cobertas de florestas generosas,
solo a sua ca-
o pinheiro marítimo eleva-se á cem pés do uma resina
beca secular e deixa correr de suas entranhas
abundante; se elle exige aindaherva e arbusto para de
pro-
sorrir,
teger seu tronco robusto, ter-se-hia tentação
na fixação das
sem todavia negar-se a sua efficacia
dunas ainda moveis e nuas.
logar
Enbranquecimento das pelles de cabra.— Em
costuma, # e
de empregar-se ácido sulfuroso, como se água ja-
muito melhor usar-se hypochloreto de cal ou neutra.
vella suficientemente diluída e perfeitamente em
Por este meio, as pelles ficão perfeitamente brancas
dous dias. .. ...
.
Póde-se preparar esta solução do modo seguinte
com vinte
misturar duas partes de chlorureto de cal
e misturado du-
partes d'agua, e, depois de ter agitado
rante algum tempo, deixa-se repousar e decanta-se.
derrama-se duas
Quando o liquido se achar bem claro,
de soda, dissolvido em 10 par-
partes e meia de sulfato
tes d'água. .
Separa-se o sulfato de cal, que se precipita, entre-
forma, faca
tanto, que o hyposulphito de soda, que se
ate que
em solução. Depois de se ter coado o liquido, ate
fique bem claro e sem cal, immerge-se nelle as pelles
de dous
que fiquem bem brancas, o que exige perto maciesa,
dias Lavão-se depois as pelles, epara dar-lhes
de sabão, prefermdo-se o sa-
põe-se de molho em água
bão feito com óleos.
infli
DA

INDUSTRIA NACIONAL
MARÇO DE 1864.—N. •'>•

SESSÃO DO CONSELHO ADMINISTRATIVO,


EM 1- DE FEVEREIRO DE 1864.
Sarmento.
Presidência do Sr. Conselheiro Mariz
os Srs.
A's 6 horas da tarde, achando-se presentesburlamaqui,
conselheiro Mariz Sarmento, brigadeiro Bernardo A;am-
Drs. Souza Eego, Nascentes Pinto, Mun
buia J M F. Pereira de Barros, Souto-Maior,
Moreira, Lopo Cor-
St Eaphael Galvão, Nicoláo Costa Ismael,
de ro Lúcio Brandão, Vilhena e Souza
Fontoura, Norberto
Souza Breves, Virginius de Brito,
José Ricardo Mun,,, Aftonsode
Pí Miguel Galvão,
Lopes os soc.os effec-
A íuquerque, e Xavier Pinheiro, e
h£ard*W»
tívos NalcenL Pinto Coelho Antão lei reira IN o ore
J
Rego Dr. Severiano da Fonseca, Antônio Jose
Tunior Boulanger, Forme de Amoêdo, Te.xe.ra.
dsTsUva; LÍdgSwood e Dr. Duque-Estrada
a sessão.
O Sr presidente declara aberta
da sessão antecedente.
Foi lida e approvada a acta
BXPF.DIENTE.

commercio, e obras
Aviso do ministério da agricultura, sociedade informe
afim de que a
publicas, remettendo,
Auxil- Mnvço 1864.
__ 82 —

com seu parecer, o requerimento em que Antônio Pi-


ribeiro de Aguiar solicita privilegio para preparar e ven-
der no império vinho extraindo da laranja.— A? secção
de chimica.
ldem, comniunicando ficar sciente dos membros que
compõem o novo conselho administrativo da sociedade.
— Inteirado.
ldem do Sr. conselheiro Domiciano Leite Ribeiro,
communicando ter sido nomeado ministro e secretario
de estado dos negócios da agricultura.— Inteirado.
Officio do presidente da provincia do Pará, acompa-
nhado de um exemplar do relatório apresentado á as-
sembléa legislativa provincial por oceasião da installa-
ção da sessão ordinária do corrente anno.— Recebido
com agrado.
ldem do secretario do governo da provincia do Pa-
raná, remettendo, por ordem da respectiva presidência,
um exemplar da coílecção de leis e decretos promul-
gados pela assembíéa legislativa provincial na sessão
ordinária do corrente anno.— Recebido com agrado.
ldem de Luiz Aleixo Bolanger, acompanhado de
um exemplar da demonstração das mudanças dos mi-
nistros de estado do império, desde 1822 até o corrente
ánno.— Recebido com agrado.
ldem de E. Fromentin, communicando ter termi-
nado a construcção de sua machina rotativa a vapor, e
declarando terem sido muito satisfactorias as primei-
ras experiências que fez para certificar-se de sua mar-
cha.— A' secção de machinas.
Carta de João Paulo dos Santos Barreto Filho, resi-
dente no Bananal, provincia de S. Paulo, agradecendo a
sua admissão como sócio efFectivo.— Inteirado.
Requerimento de Luiz Dordan, acompanhado de um
attestado do engenheiro que por seu pedido copiou o
desenho, vindo da Europa, de um carro de transporte
chamado cumião, cuja cópia foi apresentada á sociedade
por Camillo de Lellis e Silva, afim de obter privilegio
como inventor de taes vehiculos.— A' secção de ma-
chinas.
— S3 —

< Forão recebidos dous números da Revista Commer-


ciai de Santos, tres do Echo Popular, sete do Paulista
e quatro do Correio da Victoria, remettidos
pelas res-
pectivas redacções.
O Sr. Nascentes Pinto apresentou ao conselho unia
amostra de algodão herbaceo colhido no sitio do
Sr. Cazaeá, no Engenho-Novo, e
proveniente dc sêmen-
tes distribuídas pela sociedade.— Kecebida com agrado.

ORDEM DO DIA.

O mesmo senhor apresentou a seguinte proposta :


" Proponho as seguintes alterações
aos actuaes es-
tatutos da Sociedade Auxiliadora da Industria Nacio-
nal, na forma dos arts. 31 e 32 dos mesmos :
Art. 5° § 2.° Os sócios actuaes poderão remir-se
da mensalidade entrando com a quantia de 24$, os
que
tiverem mais de 12 annos de existência na sociedade e
com a de 36$ os que tiverem menos tempo.
" Art. õ.° Accrescente-se
:
"
§ 3.° O sócio effectivo que chegar a dever mais de
tres annos de mensalidades, considerar-se-ha
por este
facto que se tem despedido da sociedade.
"
_ §_ 4.° Os actuaes sócios que se acharem eomprehen-
didosjáno paragrapho antecedente, primeiramente se
lhes communicará em officio a quanto se elevão suas di-
vidas de mensalidades, afim de se remirem na forma do
§ 2o deste artigo, e caso não o facão no prazo que lhe
fôr marcado, entender-se-ha que não continuão a
per-
tencer ao numero dos sócios effectivos, se contarem na
época da approvação dos novos estatutos menos de 12
annos de existência na sociedade, ou passarão
para a
classe de sócios correspondentes se contarem mais de 12
annos.
"
§ 5.° A thesouraria da sociedade deverá, á medida
qlie houverem saldos disponíveis no cofre da sociedade,
empregal-os na compra de apólices da divida publica,
até prefazer as quantias que d'ora em diante furem
arrecadadas, provenientes de juros n remissões do meu-
saudades.
" Art 8" U»Um presidente, um 1» e um 2<" vice-
dous adjuntos, um the-
presidente, um secretario geral, das exposições, do mu-
soureiro, e directores dos cursos,
seu e da bibliotheca.
" Art. 8o as palavras—um tne-
§ 2.° Risquem-se
soureiro
" Art 16 os sócios effectivos,
§ 7.° Nomear d'entre
do periódico, e bem
por proposta da mesa, o redactor ou-
assim nomear o porteiro, escripturario e quaesquer
tros empregados, podendo suspendêl-os e dermttii-os
R.— Rio de Janeiro 15 de
quando fôr necessaiio.- S. " — A com-
Janeiro de 1864.— J A. Nascentes Pinto.
missão respectiva. ,»-,-,
Forão apresentados pelo Sr. Affonso de Albuquerque
as seguintes propostas :
" l.« Proponho que se nomêe em todas as provin-
cias do império onde houver sócios da sociedade, algum
sócios, que se corres-
que seja incumbido de angariar
as necessidades do seu dis-
ponda com o conselho sobre
tricto a bem da industria e da agricultura, que informe
o que existir a respeito, e distribua as sementes que lhe
forem remettidas pela sociedade
" 2.a Proponho que a sala das sessões da sociedade
esteja aberta um dia por semana, e que não se ponha
em discussão parecer algum, sem ter estado exposto
algum dia destes na mesma sala, para ser conveniente-
mente estudado pelos membros do conselho que o qui-
zerem.
3.» Proponho que se premeie com 200$000 o agri-
cultor do paiz que apresentar maior colheita de trigo,
durante o anno de 1864, e, caso rejeite o prêmio pecu-
niario, se lhe dê o titulo de sócio honorário.
" 4.a Proponho que a mesa, ouvindo os empregados
augmentar as des-
precisos, informe em quanto pode
distribuir-se aos mem-
pezas de impressão e papel para
bros do corpo legislativo, um exemplar do nosso jornal.
" 5.a Se os
privilégios servem para animar ao homem
industrioso que trabalha para melhorar a sua industria,
é necessário que este privilegio não vá offender a di-
reitor* de outrop que tendão ao mesmn fim ; assim
— 85

¦como que produza barateza do producto em beneficio


do publico, do contrario, os privilégios tornão-se preju-
diciaes á sociedade.
" Se os melhoramentos,
privilégios por inventos ou
dados sem muito critério, é um mal para o paiz, muito
nos obriga a estacio-
peior é o de introducção, porque
nar, e não acompanhar a industria de paizes maisadian-
tados do que o nosso, e a prova nós a temos em muitos
casos, como a introducção de machinas de costuras, etc.
" São estas as razões que me obrigão, como membro
do conselho da Sociedade Auxiliadora da Industria Na-
cional, a propor que se requeira ao poder legislativo a
regule os privilégios, e
promulgação de uma lei que como até hoje.
nos livre de levianas concessões,
" Rio, 15 de Janeiro de 1864. — Afonso «ie Al-
"
meida Albuquerque. — Forão remettidas á mesa.^
-- Proponho que se suspenda a distribuição dos jor-
de um
naes e impressos, aos sócios que deverem mais ' —Ao br.
anno de mensalidades.*— A. Albuquerque.
thesoureiro.
" 0 Brasil é paiz agrícola.
" A agricultura é sua principal riqueza.
" Precisamos de braços.
" Precisamos augmentar e variar a nossa agricultura.
" São estas as idéas que o governo, os lavradores, os
e todos os habitantes do
politicos, os negociantes quasi
paiz têm, e eu os acompanho em parte. em relação a
" Concordo que precisamos de braços,
em.
extensão do paiz, porém devemos cuidar primeiro
aproveitar com utilidade os que temos.
í£ Concordo que precisamos augmentar a nossa cui-
tura porém primeiro devemos cuidar em fazer com que
laltao,
os trabalhadores possâo ter terras, as quaes lhes cui-
as mcnopolisão e nao
porque pertencem a quem
ti vão. ,. ,
" No Brasil se vê as creanças e mulheres tornarem-se
ser úteis
uma carga ao agricultor, quando lhe podião
tivessem
empregando-se em trabalhos próprios, se nao a in-
contra si a carestia de mão de obra, a negligencia,
•dolencia e o egoísmo.
86

« Temos visto em tão curto espaço de tempo desap-


trigo e do algodão, em
parecer a cultura do anil, do
sabe nem se procura saber.
parte, e qual a causa não se
« Hoie a guerra dos nossos vizinhos Norte-Ameri-
com os melho-
canos, faz reviver a cultura do algodão,
ramentos da época, elles já se vão _ alentando ; portanto
deixem-os em paz, procurando ajudal-os, garantindo- os
lhes suas propriedades, procurando mercados para
seus productos e facilitando-lhes sementes quando pe-
direm ; e vamos cuidar do trigo. .
" Ha bem poucos annos viamos os nossos padeiros
seus moi-
fazerem o pão com trigo nacional, moido por
nhos pesados; e porque não o fazem agora ?
" A razão é simples ; o fabrico da farinha pelo sys-
agricultor
tema antigo e a braços, a tornava cara, e ao
ao commercio
pouco cabia : com a abertura dos portos VI, a mtroduc-
estrangeiro pela vinda d'El-rei D. Joáo
fabricas estrangeiras,
ção das farinhas feitas por grandes
fez baixar o trigo, e os padeiros forão pouco a pouco
o com-
abandonando seus moinhos, e por fim acabou-se e
mercio do trigo ; os agricultores deixarão de o plantar
esta
forão cuidar em outra vida, passou desapercebida
no
mudança, e depois se diz que o trigo não produz
Brasil, que ha falta de braços, etc, etc.
•• A Sociedade Auxiliadora deu a voz de alarma para
as plantações de trigo, como a guerra Norte-Americana
deu para as de algodão, distribuio sementes e tem co-
lhido informações favoráveis á sua cultura, fez conhecer
a vantagem que se pode colher, porém isto não basta.
" E' sem o que, o
preciso procurar-lhe mercado,
é preciso fazer com que se
plantador deixa de plantar ;
montem moinhos apropriados, fazendo criar a manutac-
tura deste gênero ; porque -o agricultor não pôde ser
manufactureiro. a .
" Não somos de opinião que o governo dê instru-
mentos, faça colônias nacionaes e estrangeiras, monte
industrias, etc, etc, porque isto nos seria muito caro.
" O
governo para obter estas cousas, paga-as quasi
sempre mais caro que o particular, precisa empregados
augmentos de escnp-
para se incumbirem de compras,
— 87

turação ; depois vêm os impostos, para pagar as des-


impostos fazem-se
pezas, e para a arrecadação desses
despezas ; e quem paga tudo é o contribuinte, pois as
despezas do estado sahem das nossas algibeiras ; não
se deve augmentar os direitos dos gêneros estrangeiros
semelhantes, porque nos sahirá mais caro ; se dér pri-
vilegios, o monopólio matará a industria.
" O a indus-
que convém fazer, é criar, e abandonar convic-
tria do trigo, logo que tenha vingado ; é nesta
Auxiliadora, para pedir
ção que proponho á Sociedade
ao o*overno, que tomando as providencias precisas, man-
de montar em logar apropriado, uma fabrica com todos
os pertences, para lazer farinha de trigo.
" nomea-
Que esta fabrica tenha um administrador,
do pelo governo,, com ordenado fixo, pago pelos co-
e
fres do estado.
" Que este administrador seja obrigado a conservar
a fabrica em bom estado, e fazer moer todo o trigo que
os particulares lhe apresentarem, recebendo delles uma
retribuição marcada pelo governo, a qual lhe servirá
para custeio e conservação da fabrica.
" logo que
Que no espaço de dous ou tres annos,
fabrica de igual in-
qualquer particular tenha alguma
dustria, e que satisfaça as necessidades do mercado, o
a venda, se julgar conve-
governo faça parar a sua, e
niente, porém nunca entre em concurrencia com os par-
" Julgo da fabrica, de-
poder afiançar, que o custo
excederá de doze
pois de montada completamente, não
contos de réis.
" Rio, Io de Fevereiro de 1864. — Afonso de Al-
"
meida Albuquerque. — A' secção de agricultura.
" Joaquim Dias da Cunha —Processo para fazer fer-
mentar o caldo da uva no Brasil.
" Esse a obreia,
processo vem debaixo de capa fechado
com o titulo de segredo, devolvo-o intacto.
" Tenho a observar que no Brasil as matérias saccha-
vez
rinas fermentão, todas com excessiva facilidade, em
88

a fermentação dc*
de promover, convém antes demorar meios.
morto, para o que, a chimica offerece diversos Joaquim
" A amostra de vinho que remette o br.
livre em.
Dias, analysei-a ; e encontrei ácido tartarico- azeda,
foi
abundância, o que prova que a uva empregada
deduz que
contém também ácido acetico livre, d'onde se
excessivo
houve excesso de fermentação, talvez pelo
contacto com o ar. ,
" Já tivemos amostras de vinho de S. Paulo e do
leito de
Kio-Grande do Sul, que provão que pôde ser
o
excellente qualidade, o que não demonstra produeto
do Sr. Joaquim Dias. ,
" Concluo que pela natureza do produeto, ma e abo-
Dias e
nado o segredo apresentado pelo Sr. Joaquim
(7ap^m«.—Louvo-me
que respeitei.— Guilherme S.
no parecer do Sr. Dr. Capanema.— G. B. Gabagka.
" Antônio J. T. de Mendonça Belém.—Meio de pre-
servar os livros do bicho.
« Propõe como preservativo agua-raz ; parece que o
E foi offere-
processo já veio publicado no Auxiliador. creio
cido para preservar a bibliotheca da sociedade ;
o resultado,—G. S. Capa-
porém que não foi favorável
/Úf>lÍYh€li
" Não encontrei no periódico da sociedade, parecer
algum sobre a applicação da agua-raz, para o fim acima
designado. „ _
" A simplicidade e barateza do processo ammao a
a
fazer experiências, no caso de duvida, e eu lembro

omeina de encadernação da Casa de Correcção. G. B.
-,-,«.* ,_¦.
Gabaglia.
" A' secçao de machinas e apparelhos, loi remettido
o officio do Sr. secretario geral, de 18 de Julho do cor-
rente anno, acompanhando o aviso do ministério da
agricultura, commercio e obras publicas, de 6 do mesmo
mez, e o requerimento em que Eli. W. Blacke pede
e vender no império ma-
privilegio para fabricar, usar
chinas, que diz ter inventado, para quebrar pedra.
" Comprehendendo as vantagens que resultarião da
introducção de machinas que facilitassem principal-
— 89 —

mente a construecão das estradas de que tanto neces-


sita o paiz, não restringio a secção os seus exames ao
simples desenho apresentado pelo supplicante, vio func-
cionar uma machina de quebrar pedras, vinda dos Es-
tados-TJnidos, e depois de um maduro exame das suas
ficou
peças edo trabalho útil que pode a machina produzir,
habilitada para informar á Sociedade Auxiliadora, que a
invenção do Sr. Blacke é extremamente vantajosa e sa-
tisfaz completamente ao fim a que se destina. No seu
imperial
parecer, pois, entende a secção que o governo
consultando bem os interesses do paiz, poderá de accor-
do com a lei que regula os privilégios e prêmios conce-
didos aos inventores e introduetores de melhoramentos
benéficos á nossa mais importante industria, a lavoura,
attender ao pedido do supplicante como melhor approu-
ver em sua sabedoria.
" Sala das sessões da Sociedade Auxiliadora da In-
dustria Nacional, em 3 de Novembro de 1863. — Dr.
Augusto Dias Carneiro, presidente.—Baphael A. Gal-
"
vão, secretario.
Os dous primeiros pareceres forão approvados sem
debate, e este ultimo, depois de algumas reflexões feitas
Galvão, foi
pelos Srs. Drs. Duque-Estrada e Eaphael
também approvado.
Foi lido outro parecer da mesma secção sobre o vinho
de laranja inventado por Antônio Pinheiro de Aguiar ;
não se procedeu á votação sobre este parecer, que voltou
á secção para o tomar em consideração, á vista da nova
amostra de vinho apresentada pelo pretendente.
Foi apresentada a seguinte proposta :
" Propomos
que todo e qualquer parecer formulado
remettidó a
pelas diversas secções da sociedade seja
todos os membros da respectiva secção, salvo o impedi-
mento de um ou dous, e que os ditos pareceres nunca
sejão discutidos no mesmo dia em que forem apresen-
tados ao conselho. Sala das sessões, Io de Fevereiro
de 1864.— Ismael— Dr. Souza Costa.— Dr. Nicoláo
Moreira.—Murinetty — Dr. Lúcio Brandão — Affonso
de Albuquerque.— Lopo Cordeiro.
Depois de um longo debate, no qual tomarão parte
Auxil. Marco 1864. 12
90 —
"~ "
Duque-Estrada e
os Srs Drs. Lopo, Burlamaqui, adiada hora.
wl
"To Costa ficou a discussão
"approvls pela
sócios eífectivos os; Srs, Joaqmm
ão Dr. l^opo
¦RWpí™
Nobre Júnior, por proposta do Sr. do
Cordeho Arsenio José Ferreira, por proposta
Dr. Lindolpho Jose Corrêa
8 tcharelPereira Kego ;
capitão Affonso de Al-
das Neves por proposta do Sr.
?£. João Gomes do Vai e Manoel Amarante
huauerque V.rgmmsd
S faunha, por proposta do Sr
Lopes de,Gomensoro e
Brito ; Drs. José Segundmo
Ataliba Lopes de' Gomensoro, por P™Postap^of v^a
Vieira
Ltn A Lopes Luiz Venancio de Vasconcellos
e José Pere.ra César,
de Meho, D? Augusto de Castro
Dr. Nascentes Pinto.
por proposta do Sr.
da noite.
Levantou-se a sessão ás 8 1/2 horas

«HWÃO ADMINISTRATIVO,
EM DO CONSELHO
15 DE EEVEBEIEO DE 1864.
Mariz Sarmento.
Presidência do Sr. Conselheiro

presente^ os Srs.
A'a 6 horas da tarde, achando-seBmlamaqu,,
Drs. Souza
conselheiro Mariz Sarmento, Lopo Cor
Eeg Nascentes Pinto, Nicoláo Moreira
da Cunha, Souza Costa,
defo Lúcio Brandão, Matheus do Rosário,
tuto-Maior, Murinelly, Vellez e Carlos Jun.or Ber-
tetedo commendador José D. Galvão Norberto Lopes,
nard J de Castro, tenentes-coroneis capitão Affonso
José Maria Pereira Araújo Carvalho, e os socos effect.vos
A Albuquerque e Souza Ferreira,
e Severiano da Fonseca,
Srs Duque-Estrada, Teixeira
H. Nascentes Pinto, J.
Boulan-er, Camillo de Lellis, de Amoedo e Antônio
Ferreira Nobre Júnior, Farme
José da Silva.
sessão.
O Sr presidente declara aberta a antecedente.
Foi lida e approvada a acta da sessão
— 91 —

EXPEDIENTE.

o re-
Aviso do ministério da agricultura, rernettendo
querimento em. que Gony Stephen pedeinvenção privilegio por
afim de
20 annos para fabricar tijolos de sua
com seu parecer.—A secçao
que a sociedade o informe
de industria fabril. Lienri-
Idem, transmittindo o requerimento em que tobri-
15 annos
que Rougeot solicita privilegio por declara para ter inven-
car tijolos, segundo o processo que
a descripção
tado, afim de que a sociedade, examinando
do mesmo processo e as amostras apresentadas opeLo pe-
com que se
ticionario, informe a semelhante respeito
lhe offerecer.—A; secção de industria fabril. Joaquim
Idem, transmittindo o requerimento em que fabricar e
Ferreira Nobre Júnior pede privilegio para ma-
vender um liquido, que declara ter inventado para
anti-bunmkal,
tar a formiga sauva, e que denomina com o seu
afim de queSa sociedade haja de informal-o
parecer.—A' secção de chimica industrial.em
Idem, transmittindo o requerimento que Gony
annos para fabricar
Stephen solicita privilegio por 20
segundo o que
pedra artificial de varias cores, a sociedade processo
haja de dar
Sü ter inventado, afim de qne secçao de chi-
sua opinião a semelhante respeito.-A'
mica industrial. p
em que Gony
Idem transmittindo o requerimento
fabricar
Stenhen pede privilegio por 20 annos, para destinadas a
u ll venlr machina?, de sua invenção, a sociedade haja
conservação dos cereaes, afim de que secçao de ma-
dcinformal-o com o seu parecer.-A'
Cl em que Gony
Mtm, transmittindo o requerimento
annos para usar d uma
Stephen pede privilegio por 20 e preparar ma
machina que inventou, para aplainar com seu pare-
deira, afim de que a sociedade o informe
C^r^ram,Sal de Ee.ende —do
— 92 —

afim de que a sociedade dê seu parecer sobre a mesma


machina.— A' secção de machinas.
Officio da câmara municipal da villa Jaguary, em
Minas-Geraes, pedindo á sociedade para cometia so-
licitar do poder competente a adopção de medidas que
negociantes
ponhão cobro ao abuso commettido pelos do Rio de
de sal dos portos marítimos das províncias
Janeiro e S. Paulo, os quaes costumão vender tres
de commercio.
quartas por um alqueire.— A' secção
Officio do Sr. João Lessa, communicando á sociedade
o descobridor
que Antônio Pinheiro de Aguiar não é
nem o introddctor do processo de fabricar vinho de la-
ranjas.—A' secção de chimica industrial.
Representação do Sr. Manoel José de Souza Vieira
contra o privilegio pedido por Antônio Pinheiro de
Aguiar para a fabricação do vinho de laranjas, decla-
rando que elle Vieira o fabrica e vende, no paiz, desde
1856, e apresentando tres garrafas de vinho de sua pre-
A' secção
paração para ser avaliado pela sociedade.—
de chimica industrial.

ORDEM DO DIA.

Foi apresentada a seguinte proposta:


" Propomos que seja remettido á uma commissão
especial de cinco membros o relatório dos commissarios
do Brasil na exposição de Londres, para que, toman-
d/)-o na devida consideração, apresente o seu parecer
sobre o seguinte:
Io Quaes os factos, conselhos e indicações apontadas
no citado relatório que podem ser immediatamente apro-
veitados pelos diversos ramos da industria nacional.
2o Quaes os meios práticos de que a sociedade Au-
xiliadora da Industria Nacional deve lançar mão para
os levar a effeito. Sala das sessões, 15 de Fevereiro
"
de
1864.— J. A. de Azevedo.—Matheus da Cunha.
O Sr. vice-presidente nomeou para esta commissão
os Srs. Drs. Burlamaqui, Raphael Galvão, Souto Maior
e Matheus da Cunha, e Azevedo.
93 —

Foi lido e approvado sem debate o seguinte parecer:


" David Crohett.— Fornalhas para queimar bagaço
de canna liumiclo.
" Tendo sido consultado o referido Crohett sobre as
fornalhas de sua invenção para queimar combustível
elle apre-
humido, como lenha, cascas de páo verde, etc,
senta a seguinte proposta:
" Art. 1.° Eeceber 20:000^000 para vir ao Brasil
não.
montar um forno, quer dê bom resultado ou
" Art. 2.° Se o resultado fôr favorável elle quer
os
80-00O$Ò0Ò mais, em compensação, elle agenciará de
meios para que sejão os fazendeiros bem servidos

" Esta proposta não é acompanhada nem de des-


de attes-
cripção que habilite a julgar do processo, nem
tados que prove que elle já dera bom resultado, pelo
hespanhol D. Ignazo de Vale,
contrario, o proprietário
Crohette
de Cuba, affirma que nessa ilha o mencionado
mas ainda
não foi feliz, elle assevera que remediou o mal,
está por experimentar.
» Concluo, pois, que a proposta é absurda e o indi-
(x.ò.
viduo quer fazer experiências á custa do Brasil.— nao pode
de Capanema.- Concordo em que a proposta e apresen-
ser aceita nos termos e condições pelas quaes
tada.-- G. B. Gabaglia.
o vi-
Foi lido outro parecer da mesma secção sobre pri
fabricar
leeio pedido por Carlos Júlio Meirinke para íeitas
velas de carnaúba, e depois de algumas reflexões
foi remettido aos mem-
pelo Sr. Dr. Lúcio Brandão, da-
bros de que se compõe actualmente a secção, para
acharem-
rem sua opinião a semelhante respeito, visto
se discordes os signatários do referido parecer.
Foi lido o seguinte parecer:
" A secção de machinas e apparelhos recebeu um
e obras
officio do ministério da agricultura, commereio acom-
anno passado,
publicas, de 19 de Dezembro do
panhando um requerimento e papeis annexos sobre o
tudo rela-
privilegio que pede Manoel Dutra Cardoso, ter inven-
tivo a uma machina que o supplicante diz
— 94 —

tado, machina que é empregada em vários trabalhos


hydraulicos, poupando-se com o seu emprego braços e
tempo.
" O desenho e descripção
que o Sr. Dutra Cardoso
apresenta, de pouco ou nada servio á secçao, visto a sua
extrema imperfeição, e vio-se ella obrigada a recorrer-se
do parecer dado pelo Sr. Dr. Manoel da Cunha Galvão,
juiz mui competente, afim de poder comprehender o in-
vento do Sr. Dutra Cardoso, e reconheceu as vantagens
que o invento do Sr. Dutra Cardoso promette a um dos
ramos de engenharia, por isso a secçao é de parecer que
o governo conceda ao impetrante o privilegio de 10 an-
nos que elle requer, para poder usar em todo o império
de seu invento, depois que o mesmo apresentar um mo-
delo e explicação mais detalhada afim de satisfazer-se á
lei, e evitar futuras complicações como ultimamente
tem acontecido.
"¦•' Sala das sessões da Sociedade Auxiliadora da In-
dustria Nacional, 15 de Fevereiro de 1864.— Dr. Au-
gusto Dias Carneiro, presidente.— Raphael Archanjo
Galvão, secretario.— José Arthur de MurineUy. "
Depois de um longo debate em que tomarão parte os
Srs. Affonso de Albuquerque, Dr. Lopo Cordeiro,
Duarte Galvão e Dr. Duque-Estrada, foi approvado o
parecer, menos na ultima parte, que foi regeitada e
substituída pela seguinte emenda do Sr. Dr. Duque-
Estrada:
" Em logar da conclusão do
parecer adopte-se o se-
guinte :
" Era vista da deficiência do desenho e explicações
cio peticionario, a secçao reconhecendo, a utilidade da
invenção, suspende seu juizo sobre a concessão do pri-
vilegio, até que o mesmo peticionario complete o dito
desenho e explicações. "
Foi igualmente regeitada a emenda, apresentada pelo
Sr. Affonso de Albuquerque, negando a concessão do
privilegio pedido.
Forão approyados sócios effectivos os Srs. barão de
S. João cio Principe, por proposta do Sr. Boulanger ;
Roberto Eugênio Muller, por proposta do Sr. Dr. Souto
— 95 —

Maior ; capitão Miguel Ângelo de Oliveira Pinto,


por
proposta do Sr. Dr. Dias Carneiro ; Dr. Antonio Joa-
quim Lopes Lira, por proposta do Sr. Affonso de Al-
buquerque; Io tenente da armada Antonio Coelho
Fragoso, por proposta do Sr. Camillo de Lellis; major
Francisco Egydio Moreira de S. Pedro, e Leopoldo 'de
Azeredo Coutinho, por proposta do Sr. Dr. Nascentes
Pinto; Joaquim Dias da Cunha, por proposta do Sr.
Bernardo José de Castro; e sócio correspondente o Sr.
eommendador Henrique José Vieira, negociante em
em Cuiabá, provincia do Mato-Grosso, por proposta do
Sr. Boulanger.
Nada mais havendo a tratar-se, o Sr. presidente le-
vantou a sessão.

SiBLíOGRAPIM AGRÍCOLA.

AS LEIS NATURAES DA AGRICULTURA.

Terceiro artigo.

Transcrevemos aqui um dos mais importantes capi-


tulos da obra do illustre Liebig, publicada com o titulo
acima. Este artigo poderia ter por titulo A agricultura
antes e depois de 1840, porque o autor passa em
revista o estado dos conhecimentos agrícolas antes
daquelle anno, e faz uma rápida resenha de seus pro-
gressos theoricos desde essa época.
" No ultimo
quarto de século decorrido, ignorava-se
completamente a causa da fertilidade das terras culti-
vadas, da mesma sorte que a de seu exhaurimento.
Excepto a necessidade de sol, de orvalho, e de chuva, o
cultivador não sabia nada a respeito das condições ne-
cessarias ao desenvolvimento das plantas. Quanto á
terra, attribuia-se-lhe o papel único de sustentaculo
das plantas.
" Entretanto, desde séculos, o cultivador sabia
que
certos trabalhos de cultura ausrmentão o rendimento da
— 96 —

terra e que esse rendimento se eleva pela applicação


dos excrementos dos homens e dos animaes.
" Acreditava-se
que o estéreo devia seus effeitos a uma
propriedade particular, incomprehensivel, que a arte
era incapaz de produzir. Essa propriedade se commu-
nicava aos alimentos dos homens e dos animaes du-
rante a sua passagem pelo organismo.
" Acreditava-se
que com uma quantidade suficiente
de gado e certa variação nas culturas, se podia obter
tanto estéreo quanto se quizesse e por tanto tempo
quanto se desejasse ; e como se via muitas vezes que as
colheitas erão mais bellas quando o cultivador era in-
telligente e hábil na execução dos trabalhos dos cam-
pos, assim como na combinação de um afolhamento, se
estava persuadido de que os rendimentos elevados de-
pendião da vontade do homem, e que bastava possuir
essa arte para transformar areaes estéreis em prados
férteis.
" Suppunha-se
que nas sementes e no terreno resi-
dião as forças que produzem os fruetos da terra, e acre-
ditava-se que os campos tinhão necessidade de repouso
e restauração como o homem e os animaes fatigados pelo
trabalho. A força despendida pela terra na creação dos
fruetos, podia, conforme a opinião geral, ser-lhe resti-
tuida pelo repouso e o estéreo.
" Como o estéreo, assim como os fruetos dos
campos,
são ambos produetos da terra ou de sua força própria,
figurava-se que a terra assemelha-se a uma machina
reproduzindo constantemente a força perdida pelo tra-
balho, logo que se lhe restitue uma certa fracção de
seus produetos ; mas ignorava-se em que consistia essa
força própria da terra.
" Mais tarde, imaginou-se
que essa força própria da
terra devia residir em um vehiculo, e que esse vehiculo,
era o húmus. Designa-se com este nome uma certa ma-
teria combustível de origem orgânica, difficil de definir
de uma maneira clara, uma espécie de estéreo
que se
produz sem o concurso dos animaes. Consequentemente,
acreditava-se que os rendimentos maiores ou menores
dos campos estavão em relação directa com a
quanti-
— !)7 -»

dade maior ou menor do húmus que estes continhão, c


que a quantidade de húmus podia ser augmentada ou
pelo estéreo ou por unia exploração dirigida eom iu-
telligencia.
" O
que ha de verdade nesta supposição, é que em
um campo fértil crescem mais plantas do que em uma
terra pobre, e que, desta maneira, accumulão-se mais
restos orgânicos no primeiro do que na segunda.
" A terra magra, ciaria colheitas mais ricas se
o cul-
tivador soubesse produzir húmus : tal era a opinião dos
homens hábeis daquelle tempo.
" Conforme esta maneira de ver,
a causa próxima da
fertilidade dos campos é uma força residente na terra,
susceptível de tornar-se enérgica pelos cuidados judi-
ciosos do cultivador. Esta força particular se assemelha
a essas forças nutritivas e medicamentosas que a antiga
physiologia e a antiga medicina suppunhão existir nos
alimentos e nos medicamentos. O effeito desta força
sobre o augmento dos rendimentos, se attribuia a uma
espécie de circulo que devião necessariamente percorrer
certos elementos orgânicos, que, sob a fôrma de húmus,
determinavão, primeiramente, a vida da planta, e de-
pois, debaixo da fôrma de partes vegetaes, tornavão-se
a causa determinante da vida dos animaes, inclusive do
homem, antes de voltarem ao seu estado primitivo. Pen-
sa-se que esta força existia em toda a parte ; porque se
observava que debaixo da influencia do sol e da chuva, as
mesmas plantas prosperavão em igual vigor em todos os
climas, sobre terras as mais differentes, no granito, no
basalto, na arêa, no calcareo : concluia-se disto que a
natureza do terreno não parecia exercer senão nma me-
diocre influencia.
" Acreditando-se achar no húmus o vehiculo da fer-
tilidade da terra, era natural attribuir a infertilidade
dos campos á falta desta substancia. Como se via que
certas substancias mineraes taes como o mármore, o
gesso, a cal, augmentavão os rendimentos das colheitas,
attribuia-se-lhe uma força estimulante sobre a terra,
pouco mais ou menos semelhante á aquella que exer-
cem no homem o sal e as espiciarias, favorecendo
Auxil. Marco 18ÍÍ4. I-'-
— 98 —

certos phenomenos de digestão e de circulação dos


humores. Os effeitos do pó de ossos erão attribuidos á
substancia orgânica (gelatina) que elles contém.
£í As operações
praticas tinhão todas por fim produ-
zir estéreo, attendendo a que este era o único meio capaz
de restituir á terra a força perdida e de lhe fazer pro-
duzir as mesmas colheitas.
," Das forragens é que tudo dependia, porque só ellas
é que podião fornecer carne e estrumes ; muito estrume
devia necessariamente produzir fortes colheitas; e uma
vez que se tivesse forragens em quantidade sufficiente, o
trigo viria por si mesmo.
" Ensinava-se
que o estéreo é a matéria prima que a
arte do cultivador deve converter em pão e carne ; ensi-
nava-se que somente os cereaes e certas plantas inclus-
triaes cançavão a terra, e que as plantas forrageiras,
pelo" contrario, a poupão e melhorão.
Quando, á força cie ser cultivados consecutiva-
mente no mesmo campo, os cereaos não davão mais co-
lheita remuneracloras, dizia-se que o campo estava fa-
ligado ; porém quando outras plantas, o trevo e as
raizes, por exemplo, não querião mais prosperar, dizia-se
o campo estava doente.
Fazião assim de um único e mesmo phenomeno cluas
idéas mui differentes. Em um caso, a infertilidade era
devida á falta de certas substancias ; em outra, a uma
preversão da actividade ou da força normal cia terra.
A fadiga dos campos cie cereaes se corrigia pelo es-
terço ; mas quanto ás culturas forrageiras, era necessa-
rio recorrer a um estimulante, cia mesma sorte que se
emprega um chicote para fazer andar um cavallo pre-
guiçoso.
" O cultivador
praticava a sua arte, como o sapa-
teiro o seu officio ; porém o primeiro não percebia,
como o segundo que a sua provisão do couro se ia aca-
bando. Não lhe vinha á idéa de que a planta é um ser
vivo que tem exigências particulares.
" Na Allenianlia, o cultivador explorava seus cam-
pos como se fossem uma peça de couro sem fim, que,
cortado em uma extremidade, crescia pela outra. O es-
— 99 —

terço era para elle o meio de alongar o couro o tomai-o


mais macio para cortal-o.
" Nas escolas de agricultura, ensinava-se a arte de cor-
tar neste couro tantos sapatos quanto se podia, e o me-
lhor professor era aquelle que levava a cultura inten-
eiva o mais longe possível.
"
Quando um agricultor alcançava obter em seus
campos uma renda elevada e continuada, e conseguia
fazer uma fortuna, na persuasão de que o homem é
quem faz as colheitas, attribuia-se á sua intelligencia
e habilidade o que elle devia ao seu terreno, que dava
espontaneamente o que outras terras não fornecem,
apezar dos cuidados e do zelo d'aquelles que as expio-
ravão.
" Entretanto era fácil verificar
por mumerosos factos
que os rendimentos diminuião por toda a parte ; attri-
buia-se porém este resultado á incapacidade do culti-
vador, aos defeitos do trabalho ou á falta de estéreo.
Aquelies que ainda obtinhão nos seus campos abundan-
tes colheitas de trevo e de raizes, não podião compre-
hencler como outros, com maior despeza de trabalho e
de estéreo, não conseguião obter os mesmos produetos.
"Comtanto
que se obtivessem colheitas como o sapa-
teiro faz os seus sapatos, pouco importava a situação
da officina ; e do mesmo modo que um sapateiro de Pe-
tersburg pôde tirar partido dos conselhos e da expe-
riencia de um seu collega parisiense, um cultivador de
Rothamsted e da Saxonia pôde dar bons conselhos sobre
o amanho das terras a um cultivador do Yorkshire ou
da Baviera. E como certos paizes gozavão de uma repu-
tação particular por certos produetos de sua industria,
como, por exemplo, a Rússia pelos seus couros, a França
por seus marroquins, a Baviera pela finura de seus
couros envernisados, acreditava-se igualmente que exis-
tia uma agricultura dinamarqueza, ingleza, franceza e
allemã.
" A litteratura agrícola era então dominada
por estas
idéas sobre a producção rural. As grandes e importam
tes investigações de Saussure e mesmo de H. Davy, não
conseguirão obter nenhum credito entre os práticos;
— 11)0 —

ellas não tinhão, conforme o seu modo de pousar,


nenhuma relação com a pratica.
" O systema de cultura adoptado em um
pequeno
pedaço de terra em Moeglin tornou-se na Allemanha o
modelo de todas as explorações ruraes. Acreditava-se
ter descoberto que uma quantidade dada de estéreo pro-
dúzia uma quantidade determinada ou um equivalente
fixo de trigo, e, necessariamente, em toda a parte e em
todos os paizes, uma mesma quantidade de estéreo de-
via produzir a mesma quantidade de trigo, porque isto
já resultava deste ponto de partida—que o estéreo é a
matéria prima que o cultivador transforma em pão e
carne. Acreditava-se que todos os prados, naturaes ou
artificiaes, produzião o mesmo feno, e que todos os fe-
nos tinhão o mesmo valor nutritivo. Estabeleceu-se en-
tão o valor alimentício das outras ferragens em equiva-
lentes de feno ; o próprio sal de cozinha tinha o seu
equivalente do feno, e cada espécie de ferragem equi-
valia a certa quantidade de estéreo. O estéreo de car-
neiro, passava por escandescente ; o de cavallo, por secco
e quente ; o dos animaes bovinos convinhão igualmente
bem para todas as espécies de terrenos. Em summa: os
estrumes que produzião effeitos favoráveis nos campos
de Moeglin, possuião a mesma efficacia em toda a parte;
e como os ossos pulverisados não tinhão exercido em
Moeglin nenhuma acção sobre o rendimento dos cereaes,
forão, somente por isso, reputados como inefficazes em
todos os campos da Allemanha.
" Em todos os conselhos
que mutuamente se davão
os agricultores, nos melhoramentos que propunhão, o
gráo de latitude, a attitude, as quantidades annuaes
d'agua e a repartição das chuvas em diversas estações,
o numero médio de dias serenos e dos dias chuvosos, a
temperatura média das diversas estações, a natureza
chimica, physica e geognostica do terreno, tudo isto os
preoecupava muito pouco.
" Pela
palavra theoria, o pratico designava as con-
jecturas temerárias e as explicações que qualquer
emettia sobre os phenomenos da cultura. Natural-
menti1 essas Ihcuriay n;io tinhão nenhum valor, e nâo
_ 101 _

«¦•ra por ellas que o cultivador se devia, deixar guiar em


suas operações, mas sim pelas circumstancias e as even-
tualidades. Mas quaes erão em realidade essas circums-
tancias e eventualidades ? Ninguém o sabia. 0 saber
fazer ou a pratica era a cousa principal ; mas o conhe-
eimento das condições necessárias para o adquirir, isso
pouco interessava ao cultivador.
" Somente a experiência
podia servir de guia. Não se
engorda campos magros com theorias.
" A agricultura é uma arte, da habilidade é que de-
pende o suecesso. Assim pensarão os agricultores du-
rante séculos em quanto cultivarão terrenos ricos e até
o momento em que a necessidade se fez sentir. Porém,
quando essa necessidade surgio, quando as plantas for-
rageiras cessarão cie prosperar e que mesmo o terreno
rico em húmus não quiz mais produzir estéreo, os ho-
mens experimentados se acharão sem recursos, e reco-
nhecerão que sua experiência nãotinhafundamento, por-
quanto á aquillo a que havião dado esse nome não era
uma experiência verdadeira e a toda a prova.
" Se as sciencias naturaes
quizessem somente fome-
cer-nos os meios de poder cultivar com suecesso estas
tres plantas forrageiras (o trevo, a luzerna e o espar-
ceto) maior numero de vezes e durante mais tempo do
que podemos fazel-o nas condições actuaes, a _ pedra
philosophal da agricultura teria sido achada, pois que,
quanto á sua conversão em objectos de necessidade " para
o homem, nós nos encarregaríamos de o fazer. (1)
E' com estas palavras que um homem eminente-
mente pratico da escola de então, implorava o soecorro
da sciencia !
No fim do ultimo século, os cultivadores tinhão acha-
do no gesso, e anteriormente no mame, meios próprios
para augmentar as colheitas cio trevo, e por consequen-
cia, a producção do estrume, e isto sem húmus nem es-
terço. Porém, logo que estes meios mágicos não quize-

da
(1) A nutrição das plantas cultivadas, por S. Walz, director
Academia Apricola c Florestal dc Ilolienhoim.
-— 1.02 —

rão mais obrar, pedio-se ás sciencias naturaes um pe-


queno pedaço de pedra philosophal para fazer recrescer
o trevo ou as raizes, as ervilhas e as favas, nos lugares
onde a habilidade e a experiência dos práticos já não
podião obter estes vegetaes. Acreditavão que Deos ia
fazer um milagre, não para conservar o gênero humano,
mas para poupar-lhe o trabalho de iniciar-se nas fontes
d'onde manão as suas bênçãos. Ninguém estava em es-
tado de resolver o problema da duração das searas. A
grande maioria dos agricultores imaginava que essa du-
ração era indefinida, e que quando a terra cessava de ser
fértil não era isso devido á própria terra.
Todo o cultivador pratico sabia que seus antepassa-
dos tinhão obtido, nas mesmas terras, colheitas tão ele-
vadas, mesmo mais rendosas que as suas, sem nunca
terem comprado estrumes ; porém nenhum delles se
lembrou de investigar maduramente a causa porque as
plantas forrageiras não prospera vão como dantes.
Mas o pratico não tem variado desde milheiros cie
annos. Elle, o inimigo jurado de toda a theoria, creou en-
tretanto para si mesmo, uma, em virtude da qual a fertili-
dade de suas terras devia ser eterna ; e o cultivador
moderno obra ainda segundo os mesmos princípios,
quando acredita que as fontes estrangeiras onde elle
vai tirar os meios de restaurar seus campos são iuexgo-
taveis.
Mas o que acontecerá a seus campos, a seu paiz, á
sua população, quando essas fontes se seccarem ? Eis
do que elle não se lembra, nem lhe dá cuidado. Econo-
mo descuidoso e imprevidente, acredita que o dia cie
amanhã será sempre a imagem da véspera.
Taes são as idéas que guiarão a pratica agrícola
até 1840.
Nessa época, a chimica havia conquistado, entre as
sciencias naturaes, uma independência bastante grande
para poder concorrer ao desenvolvimento das outras
sciencias, e quando os chimicos dirigirão seus trabalhos
á investigação das condições de existência das plantas
e dos animaes, elles entrarão evidentemente no domínio
da agricultura. A physiologia vegetal já conhecia então
— 103 —

as modificações que as plantas, durante sua vida, fazem


experimentar ao ar atmospherico, assim como a influen-
cia do ácido carbônico sobre o ausrmento da.s matérias
carbonadas nos vegetaes, e a propriedade das partes
verdes de exhalar o oxigeneo sob a influencia da luz so-
lar ; mas existia ainda uma grande incerteza sobre a
origem do hydrogeneo e do azoto que se encontra nas
plantas. Acreditava-se que certas substancias «salinas c
terrosas, que ficão como resíduos pela incineração, se
achavão nas plantas por acaso, e variavão conforme a
situação do logar e da natureza geognostica do ter-
reno. A chimica veio então submetter a planta, om
todas as suas partes, a seus methodos rigorosos de in-
vestigação, e procurou a composição das folhas, dos
troncos, das raizes e dos fructos ; estudou os phenome-
nos da nutrição dos animaes e as modificações que os
alimentos soffrem na organisação; finalmente, ella ana-
lysou a terra aravel das diversas regiões do globo.
Eeconheceu-se então que as sementes, os fructos, as
raizes e as folhas absorvem na terra certos elementos
mineraes que são os mesmos em todos os terrenos ; que
esses elementos não são constituintes íortuitos e varia-
veis conforme o local, mas servem para a edificação do
corpo do vegetal; que, por conseqüência, as matérias
mineraes representão na alimentação das plantas o mes-
mo papel que o pão e a carne no homem e as forragens
a respeito dos animaes ; que a terra fértil e largamente
provida dessas substancias nutritivas, emquanto que a
terra* estéril contém pouco, e que accumulando-as em
uma terra infecunda poder-se-hia tornal-a fértil.
Uma conseqüência natural desta descoberta, é que a
terra deve perder in sensivelmente uma parte de sua
fecuncliclade, á medida que as plantas cultivadas di-
minuem a provisão de princípios nutritivos que en-
cerra ; que para conservar á terra a sua fecundidade, é
necessário restituir-lhe completamente o que se lhe
tira ; que se a restituição é insufficiente, não se pode
mais esperar a volta proveitosa das mesmas colheitas,
e que o único meio de augmentar os rendimentos é
— 1.1)4 —¦

augnientar igualmente a somma dos elementos nutri ti-


vos que a terra contem.
A chimica demonstrou depois que a nutrição absor-
vida pelo homem se comporta, servindo-nos de urna
comparação vulgar, como o combustível nas nossas for-
nalhas domesticas. A ourina e os excrementos sólidos
representão as cinzas da alimentação misturadas com
fuligem e partes imperfeitamente queimadas.
Esta descoberta explica a acção do estéreo : elle ser-
ve para restituir á terra os materiaes que lhe forão rou -
bados pelas colheitas. Deve-se porém tirar igualmente
esta conseqüência : que o estéreo, produzido na mesma
exploração, é insufficiente para manter de uma maneira
durável,' a fertilidade das terras, attendendo a que não
se lhes restitue os materiaes que forão exportados de-
baixo da forma de pão e de carne.
O agricultor, que fôr desejoso de obter colheitas abun-
dantes e continuas, deve fazer a diligencia para substi-
tuir os elementos nutritivos que faltão no estéreo por
matérias buscadas em outras fontes, pois que a terra as
não contem. Tendo a chimica estabelecido esta verdade,
de uma maneira peremptória, seria inconseqüente obrar
como se a terra fosse inexgotavel, e se o cultivador não
tiver o cuidado de substituir por outras as substancias
absorvidas, mais cedo ou mais tarde chegará o mo-
mento em que seus campos se tornarão inferteis.
Outras conseqüências dignas de menção se tirão ainda
das investigações da chimica.
A tarefa do cultivador não consiste em crear fortes
colheitas diminuindo a riqueza das terras, sob pena de
as empobrecer bem depressa; seu próprio interesse,
assim como o interesse de toda a sociedade, exige que
elle obtenha produetos cada vez mais elevados e de uma
duração illimitada,
Se o agricultor quizesse dar-se ao trabalho de re-
flectir, não tardaria em reconhecer que o poder do ho-
mem sobre os campos, é uma vã presumpção ; e se con-
venceria de que a intelligencia e a habilidade são inca-
pazes de produzir, não importa em que terra, uma
colheita remuneradora, quaudo a composição da mesma
— 105 —

terra não convier á planta. A escolha das culturas não


é senão apparente, por quanto não é o cultivador, mas
sim a terra quem escolhe as plantas que lhe convém.
O cultivador se limita a apresental-as á terra, e tes-
temunha a sagacidade quando sabe bem interpretar a lin-
guagem de seus campos. A única cousa que depende de
sua vontade, e essa é o limite de toda a sua arte, se
resume a achar os defeitos e em affastar os obstáculos
que impedem suas terras de o recompensar do cuidado
que lhes consagra.
O que se chama eventualidades e circumstancias, e
devem dirigir seus actos, são as leis naturaes que deve
estudar e conhecer perfeitamente, se as quer dominar;
senão, será seu escravo.
Todos os ensinos que a sciencia lhe offerece a este
respeito não o affastão de nenhum modo do seu alvo ;
pelo contrario, ellas dão ás suas operações todas as ga-
rantias de successo. De outro lado, sua arte e o que elle
chama—sua experiência—são indispensáveis para fa-
zer redundar em seu proveito o conhecimento que possue
das — circumstancias e das eventualidades.
O saber não é o antagonista do saber fazer, pelo
contrario aquelle conserva a este na boa via.
A sciencia não é antagonista da pratica ; pelo con-
trario, ella vive no meio da pratica, approvando quando
esta faz bem e protegendo o cultivador contra as faltas
que podem trazer-lhe prejuízos ; ella lhe mostra o que
falta a seus campos ou o que nelles se encontra em abun-
dancia, e lhe indica o meio o mais util de tirar partido
das riquezas que suas terras contém.
Um simples rasgo de vista sobre a historia das scien-
cias naturaes, mostra que, quando, em logar de uma
doutrina reinante, se eleva uma ontra nova, esta não é
da primeira,
geralmente um desenvolvimento ulterior
se desen-
porém a sua antithese. Uma doutrina errônea
volve segundo as mesmas leis que uma doutrina vercla-
deira, porém uma elanguece e morre, porque não tem
base, entretanto que a outra cresce e se fortifica.
Auxil. Marco 1864. 14
— 106 —

A razão disto é porque a falsa doutrina conduz ne-


cessariamente a deduções que qualquer acaba reco-
nhecendo como insensatas e impossíveis. A datar desse
momento, ella deve ceder o logar a uma doutrina con-
traria, da mesma sorte que em geral, a verdade é opposta
ao erro.
Foi assim que á tbeoria phlogistica, segundo a qual
a combustão era considerada como uma decomposição,
succedeu a theoria anti-phlogistica, que demonstrou
que a combustão é uma combinação. Mas não se deve
perder de vista que a nova theoria não era senão uma
conseqüência do desenvolvimento da antiga theoria, que
teve de succumbir quando chegou á deducção absurda
de que o phlogistico possuia um peso negativo que tor-
nava os corpos mais leves quando se combinavão, e mais
pesados quando se tornavão leves. A nova theoria da
nutrição das plantas está em semelhante relação com a
antiga. Esta admittia que a verdadeira alimentação das
plantas, isto é, aquella que na producção agricola de-
termina o augmento da massa, era de natureza orgânica,
isto é, gerada no corpo do animal ou da planta. Pelo
contrario, a nova tbeoria admitte que a nutrição de
todas as plantas, á excepção dos cogumellos, é de natu-
reza inorgânica, e que é no organismo vegetal onde a
matéria mineral se converte em uma substancia suscep-
tivel de actividade orgânica. Por meio dos elementos
inorgânicos é que a planta produz todos os princípios
immediatos que constituem a sua própria substancia, e
destes princípios, simples na planta nascem os princi-
pios extremamente complicados do sangue de que todo
o organismo animal é formado.
Esta theoria estando em completa opposição com a
antiga doutrina, deu-se-lhe o nome de — theoria mi-
neral.
— 107 —

jinjiiTirniTT mim ,\

OS MELÕES DA ESCLAVONIA.

Em uma carta escripta ao presidente da Sociedade de


Aclimação, o Sr. Krenter, engenheiro em chefe dos tra-
balhos agrícolas da Áustria, dá informações sobre qua-
tro espécies de melões da Esclavonia, úteis de conhe-
cer-se, não somente pela excellente qualidade desses
melões, como igualmente pelo modo de os cultivar.
Segundo diz, esses melões são os melhores que elle
tem viste em suas numerosas viagens na Itália, Hes-
panha e Grécia, e dão com tanta abundância que ser-
vem até para sustentar o gado, e os porcos. Para os
cultivar, escolhe-se de preferencia um antigo pasto ainda
coberto de relva, que se lavra no mez de Março, na pro-
fundidade de palmo a palmo e meio, por meio de uma
charrúa de abrir sulcos, de maneira a formar pequenos
monticulos separados uns dos outros, cousa de cinco
palmos, e altos de palmo a palmo e meio. Preparado o
terreno deste modo, abre-se em cada monticulo um bu-
raco, que se enche com um estrume composto de estéreo
de cavallo e de gallinheiro ; quinze dias depois põe-se
em cada monticulo tres ou quatro sementes, que se co-
brem levemente de terra peneirada. Quando a planta co-
meça a florescer, capa-se e tira-se-lhe a maior parte das
folhas. Os fruetos amadurecem no meado do mez de
Julho ; então são mui grandes e alguns pesão 16 libras.
Seu sabor e aroma são incomparaveis ; entretanto a
Esclavonia está situada aos 47° de latitude norte.

.ONGMÍA RÜFxAL fí BGíMSSTÍÜA.

GALLINOCULTURA.

O Auxiliador já publicou uma espécie de Manual


sobre este assumpto, cuja importância o torna digno de
108 —
a
consideração, assim como tudo quanto diz respeito
de esp«aço
alimentação publica. Convém portanto voltar
a espaço a esta questão, e indicar as regras suggendas
todas as vantagens
pela experiência, afim de obter-se uma das mais lu-
de que é susceptível esta industria,
crosas quando se tomão todos os cuidados necessários.
Relativamente aos gallinheiros, é necessário que essas
afim
habitações sejão suficientemente altas e espaçosas,
Sao, em
de que as aves não fiquem muito accumuladas.
e 7 de altura para 8
geral, necessários 6 pés quadrados
ou de outras aves de
gallinhas, uma família de ganços
maior porte, ou para uma ninhada de frangos, aug-
mentando o espaço na mesma proporção se fôrnecessa-
rio para um maior numero. m
Nunca se deve ter no mesmo ga.llinh.eiro aves de di-
versas espécies, nem de raças distinctas.
Pouco importa a natureza dos materiaes de cons-
trucção, com tanto que se estabeleça uma boa ventila-
furadas e jus-
ção. Taboas brutas, com janellas, apenas
tas, de modo a não deixar passar a chuva, eis tudo
as invasões de ratos,
quanto se precisa. Se se temem
deve empregar-se tijollo, ou fazer-se um aliceree cie pe-
dra e construir o resto com taboas. Convém estabelecer
ninhos de um lado do gallinheiro, dividindo-os por meio
de sarrafos espaçados uns dos outros de 16 pollegadas.
O chão deve ser bem limpo e batido, e depoi? espa-
lhar sobre elle uma camada de cal, areia e cinzas _ de
carvão de pedra ou vegetal, tudo bem misturado. Objec-
tar-se-ha talvez de que as gallinhas destruirão em breve
este trabalho. Mas, é isso justamente uma de suas va«n-
tagens, porque as gallinhas achão nisto um passatempo
e uma occupação.
Um gallinheiro deve, tanto quanto fôr possivel, ser
exposto ao sul, e é bom ainda que tenha ao lado um
cercado aberto ou plantado com alguns arbustos, nunca
de que, quer no interior,
privado dos raios do sol, afim
nunca fiquem privadas
quer no exterior, as gallinhas
de ar e de luz.
Mas não basta construir o gallinheiro do melhor
— 109 —

modo possível, é ainda necessário conhecer a maneira


de tratar as aves e o regimenque mais lhe convém. Para
isso a própria natureza nos dará lições. As gallmhas
as hervas e as
gostão muito de pastar e de esgravatar inteira liberdade,
relvas verdes. Se fôr possível dar-lhes
o que é muitas vezes difficil quando se possue um
orande numero e pertencentes a differentes raças, ia-
ça-se ao menos deligencia para que ellasde possão passeiar
liberdade
sobre as hervajens. Basta uma hora para
as conservar em boa saúde, e esse regimen lhes é tao
vantajoso, que vale a pena pôl-o em pratica, mesmo
inconvenientes.
quando podesse resultar alguns
E' admirável ver o quanto as gallmhas se accommo-
dão com o regimen que se lhes quer impor. Um dia ou
dous são sufficientes para as familiarisar com o que
dellas se exige, e a facilidade com que reconhecem os
seus gallinheiros. Parece que ellas aprecião plenamente
a hora de liberdade que se lhes concede, porque, logo
não perdem um
que se abre a porta do seu gallinheiro,
segundo em precipitar-se para fora delle, e em começa-
rem a esgravatar, desde que chegão até que voltâo para
os seus gallinheiros respectivos. Nesta oceasião deve
ter-se o cuidado de não as deixar recolher senão por
series, porque se em um momento de negligencia se dei-
xarem misturar as raças, deve-se perder a esperança de
melhorar essas raças pelo menos durante o anno. Ne-
nhum inconveniente pode porém haver em reunir as
no caso de querer
gallinhas da mesma raça. Excepto
melhorar uma raça, nunca deve ;consentir-se que um
de outra raça.
gallo cubra uma gallinha
Emquanto das gallinhas esgravatão as hervas nos pa-
teos ou quintaes, deve tratar-se de limpar os gallinhei-
ros, e esta operação deve ser feita ao menos duas vezes
por semana.
De tempos a tempos é bom varrer o terreno, espalhar
cinzas no gallinheiro ; mas quer nestes, quer nos pateos,
convém manter sempre o maior asseio. Esta prescnpçao um
é a mais necessária, mesmo a mais indispensável em
grande ou pequeno estabelecimento.
— 110 —

A agoa deve ser abundante e perfeitamente pura ;


e espalhar cinzas em quantidade suniciente para que as
gallinhas possâo esponjar-se nellas á fartar e desemba-
raçar-se dos piolhos que as amofinão. Deve-se igual-
mente fazer monticulos de cal em pequenos pedaços,
ou mesmo caliças. As gallinhas gostão muito de comer
os pequenos fragmentos, e isso é não somente vantajoso
á sua saúde, como as torna melhores poedeiras. Ao
menos uma vez por anno deve lavar-se com agua de cal
os puleiros e os ninhos, e derramar alguma sobre o chão.
Ei' igualmente bom no tempo de grande calor, deitar
agua nos puleiros e no chão, e espalhar um pouco de
enxofre. Esta precaução tem por fim refrescar ás aves, e
livral-as de muitos insectos nocivos e incommodos, a
ellas e a quem as trata.
Os cuidados a dar ás aves devem ser regulares e sys-
temáticos, e sempre judiciosos, quer haja frio ou calor.
Deve sobretudo evitar-se um regimen caprichoso, que dá
boje a fome e amanhã a fartura.
- Quando o tempo estiver frio e humido, o sustento
deve ser mais abundante, porque então as aves têm ne-
cessidade de maior nutrição.
Nunca se deve deixar que ellas comão com precipi-
tação ; ao contrario, deve-se consultar o seu gosto:
umas gostão de uma cousa, outras de outra. Convém es-
tudar o que lhes agrada ou desagrada, e obrar em con-
seqüência.
As raças de gallinhas que hoje gozão cie maior esti-
mação na Europa, são as de Hamburgo, as Dorkings,
as Cochinchinas e as Brama-Pootra (lede putra). Do
crusamento desta ultima com a dorkinc;, resultão fran-
gos que têm carne mui delicada e saborosa.
Para fazer-se idéa do enorme augmento de consumo
dos ovos em Inglaterra, basta dizer que esse consumo
que foi de 70,415,931 em 1843, elevou-se em 1861 a
203,313,360, os quaes avaliados em 2 schellings a
dúzia (1$100) valem 282,279 libras sterlinas ou
2,540:511$000. Em 1861, o valor dos ovos e aves, se
elevou a 360,000 libras sterlinas. Quasi a totalidade
destes artigos forão importados do continente. Uma du-
— III —

dúzia de frangos de 4 mezes, valia, em 1811, 3 libras


sterlinas ou cada frango, termo médio, 2$250 rs.
Calcula-se que em França existem 31 milhões de ga
llinhas que põem annualmente 3,715,200,000 ovos, va-
lendo 150,000,000 de francos ; ainda assim, a França
recebe do estrangeiro um valor de 8,416,550 francos,
mas exporta para a Inglaterra, a Rússia, a Hespanha e
a Suissa o valor de 7,500,000 francos em aves e ovos.
Somente a cidade de Paris consome annualmente 3 mi-
Ihões de libras de ovos.
Não deixa de ter interesse conhecer um alimento
composto, usado na Suécia. Os suecos preparão farinha
de ossos, com os ossos frescos, contendo ainda gorduras
e gelatina. Esses ossos são preparados a vapor, e depois
reduzidos a farinha fina em machinas. A farinha de
ossos misturada com farello e resíduos de cevada, cons-
titue um excellente alimento para o gado e as aves.
Para o gado, a ração é por dia, de um quarto de libra
para cada animal adulto, e de duas onças para um ani-
mal ainda novo. O farello e a cevada podem ser substi-
tuidos por milho. Dá-se igualmente esta mistura ás
aves domesticas em geral, e pretende-se que esse regi-
men augmenta muito a producçãos dos ovos.
(Cuntinúa).

PSÍCULTÜÜA.
ALGUMAS PALAVRAS SORRE A PSICULTURA.

Durante muito tempo desprezada,a psicultura attrahe


hoje a mais séria attenção dos economistas, dos sábios
e dos governos de varias nações. Todos se preocupão
com os immensos recursos que podem fornecer os rios,
os lagos e os mares, recursos de que se lança mão sem
previdência, e sem tratar-se dos meios de os renovar,
tornal-os abundantes, ou, se quer, menos precários.
Foi ha pouco nomeada em França uma commissão
de pesca fluvial, que continua activaments os seus tra-
halhos. E' de esperar que essa commissão, composta
— 112 —
impor-
de homens mui competentes, resolvão questões
tantes sobre este assumpto. o des-
Sua attenção se dirigio particularmente sobre
de agoa, e sobre os meios de
povoamento das correntes riqueza.
restituir-lhes a sua antiga . . logar e de
O fim a que ella se propõe em primeiro
or^anisar um serviço de vigilância nas correntes d agua
não navegáveis ; e esta vigilância deve concentrar-se
onde a pesca ja
primeiramente naquellas localidades consiste
tem alguma importância, e cujo repovoamento as
em espécies que passão das vias navegáveis _ para Os
de reproduzir-se.
pequenas ramificações, com o fim as socie-
proprietários interessados, os departamentos, a
dades de agricultura, são convidados a concorrer para
obra commum.
Independentemente dos guardas de pescaria espe-
ciaes, um certo numero de cantoneiros prehenchenao
accessoriamente as funcçõès dos primeiros, e se aprovei-
taria o auxilio dos empregados encarregados de mspec-
cionar as correntes d'agua destinadas para as irrigações,
as rodas hydraulicas, etc. re-
Sabe-se quanto são nocivas á livre circulação e a
travessões postos
producção do peixe, as obras d'arteou inconveniente, a
nos rios e ribeiros. Para obviar este
commissão aconselha que estabeleção passes nestas
obras d'arte.
As disposições legislativas e regulamentares relativas
á policia da pesca, tem por fim principalmente : Io,
do desovamento;
prohibir as pescarias durante o periodo
2o fixar o limite das malhas das redes; 3o, compelir os
pescadores a lançarem nos rios osredigirpeixes pequenos.
um código das
A commissão se oecupa em
a legislação exis-
pescarias fluviaes, tendo em vista mesma commissão
tente, e os regulamentos locaes. A
trata de formular instrucções para governo dos empre-
as leis e regulamentos sobre
gados que devem fiscalisar
as pescarias.
Depois das necessidades legislativas vem as exigen-
cias da sciencia e da pratica. As instruções devem ser
formuladas por M. Coste, inspector geral das pescarias.
— 113 —

Estas instrucções devem ser mui desenvolvidas sobre os


seguintes pontos :
1.° Divisão dos peixes d'água doce em relação á sua
utilidade na alimentação publica ;
2.° Natureza das águas, em relação com a das es-
pecies ;
3.° Época do clesovamento e condições em que elle se
opera; #
4.° Multiplicação dos peixes por processos artiiiciaes ,
5.° Condições das ovas e do sperme próprias para a
fecundação ;
6.° Processos de fecundação artificial ;
7.° Transporte dos ovos fecundados ;
8.° Incubação das ovas e apparelhos que ella ne-

9.» Duração da incubação e cuidados que se deve ter


com as ovas durante esse período ;
10. Cuidados que se devem ter com os peixinhos
depois de seu nascimento ;
11. Meios de transportar os peixinhos de um logar
para outro ;
12. Cuidados próprios para favorecer os desovamen-
tos naturaes.

DO TASAJO, OU CARNE SECCA SEM SAL.

Nas planícies do Orenoco, do Apure e do Magdalena,


e outros rios, habitadas por innumeras manadas de gado
naturaes onde se
quasi selvagem, que vive nos pastosengordar,
nutre com abundância, mas sem preparao
uma carne secca, fácil de conservar e transportar, sus-
como
ceptivel de toda a sorte de temperos, e não tendo,
as carnes salgadas, o grave inconveniente de occasionar,
escorbuticas e outras
pelo seu continuo uso, affecções
enfermidades.
Auxil. Marco 1864. l5
— 114 —
na época dos grandes
A matança do gado tem logar magra, porem sae
caltreT A carne deste gado é sempre tiras longas e delga-
de mSto bom gosto, é cortada em destreza, dá muite
com
das A arteTe corta,: essas tiras A' medida que
tpoítaucia á aquelles que a exercem.
em varas a-sobras
ellas são cortada», dependurão-secom farinha de muno.
anolvilhão por ambos os lados
reduzidas á qumta parte
Em pouco tampo ellas ficão das varas e as eurolao
do seu peso ; então as arreião do
como rolos ^ ossos de tabaco, qual tomão o aspecto
tasajo. Quando_o_ que-
eTcôr listo é que se chama deixão a
rem empregar, cortão o rolo transversalmente du-
uart 3 de molho em agua levemente salgada te
um eqüivaleu
rnnle algumas horas ; obtem-se assim
temperar ao gosto de
de carnf ftesea, que se pôde
de uma
Boussingault (1) conta que, passando perto o tasaf,o,
se preparava
fazenda na Nova Granada, onde obrigado a entrar em
foi
seX tão grande ealor, que
com serpresa que o seu
uma palhoça.; observou então *rh.) Isto
thermometro marcava 40» centígrados (104° converter
IheTeu^déa do grande calor necessário para
calcula o poder
a carne em tasafo. O mesmo sábio a cinco que vezes ao da
nutritivo desse alimento é igual de tasajo eqüivale a
r-ne fresca ; isto é, que uma libra
ciuco desta ultima.
banhados pelo Eio
Elle se admira de que nos paizes deste modo a
da Prata e Paraguay, não se aproveite carne poderia abaste-
carne de seu numeroso gado, cuja o soldos Pampas,
ceí os mercados da Europa. Bem queo das Uerras cahen-
diz elle, não seja tão ardente como entretanto e fácil
Tsàe Venezuela e da Nova Granada a um calor ar-
expor a carne cortada em tiras delgadas durante
tificial de 50° a 60° centígrados, conservadadessicação.
completa
tempo sufficiente para operar a do Brasil usa-se de
Em algumas províncias do Norte

(1) Economia rural.


— 115 —

um processo semelhante para preparar a carne de vento


ou de sol; mas essa carne é salgada e não coberta com
farinha de milho. Este processo é sem duvida preferível
ao das salgas, sobretudo no interior das terras onde o
sal se vende mui caro. A provincia de Minas, por exem-
teria muito a
pio, onde o sal é caro e o milho barato,
lucrar se tentasse essa industria.

RECEITA PARA FABRICAR VINHO DE MANGAS. (1)

O melhor modo de colher as mangas é tiral-as ainda


inchadas, sem apanhar as que cahem no chão ; laval-as
bem e guardal-as por cinco ou seis dias, afim de que
fiquem bem maduras e cheirosas. Findo este tempo, ti-
ra-se-lhe a casca, e depois toda a massa ou polpa que
se vai lançando em uma vasilha com água e assucar
mascavado bom. Para fazer-se um barril de 12 canadas
basta um panacú ordinário cheio de mangas ; o assucar
regula-se na razão de uma libra para cada canada.
A polpa das mangas é bem remechida com água e
o assucar, até que tudo fique reduzido a uma espécie de
caldo amarellado mui diluído ; depois disto, côa-se e
derrama-se o liquido em um barril destapado. Passados
tres dias, torna-se de novo a coar e deixa-se fermentar
no mesmo barril, onde se lança uma garrafa de aguar-
dente forte por cada canada de vinho. A melhor aguar-
dente para esta operação, será a que se extrahe da pro-
pria manga.
O vinho pôde beber-se no fim de um mez; mas elle
não adquire toda a sua perfeição senão passados seis
mezes a um anno. Convém advertir, que não se devea
bolir na vasilha que contém o vinho, e deixar que vinho
fermentação se faça tranquillamente. Quando o
estiver perfeito, engarrafa-se e rolha-se com cuidado.

Dr. Affonso de Almeida


(1) Esta receita foi communicada pelo
e Albuquerque.
— 116 —

A questão da escravidão domestica.


EU FARIA SE PODESSE.
O QUE

(Communicado).
" Embora vos acuzem, vos condemnem,
« vos prendão e vos enforquem, publicju tazel-o
" sempre os vossos pensamentos, O
obrigação
« não é um direito, é um dever;
ideas, o
« restrieta é para todos os que tém com-
" communical-as aos outros para o bem
" inteira a todos:
mum. A verdade pertence
sem
" o que entenderdes que é útil, podeis va-
" Jenner, que achou a
receio publicar.
" se guar-
cina seria um acabado patife,
" dasse segredo sobre isto, uma só hora que
" e como não ha ninguém que nao
fosse ; nm-
" creia que as suas idéas são proveitosas,
" obrigado á commum-
guem deixa de ser
" cal-as por todos os meios possiveis.
P. L. Oourier.

Declararia livres todas as criançase danaque d'ora em


de 50$000
diante nascessem de ventre escravo mdemnisaçao dos ser-
á100É000 rs. aos senhores, como durante os der-
riços que as mães deixassem de prestar depois do
radelos mezes da prenbez e o primeiroagrícolas, a parto.
custa
Mandaria criar os meninos em asylos
^SbTrk
L particulares a compra, aluguel ou doa-
ser alienados ao Go-
cão de escravos, que só poderião Prohibina a ex-
verno para lhes conceder a liberdade.
umas para outras provme-as
;0rtação delles de escravo, na rasao de um tanto Jarca-
por
ria o preço de cada do tngesimo anno
anno de idade ; preço que decrescena
'^edaíaria cie-
livres desde logo todos os escravos dos
retribuição alguma
rig0S e de suas propriedades, sem nao devem pos-
úfo só porque, segurado os Evangelhos como porque,
suir ouro nem prata, (e menos escravos),
seu fanat.smo a causa
Tseu" antecessores forão por
— 117
não tem tra-
delles virem ao Brasil; mal que os actuaesescravosda na-
tado de remediar. 0 mesmo faria com os contradição
que
ção ; e é vergonha, e a mais flagrante de um livre.
tenha escravos o Governo e o Monarcha paiz
senhor de
Prohibiria que algum empregado publico, em quanto os
escravos, tivesse accesso nos empregos,
assim como prohibim que
possuísse seus ou alheios ; os tivesse, sob
fosse admittido a emprego publico quem
qualquer pretexto que fosse. .
Os escravos serião inalienáveis aos particulares (como
acima disse), e por conseguinte não podenão entrar em
os tivesse, estes
inventario : morrendo pois alguém que o es-
serião libertados pelas provincias, segundo preço
tipulado para cada um. .
Tendo de ser penhorados bens a quem possuísse es-
cravos, serião sempre estes os bens tomados as
; preferiu-
do-se igualmente as fêmeas, para poupar crias. províncias
a futura despeza com a indemnisaçao das
e sempre o
Como a falta de braços para a agricultura, no Brasil,
pretexto para a conservação da escravatura escravos das cida-
lançaria imposto pesado em todos os de serviço domes-
des, villas e povoações, quer fossem escravos te-
tico, quer de ganho ou officio. Os pagens augmentanao to-
rião dobrado imposto. Estes impostos
dos os annos. a
f^ Prohibiria o abuso de castigar os escravos
castigados por
arbiMo dos senhores ; só poderião _ser e documentada,
ordem da policia, sobre queixa escripta do
e o castigo corporal nunca seria maior que os dos
os logares
soldados e marinheiros. Serião preferidos para
de policia quem não possuísse escravos. datazmha de
Daria á cada familia de libertos uma de culta-
terras para nella se estabelecer, sob condição a segunda ge-
val-a e de não poder ser alienada, ate
^ to-
Declararia indignos das honras e cargos publicos bem mere-
dos os traficantes de escravos, punição qne distar-
cem porquanto a maior parte delles sao ladrões
vendido seus próprios
çadosP e muitas vezes têm e ate me-
filhos e irmãos naturaes nascidos de escravas,
118 —
risco emi-
ninos livres, quando o podem fazer sem vendida
nente Meus pais possuirão uma mulatmha, também,
vezes
por seus próprios pai e irmãos. Muitas servido
a capa de negociar com escravos, têm para co-
conheço
brir a emissão de cédulas falsas : só nesta capital, mdigita
eu tres cidadãos destes, a quem a voz publica
taes.
como taes. , ., ,
Concederia títulos honoríficos, a quem gratuitamente
e propor-
libertasse determinado numero de escravos, tossem
cionado aos títulos que requeressem ou lhes
dados. .,.. „ -i
Para occorrer a estas despezas emittma o papel-
moeda preciso, o qual seria convenientemente amorti-
sado não só com o produeto dos impostos supraditos,o
como com o que se lançasse sobre os libertados, quer
fossem pelo governo, quer pelos particulares gratuita- doa-
mente, e com o produeto do foro das terras a elles
das : aquelles impostos não passarião á segunda geração.
certo papel moeda
Quando isto não bastasse, crearia
com hvpotheca sobre as terras publicas ; aos portado-
res do qual papel-moeda se daria tantas braças qua- reis
dradas de taes terras quantos fossem os dois as
comprehendidos no valor das notas que trouxessem modo
thesourarias, quando não fosse possivel por outro ova-
resgatal-o, ou os particulares preferissem receber
lor respectivo em terras. Estas notas serião provmciaes
• e nacionaes contidos em
proporcionadas aos terrenos
cada provincia. ,
carta a toao
jf^É" Obrigaria os senhores a passaremo
o escravo que desse por sua liberdade preço que ti-
vesse custado, ou porque fosse avaliado. O escravo tora que
desse pelo menos a sexta parte do preço porque
comprado ou avaliado, teria seu pelo menos um dia útil
e assim
em cada semana, para que trabalhasse para si,
por diante até completa liberdade.sua,#ipso
O senhor que tivesse filhos de escrava Jacto
lhe concederia a liberdade e ás crias.
rs.
Prohibiria a queima dos roçados, sob multa de 100$
sua
a 500$ rs. por cada um roçado, na proporção de todas
área Em igual multa ineorrerião sohdariamente
— 119 —

as autoridades incumbidas de fazer cumprir a presente


disposição. Este rendimento seria também applicado á
amortização das notas emittidas para a alforria dos es-
cravos. ....
Penso que só estes meios se conseguiria a lenta,
por
mas progressiva abolição da escravatura neste paiz ; e
se obstaria, a tão rápida devastação inutilmente de
nossas mattas seculares.
Antônio J. T. de Mendonça Belém.

Recife, 23 de Dezembro de 1859.

NüTíGíAS Í^DÜSTUiAES.

Machinas de vapor verticaes, de caldeiras não tubo-


lares e de foco interior.— Julgamos dever levar ao co-
nhecimento dos leitores do Auxüiador, a noticia desta
nova machina, construída pelos Srs. Hermann Lacha-
residentes em Paris,
pelle e Ch. Glover, constructores
rua do Faubourg-Poissoniere n. 144. < _
Segundo a opinião de Mr. Combes, juiz mui compe-
tente nesta matéria, a Machina de vapor vertical esta
isenta das imperfeições das machinas fixas e das loco-
moveis de pequena força.
Estas machinas occupão pequeno espaço, e nao exi-
nem despezas de
gem nenhuma construcção prévia, dos
installação. A caldeira está completamente isolada
órgãos dos movimentos, e só tem como annexos as vai-
nao
vulas o nivel d'agua e o manometro. As caldeiras
são tubulares: os tubos são substituídos por um outro
apparelho, tão simples, como fácil de limpar. mode-
Em caso de usura, as caldeiras aliás de preço de
rado, se substituem tão facilmente, como a roda
um carro. O mesmo acontece aos outros orgaos.
Acima da força de 5 cavallos, as maquinas estaomu-
nidas de uma mola variável, que permitte proporcionar
— 120 —
se deseja
a despeza do vapor ao trabalho effectiyo quedimmuil-as
obter, de augmentar a força e a velocidade,
ou fazel-as cessar á vontade. eco-
As disposições interiores produzem uma 3grande
de a 4 küogr.
nomia de combustível, cujo consumo é cavallo.
(6a8 libras) de carvão por hora e por de
Qual-
lenha,
coke, turba, carvão
quer combustível serve,
6 e tudo
Vdirecção da machina é em extremo simples,um
está debaixo da mão. Os constructores redigirão guia
ordi-
operário
pratico de tal modo claro, que qualquer
nario pôde fazel-a funccionar. Em uma palavra, para
vertical,
de vapor
provar as vantagens da nova machina em grande
basta saber-se que ella está hoje empregada fabricas cie
numero de industrias, taes como serranas,
tecer e fiar, imprensas, officinas de mecânica, estas pliarma-
ma-
cias, fabricas de bebidas gazozas, etc. Demais,
e os
chinas substituem vantajosamente as almanjarras farinhas os
moinhos de vento, para bater e reduzira
grãos, para extrahir água, etc.
Inãium, novo metal. -P'or meio da analyse spectral,
desço-
dous chimicos Allemães, os Srs. Reich e Ritter^ de tndtum,
brirão um novo metal, ao qual derão o nome
cor de
em conseqüência do seu risco característico ser
anil ou antes de Um azul brilhante, quando puro no
Elles o descobrirão em uma amostra, analysada e arse-
laboratório de Freyberg, composto de sulfuretoalem disto
niureto d'arsênico, blendae galena, encerrando cadnmim,
e
substancias terrosas, cobre, algum zmco mineral, ex-
Depois do tratamento conveniente deste
trahio-se chlorureto de zinco impuro, e applicando-Ine
estava em
o spetroscopio, foi que se reconheceu que se
simples.
presença de um novo corpo
DA

INDUSTRIA NACIONAL

ABRIL DE 180-1—N- 1-

SESSÃO DO CONSELHO ADMINISTRATIVO,


EM 1° DE MARÇO DE 1864.

Presidência do Sr. Marquez de Abrantes.

As 6 horas da tarde achando-se presentes os Srs.


Marquez de Abrantes, Dis. Souza Rego, Nascentes
Pinto, Lopo Cordeiro, Nieoláo Moreira, José Rufmo,
Lúcio Brandão, Matheus da Cunha, Bernardo Azam-
Imja, Raphael Galvão, Vilbena, Azevedo, Araújo Car- m.
valho, Norberto Lopes, Virginius de Brito, José
Pereira, Affonso de Albuquerque e Ismael; e os sócios
effectivos Drs. Duque-Estrada, Teixeira e Sevenano de
da Fonseca, Boulanger, Camillo de Lelhs, Farme
Antao
Amoedo, Antônio José da Silva, Nobre, Coelho
e Rischen, o Sr. presidente declara aberta a sessão
Foi lida e approvada a acta da sessão antecedente.
EXPEDIENTE.

a
Aviso do ministério da agricultura, transmittindo
do tabu-
machina de descaroçar algodão, de invenção
e ensaia-
cante Eníery, afim de que, depois de exposta
Auxíl. Abril 1864. lG
122 —
seja
arp™rt7'a7'pess.,as que desejarem examiual-a,
mfPto'1 ar»tor10 T
,-emettida para o mfug* l¥|"#f " A
Imperial Institua HftMífWtf6 if §ncultura
midem
remettendo difíerentes espécies de sementes,
mais pro-
afim de que a sociedade^ uê o destino que
veitoso entender.—A' mesa. .. . -.- i
/urq
Ildjem/ tBnlmitttjM'/, para/u|o Jf a) s^ie(|aâ|, de
exemplar do relatório da exposição internacional
1862, apresentado á Sua Magestado o Imperador pelo
Moreira.-
conselheiro Francisco Ignacio de Carvalho
remet-
Officio da directoria central da agricultura,
tendo dous exemplares do^Jatm"io ultimamenteministro# apre-
sentado á assembléa geral legislativa pelo
dessa repartição—A' mesa tf,.n
Oífiicio do. Sr., Dr, João ^utqmo. de,Veksco M?)m,
ák^ii^Á^MQ-M^^^^0 ^ f.PÍ* admissão
como sócio effectivo—Inteirado. # re-
Officio do Sr. Dr. Gabaglia, çommunicando Jer
mettido ao Sr. Dr. Villa-Nova Machado, actual presi-
dente da secção de chimica industrial, todos os papeis
quê"W achavão ein seu pòdèr.--Ihtéirado; ,_-( ,Mij!..j,
Ô!S^; secretario géraí apreèentoü'ao .cpnselho ;imia»
'é^mm^do^^^f-t
estUtríjjá xylõgra^nada^por
dos.Srs.;^
peMPIuátutô AHleStico ':/¦.
Línae.-r-A me»»., ; ,"/
Lffíd^:-^l*;mesã;V"';:.-..'r ,7 --..,.«*.!
. 'offeroccu ..<*['<*¦:¦
.,!¦!>,¦,.• V-. ..¦«an-i
..^'i ..st-.."/,.
¦rO'SÍ? Aflj-ijiãb dê Albuquerque "Vçíó a sociedade;¦
üUÍ/à^écéitá patH1 á! íabrieaçãó vinljç de/.mangas.—
Af ^édá^ão' cÈti'"'jòiírial;'jp^-^¦''•P^^f?^, seia P-9^Wr;-
", X
dt&lâ'UdMo. \;" ,X'.': ..^ :...\\ ¦:i.lly.J .:.fi *-u:- -fcr.*¦"
On feri Azevedo se mandas^, dar ao
pédió que urpa
lo-nacioEügeiiiò Tavares, qme assim o solicijia, Sr.
dis o-arratas contendo O liquido apresentado pelo-de ser
Nobre para a extmcção da formiga saúva, afim
experimentado por aquelle senhor em uma situação que
dessas formigas,
possue, e onde ha grande quantidade
obrikndo-se ó: dito Tavares a çómmunicar á sociedadea
o refultáub déslsá; experiência.—Mandoú-se satisfazer
reqtii^içãó. ,
\2?>

ORDEM.,Df>. DIA.
' :;'.>!_ O

Forão lidos e.^Mov^peffiiíWte.pj.^gílin^s P*>


f.wri-j: ..*••.
^ecer^ç';'^' ã^SÍ^H '(Íe ?í^--fe"ft9WKft í-ffPPWffWI*,.;
^í'* A.secção machinas eapsparelhosi tem a -htíwro de
apresentar á Sociedade Auxiliadora seu parecer sobre o
requerimento de Gony $tephen;ipedindo, pruvvlegio-por
2(rannos'em favor' de uma, machina.que o mesmo A.m
ter invenção para/preparar madeiras para todos os mis-
^e^res^de^edííicaçãõ, pom grande,.vaptagem '¦. dos 'consu-
. . '..¦,.-. -.'r-¦¦¦¦'. ¦¦' ¦ ¦¦ ¦ ¦' -' "''
midpres,r.
'"
0'peticionario apresentou um desenho de sua ma->
china e uma lenda de maneira tão clara, que a secçã<
a
de machinas e'appáreítios julga desnecessário occupar
attenção da sociedade com a, dita desçripção. ,
!''l ?l"Pàrètíé a secção, ¦ que a machina apresenta .pelo
Srl Steilheirè1 réàlihenre invento do mesrnp, vjsto âjffy
rir de ^odás! às1 mácmVás ate hoje conhecidas,,destinadas
somente ptoa alguns 'tfue dbs/usos^e engenharia, taes cpmo
aplainar madeiras, è: preenche as condições de .uma
:se
boa machina, como tudo pode ver no desenho, junto.
=A secçãôí ehaina a attenção da1 Sociedade Auxiliadora
;de
solrfé O5 systema centrifugo e peças moveis, cotija que
nm
não aSédâ em as machinas destinadas ao mesmo
.*.*>¦ A secção delnachinás è apparelhos, reconhecendo
ras vântagefis* immensas qué o invento dó' Sr. Gony j>ocje
.prestar ao íibsso paiz, é dê pârèbèr qué o governo con-
ceda>Hd'Sft-'GHont privilegio como^lleèitténder. ; In-
•¦> -'^Saladas sessões da Sociedade Auxiliadora, da
dustritó Naciòüal,-*- ^^^'^[^^kS^S
UoJ-
DiasOárnetrò; Residente.1 ^'Bapliàèl Archáyo
vmú Filho, seerbta.no. ^Virginms>Alvmde^<rito.
""] *¦¦'•¦¦/-- ¦••¦:> z**-1; ;!-/-;^''-',;:;,' .'[[[[',','.'..' >:;; o...
^
h à''\*'secção de ipacídnaslé apparelhos, .forão, dirigi-
doi mlni^tçrioda agricultura, coimneve.o
!edos os omeios de 11 e,%> & secretario geral foáXK-
obras'pumíca?
'ciedade
Auxiliadora, de 20 do corrente mez.^^tfi^
o requerimento em que.Cfmy ^epl1^^ privilegio
nutfb".f.fi,de:s>in,m>:en-
{Úv W íjnnqs^pará usítr,e y^er
— 124 —

ção, destinadas á conservação dos cereaes, afim de que a


secção emitta o seu parecer.
" Para entrar no conhecimento da invenção e offere-
cer a sua opinião acerca das vantagens promettidas pelo
inventor, soccorreu-se a secção do desenho que acom-
panha a petição.
" A' vista do desenho, verificou a secção,
que o appa-
relho inventado pelo supplicante para obter o desseca-
mento dos cereaes é de muito simples mecanismo ; e
supposto seja elle fundado em um principio já conhe-
cido do vapor, applicado em uma temperatura mode-
rada e graduada para operar o dessecamento de outros
grãos, todavia o apparelho agora apresentado consegue
este resultado com promptidão e facilidade.
" Consta o apparelho de um eylindro
girador, o qual
contém nas duas extremidades duas tremias, uma para
a entrada e outra para a sahida dos cereaes, e seis ho-
cães ou ourificios por onde se faz a evaporação da hu-
midade contida nos cereaes : de um eylindro, que serve
de caldeira apoiado em dous moitantes.
" Os demais accessorios destinados a fazer funecionar
o apparelho podem variar na applicação, segundo as
circumstancias locaes e os meios de que se tiver a dispor
os cereaes collocados dentro do eylindro girador, posto
em movimento e sugeito a uma temperatura moderada
do vapor contido na caldeira, ficão livres da humidade,
que produz a fermentação e dá logar a formação do gor-
«gulho, mal este que a pratica tem mostrado que não é
|30ssivel impedir, fazendo-se imperfeitamente o desseca-
mento lento dos cereaes com o calor natural do sol.
u Considerando
pois, a secção, que devem ser enca-
radas com attenção as invenções úteis, que tiverem por
fim dar garantia e conservar o valor dos produetos da
lavoura, o único ramo explorado da nossa riqueza, é de
parecer que o governo imperial consulte os interesses do
paiz attendendo com benignidade para a invenção do
.supplicante.
" Sala das sessões da Sociedade Auxiliadora da In-
(Áustria Nacional, em 27 do Fevereiro de 1864. —-An-
— 125 —

gusto Dias Carneiro, presidente. — Raphael Archanjo"


Galvão Filho, secretario.— Virgínius Alves de Brito.
Entrou em discussão o requerimeto apresentado em
sessão de 2 de Janeiro ultimo pelos Srs. Ismael, Dr.
Nieoláo Moreira e outros, para que os pareceres foram-
lados pelas secções sejão remettidos a todos os seus
membros, e que nunca sejão discutidos no mesmo dia
em que forem apresentados ao conselho.
Depois de algumas observações dos Srs. Drs. Duque-
Estrada, Lopo, Nieoláo Moreira e Lúcio Brandão,
Affonso de Albuquerque e Azevedo, foi retirado o dito
requerimento a pedido do Sr. Affonso, resolvendo o con-
selho, sobre proposta do Exm. Sr. presidente, que os
pareceres das secções fossem lidos depois de assignados
pelos respectivos presidente e secretario ; mas, que não
se discutissem no mesmo dia em que fossem apresenta-
dos, ficando sobre a mesa para serem tomados em con-
sideração na sessão seguinte ; podendo, durante esse
intervallo, ser assignados pelos demais membros.
Forão approvados sócios effectivos os Srs. Drs. te-
nente-coronel João de Souza Fonseca Costa, por pro-
posta do Sr. Norberto Lopes, e Thomaz Xavier Fer-
reira de Menezes, por proposta do Sr. Dr. Nascentes
Pinto.
Nada mais havendo a tratar o Sr. presidente levan-
tou a sessão as 8 horas da noite.

SESSÃO DO CONSELHO ADMINISTRATIVO,


EM 15 DE MARÇO DE 1864.

Presidência do Sr. Marquez de Abrantes.

A's 6 horas da tarde, achando-se presentes os Srs.


conselheiros Marquez de Abrantes e Antão, Drs. Souza
Rego, Matheus da Cunha, Evaristo N. Pires, Souza
Costa, Nieoláo Moreira, Murinelly, Vilhena, Lopo,
Bernardo Azambuja e Raphael Galvão. Ismael. J. Ri-
- w>
cardu Mmúh Albuquerque, ^b?^^^ÍmÍ£i efeçtiyoj Bo^lan-
Perera fl Mi-uel Galvão, e os.sócios Antao,_A,mu-
Lr-Dr Duíue-Estraàa Teixeira, Coelho
Camillo ae:Lell,s e J.
SÃWte:.»*-,

ceasse que" a o&rta que fez a Sociedadefoi


K
^
uara a preparação do vinho de. mangas, paia.mos
de ftuctas nao é .ovouo
^^^cViiioVmbo
¦¦• '-"expediente; " ' :" ".".',"
íí-.-. i.-oü- '¦¦" -¦

'''¦%&':â
ministério da agriciictura trap^itt^o
conde de ia
éi^Moym^ ^M^^
I^tridos-Pontifieios na provinc^de ff^W^ um a amçsU a
dixkio,ao 4ito ministerip,: remettendo eiu^rras, fia
deaWodfvode longa seda por elle plantadosementes para
•fito™* «*.: mm*. WI^Êym
eolomale' 1>. Erancisca é solicitando

m, áitnesiiia plautaem uma extençao ^^gê^ gk>


d^ay^iaiecei
menos^áfim de due á sociedade haja e niíoímar se \íxo.
' ..òbré a dualidade da referida semente
agente cons,,-
I pltvirBatisfaZer os pedidos daquelle
** de sementes da
LW stliciiando a maior porção
possa disporá so-
melhor qualidade de algodão, de que cultura na colônia
cidade afim de ensaiava a sua
situada na província
Blumenau, pertencente ao Estado,
"de/Surda)
' Òp^miT-^ WWf-'- :; , ^rqly< lomct
do Paraná, remet-
Ò&cmdo secretario du -governo o Dr Antomo
tendo um exemplar do relatório com que
af^n^^^
Barbosa Gomes Nogueiraentregou Manoel Antônio
coronel
província ao 2<> vice-presidente ¦
Ferreira—Recibido com agrado. •, a
^%&mWSr;)D'r. ^ddock Lobo remettendo.para
^íbiípti^aa^ w *° >vn^
,"!¦-',-./ :'-i .'.
p£i,4.ir.í^ ,
— 1^7 —

UlIDK.M 1)<i).I>IAv,

^Forao lidos, ^-ficárào sobre a ihesa.para seíeití discu-


«e., Da
tidos na próxima sessão os seguintes do br. A. üc
secção da agricultura, sobre a proposta monte, emlu,
tlbuquLiié^para pedir ao governo que
->—^«J
£!*$? de cümiea industrial, sobre termo cio
nml àeseobeBo; no /arraial do Infic.onado, da mesma
Arantes.;.
San» por Leandro Enteia»
mercnrio (azougue) l ¦«*.«U.
SH«re a amostra de uhmrmaa descoberta;
Suto «ornes deEscobai em
com; a de S^aulo ,
os-limites ^província de. Minas; William
da m Sna secç» sobre o privilegio pedalo deporsua m«« -
GilfeTGintv para nsav dc: um processo,<; "^
o minera
ç^tetinaivL preparar de cambüstiytl
nome turba, de modo .que possa • servir< «'•,-•
um diversos misteresi!';.-.!;.;;
too em,
Otpapeis relativos -a esta ultima preterição
ao: Sr. Ismael, que
tr"uí?o deliberação do conselho ahm áe:darsua
oí&» membro, da sedção, ¦•' ^ __--;
opinião1 ;a semelhante respeito^ _ Ma,
íForão approvados sócios eiíectivos os bis. Drs.
fe boa»
B rnànloi Duarte Brandão ePedro^dieiro Pin o,
Dr, Nascente
S, p(1, proposta do Sr, leva*-
N^la nkis Ía4ndo a tratar o Si. presidente
tou-a sessão;

! hr
ií-.PtilÀ ¦ AüRlG-ÜiíA.
ii
Üutfimiriüjfi

DA CANNA. DE ASSUCAR
ENSAIO SOBRE A CULTURA ^M
PROFESSORA CHI-
CVm, PELO SR. ALVARÒ REYNOSO,
MIC A EM HAVANA. ' ,
— 128 —

lazer, julgamos
portuguez. Mas antes que o possamos
útil publicar a appreciação dessa obra pelo Conde de
Posos Dulces, mui esclarecido e abastado senhor de en-
genho naquella ilha.
" — A nossa litteratura agrícola acaba de enrique-
ceivse com uma obra recentemente publicada, que
fornece a quem escreve estas linhas, a oceasião de
chamar a attenção deste paiz sobre os eminentes
serviços que o seu autor, o Sr. Álvaro Reynoso, não
tem cessado de render-lhe desde a sua nomeação para a
cadeira de chimica applicada á agricultura cubana. Não
da
procuremos dissimular que a boia da sciencia, das per-
severança e do trabalho applicado ao estudo quês-
toes agrícolas, ainda não soou para nós, nem o momento
em que aquelles que se oecupão com estas investiga-
a estima
ções devem colher os applausos e merecer úteis. que
se prodigalisa em outros paizes aos homens
" Não nos embaraça igualmente as aceitações de
de
parcialidade e de complacência, nem a qualificaçãodin-
nos poderia
panegyrista officioso e prematuro que tão ardentes e tão
gir a indifferença publica, vendo-nos
constantes em reconhecer publicamente um mérito que
bem poucos neste paiz procurão examinar. Tudo isto
não nos fará abandonar a tarefa conscienciosa e patno-
tica de dirigir os elogios que são devidos ao Sr. Reynoso,
como ao verdadeiro fundador, nesta ilha, da era scien-
tifica, em suas applicações á agricultura local.
" Não se
pôde negar que elle não tenha sidobem prece-
dido nessa difficil missão. Nós mesmos, talvez, que
em medida mais modesta, poderíamos pretender á honra
de ser contado como um de seus predecessores; mas
aquelle que deve chegar, chega na hora fixada com ti-
tulos tão respeitáveis e tão preponderantes, que, sem
contestação possivel, o collocão á testa de nossa rege-
neração agrícola. Com os conhecimentos accessonos a
agronomia que possue, pertence ao Sr. Reynoso for-
mular, e em grande parte resolver os numerosos e com-
tropicaes.
plicados problemas da cultura das plantas
" O Ensaio sobre a cultura da canna de assucar,
obra quo nos suggerio as reflexões precedentes, não é
— 128 —

uma obra totalmente nova para os que lerãoos Estudos


scientifi-cas, agri-
progressivos sobre diversas matérias
colas e industriaes, do mesmo autor ; ella é o corollario
das primissas, cujas bases estavão postas, e a coordena-
e das expe-
ção lógica dos resultados das investigaçõesa canna de as-
riencias precedentemente expostas sobre
sucar. Na sua primeira obra, o Sr. Reynoso parece ex-
clusivamente dominado pela icléa de interrogar a luz
dos principios agronômicos, os processos da cultura da
canna e de outras plantas da Ilha, instituindo ex-pro-
para esclare-
fesso algumas experiências indispensáveis desconhecidas
cer certas particularidades duvidosas ou
da vegetação dessas plantas. O professor estudava e
aprendia então ; hoje, elle se apresenta ensinando-nos
methodicamente a cultura da canna, desde a primeira
operação do roteamento até á colheita ou corte da
planta, e até aos trabalhos preparatórios para as safras
seguintes, de tal sorte, que o Ensaio ao mesmo tempo
onde
que é um Manual completo e racional, neste podem ramo
aprender aquelles que não estão iniciados
importante da nossa agricultura, encerra igualmente
uma instruccão nova e transcendente para os que aspi-
rão a reformar a sua pratica ; reforma, que nesse livro
está baseada nos preceitos geraes da sciencia e nas exi-
o-encias das especiaes da planta saccharma, como conse-
e de suas partícula-
quencia de sua própria organisação
ridades physiologicas.
" Sem contestação, o trabalho do Sr. Reynoso e a
se tenha estabelecido
primeira obra sobre a canna onde a um
methodicamente e conformemente plano fixado,
da
uma harmonia entre a cultura desta planta e as leis— a
aoronomia, não sem ter consultado previamente
opinião da própria planta, segundo o celebre preceitoo
de Mr. Boussingualt. Debaixo deste ponto de vista,
ren-
serviço'a feito pelo autor não é um serviço particular a
dido Cuba, mas ao futuro. Todos quantos cultivao
se
canna de assucar nos diversos paizes onde esta planta no
acha aclimada, terão um código e um guia seguro
Ensaio, para melhorar e fazer progressar sua industria. na
Esse livro, em breve occupará um logar distmcto
Auxil. Abril 1864. l'
— 129
o tem
sciencia, porquanto todas as tentativas que valor, pre- tal-
cedido bem que algumas tenhão um certo
de concepção e
ta-lhes todavia o methodo c a unidade
uma reputação
de execução, que podem sós assegurar
do espirito humano. Demais a
perduravel ás obras a
maior parte destes trabalhos íorão escriptos equando faltava a
sciencia agronômica estava pouco adiantada,
seus autores os conhecimentos naturaes,autor P^ose
do En-
chimicos, que possne em tão alto gráo o
saio sobre a canna de assucar.
" Cazaud foi o primeiro que disse alguma cousa a
acon-
respeito da cultura racional desta planta, pois quee
selhou de plantal-a em distancias convementes, amanhai pro-
instrumentos aratonos para
poz o emprego de
0 °" PDuÍrone
se fez notável por algumas observações
trabalho tem
sobre a vegetação da canna, porém o seu assucar.
do
principalmente por objecto a fabricação senão copiar ou
« Pobtek não fez, por assim dizer,
traduzir Dutrône. ,
" Depois destes autores, o único trabalho importante
é o de Wray,
que se tem publicado sobre esta matéria, da canna
intitulado :—Manual pratico do cultivador obra e ex-
de assucar. O espirito geral que reina nesta e a con-
cellente e progressivo, mas sem o encadeamento U tra-
nexão necessária entre as suas diversas partes. systema
balho do autor inglez, pecca igualmente pelo da canna,
único e exclusivo que aconselha para a cultura convém
sem fixar os casos particulares onde somente
aP" dos cul-
Não podemos deixar do chamar a attenção canna
a
tivadores para o methodo de abaeellar (1) constitue,
ella
(methodo explicado no Ensaio), porquede cultivar esta
por assim dizer, um novo systema
são próprias e mes-
planta, com as exigências que lhe dizer desde ja,
mo com sua mecânica especial. Devemos
é, nem pretende ser, o inventor
que o Sr. Reynoso, não

cobrir o pé com terra amontoda.


(1) Chegar terra ao pé,
— 130

deste systema já empregado na Europa na cultura de


certas plantas, e mesmo para nós nesta ilha na do ta-
baco : porém, o que lhe pertence exclusivamente 6_a
applicação desse systema á canna de assucar, e a lumi-
nosa discussão por meio da qual prova as suas vanta-
e experiências que
gens, deduzindo-as de observações
não deixão logar á menor duvida.
" Referimo-nos ao abacellamento plano, consistindo
em abrir largos e profundos sulcos, no fundo dos quaes,
se põe os toros de canna e se cobrem com sufficiente
quantidade de terra, para que possão grelar prompta-
operações demonda, por
mente, e depois, nas diversas
terra em torno das vergonteas, até encher todo o sulca
" Este methodo é o inverso do que se usa na Lm-
siana, e que Wray recommenda. Segundo este methodo,
da canna, cujos
junta-se terra em torno das vergonteas
toros forão enterrados mui superficialmente, até formar
todos os mconve-
pequenos monticulos, não obstante disposição^
nientes que resultão de semelhante para a
marcha dos instrumentos aratorios, para o corte e o
transporte da canna. _
" Um dos capítulos que devemos mencionar, tanto
pela sua lógica, como pela novidade dos argumentos, e
" A necessidade de cultivar an-
o que tem por titulo.
nualmente os cannaviaes para conserval-os em boa pro-
" Conforme o autor, o
ducção durante muito tempo.
cultivador prodigalisa todos os seus cuidados na pri-
meira plantação, entretanto que despreza completa-
mente as grandes sementeiras continuas da natureza,o
reduzindo-se a cortar as cannas em pedaços, lavrar
terreno, collocal-os nos sulcos e cobril-os com terra.
" O Sr. Reynoso chama a isto sementeiras naturaes,
rigorosa e exacta dos
porque em resultado, a analyse se semeia
phenomenos ensina que a canna por si mesma
canna
todos os annos, de sorte que cortamos sempre a mas
de primeira folha sem intervenção do cultivador ;
as apparencias fazem acreditar a muitas pessoasestaca, que
depois de ter sido cortada, a canna plantada de
<roza durante certo tempo de uma vida continua e cia
esta
Nascimento a novas producções. Para demonstrar
— 131 —

as estacas se plantão
proposição, o autor faz ver quese achão emquecircumstan-
aquellas que ficão na terra,
cias análogas e idênticas. . ,
« ümase outras tem gomos ou olhos que mais tarde
vida própria,
se convertem em rebentões, e adquirem
como se pôde provar, separando-os da canna que os
ambos os
Zdu,eenterrÍndo-os cm outro logar. Em
Los, a canna se produto pelo desenvotamentoAo o lebentao
mesmo órgão, o gomo ; em ambos os casos do
no fim de certo tempo pôde ser separado pedaço da
outro lo-
canna que o produz, e ser transplantado para se as cir-
vigorosa vegetação,
gar, onde adquire uma<
cumstancias são favoráveis.
« Se, portanto, existe igualdade completa hia origem e
resultados, ajunta o autor, porque razão prodigahsamos e porque
tantos cuidados á canna plantada de estaca, mesma e
abandonamos aquella que se produz por si
deixamos semeada sem nenhum trabalho? Entretanto,
se esta ultima fosse cultivada com tanta opportumdade, renderia
e tão convenientemente como a primeira ella
tanto como esta. _
" Este prólogo seria interminável se, nao obstante a
diversas
nossa intenção declarada, de não analysar as attrac-
partes do Ensaio, nos deixássemos arrastar pelo
encontramos a
tivo da novidade e da instrucçâo que revista
cada passo. Vamos, portanto, acabar esta rápida nao sa-
recommendando um dos últimos capítulos que, como
bemos porque, não foi collocado no fim da obraos
complemento e como ponto de união •<de todos _ pre-
cie
ceitos que precedem. O seu titulo é: Conveniência
estabelecer a unidade e coordenação nos melhoramentos
simultaneidade.
agrícolas,
&« pondo-os em pratica com
Com effeito, acredita-se geralmente que, basta exe-
cutar um só dos grandes melhoramentos aconselhados
direito do se despre-
pela sciencia moderna, para ter o a drai-
zar os outros. Nesta classe se comprehende : terreno
nage, os estrumes, as regas, a pulvensação do
etc, etc. U bi.
por meio dos instrumentos convenientes, essas
Reynoso prova suberabundantemente que,isoladas, nao
ou
diversas operações ofierecem inconvenientes,
132
maneira segura e du-
produzem os seus effeitos de uma não reahsa todos os
ravel. A drainage, por exemplo, das
seus benefícios se o terreno não possue o complexo de
circumstancias desejadas ; d'ahi resulta a utilidademeio
modificar as propriedades physicas do terreno por meio
de adubos, de obrar sobre a composição chimica por
dos estrumes convenientes, de lavrar profundamente, as irn-
de desagregar a camada inferior, de empregarcaso
«•ações, etc Os amanhos se achão no mesmo que a
fim de certo
drainage : executados isoladamente, no
tempo esterelisão a terra, se esta não é melhorada e o
por
com-
meio de adubos e de estrumes, etc A dramage
plemento da lavoura.
" Os estrumes não são completamente favoráveis e
não favorecem
proveitosos, se as outras circumstancias devem
nem á vegetação, nem ás transformações que
soffrer antes de ser absorvidos ; elles podem perder-se
sem produzir todos os seus effeitos.
» Os melhoramentos agrícolas devem portanto eltec-
simulta-
tuar-se cie concerto ; todos devem ter logar
neamente, de modo que os resultados parciaes produzao
o resultado normal ao qual se aspira.
« Depois das citações precedentes, não e necessário
canna, pro-
dizer que o systema geral da cultura da
e o único que possa
posto pelo Sr. Reynoso, é intensivo de engenho,
no futuro salvar a industria dos senhores
dos perigos que a ameação. Debaixo deste ponto de
opportu-
vista, o Ensaio não podia apparecer com mais devido
nidade Em um trabalho recente e mui notável
lavradores se
á penna dos nossos mais recommendaveis to-
fazem revelações instructivas que elevem preocupar
Cuba. iJe-
dos aquelles que se interessão pela sorte cie dos
monstra-se nesse trabalho com toda a eloqüência industria
algarismos e pela primeira fez, que a nossa da im-
assucareira marcha para a sua ruma por causa
A excepção dt,
perfeição manifesta cie seus methodos. do
um pequeno numero, todos os engenhos paiz ofterc-
A verdade t
cem annualmente uma perda considerável. devia exe-
que forçado pela natureza do trabalho quebem a igno-
cuter, o Sr. Poey, não obstante conhecer
133
de co-
rancia dos senhores de engenho, e a necessidade dirigio de
meçar a reforma da industria pela cultura, da fabricação,
a
preferencia a sua attenção sobre parte recusar a mais
a respeito da qual ninguém lhe poderá
perfeita competência.
" O Ensaio do Sr. Reynoso veio hoje encher esta ia-
com todos os
cuna A canna cultivada intensivamente e autor,
meios scientificos tão habilmente expostos pelo da fabrica-
suppoem desde já a separação da cultura e ellas po-
cão, abrindo a ambas um vasto honsonte onde
Nestadivi-
dem mover-se e progressar indefinidamente. de
são e nestes progressos está encerrada a salvação
Cuba como população agricola.
" Mas nós vamos mais longe, ousando dizer aqui que
agn-
em conseqüência deste mesmo progresso na parteentrever
cola, a sciencia pôde já, até certo ponto, -deixarfabricação de
a época da suppressão de que se chama a um sim-
assucar nos Engenhos - que será reduzida
água assucarada,
pies processo de evaporação da da canna. Ve-se, poi
causa da cultura aperfeiçoada pelo
a importância attnbuimos a
pouco que temos dito, que
esta evolução prevista da industria, aos cada progressos da
em soqueira
fabrica vegetal de assucar que reside Reynoso, nao
de canna. Livros taes, como os do Sr. desejada
po-
e
chegada da época tão
dem senão accelerar a
tão fecunda.
" Porém o professor Cubano ainda não terminou a
como se deve
sua tarefa. Depois de nos ter explicado conhecimentos,
cultivar a canna, no estado actual dos
estudar e
para obter maiores beneficies, resta-lhefigurar esta propor
a ordem e a preparação em que deve alternaçao
planta
de
de
cm um bom systema de associação e da mesma sorte
colheitas. Estamos persuadidos que,
e resolve o delicado
que o Sr Reynoso comprehende applicada á canna de
problema da alternaçao da cultura e radiosa
assucar, veremos brilhar a luz nova que nos
da nossa agn ¦
cíeve <miar na reforma radical e completa nao somente
cultu?a Por esta solução serão satisfeitos, dita, po-
as exigências da economia rural propriamente
134
os mais
rém ainda os interesses econômicos e sociaes,
subidos da communidade em que vivemos. muralha le-
" A associação e a rotação destruíra essa
aftastar de
vantada pela ignorância ou a avaresa, para responsável do
nossos campos o trabalho intelligente e
homem branco. ,. ,
" Sabemos que o Sr. Reynoso esta muito adiantado
em seus estudos e investigações acerca destas partícula- lo-
ridades e de outras, que occuparáõ o seu verdadeironeste
2ar no Tratado geral de agrieultura, vasto que escreve
momento, e do qual temos em mão o programma,
de assucar,
assim como o da Monographia da canna
que actualmente redige.no meio .
da mdine-
" Honra mil vezes aquelle que
e lutando
rença, diremos quasi da ingratidão publica,um
cie
eom difficuldades e obstáculos de mais de mento gênero,
e de
consegue terminar trabalhos tão cheios
constituirão
transcendência, e a preparar outros que Emquanto
um dia para sua pátria uma gloria nacional! reconhecimento
elle não obtém a devida recompensa e o
de seus concidadãos, não hesitamos em da
predizer-lhe
Europa agro-
desde hoie o applauso e a consideração
o Ensaio so-
nomica e scientifica ; e estamos certos quetraduzido e m-
bre a cultura da canna de assucar será academias e de
serido nas publicações officiaes de suas
"
suas sociedades agrícolas.

A&RiüíMííA.

DAS REGAS SUBTERRÂNEAS

tão forte
A agua por seus elementos, que entrão em
vegetal, assim como pelas
proporção na organisação e orgânicas
matérias gazozas, mineraes que dia pode
eo P"m«r° ??
conter em dissolução ou em suspensão, A íorç*
mais indispensável dos agentes fertihsadores entretanto
dos estrumes é nulla sem o seu concurso,
— 135 —
de^es agentes
aue ella mesma, sem o concurso não pode haver cul-
Sóde fecundar a terra. Sem água normal das
Ca Consequentemente o aproveitamento
na arte agrícola e co
-
a/uasé da maior importância
rSponde precisamente, FO^^^^vot SOble X
nias providenciaes, ao m>mmo dos f ^™C1V0S das t^as.
o homem, e ao máximo da fertilidade tomao cada vez
As necessidades sempre crescentes os meios de ponpare
mais imperioso o dever de indagar agrícola. A nossa
rSuplL os recursos da producção tirar as con-
énoca que é a da realisação, se occupaem do ant.go adag.o
eCencTa praticas as mais vigorosas outra
3corpora\ion agunt, nisi sint soluta, ou por^
em rasao directa da
as combinações dos corpos estão em.«£*£¦ D
Luidade dis suas partículas posta, ^
soore
resulta a preferencia dos estrumes pulverulentos a d.vi-
o^mpacta, e como limite do possivel estrumes
quanto
líquidos. _
sL dos corpos, as soluções ou os os ingleses
"Seetarios^ios
do progresso, que na
da arte, compre
se divertem em fazer a arte por amor
dos estrumes líquidos, e
hendem perfeitamente o valor consideração com as
nio 1 esitão em empregal-os, sem
t?„+o ia^a iá tem produzido o systema
é o mais
S eEotasy tJ Víri. Este ultimo
concebido e exe-
fomnleto e o mais admiravelmente e á agncul-
So relativamente á hygiene publica trazer as águas do
íuía Est systema consiste em mais sãs,
as que for
erTenc prim tívo, ou as águas ao ponto mais alto
ínssWel encontrar, eleval-as até restassem dos usos
Sa ca as das cidades, e as que
immundicies e espa-
doLestlos arrastarem todas as a differença
S-a sobre as terras cultivadas. Quand?
esses movimentos eles
TZfZ permitte operarvapor. Saúde, aceio, ex
serão feitos por maquinas de a mais efiicaz, taes
XuteTestrumes e sob a fórma
desta bella concepção.
So os maravilhosos resultados é a causa deter-
A faRa d'agua pura, sã e abundante, das cidades e
mórbidas
raitnt áe todas as affecções de que os esgotos em-
dos campos. O bárbaro costumeuso commum nas cda-
tem aPsagua^estinadaS ao
pe
— 136

des, depois de haverem impregnado a terra de líquidos


ma-
e de gazes mephiticos, as torna em verdadeiros as
tadouros, tão funestos como as lagoas Pontmas,
maremas de Itália, e os pântanos da África. Água pura, os
abundante para beber, para banhos, para preparar
alimentos, lavar a roupa, as casas e as ruas, e finalmente
os mais ricos estrumes para os campos, tal e a primeirae
condição do bem ser, da saúde do homem das cidades,
da riqueza do homem do campo. melhor e
O estrume liquido sendo decididamente o su-
o mais efficaz, resta saber se elle deve ser espalhado^
as maneiras.
perficial ou subterraneamente, ou de ambas igualmente a
A solução desta questão pôde applicar-se tal, a dose
irrigação geral. Na irrigação propriamente de sua
das águas a espalhar estando na rasão inversa dissolvidos
riqueza em princípios orgânicos e mineraes e
ou em suspensão póde-se a priori dizer que quando
de água, o
possivel dispor de grandes quantidades
seu espalhamento superficial é o mais conveniente. água
da terra pela
Quanto ao humidecimento normal natural e mais
e os estrumes liquidos, parece mais
e
lógico, sobre tudo sob o ponto de vista econômico
subterrâneo. Pou-
qilantitativo, de recorrer ao methodo
a evaporação, e nao se en-
pa-se muito a água, evita-se e obra-se finalmente com
che a atmosphera de miasmas,
muito maior energia sobre a raiz das plantas. ser
As regas subterrâneas deve particularmente pra-
entrão mate-
ticada com os estrumes liquidos em que
rias fecaes, as dejecções animaes , e, em estão
geral quaes-
desmtec-
não
quer substancias pútridas quando
importantes
Para certas individualidades vegetaes
subterrânea
e que merecem cuidados especiaes, a rega
parece ser a única praticamente possível, porquanto a
a
despeza com o liquido é considerável em quanto que O> li-
. rega subterrânea pôde reduzir-se á décima parte.meio de
de uma arvore por
quido derramado nas raizes de 3 a 4
um tubo qualquer, enterrado palmosde pro-
sem
fundidade no pé de cada arvore, produzira, mesmoperda, vo
menos igual a dez vezes 18 o
um effeito pelo

Auxil. Abril 1864.
— 137 —

liquido espado na s.perficie , ganha-se as-


lume de
de neu emprego dos diver-
evaporação
?. ^SedeTenSummodoo
Isto nao impede dahu-
.mped p
8os meios conhecidos para ne ^ _ ^
midade nos pes das arvores
A praticaldas g
dellas na occasião própria
raneasfará entrar a arbonc^U/n\^me^que se quizer,
sujeitar as —^XS.os^assim
permittirá tao fácil «™«^ -a E> facil formar
pois que será
r« facilidade que .c Vmptiferas prodigiosa-
seterá^activar
idéa da tffl.'. arvores fructíem, e a das Ppra-
mente a vegetação da» ^
Ças, raas e ~"^^011oreBOimento das arvores
simples basta paia Pr0™°ve quantidades suffi-
dant>4,1t:da<learrd^quTeCnolritão ; o que só se
toda a aguauo qu subterrâneas,
cientes, bem
conseguir por meio das regas suote'- ^
poderá a terra ™ ar ^
Intendido, quando m um m
raízes^ural
esgotada, não de.xar a ^ ^

rrae:Lr:t;srcrsectosoudo8iic-
sulfato de ferro í»^""^.'^.da*-lichens P"ra
e
dos insectos, sulfato de
cie cal p
^g1168^^
leite 0 racbitismo,
e outras cryptogamas,
agua quente e «-^^ 7BUu&o dos (Tefeftos de
Quanto aos ™°™f™^l se remedmo Relativamente
descendente)
á seiva
circulação, elles por
^"tGolpes . d" dÜduras methodicas etc :
meio de golpesie ndentes
mais particular-
mi. do íb^S, dirigida por uma theoria
Steda0

8CaX:^rrroirh„?isont^
138 —
do terreno, e
ou ao menos parallelamente á superfície
não possão chegar o
m prXndidlde tal, que a ella

poços nas inclina-


E um -rande numero de pequenoschuvas
as águas de e asdenva-
çoTpTonde se escoão

Nos terrenos ,
igualmente para os tubos
P^ «*™ *» í"*™"' "»
rgaaarCos quaS-ao

as
JS5T.CS2^^ando ^asmoveisas
bfr:mb:noreraa^treE
VH^desTe To! ÍÍ: í SSnS
f yf^actual
^^-

-nf^Sortr partes ha'*-as,


JZun^s
as prohabiKdades de
%tmm:erPpCst8o,eealcogm Sas

no
des chuvas, furar poços ou ^guadouros
A at), orpo
superior das bacias sedimentaria*.
— 139 —
alimen-
sada pela multidão de pequenos desaguadourosteria uma
tadores dos tubos de irrigação subterrânea
effe.tos de nm e de
efficácta não menos enérgica. Os resultado : desviar
outro methodo conduzirião ao mesmo
dos terrenos as águas excedentes, para favor por assim, dizer
da agncul-
armazenal-as, e pôl-as em reserva em
furados nos flancos
toa Os poços ou desaguadouros
subterrâneos cujas
to montadas, formaria*» ribeiros subjacentes,
a-uas serião aproveitadas, nas plamces reservatórios de
Sas fontes artesianas; os pequenos
contento
Centação dos tubos de irrigação çandes
e mie-
nuantidades d'agua entre as camadas superior
drains ou se evapora-
J™" excedente correria pelos
ria do modo ordinário. absorvenao
Mas esses pequenos reservatórios tambémcom as águas de
os estrumes líquidos, como acontece nos campos os
chuva p^dendo-se deste modo introduzir diversas cultura.
st7umePs que fossem apropriados ás de chuva e as de
Muitas vezes se pôde tornar as águasespalhando sobre os
irrigação em verdadeiros estrumes,
teXos que ellas regão, os diversos estrumesap*,, ; esses
e
Ig^es' serão dilnidoSs ôn dissolvidos pelasdab
arrastados por ellas para os reservatórios F sa
Este sys
ráõ para os tubos de irrigação subterrânea.
líquidos ás ra.zes
tema de fornecimento de estrumeschuva sobre a
aiudado pelas regas em fôrma de ma or parte
com a probab_hdade
aérea dos vegetais, formará artificial dos campos
o° melhor modo de fertilisação dos terrenos de cultura
Quanto ás energias própriastornar effectivas as diver-
e que tanto concorrem para a mais decisiva
L preparações physicas da terra, parte
da agrícola, a agua, em sua efíicaz quahdade de taoE
e o mais mdis
vente geral, é o agente o mais
PeAsapreparações o nivella-
physicas são : o esgoto, a terra
e que
mento ePas operações de lavrare pulvensar aos
tem por fim tornal-a movei penetravel gazes
estas oporgsarejao
ItLsVericos e á agua ; demais,outra, facilitao a sua
as moléculas da terra, ou por
o ferro queno estado de pro-
X, particularmente
— 140 —

»"*^™£S!£
toxido é estéril, tornando-se, pelo em
defertilidadequandosecoaverte peroxdo lias aug
da terra parti
nientão finalmente, a força absorvente
a propnedad
S mente da argilosa que tem £^
densar em seus poros prodigiosas qu"torW^dep»__
e ainda de comoi
sobretudo carbonato de ammoniaco,
estrumes, favorecendo
nar-se com as matérias gordas dos
mtoeLSZt:ZSX'^
importantes para a pro-
humidecimento
ducct aSicok, são falecidos pelo imbebiçao superfi-
dos terrenos qu« a agua venha por ella seja
cM natura on artificialmente, quer para alli
E sem
Sr Lida Tor canaes ou infiltrações subterrâneas.
tvidaYtil moLr a parte aérea das plantas ; porem o
«-ais comp leto ma,s
hWectento deve l sem se opera,
pffieaz sobretudo mais econômico, quandosuperficiaes
-gas
Serraneamente, do que pelasa absorpçao d agua e
além de outras razões porque da^evapo-
Sre incompleta e pelaterão perda que resultanotar
3 Poucas pessoas deixado de que a
rda"dCmesmo pelas ciwaj£—£

Vtnd7quCto ordinária
sefee aqni âcérca da agua
estrumesliquido qne de
se applica ainda melhor aos da terra.
vptti obrar no interior e não na superfície

S=:t-"i-ri=í=«i-£s
acabamos de «*^
precisão, o systemaque e uma pranto 8cien.
agricultura uma seiencia pratica
tifica> m^fliorlo ae m^ v
de irrigação subterra-
Citaremos um novo mettioao
— 141 —
chamado Pet-
nea, devida a um cultivador allemão
como á
A drainage é hoie tão applicada á jardinagem
suecesso ap—
agÍutaragJá se íem tenfado com o cultivador citado
n!s re-as as águas de drainage ;
™ga°s
taa-rnou um systema de drainage, servmdo para a,
agna em con ac o
subterrânea, de modo a pôr a
onde quasi nunca
com as raizes as mais profundas, detub™
chega a das regas superflcraes. O systema
é necessariamente o opposto do de tubos ae
gadores
drainage. .
ou collector esta si-
Neste ultimo, o tubo principal águas
de receber as
tuüo no ponto'o mais baixo, afim é o inverso, o.tubo
dos tubos secundários ; no primeiro
principal que deve distribuir as águas pelos secunda
a di-
"eTtâeresquerda,
rfoTéCsto no ponto o mais alto, e delle partem
esses tubos secundários á semelhança
de uma penna
da disposição em que existem as barbas dente
t XçãÒ ao tubi} dessa penna. E' ^í^f^"^
ev que a drs-
tancia entre esses tubos depende da se fresca e
se ella fôr secca, elles serão mais próximos ,
humida, mais distantes. > _
se contenta somente com a irri-
Mas o inventor não su-
subterrânea, elle quer ao mesmo tempo regar
gar^o chão um certo
Serficialmente. Para isto, elle traça no
superficialmente» a
Tumero de valetas que acompanhão O tubo principal e fu-
dh-eccão dos tubos secundários. de tubos secun-
rado nos pontos onde começa cada par espécie de caixa
uma
darios e todos communicão oom honsontaes, cada
Mt com cimento e aberto com fendas -da valeta superai
ti Z quaes corresponde a manobra a vontade, ie
Finalmente uma rolha que se a água para o m-
Sü: òu abre o tubo principal e dirige
terior ou para o exterior.
- 14*2 —

AGRICULTURA.

ECONOMIA RURAL.

do fogo ás terras.
Esterco.-Cinzas.-AppUcação
con-
Muitos agricultores, não obstante a experiência
estrumes,
* •« Zlo oue póde-se bem passar sem emzas.
mate, e obter
umà ve" queTe po sa queimarbastana tor que o -
Para convencèl-os^o seu erro, não^
terço contém saes que as cinzas possuem e que a
as plantas. Exis-
t Ses saes são indispensáveis dao boas
fZ teiTas Tobre tudo as terras novas, que
Se t sem estéreo, e somente palaj^

^l^a^l^^^^F^
A aPPllc^^0.ra^-0barecommenda nas suasGeorgias :
A theoria
tffSS trance,es vrofuitagros.
chamão^lUtaae
Se mXodÓ, ao qual os
tem oceasionado longas/-»;--J^XrZe mui

™'<Z
e portanto ™«a=ccn-
™trsr«r?otl7Crhngmidad, A acção do

Uma tenjlinnu das


qualidades contrarias.

Sir Humphrey Davis


Elementos de Chimica Agricol., por
(!)
— 143 —
con-
truição não pôde deixar de ser útil naquellas que
e as cinzas,
tém um excesso de matéria vegetal inerte, as colheitas
mais
pelo carboneo que contém, aproveitão lo-
do que as substancias fibrosas das quaes provém,
so
davia é certo que com semelhante operação podem
houver
lucrar as terras barrentas, ou aquellas em que
vegetal mais ou menos carbom-
um excesso de matéria
sada, como as turbeiras, etc. _
Entretanto é este o único systema de preparação das
Salvo nos
terras empregado pelos nossos lavradores. éappli-
casos exceptuados, esse systema é fatal quando
estenlisa e
cado ás collinas e ás montanhas, porque as
duplo ; um re-
as desmorona. O effeito das coivaras é sobre a
sulta da mudança mecânica que o calor aproduz reduecão dos
; o outro é
parte superficial do terreno cinzas
vegetaes nelle existentes a Estas ultimas ferie-
serão sufficien-
listo em verdade as terras ; mas ellas sos ellas carecem ?
tes para fornecer ás plantas tudo quanto
Veiamos. ... , aprecia-
As cinzas tem sem duvida qualidades mui
volume ellas
veis porquanto debaixo de um pequeno das
encerrão vários saes próprios para a nutriçãomodos plan- a se-
tas ' mas devemos reconhecer que certos acer-
emir na administração desses saes são preferíveis
convir a
tos outros, e demais, taes ou taes saes podem
as cinzas po-
certas plantas, pouco a outras, ou então
dem não conter senão parte daquelles de que tal ou tal
imperiosamente e sem os quaes ella
planta necessita
não pôde prosperar.
Applicadas ás terras argilosas muitas vezes seguidas,
do que senão
estas se tornão estéreis, ou menos férteis
naturalmente. nenhum
Nas tenas leves, as cinzas não produzem
effeito nos annos de calores intensos, sobre tudo quando
essa terra é pobre em húmus. de
As cinzas são lavadas mui facilmente em tempo ca-
' se mfiltrão nas
parte das matérias solúveis outros
chuva 'inferiores,
madas e parte corre para pontos le-
vada pelas águas. Em tempo secco, ellas sao perteita-
mente inúteis.
144 —
fornecer húmus
Ainda mais: as cinzas nunca podem húmus e neces-
ás terras, e todos sabem quanto esse
sario ás plantas cultivadas. as teiras leves, nem
As cinzas nunca dão consistência
mobilidade ás terras compactas. tirar nPnlmm
nenhum
Com as cinzas somente não se pode essa cal nao
partido das terras não calcareas, poissobquea influenciadas
obfa realmente com efficacia senão
«*««W"Í*^
m-teriatque contém on podem e portanto assi
do ácido carbônico, que a torna solúvel
mtm as chu-
ot£r- outros estrumes análogos, secca,
de temer, e, qualquer que seja a
vas são menos
eUe consSva sempre suficiente humidade pava dissolve.-
o estéreo contem
os saeTe llval-os ás raizes. Demais,
de que n—o as p an
^sftodos os elementos Com estas um£
e muitos que as cinzas não contem. flcao des ove.ta
mas, as substancias ammomacaes
o estéreo nao acontece
das entretanto que com
m substancias azo-
Não' entrando na questão se são as na
o
tad^ouTsaes queVesenteo se principapapelas >*
nutrição das plantas é certo quena terra plantas
enoai os vne
tado da natureza podem achar
devemos todavia reco-
e, necessários á sua existência; rednrfas ao ado
Xcer que as plantas, cultivadas, a mtisf«izer do
de monstros, tem maiores necessidades
e que, para as nntoi
que as plantas expontâneas, as foi-
.orno convém temos necessidade de augmentar
e á atmosphera por
Teía Sa por meio dos estrumes
meio de substancias fixas e solúveis.
excepoeonae
nilpremos
Qneremos obter productos necessário que geremosangu.en
forcar a natureza ; é portanto que he
temos as suas provisões, e consequentemente
ammomacaes ma s tacil
forneçamos saes e matérias azoto da 11^1*»«-
mente, assimiláveis do que o o que ^ nao
1 n esterco preenchemos estas condições,
misturemos uma
odenr Comente comas cinzas:
compensara de nossos
cousa com outra, e a terra nos
trabalhos. ,,(
Auxil. Abril 1854.
— 145 —

ECONOMIA RURAL.
AS VACCAS LEITEIRAS.

dos chifre* sabre


Da influencia- da- gnmâsaa
a lactação.
a
Hão repngua admittir def«,
™£ ^$£^__
™Jaga
cabeça do gado, dotados que ecollomia
^
activa, consomem succob ^nüvns
na f**n^.™J™Z
poderia utilisar prestão uma

sentença de Pimio, muuiou


^
primeiro
fezendo *^~ leiLra do
nSito" melhororna_
essa cabia se mobuim
parto,
que outras de *^^^m£_Tdto*e o «em-

tem íogai ,
ntmuaia *V"™™£ d d em questão, be, po
certeza co (iecompa ^«, vaccas da mes-
ttida8
rem, se tomar por teimo a
m.^-tam^'«^1^^a,'05í cnegai dadoS ap-
um regimen análogo, pode
VYfrtc, mencionado.
nueSfez o experimentador acima
de 12 o.15 _uai ,
rão, termo médio por dia, d mesma raça
tretanto que 4 outras vacca19, a ^ ^
fornecerão de 18 a
chifres, ^M _cca8
do
verão dAe 1847,14 diaS depois
Cc^S^uo
— 146 —

vaccas com
nunca se aproximarão as
das ás mesmas condições .f foráo

a estatuía ca. qu_


quanto ao regimen,indica
Jas notas diárias WJ" ^or clS Calculando
lhosp
trás na razão de 2 a 3 qua 34 sem 23g ^
„ período da betara» aunualem
dias, e reduzindo a 2 ^f^XS que nesse iperíodo
conclue se que
fres clava de mais por dia, d»J^ »
ella deu mais 476 quarrilhos da_ dua5
O leite, quanto á qualidade, ^™*
melhor^ adose d t^ era ^
vaccas qú<7o produzirão, C leite da ^^
de 18 a 20 por cento.
e dava po
fres era mais rico em casem»,
matem F^Xtaculoao 'envolvi-
quantidade de

6 Ifnatal ^.^XíSSn"
caprina.
vação a respeito da raça

mwi. A&isiíiai"ís £ waHSiau»'•¦


VENTO.
OS MOINHOS DE

ruraes e
A raridade dos braços
--—ar J^ adop-
£
o
duíção que exige JmSInas c a

dustria. h nojt• aa bcomovel a vapoi


Por isso, consideia-be
— 147 —

força mota J8tes últimos tempos ;


^^^^

e custão, em
ZiZ^oZ Z1 poLnça limitada
u* marchar
de fazer evitemos instrumentos usuaes
^'SsOs meios ae este duplo m-
«BW^*W^^%^df!itoT a attenção de
souyomeu^mereeempur
** apphcado
Z fudefiuidoT eftremamente barato, operações
fx. L^n, aos moinliose a muitas outras vento
desde f^0i;ao^S não
que a força motriz do
TunSe e S_W é do.il; mas ameçanica
• í S disse a sua ultima palavra a este respeito, e,
c so o si uso é seínpre um grande recurso
ZtZol nos casos em que se
To obstante a sua inconstância,

esta *«*» « vulgari-


^ Egtes
fizerão dai um.&
SmͫP- progres-
SadQ lavrador recorrer ao vento
80 Toarão desde qu"» seu.soccorro, e
™°™tõrmitã La medica virá em muito, A V
farão esperar
osTperfeçúamente uão se a aepplicaçao _do
torK todas as iuveuções prova que
^to ra
natural das cousas TueHe"otaec7n^°ntrirui5
e que o mo .econômico
_ primeira
íSotr^mSmA«"parece

ALGODÃO PÓLVORA.

com, o -fim de
Tm falíamos nas experiências tentadas algodão pol-
fai. Stuir a poWa ordinária pelo
-.148 —

de New-Caetle, trateu-se ex-


vora. * recente reunião
tensamente deste assumpto *F^
T aügtriaco
o
O Br. Gladstone disseformula
que
de comp V differente
Vou Lenk achou uma composto
Schonhein, que pernnte produ_n a ^.P.^
Tde for mula da o qi fo Q
Simíco uniforme, ^»*°/X°Ss que
austríacos chamão ;Uerso em ácido
algodão è bem hmjjoe»^^uas ve.es. Para se-
horas ei«Pe dao a..uma
nitrieodurante^ o

^dS^CScadaetodaíarticadar
das fibras. a^+afl0 totalmente desem-
V^em^oomvj)^^^ rantias. de
tarado de ^«^fS fem amostras fabnca-
inalterahdrdada ©Jg^ inaltera,eis.
das ba 15 annos pene n_o
O algodão P»l;«5&Í,ee deixa um mui m-
,^^
fogo senão a 136,°6
^ntngraao
O general pop do
6i|mficante resíduo. "^Xhel-o
apfro para o, algod» em uma disso-
• bzt^TX^^0"'reU a com"
pelos seus collegas jf
isto e ae a slkca

bÜ5nto ¦«£-gj/S*^
aos temores as
«tos nocivos dos-^esohre
serventes 0 gen ra do „
me8mo sobre os
>.
chimico Karolys achou qu^
n>^7^om0*X°dl
; ,mas sü_
não produ. ácido ciAomco,«£> carboneo e hy-
rienfraí-oto, ácido atÍTOmente ano-
drogenèd carbonado, f^^e~™^toB
ajunta ^i *n«™ ene do ^algodão
Sinas. W certo, de tog ^
nocivo*.as bocas
pólvora são menos"^-^««a
&
Liros, mesmo umidade,

è
í?!J „,+«_ a tostaria uadasotfre.
otiroouantesaprmtttmnada.solfre
149 —

força útil, P«*d!;Xtü«pP» expulsar


f^/tSrii^S'* 136 fi». qnenão
arüma° como um
outra vantagem, considerada outriora

segunao o i
duzir uma explosão de um pe poi

na artilharia, por exemplo. Para pod™r fe

mesma quant^e en
livre, produz pouco effeito ; a
cerrtda no tonei, produz ^«.^SwvrotZ piouu**
UAn nnr uma dispersão conveniente, pode-se e o
da pólvora, general
effdtos marCos do que os formulas
Von Lei pretende ter achado para uso da
o
i Ml *
"Quantidade
dada de algodão pólvora protate»

o transporte e o acondiccionamento. «bIobí- explosi


A humidade não destróe suas aopropriedades
ar
veis, que voltão pela dissecaçao durante 34 m.nu os, sem
Póde-se queimar 100 libras alem de o cen
elevar o calor das paredes de uma peça
para a mesma
toados, em quanto qne, necessários 100
1™«e'*
minutos, ea
rmlvora ordinária serão **¦
es^nta de tal modo que a agua se evapora
£
inter-
tScído fumo permitte que se atire em
vallos regulares e com cargas iguaes.
— 150 —

6 senão os dous.terço* do recuo das car-


O recuo não
ordinária* ^
°gas feitas com pólvorade petó ag f
O mesmo volume gaz í°rmtóo
VOra ou^trdetrrnCe q-uC mais es-
serão
numerosos o pequenos
££*fe S«í

na P^ *
^l^tSsept^IT
Scott Bussel.aoi- cUado, — 0
engenheiro muito sigm*
«eu disfurso por umaphrase ^ dfi
eólico, se eUe
1«S ^rPS* ^
as souber empregar.

* r,c MBTALLlCOS B AS CAL-


VASOS
S„VA «H.I.A PAB^
J^\!poE.
nova
na Ingla^ esta
*..BM|-è'E-"ièi%=T
Acaba.se de experimentar

meio conheciao.
rivel a qualquer outro

IODO.
DA FABRICAÇÃO DO

«-^tl-
Todo o mundo sabe^gmndes
nao
esta substancia deserta
ex™®/™ ^ ^ ^ ^^
Esta substancia se cm uso,
J80B até hoje
i marinhas. Parece que P^^P^^essa preciosa subs-
menos ^ P<>^f ?nPcinCTação das
I se perde não f
logar^durane f ,
tancia. A perda tem ^^
ao ar livre, quanuo
plantas marinhas
- i ¦
r< f

os
forte para volatilisar os ioduretos alcalmos, ou para
dècomiè 4iíâllB!eMrãò Wfr*^,1^ fcaS^, &
outras matérias presenlés/hâs cmzas. Dátíi resulta a
neéessída^íe queimar essas juntas; ila tempetótura
mais baixa póssivèl. Além disto- pelo processo actdal-
e isso
mente em usó, íntroduz-se muita arêa nas cmzas,
diininue niuítò o seu valor commércial.
Um chimico irlandez propoz que, em logar de quei- cai-
mar as plantas marinhas, as fizessem .fermentarem
dq aguâ.
xas de madeira com uma pequena quantidade
A matéria orgânica ficará quasi inteiramente destruída
solúveis en-
pela fermentação, entretanto que os saes extrahem
trão em dissolução no liquido, donde se pela
evaporação.
Um outro chimico, M. Sanford, fez um grande nu-
mero de experiências, com o fim de verificar as vanta-
seccar as plantas
gens do seu processo, que consiste em
e de as distillar em vasos fechados.
Mas elle não quer que se aproveite somente o iodo,
de outras matérias
porém igualmente um grande numero A diyersi-
que se achão contidas nas plantas marinhas.
elle achou é ver-
dade e a abundância das matérias que
dadeiramente surprehendente. Em 20,000 quintaes de
elle achou :
plantas marinhas seccas e distilladas,

Oleo volátil 8,500 quartühos,


Oleo de Paraffina . . 10,220 „
Oleo de naphta. . . 4.600 „
Gaz de illuminacão . 1 milhão de pés cúbicos
Carvão e cinzas . . 6,700 quintaes.
Acetato de cal . . 100 „
Iodo 2,600 libras.
Sal ammoniaco ... 25 „
Sulphato dè potassa. 20. „
Chlorureto de potassium 50
Sulphato de soda . 160
— 152 —

APPLICAÇÃO DAS PLANTAS MARINHAS NA FABRICAÇÃO DE


UMA MATÉRIA COMPOSTA, BASTANTE DURA, PARA SUBS-
TITUIR 0 EBANO E O MARFIM.

O Newton's London Journal, transcreve um processo


de Mr. Goulston Ghislain para chegar a este resultado.
Esse processo consiste em colher plantas marinhas da
familia das algas e a molhal-as em ácido sulfurico fraco
durante 3 horas. Seccão-se depois, e quando estão du-
ras pulverisão-se para as reduzir a um pó quasi impai-
pavel, á qual se ajunta uma massa liquida composta da
maneira seguinte: 10 por cento de colla forte dissol-
vida em agua, 5 por cento de gutta percha e 2 1/2 por
cento de borracha dissolvidos em naphata ; misturan-
do-se estes ingredientes e ajuntando-lhe 10 por cento de
coaltar ou alcatrao de carvão de pedra, faz-se ferver
tudo. Depois pulverisa-se, em um pilão ou gral, 60 por
cento de pó impalpavel d'algas, 5 por cento de enxofre,
outro tanto de resina e 2 1/2 por cento de pedra hume ;
es-
pulverisa-se e mistura-se intimamente, ajunta-seforno
tas matérias á primeira mistura e calcina-se em um
conveniente, tendo o cuidado de que a temperatura não
exceda de 300' Fahrenheit ou 150,08 centrigados. Ob-
tem-se desta maneira uma matéria plástica que pôde
moldar-se tão facilmente como a gutta-percha e rece-
ber, em conseqüência da dureza que adquire, numero-
sas applicações.
Póde-se simplificar a operação afim de tornal-a me-
nos cara, e neste caso obtem-se um producto que pôde
substituir o ebano e receber como este, um bellissimo
polimento.
Para isso, basta calcinar, na temperatura acima dita,
simplesmente uma mistura composta de 70 por cento
de pó de algas, 15 por cento de colla e outro tanto de
alcatrao.
Qualquer que seja a matéria composta que se pre-
fazendo-a
pare, pôde dar se-lhe a apparencia do marfim, e pon-
aquecer em uma solução aquosa de cal cáustica,
do-a de molho durante muitas horas ou mesmo muitos
dias em ácido sulfurico diluído ou enfranquecido com
Auxil. Abril 1864. 20
153 —
a do
asua. Depois disto, submette-se a massa ^acçao
a ope-
chloro gazoso ou de chlorureto de cal, repetindo
a matéria
ração até que fique branca. Póde-se cobrir usuaes
com uma superfície metallica empregando os a cobrir
precaução de
processos galvanicos, tomando a ou
previamente com pó de graphito plombagma.

FABRICAÇÃO DO ASSUCAR COM STRONCIANA.

As descobertas de Melsens, Stollé, Perier, Possoz, in-


Kissler e de tantos outros, não tem feito parar as
vestigações dos chimicos. Ainda recentemente se mven-
tou um novo processo para dar o mais alto valor possi-
vel ao assucar que fica nos melaços e para tornar a sua
extracção possivel. O Dr. Stamnier promette no Jor-
nal Polytechnico, conseguir os melhores resultados da do
sua invenção. Elle recommenda para isso o emprego
carbonato de stronciana. Eesulta dos ensaios feitos com
a
esta substancia, que a stronciana hydradata, sob
forma de crystaes, se dissolve completamente nos me-
laços e que depois da addição de álcool, separa-se um
n'agua e formando
precipitado perfeitamente solúvel
um xarope, no qual se acha 87 por cento de assucar.
O álcool que se ajunta a este xarope dá nascimento a
um assucarato de stronciana, deixando livres _ todas as
substancias heterogêneas. Neste estudo é fácil separar
o assucar, dissolvendo o resíduo obtido n'agua e .iso-
lando a stronciana por meio do ácido carbônico.
Pela distillação recupera-se grande parte do álcool e
da stronciana empregada.

mmm iübsstíüaes s varíebabes.


LOCOMOVEL ELECTRICA.

Não obstante as vantagens do vapor como força mo-


triz, tem-se procurado substituil-o pela dectricidade;
tem-se porém renunciado a isso pela difficuldade de
— 154 —

obter o movimento pelo mesmo preço das maçhinas a


vapor. Segundo o jornal Weldon Register, o problema
acaba de ser resolvido por M. Baynes Thompson, que
conseguio dispor os seus imans cie maneira a obter uma
acção directa em logar da acção obliqua, que occasiona
uma enorme perda de força.
Os imans artificiaes de Thompson, são chapas qua-
dradas de ferro mui delgadas, cuja magnetisação se ob-
tem de uma maneira mui engenhosa. As chapas são fu-
radas nos cantos e enfiadas por 4 trinques horisontaes,
e têm a faculdade de escorregarem para diante e para
traz. Quando a machina está em repouso, as chapas es-
tão separadas entre si por um pequeno intervallo ; po-
rém desde que a corrente passa, as chapas se precipitão
uma sobre a outra, e se attrabem successivamente. Bem
entendido, que á duas series de chapas enfiadas sobre
duas series differentes de trinques, de maneira que a se-
rie A, por exemplo, esteja magnetisada, emquanto que
as chapas da serie B, desmagnetisadas pela passagem
da corrente de B para A, retomão a sua posição primi-
tiva, e assim por diante.
Segundo este systema, é claro que a força inteira de
cada iman é utilisada, e que o máximo da força a ob-
ter-se é simplesmente uma questão de numero de cha-
pas. Este processo parece muito econômico, e demais,
supprime todos os inconvenientes e todos'os perigos que
resultão do emprego de fornalhas, de chaminés, etc.

MATÉRIAS PRÓPRIAS PARA EVITAR AS INCRUSTAÇÕES


DAS CALDEIRAS A VAPOR.

O Mechanics Magazine apresenta uma lista de subs-


tancias próprias para impedir que se formem incrusta-
ções nas caldeiras dos vapores terrestres ou marítimos, de
que empregão águas calcareas ou salinas, causas
terríveis explosões.
Cincoenta libras de batatas evitão as incrustações en-
volvendo as matérias calcareas com uma camada vege-
tal, que as impede cie adherir ao metal. Todavia, esta
substancia, não faz desapparecer as incrustações já for-
155 —
de am-
madas empregando-se para isso o chlorhydrato
onças, renovadas
monlc em fraca proporção: duas
dissolver todas as
Sveze^or semana, Wtão para
inCpefaçosede fluc-
madeiras renovados todos os mezes,
todo o deposito^
toando na agua, bastão para Ímpeto effeito se obtém
mesmo de águas calcareas ; o mesmo tamno ; mas
eTpregandoVlquer substancia contendo o ferro e mo-
de?endo se ter em conta a sua acção sobreManchester em-
derar~as quantidades em proporção. Em
o chlorureto de estanho.
prega-se a soda e
LOCOMOVEL DE BRAY.

artigo sobre o
O London Revieiv publica um curioso na Ex-
locomovei de Bray, que tantos serviços prestou
da qual já dissemos algumas pala-
posição de 1862, e ,
vras em outro artigo. .
« Talvez, diz esse periódico, o mais smgulai de todos
os animaes da Austrália seja o ornithorhynco, que tem
o castor e a
muito? pontos de semelhança com o ganso, no arsenal
toupeira: a machina de Bray, que funcciona muitas macni-
de Woolwich, tambem é uma reunião de de sua
nas tendo funcçõès diversas. Independentemente
possança de tracção, que é o seu caracter principal, ella
nóde ser empregada como machina fixa, como guindaste
ou cabrestante, ou como bomba de incêndio, podendo emíirn,
lançar jorros d'agua sobre os mais altos tectos ; e ameia
dizem os operários que só lhe falta a palavra,
assim o seu sibilo a substitue até certo ponto. Quando
a vimos trabalhar, ella tirava uma caldeira, de
grande
monstros
como uma casa, do meio de uma multidão
massa
analoo-os Era maravilhoso ver como semelhante com
podia" somente ser posta em movimento ; porém, um
ajuda de cordas e de roldanas, ella foi posta sobrecomo
carro ligado á locomovei, e esta partio levando-a, vezes
dez
uma formiga que carrega um grão de trigo de ao
o seu peso e tamanho, sem bulha, sem accidente,
de 28 to-
logar de seu destino. O peso da caldeira era
nelladas, e toda a carga, compreliendendo a locomovei,
156

de 40 tonelladas; não obstante este enorme peso, o chão


não mostrava sulcos profundos. Citaremos ainda outros
exemplos do trabalho em que a empregão. Tratava-se
de tirar uma certa estaca de carvalho que nenhum^ es-a
forço tinha podido arrancar. Por meio de uma cadeia,
machina o fez tão rapidamente como se quizessem ex-
trahir um dente! Ella serve igualmente para descarre-
o-ar navios, e para os puchar. Porém o caracter. o mais
de
curioso desta machina tão múltipla, é a disposição
rodas, o que lhe
garras de gato adaptada ás suas inacessíveis aos
per-
ca-
mitte subir ou descer por rampas ma-
vallos carregados. A velocidade ordinária desta
meia por
china sobre um terreno desigual é de légua e JOU
hora ; mas, em uma boa estrada, ella pode arrastar tal
tonelladas com a velocidade de 3 a 4 léguas. Uma nao
força, reunida ao preço mínimo da despeza, que
indica o
excede de cousa de 1|200 rs. de coke por dia ou
emprego utilissimo desta machina nas localidades
entre as cidades, onde o trafico seria insuficiente
" para
alimentar os caminhos de ferro ordinários.
dócil
O redactor, conclue, dizendo que este monstro
mais útil dos burros de carga.
promette tornar-sè o
TELEGRAPHO ACÚSTICO.

appa-
Inventou-se e construio-se na Inglaterra um
de um
relho telegraphico, que permitte transmita humana.
da voz
ponto a outro mui afastado as notas e modula
O operador se colloca diante do instrumento es-
em um tubo uma nota qualquer. Uma membranaa in-
tendida perto do tubo, de maneira a vibrar soq deum lio
fluencia da nota, é posta em relação, por meio nas mes-
conductor, com uma outra membrana disposta chegar o
mas condições, na estação onde se quer fazer
membrana,
som O numero das vibrações da primeira
corresponde exactamente á abertura ou a interrupçãoa
da corrente electrica, transmittida pelo fio conductor
corren-
membrana opposta; esta, sob a influencia das a
tes, vibra do mesmo modo e no mesmo tom que pri-
157
" Ainda mais um passo, diz Dublin Medicai Press,
e se conseguirá fallar de uma a outra extremidade
"
do globo.
DRAINAGE EM FRANÇA E NA BÉLGICA
ESTADO DA
EM 1861.

Das ultimas estatisticas se collige que a extensão dos


terrenos drainados em França até ao Io de Janeiro
de 1862, excede de 104,000 hectares, trabalhos que tem
custado 30 milhões de francos.
O augmento do rendimento realisado, se avalia em
tres vez*es mais do que as sommas despendidas, e o
augmento annual em 30 por cento, termo médio, dos
capitães empenhados nesta utilissima empreza.
Os trabalhos se estendem rapidamente ; somente no
anno de 1861 a superfície drainada correspondeu á
os dez ulti-
quarta parte do que se havia feito durantehydraulico, têm
mos annos. Os engenheiros do serviço
de 4,000 proprieta-
prestado grandes serviços, e mais
rios recorrerão a elles.
A superfície drainada é ainda mui pequena compa-
rativamente aos 6 milhões de hectares que ainda não
estão drainados. Porém os resultados adquiridos são
tão concludentes, que deve-se esperar uma mui rápida
vulgarisação desta operação, agora que se venceu as
difficulclades e as hesitações inherentes aos novos me-
thodos.
A Bélgica contava no mesmo anno 124 fabricas de
tubos, utillisando 154 machinas. Avalia-se em 60,000
hectares a superfície dos terrenos drainados de 1850 a
1860, em 12 milhões de francos a despeza desses traba-
lhos e em 2,400,000 francos o augmento de despeza
annual.
DOUS NOVOS METAES.

Era fácil prever, quando pela analyse espectral se des-


cubrirão tres novos metaes, que estes erão apenas os
acaba de
primeiros termos de uma serie cie outros. Ella a res-
denunciar ainda dous outros metaes O primeiro,
— 158 —

peito do qual já dissemos algumas palavras, foi desço-


berto pelos professores Reich e Richter. no chlorureto
de zinco das minas de Freiberg. Este^ metal deu_ um
espectro caracterisco côr de anil, e por isso lhe derao o
nome de indium.
O outro metal recebeu o nome de vasium (wasium)
como radical da wasita, mineral mui complexo, que se
encontrou pela primeira vez nas margens de um lago
da Suécia. Submettendo este mineral a uma serie de
operações com diversos ácidos, Mr. Bahr obteve um de-
oxido, o
posito composto de enxofre misturado com um
thorina,
qual submettido a uma nova operação pareceu
por causa de sua côr branca e sua natureza pulveru-
lenta. Porém, a analyse espectral revelou algumas par-
ticularidades que lhe fizerão suppôr ter descoberto um
novo elemento, tendo todavia muita analogia com a
thorina, sobre tudo no estado de nitrato. Todavia o
oxido de vasium differe muito de densidade com a tho-
rina, porquanto pesando esta 9, 4, o oxido de vasium
não pesa senão 3,72. Parece que o novo metal existe em
grande numero de mineraes da Scandinavia. (1)
TAPETES DE BOKKACHA.

Começou-se ha pouco tempo a fabricar-se uma espécie


de tapetes ou oleados de borracha, de grande convenien-
cia nos logares onde se deseja amortecer os sons. O pa-
vimento da grande bibliotheca de Londres está hoje ço-
berta com um destes tapetes, de sorte que os estúdio-
sos não são incommodados pelos passos uns dos outros,
nem pelos das pessoas de serviço ; propoem-se agora dar-
lhe uma applicação toda humanitária, forrando com elle

(1) Alguns chimicos têm confirmado esta descoberta, outros a


tem contrariado. Mr. Nikb;s acha que o novo metal não é senão
e de terbium. Esta con-
yttrium, contendo oxidos de didymium atinai confirmarão ou
troversia provocará novas experiências, que
invalidarão a existência de mais um novo termo dessa serie de
metaes, que, em breve, devem igualar em numero ao dos asteiro-
des descobertos nestes últimos tempos.
159
dos hospitaes dos
as paredes e o pavimento das cellulas amortecer a
loucos A elasticidade da borracha deve gra-
contribuem
vidade dos choques e impedir as lesões, qne
o tratamento dos míseros doen-
para tornar tão difficil e de pe-
tes. Esses tapetes são compostos de borracha em_ lami-
daços de cortiça reduzida a pó, e incorporados Obtem-se
nadores cujos cylindros são aquecidos a vapor. durante
deste modo espécies de taboas que se expõem
algumas semanas em um logar fresco para solidificarem,
soalno,
unem-se depois entre si, como as taboas de um ou de
e soldão-se por meio de tiras de fazendas de linho
algodão, cobertas com um verniz de borracha dissolvida
em benzina.
METALLICA PARA FORRO DE NAVIOS.
LIGA

a acção
Para proteger os cascos dos navios contra
corrosiva da agua salgada, e contra esses vermes perlu-
molluscos
rantes, os teredos, ou finalmente contra os expe-
destruidores, ospholas, tem-se tentado diversos nada
dientes. Eeconheceu-se em breve que com pinturas sem
se conseguia ; experimentou-se o ferro, porém
orande proveito, porque este metal se oxida prompta-
e
mente e não pôde resistir á acção de animaes molles
o-elatinosos, nem vedar que o casco se cubra de plantas
e ostras, cuja adherencia á quilha impede a marchadose
navios. O zinco apresenta os mesmos inconvenientes, se
demais, é pouco resistente. Empregou-se, e ainda
o seu
emprega geralmente, folhas de cobre, não obstante a
alto preço ; porém, desde alguns annos, começou
a usar-se de uma espécie de latão, composto de cobie, de
estanho, zinco chumbo e ferro, liga que, com o nome de
metal amarello, tem sido adoptado pelas marinhas
o-uerra e mercante. Esta liga parece ser superior ao co-
o
bre e custa mais barato ; oxida-se muito menos do que
ferro e o zinco, e não deixa criar nem hervasnem conchas.
Analysando este metal amarello é que se descobrio a
do mar, descoberta em que
presença da prata nas águas com o titulo : — o mar e
noticia
já falíamos em uma
'uma
mina de prata.
DilHII
DA

INDUSTRIA NACIONAL
MATO DE 1864—N. 5.

SESSÃO DO CONSELHO ADMINISTRATIVO,


EM 1° DE ABRIL DE 1864.

Presidência do Sr. Conselheiro Antão.


• As 6 horas da tarde, achando-se presentes os Srs. con-
" Pinto Ber-
solteiro Antão, Drs. Souza Rego, Nascentes Pires,
nardo Azambuja, Yillanova Machado, Evaristo
Moreira,
Raphael Galvão, Matheus da Cunha, Nicoláo
Lopo Cordeiro, Murinelly e Yilhena, commendador dose
José D. Galvão, Araújo Carvalho, Norberto Lopes,e Vir-
Maria Pereira, Azevedo, Ismael, Albuquerque Pereira
sinius do Brito ; e os sócios eífectivos bacharel Varella,
Rego Ferro Cardoso, Coelho Antão e Joviano
não tendo comparecido os Sr. presidente e vice-presi-
dentes, o Sr. secretario geral, Dr. Souza Rego, propozAn-
ao conselho para presidir a sessão o Sr. conselheiro oc-
tão, e sendo approvado unanimemente a proposta,e de-
cupou o dito conselheiro a cadeira da presidência
clarou aberta a sessão. wma
da ultima
Foi lida e approvada sepi debate a acta
sessão.
Auxil. Maio 1854. 21
— 162 —

EXPEDIENTE.

Aviso do ministério da agricultura, .transmittmdo


trigo .^ B**o
cinco barricas contendo sementes de distribua
Danúbio, afim de que a sociedade, as pelos
lavradores do império.—A' mesa na provin-
Officio do Sr. Bernardo Secco, residente
cia de S Pedro do Rio-Grande do Sul, declarandoda Ou- que
Luiz Fernandes
per intermédio do Sr. Antônio algu-
nha remette á sociedade um caixote, contendo com a uva
mas garrafas de vinho por elle fabricado afim de
produzida na fronteira ilha dos Marinheiros, de chimica
ser analysado pela sociedade.—A' secção
industrial. ,
O Sr Souza Rego apresentou ao conselho, por parte
de
do Sr José Bernardo Brandão, algumas espigas do
milho pururuca ou sururuca, dado em uma fazenda e pro-
município do Rio Claro, pertencente a este senhor
duzido pelas sementes distribuídas pela sociedade. >
Forão recebidos com agrado um numero da Revista
redac-
Commercial de Santos, remettido pela respectiva
do império e
ção e um exemplar da Collecção das leis
decisões do governo de 1863, remettido pelo ministério
da agricultura por intermédio da typographia na-
cional.
ORDEM DO DIA.

Passou-se á discussão dos seguintes pareceres, lidos


na ultima sessão :
Da secção da agricultura, sobre a proposta do Sr.
Albuquerque para pedir ao governo que monte emlo-
o-ar apropriado uma fabrica de fazer farinha de trigo.
Foi lido o voto em separado apresentado pelo mesmo
Sr. Albuquerque, sendo adiada a discussão do parecer
a requerimento do dito senhor, visto não achar-se pre-
sente o presidente da respectiva secção.
" A de Geologia
pretenção cujo parecer vem a secção á considera-
Applicada e Chimica Industrial submetter
da Sociedade Auxilia-
ção do conselho administrativo
163 —

dora da Industria Nacional, é do Sr. William Gilbert


corte
Ginty, distineto engenheiro inglez, residente nesta
e muito conhecido no paiz, o qual solicita do governo
imperial previlegio por espaço de 25 annos para garan-
durante este tempo um
tir-lhe como sua propriedade
se propõe preparar a-
processo de sua invenção, com que modo a substituir
turba das turbeiras do nosso paiz de vege-
no todo ou em parte todos os mais combustíveis
taes e mineraes, tanto nativos como preparados.
" Sobre esta pretenção já forão ciados luminosos pa-
leitura a secçao
receies, que se achão inclusos, cuja
esclarecimentos
pede licença para recommendar pelos de
que ministrão relativamente aos pontos elles que depende
redigidos
a eoncessão da referida pretenção ; forão
Moreira Gui-
pelos Srs Drs. Paulo José de Oliveira,
membro da secçao
marâes e Raja Gabaglia, muito digno
ao conselho.
que ora tem a honra de se dirigir do processo
«A seccão declina de si dar a descripção
tijolos
o-eral de preparação da turba e fabricação dos
como c^j*r
r,ue delia sc fazem para ser empregada
Dr. 1 aulo de OU-
vel no que foi prevenida pelo Sr. apresentadas
veira : e toma para objecto as questõesconsiderando-as
o fará
pelos dous últimos senhores, que são mais impor-
no seu todo, apenas designando as que
C
t'lllf6S
« Nenhuma duvida séria prevê a secçao que prove
combustive em
contrariar a utilidade do emprego desse
depósitos, quer de
nm paiz como é o nosso, tão rico de fóssil, oceu-
turba cie formação contemporânea, quertante> napio-
regiões extensissimas
pando seus jazigos alguma das do
vincia do Rio de Janeiro como cm
cio Sul, o qne
Norte e na de S. Pedro do Rio Grande
Sociedade Amei-
e vete das collec.,~,es publicadas pela
liadora. Se a utilidade nasce do uso que qualquer atei, na
pio-
so-
tem ou venha
dueto natural ou artificial da turba podendo
Slê domestica ou industrial, o isso que
vir a ser no Brasil extensissimo e variado, poi
mesm0*XJbt
os empregos serão análogos ou os
a sua utilidade ^á sera
"mbemella goza em outros paizes,
mente como e .e-al
no°nosso o qne é nestes, e tão real
— 164

hesita em asseve.ai que


a sua existência ; a secção não
ella é mesmo urgente, porque pelabastando quantidade que o
immensa, não seculos de
paiz possue, que^é dada a hypo-
exploração succeesiva para extmguü-a, mtenoi ou de
these de grande e continuo consumo a conveniência
exportação, poderá succeder com todamuito mais infe-
aTÓutros combustíveis por preços
industrias e aos usos
riores,Vomovc_do assim a muitas capital, que to-
domésticos a economia de não pequeno a riqueza do
mará depois novo destino augmentando
nosso tão abençoado paiz. .
" A exploração da turba occasiona inconvenientes
logares em que ella
graves, alterando a salubridade dos das
tem logar. E' esta tambem uma questões apon-
a"aDe
feito, a secção confessa, que esses inconvenien-
dependem do
tes têm-se daclo e dão-se ainda, mas elles ser
estado em que é a turba encontrada; porem poderão com a
facilmente removidos e com ceiteza nullificados escolha cie
efficacia de disposições preventivas, e pela menos cLamno,
logares onde esses inconvenientes sejão de
simultânea-
ou pela continuação de ambos estes meios males,
mente. Em todo o caso a exploração causando origina-
os
estes nunca poderáõ ser sempre maiores que
dos pelos jazigos cie turba encharcada e de composições
obstante
vegetalicas durante os mezes de verão, e não
os logares por elles circundados continuão habitados.
" Se o Sr. Ginty é ou não inventor do processo geral
no seu requeri-
que elle descreve mui resumidamente
mento. Eis outra questão aventada.
" A secção entende que do processo geral nao vale
des-
certamente ser elle o inventor, porque se encontrao dos
criptos em Manuaes e Livros Thenicos, que no todo
e nos melhoramentos
promenores ou em alguns delles
dos apparelhos que terão de servir para a exploração,
talvez contn-
poderáõ haver verdadeiros inventos, queseja obtido com
buão para que igual peso de producto
menos trabalho e tempo, vindo a resultar disso preçoa
mais favorável. Mas ainda quando o Sr. Ginty venha
dos
«er considerado simplesmente introductor no paiz
— 165 —

a exploração em ponto giande


processos conhecidos para no_ mesmo
da turba, elle mesmo assim se achará
imperial tem obtido
que os pretendentes que do governo nimas de carvão
mevilegios para a exploração cie varias
respeito de cujos
de pedra e de mineração de metaes, a não se apresen-
processos geraes e mesmo particulares, lhes forao¦ conce-
Lão cite solicitando, os previlegios capitalistas
didos como inventores, e tão somente como
industriaes. ,
« Se o previlegio solicitado pelo Sr. Ointy deve ser
do Bio de Ja-
concedido somente na zona da provincia todo o império
neko ou para garantir a exploração emmais rmportante.
durante „ annos. Tal é a questão
" A secção entende que com tal extensão não deve
requerndo,
o croverno imperial conceder o previlegio industriaes e eco-
po? prejudicarde muito os interessesnecessário limitar a
nomicos do paiz, sendo portanto deixando-se as
concessão á província do Bio de Janeiro, os p.ece-
outras desembaraçadas; e nisto se seguira acerca de ex-
dentes sabiamente estabelecidos no paiz de metacb,
Dloracões de carvão de pedra e de mineraçõesturha, encarados
fcujo ramo pertence a exploração da
industrial.
pelo lado da ecomia
« A; vista de todas estas considerações, entende a
existem impli-
secção, que na pretènção do Sr. Gintya a da
citas duas pretençoes em vez de uma : primeira
invenção do processo ; a segunda a da exploraçãocom qual quei
que
é differente, porque pode ser reahsada nnpena1«*
o governo
processo dos usados ; podendo aquella como ellepequei
ceder previlegio relativamente a honra de
mas limitando-o como acima tem a secção verificação
indicar, em relação a esta, e nomeando para
competente.
da invenção uma commissão de pessoal
« Eis pois o parecer que a secção entende do seu
conselho
dever subínetter á decisão de tão illustrado en1 oficio
cumprindo aSaim o que lhe foi determinado defb\
do Si", secretario geral cie 7 de Novembro 8b4.--licw
« Sala das sessões. 15 de Março de
etc V Musiam
dente du secção. Dr.' Gabriel Milim
166

Dr. Lúcio José da


Machado.-O secretario da secção Morei* a.-
Silva Brandão.-!*. Nicoláo Joaquim
Dr. Ernesto Frederico dos Santos.

« 0 requerimento cio Sr. William Oilbert Ginty,


:
abrange os seguintes pontos essenciaes o
« í Assevera que tem estudado assiduamente
modo de facilitar um combustível econômico tendo para o uso
tem-
doméstico nas grandes cidades do império,
bem em vista evitar a derruba das mattas.
« 2o Declara que o material a que se retere e a
do paiz, e no-
Turba ; que ella existe em varias partes
Cruz.
toriamente na imperial fazenda de Santa
" 3° De maneira genérica refere o processo que em-
pregaria para preparar o combustível.exclusivo de 2 jan-
» 4« Conclue pedindo o previlegio
nos de accordo com as leis do império.
" Sem pretender formular parecer e apenas no ni-
na qua-
tuito de exhibir meu humilde modo de pensar, algu-
liclade cie membro da secção, direi succintamente
mas palavras. <-.-„+„
« ao Io é digno de louvor o fer. (xinty
Quanto ponto,
e bem importante é a questão.
« Em relação ao segundo, não ha descoberta de com-
no
bustivel, e sim apenas em reconhecer essa existência
de Santa Cruz, por quanto,
ponto designado da fazenda tem sido
em outros pontos do império, me parece que;,a
se tem
reconhecidos taes jazigos, ainda que as vezes
chamado carvão de pedra, .
" Nada direi sobre o 3o ponto, em conseqüência (le
entre-
ser muito vago, na linguagem, o peticionano ;
muitas
tanto é sabido que da exploração das turbeiras,
a salubri-
vezes resultão graves inconvenientes nocivos
dade do logar.
11 Finalmente, tratando-se da conclusão, penso que a
ao siippli-
lei dos previlegios ou concessões a fazer-se de
cante só terão de limitar-se ao terreno da íazenda
império.
Santa Cruz, e nunca á todas ás turbeiras do
Um previlegio concedido em tal sentido, seria altamente
— 167 —

um resultado
prejudicial ás populações, e attingiria deseja alcançar.
opposto á aquelle que o supplicante _
" Finalmente, a recompensa pecuniária, depois de
verificada a descoberta, seria a melhor solução a dar-se.
Salvo a opinião dos mais competentes.—#. B. (ra-
baglia, membro da secção.

Foi lido o seguinte voto em separado do Sr. Ismael:


" Sinto profundamente ter de discordar do parecer
da commissão, da qual reconheço ser eu o mais hu-
milde de seus membros, na parte ultima em que trata
da concessão do previlegio requerido por M. Gmty, e se
assim procedo, é porque tenho a convicção de que pres-
to um pequeno serviço ao meu paiz. _
" Como diz a commissão, a pretenção de M. Gmty
comprehénde duas pretenções implicitamente, uma a da
invenção do processo, e a outra a da exploração, e fina-
lisa como que aconselhando ao governo imperial a con-
cessão do previlegio da primeira.
" Contra tal concessão é que discordo da commissão,
não deve insinuar o go-
porque entendo que o conselho senão em circumstan-
verno para conceder previlegios
cias mui particulares, de verdadeiro e real interesse
para o paiz. .
" Entendo que o governo não deve conceder previlegio,
monopólio como muito
porque previlegio é synonimo de
bem diz o celebre economista Pradier, e o monopólio
concedido a um indivíduo tende sempre a prejudicar os
interesses do povo.
" Os monopolistas, como todos nós sabemos, nao sa-
tisfazendo jamais a procura dos gêneros, vendem as suas
mercadorias muito acima do preço natural ou rasoavel,
o que não acontece quando ha livre concurrencia.
" Outr'ora, concedião-se previlegios exclusivos a to-
dos que pedião, e no nosso paiz os governos têm trans-
formado tudo em previlegios, parecendo que o seu único
systema é de ferir os direitos de todos, para servir á ai-
guns interesses particulares.
.68

"do3stados-TJni-
Lutes, segundo o systema

corte e da cidade de Niteo^ todog

deve P5r
^ra^rmto-r;*'^
o-randes obstáculos. . , k varria de

tlSrE? força
então a homens previlegiados que pela
inventado
das cousas são sempre déspotas
» Quem nos garante que o piocesso nivei tpor
m fín+v é de real interesse para o povo i noto
"Se recorro a" próprio parecer da commissão
e mm claramente
„ne ella descònhec estas vantagens,

muito conhecido
no seu requerimento é um processo
nos Manuaes e Livros Tbeoncos. _revileeio
« Porque então pede o Sr* Gmty um pevüegw e
Agosto de 1830 r*
pede o favor da Lei de 28 de
não PHave"á tal previ-
< interesse real em conceder-se
leg"°Dexai, de for-
senhores, ao interesse o cuidado
mnr r-ou*as que possão ser de vantagem publica.
™ todos os
Ç dotma da igualdade politica repelle
e o governo que se
nrevilec-icíèm matéria de industria fará se não plan-
uão
Sul por outros principies
169 —
esta questão
tar o regimen da tyrannia, e acredito que favo-
é do numero daquellas que para ter uma decisão
ravel não pede maiores analyses. . .
opinião a
« Senhores do conselho, se tendes de dar
M. Gmty,pa-
respeito do previlegio exclusivo que pede concessão, e
tal
rece-me, que deve ser ella contraria a ser ella o
nesta conformidade é que emitto a minha por espirito es-
resultado das operações do meu acanhado ra-
tas operações entretanto podem ser modificadas pelo sou de
ciocinio cedendo ao brilho da luz. Fmalisando,
Pa"6Cí^ 'Oue
o governo imperial não deve conceder pre-
a sua preten-
vilegio'exclusivo a M. Ginty por quanto
daquellas que mereça protecçao
Ção não é do numero
dos altos poderes do Estado.
» 2° Oue se M. Ginty, é inventor ou mtroductor cio
elle encontra protecçao e
processo de preparar a turba, legislação, se entende que
nossa
landes vantagens na
^tSfdM sessões 1» de Abril de 1864- Ismael

VaZZ^^aaap^^
Raphael Galvão, Lopo Nico-
os Srs Drs. Villanova, Ismael, Duarte
Z Moreira o Murinelly Albuquerque, o parecida
Galvão e Virginius de Brito foi approvado S
commissão pelo voto de desempate dado pelonaoso presi- o vo-
dente interino ; sendo, portanto,rejeitados,requerimento e
to em separado do Sr Ismael, como o Albuquerque
de
Lnl—tadospelo Sr. Affonso observações o
3,»ke esta emenda feito algumas
Sr bacharel Pereira Rego. segmntes .
Porão approvados sem debate os dous pa-
mdustnal
receres da mesma secção de chimica
» Por avizo do Ministério dos Negócios d Agncul-
dirigido-a S.Lito
tura, Commercio e Obras Publica da Industna
Sr Presidente da Sociedade Auxiliadora adm.mstratov a
Nacíonal, foi offertada ao conselho do cidadão
21 de Novembro do anno findo apretençao a Pi es da
Bento Gomes de Escobar que declarou mina^ia de mer-
Provincia de Minas, ter descoberto uma
Auxil. Maio 1854.
— 170

de Santa Kita da Extre


°sepa™no districto
enrio (azougue)
ma, o qual <*ta da PT!Tv
dirigido aquella n
iL!ueUaPre-
Ó pretendente affirmou em o&cio mina
rideneia ser abundante de mineral,
a por dle des-
do metal
coberta, remettendo porem algumas gotas A porção ae
dentro de um tubo para ser examinado.
de algam modo essa
Si relttida coJradizendo
idea de pobreza que
afirmativa, mais serve para dar nativo em que
de abundaicia; e não servindo no estado do mineralL de que
foi elle enviado para o conhecimento nao habilita
fo extrThido, natural ou artificialmente, a respeito da
t certo a sé aventurar qualquer juizo existe nes a
metal
existência da pretendida mina. Seo
a.ieinessade muito
S estado -tivo, é indispensável da sua abun
maior porção para se fazer juízo seguro e meios de o puri-
dancia dos corpos que o acompanhao
estado de mmrio
ficar se aõ contrario elle se acha em
com maior razão se deverá exigir pesode proporcionado
ensaios meta-
aos processos
para ser elle submettido o con-
Wicos, e industriaes, sem os quaes nao poderá funda-
com dados
seího informar ao governo imperial
^Neste sentido pouco mais ou menos deu _ parecer
Dr.Frederico Leo-
sobre a mesma pretençâo o Exm. Sr.
illustração recorreo pri-
poldo Cezar Burlamaqui,á cuja aviso de 4 de be-
meiramente o referido ministério em
accordo com o pa-
tembro do mesmo anno,achando-se de
nosso consocio e
recer do mosmo Sr. Dr. Burlamaqui o
e cliimica m-
membro da secção de geologia applicada
como se vera
dustrial o Sr. Dr. Giacomo Raja Gabaglia,
do seu parecer junto. r ,,„
" Nestes termos a secção de geologia applicada etc.,
solicite do
é de parecer que o conselho da sociedade enviadas
o-overno imperial ordens para que lhe sejão
informando
maiores porções de mineral ou de metal,
desde loo-o ácêrca da conveniência de se recommendar
da locali-
á presidência da provincia de Minas o exame
a mma, por
dade em que se pretende ter descoberto
pessoas idôneas. _
a sec-
Eis o que relativamente a esta pretençâo tem
— 371 —

conselho:—Dr. Ga-
ção de submetterá consideração do Lúcio Jose
briel Militão de Villanova Machado.—Dr. "
da Silva Brandão, secretario da secção.
" Estou completamente concorde com o parecer dado
Burlamaqui a respei-
pelo illustrado conselheiro César
to da mina de mercúrio descoberto pelo cidadão Bento
re-
Gomes de Escobar. E envio inclusa a amostra que
cebi do metal. Persuado-me que a conselhar o completo
reconhecimento da localidade só com os dados forneci-
dos fôra decisão precipitada, entretanto sendo possível
achar-se nas proximidades do logar algum engenheiro,
seria conveniente que elle fizese uma excursão e prestasse
informações mais amplas. —. G. R. Gabaglia, membro
da secção. _, .
" De ordem do conselho administrativo da bocie-
do
dade foi reméttido com o officio de 19 de Setembro
anno findo, do Sr. secretario geral, á secção de geologia
applicada e chimica industrial para dar parecer, a com-
fez a
municacão que ao Illm. e Exm. Sr. presidente de _2I
seu officio
presidência da provincia de Minas, em do
de Agosto de 1863, da descoberta que no arraial ci-
fizera o
Inficionado, termo da cidade de Marianna,
de car-
dadão Leandro Francisco Arantes de uma mina Lon-
em
vão de pedra, cujas amostras forão analysadas
ser de
dres, resultando das analyses o reconhecer-se ali
agora o
boa qualidade o carvão doscoherto, pretendendo acom-
descobridor novo exame de algumas amostras que
da presidência afim de
panhárão o mencionado officio 1854 con-
lhe ser conferido o prêmio que a lei n. 663 de
cede ao primeiro descobridor.
" Na data da remessa, achando-se presidindo a sec-
teve este ülus-
ção o Sr. Dr. Giacomo Raja Gabaglia,
trado membro do conselho de examinar a pretenção,
lalta das
que, conforme se vê do seu parecer junto, dapor
amostras a que allude a communicação presidência
se achou impossibilitado de julgar e de dar
de Minas,
parecer a respeito, entendendo entretanto que só as
de
amostras pouco provarião em questão dependente locali-
das
outras investigações e minucioso estudo
dades.
— 172

« A secção pensa ™m Acstp seu digno membro, e de


com eS^pse,Up^cumpre_ihe infor-
accordo com o P^^.^^fe^TS novas amos-
ser ted.spensavd e^gr^e no ^
mar ao conselho
trás em pezo P™f™naJVae nem as qualidades ca-
exames >*fessar^'
^Reconhecidas e definidas,

[;?r;r=e=.r,Es-S*í«
enÍFm feito a desço-
refaXtter ou não o pretendente
^&:^i^^er^z^::
iKÍS «íe carvão, «profundidade a que

vehemente de for-
endcncla por darem a presumpçãode Minas, seguramente
mâctescaAoniferasna provincia em mineraes a qual
Tmals rica das nossas províncias metallurg -
~ mais ferro e nas melhores condições o distineto
o assegura
?a oue a Europa inteira, como
cm um relatório que sobre
Sr João Antônio Monlev'ade á preziden-
¦ Í" exuloracões a que procedeu apresentou

mente o carvão de pedra ali existente para se substi-


da metallurg.a desse
tuirem os processos embryonaes
com o emprego do coke
meíTpelas dos fornos altos, esses ainda ali
2 mesmo do carvão nativo ; processos
os preços do ferro por
seguXs, e que onerão de muito da maior conve-
elks ob dos A secção portanto julgasol.cite do
governo
uiencL propor ao conselho para que cons.derao o appa-
fmperial se digtie tomar na merecida
do combustível que com o
rSènto naquella provincia da nação
f"anto contribui» para o engr.audecmento sabedona
B tenica;determinandooqueentendere.nsua
173 —
Dr Ga-
de mais conveniente.—O presidente da secção,
t,7MSdeVillanofaMaCnado.^ ^co
secção Dr. Lúcio José da Silva Brandão-Vi-
Torres de Albuetuer-
tóoJmmm Moreira.-Ismael
dos bantos.
gue _Dr Ernesto Frederico
»' Nada posso julgar em referencia ao carvão de pedra
nunca vi
do SrLeandro Francisco Arautes, porquanto Alem disso e
as amostras e nem ellas forão enviadas. emqee*»
evZte que só as amostras,poucoprovanão e minucioso estudo
dependente de outras investigações
«membro da secçao^
Ecalidades.-G. B- GaiagU os Sis. senador
Forão approvados sócios effectivos
Frederico d- Almeida e Albuquerque José poi;OT^do
Peieira das
Carlos
Sr Dr. Nascentes Pinto ; Drs. do Sr. Dr.
Neves e Diogo Diniz Cordeiro, por proposta
LTadamaisr0haveudo
a tratar, o Sr. presidente interi-
no levantou a sessão.

SESSÃO DO
UU CONSELHO ADMINISTRATIVO
oude
abril m lg64
Abrautes. -
Presidência do Sr. Marquez de
os Srs. Drs.
A's 6 horas da tarde achando-se presentes
Raphael Galvão, Souza
Sota Rego, Nascentes Pinto, Murmelly Villa-
Costa, José'Rufino, Nicoláo Moreira, Cunha J. D Gal-
nova Machado, Lopo e Matheus da
Paulo, Azevedo, Is-
vão Júnior Joé Botelho, Manoel e os sócios effec-
níael Ezequiel e José Maria Pereira ;
Pereira Portugal,
tívo'Drs Duque Estrada Teixeira, Coefto Anta
Saíeí Pereira Rego, Ferro Card«so,B«**V^£
e
Gony Stephen, Henrique Nascentes os Srs.
achando presente á hora designada P™de**e
vice-presidente, o Sr. secretario S^.^^Xanifl
propoz ao conselho para presidir a ^ssao^aE0Xou ocupou
e sendo a proposta unanimemente approvada,
e declarou abe.ta
o teo senhor a cadeira da presidência
— 174 —

a sessão, mas chegando logo depois o Sr. presidente,


deixou aquelle senhor a cadeira.
Poi lida e approvada sem debate a acta da sessão
antecedente.
EXPEDIENTE.

Aviso do ministério do império, transmittindo o re-


Braga, estabele-
querimento de José de Souza e Silva
cido á rua do Sacramento n. 1, pedindo que se lhe con-
ceda o titulo de Or chata Imperial para o producto cuja
amostra remette, afim de que a sociedade dê parecer
sobre a sua qualidade e propriedades.—A' secção de
chimica industrial.
Forão recebidos com agrado, um exemplar do Manual
do agricultor dos gêneros alimenticos remettido pelo
seu autor o padre Antônio Caetano da Fonseca, agri-
cultor na provincia de Minas-G-eraes ; e um exemplar
da Collecção das leis e decisões do governo de 1863, re-
mettido pelo ministério da agricultura, por intermédio
da typographia nacional.

ORDEM DO DIA.

Ficou ainda adiada a discussão do parecer da secção


de agricultura sobre a proposta do Sr. Afíbnso de A.
Albuquerque, para se pedir ao governo que monte em
logar apropriado uma fabrica com todas as pertenças
para fazer farinha de trigo, visto não se acharem pre-
sentes nem o autor da proposta e voto em separado,
nem o presidente da respectiva secção.
Foi lido e approvado sem debate, o seguinte parecer
da secção de industria fabril :
" A secção de industria fabril recebeu com um offi-
cio do Sr. secretario geral, o aviso de 20 de Fevereiro
próximo passado, transmittido á esta Sociedade pelo
ministério da agricultura, commercio e obras publicas,
afim de que informe com seu parecer acerca cia preten-
ção de G-ony Stefen, constante do incluso requerimento,
em que pede privilegio exclusivo por 20 annos para fa-
bricar tijolos de sua invenção esmaltados de diversas
.ê _ 175 —

cores e inalteráveis, destinados ao ornato e embelleza-


mento das fachadas das casas, preservando-as da humi-
dade, dispensando a pintura, além de servir para outras
construcções.
" A secção, havendo reflectido sobre a exposição do
pretendente, e examinando os desenhos por elle apre-
sentado para dar uma idéa do emprego dos referidos
tijolos, não se acha ainda habilitada para dar um pare-
cer com sufficiente conhecimento de causa.
" Não
põe ella em duvida a utilidade e convenien-
cia da applicação dos tijolos em questão á construcção
de casas e outras, concorrendo não só para o embelleza-
mento dellas, como para a economia de serviço e de
capital, uma vez que os productos de uma tal industria
satisfação as condições de solidez e durabilidade, á par
da conservação das cores e commodidade nos preços.
" Estas condições,
porém, e justamente as que te-
nhão de garantir a realisação e progresso da empreza,
não se achão demonstradas de modo a servir de funda-
mento a um juizo acertado ; porquanto não bastão os
desenhos apresentados, desacompanhados de algumas
amostras dos allegados tijolos, para serem devidamente
examinadas ; sendo além disto indispensável que o pre-
tendente confie á este conselho a descripção do processo
relativo ao preparo desse produeto, que allega ser cie
sua invenção, e não uma importação de uma industria
não conhecida no paiz, porém já exercida fora cielle.
" Entende
portanto a secção, que sem os indicados
esclarecimentos e documentos, não deve ella aventurar
um parecer sobre o requerimento do pretendente, em
relação ao privilegio solicitado.
" Sala das sessões, em 15 de Março de 1864.— Ber-
nardo Augusto Nascentes de Azambuja. — Dr. Manoel
Ignacio1 de Andrade Souto-Maior. — Matheus da
'•
Cunha.
Foi lido e ficou sobre a mesa para ser discutido na
sessão seguinte, o parecer cia secção de chimica sobre o
privilegio pedido por Joseph Pradines para a fabrica-
ção de afiadores para navalhas, sendo desfavorável á
esta pretenção o parecer da dita secção.
— 176 *

O Sr Azevedo apresentou a seguinte proposta : _


"A importância do algodão como maena prima
aUmenta um grande numero de fabricas deve aer
que intuito convém
de futura riqueza para o paiz, e nesse
açorocoar o seu plantio
dispeS todososfavores pa™
e exportação, assim pois:
« Requeiro que se represente á assembléa geral legis-
tempo a isenção do
lativa Sicitanuo delia por algum e do expediente
memento dos direitos de exportação
exportado das p~^roduc-
IZ toto o algodão ou interior. Rio, 15 de Abril cie
toras para o exterior _
1864. — Azevedo.
Sr. Dr. Ma-
A esta proposta foi apresentada pelo
theus da Cunha a seguinte emenda: direitos sobre o
«Em vez de pedir-se isenção de ^
a uma quantia equivalente
algodão limite-se o pedido
ar?ecadada em um anno sobre o algodão para ser des-
desteartigo e acqui-
tiuada a prêmios aos productores tn bui das
sicão de sementes para serem
dis gi aturda-
de 1864. - Ma-
mente. Rio de Janeiro, 15 de Abril
theus da Cunha.
a como a
O Sr. Ezequiel propoz que tanto proposta
de industria fabril
emenda fossem remettidas á secção
Dr. Lopo Cordeiro om-
pa,* dar o seu parecer. O Sr. especia
Lu que fossem enviadas a uma commissáo
votos a proposta do Sr. Ezequiel
porém sendo posta a a do Sr.
foi approvada, e rejeitada por conseguinte
Dr. Lopo.
se procurasse
O Sr. bacharel Pereira Rego pedio que de alguns
obtidas
dar o conveniente destino ás quantias Janeiro
fazendeiros da provincia do Rio de para a
café da Arábia re-
acquisição de mudas de sementes de
a estatua do cnan-
servando-se a somma necessária para resolveu em uma
celler Castello Branco, conforme se de algumas exph-
das sessões passadas ; porém depois
membro da commissáo
c^ões dadas pelo Sr. Azevedo estatua, deu-se por
encarregada da confecção da dita
satisfeito aquelle senhor. a sessão.
Nada mai? havendo a tratar, levantou-se
— 177 —

RELATÓRIO
DA INDUS-
DOS TRABALHOS DA SOCIEDAE AUXILIADORA
1863.
TRIA NACIONAL DURANTE O ANNO DE

Illm Exm Sr.—Temos a honra de submetter á consi-


deração de V. Ex. a succinta exposição dos trabalhos
durante
da sociedade Auxiliadora da Industria Nacional
o anno próximo findo. #
No decurso desse anno o governo imperial dignou-
so-
se remetter á mesma sociedade diversas pretençoes,
licitando o seo parecer sobre ellas. _
Dessas pretençoes forão favoravelmente informadas
as seguintes :
De Verjus, mechanico estabelecido em Cherbourg,
cujo desenho edis-
pedindo privilegio para um invento,
cripção apresentou, sobre as minas para rebentar admit- pedra,
tendo por fim alargar o fundo destas para que
tão maior carga de pólvora. . .
De Antônio Luiz Astier e C, peduuto privilegio
de que se dizem inventores,
para os carros ou carroças,de cargas.
destinados ao transporte 20
De Dumeril, Leroyer e C, pedindo privilegio por desti-
annos para fabricarem canos de sua invenção,
nados ao esgoto das águas pluviaes.
De Daniel Pedro Ferro Cardozo, pedindo privilegio
invenção, destinado a abai-
para um apparellio de sua
xar a temperatura no interior dos edifícios. na pro-
De José Joaquim Antunes e C, residentes íabnca-
vincia de Pernambuco, pedindo privilegio para
rem borracha do mixto de diversas arvores o prêmio
De João Francisco dos Santos solicitando indígena,
marcado por lei para extrahir de um vegetal a imitação do
que pretende ter descoberto, fibras que, tecidos como a
linho, podem prestar-se ao fabrico de
lona e servir para ã cordoana. _ uma
De Eduardo Fromentin, pedindo privilegio paraelle in-
machina rotativa a vapor cie acção directa, por
ventada.
Auxil. Maio 1864. 23
— 178 —

De João Vidal, pedindo privilegio por 20 annos para


uzar de uma machina de sua invenção destinada a subs-
tituir o serviço dos animaes nas fazendas.
De José Rodrigues de Sá Sereno e outros,solicitando
privilegio por 20 annos para fiar e tecer a matéria que
conseguirão extrahir de um arbusto indígena, segundo
o processo de que se dizem autores.
De Estevão Raveza pedindo privilegio por dez annos
para uzar de um processo que inventou para a fabrica-
ção do assucar, e pelo qual obteve em menos tempo e
com menor pessoal, maior quantidade d'aquelle pro-
dueto.
De Ricardo Wright pedindo privilegio para uzar de
processos de sua invenção destinados á fabricação do
assucar.
Forão desfavoravelmente informadas as seguintes
pretenções:
De G-ibons residente em Frauça, pedindo permissão
para construir salinas no império.
De Francisco José Monjéan pedindo privilegio para
a fundação de uma fabrica de gelo, feito simplesmen-
te com água potável, sem soecorro de preparação al-
guma, mas por meio de apparelhos de novos systema
por elle inventado e já experimentado.
Do veterinário francez Feliz Vogeli sobre a necessi-
dade de fazer da agricultura a base do melhoramento
das raças de animaes domésticos, e o projecto de uma
fazenda modelo com uma coudelaria annexa.
Forão devolvidas ao governo imperial sem parecer
definitivo as seguintes petições :
De Manoel Bezerra de Albuquerque e sua mulher,
residentes na capital da provincia do Ceará, solicitando
privilegio por 30 annos para que elles e seus descenden-
tes possão usar de um processo chimico, que inventa-
rão, e por meio do qual fabricão assucar de canna no
período de 2 a 30 horas. — Por falta da descripção do
processo. *
De Fábio Tribbiani, pedindo privilegio pela desço-
berta que fez de uma preparação para a pintura, a qual
denomina : pintura hydrofuga, por meio da qual des-
179

apparecein os estragos causados pela humidade e sah-


tre das paredes, conservando-se inalterável a pintura ou
o papel que sobre ella fôr collocado. — Por não ter re-
mettido a composição para ser experimentada nem des-
crever o processo.
De José Fortunato Madail, residente no Maranhão,
sobre o bisulphito de cal e assucar preparado com elle.
— Por não ter o peticionario remettido os produetos a
que se refere.
Ficarão dependentes de informações os seguintes re-
querimentos: -,..,.
De D. José Puiz y Clavera, solicitando privilegio por
20 annos para fabricar ou introduzir no império o appa-
relho que inventou para seccar carne, couros e outros
artigos.
De Charolais, pedindo privilegio para fabricar e ven-
o
der uma machina de sua invenção, destinada a seccar
os
café Com esta petição remetteu o governo imperial
o mesmo fim
papeis relativos ao privilegio que para
obteve em 1855, Estevão Gony, para que a sociedade
ma-
os examine de novo, e confronte os desenhos das as
chinas de ambos, declarando se são ou não idênticas
invenções, ou se uma se pôde considerar melhoramento
de outra.
De Luiz Francisco Delouche, solicitando privilegio
e vender machinas que m-
por 15 annos, para fabricar e torrar mandioca. <
ventou para ralar, prensar #
De Bicardo Viscoli, subdito italiano, pedindo pnvi-
no império um apparelho, cuja
le°io para introduzir 25 a
vantagem principal consiste em uma economia de
30 °/0 no consumo do gaz.
De Guilherme Van Vleck Lidgerwood, solicitando
usar e vender
privilegio por 17 annos, para fabricar, aperfeiçoadas
machinas de ventilar e separar o café,
segundo o processo de que se diz inventor. annos,
De Eli W. Blake, pedindo privilegio por 17
no império machinas, que
para fabricar, usar e vender
diz ter inventado, para quebrar pedras.
10 an-
De Bombant Washer, pedindo privilegio por
180 —

no império machinas, que


nos para fabricar e vender cate.
diz ter inventado, para torrar o
De Carlos Augusto Tounay, pedindo privilégios por
uma machina de, sua
10 annos, para construir e vender
'T^rBancr^ultigensis,
pedindo privilegio por
no império, um meio que
15 annos para pôr em pratica em que
descobiio para supprimir o movimento circular
destinada a moverem-
8 tmnsfoimia a força do vapor subvenção
ímbaicações- e solicitando uma pecuniária
invento,
levar a- effeito aquelle
itciTlX - nao necessidades.
ao menos satisfazer suas urgentes solicitando
De Camillo de Lellis e Silva, carros
privilegio
suspensos
e vender
vov 10 annos, para construir transporte das carnes
ae suaInveneL, destinados ao
os Me,-entes pontos
verdes do matadouro publico, para
forão remettidos
^doíos supracitados requerimentos aguardao-se Ob
e
á secção de machinas e apparelhos,
reTeCTorquime
Dias da Cunha, pedindo privilegio por
do Brasil, segundo
20 annos, para fabricar vinho de uva
o processo que diz ter inventado. .
De William Gilbert Ginty, pedindo privilegio poi
inventou, des-
25 annos, para usar cie um processo que
pe o nome de
tinado a preparado mineral conhecido combustível em
toria* de modo que possa servir de
diversos misteres. amostra,de
De Bento Gomes de Escobar, sobre uma descobrio
azougue por elle colhida em uma mina que com a de
nos limites da provincia de Minas-Geraes
S. Paulo. __ -,- soli-
De Joseph Pradines, residente em Pernambuco,
e vender
citando privilegio por 15 annos para fabricar navalhas.
no império aíiadores, de sua invenção, para
— Estes quatros requerimentos forão remettidos a sec-
e aguardão-se os respectivos
ção de chimica industrial
pareceres. ... . .- •
De Augusto Guilherme Linde, pedindo privilegio
10 annos para estabelecer na província do Rio de
por
— 181 —

a
Janeiro uma fabrica de papel, no qual emprega palha
de milho como matéria prima.
Do Dr Guilherme Schuch de Capanema, solicitando
de diversas
privilegio por 10 annos, para fabricar papel forão remettidos
plantas do paiz.— Estes requerimentos
á secção de industria fabril e aguardão-se os respectivos
pareceres. ., a
O governo imperial dignou-se tambem consultar
sociedade, acerca dos seguintes assumptos •
Sobre a qualidade de algumas amostras de algodão
Fabiano Pe-
produzido na fazenda do tenente-coronel ser esse algo-
reira Barreto.— A sociedade reconheceu
dão da espécie herbacea de sementes soltas, de côr esver-
dinhada e de cotão mui adherente, a mais productiva
deixar
de todas as variedades herbaceas; não podendo
de dar os mais cordiaes louvores ao dito tenente-coronel
se como pensa, esse senhor cultiva o algodão em ponto
a-rande e se os outros fazendeiros o imitassem, em breve
Ss finanças do paiz se acharião na maior prosperidade,
escala nas actuaes
porque essa cultura feita em grande á fortuna
circumstancias importa grandemente publica.
Sobre uma amostra de algodão herbaceo cultivado
do Pa-
na colônia de Assunguy, fundada na província
do algo-
raná _A sociedade respondeu que a qualidade esta
dão é muito boa, e que o algodoeiro que produz das cap-
espécie, não deve ser mui productrvo á vista e cio
sulas que lhe forão remettidas como amostra
algodoeiro
conhecimento que tem da fecundidade do
herbaceo de sementes verdes, molles e redondas, Kio que ja
de
do
se cultiva em alguns pontos da província
Janeiro. T -a
o algodão colhido por José Joaquim Severo
Sobre do Pa-
Corrêa, na colônia do Assunguy, na província tendo sido
raná— A sociedade respondeu que não lhe
nao podia
remettida as amostras do referido algodão,
é
dar sua opinião a esse respeito, mas que provável que
aquella sobre deu pa-
sua qualidade seja idêntica que
na
recer anteriormente, visto serem ambos cultivados
mesma localidade. . ,.
um os índios
Sobre quatro amostras de produeto que
182 —
do vegetal
coroados extrahem na provincia do Paraná, ou imbirussu e
conhecido pelo nome de urtiga branca
o linho nos trabalhos
que tem a vantagem de substituir nao tinha
da cordoaria.- A sociedade respondeu que a resis-
meios de fabricar cordas, nem de experimentar mesmo
tencia das fibras á extensão e á torsão, e quando
tivesse esses meios, faltar-lhe-hia a matéria, porque as
insignificantes
amostras são em quantidade nimiamente
lhe parecem fortes e suscep-
para isso ; e que as fibras barbante e
tiveis de servirem para cordas ordinárias, en-
tecidos grosseiros, próprios para maças, saccos para
fardar algodão e outros empregos semelhantes. Santos e
dos
Sobre o memorial que José Serapiao
de Rezende,
Silva dirigio á câmara municipal da cidade das fibras cio
onde reside, acerca da extracção e preparonão lhe tendo
ananaz —A Sociedade respondeu que se refere o
sido apresentado o modelo de madeira a que a^ respeito
memorial, não podia informar cousa algumatrata; limi-
do merecimento da machina de que ahi se na-
tando-se a ponderar que por oceasião da exposição hon-
menção
cional fora o Sr. Lauthier premiado com
extraindo das
rosa pela amostra de linho, que expozera,
folhas do ananaz.
Martms paia
Sobre os meios aconselhados pelo Dr. de ou quma
introduzir-se no império a cultura da cmchona
o projecto do
peruana.—A Socãedade respondeu que e seria
Dr de Martius merece toda a consideração, que
mui deplorável se não fizéssemos toda a deligencia para
medicamento
introduzir no nosso paiz a cultura de um
desimao a
tão enérgico contra as febres que assolão e
nossa população.
na ta-
Sobre tres amostras de panno, manufacturado
brica de Ferrão Velho, propriedade da companhia
Alagoas.
União-Mercantil, na capital da província das fabril e
— Forão remettidas á secçao de industria
aguarda-se o respectivo parecer. se-
A Sociedade foi também consultada acerca dos
guintes assumptos : so-
Pelo Dr. Domingos Martins Guerra, da ltabira,
das
bre algumas amostras cie fibras vegetaes indígenas
— 183 —

matas do Rio Doce, que podem ser cardadas e fiadas


para os mais finos tecidos, declarando que apresentará
um memorial acompanhado de amostras em ponto
grande, para serem submettidas aos convenientes exa-
mes. — A Sociedade verificou que as fibras são excel-
lentes, finíssimas, fortes e susceptíveis do mais perfeito
esbranquecimento, e espera o cumprimento da promessa
do Dr. Guerra para reconhecer as applicações indus-
triaes das novas fibras vegetaes.
Por José Eduardo Honorato da Silveira, sobre a des-
coberta que fez de uma mina de salitre no districto do
Livramento, termo de Ayuruoca, e pedindo que a socie-
dade tome em consideração tal noticia, e empregue seus
bons officios perante o governo imperial em favor de
uma descoberta tão importante, que pôde prestar as-
signalados serviços ao commercio e industria nacio-
naes.—A sociedade exigiu amostras para se examina-
rem e algumas informações afim de interpor sua opi-
nião.
Pelo presidente cia provincia cie Minas-Geraes sobre
algumas amostras de um mineral que suppõe ser ver-
dadeiro carvão de pedra, descoberto pelo cidadão Lean-
dro Francisco Arantes, no arraial do Inficionado.—Fo-
rão remettidas á secção de chimica industrial e aguar-
da-se o respectivo parecer.
Pelo presidente cia provincia de Goyaz, foi pedido um
parecer sobre um produeto vegetal distillado de uma
planta dessa provincia, que abunda especialmente no
município de Jaraguá, e em geral nos valles meridionaes
da Serra Dourada, cujos habitantes dão-lhe o nome de
manná e de que os índios Caipós se servem como de as-
sucar.—A sociedade examinou esse produeto, e julga que,
pelos seus caracteres physicos e chimicos, merece elle o
nome de mannita, substancia resultante cia solidificação
da seiva de certos vegetaes, e pedio que lhe fossem enviados
pequenos ramos contendo folhas, frueto e flores das arvo-
res que o produzem, afim de fazer-se a sua classificação
botânica, assim como maior quantidade da própria subs-
tancia, para melhor a analysar e reconhecer se ella
pôde ter usos medicinaes.
— 184 —

Pelo presidente da om de
g*^°3StâS™
parece
producto vegetal que
Lore que »*> J«ff ~
cwigrcco. — socieudut
f™^X^
A provincia de Goyaz
a arvore chamada a g.OsnaoPnome
ber se ^ ^^
corresponde as que tem iente que se man-
impen ^
províncias Ac noieb e " «ferida arvore, afim
dassem tolhas, , . ue ^qs exames a

arábica^ d
muito análoga á gomma conside_
A bibliotheca da S^de «men
ravelmente oom. |P^£^regidos por differen-
folhetos, Pf ^^^^^^.^incias merecendo sobre-
tes indivíduos da corte e PJ^in^í' A E. Zaiuar
offer^™osP°rp^
tudo especial menção as ministe-

Be"eJJb^
de Oliveira e Paiva da 2' Estados-Unidos,
rios; pelo cônsul g61^^^^0^ volu-
de Agma^ de 2 grandes
Luiz Henrique Ferreira d^deA^t^io ^g ^titulado
mes do periódico lllustf «^"ae Maria cios San-
Sciéntifie American ; |>f 4 "appas de
tos Brilhante, Jue^es um relatório^7o Ine-
^™r
agrioolas portugueses
produetos

sobre a agri-
fírSÍStZias

algodoeiro, g
tante Monogra.plna do
185

Estudos
nual-pratico do sericicullor, por A. Meyer ;
o modo
econômicos sobre a raça suina ; Memória sobre
Bahia,
de melhorar o cultivo e preparo do tabaco da
o enxerto
por F A de Varnhagen; Observações sobre dos cam-
das oliveiras, por Moquin Tandon; A chave
dilanto e do ma-
pos • Cultura dos bichos de seda do tabaco de
mono ou ricino ; Cultura e preparação do melho-
Latakié ; e finalmente, Memória sobre vários applt-
ramentos nos engenhos de assucar das Antilhas,
caveis ao Brasil, por F. A de Varnhagen. laiga es-
A Sociedade tem continuado a distribuir em
e principal-
cala por algumas provincias do império e grande
mente por diversos fazendeiros, lavradores sementes
numero de indivíduos desta corte e província,
de algodão, trigo sarraceno, milho e varias qualidades
de plantas, que deseja ver vulgansadas no paiz. conve-
Forão remettidas á Sociedade, afim de serem
do império :
mentemente distribuídas aos lavradores sementes
Pelo o-overno imperial, quatro barricas com
canhamo; oito
de" trio-o sarraceno e uma com linhosururuca, muito
saccas°contendo milho pururuca ou onde e conhecido
cultivado na Republica do Paraguay,
e um porção de sementes do me-
pelo nome de Manco,
lhor algodão da Geórgia. . _
caixão con-
Pelo ministro brazileiro em Londres um
tendo varias qaalidaes de sementes de Venezuela
Pelo ministro do Brazil nas Republicas volumes, con-
Equador e Nova Granada dous pequenos de nome
tendo sementes de duas espécies da arvorre
sombrear o caie
bucare, que em Venezuela serve para
não montanhosos.
1plantado nos terrenosda do Rio
Pelo presidente provmcio de S. Pedro
casulos e
Grande do Sul uma pequena caixa contendo^ Porto Alegre
sementes do melhor algodão colhido em de
Por Bella Vista e C, seis saccas com sementes
algodão herbaceo dos Estados Unidos. barrica m
con-
Por Henrique Beaurepaire Rohan uma
ilha de lei-
tendo sementes de algodão cultivado na
nando de Noronha. n:*ni.m
Por J. H. Lidgerwood e C.,de Nova York, oitocen-
24
Auxil. Maio 1854.
— 186 —

tas oitenta e quatro libras de sementes de algodão cha-


mado georgia spland, vindas de uma província dos
Estados Unidos.
Forão ainda offerecidas á Sociedade :
Pelo governo imperial, a copia do trabalho que o ex-
cônsul do Brazil em Munich lhe remetteo sobre a cui-
tura do algodão no império, e a traducção do trabalho
de Moquin°Tandon á cerca do melhor meio de enxertar
a oliveira e promover-se a sua repioduccão, afim de que
a Sociedade a fizesse publicar em sua revista mensal,
se assim o julgasse conveniente.
Por Luiz José de Cerqueira, de Tamanduá, alguns
casulos amarellos de fio delgadissimo e forte, com a
macieza da seda, fabricados por uma espécie de aranhas
a
pretas grandes, que alli abundão, afim de observar-se
semelhança que tem com a seda legitima produzida por
larvas.
Por li. Cândido Ferraz, da Villa de Serpa, uma
amostra de pedra desconhecida, encontrada no rio Mu-
rassutuba. e mais tres objectos manufaturados na dita
villa.
Foi reuiettida á Sociedade por Joaquim José de Sá
Freire, de Itaguahy, a quantia de 455$000, impotancia
da subscripção que promoveu, a pedido da mesma So-
ciedade, para o fim de se mandarem vir mudas e se-
mentes de café da Arábia, e de erigir-se um monumento
ao chanceller José Alberto de Castello Branco, intro-
ductor do cafeseiro no Kio de Janeiro. Com essa quantia
junta ao producto da referida subscripção.e com os juros
Vencidos e accumulados,a referida subscripção pouco ex-
cede de 2:400$. A Sociedade resolveu em limadas suas
ultimas sessões que, reservada a quantia em que pôde
importar o busto do dito chanceller, fosse o restante en-
treo-ue ao governo imperial para mandar vir as mudas
de café, afim dc se distribuírem somente pelos lavrado-
res que fizerão donativos, e em quantidade proporção-
nada ás quantias subscriptas. Tiata-se de realisaressa
resolução para o que foi nomeada uma commissão
especial.
,87

Eoráo apresentadas pelo capitão Affonso de Almeida


Albuquerque as seguintes propostas :
l.a Se convinha aconselhar a plantação da jaqueira
navaes. — A Socie-
para ser applicada a construcções
dade respondeu que será útil a cultura da jaqueira, mas
não como a mais conveniente para construcções navaes,
madeiras mais pro-
porquanto são conhecidas outras
a teca a primeira de todas.
prias para esse fim, sendo
2.a ge sei*ia conveniente substituir as plantações do
café pelas do algocloeiro nosiogares onde aquelle está em
decadência, já por estarem velhos os cafezaes, já por
moléstias que os tenhão atacado. —A sociedade respon-
deu que não pode nem deve aconselhar a anniquilação
de uma industria agrícola, onde se achão empenhados
tantos braços e capitães de algumas províncias do im-
limitada aos logares onde os
perio; que a substituição tosse
cafezaes estão velhos seria aconselhável, sc isso
de caie plantão os seus ca-
possível: que os lavradores loga-
fezaes exclusivamente nas montanhas e colunas,
res onde o algodoeiro, planta essencialmente de planície,
ve-
não produz ou produz muito mal; que a terra onde
-retou um cafezal, durante 25 ou 30 annos, fica comple-
tamente estéril para qualquer outra cultura ; que para
não precisão recorrer
plantar algodoaes, os lavradores suas
aos lugares onde se achão os cafezaes mortos, as
fazendas são suficientemente vastas, e não lhes faltará
uma
certamente terrenos excellentes para cultivarem
e que lhes offcrece um preço
planta, hoje tão procurada,
tão altamente remunerador.
Foi apresentado pelo Dr. Burlamaqui um projecto
riara a acquisição de sementes e plantas dentro e fora do
o
império ; e sendo remettido ao governo imperial, este
devolveu requisitando que se formulassem instrucções
além de conterem as localidades c espécies de plan-
que, 'cujas
tas sementes tiverem de ser encommendadas aos
agentes do governo, indicassem claramente o melhor
remet-
meio de serem ellas adquiridas, acondicionadas e
lhe foi
tidas.—A Sociedade satisfez do melhor modo que
sendo remettidas ao governo
possível á essa requisição, e
imperial as ditas instrucções forão approvadas, e depois
188

„; a a «« 900 exemplares para serem por elle

trabalho. d Azevedo mna proposta


' F01 "'''rScMade
a Socit ade procure
P10 realizar, no corrente anno,
para que licitando do ministério res-

ao
)^^^a%Síu^^ go-
^f subs-
por pi opos para 0 monumento
b^P^^o^Samaqui,
A. Sociedade
CTeYeU
se tZaT"var e«, Fmnça á nLmria do illustre
tiatd.^.^vítipnne
que Pierre de Gasparin. Essa
da commissáo da
^Sr^rSrifnrpresidente
StSX(r!m^passado forão approvados 82 sócios

lHpnP,0 de V Ex.
i, para a representação que em ue
Sociedade
attenção dmgio ao

zembro do any- <pi**™° a isenção de direitos da ai-
govevno ^e»a\™' ^t os impostos e e.nburnços
iandega, ou de qu«ie quei 1 introduzidas no
flscaes, sob e «, se.^^« l
e
V. Ex. se
império, paia cuja soiuo.iu ^
dÍfc:Sfa de Abri,
. J,. con8e]heiro 23
Deos guarda TÈf-XdXeiro, Domiciano
e secretario de estado
feito RMroSgnissto ministro commercio e obras pu-
dos nÍodos'daD agricultura
blica*- Maniiiez de AbranUs.
Presidente.
Anlonio José de Soma Mego.
Secretario geral.
— 189 —

OALLINOCULTURA.

Conclusão ("*).
aves, citare-
Entre vários methodos de engordar as ao me-
mos dous, que talvez tenhão alguma utilidade,
nos pela sua economia. em
As aves que se quer engordar são encerrados a
logares obscuros, e mui apertados, de maneira deixa
quasi
chegar
e mal se lhes
prohibir-lhes os movimentos, de ar.
uma pequena quantidade logar amaira
Para as alimentar, o operador entra no -lhes
as pernas das aves tres a tres e introduz pelos bicos
milho feitas
espécies de pílulas do tamanho de grãos de
exemplo) qual-
com uma massa substancial (fubá, por
auer A operação se repete duas vezes Affirma-se por dia. A ope-
ração se repete duas vezes por dia adquirem
que
um
usando deste tratamento, as gallinhas
ás vezes mais.
peso de 8 libras, os gallos de 13, e na boca
O outro methodo consiste em introduzir-lhes
ia-
o bico de um funil, e derramar por elle substancias
rinhaceas no estado de fluidez. . .
Entre os animaes domesticados, as aves (principal-
dao um
mente a gallinha) e as vaccas são os únicos quea carne e
ovos,
duplo proveito appreciavel, a carne e os a actividade do
o leite E' incontestável a analogia entre da secreçao do
ovario nas aves e o acto physiologico e uma con-
leite A lactação abundante e duradoura
¦mista da civilisação das raças sobre a selvajana das
dos ovos.
espécies. O mesmo se pôde dizer da producçãonão chegou
todavia, ' a fecundidade da gallinha, ainda bem as
ao seu apogôo, mas pôde chegar escolhendo
raças e melhorando a hygiene que lhe e;P™Pm* ,
Na linguagem ordinária, a fecundidade das gallinhas
um anno. bete
se mede pelo numero de ovos postos em

/*) Virio o Av-,i;i1.vir].>,- tio mez d"' Mano.


.)<]

exacto, o seria
modo de apreciação uão é todavia mui da
mais verdadeiro se tivesse por base o peso producção.
Neste caso, a melhor poedeira seria aquella que desse
maior numero de ovos e mais pesados.
tem achado
Segundo M. E. Gayot (*), alguns autores médio, a
que o ovo da gallinha commum pesa, termo
.írammos, entretanto, a da raça Cnveceur cliega a 80.
ovos, passa por
A primeira, dando maior numero de
melhor e mais productiva poedeira. nao
Üm simples calculo prova que a melhor poedeira
é aquella que põe maior numero de ovos.
admitíamos que ambas as raças estão nas melhores
condições, e que estas condições são idênticas; ovos, queno
e a
mesmo espaço de tempo, a primeira poe 100
um, pe-
secunda 70. Ora, 100 ovos, a 50 granimos cadadifferença
são 10 libras, e 70 a 80 gr., dão 11,2 libras. A
é notável, e prova a asserção acima.
Se esta differença fosse tomada em seria consideração,
fecundi-
muitas raças, consideradas hoje de medíocre
dade, ficarião reahabilitadas na.opinião.
Isto não étudo. Os ovos pequenos dão pintos pe-
e também
quenos, e por conseqüência gallos gallinhas
de pequeno porte.
unia
E' interessante conhecer as proporções de cada
das partes de que os ovos são compostos. Escolhendo
M. Gayot
ovos grandes e ovos pequenos em numero igual,
affirma, que certo numero de ovos. pesando 71 gram-
mos (a) os grandes e 55 gr. os pequenos (b), se compu-
nhão das seguintes partes, por 100:

Clara (a) 59,19 - - - ¦ 0>) 39,12


Gemma 29,10 ... * 27,98
Casca e membrana, . 11,71 - ' • • 1-VU

Vê-se, portanto, que a differença de peso. entre as

dos ovos. Eugênio (íaynt, .h-:,.td


(*) Da producção por
.Inrieiftr-rri. Pfe'fi'n. de Paris.
— 1.91. —

claras, é insignificante, mas não assim o peso da,s cas-


cas, e das gomnias.
A mesma analyse feita com ovos cie gallinhas da Con-
ehinchina, pesando, termo médio, 60 grammos cada um,
deu a seguinte porcentagem:

Clara. ...... 60,00 por 100.


Gemma 28,42
Casca 11,58

Conforme a opinião de M. Mariot-Didieux, cios maio-


res ovos não é que devem sahir os maiores pintos, mas
sim daquelles que tiverem maior gemma. Em confirma-
ção desta opinião, elle cita a gallinha da Conchinchina
aquella que põe
que é, de todas as raças conhecidas,
ao
proporcionalmente ovos mais pequenos, porém
mesmo tempo mais pesados e volumosos. Entretanto, o
contrario parece resultar das analyses que estão á vista.
A porção da clara é mais forte na gallinha da Conchin-
china, e a da gemma menor, do que no ovo das galli-
nhas ordinárias.
" O ovo da aci-
gallinha da Conchinchina, diz o autor
ma citado, tem uma clara mais albuminosa, mais gorda
e menos aquosa cio que o das outras raças; fornece,
portanto, maior quantidade de febrina, e contribuo com
a gemma para formar um pinto mais volumoso. „ Qual-
E. Gayot con-
quer que seja o valor desta asserçâo^M. fôr a
tinúa a acreditar que quanto mais volumosa
maior o seu valor
gemma, tanto mais perfeito é c ovo e
na reproducção e no consummo. ^
O gênero de alimentação, o regimen habitual, e a ha-
bitação, ' exercem uma influencia decidida sobre os pro-
duetos cia vida animal. A côr mais concentrada da
é devida, sem
gemma dos ovos das gallinhas cam pes tres
duvida, ao ar puro que ellas respirão. Mas a influencia
da alimentação não se exerce somente sobre as quali-
dacles alimentícias cios ovos, porem, igualmente sobre a
proporção das matérias que oi-' constituem.
Estes factos merecem uma attenção particular da
o volume da
parte dos experimentadores. Augmentar
[\)-2

,. ¦ ¦ ,i„ Mar»! f» não dar a casca senão o

52313.-•"•¦"-
«tí_Wd. obra de Waiket sobre o

neiras artihciaes leier exclusiva-


.
ah
cimentos de Fans, onat ;,J le animaes

-
Sf—te útil/ para ^
^^

Soia. Ubseiv*na°/_nnt;naPScaia, dará bons lucros e


z:^tz:ir^T! ^ «*, «*¦*¦*»

_SÍ=:S.£S_a~S
vantajoso-», começou
rnntaiosos - com 30U gaiimnab, qLLC 1
j „„;,,«, ,íp ovos durante tudo o

J me*to oxlm. cuidado de a vigiar IN o


tendo toa conveniente
propriedade,
atuía
r^iST^a^taSe e au à uautidade da raç.o.or-
abl?ndrtnte,
tempe pequenos seixos
" conservar a
etgo que se jul^a indispensável para

n^etfitpek.cavalto.vefto.e^:
se decepão no estabelecimento
da ma
e
q„7se matão
193

neii-a a mais ecoiiuinica. por meio de uma machina se-


melhante á que usão os fabricantes de lingüiças e sal-
chiças pára picar carne. O sangue é colhido separada-
mente e se-i • vende por um preço mui remunerador ; a
)elle é vendida aos curtidores ; a cabeça, os cascos, etc.,
-i j_! J .-.-.,,,. . .i í.nlaoeio ne n'li.|->ns O tf»

•io fabricante dc azul da Prússia ; os ossos grossos, aos


da
fabricantes de cabos de facas, de botões, etc. : o resto
vendido
carcassa é convertido em carvão animal, ou e
ossos; o tu-
como estrume debaixo da turma de pó de
e ou-
tano serve, para fabricar pomadas ; as entranhas
tros restos são igualmente aproveitados, em uma pala-
utilisada.
vra nenhuma parte dos animaes deixa de ser
termo médio,
Ó numero de animaes mortos é por dia,
a todos estes ar-
de 22 e tal é a economia que preside o
ranjos, que os resíduos dos animaes bastão para pagar
vivos.
preço que custarão quando a carne
Uma pequena adiccão de sal o de pimenta
ás aves, e previne muitas mo-
picada é mui favorável
lestias. . ... ,
desta alimentação, cada gallmhapoe um.
Por meio
e os
ovo por dia em todas as estações. Os gallmheiros
dividido, por
outros edifícios formão um quadrilátero,
meio de pallissadas ou de grades, em eompnrtimentos,
de gallinhas, as
encerrando cada um certo numero
suas respectivas idades; o
quaes são classificadas por fim deste pe-
limite de sua existência é de 4 annos. No
de 3 semanas,
riodo, ellas são engordadas, durante cousa
vendidas
exclusivamente com grãos pilados, e depois
no mercado. . , -.
da importância do estabeie-
Pode fazer-se uma idéa
durante os
cimento de M. de Sora, sabendo-se que do anno
mezes de Setembro, Outubro e Novembro
enviou para a capital 1,000
passado, o proprietário
dúzia de capões. ,
nunca chocão. As câmaras onde k
\a gallinhas a va-
achão os incubadores artificiaes são esquentadosem cel-
simplesmente
por Estes incubadores consistem tende> a íornia
lulas sobrepostas umas sobre as outras e
ovos de todo o
de ninhos cobertos, afim de preservar os imme-
contacto com a luz. Logo que sahe um pinto^é
Auxil. Maio 1864. -'
— 194

ssr.ssssr _ar.3üsa!í
S°i? de Sang-hai e
fm fa0flZlTesfez-s das raças raças ordena-
clervando s6mente as eggas
da Cochinchina, coubtu
rthikcUua
e talvez com ^ervadas
rias do paiz; pensando
raças de corpo vota™^^l^X)-~ mui custosa;
"
CrX
"saCosa
Í galUas exóticas é
raças.
do que a das pequenas
O estéreo forma *»^me^__K3-
Os hor^deosC^elhoreB estrumes
portente de renda.

t0d07sTaStSent empregados, dos quaes


&
*V%£ nm —n
SrÒsTe7levon em
de cousa de 300 reis
vazão
4_$00 dúzias por semana, á
a dúzia.

üiíísMiíiÀ úsMüíLL

ANALYSE PAS TERRAS.

Ia Hure, convidando os
°O annuncio do Sr. Conde de de suas terras,
jZãZeTa IU enviarem amostras
afim de serem analysadas.
'
«tn grande
O Sr. Conde de Ia Hure pretende prestarcomo a todos
allemães
serviço, não somente ás colôniasaproveitar do seu gene
os lavradores que se quizerem
"CS~qui
o annuncio que elle fez publicar
n. 23, publicado na colo-
,,„ pSico GoloJe Zeituna,
195 —
Catharina
nia de D. Francisca, na província de Santaa muitos la-
Mas como o offerecimento pôde aproveitar em
vradores que não sabem o allemão, traduziremos ae re-
periodo da carta por elle escnpta
p^taguè^um
dactor do Auxiliador. . , ^ R
« Fiz annunciar no jornal da colônia deU.iírdn
Junho, o„m o
oisca Colonie Zeitnnq, n.23, de 4 de ^ *£
to de ser útil aos colonos, ça »™l^-°^"™
a analyse das terras, env ando-se me
gratuitamente a mdi
porte pago, um kilogrammo (duas libras) com
tato o ter
iaçâo do gênero de cultura a que se querCada amostia ae
reno donde se extrahio a amostra,
logares do terreno e
ten-a deve ser tomada em 4 ou 5 mesma
as diversas amostras, enviadas pela pessoa, de-
_
vem vir separadas.
« DerGrafdela Hure, am hiesigen Orte^sich
Dona Irancisca,
bereit erklaert, den Colonisten von unentgelt-
BI imenau und andara Colonien des Landes und Be-
\\ h wnaue Tuskunft uelrer die Beschaffenhert z.u^ gebeu
ttfKdes Bodens ihrer Laendere.er,r ^
c*. zwei Ptunci
haid ihm Proben dieses Bodens von em^mM we,-
kosteufte,
Mw re ,ur ünte^uchung
L 7n diesenuBehufe raeth er an, die bodenpioben an
su aitem B. «ri
Lheben und von einander getrennt und
diese Proben chemisch un ersuchen ^ ^ sem
tpn
Len umgeneuu mi > fur welche Art Cultui dem-
umo-ehend mittheilen,
dnriníehlt undwas
Cfe,
felben rST we 1^Z^zL*^,
temErfolgedaraufanzubauen^^

nioht aufs Geradewohl loszuwnthschaffa3«,


-m werden darf eme ^»
seines.Borteta Meister ^kegenhert,
lassen.
ssu lernen, nicht imgenutzt voruebeigehen
— 196 —

VAÜiüBADS^

NA AMERICA
CULTURA B COMMERCIO DAS OSTRAS
OD NORTE.

comestíveis ; os
Distincmem-se 3 espécies de ostras
nas costas_ onentaes
modu ós d. te gênero qu. vivemostra da V.rgima, a os-
a
da America do Norte, a «ber.
+r.. TWeal e a ostra Canadiense. dc suas con-
E^tas espécies differem essencialmente
generes Europeas.

modificai as coi
des por crear cachopos temíveis, por
uma palavra, paralysai
xentes, Òbstruhir os passes, em
a navegação.
algumas Pfg«»P^
Abundantes em toda a parte e-deate m
recém oonvir-lhes mais particularmente, Lono-lslanü
mero são as costas de Nova Jersey da embocadum
margens
Ehode-Island, Conecticut, as
Delawre, e sobretudo as da magnífica bahia d.f>
doric
de abundância, ondean-
Ch aneal-! verdadeiro celleiro vem fazer carregamentosK
SmWcentenas de navios
desses preciosos molluscos.
magnífico local, que
A bahia de Ohesapeak é um
cultura das ortraa. A£
reuue todas as condições para a demais um grande
cessivel aos maiores navios, recebe de águas doces
que
munem de rios navegáveis ; a massa largura da en-
a
eXã diariamente em seu seio, tudopouca contribua para tor-
trata qie dá accesso ás marés,
salgadas do que as o
uar as águas dessa bahia menos
Oceano, circumstancia que favorecea producção natu-
ajuntar que, em toda
rai das ostras. W ainda necessário cortadas por uma
a suá «ta são, as praias da bahia,
197 —
semeadas de
multidão de enseadas, golfou, etc, estão
o des?nvolv.mento d„
pequenas ilhas que augméntão de abrigos favoráveis a
littoral e formão uma multidão
multiplicação dos peixes e dos molluscos se elevou em 1858,
A producção dos bancos cia bahia
Nesta época se con-
a 20 milhões de alqueires de ostras.
na pesca.
tavão 10,000 pessoas empregadas comidas frescas , o
A maior parte das ostras são cosidas' em empa-
resto é convertido em sopa, assadas,mais de 300 estabe-
das Somente New-York se contão de Oyster houses
Z LeZ. conhecidos com o nome e situadas no
ou císas de ostras, ricamente decoradase freqüentadas p0,
Tais bellos quarteirões da cidade, de ostias e uma
uma infinidade de amadores. A sopaos americanos,
das «reparações de que mais gostão que
dos theatros no inverno,
a comTm ao meio dia, á sahida
essa sopa apparece inevi-
e até nos grendes bailes, onde reparar as forças dos
tavélmente de madrugada para
daMasnloé conchas
somente os animaes contidosnas
sao en:prega-
o nue se aproveita ; as conchas tambéma
dal po dS sas industrias. Bedu.idas pó, são ut.h-
em calcareos; tam-
sada para adubar as terras pobres estradas e sohd.hcar
bem servem para macadan.isar as em fornos,
as mas dos jardins; finalmente, queimadas edificações. Para
ão excellente cal, empregada nas cascas das ostras,
das
fazer Idéa do valor commercial forão expedidos
baTta dizer que somente por Baltimore de réis; e que antes
esíasc ca uo valor de 240contos reduz.o a cal
da guerra actual, um só fabricante
250 000 alqueires de cascas de ostras. rendi-
A cultura das ostras dá nos Estados-unidos
é uma das industrias
mentos tão vantajosos, que ella annos ainda
onde as quebras são rarissimas. Ha poucosa 50 por cento do
o lueroíd sa industria se elevavão em verdade dimi-
caiital empregado; esses lucros tem mas a renda e
So em conslquencia da concnrreneia,
ainda mui considerável.
— 198 —

0 TABACO.

zona de tabaco
O *lobo está hoje cerrado com uma
e se consome em todos
que a partir do Equador, cresce
os continentes, até aos 50» de latitude. mediopoi
AMms dados estatísticos sobre o consumo
consumo cio ta-
cabeça em alguns paizes, dão idéa do
baNa con-
Inglaterra, por exemplo, cada indivíduo
18 e meia na
some, termo médio, 17 onças ; em França, Nova Galles do
Dinamarca 70; na Bélgica, 13; e na
este consumo se
Sní, «Me o tabaco não paga direitos,
eleva a 14 libras ! avalia, termo
O consumo de. toda a raça humana se o
médio annual, em 70 onças por cabeça, que suppoe
adas. Ora,
uma producção total de 2 milhões do toneilibras, serão
ecada geira de terra, pode produzir 800 satis-
necessários 5 milhões de geiras de terra íertil para
fazer a esta producção. iiiff.,ic
nos effeitob
Um velho fumista de Boston, náo acredita
deletérios attribuidos ao tabaco. nocivo ao
Conforme a sua opinião, se o tabaco tosse natu-
corpo e ao espirito, como se pretende, a marcha na-
ral das causas e dos effeitos terião já exterminado
cousa de tres
ções inteiras. Muitos povos fumão desde decadência.
séculos, sem que nellee se observe a menor sedativo,
O tabaco pode ser considerado como um do
antes do que um narcótico. Sua acção é clescnpta
modo seguinte, por uma alta autoridade: aliiviar _
l.o O seu mais notável effeito é de apasiguar,
e de acalmar o systema em geral ; tir-
2.° O seu menor effeito é excitar, fortificar e dar
meza á actividade do pensamento. _ deve
Pôde crer-se que um ou outro destes effeitos
e intelectual do
predominar, conforme o estado physico A
indivíduo e da quantidade de fumaça absorvida no
influencia do tabaco mergulha o indolente Orientai
mais profundo enlevo ; toda a sua felicidade, quando
fuma, consiste em não pensar. 0 estudioso allemao,
o sonha, sonha c pensa alternaii-
pelo contrario, pensa
— 199 —

vãmente. Seu corpo está tranquilio, porém sen espirito


está acordado.
Entre os que fumão por habito, o uso moderado do
tabaco produz sobre o espirito essa doce tranquillidáde
da so-
que o faz ser tão procurado por todas as classes
ciedade.
A sensação agradável que produz o tabaco é mui
difficil de definir: ella é mais um prazer negativo do
mais pelo
que positivo, porque essa sensação agrada
vago que faz nascer do que pelo bem real produzido.
Segundo o autor citado, o fumo do tabaco consola das
o cérebro de
pequenas contrariedades da vida, reporksa tudo
fadigas, e inspira reflexões calmas, sobre quando
delle se usa com moderação depois de um rude traba-
lho. Mas, se elle é consumido sem intermittencia, con-
serva constantemente em uma doce alegria de espirito,
que torna mais vivo e mais bem disposto.social e favo-
O costume de fumar é eminentemente
rece essencialmente, na opinião do autor americano, os
hábitos matrimoniaes. Não somente esse costume dis-
os gracio-
põe o rico a mostrar-se indulgente para com
sos caprichos de sua amável companheira, mas também
contribue para reter o pobre no seu lar ; em ambos,
elle adoça as asperesas da vida domestica.
O excesso do tabaco, como todos os outros excessos,
é seguido de effeitos mais ou menos perniciosos, con-
forme a constituição e o temperamento do fumista. O
homem lymphatico e o obeso, fumão sem inconvenien-
tes, mais do que o homem secco ou esbelto. E' certo
não soffrem
que os munipuladores das fabricas de tabaco
mais do que os outros individuos empregados em tra-
balhos reputados salubres.
A apreciação do autor americano sobre os effeitos
sociaes do tabaco, poderáõ ser particulares á Ame-
rica ; mas talvez que em outros paizes não se admitta
relações de
que o charuto ou o cachimbo favorecem as é
familia. Mas, diga-se o que se disser, não possível
mudar um habito convertido em necessidade, e o es-
criptor citado, tem razão de dizer que se um axioma de
o de
prudência philosophica nos premune contra perigo
200 —

todavia estes sao natu-


eontrahir hábitos inveterados,
se tornao menos nocivas
aes ao homem; que as cousas
e finalmente, que uma
no, sua freqüente repetição, nos aconselha : de ser-
..ande autoridade hygienica
vícios.
mos regulares mesmo em nossos

DOENÇA DA VINHA.

França, curou se-


Um cultivador da Sologne, em a v.nha do o^jm,
. uu!o oMonüeur d'Indrc e loi. e
medicamenta ao ge ai
tratando-a por meio de uma tempo mui nutri
rústica ou purgativa, e ao mesmo
me. de°Nove'mbro ou Dezembro, descobno a
tivNo todavia as por^omp-
lide suas vinhas doentes, sem de 2 a 2 e meio
tamente a nú, em uma circumferenc.a
e em cada buraco :l-> Uma hbrade
palmos de• raio ; pó- 3° Uma lima
cal viva 2° Meia libra de sal de cozinha
uma libra de sal-
S santuedeboi em certos pés, e libras de cinzas
moumTporco em outras ; 4 Quatro com uma camada de
CaL de lenha ; 5» Cobrio tudo
estéreo con, dous bah
llrco de cavallo' ; 6» Begou este um balde de ourina de
des d'aeoa em alguns pés, e com tres' ve^«
cavaUooutros. &petíí«tarega por Então se desen. oi
o inverno e uma vez na primavera:as ava.iforao abun-
veu uma vegetação luxuriante; agradável e todos
dantes, volumosas, sãs e de um gosto do. lalvez que
os vestWos do oidium tinhão desapparec o mesmo
ZoTSsZ menos complicada produzisse
effeito.
VAPOR.
CANTARIA SERRADA A

Londres, uma ma-


Inventou-se este anno (1864) em desem-
auinl vapor para serrar pedras, que parece
fi,n, com grande vantagem
Sar perfeitamente este ou 6 vezes menor do que
To preço de cada pedra é 5 maior regularidade
«efossembricada po. canteiros; 2», dos trabalha-
no corte 3°, não compromette a saude
dores.
!___¦ DA

INDTJSTEIA NACIONAL.
JUNHO DE 1864.—N. 6.

SESSÃO DO CONSELHO ADMINISTRATIVO,


EM 2 DE MAIO DE 1864.

Presidência do Sr. Marquez d'Abrantes.

A's 6 horas da tarde achando-se presentes os Mo- Srs.


Marquez d'Abrantes, Drs. Souza Rego, NicoláoLopo,
reira. Nascentes Pinto, Villanova Machado,_ Mu-
D Cordeiro, Matheos da Cunha, Raphael Galvão, Lúcio
rinelly, Jacy Monteiro, Bernardo Azambuja
Norberto
Brandão, Ernesto F. dos Santos, Azevedo Manoel
Lopes, José Maria Pereira, Ismael, Ezequiel, e Affonso
Paulo José Botelho, Colin, Virginius de Brito
Drs. Duque
de A. Albuquerque, e os sócios effectivos Motta
Estrada, Teixeira, Goularte, Baptista dos Santosdas Ne-
Azevedo, Pereira Portugal, Carlos J. Pereira da
ves, J. Gomes do Vai, Lopo de A^ Dimz, Severiano Coelho
Fonseca, bacharel Pereira Rego, Ferro Cardoso
de Lelhs, A.
Antao, Torres de Albuquerque, Camillo
Pinto de Oliveira e Diogo Diniz Cordeiro.
sessão an-
Foi lida e approvada sem debate a acta da
tecedente.
EXPEDIENTE.

o
Aviso do ministério da agricultura, transmittindo o-
de Carvalho
requerimento em que José Gonçalves vendei e
licita privilegio, sob certas condições para
ta eollocar _o's prédios desta cidade^de porce-
e destinadas^ me
lana esmaltada, com campo azul,
Auxil. Junho 1864.
— 202 —

com seu paiecer.


de que a sociedade o informe
secção de chimica industrial. em Manoel
Idem, transmittindo o requerimento que Manoel
exclusivopa a o trans-
AnS da Silva pede privilegio
do matadouro Papamos
porte das carnes verdescarros de sua invenção, afim de
nrmiímes por meio de seu parecer.
Z ISieS haja de informal-o com
— A' secção de machinas.
de sementes de
Idem requisitando a maior porção
centrio' cevada, aveia e lupulo de que«as possa dispor a
colônias do
sociedade, para se ensaiar sua cultura
Estado.—A' mesa.
do Rio de
Officio do 1° vice-presidente da provincia com
relatório que
Janeiro, remettendo um exemplar do a adminis-
o Dr Polycarpo Lopes de Leão passou-lhe do corrente
ttação d/dita provincia em 15 de Fevereiro
anno.— Recebido com agrado. exemplar da
Officio de L. Jacome remettendo um — Livro cio
obra por elle publicada com o titulo de
Ferrador.— Recebido com agrado.
Officio de Manoel Olegario Abranches offerecendo-se
commer-
para encarregar-se de qualquer encommendaa Europa e
ciai que a sociedade tenha de fazer para seu estabe-
Estados-Unidos, e propondo-se a vender em a agri-
lecimento quaesquer obras da sociedade relativas
cultura, sem receber de tudo isso commissão alguma.—
Inteirado.
Requerimento de Luiz Dordan, acompanhado da pu-
ultimo
blica-fórma de uma carta vinda de França pelo e nao
foi elle,
paquete, e pela qual pretende provar que os carros
Camillo de Lellis, quem encommendou para
de ma-
que o dito Lellis pede privilegio.—A'secção
chinas.
203 —
da Re-
Forão recebidos com agrado quatro números respectiva
vista Commercial de Santos, remettidó^ pela do ministeno
redacção, e dous exemplares do relatório
"pela secretaria de Estado do
do império, remettidos
mesmo ministério.' conselho ,,
O Sr Dr Souza Eego apresentou ao por
Brandão uma amostra de
parte do Sr. José Bernardo vindas da Villa de Cu-
milho produzido por sementes no Eio-Claio.
nha, e colhido na fazenda deste senhor,
— Eecebida com agrado.

ORDEM DO DIA.

da Cunha a
Foi apresentada pelo Sr. Dr. Matheos
Seguintefproposta._o ;.
^ ^ ^^
aconipanhão o progresso das na-
paes productos que
ÇÕ«"
A possessão e consumo do ferro marcão a civilisa-e
" assim o disse um vulto da seiencia
cão dos povos hoje geralmente ad-
r^actidão deste principio está
m
«^carvão tem sido chamado com razão o pão da
combustlveb
industria., tal é a necessidade deste
« Quanto á importância commercial e industr ai do
de Ohej£
ácido sulphuvico, basta repetir as palavras uma dimi
lipv « Um augmento em sua producção,
d° rV0Snm°
nuição »wW ^ »«•*» cel'tos
ggeral da industria de um paiz.
« No Brasil ha ferro e carvão em
de f™^™^
ferro, e as de car-
ha muito são exploradas as minas de começo de tra-
vão também já apresentão signaes
b£l"
Apezar da existência destas minas no paiz,suaex-
ás imperiosas, necessidade
piorado não satisfazendo o
uo consumo, o poder competente drmmm.estante do estran
direitos sobre o ferro em bruto importado
conserva, alguma
íeiro, não os abolindo de todo para mineral «.tabele
fabricas deste
pequena protecção- ás
204 —

o carvão dos direitos de im-


cidas no pai,, o isentou
P°" diminuir o preço
Tada, porém, se tem feito para
ÍOtf.:2t Indus-
l Sade Auxiliadora da

ciil^lmrico
'TA"TI importado do estrangeiro ; a
estabeleça um prêmio ou aux.ho para
fabrica deste ácido que se fundar no pa., aa
primdra
P « 1864.-Mattieos
Rio de Janeiro, 2 de Maio de
°Ofo
Dr. So„,a Eego requereu que'»«£*%£
afim de ledigir a re
esta nroposta á respectiva secção, feitas pelos
^resentação Depois de algumas observaçõesrequenmento
CAzevedo e Bzequiel,1"oi approvado,o
de eh.m.ca industrial
6e eme tida a proposta á secção do
Meou aindaPadiada a discussão do parecer^da.***»
Sr. Affonso de A.
de agricultura, relativo á proposta conto-
MbuquèZe sobre a fahrica de moer trigo, por
saude do pres.deute da
Sm o* incommodos de
B6CSrando chi-
em discussão o parecer da secçãc.de
mica industrial sobre os afiadores P^.^XXl
Villanoya Macnaüo
tado por Joseph Pradines, o Sr. Dr. ao
nropôz que, em vez de conferir-se peticionario a
no seu parecer
LnPção lonrosa que a secção aconselha
como única recompensa ^\™^™>ZZ™v£- de Londies, se lhe
em duas exposições, a nacional e a
concedesse privilegio por cinco annos. do pnvi-
O Sr. Ezequiel opinou contra a concessão
leO°Sr. vol-
Dr. Souza Rego requereu que^o parecer
nci sentido
tasse de novo á secção para esta o modmcar ***
o seu P™lde*te>
que se havia pronunciado ^
do conselho.
então submettido á discussão e approyaçao
— Posto a votos este requerimento foi approvado
serem discu-
Forão lidos, e ficarão sobre a mesa para
da secção de
tidos na próxima sessão, tres pareceres econo-
chimica industrial: o 1», sobre o combustível
— 205 —

mico de Frederic Charles Wellemkamp; o 2o, sobre o


vinho de uva fabricado por Joaquim Dias da Cunha ; o
3o, sobre o vinho de laranja já feito por Antônio Pi-
nheiro de Aguiar.
Forão lidos dous pareceres da secção de machinas e
apparelhos : o Io, relativo á pretenção de Camillo de
Lellis e Silva, sobre carros suspensos para transporte
das carnes verdes do matadouro para differentes pontos
da cidade, e depois de algumas reflexões feitas pelos
Srs. Drs. Souza Rego e Raphael Galvão, foi reenviado
á secção com o novo requerimento apresentado por L.
Dordan; o 2o, sobre o privilegio pedido por Charolais,
e embargado por Gony Stephen, para a machina de
seccar café. O Sr. Dr. Raphael Galvão, secretario da
referida secção, requereu que esses papeis fossem de
novo á secção, visto ter ella recebido vários documentos
relativos a essa questão, depois de haver ciado seu pa-
recer, o qual podia ser modificado á vista de taes do-
cumentos. Posto a votos o requerimento foi approvado
e devolvido á secção o parecer e papeis annexos.
Forão approvados sócios effectivos os Srs. Joaquim
José Baptista da Motta, lavrador, residente em Cabo
Frio, por proposta do Sr. Dr. Felippe da Motta e Aze-
vedo Corrêa : Drs. José Leandro de Godoy e Vascon-
cellos, Tito Franco de Almeida e Io tenente da armada
Antônio Luiz Teixeira, por proposta do Sr. Ismael
Torres de Albuquerque; e Antônio Monteiro Barbosa
da Silva, por proposta do Sr. bacharel Pereira Rego.
Nada mais havendo a tratar, o Sr. presidente levan-
tou a sessão ás 7 3/4.

SESSÃO DO CONSELHO ADMINISTRATIVO


EM 16 DE MAIO DE 1864.

Presidência do Sr. Marquez de Abrantes.

A's 6 horas da tarde, achando-se presentes os Srs.


Marquez de Abrantes, Drs. Souza Rego, Matheos da
Cunha, Nascentes Pinto, Vilhena, Ernesto F. dos
— 206

Murmelly,
Santos, Lúcio Brandão, Nicoláo Moreira
Raphael Galvão,
Villnnóva Machado, Lopo Cordeiro o Kubim,
Affonso A. Albuquerque, Ezequiel Azevedo,
Lopes; e os so-
Manoel Paulo, Ismael e Norberto A «njosè de
dos effectivos'Drs. Duque-Estrada TeixeiraCamillde
Saldanha da Gama, Henrique Nascentes, Cândido
Lellis bacharel Pereira Rego, Mello Franco Cordeiro,
MaroonL, Barbosa da Silva, Diogo Dmiz
Rischer, o fei.
Olegario, Moraes Tavares e Frederico
presidente declara aberta a sessão. acta da sessão an-
Foi lida e approvada sem debate a
tecedente.
EXPEDIENTE.
o offi-
Aviso do ministério da agricultura, transmittindo de
cio do director da colônia Blumenau na província
duas amostras de
Santa Catharina, ao qual acompanhão a
algodão plantado naquelle estabelecimento, para que a res-
opinião
sociedade interponha com brevidade sua
peito do contendo do mesmo officio, estado que oppurtuna-
mente será devolvido á secretaria de do dito mi-
nisterio. — A' secção de agricultura. dos tra-
Idem agradecendo a remessa do relatório findo. —
balhos da sociedade durante o anno próximo
Inteirado. . _. ,
Kio dc
Officio do vice-presidente da província do
ecçao de
Janeiro, remettendo um exemplar —da col
leis promulgadas no anno passado. Recebido com
agrado. ,
da D .
Mevis-
Forão recebidos com agrado tres números
re-
ta Gommercial de Santos remettidos pela respectiva
dacção.
ORDEM DO DIA.
da
Forão approvados os tres seguintes pareceres
secção de chimica industrial:
" Joaquim Dias da Cunha, implorou a S. M. o Ini-
para fabricar vinho
perador privilegio por 20 annos,impeno,
tinto de uva do paiz em todo o e nao tendo
de novo
alcançado despacho da primeira vez, implorou
o privilegio a esta corte e a
por cinco annos, limitado
— 207 —

cidade de Nictheroy. Por avisos do ministério da agri-


cultura, commercio e obras publicas de 2 de Janeiro e
27 de Novembro de 1863, forão os papeis de sua pre-
tenção affectos á Sociedade Auxiliadora da Industria
Nacional, e por decisão do conselho administrativo de
3 de Dezembro do mesmo anno, remettidos á secção de
chimica industrial e geologia applicada, acompanhados
de uma amostra do vinho pelo iniplorante fabricado.
" A secção,. por via do nosso consocio o Sr. Dr. Er-
nesto Frederico dos Santos, seu membro, submetteu
á analyse chimica esta amostra, e teve conhecimento
cios resultados que lêm-se no parecer por cópia incluso,
os quaes são expressos como se segue.
11 Pelo alcoometro cent. marca o vinho 16° na tem-
5 por cento
peratura de 29,°5 centig., tendo portanto
de álcool ; é ligeiramente ácido ; é resultado da fer-
mentação alcoólica do sumo da uva, tem cheiro e sabor
e assemelha-se ao
que faz lembrar a uva americana,
vinho de Bordeaux de qualidade inferior. #
" O implorante, é
producto pois, apresentado pelo artificial, e nao
propriamente vinho ; não é composição das
contém corpo algum que possa prejudicar a saúde
pessoas que delle vierem a fazer uso. a ser attendida
" A pretenção porém do privilegio,
favorável, será se-
pelo governo imperial em sentido de muito os
guida de conseqüências que prejudicarão
interesses industriaes do paiz. , .
•'• Em primeiro logar, o implorante pede privilegio
um
para fabricar (e vender naturalmente) e em producto, nada me-
cuio processo de fabricação não inventou letra e
lhorou, achando-se por isso em opposição com a mdus-
espirito da lei que no paiz garante os privilégios vinhos,
triaes Em segundo, a industria do fabrico dos o
estando intimamente ligada á da cultura das vinhas,
implorante nenhum documento junta por onde prove m-
ter vinhedos em extensão a constituírem verdadeira de ca-
dustria, em que acaso tenha empregado somma
ser garantidos,
pitaes cujos juros e amortisação devão implorado,
obrigando a producção com o privilegio por
dahi resultarem proveitosos interesses ao paiz.
— 208 —
" E
quando viesse a realisar-se esta hypothese, a
secção teria de apontar o facto de transcendente ai-
cance, o do apparecimento de producção de vinho em
algumas das nossas provincias do Sul e SO, que de
certo oppõe-se a toda e qualquer concessão desse gênero.
A secção reporta-se aqui ás publicações que ainda ha
pouco fizerão as folhas diárias, de 150 pipas de vinho
de uva, producção deste anno das colônias allemães de
Porto-Alegre, e amostras recentemente enviadas da ci-
dade do Rio-Grande a Sociedade, do fabricado por Ber-
narcío Secco ; e ainda se achão na memória de todos, as
amostras que apparecerão na Exposição Nacional, do
vinho fabricado nas provincias de S. Paulo e Paraná,
onde consta continuar annualmente uma producção ali
consumida.
" Portanto, a secção apoiando-se na conclusão do pa-
recer junto do Sr. Dr. Giacomo Raja Gabaglia, seu
membro e nosso consocio, é contra a pretençâo do im-
plorante, sendo de parecer que a protecçao que os pode-
res de Estado podem sem inconvenientes econômicos
despender actualmente, e talvez por muito tempo, a
esta indusria nascente, é a que se deriva de meios ge-
raes e indirectos estabelecidos no paiz, taes como os di-
reitos de importação e impostos sobre consumo de vi-
nhos importados. Estes meios, acredita a secção, serão
efíicazes para proteger a producção proveniente imme-
diatamente do fabrico, sendo que em relação á cultura
dás vinhas, pensa que se tiraráõ proveitos das publica-
ções opportunas do que lhe é relativo e em pratica nos
paizes de climas análogos aos das provincias onde co-
meça essa industria, e introducção de espécies de videi-
ras idôneas ; reservando os privilégios e outros auxílios
industriaes somente para garantir a invenção ou melho-
ramento dos processos actuaes de fabricação, ou dos
apparelhos geralmente conhecidos.
" Sala das sessões, 2 de Maio de 1864.—Dr. Gabriel
Militão de Villanova Machado, presidente. — Dr. Lu-
cio José da Silva Brandão, secretario. — Dr. Nicoláo
José Moreira. —Ismael Torres de Albuquerque. "
— 209 —
"¦ Não reconhecendo
necessidade de conceder-se pri-
vilegio para fazer vinho de uva, aonde esta é vendida
a 1$500, e pelo menos a 800 rs. a libra. E sabendo
que os vinhos francezes chegão ao nosso mercado muitas
vezes ao preço de 160 rs. a garrafa; me
julgo dis-
pensado de dar voto para um privilegio que só poderá
trazer a ruína de quem o tomar a serio, ou
poderá
autorisar falsificações de bebidas, talvez em detrimento
da saude publica, e sob as denominações
de vinhos nacionaes. Sou contra a concessãopomposas
pedida
pelo Sr. Joaquim Dias da Cunha, que requer o pri-
vilio para fazer vinho de uva.—^. B. Gabaglia, mem-
bro da secção. *¦

" A S. M. o Imperador implorou


Frederic Charles
Wellenkamp privilegio por 5 annos para introduzir no
paiz o uso e fabrico de combustível que se denominará
econômico, cuja composição elie conhece; declarando
que tal é a convicção que tem da sua reconhecida uti-
lidade que_ não duvidará submettel-o a exame, não re-
ceiando o juizo de commissão que o governo nomear
para isso; e accrescenta que não duvidaria revelara
composição e processos do fabrico, frueto de sérios es-
tudos, se a sua precária situação não se oppozesse a essa
sua intenção. Os papeis vierão remettidos á Sociedade
Auxiliadora da Industria Nacional, por aviso do minis-
terio do Império de 20 de Junho de 1860, e em virtude
de differentes decisões do conselho administrativo forão
affectos á secção de chimica industrial e geologia appli-
cada, sendo a ultima a que tomou em sessão de Io de
Janeiro do corrente anno.
" Varias são as
qualidades desse combustível no-
tavel, relatados pelo implorante e das quaes a secção
tem a honra de apresental-as á consideração do conse-
lho na synopsis que passa a fazer.
" Pôde ser inflammado em
poucos momentos sem
embargo da humidade, que retarda a combustão e di-
minue o poder calorifero dos combustíveis conhecidos e
empregados quer pela industria, quer nos usos domes-
Auxil. Junho 1864. 27
— 210 —

ticos, produz forte calor, sem que dê-se fumo prejudi-


ciai á saude, nem cheiro incommodo. São estas as pro-
priedades physicas.
" As industriàes, são definidas pela abundância e
entrão na com-
pequeno valor das matérias primas que
facilidade e pequeno
posição e existentes no paiz; pela
custo do fabrico.
" As economias, são o módico preço porque poderá
ser offerecido nos mercados, proporcionando-se. o seu
uso até ás classes populares, ou de pequenos haveres,
tornar-se em ms-
podendo, portanto, esse combustívele sociaes. Eis,
trumento de economias domesticas pois,
as qualidades que caracterisão o combustível econo-
mico.
" A secção comquanto tenha em subido apreço tão
importante combustível, ignora, comtudo, qual seja a
sua natureza e composição. Será elle o resultado da
mistura em doses proporcionadas dos combustíveis mi-
neralogicos fosseis ou contemporâneos, ou de productos
ou resíduos da distillação de alguns delles ? Será a ser-
radura de madeira um dos cordponentes? Pôde ser;
mas estas observações não passão de conjecturas, que,
como taes, não podem firmar juízos.
" Entretanto os illustres consocios Drs. Guilherme
Such de Capanema e Giacomo Raja Gabaglia, ex-pre-
sidente e ex-secretario da secção que ora tem a honra
de se dirigir ao conselho, esboçarão pareceres a respeito
do Dr. Gabaglia
que se achão appensos, não deferindo o
senão em um pequeno addendo, declarando o Sr.^ Dr.
Capanema — não poder dar parecer sobre o objecto,
por apenas o implorante apregoar as vantagens, po-
mostrar o
dendo só a commissão a que elle se presta
seu combastirel, emittir juizo e declarar se o privilegio
implorado deverá ser concedido pelos cinco annos, con-
tados dopraso rasoavel enão do dia em que fabricar
a primeira porção como requer.
" A secção conformando-se com este parecer, tem a
honra de o submetter á approvação do conselho.
" Sala das sessões, 2 de Maio de 1864.—Dr. Gabriel
— 211 —

Militão de Villa-Nova Machado, presidente.—Dr. Lu-


cio José da Silva Brandão, secretario.— Dr. Nicoláo
J. Moreira.— Ismael Torres d'Albuquerque, vencido
"
quanto a concessão do privilegio.
" Não se
pôde dar parecer sobre o objecto, porquá
o supplicante apenas apregoa suas vantagens, está
porém prompto a mostral-as a umã commissão; só
essa podefá emittir um jnizo, e declarar se o privi-
legio poderá ser concedido pelos cinco annos, come-
çando a contar de um prazo razoável, porém não
do dia em que elle fabricar a primeira porção, como
requer.—Guilherme S. de Oapanema. "
cí Concordo com o
parecer do Sr. Dr. Capanema ;
e attenta á importância do objecto para todas as classes
menos abastadas, além de muitas industrias, proponho
que se promova a acquisição de documentos officiaes
sobre os resultados, por ventura obtidos nas experien-
cias que o peticionario já tenha feito no espaço decor-
rido depois do requerimento em questão.—67. É. Gaba-
"
glia.
11 Por decisões do conselho administrativo da so-
ciedade, de 17 de Dezembro de 1862, 2 e 15 de Fe-
vereiro de 1864, forão remettidas á secção de chimica
industrial e geologia applicada, os papeis relativos á
pretenção de Antônio Pinheiro de Aguiar, solicitando
do governo imperial privilegio ou auxílios do estado
na forma da lei ou precedentes, para levar á maior,
perfeição o fabrico de vinho de laranja, de que apresen-
tou em occassiões differentes varias amostras.
" O
peticionario fundamenta a sua petição em attes-
tações que possue de pessoas proficionaes e scientificas
(que não juntou) e no prêmio que obteve na exposição
nacional com a medalha de cobre, conferida pelo res-
pectivojury.
" Contra taes allegações tem a oppor a secção pri-
meiramente o parecer do Sr. Dr. Guilherme S. de Ca-
panema, que examinou as primeiras e segundas amos-
— 212 —
erao
trás apresentadas pelo peticionano, declarando que elle
estas inferiores ás que primitivamente submetteu do
á exame da sociedade, por isso que resentião-se em
máo gosto devido a produetos de fermentação; dastei-
segundo logar, os resultados da analyse feitado minis-
cearas amostras que acompanharão o aviso de
terio de agricultura, commercio e obras publicas, o
10 de Janeiro do corrente anno, e á qual procedeu
Ernesto
nosso consocio e membro da secção o Sr. Dr. in-
Frederico dos Santos, e consta do seu parecer
cluso.
" Vê-se desta analyse que o pretendido vinho é an-
da
tes licor de laranja pela ausência dos caracteres ma-
fermentação vinhosa, parecendo ser o resultado da assu-
ceração da casquinha dessa frueta em álcool Zb
carado, dando reacção ligeiramente ácida; tendo
cartier na temperatura de 31°. centígrados: contendo
eva-
85 por cento de força alcoólica, e deixando pela
de resíduo saccharino.
poração grande quantidade
" E' evidente que estes resultados desapoião a pre-
tenção do peticionario; e quando mesmo elle viesse
a soecorrer-se do prêmio que lhe foi concedido na- em
Airtude das amostras apresentadas na exposição
cional, teria ainda contra si as reclamações inclusas
de João Lessa e Manoel José de Souza Vieira, que
lhe contestão a descoberta do processo da fabrica-
o^ ultimo que
ção do vinho da laranja, certificandoo vice-almirante
ha talvez mais de 20 annos, que
Beaurepaire fabricava já o mesmo vinho, cedendo-lhe
a receita um herdeiro deste.
" Portanto a secção conclue negando o privilegio
e favores solicitados pelo pretendente, sendo de pa-
reecer que esses auxílios só deverão ser concedidos
a um ramo de
quando não prejudiquem e embarassem
industria já estabelecido e explorado no paiz.
" Sala das sessões, 2 de Maio de 1864.—Dr. Gabriel
Militão de Villanova Machado, presidente.—Dr-
Lúcio José da Silva Brandão, secretario.—Dr. Nico-"
láo José Moreira—Ismael Torres de Albuquerque.
— 213 —
" As amostras
que me forão remettidas desse vinho
são inferiores ao que foi apresentado á Sociedade Au-
xiliadora primitivamente, ellas contém bastante ácido
e máo gosto de producto da formentação ; não passei
á analyse attendendo á essas qualidades. Será conve-
niente que o inventor se cinja ao primeiro producto
que foi uma" bebida agradável.—Guilherme S. de
Capanema.
" Não tive oceasião de ver nenhuma das duas quali-
dades de vinho acima mencionadas; mas, para dar
andamento ao parecer o apsigno louvando-me " na opi-
nião do Sr. Dr. Capanema.—G. R. Gabaglia.
" Em officio de 7 de Janeiro deste anno do Io secre-
tario geral desta sociedade, foi remettido á- secção de
melhoramento das raças animaes, uma proposta do Sr.
brigadeiro Dr. Burlamaqui, a qual foi approvada pelo
conselho e tem por fim convidar esta secção para for-
mular instrucções circumstanciadas sobre os assumptos
de sua competência e dar parecer e opinião motivada
sobre os seguintes pontos :
" 1.° Se convém melhorar simultaneamente todas
as raças de animaes domésticos do paiz, ou se alguma
ou algumas dellas em primeiro logar, e quaes.
" 2." Quaes devem ser os meios práticos de realisar
o melhoramento simultâneo ou parcial dessas raças.
" 3.° Que despezas se devem fazer em um ou outro
caso, e por conta de quem se-fará essas despezas.
" 4.° Qual dos inethodos conhecidos para o melhora-
mento das raças dos animaes domésticos é preferível e
applicavel ás circumstancias do paiz.
" Foi a
proposta em questão submettida ao estudo
da secção, e é ella de parecer:
" Que
quanto as instrucções circumstanciadas sobre
os assumptos de sua competência, está ella prompta
a apresental-os na parte especial que o conselho deter-
minar, não podendo a secção fazer em geral essas ins-
trucções por .ser isso em pura perda de tçmpo e de tra-
balho pelo vago do pedido e por abranger elle tantas e
— 214 —

tão variadas especialidades quantas são os ramos da


secção. . i
i sobre
" Respeito ao parecer e opinião motivada os
ao systema e
quatro quesitos, acha-se elle subordinado no emtanto a
plano que fôr adoptado pela sociedade, opinião e o faz
secção não se exime de emittir a sua
affirmativa-
quanto ao primeiro quesito, respondendo
mente, quer sobre a primeira, quer sobre a segunda
dos recursos
parte, dependendo a escolha unicamente fim, mas resol-
que a sociedade poder destinar para esse
vido á preferencia pela segunda parte, é nesse caso a
secção de opinião que as raças de animaes que servem
de especial
para alimentação da população são credoras
cuidado, não só desta sociedade como do governo geral
e mais particularmente dos governos provinciaes. ^
" Ao segundo quesito, quanto ao meio de realisar o
melhoramento, quer simultâneo, quer parcial, a secção
em these adopta as considerações geraes, as quaes estão
hoje acceitas como principies fixos para o melhora-
mento de todas as raças de animaes domésticos e já se
achão impressas no manual cio tratamento dos porcos,
impresso por ordem desta sociedade.
" Além desses
principios, outros existem que se não
devem perder de vista, e taes são: a perfeita confor-
inação do animal; pouca differença entre as formas e o
temperamento dos dous animaes; um ponto impor-
tante é substituir, para a propagação cie tempos a tem-
pos, um macho de outra raça do que aquella que seé
quer melhorada, afim de impedir a degeneração. Este
o segredo dos criadores ingiezes que tanto prinião na
criação dos animaes domésticos.
"' Para a realisação do meio pratico apresenta a secção
dous expedientes : Io, o da fundação de um grande es-
tabelecimento por conta da sociedade e por ella costeado
e dirigido para o fim proposto ; 2<>, ceder sobre condi-
ções a particulares os animaes typos, cuja raça se tentar
melhorar; mas a secção não pode deixar de observar
quanto a este ultimo expediente que pouca confiança
elle offerece, .porque difficilmente os particulares pres-
taráõ sua attenção pata os sérios cuidados e esforços
— 215 —

que reclamão este objecto, afim de que se não malogre


o aperfeiçoamento desejado.
" A sessão condemnaudo o segundo expediente aceita
o primeiro e julga de seu rigoroso dever demorar-se um
pouco a este respeito por julgar necessário aventar uma
idéa que estudada e praticada pôde trazer resultados
benéficos.
Quando a sociedade em seus estatutos criou a secção
de melhoramento das raças animaes, parece que teve em
vista os mesmos fins da sociedade zoológica de acclima-
ção, fundada em Paris, os quaes consistem não só na
introducção e acclimação de animaes úteis e expticos,
como no aperfeiçoamento e multiplicação das raças de
animaes indígenas, ora essa sociedade emquanto não
teve um terreno próprio confiou os animaes que lhe per-
tencião ao cuidado de seus sócios. Se a Sociedade Au-
xiliadora com a criação desta secção teve em vista os
mesmos fins, deve como aquella outra, fazer a acquisição
de um terreno destinado para a criação, vulgarisação e
aperfeiçoamento de raças de animaes domésticos ; está
convencida a secção que este seria o meio mais profícuo
de chegar aos fins a que se propoz a Sociedade Auxilia-
dora, e que esse estabelecimento bem dirigido, longe de
figurar no orçamento como uma verba de despeza, daria
pelo contrario, uma boa receita com a venda de seus
produetos. O capital que a sociedade tem hoje empre-
gado em apólices da divida publica, e que apenas lhe
dá uma renda de 6 %, seria sufficiente para a compra
do terreno e fundação de um #semelhante estabeleci-
mento, e essa applicaçãc do capital daria um lucro
maior do que actualmente resulta dos juros das apo-
lices; ainda um outro alvitre, quando a sociedade não
queira tocar nesse seu patrimônio, poderia com a hypo-
theca delle, levantar um empréstimo com juro fixo em
qualquer banco, ou dividir esse empréstimo em acções
com obrigação da parte da sociedade de o resgatar den-
tro de um certo e determinado praso; de qualquer
destes tres alvitres que a sociedade lance mão, prehen-
cheria perfeitamente a sua missão e teria em pouco
tempo um bello estabelecimento seu, desonerado o seu
216

e creado mais uma verba de


patrimônio da hypotheca; últimos ai-
receita. A secção acceita qualquer dos dous
vitres.
« O terceiro quesito parece á secção que não admitte
de raça typo
contestação ; se a importação de animaes socie-
fôr destinada para estabelecimento fundado pela conta
dade, é claro que toda a despeza deve correr pordos so;
delia se esses animaes forem confiados a alguns devera
cios sob sua guarda e vigilância, ainda assim animaes
os
correr por conta da sociedade ; se, porém, ou nao en-
forem entregues a particulares, precedendo
commenda, o seu custo deve ser por estes indemnisados,
as despezas
correndo por conta da sociedade unicamente etc, etc.
eventuaes provenientes de morte em viagem,
" O quarto e ultimo quesito versa sobre qual dos
raças de
methodos conhecidos para o melhoramento das as cir-
animaes domésticos, é preferível e applicayel cabe
cumstancias do paiz. Pensa a secção, que so lhe vezes
indicar a continuação daquelle que já por tres
foi tentado pela sociedade, já aconselhando ao governo
fazendo
a importação de animaes de raça typo, ja
a sociedade por sua conta a importação e cedendo
os animaes pelo custo de quem os quizer propa-
sortirá o desejado
gar Mas qualquer desses dous meioscondemna em
effeito ? A secção pensa que não, e geral
a importação feita directamente pelo governo, porquanto
ainda está fresca na memória de todos, as duas ultimas
ca-
jtentativas quasi de todo mallogradas, uma com os
mellos e outra com os cavallos.
" Também a secção não ap prova o modo porque a so-
ser
ciedade iniciou a introducçâo dos porcos: outro deve
o meio, e o melhor a aconselhar é o de uma expedição
com o fim especial de nos trazer animaes, plantas e se-
en-
mentes, sob a vigilância de um homem entendido
carregado deste objecto e responsável pelo seu êxito;
este parece á secção ser o meio que poderá surtir effeito:
e a exactidão dessa verdade já vio confirmada a socie-
ilhas
dade quando aconselhou e dirigio a expedição ás
da Eeunião.
— 217 —
" São estas as considerações
que a secção traz ao
vosso conhecimento, em satisfação ao que por vós foi
exigido.
" Sala das sessões, em 16 de Maio de 1864. —-O
pre-
sidente, Joaquim Antônio de Azevedo.—Norberto Au-
"
gusto Lopes.
Forão lidos e ficarão sobre a mesa para serem dis-
cutidos na próxima sessão os seguintes pareceres :
Da secção de industria fabril, sobre a fabrica de cal
de mariscos, estabelecida na Ilha de Paquetá e perten-
cente a Antônio Pedro de Medeiros.
Dá secção de melhoramento das raças animaes, sobre
a proposta do Dr. Burlamaqui para que se formulem
instrucções circumstanciadas sobre alguns pontos rela-
tivos ao melhoramento das mesmas raças.
Da secção de machinas e apparelhos sebre os carros
suspensos, inventados por Camillo de Lellis e Silva, e
destinados ao transporte das carnes verdes do mata-
douro publico para os diíferentes pontos da cidade.
Forão approvados sócios effectivos os Srs. José Bor-
ges Ribeiro da Costa, por propos*ta do Sr. Dr. Er-
nesto Frederico dos Santos; Drs. José Rodrigues de
Lima Duarte e Paulo José Pereira, por proposta do
Sr. Dr. Nascentes Pinto; Dr. João José Barboza de
Oliveira, por proposta do Sr. Ismael; capitão Antônio
da Silveira Vargas, fazendeiro, residente no município
de Valença, por proposta do Sr. Dr. Capanema; e sócio
correspondente o Sr. Francisco Ignacio Xavier de Assis
Moura, fazendeiro, residente em Taubatsé, provincia
de S. Paulo, por proposta do Sr. bacharel Pereira
Rego.
Nada mais havendo a tratar-se o Sr. presidente le-
vantou a sessão.

Auxil. Junho 1854. 28


— 218 —

SESSÃ0 DO
^ONSF^ADMI^TRATIVO
Abrantes.
Presidência do Sr. Marquez de

. A's6 horas da tarde, achando-seRegopresentes os Srs.


Burlamaqui,
M-rquez de Abrantes, Drs. SouzaNicoláo More.™ Nas-
Lu rCdão, José' RufinoMatheus da Cunha Villa-
centes Pinto, Souto Maior,
dos Santos ê Raphael
nova Machado, Ernesto F. Lopes, Affonso
Galvão Azevedo, Ismael, Norberto Galvão Júnior
Duarte
de A Albuquerque, Colin, J. e os sócios effectivos
J M Pereira e Miguel Galvão; J. P. das Neves,
Drs Duque-Estrada Teixeira e Carlos Antão e Ama-
Pereira Bastos, Rischer, Lelis, Coelho
declara aberta a
rante da Cunha, o Sr. presidente
sessão. acta da sessão
Foi' lida e approvada, sem debate, a
antecedente.
EXPEDIENTE.

agradecendo a
Aviso do ministério da agricultura, de estado
remessa feita pela sociedade á secretaria sêmen-
do dito ministério, de duas barricas contendo
tes de aveia e cevada.—Inteirado. Manoel
Idem transmittindo o requerimento em que
na província do
Marques das Neves Lobo, negociante trinta annos,
Rio Grande do Sul, pede privilegio por do sal
para a formação de salinas e exploração o littoral da
que
dita
for extrahido das águas que banhão
a sociedade o informe com seu
provincia, afim de quede chimica.
parecer.—A' secção
remet-
Officio do presidente da provincia do Ceará, Fran-
coronel
tendo cópia do officio que lhe dirigio o se jul-
cisco Fidelis Barrozo, afim de que a sociedade,
o-ar conveniente, solicite do governo imperial os recursos
no referido officio.—A' secção de
pecuniários pedidos raças animaes.
melhoramentos das ..,,,. Minas
Officio do vice-presidente da província de
— 219 —

Geraes, acompanhado de clous exem plares do relatório


com que o ex-presidente passou-lhe a administração
da provincia, no dia 2 de Abril ultimo.—Recebidos
com agrado.
Officio do presidente da provincia do Pará, remet-
tendo um exemplar dos annexos ao relatório com que
foi installada a 3.a sessão ordinária da 13.a legislatura
da assemblea provincial—Recebido com agrado.
Officio do Sr. Joaquim José Baptista da Motta, cie
Cabo Frio, agradecendo a sua admissão como sócio
effectivo.—Inteirado.
Forão exhibidas diversas amostras de fibras vegetaes
existentes nos sertões do Rio Doce, provincia de Minas
Geraes, e offerecidas á sociedade pelo Sr. Dr. Domin-
e obten-
gos Martins Guerra, que, achando-se presente a descober-
do a palavra, communicou ao conselho que
ta dessas fibras era devida a um indivíduo residente
na dita provincia, o qual suppõe elle que nenhuma
duvida terá em declarar, mediante algum donativo
as produzem; que
pecuniário, quaes os vegetaes que esta as mandasse
elle as trazia á sociedade para que
examinar ou as enviasse para a Europa, afim de lá se
e ao mesmo
proceder a nm exame mais completo ; indagar
tempo pedia que a sociedade procurasse quaes
os instrumentos e processo empregados na Europa
as referidas fibras.
para extrahir com mais facilidade
—Deliberou-se que se enviassem essas fibras á secçao
de industria fabril para examinar a sua natureza e
interpor parecer sobre o mais que cumpre á socie-
dade fazer em deferencia ao requerimento do dito
Sr. doutor.
òrpem PO PIA.

Foi approvado o seguinte parecer da secçao de


industria fabril: .
" Foi á secçao de industria fabril o oflicio
presente
do ministério do império de 22 de Dezembro do anno
Auxiliadora
próximo passado, exigindo da Sociedade mariscos, es-
informações sobre a fabrica de cal de
— 220 —

tabelecida na Ilha de Paquetá, por Antônio Pedro de


Medeiros, e de sua propriedade.
" A' secção, depois das minuciosas pesquizas a que
procedeu, chegou ao conhecimento do seguinte:
" O capital deste estabelecimento é 60:000|000,
os operários são de numero de 26, e destes são es-
cravos 22, e livres 4 de nação portugueza; possue a
fabrica as seguintes acommodaçãoes: tres armazéns,
contendo o primeiro 10 fornos destinados para calei-
nação da casca do marisco e fabrico da cal, o se-
finalmente o
gundo servindo de deposito da cal, e de madeiras
terceiro também servindo de deposito
e de utensis; ha um commodo para dormitório dos
operários livres, e um outro para o dos escravos; ha
uma sala com uma machina de vapor que faz tra-
balhar um ventilador distinado á alimentar a corren-
teza de ar nos fornos, e assim activando a calei-
nação.
"
Queima essa fabrica annualmente cerca de 800
moios de cascas de mariscos, 200 toneladas de carvão,
e alguma lenha em pequena quantidade; a cal an-
nualmente produzida regula 1,500 moios.
" No terreno em que se acha assentado, oecupa este
estabelecimento uma frente de 33 1/2 braças, e uni
cães de pedra lhe dá fácil desembarque; ha final-
mente poços com boa água, sendo um destes ap-
plicado á alimentação das caldeiras da machina de
vapor.
" E' o
que á secção cabe informar.
" Rio de Janeiro 13 de Maio de 1864.—Bernardo
Augusto Nascentes de Azambuja.—Dr. Manoel Ignacio
"
de Andrade Souto Maior.
Passando-se á discussão do parecer da secção de
melhoramento das raças animaes sobre a proposta do
Sr. Dr- Burlamaqui para que se formulem instrucções
circumstanciadas sobre alguns pontos relativos ao me-
lhoramento das mesmas raças, o Sr. Dr. Burlamaqui
requereu que a discussão fosse adiada até a publicação
do parecer, no periódico da sociedade, afim de ser me-
lhor estudado, e que depois de impresso se designasse
— 221 —

dia para ser discutido.—O requerimento foi approvado


sem debate.
Entra em discussão o seguinte parecer da secção
de machinas e apparelhos:
« 0 Sr. secretario
geral da Sociedade Auxiliadora se
dignou por officio de 9 do corrente, devolver á secção de
machinas e apparelhos, o requerimento e mais papeis
relativos ao privilegio pedido pelo Sr.' 1° tenente Ca-
millo cie Lelis da Silva para os carros de transporte das
carnes verdes, com os documentos apresentados pelo
Sr. Luiz Dordan protestando contra o privilegio que
pede aquelle senhor, assim como o parecer emittido pela
secção de machinas e apparelhos de 12 de Dezembro do
anno passado, para que a secção reconsidere a matéria
á vista dos novos documentos exhibidos por Dordan.
" Julgando cio seu rigoroso dever adiar a leitura do
seu citado parecer para a primeira sessão do conselho
que tivesse logar no corrente mez, aguardando os dese-
nhos e documentos que devião vir de França, como im-
petrára o referido Dordan no seu requerimento annexo
de 14 de Janeiro do corrente anno, considerando de
mais indispensável a apresentação de taes_ desenhos,
para comparal-os com o apresentado por Lelis da Silva,
em ordem a poder-se formar uma opinião segura a res-
peito da cópia alludida por Dordan; considerando ainda
que a apresentação cia publica-fórma de uma carta di-
rígida á Dordan, pelo fabricante dos carros já conheci-
dos nesta cidade com o titulo de factagem, não seria a
prova real de que aquelies carros são em tudo iguaes
aos imaginados por Lelis da Silva para o transporte das
carnes verdes ; passa a secção a offerecer á consideração
do conselho as razões em que fundamentou o parecer
de 12 de Janeiro, as quaes de novo reitera e sugeita á
deliberação do mesmo conselho.
« Nestes últimos, tempos a mecânica não tem ope-
rado na induslria especial da construcção de carros de
transporte, modificação alguma notável que importe em
uma invenção, excepto no que diz respeito ao aperfei-
aos
çoamento dos processos para dar maior resistência
— 222 —

«.teria» empregados nas ™nstrucções ; este facto in-


nao tenhão lealisaao
dustrial porém, não prova que seás
nôS melhoramentos quanto proporçoes adopta-
como hm de
das entre as differentes partes dos carros
teaiorcapacidade ma
Wmal-os mais leves, co§ muito
esforço de tracçao e
portáteis, com menor certos e determinados f^f^ fins a que
mais commodos para
sendo preenchidas,
So deSnados. Estas condições, do
revelão um passo dado no cam.nho a suaP™£*«°- opinião nas se
" Assim, pois, resume a secção
gnintes conclusõe^: ^ ^ & ^ ^ ^ 5e
as condições
mendão porque satisfazem vantajosamente como fim especial
acima enunciadas, além de que tem hoje menosprezada
até
prover uma necessidade publica de uma cidade
com grave detrimento para a hygiene
tão populosa como a do Eio de Janeiro.
«2? Que o desenho apresentado em papel vegetal
não foi copiado pelo Sr. Ballanm,
por Lelis da Silva,
C°™3a.U
Lelis da Silva está no
QueDa°Fotenção do Sr.
caso de ser attendida pelo governo imperial.
« Sala das sessões da sociedade Auxiliadora da In-
1864.-Dr^-
dustria Nacional, em 14 de Maio de
BaphaelArchanjo
gusto Dias Carneiro, presidente.- José do Rosário.
Galvão Filho, secretario.— Carlos
" Concordo in limine com o parecer supra, porquanto
nenhum dos dous suppostos documentos apresentados
sua unica pater-
por Dordan. no intuito de provar a das carnes
nidade no invento dos carros de transporte da corte,
verdes do matadouro publico para o mercado
nutro de
me fazem demover da opinião que ha muito
e somente a elle, deve-
que a Camillo de Lelis e Silva, Josc
mos o importante melhoramento em questão.—
Arthur de Murinelli.
tomarão
Depois de uma longa discussão, na qual Eaphael
Teixeira,
parte os Srs. Drs. Duque-Estrada de Lihs e Duarte
¦Galvão e Nicoláo Moreira, Camillo
— 223

Galvão. foi approvado o parecer, sendo regeitado o


requerimento em que o Sr. Dr. Duque-Estrada Tei-
xeira pedia á dita secção que, reconsiderando o parecer
de novo, declarando
que apresentou, o formulasse
se os carros a que se refere o peticionano, são de sua
invenção, ou em tudo iguaes ou semelhante aos carros
francezes: (camions) ultimamente introduzidos nesta
corte, com uma simples modificação para a suspensão
Ar*' CÊtrnc
Forão lidos e ficarão sobre a mesa para serem dis-
cutidos na próxima sessão os seguintes pareceres:
Da secção de industria fabril, sobre a fabrica de
chapéos, estabelecida á rua de S. Pedro n. 52, e
& C. #
pertencente a Costa Braga o ofíicio do conde
Da secção de agricultura, sobre
de Ia Hure, acompanhado de uma amostra de algo-
dão de longa seda por elle plantado em terras da
colônia de D. Fiancisca, em Santa Cathanna.—Os
Srs Affonsode Albuquerque e Dr. Burlamaqui logo pro-
este entrasse
puzerão urgência para que parecer
em discussão: porém o Si. presidente declarou que, a
vista da resolução tomada pelo conselho em uma das re-
sessões passadas, não submettia á votação esse
ficava sobre a mesa para
querimento, e que o parecersessão.
ser discutido na seguinte
Forão approvados sócios effectivos os Srs. Dr. Bento
Firmmo
Maria da Costa, proposto pelo Sr. Dr. José
Vellez- Dr Antônio Pereira Pinto Júnior, proposto
commendador Ma-
pelo Sr Ismael T. de Albuquerque;
noel Antônio Airosa e Antônio Manoel Airosa, propôs-
tos pelo Sr commendador José Duarte Galvão Júnior;
José Rufino Rodrigues de Vasconcellos, proposto pelo
Francisco
Sr. capitão Virginius A. de Brito; e Dr.
tenente-
Leocadio de Figueiredo, proposto pelo Sr.
coronel Norberto A. Lopes.
Nada mais havendo a tratar, o Sr. presiduete
levantou a sessão.
— 224 —

ÀíiRHmTiJM.
MINERA-
DAS NECESSIDADES DAS PLANTAS.-AZOTISTAS,
LISTAS, ECLECTICOS.

de que mais necessitão as


Quaes são as substancias
PlBste em duas
questão dividio o mundo agronômico
em grande parte
seitas ou escolas; uma terceira adopta
as doutrinas das duas primeiras. e o ar
A seita dos azotistas, pensa que o ammoniaco
exigências da
atmospherico podem satisfazer a todas as
vegetação. .. de toda ,
dos mineralistas, considera como a
A seita todas as
necessidade, o concurso simultâneo do ar e de dos
nas cinzas
substancias inorgânicas que se encontrão
vegetaes. ... -•
Os eclecticos, adoptando os princípios e as conclu-
soes dos azotistas, e em parte os dos mmeralistas, que-
rem que os phosphatos e os alcalis representem um papel
essencial na vegetação.
Para os azotistas o ammoniaco e os saes ammonia-
cães são o alpha e o omega da vegetação. Qualquer que
seja a origem dos estrumes, elles só operão em virtude de
do ammoniaco que contém ou que são susceptíveis
domicilio, uni
produzir Para elles, a terra é apenas um de
sustentaculo das plantas; sua fertilidade depende
sua constituição physica, da quantidade de ammoniaco
lhe fornece o culti-
que traz as chuvas ou daquella que são os azotistas
vador. Poucos, ou quasi nenhuns, que
dão valor aos principios_ mineraes; alguns apenas lhes
concedem uma acção estimulante.
Pelo contrario, os miner alistas acreditão necessária
ou antes indispensável á vegetação, todas as matérias
mineraes que encerra a planta, e suppõe que o azoto
faz parte de alguns princípios immediatos das plantas,
como devido ao ammoniaco da atmosphera, que, por
ess-e eterno e incessante giro do ar na terra, e desta parae
a atmosphera, ajudada por propriedades especiaes, e
sustentado por um circulo perpetuo de producções
— 225

decomposições ordenadas e reguladas pela admirável


lei da natureza, seria sufficiente para satisfazer as ne-
cessidades das plantas. A acção fertilisadora dosestru-
mes animaes, resulta da presença das substancias mi-
neraes que elle encerra, e seu valor venal e agrícola
depende de sua qualidade e exacta distribuição. Conse-
estrumes poucos mi-
quentemente, na composição dos
neralistas se preoccupão com o ammoniaco, porquanto
elles não concedem a este corpo, senão uma acçaosecun-
daria, que facilita ás plantas a absorpção das matérias
mineraes. t , um
Para os mineralistas, a terra não e unicamente
domicilio, um sustentaculo das plantas; além disto, as
ella é o reservatório completo que deve satisfazer tempo
suas necessidades physicas, e fornecer-lhe, em um as
dado, as substancias fixas de nutrição necessárias
da terra
suas funeções e desenvolvimento. A fertilidade mineraes
está em razão directa da massa de matérias na razão
nutritivas que contém, e o seu empobrecimentoas
da qualidade e da quantidade que ella cede plantas
cultivadas e colhidas. nos
Os eclecticos são uma emanação dos azotistas, mais elles
quaes seguem os princípios fundamentaes;
dão grande importância á acção dos phosphatos, que
cellulose
á formação da
considerão como necessários como
das plantas, considerando-os consequentemente
indispensáveis ao desenvolvimento dellas. .
atheoria
Nenhum até hoje tem adoptado in totum a Liebig de
dos mineralistas, # ou para melhor dizer,
seus raros sectários. dos factos
Não tenho a intenção de verificar o valor das seitas
e dos raciocínios emittidos pelos campeões nenhum tem
oppostas; mas cumpre confessar que suas theorías,
defendido melhor, nem com mais brilho as
como o illustre Liebig. e con-
A experiência somente não pode resolver importante
verter em uma verdade fundamental o Parece
mas sempre insoluvel problema da vegetação
leis que regulao as relaçoe
porém que, estudando vegetaes, obter dados
que ligão os animaes aos podemos
Auxil. Junho 1854.
— 226 —

e argumentos, por meio dos quaes temos probabili-


dades de conhecer as verdadeiras e reaes necessidades
da vegetação das plantas.
A chimica applicada á phisiologia animal nos ensina
estão mui
que os phosphatos terrosos e alcalinos
descriminados no organismo dos animaes, pois que as
cinzas de todos os seus compostos sólidos, assim
como as dos diversos humores, contém quantidades
consideráveis, e porque a parte mineral dos ossos
e dos dentes são quasi exclusivamente de phosphatos
de cal. Todos os tecidos organisados, contem phosphatos
e ácido phoshorico livre: o cérebro, a medulla es-
ácido e gly-
pinhal e os nervos encerrão esse mesmo
cerina. Todas as substancias albuminoides encerrão,
além de phosphatos, uma quantidade determinada
de enxofre, no estado de sulfato de soda ou de potassa,
nos produetos da nutrição. Os chloruretos alcalinos
não são menos abundantes; a analyse os encontra nas
cinzas de todos os líquidos e sólidos animaes; as
matérias incombustiveis do sangue contém mais àe
metade de seu peso, e no sueco gástrico predomina
o ácido chlorhydrico.
Todas estas substancias fazem simultaneamente parte
dos glóbulos vermelhos do sangue que, pelas ana-
lyses de Schmidt, são compostos de
Agoa 688
Matérias fixas 312
1000
As substancias fixas se compõem de
Hematosina 16,75
G-lobulina e envoltórios. . . . 282,22
Corpos gordos 2,51
Substancias extractivas ... 2,60
Matérias mineraes 8,12

312,00
As 8,12 partes de matérias mine-
raes constão de chloro . . . 1,686
Ácido phosphorico 1,134
— 227 —

Dito sulfurico 0,066


Potassa 3,328
Soda 1-052
Oxigeneo a ii!
Phosphato de cal 0,114
Dito de magnesia . . s. . 0,075
8,120
de
A hematosina contem 6,93 de ferro e vestigios
magnesia. . • í
No estado actual da sciencia, não é ainda possível
tomao as
estabelecer com precisão aparte relativa que
substancias inorgânicas do sangue nas funeções parti-
culares do organismo; todavia está suficientementee
demonstrado por grande numero de experiências,suas
nas
pelas interessante investigações de Liebig,substancias,
Novas Cartas sobre a chimica, que essas **_
inorgânicas são reaes e indispensáveis agentes.
A digestão, a absorpção, a hematose, a producção
do calor animal, a assimilação e a nutrição nao podem
operar-se sem seu concurso. ^ um
O sal marinho é, senão o principal, ao menosmeio
dos agentes da digestão, a qual se activa por no
chlorhydrico e da soda, que se achão, o primeiro
sueco gástrico, a segunda no sacco pancreatico. e
A Ibsorpção da pepsina se faz por endosmose,
e talvez,
ella mesma é determinada pela alcalli livre,
pelo sal marinho que o sangue sontem. estão ligados
A constituição e a accão do sangue
de uma maneira insdispensavel, á uma certa quanti- em
dade de alcali livre, potassa, ou soda, que conservao
dissolução a albumina e a febrinia, com o concurso carbo-
das matérias extractivas, e talvez ainda do ácido
" e de
nico, cal, da magnesia, dos oxidos de ferro
manganez. . _
O papel que representão as substancias orgameas
em presença dos alcalis, sobre tudo o ácido alcalinos
gallico,
e o dos malatos, os citratos e os tartratos
mauz
tão abundantemente espalhados nas plantas,
a sustentar com grande fundamento, que a combustão
— 228 —
se-
dos alimentos da respiração, resultantes de sua
da nutrição,nao pode-
paração dos elementos plásticos
ria effectuar-se sem uma forte acção alcalma do fluido
ao qual se opera.
A analyse das cinzas da carne lavada do cavallo
e do boi, do cérebro, da gemma de ovo e de tantas ou-
trás matérias orgânicas, demonstrão a presença de phos-
uma quantidade, mais
phatos alcalinos e terrosos, e de
ou menos considerável, de ácido phosphonco livre.
Todas estas analyses não podem deixar nenhunia du-
a parte essencial que o ácido phosphonco
vida sobre "no
livre toma trabalho d'assimilação das substancias
corroborada pela
plásticas; esta supposfção é ainda eo amdo phos-
propriedade que possuem os phosphatos e a coseina com-
phorico de formar com a álbum ina alcalinos.
postos insoluveis na água e nos líquidosHeller, Breed e
Resulta das analyses de Weber,
Polek, feitas sobre as cinzas lavadas das carnes de ca-
vallo e de boi, e sobre as cinzas de miolos de boi e gem-
ma d'ovo, os seguintes dados:
C.decav. C. de boi. Miolos. G.(Povo.
Acído pbosphorico livre . . 2,63 17,23 16,57 36,74
Pbospbatos alcalinos . . . 80,96 48,06 74,41 27,25
Phospbatos terrosos . . . 16,42 26,26 9,02 34,70

Quaes são os meios, empregados pela natureza para


operar no organismo dos animaes a transformação da
água e do sal marinho em soda e em ácido clhorbydrico?
Em virtude de que combinações chimicas se completa a
transmutação dos phosphatos alcalinos e terrosos em
ácido phosphorico livre e em oxidos alcalinos e terro-
sos ? A sciencia ainda não pôde responder satisfacto-
riamente a estas questões. Deve, porém, suppôr-se que
taes phenomenos têm logar em conseqüência das affini-
dades respectivas, ou podem ser determinadas por cor-
rentes electricas, resultantes do contacto de um liquido
fortemente alcalino, como é o sangue, com tecidos nos
quaes existe uma maior ou menor quantidade de ácido
phosphorico, sendo demais esses tecidos, apenas sepa-
rados por membranas de extrema tenuidade, postas ellas
229 —

mesmas em relação directa pelos filamentos nervosos


dos tecidos que os compõe.
Mas, pouco importa para a questão, qual seja a ma-
neira com que esses phenomenos se operão.
as
O que importa é reconhecer-se a parte que tomão
orga-
substancias incombustiveis do sangue e os tecidos
nicos na manifestação dos phenomenos vitaes. Admit-
tindo portanto, como irrecusável a acção das substan.-
cias inineraes, e examinando somente a sua origem,
pôde chegar-se á solução do dasproblema e conhecer quaes
as verdadeiras necessidades plantas.
D'ondeemanão, e por que meios os agentes inorgânicos
chegão ao organismo ?
Sem nenhuma duvida, pelos alimentos.
Este facto está confirmado pela longa serie de expe-
repe-
riencias feitas por ordem do Instituto de França,
tidas por muitos chimicos e physiologistas. Estas expe-
riencias provarão que nenhuma substancia alimentícia, con-
vegetal ou animal pôde ser nutritiva, senão quando em
tém as matérias inorgânicas necessárias, e quando, e igual
sua totalidade, a somma dos ácidos inorgânicos nu-
á das bases. Os animaes, que forão exclusivamente de ovos,
tridos com albumina coagulada, com gemmas do fígado, do
carne muscular lavada, com parenchyma mais tarde
bofe ou dos pulmões, morrerão mais cedo ou substan-
de pura inanição ; entretanto, que as mesmas alcalmas,
cias adubadas com sal-marinho e matérias
tiverão a acção nutritiva a mais completa.
factos;
Não é diflicil achar a explicação destes
funeções do
basta lembrar que a constituição e as
sangue estão ligados entre si por uma quantidade depen-
deílcali livre, potassa ou soda, do qual ellas de
dem- não deve por tanto causar admiração substan- que
uma substancia qualquer, ou mesmo muitas
mor-
cias reunidas, nas quaes a somma dos ácidos
transformar-
ganicos exceda á das bazes, não podem ellas
se em sangue, nem bastar para as funeções queunem a
se
prehenchem, acontece o contrario quando aos saes rte
clara de ovo, por exemplo, ao sueco,
— 230 —

potassa e ao chlorureto de sodium, que acompanhão


sempre, nas plantas, os alimentos plásticos e os ali-
mentos respiratórios.
Donde tirão os animaes a sua alimentação ? A
resposta é fácil e não tem necessidade de commentarios;
basta ouvir a pergunta. Os herbívoros e os granivoros
das plantas; os carnívoros dos granivoros e dos omni-
voros; todos os animaes recebem portanto directa-
mente sua nutrição das plantas. Mas se pela lei
natural, pertence ás plantas a tarefa de elaborar os
materiaes necessários á alimentação e ao desenvolvi-
mento dos animaes; se os alimentos, para se conver-
terem em sangue e soffrerem todas as metamorphoses
indispensáveis ás diversas funeções animaes, devem
ser combinados com os agentes inorgânicos indispen-
saveis, ou por elles saturados, não é evidente que sua
presença nos vegetaes deve ser uma conseqüência ne-
cessaria da lei que quer que os animaes dependão
essencialmente delles ?
Se admittimos que as substancias albuminoides
concorrem para a formação esas funeções do embryão,
e que os ácidos, que careeterizão as differentes fa-
milias a que pertencem os vegetaes, tem necessidade
para se saturarem e talvez mesmo para se formarem,
da presença dos alcalis e das terras, podemos concluir
que todas essas substancias incombustiveis, que a
chimica encontra nas cinzas das plantas, e são como
se acaba de ver, agentes indispensáveis das funeções
animaes, e consequentemente também necessárias e
mesmo indispensáveis ás funeções dessas mesmas
plantas.
Em apoio desta conclusão poder-se-hião invocar
muitos factos análogos, e inducõçes; mas o que se
acaba de dizer basta para dar ganho de causa á
theoria do illustre Liebig, que é deduzida das analy-
zes chimicas, das analogias physiologicas, e de observa-
ções praticas ensinadas pela lei natural, que regula
as relações- dos animaes com os vegetaes.
— 231 —

MSGHANÍÜA AGRÍCOLA.

MOINHO AMERICANO PORTÁTIL DE MÓ CONICA.

A engenhosa invenção de John Ross, da qual as duas


figuras que seguem dão uma exacta idéa, já fez as suas
provas no paiz onde ella teve nascimento. Mais de 20,000
destes moinhos estão em actividade nos Estados-Úni-
dos e no Canadá, onde, graças ás suas excellentes dispo-
sições, elles recebem as applicações mais diversas, por-
que os empregão na moagem de cereaes, milho, café,
especiarias, drogas, cores, produetos chimicos, etc. O
a sua
peso destes moinhos é relativamente pequeno,
construcção de grande simplicidade, e elles exigem pe-
íjuena força motriz, e o seu transporte é fácil. Depois
de ter obtido nos grandes concursos da America do
Norte, mais de setenta prêmios, o moinho de John
Ross obteve na Exposição de Londres de 1862, uma
medalha, pela sua excellente disposição e pelo seu sue-
cesso pratico : tal foi a sentença do jury da grande
Exposição internacional.
C inventor americano vendeu o seu privilegio inglez
á casa Wilson, cuja officina não pôde satisfazer, depois
do encerramento da Exposição, aos pedidos que lhe são
feitos tanto para o Reino-Unido como para os paizes
estrangeiros, a Hespanha, a Áustria, a Rússia, a In-
dia, etc.
Léon Gauchez é o encarregado na Bélgica da expio-
ração do privilegio do moinho de John Ross, que
começa a ter nesse paiz a mesma aceitação que na In-
glaterra.
DESCRIPÇAO DO MOINHO.
mollifera, fixa
(a). Representa a inó movei, de pedra
no eixo. (Fig. l.a)
(b). Segmentos de pedra da mesma natureza, reu-
nidos em um envoltório circular de ferro fundido.
(c). Eixo do moinho.
(ri). Polé ou roldana motriz, que pódé ser simples ou
dupla, á vontade.
(e). Moega.
— 232 —

(/). Appois sólidos que firmão o systema.


(g). Roda que impede o parafuso regulador da mó •
de mover-se durante o trabalho do moinho,
(h). Parafuso que regula a posição da mó movei.
(i). Sahida das matérias moidas.
(l). Base do moinho de ferro fundido.
(m). Regulador da entrada das matérias a moer.
Fig. I.

Fig. II.

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233 —
Para servir-se deste moinho, é necessário fixal-o
lidamente, de maneira so-
que o lado da mó fique cousa
de um quarto de pollegada mais baixo do
motriz, e isto afim de facilitar o trabalho doque a polé
moinho
Para que o trabalho se faça com regularidade, é
cessano que a polé motriz faça de 1,000 a 1,500 revo- ne-
luções por minuto, e a mó de 1,000 a 1,200 no mesmo
espaço de tempo.
Antes de introduzir a matéria
a mo deve ter adquirido toda a sua que se quer pulverisar
velocidade. '
Para moer fino, deve approximar-se insensivelmente
as mos, apertando o parafuso L 2»), porém de
modo que não haja contacto entre (Fig4 ellas.
Querendo moer grosso, desaperte-se o parafuso L e
aperte-se a roda M. . '
Quanto mais fino se quizer moer, menos grãos se
deve deixar passar pelo regulador m
Se houverem choques no moinho, (Fig. 1*).
desarme-se a
pole K desaparafuse-se a tampa A ; tire-se a mó mo-
vel, e depois a mó fixa, sem a separar do coxim C.
Para armar de novo o moinho, restabeleção-se as
nos seus logares, tendo o cuidado de varrer todo peças o pó.
De tempos a tempos convém avivar as estrias das
mos, ou traçar novas. Para isto, tirem-se as duas mós
e se colloquem em um banco o cuidado de não'
desligar o coxim C, que cobre (tendo
a mó fixa); antes de co-
meçar a talhar a pedra, feche-se bem a abertura do co-
xim para impedir a introducção de
uma cunha de madeira de forma triangular pó. Depois, com
besuntada,
em tinta encarnada, trace-se, sobre ambas as mós, linhas
parallelas ao eixo motor. Isto feito, por meio de um
bunl de ponta d'aço, tracem-se linhas leves na mó, dis-
tanciadas de um oitavo de pollegada,
menos, e somente nos logares onde apparecem pouco mais ou
crystallisados ou nos logares marcados com a côr grumos
ver-
melha; os entalhes devem ser de maneira
graduados
que se tornem successivamente menos profundos e mais
largos á medida que se approximarem da maior
da mo, e vice-versa. Com algum cuidado, asparte mós durão
muito tempo.
Auxil. Junho 1864. 30
— 234 —

A mó movei é construída de modo que se encaixa


convenientemente no cone vasio, foímado pela mó fixa,
L.
por meio do parafuso regulador
Quando se quizer moer grãos mui grossos, deve-se
tirar o propulsor fixado no eixo, no lugar marcado com
a letra C.
Se a extremidade da mó movei fricciona sobre a mó
fixa, é necessário fazel-a andar para traz e regular a mó
fixa.
O moinho começará a marchar cada vez melhor, de-
pois de ter funccionado algumas semanas, e depois de
ter sido regulado por mais de uma vez.
Antes de começar a moer, é necessário verificar se os
parafusos estão apertados, se os coxins e o couro do pa-
rafuso regulador L estão azeitados, se as corrêas motri-
zes estão bem tensas, etc. Deve-se renovar o couro do
parafugo L todas vezes que elle se achar adelgaçado
pelo uso.

da distillaçao do carvão de pedra. — gaz de


illuminaçao. — paraffina. — saes ammoniacaes.
— Benzina. — Anilina. — Cores derivadas da
anilina, etc.

Obscura de re lúcida pango.


Lucrecio.
Da obscuridade eu tiro a luz.

Este artigo serve de complemento aos que já forão


publicados no Auxiliador. Julgamos útil resumir o
que já havíamos dito nesses artigos ácêrca dessa
serie de conquistas que a industria deve á chimica
moderna.
Para este trabalho, aproveitamos as duas lições
feitas na Real Instituição pelo illustre Lyon Playfair,
professor de chimica na universidade de Edimburg, e
agente geral da exposição internacional de Londres
de 1862, e das leituras publicas, acompanhadas de
— 235 —

demonstrações praticas do Dr. Hoffman, um dos


mais tem contribuído para o desenvolvimento desta que
industria. A industria que desde 1855 fez maiores
pro-
grossos, e que na recente exposição universal se mos-
trou, de um modo o mais brilhante, foi, no
de todos, a da distilaçãõ" do carvão de pensar
pedra, ou
fallando mais exac tamente a de seu alcatrão. Nada foi tão
universalmente admirado do que essas reaes coroas forma-
das por brilhantes cristaes de acetato de rosanilina, ex-
trahidos desses resíduos pretos, pegajosos, fétidos,
durante tanto tempo inauroveitados nas fabricas de
gaz, e na industria da fabricçaão do coke.
Não mais se perderá de ora avante essa multidão
de produetos vaporisaveis ou gazosos, que até agora
se perdião na fabricação do coke; e, além das industrias
lucrativas que resultão do aproveitamento dessas ma-
terias, todas as artes que necessitão do emprego de
um grande calor desenvolvido em um foco restricto
poderiao obter o coke por preço moderado; o que
não era possível até agora, pois que esse combus-
tivel era o produeto quasi único da distillação do
carvão de pedra, entretanto que actualmente elle
é apenas um resíduo.
+ Distillando o carvão de pedra em um vaso fei-
xado, o oxigeneo que elle contem arde ou oxida
alguns de seus princípios constituintes, une-se ao hy-
drogeneo e forma a agoa, do carboneo, formando ácido
carbônico. O excedente do hydrogeneo, em
geral abun-
dante no carvão de pedra, se combina em
parte com
o carboneo e dá nascimento aos gazes e aos hydro-
carburetos liquidos, em que depois fallaremos, e em
parte com o azoto formando o amnioníaco.
Os produetos da distillação são portanto : 1.°
2.° um óleo bruto conhecido geralmente com o gazes; nome
de alcatrão de carvão de pedra ou coaltar, 3.° uma
porção aquosa tendo em dissolução saes ammoniacaes.
Os produetos gazosos formão tres classes:
A l.a comprehende o hydrogeneo, o hydrogeneo
carbonatado e o oxido de carboneo, aos quaes sepreto deu
— 236 —

o nomecmmumde diluentes ou de dissolventes, pela ra-


zão que adiante diremos.
A 2.a classe comprehende os gazes illuminantes,
que são o hydrogeneo bicarbonatado ou gaz oleficante
a propylene e a butylene.
Na 3.* classe se comprehendem os productos impu-
ros, ainda gazosos, o ácido carbônico, o hydrogeneo
sulfuretado e o azoto. Todos estes gazes differem entre
si por sua composição chimica, e entre os que são
combustíveis, por sua possança iíluminante.
Os tres gazes díluentes, hydrogeneo, oxido de car-
boneo e hydrogeneo proto-carbonatado, têm uma possança
iíluminante quasi nulla para o primeiro destes gazes
e mui fraca nos dous outros.
Os gazes illuminantes, e sobre todos o gaz oleficante,
produzem uma luz muito intença. Essas differenças de
claridade se explicão naturalmente pelas differenças
das composições chimicas. A proporção do carboneo
no gaz oleficante é de 80 por cento; no hydrogeneo
carbonatado de 75; no oxido de carboneo de 43; nulla
no hydrogeneo.
A possança iíluminante de um gaz depende da
quantidade de carboneo que elle contém; mas se
um gaz quando arde, não dá senão uma substancia
gazosa sem moléculas sólidas ambientes, a sua luz
é nulla. E; o que acontece ao hydrogeneo que, quando
arde, não dá senão vapores d'agoa; mas o hydrogeneo
pôde tornar-se mui luminoso fazendo-o atravessar por
um ou muitos vasos contendo certos liquidos, taes
como oacido chloroformico, o chlorureto deantinmnio,
a benzina, etc.
Em resumo, o gaz de carvão, contém certos princípios
que são illuminantes, porque encerrão uma quantidade
conveniente de carboneo, e outros princípios que são
simplesmente diluentes ou que diluem o gaz sem o
tornar iíluminante. A funcção destes diluentes, hydro-
geneo, hydrogeneo carbonatado e oxydo de carboneo, ó
de envolver os princípios illuminantes, e impedir
elles não sejão decompostos pelo calor; por esta razão que
é que se lhes deu o nome de dissolventes ou diluentes.
— 237 —

Da retorta onde se distilla o carvão, o entra no


barrilete ou vaso onde se opera a primeira gaz
condensação
da agua e do alcatrao; passa depois, levado
aspirador, por uma serie de tubos que o conduzem: por um
em
primei ro logar ao regulador e ao refrigerante, onde elle
se_despoja dos saes ammoniacaes, e dos produetos ainda
misturados com alcatrao ; em segundo logar ao conden-
sador, t e finalmente aos depuradores onde elle cede
ao leite de cal e á cal os produetos impuros que até
então o acompanharão, taes como o ácido carbônico e o
ácido sulphydrico.
Os saes ammoniacaes forão absorvidos em parte pelo
coke contido nos condensadores, que os cede á agua
onde são lavados e. em parte retidos pela tela que guar-
nece o depurador.
Nestes últimos annos teve-se a feliz idéa
car o gaz, de o fazer passar por uma misturaparade purifi-
serra-
dura de madeira e oxydo de ferro. Este ultimo se com-
bina com o ácido sulphydrico e o decompõe, dando nas-
cimento á agua e ao sulphureto de ferro; mas, se depois
de certo tempo, se faz passar uma corrente de ar, em
logar de gaz, ao travez dessa mistura, o sulphureto de
ferro, depositando o seu enchofre, se converte em oxydo,
e o agente purificador retoma a sua primitiva eflicacia.
Cada tonellacla de carvão de pedra, depois de distil-
lado e lavados os resíduos sólidos, deixa n'agoa uma
certa quantidade de saes ammoniacaes, debaixo da
fórma de sulphydrato e de carbonato de ammoniaco;
mas, póde-se obter outros saes, lançando ácidos con-
centrados nag águas de lavagem. Para obter, por exem-
pio, chlorhydrato de ammoniaco, derramão-se essas
águas em uma cisterna coberta por uma chaminé, e
ajunta-se ácido chlorhydrico. O chlorhydrato formado
fica em dissolução que, evaporada em uma caldeira,
deixa no estado solido e crystallino o sal desejado, o
qual se purifica por meio de suhlimação. Fabrica-se
annualmente na Inglaterra mais de 4,000 tonelladas,
(296,000 arrobas) de sal ammoniaco que serve para a
preparação da pedra-hume e para soldas. Prepara-se do
mesmo modo o sulfato de ammoniaco, muito empre-
— 238 —

gado como estrume, para preparar a pedra-hume, o


ammoniaco e o carbonato de ammoniaco. A quantidade
de sulphato extrahido cada anno, somente das águas
das fabricas de gaz de Londres, excede de 5,000 tonei-
ladas.
Certas espécies de carvão de pedra, quando são dis—
tillados mui lentamente, produzem um óleo que serve
para a preparação do produeto a que se deu o nome de
Parafjina, de que se fabricão essas bellas bugias, hoje
mui conhecidas. A paraffina é om realidade um gaz
oleficante solidificado, pelo menos, elles são isomeros e
tem a idêntica composição chimica. O óleo, de que se
extrahe a paraffina, para arder, não necessita de mecha,
ou antes a mecha só serve para pôr em contacto o óleo
com a chamma, de modo que a pequena quantidade que
se eleva, por effeito de depillariedade, distilla e se trans-
forma em gaz oleficante, e produz uma luz que pôde ser
considerada como um máxima da possança illuminante.
O alcatrao do carvão de pedra é um composto mui
complexo, e contém grande numero de substancias ;umas
voláteis na temperatura ordinária, e outras cm tempe-
raturas mais elevadas ; outras finalmente não são vola-
teis, no sentido ordinário desta palavra. O vapor que
passa por esse alcatrao leva comsigo as partes as mais
voláteis, e quando se condensa debaixo da forma d'agoa,
vê-se sobrenadar na euperficie dessa água um liquido
análogo á naphta mineral, isto é um óleo leve; o que
resta no alcatrao "è uma mistura de óleos pesados de
pixe. Cem partes de alcatrao de New-castle contém 9
partes de naphta, 60 óleos pesados e 31 dg pixe. O óleo
leve, que se chama óleo bruto de naphta, é ainda
uma substancia mui composta; ella contém olêós ba-
zico ou fazendo a funeção de buzes ; óleos ácidos
ou fazendo funeção de ácidos e de hydrocarboretos
neutros. Se á naphta depois de purificada e clarifi-
cada, se ajunta ácido sulfurico, este ácido se une
aos óleos, bazicos e forma com elles sulfatos, que se
precipitão.
Este precipitado tem um grande valor, porque é
delle que se extrahe as mais brilhantes cores.
— 239 —

Quando se illiminão os óleos bazicos, restão os


óleos ácidos e os hydrocarburetos neutros.
A naphta bruta serve para dissolver a borracha,
que
se emprega para tornar impermeáveis os tecidos. Para
purifical-a, distilla-se de novo ; o reziduo, são os óleos
ácidos, denominados ácido carbolico e ácido cresylico.
O ^ creozote ordinário é uma mistura destes dous
ácidos.
O ácido carbolico ou phenico é solido quando
está perfeitamente puro; unindo-o á cal, torna-se o
mais enérgico de todos os desinfectantes; ti atado pelo
ácido nitrico, elle perde uma parte de seu hydrogeneo
queé substituído pelo deutoxydo de azoto. Quando
se consegue fazer perder ao ácido carbolico tres de
seus equivalentes de deutoxydo de azoto, obtem-se
uma substancia amarella, á qual se deu o nome de
ácido carbazotico ou picrico. Este ácido apparece em
grande quantidade quando se trata o creozote pelo
ácido azotico, e já o empregão na tinturaria. A seda
immersa em uma pequena quantidade de ácido car-
barotico, toma, sem nenhuma outra preparação, uma
bella côr amarella ! Além disto esse ácido é um pode-
roso febrifugo, comparável ao sulfato de quinina; mais
elle tinge de amarello a pelle dos doentes, e determina
uma espécie de itericia artifical. O ácido Cresylico
ainda não recebeu applicação no estado isolado.
Os hydro-carburetos neutros são em grande numero;
já citamos em outro artigo a benzina a toluene, a xilene
a pumene, a cymenef etc, que são compostos de
hydrogeneo e de carboneo em diversos gráos de volati-
bilidade. A benzina, por exemplo, ferve a 177 cent.
Ella é uma substancia eminentemente útil. Para a
obter poem-se o óleo bruto de naphta em um alam-
bique aquecido a vapor, cujo pescoço atravessa um
vaso cheio de agoa quente a 177°; os outros hydro-
carburetos, cuja volatilisação exige uma temperatura
mais alta, tornão a cahir no alambique, e a benzina
se distilla só. Como ella é mui volátil, communica
um poder illuminante muito intenso ao gaz de illu-
— 240 —

minação que atravessa antes ao bico que o íãz


queimar.
Tratando a benzina pelo ácido nitrico, obtém a ni-
tro-benzina, que possue um cheiro mui pronunciado,
mui suave, de amêndoas amargas.
A nitro-benzina é a baze e o ponto de partida de
todas as cores brilhantes extrahidas- do coaltar. Tra-
tada pelo ferro e pela água, produz a anilina, substan-
cia derivando do ammoniaco simples ou ordinário pela
substituição de um equivalente de hydrogenio de um
radical, ao qual os chimicos dão o nome de Phenylo. E'
da anilina que derivão os principios corantes que se
designão com os nomes de malva, de magenta, de sol-
ferino, de roseina, de azaleina, de fachsina, de azul
Pariz, etc.
(Continua).

VARIEDADE.
METHODO FÁCIL DE DETERMINAR 0 PESO ESPECIFICO DOS
CORPOS MINERAES.

O methodo consiste em medir o volume da água des-


locada por um peso dado da substancia, da qual se quer
achar o peso especifico. Emprega-se nesta operação um
provete, graduado em centímetros cúbicos e fracções de
centimetro cúbico, no qual se lança água até uma certa
altura, e nota-se o volume dessa água segundo a indi-
cação fornecida pela linha de nivel na escalla de gra-
duação. Toma-se então um peso determinado da subs-
tancia que se quer ensaiar, e introduz-se no provete ; e
quando o nivel do liquido estiver tranquillo e sem ma-
nifestar bolhas d'ar, cota-se a nova indicação [dada pela
escalla das divisões. Fica entãoevidente, que a differença
entre as duas cotas de observação, representa o volume
d'agua deslocada. Isto posto, admittamos que se tenha
tomado 5 grammos de matéria, e que a differença entre
as 2 cotas seja 2,5 centímetros cúbicos ; ora, 1 centi-
metro cúbico d'agua pesando 1 grammo, o peso espe-
cinco procurado será representado por 5:2,5.
mama DA
INDÜSTEIA NACIONAL.
JULHO DE 1864.—N. 7.

SESSÃO DO CONSELHO ADMINISTRATIVO


EM 15 DE JUNHO DE 1864. '
Presidência do Sr. Marquez d'Abrantes.
As 6 horas da tarde, achando-se presentes os Srs.
Marquez de Abrantes, Drs. Souza Rego, Burlamaqui'
Nascentes Pinto, Lopo D. Cordeiro, J. M. F. Pereira
de Barros, Souza Costa, José Rufino, Nicoláo Mo-
reira, Ernesto F. dos Santos, Raphael Galvão, J. A.
de Murinelly, Villanova Machado, Azevedo, Colin,
Braz Rubim, Albuquerque, J. F; Souza Breves, J.
M. Pereira eNorberto Lopes; e os sócios effectivos Drs
Duque-Estrada Teixeira, Garcez, C. J. Pereira das
Neves, Lelis, Pereira de Vasconcellos, Ribeiro da Costa,
Monteiro Barboza, H. Brito, Fernandes de Mattos,
Diogo D. Cordeiro, Coelho Antão e Amarante da
Cunha. # O Sr. presidente declara aberta a sessão.
Foi lida e approvada a acta da sessão antecedente.

expediente.
Aviso do ministério da agricultura, transmittindo o
requerimento em que Luiz Francisco Delouche
pede
privilegio por 20 annos para construir uma machina de
novo systema, que diz ter inventado, destinada a des-
polpar café, afim de que a sociedade haja de informal-o
com o seu parecer.-—A' secção de machinas e appare-
lhos.
Auxil. .Julho 1864. 31
— 242 —

Idem, remettendo os papeis transmittidos pelo con-


sul brazileiro em Cayenna, e relativos á introducção
no Brazil da creação do bicho da seda em pleno ar, por
um systema inventado por Alexfort Michely, para que
a sociedade, instituindo sobre tão importante objecto
os estudos convenientes, habilite o governo imperial
com o seu parecer para tomar uma deliberação ácêrca
da proposta daquelle inventor, e bem assim indique as
bases para qualquer offerecimento que a semelhante
respeito convenha fazer ao autor da invenção.—A' sec-
ção de agricultura.
Idem, transmittindo o memorial em que Eduardo
Ffomentin declara que o novo desenho e descripção,
que acompanhão o dito memorial, tornão conhecidas
as qualidades e vantagens da machina rotativa de va-
por e de acção directa, para cujo emprego solicitara
privilegio de invenção; afim de que a sociedade, tendo
presente aquelles trabalhos, haja de informar se por
elles se poderão construir as referidas machinas.—A'
secção de machinas e apparelhos.
Officio do Io vice-presidente da província de Minas-
Geraes, acompanhado de um exemplar do relatório
com que abrio a sessão extraordinária da assembléa
legislativa da dita provineia, e igualmente de uma col-
lecção das leis promulgadas no anno passado.—Rece-
bidos com agrado.
Officio do conselheiro director geral da secretaria
de estado dos negócios estrangeiros, remettendo tres
volumes das Memórias de Ia real sociedad econômica
de Habana, offerecidos á sociedade pelo Sr. Francisco
Adolpho de Varnhagen.—Recebidos com agrado.
Officio do secretario do governo da provineia de S.
Pedro do Rio-Grande do Sul, transmittindo, de ordem
do respectivo presidente, um exemplar do relatório com
que o antecessor do mesmo presidente installou no cor-
rente anno a assembléa legislativa provincial.—Rece-
bido com agrado.
Carta do Sr. Fromentin, communicando ter dirigido
ao ministério da agricultura, um requerimento pedindo
privilegio por- vinte annos para construir uma machi-
— 243 —

na destinada ao fabrico de tijolos, telhas e tubo de


todo a espécie, e cujo plano e descripção acompanhão
o dito requerimento, e declarando que na organisação
dessa machina teve por fim reunir nella só os três
meios aetualmente empregados para o referido fabrico,
que a sua invenção consiste principalmente no mo-
vimento rotativo continuo dos embolos, e que se propõe
a fornecer essas machinas por preços muito moderados.
—A' secção de machinas e apparelhos.
Forão recebidos com agrado um numero à&Mevista
Commercial de Santos, um do Agricultor de S. João
do Principe, e dous do Commercio do Paraná de Para-
naguá, remettidos pelas respectivas redacções.
O Sr. Dr. Burlamaqui apresentou duas cartas que lhe
forão dirigidas, uma pelo Dr. Otto van Tuyl, que pede
uma porção de sementes de algodão herbaceo (sea island)
que devem chegar dos Estados-Unidos, promettendo
dar o dobro da porção que receber logo que fizer a pri-
meira colheita ; e outra por Francisco Adolpho de Var-
nhagem, declarando que remetterá á mordomia-mór ai-
gumas mudas ou sementes de cinchonas ou quina, afim,
de serem enviadas* para Petropolis, cujo clima é mui
apropriado para essa espécie de planta ; que com ellas
remetterá igualmente um folheto publicado pelo bota-
nico inglez Ricardo Spruce, com quem adquirio conhe-
cimento em Guayalquil, e intitula-se — Beport onthe
expeditionlo procure seeds and plants o/the cinchona
suecirubra or red bark três, etc. — Ambas estas cartas
forão remettidas á mesa.
O Sr. Dr. Garcez, agradecendo a sua admissão como
sócio effectivo, prometteu cooperar para a prosperidade
da sociedade. — O Sr. presidente declarou que o conso-
lho ficava inteirado, e contava com a coadjuvação de tão
distineto sócio.
O Sr. Azevedo apresentou uma carta que lhe foi diri-
gida pelo Sr. Ignacio Eugênio Tavares, relativa ao re-
sultado das experiências que fez com a garrafa do liquido
anti-burmikal, de invenção do Sr. Joaquim Ferreira No-
bre Júnior, e que lhe foi remettida pela sociedade a pe-
dido do mesmo Sr. Azevedo, na qual declara ter divi-
— 244 —

dido o liquido em tres porções, deitando uma destas


em um formigueiro existente no barro, outra em um
do primeiro
que se achava na arêa, e que as formigas
morrerão todas, não tendo assim succedido ás do se-
aberturas na
gundo, que dous dias depois fizerão novas
e que
proximidade da em que havia deitado o liquido, novas
tendo lançado a ultima porção do liquido nessas
aberturas, vio que as formigas reapparecêrão tres dias
depois, que suppõe ser isso devido á facilidade com que
o dito terreno absosve o liquido, não dando assim occa-
sião a que sua acção mortífera se opere sobre as formi-
gas, finalmente que nas referidas experiências seguio as
instrucções publicadas pelo mesmo Sr. Nobre. — A'
secçao de chimica para interpor seu parecer.
O mesmo Sr. Azevedo,-como presidente da secçao
de melhoramento das raças animaes, requereu que,
para poder habilitar a secçao a dar seu parecer sobre o
officio da presidência da provincia do Ceará, relativo
aos recursos pecuniários pedidos pelo tenente-coronel
Francisco Fidelis Barroso, se solicitasse do ministério
da agricultura cópia do officio n. 5 dirigido aquella
presidência em 7 de Dezembro do anno passado ácêrca
do tratamento dos dromedários.—Foi approvado sem
debate.
O Sr. Dr. Duque-Estrada Teixeira declarou que
tendo-se dirigido á casa de uma pessoa de seu conhe-
cimento nesta corte, para que ella se prestasse a tecer
por meio de suas machinas as diversas espécies de fila-
mentos que forão apresentados na ultima sessão pelo
Sr. Dr. Domingos Martins Guerra, e remettidos á sec-
ção de industria fabril para interpor sobre elles seu
parecer, não pôde conseguir o que desejava, por se
acharem desconcertadas ha muito tempo as machinas
pertencentes á essa pessoa, que, entretanto, se oífe-
receu de bom grado para remettêl-os para a Europa
afim de serem ahi tecidos, e prometteu apresentar com
a maior brevidade possivel um relatório circumstan-
ciado de tudo, convindo, portanto, que a sociedade
exija alguns pedaços dos vegetaes se que se extrahem
esses filamentos, afim de se proceder a um enxame mais
— 245 —

minucioso e completo, e satisfazer-se assim o pedido


feito pelo Sr. Dr. Guerra.
O Sr. presidente declarou que o conselho recebia
com bastante prazer esta communicação, e que a res-
pectiva secção a tomaria na consideração devida,
Foi lida. e adiada para a sessão seguinte uma pro-
posta do Sr. Albuquerque, para que a secção de chi-
mica industrial apresente uma analyse sobre as princi-
paes plantas e fruetos, e a secção de agricultura indi-
que os meios práticos pelos quaes se possa conhecer
que plantas devem ser cultivadas nos terrenos exhaus-
tos por outras plantações, afim de se publicarem esses
trabalhos no jornal da sociedade.
O Sr. Dr. Burlamaqui pedio que se fizesse encom-
menda de sementes de algodão por conta da quantia
designada no orçamento deste anno para acquisição de
sementes.—O Sr. presidente incumbio o Sr. thesourei-
ro de fazer um contrato commercial com algum nego-
ciante desta praça para importação das ditas sementes,
cujo custo e transporte até esta corte não excedão
de 600$000.
ORDEM DO DIA.

Foi approvado sem debate o seguinte parecer da


secção de agricultura:
" Foi remettido á secção de agricultura, como aviso
de' 11 de Março do anno corrente, um officio do Sr.
Conde de Ia Hure dirigido da colônia de D. Francisca
na provincia de Santa Catharina, ao ministério da
agricultura, commercio e obras publicas, acompanhado
com uma amostra de algodão, cultivado pelo mesmo
Sr. Conde naquella colônia.
" No acima citado aviso, S. Ex. o Sr. Ministro, deseja
que a Sociedade Auxiliadora interponha o seu parecer
sobre a qualidade da referida amostra, e informe se é
possivel satisfazer ao pedido de sementes, com o fim
de distribuil-as pelos colonos.
"
Quanto á questão da qualidade, a secção não con-
corda na qualificação da- espécie de algodão, á qual o
Sr. Conde de Ia Hure denomina Sea Islands; não obs-
— 246 —

tante o algodão cultivado na colônia de D. Francisca


é excellente, e merece que a sua cultura se vulgarise,
da provincia de
porque parece convir ao clima a sociedade fez ^Santa
distri-
Catharina. A secção observa que
le-
buir grande quantidade de sementes desta espécie,
vando o mesmo Sr. Conde d'aqui as que cultivou na
colônia de D. Francisca.
" Relativamente ao pedido de sementes, nao ê mie-
lizmente possivel agora satisfazer-se, porque não existe
a mais pequena quantidade. E' possível porém que
daqui a alguns mezes se possa enviar grandes quanti-
dade para Santa Catharina, se por ventura se tiver dado
execução do que foi deliberado pelo conselho a respeito
da acquisição de sementes.
" Entretanto, um dos membros da secção otierece
um sacco com sementes idênticas ás que pede o Sr.
Conde de Ia Hure.
" Sala das sessões, Io de Junho de 1864.— E. L.
O. Burlamaqui, "presidente.—*<4. F. Colin, secretario.—
M. A. Galvão.
Depois de algumas reflexões feitas pelos Srs. Dr, Lopo
e Azevedo, foi approvado o seguinte parecer da secção
de industria fabril: ...
" Em observância do aviso do ministério do império,
determinando que a Sociedade Auxiliadora da Industria
Nacional fizesse examinar a fabrica de chapéos, estabe-
lecida á rua de S. Pedro n. 52, pertencente á Cosfa,
Braga & C, passou a secção de industria fabril, de or-
dem do conselho da mesma sociedade a satisfazer a esse
no refe-
preceito ; e tendo á vista os quesitos indicados impor-
rido aviso, e outros que lhe parecerão de alguma
tanoia, tem a honra de informar o seguinte:
" A fabrica de Costa, Braga & C, occupa um edifi-
cio assaz espaçoso, tendo capacidade necessária para os
trabalhos das diversas secções ou officinas em que são
ellss distribuídos, e conveniente acommodação para seus
empregados, e operários, que sobem ao numero de cem
pessoas. Achão-se reunidos no mesmo edificio a loja, o
escriptorio e deposito dos objectos manufacturados e
expostos á venda, sem prejuízo do serviço da fabrica, o
— 247 —

qual é auxiliado com uma machina a vapor, que func-


ciona desembaraçadamente, e com reconhecido proveito.
" No numero do
pessoal acima declarado se compre-
hendem assim os artistas, operários, como os empre-
gados na loja e escriptorio, sendo escravos somente 10,
e todos os mais homens livres, dos quaes 18 são nacio-
naes.
" O serviço é feito com
promptidão, dividido pelas
diversas classes de operários, na melhor ordem, e sem
constrangimento.
" O consumíno annual da fabrica em
pellos de coelho,
lebre e lontra, regula por cerca de 14 a 16 mil libras
com os quaes se fabricão no mesmo período de 80 a 90
mil chapéos de differentes qualidades para homens, se-
nhoras e meninos de ambos os sexos. Consome no mesmo
tempo cerca de 5 mil covados de pellucia de seda, com
os quaes são fabricados de 8 a 10 mil chapéos para ho-
mens e meninos.
" A boa
qualidade e perfeição desses produetos eni
nada parecem desmerecer dos similares, que nos fornece
a Europa; pelo que se tornou o estabelecimento digno
de uma distineção, qual a de uma medalha de prata,
conferida pelo jury respectivo da Exposição Nacional de
1861. A maior parte da producção é consumida nas
províncias.
" Além do seu fabrico
próprio, recebe também o esta-
belecimento do estrangeiro annualmente cerca de 30 mil
chapéos por acabar, sendo de palha do Chile, da Itália,
de Manilha, e de outras palhas, empregando no res-
pectivo trabalho grande numero de pessoas, com domi-
cilio fora do edifício, as quaes se oecupão com os enfei-
tes dos chapéos para senhoras e meninas, de cujo
produeto se sustentão algumas famílias pobres, segundo
os esclarecimentos fornecidos á secção.
" O capital empregado no
giro e custeio do estabele-
cimento é de 300:000$. 000 pouco mais ou menos, a
saber:
'• Nos valores de matérias
primas e fei-
tio para a fabricação dos chapéos de
pello 115:204$000
— 248 —

" Nos valores de matérias primas, e fei-


tio^ara chapéus de pellucia, termo
^^^
" Nos valores de diversos artigos vindos
da Europa, para composição e enfeites
dos chapêos de diversas qualidades, AAAdhnnn
35:000«fUUU
quantia de
" Em chapéos de palha para acabar e
e enfeitar na fôrma dita 60:000$000
" Despezas de combustíveis em carvão
de pedra e em outros objectos necessa-
rios ao fabrico, preparo e accondicio-
namento dos productos, etc, etc.^ . 10:000$000
" Despezas de aluguel de casa, salários
de empregados da loja, escriptorio, etc,
sustento dos mesmos pouco mais ou
menos * . • • • 31:000^000
" No valor das machinas, bemfeitorias
da fabrica, utensílios, etc, cerca de. 16:000$000
" Total. . . . 294:704$000
" A importância das vendas effectuadas annual-
mente, orça pouco mais ou menos, segundo calculão os
proprietários em a quantia de 360:000$000.
" A secçao de industria fabril, comquanto não se
a respeito da im-
julgue encarregada de dar um parecer cuja
portancia da fabrica de que se trata, e pretenção
não se menciona no aviso do ministério do império, en-
tende que com as informações que ficão exaradas, pôde
sem inconveniente declarar, que um tal estabelecimento
faz honra ao paiz, em relação ao ramo de industria fa-
bril a que se tem destinado, e merece por isso toda a
consideração do governo imperial.
" Sala das sessões do conselho da Sociedade Auxi-
liadora da Industria Nacional, em Io de Junho dcl864.
—Bernardo Augusto Nascentes de Azambuja.—Dr. Ma-
noel Ignacio de Andrade Souto-Maior.—José Duarte
"
Galvão Junior.
— 249 —

.Foi approvado, depois de um debate, no qual toma-


rão parte os Srs. Albuquerque e Drs. Burlam aqui, Gar-
cez e Duque-Estrada Teixeira, o seguinte parecer da
secção de agricultura, sendo regeitado o voto em sepa-
rado do Sr. Albuquerque :
" Foi submettida á consideração da secção da agricul-
tura, uma proposta do Sr. Affonso d'Almeida e Albu-
querque, cujo theor é o seguinte :
"
Que a Sociedade Auxiliadora peça ao governo que,
tomando as providencias necessárias, mande montar em
logar apropriado uma fabrica com todos os pertences
para fazer farinha de trigo.
"
Que esta fabrica tenha um administrador nomeado
pelo governo, ordenado fixo e pago pelos cofres do Es-
tado. Que este administrador seja obrigado a conservar
a fabrica em bom estado, e a fazer moer todo o trigo que
os particulares lhe apresentarem, recebendo delles uma
retribuição marcada pelo governo, a qual servirá para
costeio e conservação da fabrica.
"
Que no espaço de 2 ou 3 annos, logo que qualquer
particular tenha alguma fabrica de igual industria, que
satisfaça as necessidades do mercado, o governo faça pa-
rar a sua, e a venda se julgar conveniente, porém nunca
entre em concorrência com os particulares.
" Finalmente, o autor da
proposta afiança que o
custo dessa fabrica, depois de montada completamente,
não excederá de 12 contos de réis.
" A secção louva muito a iniciativa do
preponente
em uma questão tão importante. E' fácil comprehender
que a cultura do trigo não pôde progredir no paiz sem
que esta cultura seja acompanhada da industria que
convertesse cereal em farinha ; e a secção observará de
passagem que de todas as operações da agricultura é
essa a única em que a cultura se acha separada da fa-
bricação. O cultivador entrega os seus trigos aos molei-
ros que os convertem em farinha, e ambos lucrão mais
com esta separação de trabalho do que se cada um delles
reunisse ambas as industrias. O cultivador fica dispen-
sado de estabelecer moinhos e dos trabalhos e reparos
Auxil. Julho 1864. 32
— 250 —

que estes exigem ; e o moleiro exerce uma industria que


exige muita pratica e muitos cuidados.
" O
governo imperial, querendo dar impulso á cul-
tura do trigo, decretou prêmios em favor daqueiles cul-
tivadores que colhessem acima de 100 alqueires de trigo.
Estes prêmios, que se elevavão a 2:00Ò$000, estimula-
rão muito a cultura, e em breve o mesmo governo se vio
embaraçado com grande numero de reclamações de
muitos cultivadores das proviueias de Minas, S. Paulo,
Paraná, Santa Catharina e„ Rio Grande do Sul.
" Seria altamente louvável esta medida, se ella fosse
acompanhada de uma outra, sem a qual a primeira se
tornaria perfeitamente inútil. Se o governo imperial, ao
mesmo passo que conferio prêmios aos cultivadores,
tivesse estabelecido outros em favor d'aquelles que
construíssem moinhos, póde-se affirmar que a cultura
do trigo e a fabricação da farinha já teria entrado nos
hábitos da nossa população rural, e os grandes mercados
estarião a esta hora abastecidos com farinhas indígenas.
A falta porém cie moinhos desanimou a maior parte
dos cultivadores, os quaes, sem meios de fabricar fari-
nha, forão obrigados a deixar inutilisar os seus trigos.
" A' vista destas
ponderações, reconhece-se a conve-
niencia e a opportunidade da proposta do Sr. Affonso
de Almeida e Albuquerque ; mas a secção não pôde
concordar com o meio proposto por esse senhor. E para
motivar essa sua opinião, a secção citará as palavras do
próprio proponente:
"Não somos de opinião
que o governo dê instru-
" mentos, faça colônias nacionaes e estrangeiras, monte
". industrias, etc, etc,
porque isso seria muito caro. "
" Conelue-se destas
palavras, que o autor da pro-
o
posta pensa que governo nunca deve fazer o papel dé
industrial, opinião com a qual a secção concorda perfei-
tamente. Portanto, esta opinião exclue a idéa de acon-
selhar-se ao governo que estabeleça um moinho por
conta do Estado.
" Demais,
qual seria o local o mais conveniente para
assentar essa fabrica de fazer farinha ?
— 251 —
" O 'proponente não o indica, mas talvez tivesse
em
mente a sua fundação em algum grande mercado ; nesta
corte, por exemplo. Nesse caso, pondera a secção, que
isso obrigaria a transportar para um ponto mui distante
os trigos das provincias productoras, sobrecarregados dé
despezas e sugeitos á deterioração ou mesmo á ruina
completa,
" Onde convém incontestavelmente estabelecer
esses
moinhos é justamente nos centros productores. O cuí-
tivador, achando perto de si os machinismos próprios
para converter os seus trigos em farinha, fica dispen-
sado de fazer grandes celeiros, e subtrae-se ao risco de
perder as suas colheitas ; pôde dispor de suas farinhas
da maneira a mais vantajosa, e, finalmente, não será
obrigado a comer pão feito com farinhas de torna-
viagem, e portanto, mais caro do que se esse pão fosse
feito com farinhas estrangeiras.
" Pensa
portanto, a secção de agricultura, que é de in-
teresse publico solicitar do governo imperial a decreta-
ção de prêmios em favor dos industriosos que fundarem
moinhos de farinha de trigo nos centros productores das
provincias acima mencionadas, proporcionando-se o
valor dos prêmios á natureza do motor empregado.
" Com os 12:000$000
que, segundo o autor da pro-
posta, chegarião para estabelecer um só moinho, se
pôde, dividindo-os em muitos prêmios, crear grande
numero nos diversos centros productores, com grande
vantagem dos cultivadores e do commercio.
" A. secção
pede licença para fazer algumas observa-
ções acerca dos machinismos e motores applicaveis á
fabricação da farinha de trigo, e para apresentar uma
tabeliã dos prêmios que, segundo a sua opinião, devem
ser eonferidos proporcionalmente á importância desses
machinismos e motores.
" Os motores applicaveis aos moinhos de farinha de
trigo, são: o braço humano, os animaes, a água, o
vento e o vapor.
Os moinhos movidos á mão são os que menos produ-
zem e os que custão mais barato. Elles convém perfei-
tamente ás pequenas explorações e aos logares pouco
— 252 —

bopulosos. O melhor moinho deste gênero é o moinho


por John Ross^ que tra-
portátil americano, inventadosuecesso
balha com o mais completo nos Estados-Uni-
dos/e começa a ser introduzido na Europa, onde foi
recebido com o maior applauso pela sua leveza, simpli-
cidade, e pela pequena força motriz que exige; açores-
cendo a estas vantagens a de ser de pequeno custo, e
milho, arroz, espe-
põr servir tambem para moer café,
ciárias, etc.
Os moinhos movidos por animaes, por agoa ou vapor,
são caros, não podem estabelecer-se em toda a parte, e
tem unia força limitada.
Os meios de fazer marchar os instrumentos ustiaes
empregados na agricultura, e que evitem estes inconve-
nientes, merecem a maior attenção e estudo. O vento,
empregado como força motriz, é um motor indefinido e
mui barato, applicado desde tempos immemoriaes aos
moinhos, é a muitas outras operações mecânicas. Em
verdade a força motriz do vento não é uniforme, e nem
sempre é dócil; mas a mecânica ainda não disse a sua
ultima palavra a este respeito, e, em todo o caso, o seu
uso é sempre um grande recurso, não obstante sua in-
constância, quando não se exige um serviço imprete-
rivel e não addiavel.
Os notáveis aperfeiçoamentos feitos por Amedeo Du-
rand e pelo abbade Therion, já fizerão dar um grande
passo a esta questão, e vulgarisarão muito o uso dos
moinhos de vento. Em uma palavra: o moinho de vento
pôde construir-se em toda a parte, porque em toda a
parte ha vento, e porque o vento é um motor gratuito.
Á" secção formulou a seguinte tabeliã dos prêmios a
conferir, na persuasão de que ella pôde ter alguma nti-
lidade:
Moinhos de mão 300$000
Ditos movidos por animaes . . 500$000
Ditos de vento 1:000$000
Rodas d'agu a ou turbinas. . . 1:500$>000
Vapor 2:000$000
Estes prêmios só devem conceder-se durante dous
annos; e aquelies que já tiverem recebido um, não terão
— 253 —

direito a receberem outro, ainda que estabeleção mui-


tos, mesmo de motores differentes.
Em conclusão. A secção de agricultura é de parecer
que se represente ao governo imperial, sobre a cofive-
niencia de se concederem prêmios aos particulares que
fundarem moinhos de farinha de trigo nos centros pro-
ductores; observando-lhe respeitosamente que, a não se
adoptar esta medida, ficará inutilisada à que já tomou
o mesmo governo de premiar aos cultivadores de trigo.
Sala das sessões, 15 de Março de 1864.— F. L. G.
Burlamaqui, presidente.— A. F. l Colin, secretario.—
M. A. Galvão.—Dr. Antônio Corrêa de Souza Costa. "
Voto em separado, prejudicado :
" Apresentando a opinião de
que o governo não
deve intervir nas transações dos povos; tambem apre-
sento a opinião de que o governo deve guiar ou criar
as industrias, e ramos da agricultura e depois deixal-as
desenvolver-se por si, e isto se deduz das palavras.
" Hoje a dos nossos vizinhos Norte-Ame-
" ricanos faz guerra
reviver a cultura do algodão com os me-
" lhoramentos da época, elles
" tanto deixem os em já se vão" alentando; por
etc, etc.
" Se a conveniência paz,
em alentar a cultura do trigo,
convém ditár-lhe as difiicuIdades, alimental-a como
uma mãi alimenta a um filho e depois entregal-a á
natureza, pois assim como o bafo e o leite dá mãi
depois de certo tempo definha e mata o filho, a in-
tervenção continua dc governo tambem mata as
industrias.
" Concorde com estes
princípios eu apresento
um meio, e os af/signatarios do parecer da secção
apresentão outros: qual dos dous será mais vantajozo
é o que convém saber.
" Os assignatarios do
parecer são os primeiros a
reconhecer que os prêmios chamão os especuladores
de má fé, e estes inutilizão a medida; por tanto devem
concordar que elles procurão os prêmios oíferecidos,
apresentando moinhos montados para fubá como para
trigo; porém estes moinhos não satisfazem a cultura
do trigo por precisarem de peneiras especiaes.
— 254 —
" Temos a attender mais,
que nenhum particular
arriscará o seu tempo e um capital de 10 a 12 contos,
só com a esperança de um prêmio de dous contos,
e elle calcula que cio moinho tirará vantagem não
será por falta do prêmio que deixará de montar o
seu moinho.
"O
prêmio seria vantajozo se já houvesse tal in-
dustria e se offerecesse a quem a aperfeiçoasse, porém
dada para crial-a! por certo que a cançará porque nin-
gtiem arisca 10 contos para ganhar dous.
"
Quanto á localidade, julga conveniente escolher o
grande commercio. do Rio de Janeiro, porque aqui
virão as pequenas partidas de trigo de differentes
pontos da circumvizinhança, e o agricultor que o trouxer
achará cõm facilidade quem compre o producto do
seu trabalho e onde se supra dos gêneros que lhe
são precisos.
- " A procurar-mos os pequenos povoados, encon-
traremos os inconvenientes de pagar-se maiores salários
aartistas, maiores despezas para embarricar, e maiores
difficuldades para o transporte da farinha, pois elle
exige maiores cuidados do que o trigo em grão,
deteriora-se com qualquer descuido, o que não acon-
tecerá com o trigo que virá bem em saccos, e quando
aconteça derramar-se pôde apanhar-se sem prejuízo,
accresce mais que o agricultor perflerá o farello, o
qual fará sobrecarregar o preço da farinha.
"
Quanto ao medo dos assignatarios do parecer,
de ficar a farinha mais cara com as despezas de
torna-viagem, não os devemos acompanhar, porque
se a farinha estrangeira for mais barata nos grandes
mercados, então a cultura do trigo não progredirá, e
se ella fôr mais cara, também ficará mais cara do
que a nacional em torna-viagem, e ambas ficarão
sempre mais baratas do que a que se fizer no mer-
cado pequeno, sobrecarregado despezas e empates do
capital empregado nos moinhos, que muitas vezes
não terão o que fazer: do que concluo que se deve
pedir ao governo, que attendendo á proposta, mande
estudar a questão, e delibere como fôr conveniente,
— 255 —

mandando o conselho da sociedade copia da


e dos pareceres apresentados para que o governoproposta
melhor deliberar. possa
" Rio, 1° de Abrilde1864,-^Afonso
de Almeida
Albuquerque "
Forão lidos e ficarão sobre a mesa para serem dis-
cutidos na próxima sessão os seguintes pareceres.
Da secçao de machinas e apparelhos sobre o
privilegio
pedido por Luiz Francisco Delouche para fabricar e
vender tres machinas, que inventou para ralar,
e torrar mandioca. prensar
Da secçao de agricultura sobre duas amostras de ai-
godão cultivado na colônia Blumenau, na provincia de
Santa Catharina.
Forão approvados sócios effectivos os -Srs.: Dr. An-
tonio Francisco de Azevedo, proposto pelo Sr. Dr. Lopo
D. Cordeiro; Drs. Luiz Francisco de Murinelly e José
Felicicno de Moraes Costa, propostos pelo Sr. Dr. José
Arthur de Murinelly; e Dr. Antônio da Rocha Miranda
e Silva, fazendeiro, residente em Rezende, proposto
pelo
Sr. Dr. Villanova Machado.
Nada mais havendo a tratar-se o Sr. presidente le-
vantou a sessão.

wwmih.
DA DISTILLAÇAO DO CARVÃO DE PEDRA.—-GAZ DE
ILLUMINAÇAO. — PaRAPFINA.—- SAES AMMONIACAES.
—Benzina. — Anilina. — Cores derivadas da
anilina, etc.
(Continuação.)
Desde muito se sabia que os productos da distil-
lação do carvão de pedra possuião uma grande energia
tintorial, e repetia-se como objecto de curiosidade a se-
guinte experiência :
Lançando em um vaso profundo algumas
Pyrrhole, um dos seus productos, e introduzindo gotas de
nesse
vaso um punhal de madeira molhado em ácido chlorhy-
drico, o punhal sahia como se estivesse embebido em
— 256 —

sangue vivo. Depois que se obteve a anilina, é fácil obter


cores brilhantes. Tome-se por exemplo, uma pequena
com água e ajunte-se
quantidade de anilina, agite-se
unia pequena quantidade de chlorureto de cal em disso-
lução, e immediatamente se verá nascer uma bella côr
de malva ou purpurina. Porém, um dos discípulos de
Hoffmann, o descobridor da rosanilina, (*) conseguio
fixar essas cores tão brilhantes, porém fugitivas, combi-
nando a anilina com bichromatode potassa; desta combi-
nação nasceu um pó preto, de não seductora apparencia.
Agitando esse pó com óleo leve de coaltar, elle se
dissolveu, e deixou em resíduo um outro pó arrouxado.
A solução deste segundo pó em álcool é justamente a
voga na tinturaria.
purpura de anilina hoje tão em
Ajunta-se um pouco de ácido sulfurico, a matéria
toma uma côr verde suja; addicionando-lhe algumas
azul, que volta á
gotas de água, esse verde passa á cor água. Nada mais
çor purpurina diluindo-a em muita
fácil do que tingir com a purpura da anilina ; basta ter
água na temperatura de 66° cent., isto é, muito quente,
nesta água um
porém não fervente. Disssolvendo uma # simples
pouco de ácido tartarico e pó de anilina,as tingir.
immersão de seda ou de lãa, basta para
A purpura de anilina, que tinge perfeitamente as ma-
terias animaes, porém não as fibras vegetaes, é ao que
se dá o nome de Magenta, e quando perfeitamente puro

a 8 de
(*) Na sessão da Academia de Sciencias de França, uma nota so-
Dezembro de 1862, Mr. Pelouse, lhe communicou
bre a nova base, a Crysanüina, muito análoga á rosanilina, for-
mando saes perfeitamente crystalisados com os ácidos.
W. H. Porkins, a quem se deve a primeira descoberta da ma-
teria corante, a que derão o nome de malva (mauve) ou purpura
d'anilina, extrahio desta substancia uma base orgânica que deno-
minou mauveina.
Juntando-se uma solução de potassa á uma solução fervente de
esta ultima torna-se azul violeta,
purpura d'anilina crystaíjsada, matéria
e deposita, pelo repouso, uma crystalisada, que, depois
de ser lavada em álcool e depois em agoa, se apresenta debaixo
da fôrma de um pó brilhante, quasi preto. Esta substancia é a
base orgânica, a m/inveina.
— 2S7 —

e seeco toma o nome de Rosaniiina, que lhe deu o seu


descobridor HoíFmann.
Todos os agentes de oxidação, tão enérgicos como o
bichromato de potassa, podem dar nascimento á rosani-
lina. Derramando um excesso de anilina sobre bichlo-
rureto de estanho anhydro, mas com precaução, porque
a reacção é mui forte ; e logo que a effervescencia cessar,
ajunte-se uma nova dose de anilina, e faça-se depois
evaporar por meio do calor o excesso da anilina, a rosa-
nilina apparecerá em fórma de crystaes, que formaráõ
saes corados com os ácidos.
De 200 libras "de carvão de pedra apenas se extrahem
alguns grãos de rosaniiina ; mas esses grãos de matéria
corante serão sufficientes para tingir enormes volumes
de seda ou de lã. A pequena quantidade é largamente
compensada pela intensidade verdadeiramente espantosa
da possança corante.
Depois de obtidas as cores purpurina e vermelha,
Nicholson descobrio um bellissimo amarello ; um pouco
mais tarde, os chimicos francezes acharão a azulina,
azul de Paris, ou azul de Lyon, que se extrahe melhor
e mais facilmente do ácido carbolico ou do creosoto,
porém que tambem se obtém na anilina.
E' certamente admirável que o gênio do homem
fizesse sahir de uma matéria negra e fétida as tres cores
primitivas, vermelha, azul e amarella, com as quaes,
por meio de misturas fáceis, se preparão todas as outras
cores, e de todos os matizes imagináveis !
A Paraffina, extrahida do alcatrão de madeira foi
descoberta por Reichenbach em 1830 : Rohard foi quem
ensinou a extrahil-a industrialmente do coaltar. A pri-
meira vela de Paraffina foi exposta em 1851 por Young.
Figuera, Mullet e Leming, extrahirão das águas de la-
vagem do gaz de illuminaçâo saes ammoniacaes e am-
moniaco.
A diminuição do preço do gaz de illuminaçâo cons-
tituio sempre um objeeto de preoccupação para os in-
dustriosos e para as populações. Póde-se obter em parte
este resultado pelo aperfeiçoamento dos processos de
Auxil. Julho 1864. 33
— 258 —

fabricação ; mas a solução verdadeira do problema con-


siste no emprego lucrativo dos resíduos da fabricação.
Duzentas libras de carvão rico em bitume produz,
termo médio 22,95 metros cúbicos de gaz, cousa de 150
libras de cobre, 12 libras de coaltar, e cousa de 20 libras
d'aguas ammoniacaes. Estas ultimas, assim como o
coke, forão desde o principio aproveitadas ; não assim o
coaltar que, durante muito tempo, teve empregos in-
significantes.
O coaltar tem, termo médio, 7 por cento de prin-
cipios voláteis ou benzina; 5 por cento de ácido car-
bolico ou Phenico; 29 porcento de hydrocarburetos;
32 por 100 de naphtalina ou óleos leves; 22 por
100 de breu.
As benzinas não encerrão menos de 12 substan-
cias que se separão pela distillação e fraccionamento
de seus produetos em temperaturas differentes. Al-
guns destes produetos tem um grande valor.
O breu, além dos seus outros usos conhecidos,
tem achado uma vasta applicação na fabricação do
asphalto artificial.
Os óleos pesados não tardarão em achar appli-
cação para a dissolução da borracha, a gomma laça,
o breu gordo, etc; para fabricar pós de sapatos,
carvões agglomerados, etc. Os óleos leves, porém,
depozitados em immensas cisternas subterrâneas, só
servião de embaraço porque se vendião com difíicul-
dade e por preço insignificante. O fabricante francez
Collas foí o primeiro que conseguio extrahir-lhes as
benzinas com o fim de fazel-as servir, para tirar nodoas
de todo o gênero de tecidos, seda, lã, etc. Com
effeito a benzina dissolve os corpos gordos e resinosos
com a maior facilidade, e se evapora promptamente
sem deixar resíduos, nem cheiro. O grande numero
de applicações que tem hoje a tornão preciosa; pre-
para-se e vende-se uma enorme quantidade delia, e
por sommas tão consideráveis, que a matéria prima
se vende de antemão, e começa a tornar-se rara.
Em 1848, o mesmo fabricante Collas teve a feliz
idéa de tratar a benzina em grande pelo ácido ni-
— 259 —

tricô mono-hydratado e de a converter em nitro-ben-


zina, ponto de partida da anilina e de todos os com-
postos ou derivados da anilina, isto 'é, de uma das
mais bellas industrias dos tempos modernos.
A nitro-benzina, que foi denominada essência de
nierbane ou simplesmente nierbane, é uma essência
artificial de amêndoas amargas, oito vezes menos cara
do que a verdadeira essência, gozando de todas as
suas propriedades aromaticas, e tendo mesmo a van-
tagem de não conter ácido cyanhydrico; substancia
que, como se sabe, é mui deletéria. Além deste
emprego, a nierbane serve para aromatisar os sabo-
netes, o que permitte vendel-os por quasi, o mesmo
preço que os sabões ordinários. Assim, mesmo antes
da descoberta da anilina, fabricava-se em grande,
para a _ industria dos sabonetes, de perfumaria e
confeitaria, grandes quantidades de nitro-benzina.
Além desta essência, o citado fabricante ensinou a
preparar, com a nitro-benzina, o ácido picrico ou
carborotico, e com as águas de distillação que en-
cerrão este ácido, um novo ether ao qual elle deno-
minou essência de ananaz, pela perfeita analogia de
aroma.
Mas, ainda na época em que se fazião essas
descobertas não se podia prever o grande partido que
os Hoffmanns, os Perkins, os Renards, os Nicholsons,
os Delaire, os Girards, etc.
Para completarmos o que diz respeito a estas
admiráveis descobertas contemporâneas, resumiremos a
leitura publica dada em Londres, perante um nu-
meroso e lusido auditório, pelo Dr. Hoffmann, o
maior carbonista do mundo.
O professor começou por operar a distillação do
carvão de pedra, e extrahio os produetos ordinários:
gaz, coaltar e coke.
Foi naturalmente sobre o segundo produeto que
se dirigio o interesse da lição.
Segundo a minha opinião, disse o professor, o
óleo do coaltar é um dos mais maravilhosos corpos
da chimica. Este óleo contém, entre outros elementos
ás cores.
constitutivos, três principaes relativamente A separa-
òenwleove benzina, o phenol ea amhna. vista de
cão destas substancias parece á primeira -m diversas
invensivel difficuldades Mas não é assim:
substancias qiíe elle contém podem extrahir-se pela de
distillação, por causa das divergências, nos pontos
ebulição; (*) demais, existem outros meios de separação
e de purificação com o auxilio de certos agentes
'
chimieos. . , _
Dous cylindros de vidros cheios a meios com
benzina, dous outros com phenol e dous outros com
anilina; ajuntando uma solução de bitume, cada uma
destas três substancias é tratada em nm cylindro por
um ácido, e em outro por um alcali. No trata-
mento da benzina, póde-se ver o carbureto de hy-
drogeneo^ insoluvel no ácido e no alcali, fluctuar sem
côr no liquido corado. O phenol, sendo um derivado
aquoso e ácido, não é por isso atacavel pelos ácidos,
nos alcalis; finalmente,
porém dissolve-se finalmente
a anilina, sendo um produeto ammoniacal, obra de
uma maneira inversa, resistindo ao alcali e formando
uma solução homogênea com o ácido.
Passando depois á applicação dessas substancias,
disse o professor:
" O beijzole, o melhor dissolvente da borracha tor-
nou-se uma necessidade domestica para fazer desappa-
recer as manchas de óleo e de gorduras,o phenol, tratado
de
pelo ácido nitrico, produz o ácido carborotico,fonte
admirável côr amarella; a anilina emfim, é a
das cores malva e magenta.
" A
quantidade de anilina que consiste no óleo de
alcatrao é mui pequena; porém a chimiea possue fe- w
lizmente segredos para a sua producção indefinida. O
Benzole ou phenol hydrogenado, pôde facilmente con-
verter-se em anilina ou phenol azo tado. Examinemos
como se opera essa transformação.

(*) A benzina ferve a 80 gráos centígrados, o phenol a 188,


e a anilina a 180.
"O benzole ê facilmente atacado pelo acidó nitrico
fumante, e nelle se dissolve formando um liquido de
côr vermelha escura. Ajuntando agoa, obtém-se um
oleò pesado de côr amarella^ que se deposita no fundo
do vaso; esse óleo é differente do benzole, que Éuctua
acima dessa agoa. A reacção é fácil de comprehender,.
lembrando-nos que o ácido nitrico deve ser considerado
como um derivado aquoso ; porque elle não é effeeti-
vãmente senão agoa, na qual um dos átomos de hydro-
de azoto
geneo é substituído por um átomo composto
oú nitrogeneo e de oxigeneo.
" Como se vê, a chimica moderna volta ás antigas
idéas, que parecem mais adiantadas da que as nossas,
dando-se ao ácido nitrico o nome de agoa forte."
Do modo acima dito é que se forma o nitro-ben-
zole ou nitro-benzina ; operação preliminar para obter
a anilina, tentada pela primeira vez por Mitscherlich ;
a transformação difinitiva é devida a Zinin. Ella con-
siste em submetter a nitro-benzina á acção do hydro-
e
geneo nascente. Então o átomo, composto de azotoem
dé oxigeneo, se decompõe; o ultimo convertendo-se
agoa, e o primeiro e o phényl se combinão com suffi-
ciente hydregeneo para formar o phenyl de ammoniaco
ou anilina.
Pode-se obter este hydrogeneo nascente, de diver-
sos modos ; o mais praticavel é o de Béchamp, que con-
siste em misturar a nitro-benzina com grenalha de ferro
e ácido acetico, em uma retorta, posta em communica-
calor
ção com um condensador, e submettida a um reac-
moderado. Quasi immediatamente, pela energia da
de
ção, accumula-se uma' quantidade de [agoa acima
uma camada de matéria oleosa. Esta camada é a anilina;
lançando uma só gota sobre uma solução de chlorureto
de cal, apparece immediatamente uma esplendida côr
violeta. .
O ácido chronico e outros ácidos podem produzir o
mesmo resultado, porém as suas cores são ephemeras.
Todavia, a côr violeta obtida pelo chlorureto de cal
se precipita rapidamente e toma uma côr vermelha suja.
Perkin achou o meio de fixar a côr violeta, submetten-
— 362 —

do a anilina á acção do bichromato de potassa e o ácido


sulfurico.
O professor mostrou um pedaço da anilina violeta,
ou malva, no estado solido, representando um décimo de
grão de anilina para cada galão de álcool. Esta, ma-
teria corante, deve vender-se, conforme a opinião de
Perkin, pelo preço da platina ou pela terça parte do
valor do ouro, peso por peso.
A magenta resulta semelhantemente da anilina tra-
tada pelo tetrachlorureto de carboneo, de preferencia ao
tetrachlorureto de estanho, empregado no principio como
reativo, ainda que hoje se preconise o chlorureto e o
nitrato de mercúrio, e o ácido arsênico. Renard e Franc,
forão os primeiros que a fabricarão, dando-lhe o nome
âefuchsina. Eis como se procede para obter esta côr.
Mistura-se chlorureto de mercúrio ou sublimado corro-
sivo com a anilina perfeitamente descorada, até á con-
sistencia pastosa um pouco fluida. Applicando-se um
calor moderado, ella se cora immediatamente de ma-
gnifico carmezim, e uma só gota pôde tingir uma im-
mensa quantidade de álcool. De resto, este processo é
apenas um dos muitos que se empregão para obter a
magenta.
Depois de muitas difíiculdades, conseguio-se obter a
magenta pura, ou rosanilina, que é um corpo cristallino
e sem côr, e que não opera como matéria corante senão
no estado de sal, sendo um dos mais sensíveis aquelle
que ella fôrma com o ácido chlorhydrico. Este sal dis-
sorvido em um pouco de ácido acetico produz, com
ajuda de Um leve calor, uma magnífica côr vermelha.
Mas, diz o Dr. Hoffmann, " é somente conka sua disso-
lução que esse phenomeno tem logar. Se se faz evaporar
lentamente essa dissolução, a côr vermelha desappareçe
e resta uma bellissima substancia cristallina verde, go-
zando desse bello reflexo metallico que caracterisa a
elytre da cetoina. Meu amigo, M. Nicholson, me deu
esta bella serie de saes de rosanilina, entre os quaes
uma amostra do acetato de rosanilina que ainda nin-
"
guem vio até hoje.
Em seu enthusiasmo, o professor a denominou a coroa
— 263 —

de Magenta, home que justificava a fôrma da amostra,


que consistia em nma coroa composta de cristaes octae-
dros de um verde brilhante, tendo pelo menos uma poi-
legada de diâmetro, e também pela despeza occasionada
para obter esses cristaes, pois que a retorta donde elles
forão extrahidos continha cousa de 8,000 libras sterli-
nas (mais de 70 contos de réis) de magenta !
O professor passou depois a examinar as proporções
entre a matéria prima, a matéria corante e a matéria
corada.
A menor quantidade de carvão de pedra sobre a qual
se possa operar, é pelo menos, de 100 libras, que dão
uma quantidade imperceptível, todavia, sufficiente para
tingir 100 libras de tecidos de seda ou de lã. Para o
demonstrar, o professor tomou duas folhas de papel,
branco em apparencia, porém cobertos com pode malva
e de magenta extremamente fino e innundando-os com
espirito de vinho, os transformou em duas admiráveis
folhas de cores de violeta e rosa. Depois elle mergu-
lhou seda e lã cruas em soluções de malva e de magenta
e as tingio immediatamente, sem preparação anterior.
O algodão e o linho, pelo contrario, não tomão essas
cores, o que permitte fazer fazendas e fitas bordadas de
seda, tintas em malva ou em magenta, entretanto que
o fundo é de outra côr. Assim, mergulhando uma fita
nestas soluções, ella sahe uniformemente çorada; po-
rém uma lavagem em agua, e depois no ammoniaco
fraco, faz desapparecer as cores das fazendas de ma-
teria vegetal, deixando os bordados em todo o seu bri-
lho. " Esta affinidade das cores extrahidas da anilina
para as matérias animaes se pôde vêr pelo estado em
que estão as minhas mãos tintas em cores soberbas. Fe-
lizmente a anilina não resiste ao chlorureto de cal, e
basta que eu as introduza nessa substancia pára que
voltem ao seu estado natural. "
Foi o que fez o professor com applausos de todo o au-
ditorio, ao qual elle dirigio as seguintes palavras, que
se submettem á consideração dos utilitários de vistas
curtas: " Quando um de vossos sábios amigos, inflam-
mado de enthusiasmo, vos demonstra e explica qual-
— 264 —

«iipr descoberta nova,


uuv não façaes gelar seu nobre ardor
questões:
quer descooeria
fazer tranqüilamente
|^"?J^ií«^D& fazer tran-
rZ SbaZ O uso virá depois. Deixai-o depois. Deixai-o,
nnülamenteoseu trabalho. Ouso virá
To eu acabar a sua tarefa; deixai-o. procurar a ver-
amor da malva,
dade a'verdade pura e simples, não por amor da
proprta
So'poi-^ordamagentel mas por
verdade.
-
mmM m animaes domésticos.
EMPREGO DO.SAL NA AI^
ALGUMAS PALAVRAS SOBRE 0
VIVE EM MANJEDOURAS»
MENTAÇAO DO GADO QUE

O uso do sal é de absoluta necessidade, quer os ani-


de sujeição.
mães vivão no estado livre, quer no estado as
No primdro caso, elles procurâo instintivamente
no segundo, nao
futoncias necessárias á sua nutrição e; de detsarranjos
doença
podendo fazêl-o, as causas de tarde
mais ou mai. cedo, se nao
pânicos se manifestão
se fizer a diligencia para as remover.
qual .6 a
Keinhecila esta necessidade, resta saber absorver
um animal pode
quantidade máxima de sal que é em verdade difficil de
sem inconveniente. A questão damdividua-
resolver, porque ella depende não somente se submette o
lidade, mas tambem do regimen ao qual indicadas
animal D'ahi o grande numero de rações pelos
algu-
autores dos diversos paizes ; d'ahi as tentativas,
do sai a
mas vezes perigosas, pois que se a adjuncçaomenos no-
ração é necessária, torna-se perigosa ou pelo sofíre, e
eiva, toda vez que excede á certa dose. A saudedesta ul-
soffre a producção. Um exemplo a respeitodar as suas
tima Um agricultor prussiano costumava
Com esta ra-
vaccas de leite 70 granimos de sal por dia. cento de ma-
ção, as vaccas davão leite contando 13 Elevando
por
esta ra-
terias sólidas, e 87 por cento d'agua.
o leite apenas con-
ção ao dobro, isto é, a 170 grammos, e este
teve 8 por cento de matérias sólidas e 92 d água, de
estado de cousas continuou por muitos dias depois
— 265 —

ter voltado á antiga ração. Para evitar estes inconve-


nientes, admittio-se o«systema de pôr alguns punhados
de sabão alcance dos animaes, que podem deste modo
usar delle á sua vontade e conforme as suas necessida-
des. Na ultima exposição de Hamburgo vião-se muitas
amostras de sal especialmente preparadas para este fim.
O sal é na Prússia um monopólio do Estado.
A administração faz preparar sal para uso dos ani-
mães, empregando para isso o sal damina de Strassfurt,
sal impuro, como em geral é o das minas. Reduzido a
pó, um agente do fisco o faz misturar com um quarto
por cento de oxido de ferro, outro tanto de alcatrao mi-
neral e 1 por cento de farinha de bagaços de grãos óleo-
sos. A mistura é depois humedecida com salmoura con-
centrada, posta em fôrmas cylindricas, e reduzido a
massa compacta na prensa hydraulica. Depois de secca,
a massa se torna quebradiça e adquire a consistência
da pedra; cada cylindro pesa geralmente 200 libras.
Em 1862, a administração do monopólio vendeu 30,759
destes cylindros.
Estes cylindros são furados no sentido longitudinal e
por elles passa um eixo de ferro. No principio depen-
duravão-se nas mangedouras por meio de cadeias, de
cordas, etc.; porém, a humidade das estrebarias dissol-
via desigualmente o sal dos cylindros. Para remediar
a isto, os fabricantes Hoyer e C, fabricarão excellentes
mangedouras de ferro fundido, que se collocãó commo-
damente entre dous animaes. Fixa-se nellas o cylindro
de modo que elles o possão lamber quando tiverem
vontade.

ENSINO AGRÍCOLA

O ensino da agricultura deve começar nas escolas


primarias, assim como nessas escolas começa a apren-
der-se os primeiros rudimentos de todos os conheci-
meutos humano»: Parece que esta asserção não precias
de demonstração, e que é intuitiva, que entra na cabe-
ça a mais obtusa; entretanto não é assim. Muita gente
Auxil. Julho 1864. 34
— 266 —

repelle, regeita esta idéa e a julga, senão inútil ao


menos inefficaz. *
E porque inútil, porque inefficaz ?
As razões capitães são duas; Ia os mestres não podem
ensinar o que nãosaben; 2a elles só devem ensinai*
os primeiros rudimentos das letras, ensinara ler, es-
crever e contar.
Isto dá direito a perguntar; porque razão os mestres
publicos não sabem se quer os primeiros, rudimentos
da agricultura ? Certamente porque não se fez a exi-
gencia dessas matérias entre aquellas que formão o
programma de seu exame. Trata-se porém de simples
rudimentos, laceis de estudar, de comprehender e
de ensinar; mas admittida a idéa do ensino agricola
nas escolas primarias, se quer que elles tenhão conhe-
cimentos mais completos, porque razão esses mestres
não adquirem esses conhecimentos nas escolas supe-
riores de agricultura, ao menos nos logares onde essas
escolas existem ?
Quanto á inutilidade e não eíficacia, respondo por
negação. Se os alumnoss das escolas ruraes não podem
comprehender os mais simples elemento da sciencia
agricola, menos ainda poderáõ comprehender os livros
que se põem entre suas mãos.
Se o fim único do ensino primário é aprender a ler,
então qualquer livro serviria para isso, mas, como em
logar de livros quaesquer, se faz uma escolha desses
livros, é claro que se tem em vista alguma cousa mais
do que ensinar simplesmente a ler. Com effeito, sa-
bendo-se quaes os livros em uso nas escolas prima-
rias, comprehende-se logo que se quiz inocular no
espirito dos discípulos os germens de princípios moraes
e religiosos; suppondo-se, com toda a razão, que taes
princípios, gravados na memória tão tenra e tão pias-
tica da primeira mocidade, nunca mais se apagaráõ
e se iráõ fortificando com a idade. Alguém poderá
negar que estas considerações se applicão perfeita-
mente ao ensino, ou, se julgarem melhor, á simples
leitura dos primeiros rudimentos da arte agricola ?
De todas as nações da Europa, foi a Bélgica a
— 267 —

única que comprehendeo que sem o ensino bebido nas


escolas primaria a instrucção agrícola não podia vul-
garisar-se. Se a França tivesse já adoptado este sys-
tema, em breve nós também o adoptariamos. Ouçamos
o que a esse respeito diz o espirituoso agrônomo M.
Victor Borie.
" Ajuda-te, o céo te ajudará. Se o céo esperasse,
para ajudar-nos, que nós nos ajudássemos, certamente
elle teria muito que esperar. Entretanto, não tem fal-
tado estímulos e animações á agricultura. O governo
creou concurso, régionaes e concurso de animaes de açou-
gue; premeia-se os animaes reproductores, eos animaes
gordos, os instrumentos e os productos. Dá-se cada anno,
a cada um dos doze agricultores possuidores das melho-
res herdades e que nellas tem ganho mais dinheiro,
um grande copo de prata de 2,500 francos e "_ 5,000
francos em bellos escudos; mas isto não basta.
" No concurso de Poissy, o novo ministro deagricul-
tura, commercio e obras publicas, veio em pessoa presi-
dir á distribuição das recompensas e felicitar aos lau-
reados em um excellente discurso. Esse discurso dará
seus fruetos ? O ministro, reconhecendo a insuficiência
da iniciativa governamental, que não pôde tudo em-
prehender, solicitou a iniciativa departamental e provo-
cou a creação de prêmios de honra por departamento.
"
Os departamentos seguiráõ seus conselhos ?
" Tem-se o direito de pôr estas duvidas em presença
da indifferença dos nossos cultivadores. Por ventura
essa indifferença constitue um vicio original, próprio do
nosso paiz ? Será produzida pela ignorância em matéria
agrícola, ignorância que os comicios e os concursos não
têm podido dissipar ? Não o afnrmarei; mas, se a ro-
tina vence o progresso, é isso devido aos homens e não
ás cousas. E' mais fácil modificar as cousas do que os
homens. "
" Em
primeiro logar, para modificar os homens seria
necessário instruil-os ; ora, o que é que se tem feito em
favor da instrucção pratica do cultivador ? Nada, ou
pouco mais ou menos. O ministro de agricultura, de con-
certo com os conselhos geraes, organisou algumas fa-
— 268 —

zendas-escolas (fermes-ecoles), gymnasios insuficientes


que fôrma um" bom lavrador, em logar de mil que serião
necessários.
"
Quem é que pôde ensinar os princípios os mais ele-
mentares da agricultura ao filho do cultivador, e fa-
zer-lhe amar esta arte preciosa ? E' o mestre de escola.
O Estado possue quarenta mil interpretes que podem
levar a luz até ao fundo das povoações as mais affasta-
das. 0 Estado emprega os mestres neste mister ? Não
certamente. Os mestres dependem do ministério de ins-
trucção publica ; ora, o ministério de instrucção pu-
blica, dirigido por um homem do qual se diz tanto bem,
não admitte, ao que parece, que o ensino elementar de
agricultura faça parte do ensino publico. O conselho
superior, que approva annualmente livros de leitura,
cujo estylo e espirito faz sorrir, nunca admittio, nem
mesmo examinou, ao menos que eu saiba, um único
livro de agricultura, por elementar que fosse.
" Entretanto
pôde alguém acreditar na inutilidade
de fazer ler aos meninos alguns bons livros de agricul-
tura elementar, e na utilidade de empanturrar-lhe o es-
pirito com a leitura de estultas historietas que uma
desenxabida litteratura tem a pretenção de pôr a seu
alcance ? "
" Comprehende-se bem
que não édifficilaoinstituidor
ensinar aos seus discípulos em que consiste uma matéria
fertilisadora; de que modo essa matéria obra sobre as
plantas ; que das boas sementes depende a abundância
e a qualidade das colheitas; que não se deve exigir da
terra mais do que aquillo que ella pôde dar, sob pena
de a cançar, etc. Se o filho do cultivador estivesse ha-
bituado desde a infância a ouvir fallar em progressos
agrícolas, em instrumentos aperfeiçoados, em animaes
melhorados, em estrumes, etc, suppondo mesmo que
não' tenha conservado na memória senão algumas remi-
niscencias dos elementos que aprendeu, certamente elle
não repelliria desdenhosamente e systematicamente,
como faz actualmente, toda a espécie de innovação útil. "
" Para saber o
que pensa o cultivador francez, deve-se
ouvil-o, no meio da multidão, nos dias de concurso, com
— 269 —

que lazzis absurdos, com que escarnecedora increduli-


dade elle acolhe os instrumentos aperfeiçoados, os me-
thodos novos e os animaes melhorados. Elle não acre-
dita em nenhuma destas cousas, porque tudo é novo
para elle, e porque não comprehende absolutamente
nada. Seria a mesma cousa, pergunto eu, se as leituras
da escola primaria, as explicações e os desenvolvimentos
do mestre rural, por imperfeitos que fossem, tivessem
preparado as crianças para comprehenderem, a apre-
ciarem, a admittir o progresso e a duvidar da rotina ?
" Noventa e nove discípulos das escolas
primarias so-
bre cem estão destinados a cultivar a terra; para estes é
evidentemente necessário e indispensável que conheção
ao menos os princípios elementares da arte que tem de
praticar durante toda a sua Vida. Quem lhes pôde en-
sinar esses princípios ? Sem nenhuma duvida o mestre
de escola. Ahi é que está o futuro da agricultura. Os
comícios, as sociedades, os concursos regionaes não
exercerão senão uma acção geral, superficial, sobre o
paiz, senão forem precedidos, acompanhados e seguidos
das lições agrícolas do mestre rural. "
" Todos os homens
práticos, estou certo, pensão
como eu neste ponto importante, e lastimão comigo que
o ministério de instruccão publica não tenha compre-
hendido todo o bem que poderia fazer a este respeito,
bem que, provavelmente melhor inspirado, fará um
dia. "
" Não se tratade disfarçar o cultivador em homem de
letras; trata-se somente de fazer um bom cultivador.
Mr. Dupin disse:— O bom cultivador é que faz o bom
soldado. "
" E' igualmente o bom cultivador
" que faz o bom ei-
dadão.
— 270 —

ÜHIMíGA ANáLYTíCá. :

EXTBACTO DO EEGISTRO DAS ANALYSES DO SR. CONDE


DE LA HURE.

Ií. Yl.— Analyse de uma amostra de Umoneto, feita a


dè S. A. R. o
pedido de Mr. Mathorel, intendente
Príncipe de Joinville.

Peroxydo de ferro 38,65


Oxido salino de manganez . . . 20,15
Ácido phosphorico 1,05
Carbonatos 2,83
( (A12 03, 3 Si. 03) . . . 7,45
Silicatos. \ (K0, Si, 03) 2,20
( (NaO., Si 03) 1,86
Sulfato de baryta insoluvel .... 0,11
Ácido borico ......... 0,72 ^
Azotatos de cal, de soda e magnesia. (vestígios).
Água 24,50
Este mineral contém 25,90 % de ferro metallico.

N. 23. Analyse de um terreno argilo-silicioso (loam),


da rua de Guiger em D. Francisca.

Água 16,0
Argila 36,0
Arêa quartzoza e siliciosa 30,0
Phosphato de cal . . . . . . 0,6
Húmus azo tado 6,0
Detrictos vegetaes 4,0
Carbonato de potassa 1,4
Proxido de ferro 5,0
Densidade 2,507. Diminuição de volume por desse-
cação 12 °/0. Absorpção da humidade atmospherica por
cada kilogrammo de terra: em 12 horas, 8 centigr., em
24 horas, 11 centigr. Máximo d'absorpção 11,5 centigr.
— 271 —

N. 26. Analyse de um terreno arenoso-humifero da


mesma localidade.

Arêa siliciosa 42,80


Restos vegetaes 13,25
Húmus azotado. 20,56
Argila mui dividida . . ..... 2,00
Peroxydo de ferro ....... 0,70
Detritus feldspathicos. . . . . . 3,50
Água 7,00
Densidade 2,37. Diminuição de volume pela desse-
cação 14,9 %. Absorpção da humidade atmospherica
por kilogr. de terra: em 12 horas, 10 centig.; em 24 ho-
ras, 13 centig. Máximo d'absorpção, 14 centigr.

N/31. Analyse de um terreno argilo-ferruginoso de


Valentina, piwincia de S. Pedro do Rio Grande
do Sul.

N. B. A terra foi dessecada a 110° centigr.


Arêa siliciosa fina 18,00
Restos orgânicos grosseiros e conchas. 1,00
Húmus solúvel azotado 0,10
Húmus insoluvel 17,00
Carbonates alcalinos 0,22
Chloruretos alcalinos 0,29
Argila - • 35,00
Calcareo e carbonato de magnesia . 10,00
Peroxydo de ferro ' 18,00
Densidade 2,61.

PROGRESSOS AGRíGOLAS.
AS FERRAMENTAS AMERICANAS.

Convidamos aos Srs. negociantes de ferragens, aos


lavradores e a todas as pessoas que se interessão pelos
— 272 —

aperfeiçoamentos dos instrumentos agrícolas, a que vão


examinar as belltssimas amostras que estão expostas no
armazém de machinas do Sr..Lidgerwood, rua da Mize-
ricordia n. 52.
E- impossível imaginar a perfeição desses mstrumen-
tos sem os ter visto, e reconhecer a sua incontestável
superioridade sobre as ferragens inglezas que geral-
mente se vendem neste mercado. A superioridade é em
verdade enorme, não somente pelo lado da perfeição,
como pela dos preços.
Em outra oceasião diremos algumas palavras sobre
este assumpto, de muito maior importância do que ge-
ralmente se pensa.

Noticias e variedades.
CONSERVAÇÃO DA MADEIRA.

O Chimical News diz que na Allemanha se recom-


menda muito a seguinte composição para prescrever a
madeira enterrada : Mistura-se 40 partes de giz, 50 de
resina (breu ou outra), 4 de óleo de linhaça; faz-se
fundir esta mistura em uma vasilha de ferro, ajunta-se
depois uma parte de oxido de cobre e mistura-se inti-
mamente, deitando por partes e com precaução, reme-
chendo de continuo uma parte de ácido sulfurico. Esta
mistura applicada quente e com uma brocha sobre a
madeira, logo que fica fria, fórma um verniz tão duro
como pedra.

DA CULTURA E EXPORTAÇÃO DO CHA' NA CHINA.

A cultura do chá na China é em geral feita por pe-


quenos proprietários de terras. Cada proprietário planta
nas inclinações das collinas alguns pés de chá dos quaes
colhe as folhas para as necessidades da família, ou para
as vender aos seus vizinhos. Os mercadores de chá, que
fornecem os mercados indígenas e á exportação, têm or-
dinariamente agentes locaes que vão de logar em logar
comprar o excesso do produeto de cada proprietário.
— 273 —

Parece que o arbusto do chá começou a ser conhecido


na China no quarto século da era vulgar, e que só se
tornou de uso geral no começo do nono século, e isto
quando o governo recommendou a infusão das folhas em
água fervente, como meio de prevenir as numerosas
doenças nascidas da detestável qualidade da água que
se bebia habitualmente. Depois desta época até ao
tempo actual, o chá é a bebida commum e geral em
todo o império; e o consumo exclusivo do chá tomou tal
incremento, que a água fria ordinária, é um liquido
que todo o chim bem criado repelle com a maior re-
pugnancia.
O chá se cultiva em grande escala em todas as pro-
vincias do centro e de leste. As sementes são geralmente
confiadas á terra na primavera, e semeadas em viveiros,
onde se deixão durante nove ou dez mezes, até que o
arbusto tenha chegado á altura de um pé, pouco mais
ou menos. Então as plantas são transplantadas e dis-
postas em linhas espaçadas entre si de 3 a 4 pés. Al-
gumas vezes as sementes são enterradas nos logares
onde devem ficar, sem fazer transplantação ; mas esse
caso é o menos freqüente.
O arbusto produz folhas, boas de colher, no fim de 2
a 3 annos ; elle chega ao seu completo crescimento aos
6 ou 7 annos, e, com algum cuidado, pôde dar folhas
até aos 10 ou 15 : dahi por diante as folhas não prestão
e é necessário arrancar os pés e substituil-os por outros
novos.
Faz-se em geral quatro colheitas annuaes. A pri-
meira se faz em Abril, quando as folhas são raras e
amarelladas ; esta colheita é a que dá o chá o mais fino.
A segunda se faz em Maio, e fornece uma qualidade
inferior á primeira. A ultima colheita tem logar de
Julho a Agosto ; as folhas são então largas e duras, e
fornecem um chá mui ordinário, do qual só usa as cias-
ses as mais pobres.
As principaes condições para a boa cultura do chá
são: uma humidade moderada do terreno, abundância
de areia e de matérias orgânicas bem decompostas. Estas
Auxil. Julho 1864. 35
274 —
nas inclinações
condições se encontrão principalmente
das collinas, como acontece ao café.
Cento e noventa e oito a duzentas braças quadradas
400 plantas de
é uma superfície sufficiente para conter médio 170
chá; cada planta dá annualmente, termo
grammos de chá. „ . ,
teita
Guando a plantação é pequena, a colheita e e
pelas mulheres e crianças da propriedade; quando
exigindo-se de cada
grande, alugão-se trabalhadores, 12 libras
uma colheita de folhas que pezem de 10 a
P é
A prova da economia do transito e do trabalho,
o preço baixo do chá da China. • do
E' curioso seguir o augmento gradual de preço
na Eu-
chá Conqu, que é o que geralmeute se consome
ropa e na America, a partir do momento em que as
cheguem
folhas deixão as suas collinas nataes até que retalho
a
ao mercado consumidor, onde os vendedores do que
o vendem por doze ou quatorze vezes mais
custou primitivamente. Os agentes que comprao por4
conta dos mercadores pagão o Congu ordinário por
taels o picul, mas chegando aos portos de embarque, ahi
ja
esta
esse preço se acha elevado a 7 taels, e ainda
ajuntando
sujeito a um imposto de 2 taels. Finalmente, e
a isto os fretes, transportes, e os lucros em primeira o cha
do segunda mão, os vendedores a retalho vendem custa
10 12 ou 14 vezes mais caro do que elle confor-
na China. O preço pago aos agricultores varia se
me a qualidade do chá. Os de melhor qualidade o cha
vendem ao muito por 200 reis a libra, e como os
como
de escolha, estão sugeitos a tantas' despezas
compensao
ordinários, dão mais lucro aos exportadores, e a Euro-
a differença. Os chás mais caros que chegão de todos
mais caro
pa vem pelas caravanas russas. O 30 e
é o famozo chá amarello que se vende por
40$000 a libra. loi,
A exportação do chá da China para a Inglaterra
se
em 1862, de 108,583 libras, das quaes 81 milhões ex-
consumirão no paiz, e o resto foi exportado. A no
o continente da Europa, foi
portação directa para
— 275 —

mesmo anno, de 453,000 libras; os Estados-Unidos


importão annualmente 3 ou 4 milhões de libras. O
consumo interno da China não pôde avaliar-se em
menos de um milhar de milhões de_libras, tendo em
attenção o uso commum e geral que delle faz toda
a sua numerosíssima população.
A* toda a hora do dia o chim bebe chá, de ordi-
nario em pequenas taças, e sem assucar; e á toda a
parte onde se chega, se está seguro de achar chá á
discripção. Dos restos das folhas, os ramos, o chá já
servido, os chins fabricão pequenos tijollos quadrados
que os habitantes da Mongoria e de Mantchourie, con-
vertem em bebida, e mesmo em artigo de alimen-
tação.
COLLA DE LEITE.

Na Historia de Sumatra, Marsden diz que a colla


usada naquelle paiz era feita com leite coalhado de
buffalo, que os habitantes denominão jpra&ee. A man-
teiga destinada aos Europeos, não se obtém com o
aparelho ordinário; abandona-se o leite a si mesmo,
até que o creme se transforme por si mesmo em man-
teiga; tira-se então essa manteiga com uma colher de
páo, e bate-se em um prato razo, e lava-se em duas
ou tres agoas. O liquido restante, azedo e grosso, é o
que se chama propriamente prakee. Comprime-se esse
liquido, faz-se bolos com a parte solida, deixão-se seccar,
até que, no fim de certo tempo, elles se tornem de
excessiva dureza. Quando se quer fazer colla, rala-
se uma certa quantidade, mistura-se com cal viva
e rega-se com leite fresco. A colla que se obtém por
este processo é mui solida e resiste perfeitamente nos
climas quentes ou humidos. O Dr. Wagner -recom-
menda empregar uma solução fria saturada de borax
ou de silicato alcalino para dissolver a laseina. A solu-
ção desta substancia pelo borax é um liquido -claro, de
consistência visgoza, mais adherente do que a gomma
e podendo substituir, em muitos casos a colla forte. As
fazendas de algodão e de lã fortemente impregnadas com
— 276 —
ácido tanico ou o
esta solução, podem ser tratadas pelo
impermeáveis.
acetato de aluminia e ficarem
MAGNESIUM.

redactor,
Segundo o Weldon Beguter, o seu principalmagnesium
descobrio o meio de produzir
M Sonstadt, 'como
m massas,
"SL Mr. Saint-Claire Deville a respeito
se
Se a extracção destes dous metaes
de processes baraf os
tornar industrial, isto é, por meio de grande valor e
não faltará ás artes duas matérias de suas minas,
appl cação, sem temer-se o esgotamento
terrenos contém aluminia e magnesia.
poE que todos os
FOGO GEEGO, AMERICANO.

nas bombas
Todos têm ouvido fallar com assombro
explosivas e incendiarias, empregadas pela primeira vez
onde produzirão
no bombardeamento do forte Sumpter, o fogo inex-
as mais terriveis devastações. Parece que de
tinguivel é produzido por uma dissolução phosphoio
em bisulfureto de carboneo.
DOS BARROTES
RECEITA PARA EVITAR A PODRIDÃO
E ESTACAS.

a hu-
Para evitar que as madeiras em contacto com
a apphcação
midade fiquem podres, recommenda-se sobre a ma-
desta receita, que posta em uma camada torna-a
deira dá-lhe uma dureza comparável a da pedra,
vantagem de
impenetrável á humidade, e tem demais a 50
ser muito econômica. Mistura-se: resina, óleopartes; deli-
300;
giz pulverisado, 40 ; arêa fina branca, 1; ácido sulfu-
nhaça, 4; oxido vermelho de cobre,
rico, 1.
e o
Escandece-se primeiramente a resina, o giz, a arêa
o oxido
óleo em uma caldeira de ferro ; depois ajunta-se cuida-
e (com precaução) o ácido sulfurico. Mistura-se
ainda
dosamente, e applica-se depois a composição,
— 277 —

quente, com um pincel. Se a composição não estiver


bastante fluida, dilue-se com óleo de linhaça.

EMPREGO DA BENZINA NO DESENHO.


i

A beníina, hoje mui commum no commercio, possue


como os outros óleos voláteis e como os óleos gordos, a
propriedade de dar ao papel uma transparência mui
pronunciada, que desapparece depois da evaporação do
liquido. Esta propriedade permitte evitar, por meio da
benzina, o emprego do papel vegetal no desenho. Basta
estender sobre o objecto que se quer copiar, uma folha
de papel ordinário, e humedecer com benzina, por meio
de uma esponja, o logar onde deve apparecer o desenho,
para tornar esse logar transparente e poder traçar, com
um crayon e tinta da China, o desenho que se vê dis-
tinctamente por baixo. A benzina não tarda a evapo-
rar-se, e o papel se torna opaco como dantes. O cheiro,
que aliás não é desagradável, desapparece em pouco
tempo, comtanto que se tenha o cuidado de arejar o
papel e de esquental-o um pouco.
FABRICAÇÃO DOS SABONETES.

Para obter carbonato de soda bem purificado, é ne-


cessario dissolver a soda do commercio e filtral-a mais
de uma vez. O carbonato assim purificado é convertido
em soda cáustica, por meio da cal e da água. Verifica-se
se a soda está bem cáustica por meio de um ácido,
limpa-se o liquido e concentra-se até 18° Baumé, na
temperatura de 17°,5 centígrados. Põe-se então em
uma caldeira 200 partes da solução de soda cáustica
para cada 50 partes de óleo de coco e 50 partes de sebo
derretido, e faz-se ferver até que a solução saponacea
que se fôrma fique completamente transparente, e que,
apanhando uma porção da massa fundida com uma es-
de
patula, ella caiarem lâminas largas e firmes, depois
frias. Derrama-se então o sabão nas fôrmas, e agita-se
até que comece a formar uma massa quasi pastosa.
Ajunta-se depois um sabão preparado de antemão
— 278 —

com ácido stearico purificado por ácido sulfurico,


ou um sabão proveniente de sebo endurecido pelo
chromato de potassa e ácido sulfurico, na fôrma do me-
thodo conhecido. Em ambos os casos, este sabão é fa-
bricado com uma dissolução de soda cáustica a 10° B.
A solução deve ser clara e resultar da combinação de
uma parte de ácido stearico ou de sebo endurecido, com
duas partes da solução em que acabamos de fallar. Mis-
tura-se este sabão com o de coco, que começa a solidifi-
car-se nas fôrmas, agita-se com uma espátula, deixa-se
solidificar e corta-se em pães. Para cem partes do
mesmo sabão bastão cinco partes de ácido stearico ou
10 partes de sebo endurecido.
Assim preparado, o sabão toma um aspecto particu-
lar, devido ao stearato de soda, e apresenta uma su-
perficie de ruptura cristalina e sedacea. O sabão é
duro, espumoso, e possue um ligeiro excesso do de ai-
caii, que limpa perfeitamente a roupa, e serve para os
usos de toillete.

EXTRACÇAÕ DA FECULA DO MILHO.

Desde a irrupção da moléstia das batatas, a impor-


tação do milho, principalmente na Inglaterra, é mui
considerável na Europa. Além do emprego de íarinha de
milho na fabricação do pão, extrahe-se igualmente
grande quantidade de fecula. Como o milho, encerra
pouco tecido vegetal, na conversão em fecula differe da
extracção do amido do trigo ou da mandioca. Depois de
ter feito desapparecer todas as impurezas por meio de
lavagens, põe-se os grãos em agua, e quando elles estão
bem inchados, moem-se em mós horisontaes, que os re-
duz a uma espécie de mingáo grosso que se di-
lue em agua. Faz-se depois cozer esta mistura em
regos compridos, planos e poucos inclinados, nos quaes
a fecula se deposita, entretanto que o glúten e a fibra
vegetal, mais leves, são levadas pela corrente até cubas
postas na extremidade dos regos. Quando a agua fica
clara pelo repouso nas cubas, extrahe-se o deposito,
faz-se seecar e vende-se caro para o sustento dos ani-
¦ — 279 —

mães. Quanto á fecula, agita-se de novo em agua pura,


e depois de a ter lavado por muitas vezas, põe-se em
machinas centrífugas para extrahir a maior quantidade
d'agua, expõe-se ao ar para seccar, e então se vende na
Inglaterra com o nome de farinha de grão, privilegio
de Brown e Polson.

CONSUMO DA CARNE DE CAVALLO NA ÁUSTRIA.

Esse consumo vai em progressivoaugtnento, avaliando-


se em 5,000 o numero dos cavallos mortos annualmente.
Contão-se somente na capital (Vienna d'Áustria) 12
açougues, onde se vende unicamente carne de cavallo.

palácio imperial dos cavallos inválidos.

Os viajantes que vão visitar o parque de Tzarskoe-


Sello, na Rússia, encontrão em um canto dessa bella
propriedade, um estabelecimento único no mundo. Este
estabelecimento é destinado para os cavallos inválidos
que tiverão a honra de ser montados por Suas Ma-
gestades Czarianas. Cada cavallo tem sua manjedoura
particular, onde perfeitamente bem tratado. De tempos
a tempos os deixão ir passear em um prado revalvado.
Em 1859 ainda ali existia m ucavallo de 25 annos
de idade, tão bello e airoso como um potro. Além do
hospital, existe no mesmo parque de Tzraskoe—Sello,
um cemitério de cavallos, verdadeira necropolis com
monumentos e inscripções. As pedras tumulares são
bem alinhadas, e cada uma d'ellas tem uma inscripção
especial: o nome do cavallo, o do soberano que o
illustrou, e muitas vezes a data do nascimento e do
óbito do animal, algumas vezes mesmo citações de
factos históricos. Sobre uma dessas sepulturas cavai-
lares se lê que ali j az o cavallo, ou antes o amigo
que montava Alexandre I, em sua entrada em Pariz,
á frente dos exércitos alliados.
— 280 —

INPUSTRIA DO CARVÃO DE PEDRA NA INGLATERRA.

As minas de carvão de pedra existentes no Reino-


Unido são em numero de 2,654, das quaes, 1,943 na
Inglaterra, 235 no paiz de Gralles, 405 naEscossia e 71
na Irlanda. O produeto annual dessas mmas é de mais
de 65 milhões de toneladas, valendo 16 milhões e
700 000 libras sterlinas ao sahir da mina, e vendidas
somma, estima-se
por mais de 20 milhões. Além desta
o valor do ferro extrahido annualmente dos carvões, em
14 milhões e 500,000 sterlinas. Mais de 500,000 pessoas
se achão empregadas na exportação das minas de carvão
da Grã-Bretanha.

METALLURGIA DO NIKEL.

Este metal oecupa muito o mundo industrial e scien-


tifico por causa de sua utilidade ; por esta elle tem sido
submettido a uma infinidade de experiências concernen-
tes ás suas diversas propriedades e principalmente á sua
inglez L. Tompson
producção econômica. O chimico
demonstrou que o nikel, até agora considerado como
mais refractario e menos malleavel do que o ferro, não
era infusivel senão quando se achava combinado com o
cobalto, mesmo em dozes infinitissimas. O jornal Wel-
don Begister descreve o processo do referido chimico
" O nikel obtido por M.
para obter o nikel puro:
Tompson resulta da reducçao do oxido submettido a
calor rubro em uma corrente de hydrogeneo e de fusão
de metal mui dividido por meio do tórax em um cadi-
nho cheio de aluminia. Neste estado, a sua côr é mui
semelhante á da prata, e essa côr subsiste durante mui-
tos dias ; solda-se comsigo mesmo, como acontece ao
ferro e á platina, em alta temperatura, e combinado com
o cobre e zinco produz uma magnifica liga, mui supe-
" Como o nikel é muito
rior ao metal branco ordinário.
abundante na natureza, e o seu consumo será immenso
no caso de ser produzido puro, este processo tem muita
importância industrial.
1 UllMIli
DA

INDUSTRIA NACIONAL.
AGOSTO DE 1864.—N. 8.

SESSÃO DO CONSELHO ADMINISTRATIVO,


EM 1° DE JULHO DE 1864.

Presidência do Sr. Marquez d'Abrantes.

As 6 horas da tarde achando-se presentes os Srs.


conselheiros Marquez de Abrantes e Antão, Drs. Souza
Rego, Burlamaqui, Nascentes Pinto, Nicoláo Moreira,
Vilhena, Murinelly, Souza Costa, Villanova Machado,
Souto Maior, Vellez, Bernardo Azambuja e Matheus
da Cunha, Colin, Azevedo, Norberto Lopes e Virginius
de Brito; e os sociossefíectivos Pereira de Vasconcellos,
Dr. Duque-Estrada Teixeira, Lellis, Ribeiro da Costa,
Monteiro Barboza, Diogo, D. Cordeiro e Richsen. O
Sr. presidente declara aberta a sessão.
Foi lida e approvada sem debate a acta da sessão
antecedente.
EXPEDIENTE.
I
Aviso do ministério da agricultura, transmittindo o
requerimento em que E. Froinentin pede privilegio por
vinte annos para fabricar e vender no Imqerio machi-
nas destinadas principalmente para a fabricação ^ de
telhas, tijolos, tubos em geral, e massas alimentícias,
afim de que a sociedade haja de informal-o com o seu
parecer.-—A' secção de machinas e apparelhos.
Oflicio do Sr. Francisco Luiz da Motta, communi-
cando que não se entende com o seu estabelecimento,
Auxil. Agosto 1864. 36
— 282 —

feita na
o qual trabalha regularmente, ra declaração Teixeira
ultima sessão pelo Mi. LJ3t Duque-Estrada
espécies de
sobre as machinas para tecer as diversas Dr. Guerra.
filamentos offerecidos á sociedade pelo Sr.
í ,, - • . .¦',... Vi {,-.}.
' -^-Inteirado.
'Officio ;.
do Sr. Dr. Giacomo Raja Gabaglia, membro
seguir
da secção de chimica industrial, communicando
do ministério da mari-
para Pernambuco em commissão
nha.—Inteirado.
Forão recebidos com agrado: um exemplar da Via-
autor o Sr. Dr.
qem ao Araguaya, remettido pelo seu
José Vieira Couto dé Magalhães, presidente da provin-
cia de Goyaz, e os ns. 15,16 e 17 do periódico 0 Brasil,
e remettidos pelo seu re-
publicado em Pernambuco,
dactor o Sr F. M. Duprat.
ORDEM DO DIA.

Forão approvados os seguintes pareceres :


" A secção de agricultura recebeu, com o officio do
Sr. secretario geral, datado de 22 de Maio, um avisp do
ministério de agricultura, commercio e obras publicas,
de 7 do mesmo mez, cobrindo um officio do director da
colônia Blumenau, na provincia 4e Santa Catharina,
acompanhado com duas amostras de algodão culti-
vado na mesma colônia.
" O conselho da sociedade quer, que a secção de agri-
cultura interponha com brevidade o seu parecer, a res-
director da colônia
peito do conteúdo do officio do dito
Blumenau : o que a secção passa a fazer com todo o
interesse que lhe inspira a prosperidade das colônias
agrícolas.
" O mencionado Sr. director pede se examinem as
amostras que enviou, e deseja saber o seu valor com-
mercial.
" As amostras são idênticas, e pertencem á variedade
herbacea de sementes pretas destacadas da felpa ; va-
riedade mui conhecida aqui, e daqui enviada para
Santa Catharina. Consta dos rótulos que envolvem
essas amostras, que a cultura se fez em parte em ter-
— 283 —

reno compacto, barrento e montanhoso, e em parte em


terreno plano, leve e fértil.
" A' simples inspecção se reconhece a influencia dos
terrenos sobre a qualidade dos productos. O algodão
cultivado no primeiro terreno é encardido e de fibra que-
bradiça ; demais, o producto deveria ser pouco abun-
dante comparativamente com o algodão cultivado no
outro terreno, que além disto é alvo e de fibra forte.
"
Quanto ao preço, pócle affirmar-se que, qualquer
que seja a espécie de algodão, com tanto que não esteja
mui sujo, valerá a «arroba pelo menos 20$000.
" Quer também o mesmo Sr. director obter algumas
informações sobre as maçhinas de descaroçar, obser-
vando que as de serras lhe parecem preferíveis ás de
cylindros, sobretudo quando a cultura tomar grando
desenvolvimento, ainda que as primeiras tenhão o de-
feito de cortar as fibras.
" Pondera a secção que, em verdade, esse defeito
existe nas maçhinas de serras; mas que esse defeito é mais
que compensado pela rapidez do trabalho. Nos Esta-
dos-Unidos, as maçhinas de cylindros somente são appli-
cadas no descaroçamento do algodão sedaceo de longa
fibra, isto é, a vigésima parte do algodão que a pouco
se exportava daquelle paiz.
" Se a machina de'Witncy não tivesse sido inven-
tada, a industria algodoeira não teria chegado ao ponto
em que hoje se acha. Em verdade, nos mercados Euro-
peos, o algodão descaroçado em cylindros obtém maior,
preço, mas esse preço não compensa o trabalho, salvo
quando o algodão tem todas as outras qualidades, que
se exigem nas fabricas para confeccionar tecidos finis-
simos.
" Felizmente, a machina recentemente inventada
por Emery, parece annular os inconvenientes ;^ porque
ella conserva as fibras intactas, como as maçhinas de
cylindros, e é susceptível de um trabalho rápido, como
acontece com as de serras. No salão onde a Sociedade
celebra as suas sessões, se acha uma destas maçhinas,
mui preconisada nos Estados-TJnidos, e que teve a
— 284 —
exposição
maior aceitação dos juizes competentes na
universal de Londres de 1862.
" Finalmente, o Sr. Dr. Blumenau, querendo aplainar
o caminho á nascente colônia, sob sua direcção, pede
e
alguns esclarecimentos a respeito da parte industrial
econômica desta importante questão.
" Por isso mesmo que a cultura é nascente, e por-
de poucos meios, a
que os colonos dispõem por ora de resolver. Se cada
questão econômica fica mais fácil
um dos colonos, cultivadores de algodão, quizesse des-
caroçar elle mesmo o seu algodão, terá necessidade de
comprar uma machina e poder dispor de uma força
motriz qualquer. Ora, o dinheiro empregado pelos co-
lonos na acquisição de machinas e de forças motrizes
seria oneroso para cada um delles, entretanto que, fa-
zendo essas acquisições em commum, o sacrifício de
cada um será insignificante.
" Talvez o expodiente suggerido pelo Sr. Dr. _ Blu-
menau seja o melhor : " o natural e o mais conveniente,
diz elle, é que os negociantes ou industriaes da colônia
comprem aos lavradores qualquer pequena ou grande
com ma-
quantidade de algodão bruto, e o descarocem
chinas aperfeiçoadas e movidas por animaes ou por
água.
" Adoptando-se este arbítrio ficarião removidos todos
os embaraços, com grande vantagem dos colonos, que
só terião de occupar-se com a cultura ; e os industriaes
tirarião não pequena vantagem do emprego de seus ca-
pitaes nesta indnstria, mas ainda empregando forças
motrizes possantes na moajem dos cereaes, do milho,
do arroz, das sementes oleosas, etc, etc.
" Vende-se nesta corte (rua da Mizericordia n. 52),
pelo preço de 800$ a 1:000$000, machinas de 60 ser-
ras, capazes de descaroçar de 40 a 50 arrobas, no es-
paço de 10 horas. Duas destas machinas, movidas por
uma força motriz de 8 a 12 cavallos, seria sufficiente
para descaroçar todo o algodão cultivado na colônia.
A secção pede ao conselho :
1.° Que faça enviar ao Sr. Dr. Blumenau, por in-
-.285--

termedio do ministério de agricultura, alguns exempla-


res da Monographia do algodoeiro.
" 2.°
Que faça contemplar a colônia Blumenau, e de
D. Francisea, na distribuição de sementes de algodão
que, acredita a secçao, em breve devem chegar dos Es-
tados-Unidos.
" Finalmente, a secçao de agricultura pede ao con-
selho que não affrouxe no zelo que tem mostrado para
animar a cultura do algodão ; observando que, do ma-
ximo desenvolvimento dessa cultura depende agora a
nossa prosperidade agricola, e o restabelecimento dás
finanças do império.
" Sala das sessões, 15 de Junho de 1864.— Dr. F.
L. C. Burlamaqui. presidente. — A. F. Colin, secreta-
rio.—M. A. Galvão. "
" A' secçao de machinas e apparelhos foi remettido
pelo Sr. secretario geral em officio de 10 de Abril de
1863, o requerimento acompanhado dos respectivos de-
senhos e descripção, em que Luiz Francisco Delouche
pede privilegio por quinze annos para fabricar e vender
tres machinas, que inventou, para ralar, prensar e torrar
mandioca.
" A' secçao tendo em consideração as vantagens qué
resultarião para o fabrico da farinha de mandioca, ge-
nero de primeira necessidade no Brasil, da acquisição
de machinas que melhorassem o actual fabrico, sobre-
maneira grosseiro e anti-economico, demorou-se no exa-
me das tres machinas inventadas pelo Sr. Delouche,
vio-as funecionar, e verificou que ellas estão de perfeito
accordo com a descripção e desenhos apresentados, oífe-
recém facilidade de trabalho, economia de tempo e de
braços e um perfeito resultado quanto ao asseio e excel-
lenciá do producto.
l' Julga,
pois, a secçao que com taes qualidades deve
a invenção do Sr. Delouche ser attendida pelo go verno
imperial.
" Sala das sessões da sociedade Auxiliadora da In-
dustria Nacional, em 15 de Junho de 1864.— Dr. Au-
gusto Dias Carneiro, presidente. — Raphaél Archanjo
"
Gcdvão, secretario.— Virginius Alves de Brito,
— 286 —

Entrando em discussão a proposta do Sr. Albu-


sessão, e relativa á
querque, apresentada na ultima
analyse sobre as principaes plantas e fructos, e aos
meios práticos pêlos quaes se possa conhecer que plan-
tas devem ser cultivadas nos terrenos exhaustos por ou-
trás plantações, o Sr. Dr. Burlamaqui propoz o adia-
mento, õ qual foi approvado, visto seu autor não achar-
se presente.
O Sr. Dr. Villanova Machado requereu que fosse
remettida á secção de commercio e meios de transportes
a proposta do Sr. Dr. Matheus da Cunha para que se
isento do direito de
peça ao governo imperial que seja
consumo o ácido sulfurico, e se represente sobre a van-
tagem de marcarem-se prêmios ou auxílios para monta-
rem-se fabricas desse producto no paiz, para que a dita
secção dê sobre ella seu parecer.—O requerimento foi
approvado sem debate.
O Sr. Dr. Duque-Estrada Teixeira pedio permissão
arrobas de sementes de
para offerecer á sociedade duas
algodão herbaceo, e propôz-se a obter de uma pessoa
desta corte, por preço diminuto, uma grande porção
dessas sementes.
O Sr. presidente declarou que o conselho aceitava
com especial agrado a offerta das sementes, e autori-
sou o Sr. thesoureiro a fazer acquisição da porção que
julgasse conveniente.
O Sr. Dr. Nascentes communicou já ter feito en-
commenda ao Sr. Lidgerwood das sementes de algodão,
na sessão
para que fora autorisado pelo Sr. presidente
passada.
O Sr. Azevedo opinou para que se mandem vir tam-
bem sementes de algumas das províncias do norte, es-
pecialmente das da Parahyba, que são reputadas como
uma das melhores, visto ser o algodão brasileiro muito
estimado na Europa,
O Sr. presidente autorisou o Sr. thesoureiro a mandar
vir algumas dessas sementes, por intermédio de qual-
quer negociante, sem prejuízo da cultura das referidas
províncias.
— 287 —

Forão lidos e ficarão sobre a mesa para serem dis-


cutidos na próxima sessão os seguintes pareceres:
- Da-secção. de machinas e..apparellms.^ §o]oxe o privi-
legio pedido por Carlos Augusto Taunay para uma
ijiachina.de seccar café por elle inventada.
Da secção de chimica industrial, sobre o privi-
legio solicitado por Gony Stephen para fabricar pedra
artificial de varias cores segundo o processo que diz
ter inventado.
Da mesma secção, sobre o privilegio pedido por
Joaquim Ferreira Nobre Júnior para fabricar e vender
um liquido que denomina anti-burmikal, por elle in-
ven tado para matar a formiga saúva.
Da mesma secção, sobre o privilegio requerido por
José de Souza e Silva Braga para usar do processo
que diz ter inventado para preparar a orchata, para
qual também solicita o titulo de Imperial.
Da mesma secção, sobre o privilegio pedido por
Joseph Pradines para só elle fabricar e vender afia-
dores de navalhas de sua invenção.
Forão approvados sócios effectivos os Srs. Theodoro
Jansen Muller, proposto pelo Sr. Dr. Nicoláo J. Mo-
reira; Joaquim Eibeiro do Vai, fazendeiro em Valença,
proposto pelo Sr. Dr. J. F. Vellez; e Manoel Coelho de
Oliveira, proposto pelo Sr. Dr. Frederico J. de Vilhena.
Nada mais havendo a tratar o Sr. presidente levan-
tou a sessão.

DA UTILIDADE DOS RESÍDUOS DAS FABRICAS, E DE OUTROS


RESÍDUOS REPUTADOS INÚTEIS E NOCIVOS.

Prefacio.

Este artigo, em extremo curioso, é um extracto da


Memória de M. Peter Lund Simmonds* inserida no
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JôWiál èfthe Sociày o/Ariè, á qual fiz niuitós àôéres-


centamentos e corrigi alguns pequenos enganos.
Em todas as fabricações perdia-se ineVitaveMente
unia quantidade maior ou mèhor. de matéria prima;
esses residuos não são perdidos - hoje, porque muitas
outras industriasNs àpròveitão. Póde-se dizer que ne-
nhüm resíduo, por nojento ou ápparentemehte inútil
qúé seja, deixa de ser aproveitado e convertido erá ri-
queza, na satisfação de nossos desejos, de nossos com-
modos e de nosso lu£o. O aproveitamento de matérias
até então regéitadas e consideradas como inúteis, é uma
das provas mais notáveis dò gênio da nossa época, do
amor do trabalho das gerações actuaes e dê suas ten-
denciás moralisadoras, tendências que desmentem a
aceusaçao de materialista que alguns cegos dão ao nosso
século.
I.
Produetos animaes.
Os- fabricantes de lã deitavão fora uma enorme quan-
tidade de residuos da matéria prima; hoje elles vendem
aos numerosos mercadores de residuos, e estes os reven-
dem a outras fabricas, que confeccionão um novo tecido
designado com o nome de couro de lã (Shoddy or
mungo) na Inglaterra. Misturados com lã nova, essas
matérias são fiadas, e depois tecidas para fornecer fazen-
das ordinárias, taes como pellos de cabra (doeskins),
pannos pilotos, drogettes e tapetes grosseiros.
O consumo é tão grande, que os residuos das fabricas
de lã, ou dos ofíicios que fabricão com lã, não bastão e
importa-sé todos os annos uma grande quantidade.
Estes trapos são trabalhados em machinas, até que a
substancia fibrosa fique inteiramente dividida ; fia-se e
tecem-se os pannos chamados espanholetos, pannos de
mesa, etc.
Uma outra industria aproveita as roupas velhas de
lã, corta-as, rasga-as, fia e tece pannos quasi idênticos
aquelles que, por velhos, forão lançados fora ou ven-
didos poi* baixo preço. Esta industria tem tal impor-
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tancia que somente em Leeds, na Inglaterra, 16 indus-
tnaes, podem fornecer annualmente 3.605,760 libras de
matéria prima, o que, suppondo
que cada carneiro pro-
duz 9 libras de lã, representa 400,000 carneiros.
O panno piloto que goza tanta estimação sua
duração, é feito com couro de lã; os castores pelatão lus-
trosos, os pellos de cão que se assemelhão á seda, esses
petershams, dos quaes se faz uma tão grande exporta-
ção para os Estados-Unidos, não são outra cousa senão
couros de lã; os capotes delicados e macios as da-
mas achão tão commodos e de cuja fazenda quese fazem
graciosos vestidos, os talmas, raglans,paletós, etc, que
vestem os mancebos da moda, são igualmente feitos
com couro de lã.
Os trapos gordos empregados na limpeza das machi-
nas também entrão na confecção de certos
Esta industria também deixa resíduos; mais esses pannos.
re-
siduos^ são empregados como estrume. Calcula-se
duas libras de semelhantes resíduos eqüivalem a que 100
libras de estéreo ou a 15 libras de sangue liquido.
Além dos trapos e pedaços, resíduos das obras dos
alfaiates, costureiras., etc, trabalha-se do mesmo modo
a meias velhas, os tapetes, etc. Todos sabem os
trapos de linho e de algodão aliinentão uma que
industria, a da fabricação do papel de escrever, de grande
im-
primir, de embrulho, papelão, etc. Neste emprego, não
se exagera, dizendo que o emprego dos resíduos vale
mais do que a matéria prima. Tornaremos a fallar
nisto, quando tratarmos do emprego das s ubstancias
vegetaes.
Os restos da cordajem do panno piloto, já fabricado
com resíduos, depois de lavados e seccos, são converti-
dos em certos fios, para encher colxões, maças, e ob-
jectos de uso commum. Estes resíduos de resíduos,
ainda deixão restos que se aproveitão como estrumes.
Nas officinas de Kinghole perto de Dumpries, na
Inglaterra, usa-se de um processo para converter em
produetos commerciaes as agoas de lavagem. Por meio
de manipulações mecânicas e chimicas transformão-
Auxil. Agosto 1864. 37
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se essas agoas na Stearina que serve de base ás velas


mixtas, e em estrume excellente.
Um tal Teal obteve um privilegio para separar
os corpos gordos que encerrão as agoas de sabão.
Os líquidos são depositados em vastas cisternas, e
misturadas com ácido sulfurico; sob a influencia deste
ácido, os corpos gordos se separão, sobem á superfi-
cie, e as impurezas se precipitão. 0 produeto que
fluetua é decantado, e depois subrnettido a uma pressão
que faz correr quasi todo o óleo ou gordura, e deixa
um resíduo que ainda contém óleo, etc. Este resíduo,
que contém 71 por cento de matéria orgânica e 3 de
saes alcalinos, é vendido como estrume.
Os resíduos dos fabricantes de colla são, desde muito
tempos empregados como agentes fertilisantes.
Vènde-se tambem como estrume, denominado em
inglez Poake, os resíduos da preparação dos couros,
resíduos formados de cal, pellos e óleos.
As aparas, e, em geral, todos os resíduos de couros
sem serventia, que até agora os sapateiros, selleiros, etc,
deitavão fóra ou queimavão, recebeu uma applicação
industrial nova, que eqüivale a uma transformação
de couro velho em couro novo. Em Abingdon, no Esta-
do de ManachusseieS, na America do Norte, são re-
duzidos a pó em uma machina de vapor, e esse pó
misturado com certas gommas e outras substancias,
produz uma massa, que passada no laminador, se
assemelha completamente ao couro, e pôde ser applica-
do a todos os usos que este tem.
Os resíduos da fabricação dos pannos de lã, fl-
nalmente pulverisados e seccos, são hoje empregados
em granda escala na fabricação dos papeis aveludados
para forrar casas Para dar idéa do grande consumo
desses resíduos, de nenhum valor até certa época, basta
dizer que só na Inglaterra, se consome mais de quatro
mil tonelladas no valor de 300:000$000. Talvez em
França se consuma o dobro, porque, .como se sabe,
a fabricação do papel de forro é uma de suas impor-
tantes industrias.
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Nas fabricas de tapetes, certas partes dos resíduos


são empregados no enchimento dos colxões; outras
tes servem para a fabricação dos prussiatos. par-
Os vestidos das damas comprehende um nu-
mero de fazendas, taes como as balsarinas, grande
as orleans,
os coburgos e as alpagas, etc, que são feitas de algo-
dão misturado com lã, pello de cão, d'alpaga, etc.
Quando os vestidos estão fora de serviço, a industria
os aproveita separando o algodão da lã, e aproveita esta
ultima, que tem maior valor, para a fazer entrar de
novo na fabricação dos tecidos.
Os pellos de vacca, taes como são fornecidos pelas
tanoarias, são empregados nas argamassas e na fabrica-
ção dos feltros, das cordas, dos tapetes, nas fazendas
para estofar os moveis, etc.
Os restos das barbatanas de balêas são empregados
pelos tapesseiros, e como ornamentação ; os últimos re-
siduos constituem estrumes, ou são comprados pelos fa-
bricantes de prussiatos, que os utilisão juntamente com
os resíduos da lã, dos trapos, dos cascos dos cavallos,
dos chifres, dos resíduos dos fabricantes de botões de
osso, etc.
A matéria que cobre a crysalide do bicho da seda,
depois de ter extrahido a seda grega, serve para fazer
fazendas ordinárias. Os resíduos dos cazulos que são
utilisados eqüivalem a 10 por cento de seda bruta. Não
contentes de tirar o maior partido possivel do cazulo,
os chins para nada perderem, comem a própria crysa-
lide.
Os fabricantes de colla empregão, debaixo de diíferen-
tes nomes, as aparas dos couros, das pelles, dos cascos e
das orelhas de carneiros, cavallos, etc, e mesmo os cou-
rosvelhos. A gelatina, qu/3 é uma variedade de colla
mais pura, se obtém com o pó de marfim, os ossos, as
castilagens e os tendões dos animaes. Emprega-se no
mesmo fim as aparas de pergamiriho, do velino, as luvas
velhas e toda a espécie de pelles e membranas. Os per-
gaminhos escriptos, são convertidos em colla, ou em
luvas.
A pescaria dos squales tem por fim principal ex-
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trahir o óleo que encerra o fígado destes peixes, um


barril pelo menos por cada um destes peixes bem desen-
volvido. Seus corpos dessecados se vendem nos paizes
frios para engordar os porcos no tempo de inverno. As
pelles servem de lixa para polir os metaes e a madeira.
As pelles das phocas tem muitos empregos ; as apa-
ras destas pelles servem para fabricar balas de jogos de
bolla, etc, de pélla, etc.
Em muitos logares da America as pelles de certos
peixes se utilisão na confecção dos chicotes, de cordas e
correias, e as de alguns outros para refinar os lico-
res, etc
As pelles dos marsuins e dos morsas curtem-se, e
servem para fazer sapatos, botas, etc. No Texas, cur-
te-se e prepara-se as pelles de jacaré, e fazem-se couros
tão flexiveis como os de bezerro e tão marchetados como
o casco da tartaruga. Na índia, na África e na Ame-
rica, curtem-se as pelles das serpentes e com ellas se
fabricão punhos cie espada, cobertura de coldres, sa-
patos, botes, etc
Depois do imposto sobre os cães, «antigo na Ingla-
terra, novo em França, a raça canina soffre uma guerra
desapiedada. Os cães são affogados, fervidos para ex-
trahir-lhes as gorduras, as pelles são empregadas na fa-
bricação das luvas, e os outros restos em diversos
usos. (*)
Todos os annos se affogão em New-York de 5 a 8,000
cães ; seus cadáveres são levados para a Ilha Barrei,
onde se utilisão todas as suas partes ; a gordura é ven-
dida para diversos usos ; as pelles para luvas, e os ossos

(*) Por oceasião da lei sobre os cães, çalculou-se em França,


que os residuos destes animaes valião, pêlo menos 5 francos,' e
mais de 2 ' em segunda mão. Esses residuos constão de pelle,
gorduras, carnes, ossos e sangue. Calculou-se igualmente, que da
matança e aproveitamento dos cães mortos, somente de Paris, a
industria poderia tirar productos no valor de um milhão de fran-
cos ; e que avaliando o sustento de cada cão em 5 centimos por
dia, poupar-se-ha 3 ou ^milhões por anno, poupança que poderia
reverter em favor dos necessitados de dous pés.
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entrão nos compostos destinados á fertilisação da terra.


A gordura dos cães é muito empregada na Allemanha,
nos Estados-Unidos e no Cabo da Boa Esperança, nas
moléstias em que os médicos aconselhão o uso do óleo
do fígado de bacalháo.
Não se
_ pode dizer com certeza se na Inglaterra os
cãessão utilisados cia mesma maneira; mas vê-se todos
os dias os armários das lojas cheios de luvas de
de cão ; e como nesse paiz 400,000 cães pelles
impostos,
e talvez outros tantos não os pagão, o pagão
aproveitamento
dos corpos dos cães constitue certamente uma industria
de não pequena importância.
Os ossos em geral constituem um resíduo, até .agora
pouco aproveitado; actualmente elles são empregados
de um grande numero de maneiras, e em tão
cala que a África Meridional exporta até ossos grande es-
de gi-
rafa. Os ossos pulverisados, ou dissolvidos em ácido sul-
funco ou ácido chlorhydrico tem tão importância
como agentes fertilisadores, que elles grande
dão origem a um
importante commercio ; commercio
que se estende aos
phosphatos mineraes, e mesmo aos excrementos dos
animaes de raça perdida, excrementos conhecidos com
o nome coprolithos. Além deste emprego, os ossos ser-
vem para a fabricação do carvão animal, escovas
de dentes e de unhas, cabos de facas ede para leques,
garfos,
pentes, colheres, vasos, botões e uma multidão de vários
outros artefactos. Os ossos se classificão conforme o seu
valor; os mais estimados são os das pernas dos bois,
segue-se as queixadas, e finalmente os ossos
restos de nossa alimentação. pequenos,
Fervidos em caldeiras, os ossos produzem
gelatina, e
appresto que empregão os tintureiros, os fabricantes de
veludo, etc. ; extrahe-se também uma é
graxa,
branca quando os ossos estão frescos, e corada que
quando
sao velhos ; os resíduos, o pó, etc, são muito empre-
gados como estrumes.
E' raro que nos estabelecimentos ruraes, ou nas
voações de pequena importância, se procure tirar po-
tido do sangue dos animaes mortos; nas grandes cidades, par-
porém, esse sangue é cuidadosamente colhido para ser
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vendido aos refinadores de assucar, aos fabricantes de


azul da Prússia, de carvão animal, para extrahir albu-
mina, etc. Depois de coagulado, vende-se aos fabricantes
de chitas para imprimir em vermelho turco; n'outros
logares, elle constitue um estrume muito apreciado.
Ninguém ignora que o sangue de certos animaes é em-
pregado na alimentação debaixo de muitas fôrmas, assim
como os seus intestinos, e que os intestinos de certos
animaes, são convertidos em cordas sonoras de vários
instrumentos de musica.
A propriedade que possue o sangue de coagular-se o
faz empregar com grande proveito na clarificação dos
liquides mucilaginosos, licores, vinhos, caldas, assu-
car, etc. ¦*
A bile ou fel, principio amargoso secretado pelo
fígado, é empregada algumas vezes em medicina, dissol-
vido no álcool, ou no estado natural; porém, o seu prin-
cipal emprego é na limpeza dos tecidos, roupas, etc,
sobretudo o fel de boi. Esta matéria obra como sabão,
porém, manifesta propriedades detersivas mais ener-
gicas do que se deveria suppôr attendendo-se á pequena
quantidade de alcali que contém. Ella rende serviços
aos pintores pela propriedade de misturar-se com as
substancias oleosas e de as dissolver. Bem refinado, o
fel serve para fixar os desenhos feito com giz ou a lápis.
O marfim, friecionado com fel de boi, perde o seu as-
pecto gordo, e torna-se mais apto para receber uma côr
qualquer; finalmente, o fel, é empregado directamente
misturado com diversas cores, sem que estas se alterem.
Fabricão-se hoje ornamentos sólidos e elegantes com
as vertebras dos peixes, taes como diademas, braceletes,
colares, etc. Os olhos dos peixes são igualmente empre-
gados na industria; os fabricantes de flores artificiaes
se servem delles para simular botões de flores, assim
como das escamas.
Os indígenas da costa Noroeste de America transfor-
mão as entranhas dos peixes em braceletes, linhas de
pescar, pós, saccos, barretes e bocetas; as espinhas ser-
vem-lhe de agulhas e de anzóes. Os americanos apro-
veitão estas matérias," convertendo-as em uma falsa colla
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de peixe, que não goza de nenhunia de suas proprie-
dades.
Os miúdos dosaçougues e matadouros, Os fígados^ a
carne de cavallo,. são empregados como alimentação dos
homens, dos cães e dos gatos. A carne de cavallo, até
hoje repugnante, começa a ser empregada como ali-
mentaçao commum em varios paizes,
E' conhecido o partido que se tira da carcassa dos
cayallos e dos outros animaes, assim como de seus ex-
crementos e outros resíduos deste'genero
O óleo de mocotó ou tutano de pés(*).de boi ou
de carneiro é empregado como tempero,
e para amollecer os couros. para pomjnadas
Prepara-se as bexgas dos bois, porcos e carneiros'
para guardar graixas e outras matérias gordurosas,
para cobrir as rolhas das garrafas, frascos, garrafões
e jarros. Certos intestinos são utilisados
para envol-
torios das lingüiças, salchixas, etc; e servemigualmen-
te de matéria prima para a fabricação, dos batedores
de^ ouro, para cordas de instrumentos de musica, etc.
Todos os excrementos dos animaes são de
utilidade como estrume, porém os de maior valor grande
são
os dos animaes domésticos, assim como os dos
homens.
Tem-se lamentado com muita razão, a
resulta dos restos das pescarias. Até hoje perda que
a difiicul-
dade consiste em colher todos os resíduos, e dar-lhes

(*) Um cavallo morto se vende em Londres por 20$ ou 30$.


Eis o que delle se aproveita, e o valor de seus restos.
Orinas de
"Pellos 300 a 400 rs. a libra.
etendões 4$000
- Couro, gelatina e carne .... 10$000 •
Gorduras 1$600
Ossos 2$500
Cascos 4$ a 4$500
Ferraduras . 800 a 1$200
Os empregados destes diversos residuos são mui numerosos, e
dão origem a muitas industrias diversas.
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os convenientes empregos. A preparação do guano


de peixe, isto é, a transformação das carcassas e dos
restos em um estrume susceptível de ferfcilisar a
terra, constituirá em breve uma industria de impor-
tancia. Nos paizes onde o emprego dos estrumes é
indispensável, trata-se com a maior anciedade de
procurar ao guano um auxiliar ou um succedaneo.
Os peixes se apresentão naturalmente como uma fonte
illimitada e inesgotável de guano, porque reduzidos ao
estado conveniente, elles constituem um excellente es-
trame concentrado, rico em agentes fertilisadores,
ammoniaco e phosphato, e susceptíveis ao mesmo
tempo de fornecerem óleos e gelatina, cuja produc-
ção bastaria para pagar as despezas da fabricação do
estrume.
A experiência já confirmou a idéa de que se pôde
extrahir dos peixes, assim como de seus resíduos, ge-
latina, óleos, e transformar o resto em um estrume
concentrado. Uma companhia se formou na Ingia-
terra para fabricar guano de peixe, e os resultados
forão taes que animou a fundação de varias outras
campanhias. Já de ha muito nas grandes cidades se
formayão companhias para aproveitar os productos
fornecidos pela limpeza das ruas.
A municipalidade da cidade de Antuérpia pagava
antigamente 1,000 libras, ou 9 contos de reis,
a limpeza das immundicies; ella recebe hoje 4 para mil
libras, (36 contos) de emprezarios que transformão
essas immundicies em estrumes mui enérgicos. Pariz
Londres, Milão, e muitas outras cidades tirão
de partido dessas matérias, que em outras cidades gran-
tanto custa a fazer desapparecer, não obstante
dispendios. grandes
4 potassa, cuja applicação nas artes é tão extensa, é
um resíduo que se extrahe das cinzas dos vegetaes. Os
grandes usos deste alcali, assim como o seu preço ele-
vado, tem feito procurar fontes mais abundantes e me-
nos caras, seja para substituir-lhe outros alcalis, taes
como o ammoniaco ou a soda, que como se sabe são
também resíduos. ;
- 296 —

Sabe-se que, com as hervas que


absorvem quantidade de potassa, pas tão, os carneiros
a qual, depois de ha-
ver circulado em seu sangue, é excretada
o suor, e em uma combinação pela pelle com
que se deposita sobre a
Ia. M. Chevreul já tinha demonstrado esse com-
que
posto particular constitue a terça parte da lã bruta;
mas que ella era mais abundante nas lãs
grosseiras do
que nas lãs, finas. Para a extrahir. basta uma simples
immersão na agua fria.
Outr'ora considerava-se este composto como uma es-
pecie de sabão, sem duvida porque a lã, além desta
matéria, contém uma substancia combinada com
bases terrosas, principalmente cal,gorda
no estado de sabão
insoluvel.
Dous industriaes francezes, MM. Maumené e Roge-
let, imaginavão um processo para extrahir carbonatode
potassa das agoas da lavagem da lã dos carneiros. Es-
sas_ agoas evaporadas até perfeita secura, deixão um
resíduo que é depois submettido á calcinação em retor-
tas fechadas. Durante a operação, tornão-se livres os
zes hydro-carburados e amraoniacaes que se fazem ga-
sar pelos apparelhos ordinários, afim de aproveitarpas-o
ammoniaco e tornar o hydrogeneo carbonado
próprio
para a illuminação. O resíduo carbonoso que resta nas
retortas contém os saes alcalinos, que são extrahidos
por meio de agua.
O carbonato de potassa preparado deste modo nâo
contém nenhuma impureza, o que o torna precioso
os fabricantes de vidros e de sabão. Os últimos resíduos para
contém substancias próprias para fertilisar as terras, e
uma excellente côr negra.
A potassa é igualmente extrahida das algas mari-
nhas, como accessorio da fabricação do iodo e do bro-
mo. Além destas substancias, extrahe-se igualmente das
plantasrnarinhas hydro-carburetos, naphta, ammoniaco,.
ácido acetico e gaz de illuminação.
Dos resíduos dos melacos do assucar de beterraba
tambem se extrahe potassa, assim como do guano, etc.
_ Tratamos aqui destas substancias, para evitar repe-
tições no artigo seguinte. (Continua.)
Auxil. Agosto 1864. 38
— 297 —

AfiRiC&LTBAA.-

DO EMPREGO DO GESSO NA AGRICULTURA, E DOS MEIOS DE


VERIFICAR A SUA PUREZA.

A historia da applicação do gesso á agricultura offe-


rece sem duvida maior interesse á humanidade, do
que a historia das guerras e das devastações, dos con-
quistadores; bastaria saber-se que essa substancia tão
humilde importa mais ao bem ser da humanidade do
que muitas outras, a que os homens em geral dão
maior valor. Por essa historia se veria a pratica e a
tradição adiantar-se ás demonstrações da sciencia; vêr-
se-hia o acaso divulgando essa applicação em um pe-
queno estado da Allemanha; vêr-se-hia, finalmente, que,
por outras causas não menos fortuitas, a applicação
desta matéria espalhando-se progressivamente nos dous
mundos e vindo em soccorro de uma das condições das
mais essenciaes da agricultura de nossos dias, concor-
rendo poderosamente para a propagação, a conserva-
ção, e para a maior producção dos pastos artificiaes,
sem os quaes não é possivel multiplicar o gado.
Não tratamos aqui das applicações do gesso á agri-
cultura, o que faremos em um artigo especial, não
obstante termos já tratado desse assumpto no Ma-
nual dos agentes fertilisadores; o nosso fim aqui é
previnir ao lavrador que o gesso do commercio pôde
estar falsificado, sendo por meio de fraude misturado
com outras substancias que desnaturão a sua origem
e tornão o seu emprego sem resultados úteis, ao
menos para o fim que se tem em vista.
Para servir nos usos da cultura, o gesso deve ser
reduzido a pó tão fino quanto for possivel. Para o
falsificar, os especuladores o misturão com matérias
análogas em côr e em textura, taes como os calcareos
e os marnes brancos; esta é fraude a mais commum.
Mas é mui fácil reconhecel-a.
O gesso è um sulfato de cal; se for puro, lançando-
lhe um ácido qualquer, vinagre forte, por exemplo,
não sofrerá nenhuma alteração sensível; mas se lan-
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çado em um copo uma pequena quantidade da mate-


ria em que se suspeita fraude, deluida em pouca agoa,
se lançando-lhes gotas de ácido se manifesta uma espécie
de fervura mais ou menos tumultuosa, é isto signal
de que o gesso está misturado com calcareos ou com
mames.
Poder-se-hia também recorrer ás argilas brancas, e
então o meio indicado perderia o seu valor, porque
a argila não manifesta phenomeno algum em contacto
com os ácidos. Esta fraude é pouco commum, porque
as argilas perfeitamente alvas são mui raras, e pôde-
se dizer que esta fraude será excepcional.

EFFEITO DO PÓ DE OSSOS SOBRE OS PASTOS.

Aquelle que faz crescer qualquer vegetal, em logar


onde dantes nenhum existia, é um bemfeitor da hurni-
dade. Eis o provérbio da maior verdade. Sabemos que
muitos rendeiros Inglezes que se occupão especial-
mente com a producção do leite e dos lacticinios, pelo
largo emprego do pó de ossos nos seus pastos, con-
seguirão de seus campos, que antes da applicação deste
estrume mal nutrião 20 vaccas, hoje nutrão- farta-
mente mais de 40 !
Em certos condados da Grã-Bretanha, os • dous
terços ou mesmo os tres quartos de um estabeleci-
mento rural, tendo por objeeto principal a producção
do leite, são convertidos em pastos permanentes. Nes-
tas localidades, os rendeiros são ordinariamente obri-
gados a applicar a totalidade de peus estrumes nos
pastos; o resto é cultivado com gêneros de alirnen-
tação humana.
Tem-se reconhecido que, depois da drainage, o me-
lhoramento o mais profícuo aos pastos, consiste no
emprego dos ossos, e isto resulta necessariamente da
natureza das cousas. Com effeito, no leite de cada
vacca, em sua ourina, em seu estéreo, na ossada de
cada bezerro criado e vendido, o criador perde tanto
phosphato de cal quanto contém 100 libras de pó de
ossos; desta perda, reconhecida por repetidas experien-
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cias, resulta a vantagem que se tem achado em resti-


tuir aos pastos essa substancia, mui pouco abundante
no commum das terras, e que entretanto é indis-
pensavel ás plantas que servem de alimentação ao
gado, e mesmo aos homens, ao menos em quanto elles
não tomão todo o seu desenvolvimento physico. Todos
os cultivadores devem saber que drainando e estru-
mando com pó de ossos, a producção dos pastos ang-
menta de um modo notável.
A quantidade de ossos necessária para fertilisar uma
geira de terra, varia entre 15 a 20 libras de pó de
ossos; esta quantidade pôde ser sufficiente durante 7
ou 8 annos quando se trata dos pastos, e durante me-
tade desse tempo para cultura dos cereaes, etc. Mas
os pastos que uma vez forão estrumados com ossos
nunca se esgotão completamente, ou, por outra, nunca
se tornão tão pobres como dantes. As espécies mais
tenras e mais saborosas para o gado, substituem as
„_ plantas grosseiras, e a terra adquire uma composição
que augmenta consideravelmente o seu valor.
E' geralmente mais vantajoso empregar os ossos no
seu estado natural, isto é, sem fervel-os para extra-
hir-lhes as gorduras, porque então elles conservão
todas as matérias azotadas, que são eminentemente
fertilísadoras; consequentemente os ossos triturados
sem terem sido fervidos são mais ricos, e seus effeitos
persistem por mais tempo. Reduzidos á cinzas perdem
em verdade uma parte de sua virtude; mas, mesmo
assim, os seus effeitos são mui notáveis. Como os ossos,
são mui duros, inventarão-se machinas para os triturar
e reduzil-os a pó fino: é neste estado que elle é semea-
do nos pastos já formados, ou misturado com a terra
quando se lavra um campo que se quer converter em
pasto.
Para os cereaes, julgou-se mais conveniente, pelos
enérgicos effeitos que se manifestão, diluil-os em agoa
acidulada com ácido sulfurico ou hydrochlorico, re-
duzindo-os deste modo a uma espécie de caldo grosso
que se mistura com a terra lalgum tempo antes das
sementeiras.
— 300 —

..ECONOMíA AGRÍCOLA.

DOS DIVERSOS MODOS DE ALIMENTAÇÃO DO GADO.

Se é verdade que aetualmente nós nutrimos melhor


do que nossos antepassados, pode-se também affirmar
aos nossos
que este melhoramento se estende igualmente de uma
animaes domésticos. A economia, entendida
maneira intelligente, exige que forneçamos a nosso
conseguir
gado alimentos substanciaes, se queremos Está ver-
uma producção vantajosa de carne e gordura.
dade é hoje comprehendida por todos os homens que
têm alguma lição.
Os inglezes que nesta matéria, como em tantas ou-
trás, nos podem servir de exemplo, não consentem que
seus rebanhos penosamente procurem um miserável
sustento, composto de hervas grosseiras que mal pro-
duzem os terrenos vagos ou mal cultivados. Nunca elles
consentem que o gado coma os grelos das arvores, nem
as hervas que guarnecem as margens do mar ou dos lo-
gares pantanosos.
A alimentação do gado é^ preparada na Inglaterra
com as melhores espécies vçgètaes, colhidas em pastos
naturaes ou artificiaes, para cuja prosperidade não se
do
poupão sacrifícios. Uma grande parte servirprodueto de ali-
desses pastos é convertido em feno para
mento do gado durante o inverno. Além da enorme
dos óleos indige-
quantidade de resíduos da fabricação
nas, a importação deste gênero tende a crescer cada
anno com o fim de augmentar as rações alimentares du-
rante a má estação e engordar o gado. Emfim, o^ agri-
cultor inglez, que é ao mesmo tempo criador ou simples
engordador, trata cuidadosamente do seu gado conforme
as regras da hygiene.
De outro lado, a chimica está constantemente em-
e aquellas
pregada em experimentar novas substancias,
nutritivas e as mais
que são reconhecidas como as mais
únicas admittidas a servir
próprias para engordar são as
de alimento ao gado.
Finalmente, numerosos experimentadores, chamando
— 301 —

a sciencia em sua ajuda, se esforção para compor mis-


turas que possão reunir os elementos necessários á nu-
trição e sejão ao mesmo tempo de fácil digestão. Ne-
nhum paiz tem tido tantos cuidados nem adquirido
maiores conhecimentos a respeito da criação e engorda-
mento do gado, e nenhum outro povo se tem entregado
a tantas investigações theoricas e praticas sobre a na-
tureza e as propriedades dos diversos gêneros de ali-
mentação destinados á alimentação dos,animaes domes-
ticos. Todas as substancias empregadas, desde a palha
até aos alimentos os mais caros, tem sido da parte dos
cultivadores e dos sábios inglezes, o objecto de attentos
exames. Demais, o agricultor-criador, sabendo quanto
importa de nada deixar perder, utilisa todas as substan-
cias e sabe tirar o melhor partido dellas sem deixar per-
der nenhuma.
Se consultarmos as estatísticas, ficaremos admirados
da enorme quantidade de provisões que o gado neces-
sita. Os Estados Britannicos produzem, somente em
nabos e beterrabas, de 17 a 20 milhões de tonelladas
todas consumidas na alimentação do gado cornigero e
dos carneiros no tempo de, inverno. Se se observa que
um boi ou uma vacca consome por dia perto de 100 li-
bras, e um carneiro perto de 24, fár-se-ha idéa da pre-
videncia que se deve ter para que não falte sustento ao
gado nas más estações.
Existe porém muitas outras matérias a que se pôde
recorrer vantajosamente para sustentar os animaes ; taes
são os resíduos de certas fabricações, taes como de cer-
veja, as farinhas de vários cereaes e raizes, ao milho, ao
arroz, etc, etc. Os americanos, chegão até a plantar to-
mates para sustentar as suas vaccas leiteiras. O shorgo,
ou massambará, cuja cultura tem sido tão despresada
pelos novos cultivadores, é uma excellente forragem que
produz em todas as estações e engorda muito os animaes.
E' hoje reconhecido que as substancias oleosas cons-
tituem tim dos melhores alimentos para favorecer o
crescimento e engordamento dos animaes, e para aug-
mentar a producção do leite. Na Europa emprega-se
— 302 —

com grande vantagem os refiduos da fabricação dos


óleos de linhaça, de colla, etc. Além da producção in-
digena, a Inglaterra importa annualmente 50,000 to-
nelladas destas matérias, das quaes metade é applicada
como estrume dos pastos.
Em vários logares dos Estados da União-Americana,
cultiva-se o milho em ponto grande somente para o gado
de toda a espécie, que come as palhas, as astei?, o grão
e o sabugo das espigas. A canna de assucar, no estado
ordinário ou na de bagaço, é igualmente empregado
para o sustento do gado cavallar, bovino e snino.
Em alguns logares emprega-se a alfarroba, que se
cultiva e consome em grande escala na Hespanha, em
Portugal, em Creta e em uma grande parte da Europa
meridional.
Os suecos empregão até os próprios ossos na alimen-
tação do gado. Os ossos ainda frescos, e, por consequen-
cia contendo ainda gorduras e gelatina, são submettidos
á acção do vapor, e depois reduzidos a farénha ; essa fa-
rinha, misturada com farello e residuos de cevada, e
dada ao gado, cuja ração diária é um quarto de libra,
quando o animal é adulto, e de 2 onças quando ainda
é novo. Dá-se igualmente a comer a todas as aves em
geral, e pretende-se que este regimen favorece muito a
producção dos ovos.
Nada se perde na natureza : tudo se reproduz, tudo
se transmitte. " Engordemos os animaes para "
nos en-
gordarmos a nós mesmos, diz Shakspeare. Se quere-
mos nutrir-nos bem é necessário nutrir bem ps animaes
com cuja carne nos alimentamos ; aliás elles definharão
e nós com elles.

DO GÜANO E DO ESTERCO DAS AVES.

Os excrementos das aves domesticas devem ser cias-


sificados entre os estéreos mais concentrados, seu valor
corresponde ao menos á metade do melhor guano do
Peru. Como a sua ourina é expulsa dos intestinos com
as matérias fecaes, estes excrementos contém os mesmos
— 303 —

elementos que a ourina animal secca. Seu valor fertili-


sante depende sobretudo dos alimentos que lhes servem
de nutrição. Se as aves fossem nutridas com carne,
a acção do estéreo destes
peixe e sangue, é provável que
animaes fosse idêntico ao do guano, entretanto que o
seu valor, ainda que mais alto do que o de qualquer
outro estéreo, é todavia menor quando ellas só se nu-
trem com substancias vegetaes.
A composição des excrementos das aves, contém
pouco mais ou menos:

Ácido urico . .,. ...... 88,70 °/0


Ammoniaco 8,55 %
Phosphato de cal 2,75 %

Em conseqüência da fermentação, o ácido urico se


transforma em bicarbonato de ammoniaco, de sorte que
este estrume* eqüivale ao carbonato de ammoniaco do
commercio. Convém portanto aproveitar o mais possi-
vel as dejecções das aves domesticas, e o meio o mais
simples de prevenir a perda dos princípios fertilisantes
consiste em polvilhar, duas outras vezes por semana,
estes excrementos com pó de carvão ^ ou de gesso. Os
excrementos dos pombos são os mais ricos de todos.
Pela analyse elles dão substancias solúveis, ácido urico,
carbonato de arnmoniaco, chlorureto de calcium e phos-
phato de soda ; insoluveis : gesso, phosphato de ma-
gnesia, ar,êa e outras matérias terrosas.
O mais inferior de todos os estéreos das aves, é o ex-
cremento dos patos e ganços. No estado de frescura, as
dejecções destas aves são de tal modo corrosivas, que
matão as plantas novas. Entretanto, misturadas com
substancias absorventes ou que lhes facão experimentar
uma decomposição parcial, podem-se utilisar, com me-
nos vantagem em verdade, mas sem perigo para a ve-
getação.
— 304 —

ENGORDAMENTO DO GADO.-^VALOR DOS ESTRUMES QUE


ELLE PRODUZ. (*)

A chimica não se occupa das qualidades exterio-


res dos corpos, mas somente de sua composição ge—
ral, e de seus diversos elementos em particular. Assim,
em suas applicações á agricultura, por exemplo, não
é como forragens propriamente taes que ella consi-
dera as plantas empregadas na alimentação dos ani-
mães domésticos; ella não vê nessas plantas senão a
reunião das substancias alibiles, assimiláveis em suas
relações com o organismo animal. Para ella, a forragem
em si mesma não tem valor; seus componentes nutri-
tivos, azotados ou não azotados, plásticos ou produc-
tores de carne, respiratórios ou produc tores de calor ou de
gorduras, eis que lhe importa.
A theoria sobre o papel que representão as diversas
pares dos alimentos na producção da gordura ou da
carne, está pouco mais ou menos fixada; trata-se
presentemente de a verificar e de demonstrar por meio
de experiências se ella tem razão ou se está em erro.
O órgão das investigações sciefitificas do domínio
da agricultura, no seu 2o volume,, dá os resultados
dos ensaios feitos pelo Dr. Crusius, na escola ex-
perimental de Moekern, com o fim de determinar a
importância da gordura vegetal na alimentação da
raça bovina, Tratava-se de experimentar em 12 bois,
se: Io, por uma mais forte doze de gordura vegetal nas
forragens, se augementava a sua força de assimila-
ção, e se, por conseqüência, se actielerava o aug-
mento do peso dos mesmos animaes; 2», se a propor-
ção de matérias azotadas e de matérias não azotadas,
por meio da qual o augmento adquire o seu dasapogêo, subs-
fica sempre constante, seja que a quantidade
tancias alimentares não azotadas se componha de uma
porção mais forte ou mais fraca de gordura, ou bem

(*) Chronica agricola da Alemanha, por Koltz.


Auxil. Agosto 1864. ™
— 305 —

que em presença de um alimento rico em gordura,


ella permitta uma utilisação mais completa de ma-
terias assimiláveis pela adjuncção de matérias protei-
nareas; 3o, se um regimen de matérias gordurosas para
o gado a engordar é pecuniariamente fallando, o
mais proveitoso.
Os bois forão divididos em dous lotes, cada um
de 6 cabeças. Cada um dos animaes destes lotes,
com a mesma idade e nas mesmas condições physi-
cas, receberão iguaes quantidades de matérias seccas;
mas, o primeiro lote teve mais uma ração diária de mate-
rias gordas, taes como os resíduos da fabricação do óleo
de colza, e o próprio óleo porém em diminuta quanti-
dade. As outras matérias de alimentação consistirão
em feno, palha de centeio, farello, farinha de ervilhas,
batatas e cevada já servida nas fabricas de cerveja.
O Dr. Cruzius apresenta tabellas mui especificadas,
não somente da natureza e quantidade das matérias
empregadas na alimentação de cada lote, como da
relação entre as matérias azotadas e não azotadas con-
tidas em cada uma destas matérias, e finalmente
do augmento em peso que successivãmente forão ad-
quirindo os 6 bois .de cada lote.
Resulta destas tabellas que o Io lote, adquirio quasi
dobro da gordura vegetal e cresceo mais rapidamente
que o segundo.
A analyse exacta das dejecções alvinas, líquidas e
sólidas, provou de mais, que o primeiro lote se assimilou
mais partes nutritivas e igualmente uma maior doze
de matérias fijbrosas. A differença em mais, expressa
em algarismos, dá para o primeiro lote 53,4 por cento, e
34,4 por cento para o segundo lote.
Quanto ao preço da producção da gordura, cada
libra custando no primeiro lote como 1, custou no se-
gundo 1,62.
Portanto a vantagem pecuniária é ainda em favor
da nutrição rica em gordura vegetal. No curto espaço
de 8 semanas, o peso dos bois do Io lote tinha aug-
mentado de 1310 libras e o segundo 860 libras.
— 306 —

Estes resultados não são isolados, elles são confirma-


dos pelas experiências de Pertoz, segundo as quaes,
ganços nutridos com milho cujas partes gordas se
havião extrahidos por meio do ether, adquirirão só-
mente metade da gordura de outros ganços susten-
tados com milho puro. Pullok, apressou o engorda-
mento de porcos, dos bois e carneiros, com ajuda de
uma fraca doze de óleo de fígado de bacalháo. Na
Inglaterra costuma ajuntar-se algum sebo na massa
alimentícia que se dá a comer ás gallinhas de Dorking,
famosas pela sua carne gorda e saborosa. Sabe-se a
disposição a engordar que tem os porcos quando são
tratados com milho (*) ainda mais quando são nu-
tridos com pinhões, castanhas, e polpas oleosas dos
fructos dos coqueiros, etc.
A providencia quiz que tudo, neste mundo se ligasse
por meio de simples transformações. Os pastos: os carne,
grãos
e as matérias oleosas vegetaes, se transformão em
em ossos e em gorduras, e estas substancias por sua
vez se transformão em pastos, em grãos e em fructos
oleosos. O animal morto restitue tudo quanto recebeu
e fórma o seu volume actual; porém, mesmo em vida,
elle faz as vezes de um apparelho onde se laborao ás
substancias do modo o mais conveniente á fertilidade
das terras. Taes são as suas dejecções e as suas ou-
rinas.

leitores a analyse
(*) Não será som interesse apresentar aoschimica
do milho ordinário, feito no laboratório de agrícola de
Wiesbaden.
Fecula 65,90
Dextrina 2,23
Proteína 10,04
Gordura 5,11
Oellulose 1.58
Cinzas • ¦ •, 1-58
' 15,46
Agoa
100,00
— 307 —

- A questão de saber qual é a época a mais conve-


niente «de empregar o estéreo, tem dado logar até hoje
a muitas controvérsias. Alguns recommendão o seu em-
e curraes; mais geral-
prego ao sahir das mangedouras
mente na pratica, o deixão fermentar em tulhas, e não
o espalhão na terra senão quando elle chegou a um
de decomposição. Dizer
gráo mais ou menos avançado sobre este ponto
que ainda se não chegou a um accordo dados
eqüivale a reconhecer quão. poucos positivos
sobre as praticas as mais rudimentares da
possuímos
agricultura. Nestes últimos tempos, o Dr. Wo!tz,direc-
tor do instituto agrícola de Hohenheim, reconsiderou
a questão, e apoiando-se sobre um grande numero de
ensaios comparativos, pronunciou-se decididamente
fresco e desde a
pelo emprego do estéreo no estado
sua sahida das mangedouras.
O Dr. Wolff, professor do mesmo instituto, ^ que
estudou esta questão sob o posto de vista scientifico,
deu conta de suas analyses e experiências em uma
memória sobre a composição chimica do estéreo depois
de uma prolongada conservação.
Eis o resultado destas experiências.
Em Maio de 1857, elle fez apanhar todo o estrume
de 46 bois, 20 novilhos e 14 vitellas, alimentados em
mangedoura. Todos estes animaes, da raça de Simen-
thal, derão em 7 dias e meio 145 quin taes e meio, de
estéreo fresco. Neste intervallo todo este gado tinha
comido differentes substancias pesando 11,810 libras.
Estas matérias constarão de ferro, palhas, restos de ce-
reaes, beterrabas e grãos triturados.
Reservou-se 220 libras de estéreo fresco para servir
nas analyses chimicas e outras experiências. O restante,
cousa de 143,2 quintaes, foi posto em uma tulha de 3 a
4 pés de altura, que se deixou exposto, durante um
anno, á toda a influencia das estações. No fim do anno
a tulha estava reduzida á espessura de um pé, e conti-
nha ainda 67,3 quintaes de estéreo humido, com 1,360
libras ou 20 por cento de matérias seccas.
A analyse deu as seguintes substancias : matérias or-
ganicas, azoto livre, ammoniaco, matérias mineraes,
— 308 —

ácido phosphorico, nitrato, carbonato de soda, cal, ácido


sulfurico, oxido de ferro, arêa. Resumindo a analyse,
solúveis foi
quanto á quantidade, a perda em matérias
considerável, e ainda mais em matérias voláteis.
Esta analyse demonstra a perda que soffre o cultiva-
dor em matérias fertilisadoras, quando elle deixa os seus
estrumes decomporem-se em tulhas durante mezes e
annos. Debaixo da influencia do sol e do ar os prmci-
se perdem pela eva-
pios os mais enérgicos dos estrumes das matérias
poração, e as águas carreão grande partede Stockhards, eis
solúveis. Conforme as investigações
o modo de avaliar esta perda em dinheiro : 1,000 libras
de estéreo fresco representão um valor (preço na Alie-
manha) de perto de 3$600 rs., emquanto que as subs-
tancias contidas no mesmo volume de estéreo decom-
estas duas espécies de
posto, valem 4$400. Ora, como
estrumes, em igual volume de humidade, estão na razão
de 159 quintaes para 54,4, segue-se que o primeiro re-
nao vale
presenta 46$400, emquanto que o segundo
senão 27$600, isto significa que o estéreo fresco perdeu,
durante um anno, 58 por cento ou perto dos 3/5 do seu

Uma parte do estéreo foi conservado durante 15 me-


zes em um celleiro fechado, e ainda que elle tivesse ar
mais tres mezes do que aquelle que foi exposto ao
livre a analyse demonstrou que a sua decomposição elle
não estava tão avançada. No fim dos ^15 mezes, orga-
ainda conservava 33,6 por cento de substancias mais
nicas, entretanto que o da tulha hão continha além
senão 25,2 por cento. O estéreo coberto, continha,o estéreo
disto, 67,5 por cento do azoto primitivo, mas 44yl
deixado ao ar livre, não representava mais de por
cento. „
O estéreo coberto servio também para fazer expenen-
cias cujo fim era verificar a influencia de differentes
e^sobre-
substancias na fixação das matérias orgânicas, estéreo 7
tudo, do azoto. Para este fim encherão-se de
caixas, de um pé cúbico de capacidade ; as quatro pri-
coberto
meiras receberão estéreo puro; o n/5, estéreo
com ZW gr.
cora 150 grammos de pó de carvão; o n. 6,
— 309 —
foi estratificado
de cal apagada ao ar; no n. 7 o estéreo as caixas forao sub-
com 200 |r. de gesso fino. Todasdesde 22 deAbnl.de
metódas ás mesmas influencias
Durante os primeiros
MCTrt» 22 de Julho de 1858. todas as semanas; e,
mezes, essas caixas forão pesadas
denois*'em épocas indeterminadas. do estéreo, ou
A perda total, em peso, da massa analyse daspuro subs-
misturado, contido nas sete caixas e na publica-
SeSque afinal se achou nellas, formão
SoTcima citada, duas minuciosas tabellas qualitativas com os
e quantitativas. Contentar-nos-hemos, porém,
resultados e indicações geraes. 12,364 _
A caixa n. 1 (estéreo puro), continha gram-
mos, ficou reduzida a 48,5 por cento.
cento.
A caixa n. 2 (idem), 12,300 gr. idem aa 53,51 por cento.
A caixa n. 3 (idem), 12,217 gr. idem 52 por cento.
A caixa n. 4 (idem), 12,500 gr. idemia49,4 por idem
A caixa n. 5 (misturada com carvão), 14,694 gr.
a 55,2 por cento. .. n~ n
a 61,2 por
A caixa n. 6 cal), 10,836 gr. idem
(com
06Acaixa
Di 7 (com gesso), 12,725 gr. idem a 64,0
por cento. -,-.',_
Da serie de experiências e analyse do estéreo puro ou
ou a co-
misturado, e de sua decomposição ao ar livre
berto, resulta: , . •
no
1<> O estéreo misturado com outras substancias, or-
matérias
estado de decomposição, é mui pobre em
agoa fria, sobretudo quando essas
ganicas solúveis na ou o
substancias são a cal gesso. .
de azoto
2o No estéreo decomposto, a quantidade
sobre
solúvel em substancias orgânicas, diminuio muito, ma-
tudo n'aquelle que foi misturado com outras
3» A cal e o gesso parecem próprios para fixar as
matérias orgânicas solúveis e tornal-as menos solu-
veis;.a quantidade de azoto insolouvel na agoa torna-se
tambem mais forte.
4° O carvão não exerce grande influencia sobre a
conservação do estéreo.
— 310 —

5o A acção benéfica das substancias mencionadas,


maneira conveniente
quando são misturadas de uma
com o estéreo fresco, resulta de que, por sua influencia,
a decomposição das matérias orgânicas fica retardada,
e de que, ao mesmo tempo, resta uma maior quanti- or-
dade absoluta e relativa de azoto nas substancias

^trabalho do Dr. Wolff, trata também da influen- disto,


cia do tempo sobre o estéreo, e oecupa-se alénj; da
com duas outras questões realmente mui úteis: destas
conservação das esterqueiras cobertas, e da fixação
substancias fertilisantes, assimiláveis pelos vegetaes
cultivados. .•*'., ., o
Entre estas substancias, o ammomaco ja tem sidoOs
obiecto das investigações de differentes chimicos. sao
trabalhos de Boussingault, sobre esta substancia;sobre
mui conhecidos. As suas recentes experiênciasmatérias
o ammoniaco, os nitratos e o azoto das sobre
orgânicas, vierão augmentar o interesse agrícola
verdadeira
estas indagações, que podem fazer uma favo-
revolução na theoria dos extremos em extremos
expeneü-
raveis á agricultura. Já demos conta dessas vem no
cias nas noticias industriaes e agrícolas que deMockem
Zxiliador deste anno, pag. 258: M. Kuop, do ce-
acaba de fazer a contraprova das experiências estado nor-
lebre chimico francez e concirno que, no
mal, as plantas não desprendem ammoniaco.

NOTICIAS E VARIEDADES. (
NOS CAMINHOS DE
DA CIRCULAÇÃO E DOS ACCIDENTES
FERRO, EM FRANÇA. (1)

do N E e
Circulão todos os dias sobre as linhas 2,130
Oeste, de Orleans e de Paris ao Mediterrâneo, faz
trens que percorrem 192,000 kilometros, (2) que

de 1861, pag. 645'


(1) Cosmos, X anno, Tomo XIX, Dezembro
a 4oü braças.
(2) Cada kilometro corresponde
311 —
totalidade 70
nor anno 777,450 trens, percorrendo emviajantes trans-
SS de tílometros. O numero dos em um
portados sobre estas differentesfoilinhas
de 310 milhões
período
pouco
rdtfannos, de 1850 a 1860, o numeio dos
mais ou menos. Durante esse período, de acci
viajantes que perderão a vida em conseqüência
dentes é de 44, isto é, 1 sobre 7 múhões. onde se
Existe, por ventura, uma empreza humana difli-
agitem forças materiaes no meio de circumstancias
homens, que se
çeis e de um concurso tão enorme de numero dei vicí-
compromettesse a não fazer nm maior officiaes,
tintas ? Estes algarismos, extrahidos de fontes e con-
têm uma eloqüência que não é fácil enfraquecer,formula-
tra a qual não poderião prevalecer afirmações força nao
das sem conhecimento de causa. Mas que novaalgarismos
tomão elles quando são comparados cornos iogar em
dos accidentes das carruagens, que tem tido Paris. Em
um anno, nas ruas, somente da cidade de faz ver que
1860, por exemplo, a estatística official nos os
os accidentes desta espécie têm sido de 970, entree te-
auaes 30 custarão a vida a outras tantas pessoas em
rimentos a 570. Assim, a circulação das carruagens como
Paris, produzio quasi tantas mortes em um anno,annos !
toda a circulação dos caminhos de ferro em dez
DE PEDRA.
FORÇA MECÂNICA CONTIDA NO CARVÃO

da pro-
O professor Eogers avalia que a sexta parte em
ducção total das minas de carvão é empregadamilhõesgerar
de
força, e que essa força é equivalente a de 55
de
homens. Cada 8,664,044 hectares de uma camada forma,
carvão puro, de 4 palmos e meio de espessura, esse
termo médio, 10,000 tonelladas de carvão, e que homens
carvão é o equivalente do trabalho de 3,000 total
trabalhando toda a sua vida. A producção annual as
da Grã-Bretanha, 65 milhões de tonelladas, eqüivaleisto
forças reunidas de 400 milhões de homens adultos,
mais de metade de todos os adultos que encerra o mundo
inteiro.
— 312 —

LUZ ELECTRICA.

Parece que o problema de illuminação pela luz elec-


trica, está próximo a resolver-se. A praça do Palais-
Royal e as duas entradas da rua de Saint-Honoré, em
Paris, estão illuminadas de uma maneira uniforme,
como o serião pela lua cheia no zenith, e isto por meio
de um único bico ou lâmpada, alimentada por uma ma-
china elec tro-magnética ; dous reflectores hyperbolicos,
collocados um abaixo e outro acima do ponto luminoso,
triplicão a intensidade da luz e a espalhão sobre toda
essa vasta superfície. Os aperfeiçoamentos feitos n#cy-
lindro ou prismas do carvão artificial, -permittem qüe
as lâmpadas iiluminem durante 6 horas sem interrup-
ção. M. Serrin deu mais um passo, porque conse-
dentro
guio fazer com que a luz electrica illuminasse
d'água, tão perfeitamente como na atmosphera. Po-
der-se-ha portanto illuminar o fundo dos nos ou dos
mares, e ser applicada aos pharóes, aos navios, aos tra-
balhos das minas e pedreiras, etc. Pela primeira vez se
ensaiou a união do vapor e da electricidade. Uma ma-
china de vapor de 3 cavallos communicou á magneto-
electrica um movimento de rotação de 350 voltas por
minuto, e a lâmpada de M. Serrin, illuminada pela cor-
rente da machina accusava uma intensidade igual a de
200 lâmpadas de carcel.
Ainda não pára aqui os aperfeiçoamentos. M. Au-
Exposição de Londres,
gusto Bertior preparava para a
em Março deste anno, duas machinas magneto-electri-
cas a que elle deu o nome de machinas-gemeas. Ellas
são'construídas por um novo modelo e têm pequeno vo-
lume, o que facilitará o seu emprego a bordodos navios,
e se prestará melhor á circulação da electricidade. Pos-
tas em jogo por uma machina de força de dous cavallos-
vapor, consumindo mui pouco coke, essas duas machi-
nas reunidas dão uma luz cuja intensidade é igual á de
300 bicos de carcel. Movidas pelo mesmo motor, porém
separadas em seus effeitos, ellas darão duas luzes de 150
bicos cada uma, e poderáõ mover-se simultânea ou sue-
cessivamente, no mesmo logar ou em logares differentes.
Auxil. Agosto 1864. 40 .
313
serviço dos' P^a?"
Com estas machinas-gemeas o
exemplo nunca seria interrompido ; pelo contrario
ao abrigo de todos os
ter-Xk a certeza de se estar
os apparelhos^tuaes,
Videntes a que estão sujeitos, e essa mesma,
mie dão uma luz dez vezes mais fraca ;
mui complicados e mm
S a apparelhos de óptica,
dispendiosos.
E PORTER.
LOCOMOVEIS DE AVELINO
os exemplos da
Não cessaremos de publicar todos
até que os leitores se
annlicacão deste grande invento, locomovei é mfinia-
,uega facção pela
ÍrSde pelo lado^do tia
mente superior á dos animaes, tanto Emfim a acabar-se
balho oomo pelo da economia. de terro, aço
Dor ficar convencido que esses monstros
parecem masque
fcoíre uão são tão terríveis como serviçaes e mteJli
t>elo contrario, elles são tão dóceis,
mais do que os seus companheiros de
gTntes como, senão nova, cuja divisa
Sarne e osso A Austrália, ainda tao adiantada do
que
TllZe Austrália, já está mais existência,
séculos de por-
os paizes que contão muitos
o novo modo de tracçao.
que dia é quem mais emprega encom mondou para Ko-
Sra companhia de mineração serviço particulai!
chester vinte locomotivas para o seu da en-
Os fabricantes Aveling e Porter, encarregados e
commenda, fizerão mui notáveis aperfeiçoamentos
nas ruas «tratai
experimentarão a primeira locomovei
d'aquella cidade. Esta locomovei arrastou inglezasquatro wa-
ou
aom carregando cada um cinco tonelladas
carga que poderia
370 arrobas, ou todas 1,480, isto é, a
levar 148 de nossas mullas ! carros pode
Portanto, as 20 locomoveu, arrastando 80 cálculos
Estes
substituir o serviço de 2,960 animaes! o leitor desse
são fáceis de fazer; mais é bom dispensarrasgo de vista
um
trabalho, afim de que elle veja de
modo de tracçao. Elle
a erandiosa importância deste a questão
comprehendera bem isto; mas perguntara: e apresentar-
está perfeitamente resolvida? A resposta
lhe o resultado do primeiro ensaio.
c
¦-A
— 314 —

A locomovei voltou os cantos sem a menor difficul-


braças,
dade, uma rampa de 9 por cento, longa de 720 outra
foi vencida a razão de 2 léguas por hora; uma
rampa de 14 por cento, e em terreno muito amolecido
hora. As
pela chuva, foi vencida n a razão de legoa epormesmo sem
experiências inversas se fizerão sem perigo o trem loi
dificuldade. Depois de 3 horas de trabalho, elevou
aincla augmentado com 2 pezados wagons, o que a 100
o pezo total do trem, comprehenclida a locomovei trem
tonelladas inglezas de pezo. Arrastando esse pezado
em um
a locomovei trabalhou desembaraçadamente terreno
terreno mui desigual, mostrando que se essea b legoas
fosse bem preparado, ella poderia faze r de 5
por hora.
FUMADORES DE ARSÊNICO.

e da Ásia
Sabe-se que em alguns logares da Europa isso se
existem povos que comem arsênico sem que por desde a
adquirido
envenenem, tal é o effeito do habito na China
mais tenra idade! 0 cônsul geral de França Norte misturao
M Mont igny, assegura que os chmsdo em seus. ca-
Penico cSnío tabaco, efumão tudo junto
aos habitantes das
chimbos. Este costume é particular e Chan-lu. Os
províncias de Ho-Non, Het-Chunen da Corea, conta-
Cri* apostólicos daMantchur.ee
dessa vasta regmo
2 a este cônsul que as populações O uso do tabaco
fumavão com delicias esta mistura. nes ar eg ao
arsenicado, está de tal sorte espalhado lauto e tes
tabaco puro.
que era quasi impossível obter chms, afirmarão ,gual-
Vários, como os bispos, e muitos
da melhor saud.,, erao
Sáte que os fumacfo.es gozavão
os seus pulmões f™ccl"mT0°
gordos e nedios, que e elles e^o vermelhos
o folie de um ferreiro, que de mais, chms do Sul fuma,
como cherubins, entretanto que os 11e fez dai o
dores de ópio tinhão a côr de açafrao que a toda a China.
nome de raça amarella, e se estendeu
0 RIO DE FOGO

Verde (Green
Guando estão baixas as agoas do Rio
os barcos de va-
Biver), na Indiana, Estados-Unidos,
315 —

azuladas, que nem sempre


por ficão cercados de chammas O fundo deste no
Conseguem a travessar sem pfigo. de restos vegetaes de
está coberto com uma camada se as rodas ou a
muitos palmos de profundidade; levanta-se immediata- quilha
dos vapores agita essa massa, inflammavel. Então e
mente «ande quantidade dc gaz
Necessário tomar as maiores precauções, porque sees que-
ou se uma luz qualquer
cemn de fechar as fornalhas, aerio se mamfeste
appareçe sobre a tolda, o incêndio Todavia no maior
com grande terror dos passageiros. vapor
numero de casos basta fazer parar
o para qu e os
Jazesse apaguem por si mesmos. E' imposs.vel desse que
nao tarem
mais tarde'ou mais cedo, os americanos
rio singular, algum grande partido industrial.
INGLEZA.
A MAGNITUDE DA INDUSTRIA
é a terra cias-
Todo o mundo sabe que a Inglaterra colossaes.
sica das concepções ousadas e das emprezas ella
Com os immensos capitães de que dispõe, A suapodedar capital,
ás suas operações proporções gigantescas. um as-
suas fabricas, officinas e arsenaes apresentaoTheophi o
dizer com
pecto titanico esmagador. Póde-se escala
Gautier que a industria levada a essa gigantesta
assume um caracter poético. < na
Os seguintes extractos, de um artigo publicado
Marbaix,
Revista Popular das Sciencias, por M. A. de mdus-
da
em nada diminuem a idéa que se pôde fazer
tria ingleza. _
" Quando estive em Londres, aconseinarao-me ae
e C.
visitar a fabrica de cerveja de M. Barclay, Perkins ro-
nos
Ainda que eu conhecesse esses nomes escriptos hoje se
tulos das garrafas dessa deliciosa cerveja que
outra
encontra em toda a parte, pareceu-me que tinha fabrica
cousa a fazer em Londres, que não visitar uma tao
de cerveja. Instarão-me tanto, contarão-me cousas
bellas excitarão a minha curiosidade de tal modo, que
uma manhã dirigi-me para a famosa fabrica. Não perdi
a uma
o meu tempo. Figure-se uma fabrica semelhante
margem
cidade a um mundo! Ella está collocada na
direita do Tâmisa, que é a principal via de seus trans-
toma as águas de que precisa, onde
portes e onde ella
— 316

occupa uma vasta superfície. Os celeiros ou antes os


reservatórios onde se deposita a cevada já preparada,
são grandes espaços verticaes quadrangulares, occu-
.edifícios da.fabrica,
pando toda a altura dos hnmensos
e contendo 2,000 saccos. Estes reservatórios são em
numero de 24, de sorte que 48,000 saccos de cevada
estão abi sempre promptos para as necessidades da ope-
ração.
" Por meio de engenhosas combinações mecânicas, a
cevada é levada aos moinhos e d'ahi ás diversas cubas.
Essas cubas são tanques, e os refrigeradores lagos. O
se souber que
que não deve causar espanto quando
sefabricão regularmente 2,500 tonelladas de cerveja
por" dia. de
.
fabricada, um
A cerveja ingleza exige, depois
longo repouso em grandes massas, que dura de ordi-
nario um anno. Os reservatórios, onde, por meio de
é são immensos
possantes bombas, essa massa deposta, Gargantua, de uma
vasos cylindricos, toneis dignos
capacidade de 1,000 a 3,000 tonelladas. A fabrica con-
tém 60 destes vasos! Cento e cincoenta cavallos estão
empregados no serviço do estabelecimento. E que ca-
vallos! Com o chapéo na cabeça, encostei-me a um
desses mastadontes; ainda faltavão tres pollegadas para
chegar a sua altura, e entretanto eu tenho 1 metro e 85
centímetros (quasi 8 palmos de altura!)
" Em agricultura se observa as mesmas proporções
extraordinárias.- Um só agricultor de Norfolk comprou
em 25 annos, 875,000 francos de bagaços de sementes
oleosas e 625,000 francos de estrumes artificiaes! Um
negociante comprou um terreno por 1.750,000 francos,
e em tres annos gastou 625,000 francos em edificações,
.
caminhos, drainage, etc.
Brathwaite Poole, administrador de um caminho de
ferro de Liverpool, avalia o estrume animal empregado
na Inglaterra em 90.000,000 de tonelladas, valendo nao
20 000,000 de libras sterlinas; mas esta quantidade
representa senão uma fracção da massa dos estrumes
consumidos pelos cultivadores. M. Clure, o estatístico
bem conhecido, calculava ha 20 annos, que o estrume
317

annualmente no reino excedia de


animal empregado
no valor de 60.000,000 cie
329 300,000 detonelladas
UbruníísÍ ossos e de
aSísto a enorme quantidade de
vai tascar a toda
estrumes rnnraes q«e o commercio
as SP do crlobo, e imagine-se. a immensa quantidade
a Sri« fStüisadoras que annualmente se accumu-
Mas todas estas n-
t naT eris da G à-Bretanha.
Liebig, porque.a medida
anexas se perfem, segundo o
vã?pondo na terra, os rios as carregao paia
t™se
°TlUaterra
importou, em 1861, 140,000 tonelladas
de ossos calcmados ou nao
detuano 80,000 tonelladas
de soda, mais de 20,000
25 §00 tonelladas de nitrato
e talvez, mais de 10,000
t bagaços de plantas oleosas,
de nitratos e carbonates de potassa.
EFFEITOS DA IGNORÂNCIA.

e esse
Em 1855, a moléstia das batatas recrudesceu,
Em vários pon o
mal deu origem a sedicções populares.
destrun as fabi cas
da Bélica, as populações quizerao das quaes ellas
de produetos chimicos e aos vapores,
attribuião a causa da doença. e da, Itaha, ,.
Em muitas localidades do Sul de França
lavradores as es-
a doença da vinha foi attribuida pelos
tra ri as de ferro e ao vapor ! illus-
Em França, no pai, que se diz eminentemente raio) nao
ceo (o
trado o vulgo acredita que o fogo do
se presta as casas
pôde apagai-se 1 Nenhum soecorro Por oçcasiao cio m-
ou celleiros incendiados pelo raio. Molmet, o Maire
cendio de uma casa na coramuna de numero
do logar deu um prêmio pecuniário ao pequeno a apagar esse in-
de indivíduos que se prestou a ajudal-o
raio! Poder-se-h.ao
ceudio, produzido por effeito de um todos na
citar dezenas de factos desta ordem, luzes!passados Citaremos
culta Europa, e isto .no século das
somente mais um. . _ sobie-
Os paisanos inglezes acreditão em appançoes
etc Ha
naturaes, em lobishomens, em feitiçanas, pouco,
— 318 —
da
foi commettido um horrível assassinato, resultado
80 annos,
crença popular em feitiçarias. Ura francez de no
alquebrado e surdo, vivia de dizer a buena-dicha feito
Tendo
condado vizinho de Suffolk, na Inglaterra. docampo,
uma predicção pouco agradável a uma mulher iras dos
as
e esta cahindo doente, o marido excitou francez. Por
paisanos contra o pobre diabo do feiticeiro
desgraça deste, elle foi encontrado em logar ermo^a
perto
msul-
de Sm grande charco. Os paisanos começarão
e acaba-
tal-o, a dar-lhe murros, pedradas e pauladas, apedre-
rão por fazel-o cahir no pântano, onde rnorreu
estas
iado, esbordoado e afogado. Parece incrível que_ eu-
estejao
enfermidades do espirito humano ainda não deve isso
radas neste século de civilisação; mas não
não chegou
causar admiração, porque a civilisação ainda
ás ultimas camadas do povo.
O ASSUCAR DE ERABLE OU MAPLE

existe uma
Nos vastos sertões da America do Norte
arvore de grande porte, cuja seiva concentrada
canna e
produz
da be-
excellente assucar, quasi idêntico ao da

Sacchannus,
Os botânicos lhe dão o nome de Acer
e os americanos o de Maple. converte-
Quando na primavera, a seiva ascendente americanos co-
se em um liquido assucarado, é que os em pães
lhem em grande quantidade, e convertem o agri-
de assucar grosseiramente refinado. Logo que a subir,
começa
cultor americano reconhece que a seiva e vai acampar
deixa a sua casa com toda a sua gente, maplesr em
nas florestas onde sabe que encontrara os a trabalhar.
começa
grande quantidade ; e desde logo
A caravana, além de viveres e tudo quanto e necessário
leva comsigo certo numero de
para viver na solidão, necessários. _
pipas, caldeiras e utensis de se sus-
Tudo disposto para a operação, e depois
o fogo, os trabalhadores
penderem as caldeiras sobre de 4 ou D
furão com uma verruma, as arvores, cousa um tubo
tronco, e introduzem
palmos acima da base do
— 319 —

canudo de pao, poi esse


de metal ou simplesmente um no principio gottaa
tukTé que corre a seiva da arvore, formando uma
totta «depois mais rapidamente derramado nospequena toneis
é
cCente Z tente. C> liquido condensado e refinado
e depois nas caldeiras, fervido,
tUFa«dX'modo
duas colheitas por anno, de 6
termo medro em
em 6me.es. Cada arvore produz, as«car. 0r tempo da
cada estação, de 3 a 4 libras de dias; na
colheita dura no outomno de 4 a 5 3 ou 4pnmavera, semanas
a seTva corre algumas vezes durante
excede annualmente
1 producção do assucar de erable de New-York
ele 40 milhões de libras somente no Estadona ™*te a ma«
maio maple, dos americanos, só vegete a.florestes de
fria da zona temperada, e povoa todas e ao pe das
Oeste, até ás bordas do grande deserto de dar,
montanhas rochosas. E' portanto impossível das quanti-
mesmo aproximadamente, o algarismoa extensão da
daeCde assucar fabricado em toda deve ser im-
União; consequentemente a quantidade
mTcrystallisação
desse assucar se obtém pela feryura
ao ponto conveniente
pura e simples da seiva. Chegado odeixao
de concentração, o lanção em fôrmas, onde mui
esfriar e seccar. Depois de secco formao-se pães
duros de côr muito escura.
CARVAÕ DE PEDRA FUSÍVEL.

de North-
Descobrio-se na America do Norte, perto carvão de
de
Wester-Raidway, uma mina mui curiosa ella se
pedra Posta sobre uma chapa de ferro quente, Pela simples
derrete como se fosse lacre, e corre fluida
de óleo mineral
fusão, tira-se perto de 2,250 quartilhos
tonellada de carvão.
(Naphta) de cada
NAÕ HA MAIS LEITE AZEDO.

seu es"
O leite ou creme azedos ou talhados tornão ao
tado primitivo, derramando algumas gottas de carbonato
de soda dissolvido em agua commum.
laam ** DA

INDUSTRIA NACIONAL.
SETEMBRO DE 1864.—N. 9.

SESSÃO DO CONSELHO ADMINISTRATIVO,


EM 15 DE JULHO DE 1864.
Presidência do Sr. Marquez d'Abrantes.
A's 6 horas da tarde, achando-se presentes os Srs.
Marquez de Abrantes, Drs. Souza Rego, Burlamaqui,
Nascentes Pinto, Villanova Machado, J. M. F. Pereira
de Barros, Vilhena, Nieoláo Moreira, J. A. de Murinelly,
Souza Costa, Vellez e Raphael Galvão, J. M. Pereira,
Colin, Azevedo, Norberto Lopes, Manoel Paulo, Ismael,
José Botelho, commendador José A. Ayrosa, Affonso
de A. Albuquerque e Miguel A. Galvão ; e os sócios
effectivos Dr. Duque-Estrada Teixeira, Lidgerwood,
Luiz de Rezende, Roberto Grey, Dr. Carlos J. P. das
Neves, Xavier de Brito, Pereira de Vasconcellos, ba-
charel Pereira Rego, Coelho Antão, Lelis, B. Barroso
Pereira e Amarante da Cunha, o Sr. presidente declara
aberta a sessão.
Foi lida e approvada sem debate a acta da sessão
antecedente.
O Sr. secretario geral deu jeonta do seguinte
EXPEDIENTE.

Aviso do ministério da agricultura, commercio e


obras publicas, transrnittindo seis barricas, contendo
sementes de trigo, vindas do Chile, afim de qne a so-
Auxil. Setembro 1864. 41
— 322 —
Im-
as distribua pelas colônias e lavradores do
eiedade
mesa. pvnedido ordem ao minis-
Iri^s^^-rrtr^
perio.—A'

—t\1g^pt6oc0SrOr Lpe_a. da mes-


m|StatmntSoada° cópia do aviso, expedido pelo

melhoramento das raças am-


:0SC00I!ÍA sec^o de
m requerimento e^W^
Idem, transmittindo o «inos
em que James P.:0 Bainey pede privilegio' P» 20
^e um apparelho que diz ter
PaTO ?._o ,.araTeparao café, afim de que a so-
'"T_f com o seu parecer con-
C- haCdeCformal-os o referido ap-
t nu.Treviamente faça examinar
commissL.-A scoção de machinas
p_íKorPuma
" do Bio de Janeiro
otíoWnte da provincia do relatório apresentado
remettendo
remettenao aous exemplares
oceasião de passar- he a
Maio ultimo.-Recebidos
„dmiuistrçã„P 1 dia 3Pde

ifZamerican 2 vols.-Recebidos com agrado.


"inspector
^OffiTod interino da alfândega da corte
na. barca^ dinamarquesa
communicandoter cagado marca Boohs, a qual fica a
pS uma caixa com a logo que tenha
fi oosiCão da secretaria da sociedade, - Inteirado e a
ddo descarregada a referida barca.
Rego declaro.i já ter oficiado
Sesa.-0 Sr Dr. Souza autorisando o porteiro da
2Sr inspector da alfândega da referida caixa.
sociedade a fazer o despacho
— 323 —

Officio do director da directoria central da secretaria


da agricultura, remettendo, de ordem do respectivo mi-
nistro, um exemplar do relatório apresentado á assem-
bléa geral legislativa na sessão actual—Recebido com
agrado. _ . . ,
Officio do barão de S. João do Príncipe, agradecendo
a sua admissão como sócio effectivo.—Inteirado. ^
Forão recebidos com agrado tres números da Mevista
re-
Commercial de Santos, remettidos pela respectiva
dacção, e um exemplar do Elogio histórico do conse-
lheiro Dr. Francisco de Paula Cândido, ofterecido
Joaquim Moreira.
pelo seu autor o Dr. Nicoláo
ORDEM DO DIA.

Forão approvados sem debate os seguintes pareceres:


" A S. M. o Imperador, requereu José de Souza da
a
Silva Bra^a, negociante da praça do Rio de Janeiro,elle
concessão^do titulo de Imperial para a orchata por na
e, quasi
preparada com processo de sua invenção, mesmo
mesma data, em outro requerimento, requereu ao
Augusto Senhor privilegio desse processo; solicitando
objecto por dous
portanto duas concessões pelo mesmo as
ministérios differentes. Sendo ambas pretençoes atteo-
Nacional
tas á Sociedade Auxiliadora da Industria anno, do
corrente
pelos avisos de 13 a 16 de Abril do commercio e
ministério do império, e do de agricultura,
os;pa-
obras publicas, o conselho da sociedade remetteuindustrial e
peis do pretendente á secção de chimica em sessão de
geologia applicada, por decisões tomadas acompanhados
15 daquelle mez e 9 de Maio ultimo, anm
aquelles papeis de uma lata contendo a orchata,
de dar parecer. u,' „
" A secção tem a honra de ponderar ao conselho, a
respeito do titulo solicitado pelo requerente, que julga
não parecer da competência do conselho as informações
sobre títulos honoríficos com que os produetores
e
preten-
muito
dem offerecer no mercado os seus produetos, prin-
ligao-se a
cipalmente quando a concessão desses títulos sua
apreciação de circumstancias e quesitos que por
#

— 324
a mordomia
natureza parece competir exclusivamente as razoes
da casa imperial. Deixa a secção de produzir serem ellas
em que se funda para assim entender por
de simples e natural intuição, parecendo-lhe portanto
ao
conveniente que. nesse sentido se informe orchata ^msterio
Im-
dos negócios do império acerca do titulo de
perial, solicitado pelo requerente.
" Relativamente á pretenção do privilegio requerido,
cumpre á secção informar que da leitura do processo,
requerente para
por descripção incluso, seguido pelo não ter elle realisado
fabricar a sua orchata, se conclue ao con-
invenção alguma, nem melhorado ; achando-se muitos
trario verificado que esse processo fora ha ja
annos introduzido no paiz, e aliás com melhoramentos
actuaes, que muito recommendão alguns dos estabele-
cimentos industriaes que ora fabricão o mesmo pro- do
dueto. Não estando, portanto, esta outra pretenção a
requerente, nos termos da lei do Estado, que regula nao lia
concessão de privilégios industriaes, por isso que e
invenção, melhoramento ou introducção de processo
a secção de parecer que assim também se informe sobre
esta pretenção ao ministério dos negócios de agricul-
commereio e obras publicas.
tura, 'Sala
" das sessões, Io de Julho de 1864.— Dr. Ga-
briel Militão de VUlanova Machado.— Dr. Lúcio José
da Silva Brandão, secretario.— Dr." Nicoláo Moreira.
— Ismael Torres de Albuquerque.
" Gony Stephen, cidadão Francez, residente nesta
corte ha longos annos, requereu a S. M. o Imperador
a concessão de privilegio por vinte annos, para garan-
tir-lhe durante este. espaço o processo de sua invenção
coloridas. Affecta
para a fabricação de pedras artificiaes
a pretenção á Sociedade Auxiliadora, por aviso do mi-
nisterio dos negócios de agricultura, commereio e obras
corrente anno, forão os
publicas, de 12 de Fevereiro do de chimica industrial e
seus papeis remettidos á secção
dar em vir-
geologia applicada, para sobre ella em parecer,
sessão de 15 do
tude de decisão do conselho tomada
mesmo mez e anno.
" O no seu re-
pretendente descreve com franqueza
— 325 —

fabricar as
querimento, a composição e processo para
suas pedras artificiaes, indicando quaes os componentes
activos e inertes (cimento de Portland ou de Grenoble,
entrão na composi-
gesso, granito pilado e arêa), que
ção, deixando de mencionar os ingredientes
'tes não ê
promoven-
novo, é de
do colorido ; esse processo, porém,
ha muito conhecido e em uso na Europa, mormente em
França, Bélgica, Itália e Inglaterra, não sendo por con-
seguinte a invenção do pretendente.
" Fundado nesta consideração, resolveu o conselno
contra igual pretenção, quando em 1856 o muito co-
nhecido Sr. Boulanger, solicitou do governo imperial
no paiz. A secção
privilegio para fabricar iguaes pedras delle tirar só ar-
não se servirá porém deste aresto, para
requerente, mas cita-o
gumento contra a pretenção dorazões
também, para provar que as que então teve o
conselho para assim decidir, manteem-se ainda com
todo o vigor e extensão.
" Resumindo-as, a secção pondera em primeiro logar,
a privilégios
que o argumento em que os pretendentes as suas petições e
por pedras artificiaes têm baseado
no qual é também baseada a do requerente, é que pela
moldagem conseguindo-se dar as pedras artificiaes
todas as fôrmas exigidas pelas decorações das obras a
toda a mao de
que são ellas destinadas, economisa-se
obra indispensável ás pedras naturaes para tomarem
iguaes fôrmas, resultando disso tão vantajosa economia
de custo, que as pedras artificiaes são obtidas por pre-
entretanto em
ços muitíssimo reduzidos, levando-se
conta o imposto dos moldes.
" A este argumento, de vigorosa apparencia, tem a
secção a oppôr as seguintes objecções : #
" 1.» Que comquanto assim seja, relativamente a dii-
ferença de preços, devida ao excesso de mão de obra e ás
difficuldades de exploração das pedras naturaes em ai-
não encontrão um
gumas localidades, todavia estas
succedaneo absoluto para todos os empregos artificiaes.e
" 2.a Que as qualidades resistentes, e de duração
as
denso destas, são sempre inferiores ás de que gozão a
a preferencia que
pedras naturaes, resultando dahi
— 326

todas as obras monu-


estas dão os constructores para o inconveniente
™ntaes- sendo para mencionar que
de exfoliarem-se com o
Z^entáo TvíLb artificiaes construídas fora
tempo quando empregadas em obras
Sua ou em secco, defeito esse occasionado na
pelo gesso,
composição.
um dos componentes activos que entrão dessas
" 3 » Que nos paizes em que o emprego pedras
como em
é extenso, tanto para as obras immersas, nos loga-
secco, ellas excluem as naturaes tão somente dispendiosa ou
res ein que a exploração destas é muito em muitos de-
em que ha falta absoluta, como acontece Itália nao_ se
e
partamentos da França, na Bélgicae em outros;
dando o mesmo nos departamentos, paizes
das naturaes e feita a rjreço
onde a exploração pedras
rasoavel.
" 4a Que relativamente ao emprego que possao vir
nao con-
a ter no nosso paiz as pedras artificiaes, parece tor
virá embaraçal-o em quanto o seu desenvolvimento favores
livre e progredir sem auxílios de privilégios ou
nosso paiz proíusa-
protectores, tanto mais porque é o
mente rico de pedras naturaes de qualquer das classes
(Plutonicas, Vulcânicas, Stratificadas e MetamorpU-
cas) em facilimas circumstancias explorativassa ; econo- pare-
cendo mais consentaneo com os princípios de
nelle se
mia industrial, auxiliar a exploração que dellas ser-
faz com a introducção dessas machinas de minar, de
rar, facear, etc, as quaes tanto reduzem os preçosellas
mão de obra no preparo das pedras de cantaria ;
contribuiráõ inegavelmente para que muitas utilidades
naturaes desse gênero venhão a ter valores, e concorrao
para o augmento da riqueza publica.
" 5.» Que a apregoada vantagem da reducçao dos
real para o nosso
preços das pedras artificiaes, não é tão hydraulico
paiz como se afigura, por isso que o cimento
de Portland e de Grenoble, e o gesso, não são tomados
em primeira mão e sim importados do exterior, podendo do
vir talvez mais lucros aos fabricantes dessas pedras
seu commercio directo, que do fabrico destas.
" São estas as objecções a que a secção alludio, e que
tem a honra de submetter á consideração do conselho,
— 327 —

" Relativamente aos cimentos hydrauhcos, ella con--


w PMa,
sidera que seria prestar serviço não Petl™no
favorecer com privilégios industriaes ou prêmios aos
de cimento e pozzo-
que se propozessem montar fabricas ¦nao senão
Cas artificiaes, dando de si boas garantias taes fabricas
só as vantagens que o Estado tirana de ; hydiatíioas
reduzindo de muito o custo das ^aB °bras de algumas pe
promoveria também o apparecimento tomão essas matérias
^uenas industrias úteis, asque a da
como
matérias primas, entre quaes comprehende-se
fabricação de pedras artificiaes.
« No? termos das objecções, a secção conclue decla-
a conces-
rando que não lhe parece justo e conveniente
são do privilegio requerido
« Sala das sessões, Io de Julho de 1864. -- Dr. Ga
Lúcio Jose
briel Militãode Villanova Machado.-Di. Nicoláo J. Mo-
da Silva Brandão, secretano.-Dr.
reira _ Ismael Torres de Albuquerque.
'• Joaquim Ferreira Nobre Jumor requereu a b. M.
o Imperador a concessão de privilegio para garantir-lhe
a descoberta de um liquido de -sua preparação por elle
denominado- ant.i-burn.ikal que anmqurlla os en
«jWJ»*f
xames das formigas sauvas em seuaa Sociedade auxi
retenção do requerente veio affecta
o aviso do.ministério
CdoTa da Industria Nacional oom e obras publi-
dos negócios da agricultura, commercio anno e remettidos
cas de 15 de Fevtreiro do corrente de chimica in-
os papeis que lhe são relativos á secção do conselho,
Ztriále geologia applioada por decisão
tomada na sessão da mesma data..... ^vn
«- Antes de requerer o privilegio, o impetrante pro-
cedeu a experiências perante duas pessoas illustres do
nosso paiz e dellas obteve os attestados que se encon-
um assistente cjue se
?rTinclüsos, além de outro de cousa. A secção
achou presente, certificando a mesma a experiências que se
entretanto teve de por si assistir de seus membros na
fizeriS eom a presença da maioria Bx.~
chácara situada emS. Christovão, pertencente-a do li-
emilia Alencar, e dellas reconheceu a efficacia
nas formigas individualmente, que
quSe aníTburmíkal
— 328

tocadas. Tendo
morrião momentaneamente apenas delle e antigo formi-
X escolhido na oceasiao um grande a maioria da
gueiro para servir de prova, presencioudo referido liquido
Sção ahi reunida a introducção apparentemente das
e
pelas entradas mais notáveis essas e. outras entradas
principaes galerias, tapando
Sais próximas do centro do formigueiro; prestando-se
as quaes se-
o requerente a todas estas operações, paraa estes
elle publicadas e papeis
guia as instrucções por
annexas. „„„„
" Não se tendo podido proceder as escavações necessa-
rias para a verificação da eficácia do liquido no interior tor-
do formigueiro, attenta a sua grandeza e extençao, 24 horas,
nando-se para isso indispensável o decurso deíazerulte-
de
pelo menos, foi pela secçao encarregado
riormente todos quantos exames entendesse mdispen-
saveis o membro do conselho e da secçao o illustrado
Sr. Dr. Nieoláo Joaquim Moreira.
" Collige-se da valiosa informação inclusa deste se-
nhor :— Que o formigueiro, apresentando seis braças,
comprehendendo
pouco mais ou menos de diâmetro,
lonqas e numerosas qalerias. apresentava-se abatido no
dia em que foi por èlle examinado, quer em seu centro,
no foco, nem nas aber-
quer em suas ramificações. Nem, corredores,
turas exteriores de seus vastos notavão-se
essas coroas formadus de granulações terrosas ou ar-
apresentando o
qilosas, mais ou menos tênues, soltas e symptoma da
aspecto perfuraceo* tão característico
presença e actividade das formigas sauvas.
" Praticando escavações observou o mesmo Sr. Dr.
Nieoláo Moreira:— No centro do formigueiro todas as
com o liquido
formigas mortas que tinhão tido contacto em direcção á
e atacadas com a enchada as gallerias,
algumas até ao centro, achou grande numero de formi-
gas mortas, e algumas, se bem que alguma em diminuto nu-
mero, vivas, porém, mostrando cousa de
anormal em seu andar, e sua côr, e até em seu gênio
mordicante.
Estes exames forão feitos seguramente dez dias de-
formigueiro, demora
pois da introducção do liquido no
— 3â9 —
interme^a-
motivada por alguns dias chuvosos que se
rão, favorecendo antes os resultados, que piejudican-
°«°Com termos
elles a secção tinha pois solyido em
muito satisfactorios a questão que a sil mesmo propo-á
zera em referencia á efficacia do iquido^destinado mseclm
extinção das povoações de tão damnmhos
Bestava-lhe, porém, saber quaes os damnos que acaso
se occasionar ás pessoas que o tiveBwm de
podessem informar
manipular e á vegetação, afim da secção fder lhe •
zelo que
ao conselho com consciência e com o
seu dever; era-lh, Portanto,
pira o cumprimento do dc.liquido
indispensável o conhecimento dacomposição. trabalho se
Deste
qualitativa e quantitativamente. secção o pm-
S regou o nosso consocio emembrç.da deter
tante Sr. Dr. Ernesto Frederico dos Santos, aque luforma
minando a composição do liquido, prestou certificara que
So jnncta, pela qual o conselho se
nenhum damno nem risco ãe tem a temer.
« O conhecimento da composição do liquido anti
burmikal pondo em evidencia as meios qualidades dos seus
de solver du-
componente^ proporciona também
vidas e obiecções que se poderão propor. o estado a
« Ve fe to poder-se-hia desconfiar qne que
dos seus«^o
flcãoreduzidasTs formigas dentro a moi te atten
é mais uma espécie de hibernação que e »de™
traohem
dendo-se que ellas respirão por. an mães de
circulação muito mais imperfeita que«os muito mais
rmlniões podendo, portanto, resistir por de oxy-
tempo a acção asphyxiante dos gazes privadosdo hquido
edito que os componentes
geZbvre mas esses e outios msectos
tem as propriedades para mator mesmos hábitos, pro-
ml? vivem e se procreão com os sendo am-
Tovendo asphyxiamento e o intoxicamento, na introducçâo
bos estes effeitos indubitaveis, quando «i ms=
no formigueiro se^segne
qne d le te faz

Auxil. Setembro 1864.


— 330 —

««-^^tH
em terrenos argilo« d agua^
nosos, a quantidade
nestes a r *P ^os ^quaes con-
muito maior ^uno^
de a^a
Q.^
virá proceder-ee depois ^^
em o*»™»°£
de seccura que
mai> algu ua mas não tanta
também, exigindo iScalisados nas arêas.
ahonraderes-
^TÍ? T! vdtima ímSem a secção
' Nestt a
p 1
a X de bom
falt»^^Eu<renio êxito das experiências
ponder sobre Tavares nos forrai-
ao conselho
^ nTS, communicados
ISsTo
fm sessão de 15 do proxrmo passado _
" A' VÍÍ
tfduvidosoTeSAteío
sei duvld0/\^£des _ ac privilegio
ção não pôde des achei! mas pôde
g
Lo deverá dizer eomo,*«tan "^ < J
O se?
dizer-descobri! foto ate aqui us0 ; é mais
mais, ao emprego dos ^ ^
«m serviço impor-
f plSr^^stou: P-tantl,
tante á lavoura ^ paiz_ congequencia que o
';idCe„f74no o
df:«Vendido, e\ue merece
mas ent— pede
rSrque^olmitou ; ^
m^°P conceder;ao Suppli-
a V M- MPeríal se díflfnc do aníi-burmifca ,
^/nwJtooíaía a renda doUgt*alp*
.«ida « pretenso ,n-
fÍPPoSI a «a
"$% privilegio
sentido é claro ; o requerente pede com exclusão
liquido,
.ara elle só poder vender o seu marear tempo : nao
Hin quer outro concorrente, sem da sua descoberta
f requer Za ser garantido na posse a secção declara-se
"Tfim de evitarem-se duvidas,
do illustrado Sr Dn
de aceordo com o parecer junto se eoneeda o
privilegio
Gabaglia sendo de parecer .qne
rTeSd0°rvSÔsdaeòm
o presente parecer o segredo
não ahrio ; e a informação
do requerente, que a secção
— 331 —
datada de 8 d- Junho
do.Sr. lgnacio Eugênio Tavares,
d6o8si G«-
das sessées, 1» de Julho de 1864-Dr
iriel jr.-|<no (íe Fito™ ^tr_WcoÍo JV.coíao 7»/. jí.
mo
da 5tít>a í-randão, secretario.—Dr.
"« requereu o subdito
A'Siia Magestade o Imperadorha 17 annos na ci-
francez Joseph Pradieus, residente
Ce do Recife, provincia de Pernambuco, privilegio fa-
prazo, poder so elle
^or 15 annos, para dentro destenavalhas de sua mven-
Sícar e vender afiadores de

de procedência estrangeira. vantagens


<< O implorante menciona a utilidade e vantagensas
os seus afiadores tem sobre os outros, indicando
4ue
seguintes^afidate:
^ ^ ^ ^^ ^
""!.£ ser rápido, podo
rp^r^afiar, sobreinexperiente, pou-
Ser praticado por qualque. pessoa
pa^teSo mfiSente bi-auda e flexivS a face do
as navalhas qualquer
instrumento, em que afião-se falso, uão
íesvaZên . ou ope^ão em poderá preju-
dͫ
Es?af vantagens foráo reconhecidas pelos jurys das
de 1861 e ÍWZ,
Exnosicões Nacional e de Londres medalha de
S aue ambas conferirão ao implorante

d'onde nos vem os que importamos. el e obte_o pim


« .Baseado nesse juizo, procurou
legalmente garantmo
ledo que implora afim de ser "cometa
It osle das LjW 1"%^ com iuv* v s^
enriquecem a industria do paiz
— 332 —

lucre, ao
?SsSpXstia— Z^ que aquella

ftívLi appro-
2^^^^-^
^ Mas tendo a mesma secção examinado ^erior-
<¦1, ínpoimen dos afiadores do implorante, que

en-
oTZ vantagens acima ennunciadas
pianos°Z

como for de justiça,


smemdo r^ste parecer, proceder
o de.
coícedenmfou megando-lhe privilegm pedi
« Kio de Janeiro, 30 de Junho de
iMmtio -Dr.^-Dr.fc
i««
fcneZ JftKífio cie Ft7Zanora ff.coto /ose ^e ü/o-
1 ftTnoftwKi» secretario-Dr.
rar» -ImaeZ Torres rie Albuquerque.
« A secção de machinas e apparelhos foi consultada
de^23 de Outubro de
por offic oi Sr. secretari^geral, o Sr. CarlosAugu to
!S»° acerca do privilegio que pedeseccar café
Taunay para uma machina de por elle m-
ventada.
« A secção apreciando devidamente todas as mven-
mechanica
cões que tem por fim melhorar a preparaçãoexaminou um
do nosso primeiro ramo de producção, remettído com
lhe foi
modelo^machina, cujo esboço de café
S papeis; vio algumas amostras preparado, e
— 333 —

um juizo seguro acerca da invenção


pôde hoje formar
d°"SlÀ e no
maS é muito simples na sua confecçãc> de todo du
maneio : consta de nm caixão rectangular
superior uma iep»^
pio, tendo na parte de recp.ente para...-^* l» £mj«»
trapesiodal, qne serve recebe água, e eo
dos lados tem um funil por onde sah.^ do
ladoopposto uma pequena chammé para e o fundo mie
vapor àl água contido entre o recipiente
rior em contacto com o fogo.
« Ora é incontestável que com um apparelho seme
e cereaes
lhante se pode bem seccar o café quaesquer
exrgencas que^ao
«ta industria, porém, tem outras a bw^ mac^ina
forão bem estudadas pelo peticionano de cate secco
só pode produzir quantidades mínimasde mais de um tra
exigindo a assistência constante mu.to .mpor-
bXdor, o que ua applicação é questão
*a«\> é ..secção de
vista desta ultima circumstancia, satisfaz vau-
do Sr. Taunay nao
parecer que a invenção

di
vão Filho, secretario. serem ms
Forão íidos e ficarão sobre a mesa para
cutidos na próxima sessão os seguintes a
pareceres
de Alex-
Da secção de agricultura, sobre proposta
no Brasil da coação do
fort Michely para l introducção
v.iVlir. de seda da amoreira, feita ao ar livre. sobc.tado
Da secção deMachinas sobre o privilegm
da.Silva para sereie^um»cm-
po^MaS Antônio verdes do matadouro
carregado do transporte das carnes invenção.
em carros de sua
para os açougues tíunanid
TWois de algumas reflexões dos fers. Dr.
forão approvadas as se—,
,S»n». £
este senhor em uma das sessões
postas apresentadas por
passadas:
"A terra nos dá tudo que tem.
" Os homens tirão delia o que precisão.
— 334
tem.
« Não se pôde dar mais do que se
« Iso princípios estes incon estavas. g
« O Brasil está_ assentadoem uma parte ^
é a mais noa é da que
que se não
os filhos oo
habitantes são como
aprendem
P« tudo, menos o que devem ensi
tmmda
O homem rico,em.&£, ^ ^ $a_
não sabem eque são
&T4trrúmSô,epCo^
6 °..^oO temos uma**-
Teducação é a mesma
idade de -*^ü£<^*&£ *»
maS são todos em scienciasj£^^£W e euw g politica,
cepções em sciencias médicas,
™1S„odemos
á intriga de salões e nad* sermos
« Hoie somos ricos, porem podemos *amanhfi
°S™SS_
e para o não sermos, e Pf™°Jue
pobres, *^™^S ouro,
genitores tenhão
**>>*" não haja, po-
^^tZsttK
Ié e o agi-
« PQ°nena Cultura é como a mineração

a se-
ffitf ltesmprincipios qne apresento
«tf X o conselho convide a secção de chi-
analysando•*. pn*»PJ»
tíiea Xtial,'para qne

jornal da casa.
— 335

« Que a secção de agricultura tambem seja convi-


de conhecer
dada a apresentar quaes^s meios práticos
no terreno ; e que
qual a planta que se deve plantar tambem
apresentando o seu trabalho, sejada secção depublicado
chimica^
SnTtamente com o trabalho
« Rioflõ de Junho de 1864.- Affonso de Almeida
ÁllUZo^nt^S
as duas seguintes propostas:
ordem da so-
ia Uma publicação annual feita por
Nacional com o ti-
ciedade Auxiliadora da Industria
será certamente um
tTíe Almanak Agrícola, não mas nm pequeno
trabalho completo ela arte agraria,escriptos sobre pro-
resumo extrahido dos melhores com taes pelos
cessoTe praticas agrícolas, reconhecidos
m^e;^ténafuteis
sobre agricultura por meio de
das melhores obras sobre
pequena artigos e noticias agrícolas, tal será o
£í diversos ramos dos trabalhos
'ISSS
. do Mmanak A^U
facção
e assim ao
5 e a suas observações praticas,
com expcnenc.a
HZnak não faltaráõ collaboradores
^Tcredito na
e portanto o mérito da obra, estará
interessar um maior
escolha dos'artigos que possâo lavrador sobre os seus
do
numero e chamar a attenção
interesses, que são os interesses do todo o
próprios
PaAssim, de propor:
pois, temos a honra
ordem em
l.o O Almanak Agrícola impresso por da Indus-
Auxiliadora
nome e á expensas da Sociedade
annualmente*. uo mezde
S Nacional, será publicado menos de 150
Janeiro e deve conter nunca paginas
de impressão, e será fflustrado
com gravuras sempre
que fôr possivel. no
O primeiro numero do Almanak será publicado
anno de 1865.
— 336

2, oi—, PtL^:f»llPao0reIac$
a "»^"£SeE£,
por exemplar; mensa**~^ e esse funccionario
u de
?or do jornal
rr^rstr^ ,&. de «^ do producto Kqui-

"ÍÍ^llÍfoi de seu
—a, a regimento
agricultura.
autor, á secção de
S, Proponho .^^j" Sçt ao poder
dora da Iadustria Nacional
a•J™™^
peça crealldo uma
competente para que em' duas classes,
medka de ?ncov—to ^> o-overno ^^ dignog,
¦nossa confenl-a aqueues qut, um
essa oceasião seJ—* Au-
fí e por os, ce.«>em ^Soledade
^
regulamento marcando
^«-
étvtirrtssi-isrrorm«

prss^^^ adia l - a até

Guimarães, ^f^gf Dr Dx.o.J A de Murinelly ; barão


Pará, proposto pelo fer. G lvft0
deKOT.f^g^^JSSe "os no Arrozal,
peloB, Ismae! Torres
f^LetvXs:,
de#àKrhavend; a tratar-se o Sr. presidente le-
vantoua"essãoá97 3/4hora8datarde.
337 —

SESSÃO DO GONSEEHO ADMINISTRATIVO,


EM 1° DE AGOSTO DE 18b4.
de Abrantes.
Presidência do Sr. Marquez
fljjJg
A'. 6 horas da tarde, achando,se» presentes
S^^£"ffl£
Marquez de Abrantes Drs. Raphael
Pinto Azambuja, Oaivao, íw^
Pinto, Bernardo
* e™a™°M£reU
èonto-Maior, Villanova Mar
ÍJffi*2^ri- F. ^toi^Ba,os,

s_f:as>u=_,:*si^fc
"Hv Garcez Pereira de Vasconcellos, ^Wy3^"

antecedente.
EXPEDIENTE.
'
commercio e
Aviso do ministério da agricultura,
• "^ *^
obÍTpublicas, transmittíudo

lYt^2Z^TSZ'^Z-T^ de in-
dUIdemftànsmittindo
o requerimento em que José

afimufcqde aj^-
serviço da irrigação da cidade,— A secção ae nut fl
o informe com seu parecer.
aPSmh°communicando
ter expedido, aviso ac.minis,
que,*p
terio dá fazenda, afim de prov.denc.ar para

Auxil. Setembro 1864.


— 338 —

de sementes e mudas do melhor café cultivado na Ara-


bia, sendo 2:305$ por conta da sociedade, que deverá
opportunamente entrar com essa quantia para o the-
souro nacional, e o restante por conta do ministério da
agricultura. — Inteirado.
Idem, transmittindo o requerimento em que o bacha-
rei Antônio Gonçalves da Justa Araújo solicita privi-
legio por quinze annos para fabricar e vender no Impe-
rio machinas, que diz ter inventado, para pilar o café.
A' secçao de machinas e apparelhos. -
Idem, transmittindo o requerimento documentado,
em que Adriano Prat solicita privilegio por vinte annos
para fabricar e vender no Império um liquido que diz
ter inventado para limpar e desfazer instantaneamente
todas as nodoas de origem oleosa ou gordurenta, afim
de que a sociedade haja de informal-o com seu parecer.
A' secçao de chimica industrial.
Officio do presidente da provincia de S. Pedro do
Rio-Grande do Sul, remettendo um exemplar da col-
lecção de leis promulgadas pela assemblea legislativa
da dita provincia na sessão ordinária do corrente anno.
Recebido com agrado.
Officio do Sr. Theodoro Jansen Muller, agradecendo
a sua admissão como sócio effectivo. — Inteirada.
Officio do Sr. Luiz Alvares da Silva, de Iguape, re-
mettendo algumas fibras extrahidas da casca de um
vegetal que julga ser indigena do rio Pariguera, afim
de serem examinadas pela sociedade. — A' secçao* de in-
dustria fabril.
Officio do Sr. Manoel Olegario Abranches, commu-
nicando que parte em breve para a Europa, e offere-
cendo seu prestimo á sociedade naquillo que lhe poder
ser útil. — Inteirada.
Forão recebidos com agrado quatro números da Re-
vista Commercial de Santos, um do Agricultor de
S. João do Principe, e um do Commercio de Paraná
de Paranaguá, remettidos pelas respectivas redacções.
ORDEM DO DIA.
Devendo passar-se á discussão do parecer da secçao
~ 339 -

de machinas e apparelhos sobre o


Manoel Antônio da Silva, para serprivilegio pedido por
elle o único encar-
regado do transporte das carnes verdes do matadouro
para os açougues em carros de sua invenção ; deixou de
entrar em discussão o mesmo parecer
por ter o peti-
cionario requerido o adiamento até apresentar as alte-
rações de melhoramentos que conveniente fazer.
julgou
Entrou em discussão o parecer da secçao de -agri-
cultura sobre a proposta de Alexfort Michely
introducção no Brasil ou creação do-bicho da* seda para a
da
amoreira, feita ao ar livre. Depois de algumas obser-
vações feitas pelos Srs. Miguel Galvão, Albuquerque,
Dr. Nascentes Pinto e Pereira de Barros, foi appro-
vado o adiamento proposto pelo Sr. Dr. Villanova até
o comparecimento do presidente da respectiva secçao,
que se acha ausente por incommodos de saude.
Foi lido, e ficou sobre a mesa para ser discutido na
sessão seguinte, o parecer da secçao de chimica indus-
trial sobre amostras de vinho verde tinto, fabricado
Bernardo Secco, residente na provincia de S. Pedro por do
Rio-Grande do Sul.
O Sr. presidente nomeou uma commissão especial,
composta dos Srs. Drs. Nieoláo Moreira, Villanova e
Azevedo para dar parecer sobre a proposta apresentada
na ultima sessão pelo Sr. Ismael, e relativa a creação de;
"uma
medalha de encorajamento.
O Sr. Dr. Garcez propoz a creação nas principaes
provincias do Império de associações semelhantes á So-
ciedade Auxiliadora, que se correspondão com esta e
possão melhor auxilial-a nos seus trabalhos. O Sr. pre-
sidente pedio-lhe que apresentasse por escripto na
sessão seguinte a sua proposta, a qual seria tomada em
consideração pelo conselho.
Forão approvados sócios effectivos os Srs. Dr. Do-
mingos Antônio Raio], proposto pelo Sr. Dr. J. Arthur
de Murinelly ; o padre João de Santa Presciliana Mello,
proposto pelo Sr. Camillo de Lelis e Silva.
Nada mais havendo a tratar-se o Sr. presidente le-
vantou a sessão ás 7 3/4 horas,
— 340 —

- VARíE&ABBS.

A TERRA EMPOBRECIDA PELO MAR (*).

Paris deita por anno na água vinte e cinco milhões.


E isto sem metaphorâ. Como e de que modo ? Dia e
noite. Com que fim ? Sem nenhum fim. Com que pen-
samento•? Sem pensar. Para que ? Para nada. Por
meio de que órgão ? Por meio de seu intestino. Qual
é o seu intestino ? E' a sua cloaca.
Vinte e cinco milhões ! Este ê o mais moderado dos
algarismos approximativos que dão as avaliações da
sciencia especial.
Depois de ter titubiado por muito tempo, a sciencia
sabe hoje que o mais fecundante e o mais efficaz dos
estrumes é o estrume humano.
Por vergonha nossa, os Chinas já o sabião muito
tempo antes de nós. Nenhum Chim (é Eckeberg que o
diz) não vai á cidade sem levar, nas duas extremidades
de seu bambu, dous baldes cheios do que nós chamamos
immundicias. Graças ao estrume humano, a terra na
China é ainda tão nova como no tempo d'Ábrahão.
O trigo chinez rende cento e vinte vezes a semente.
Nenhum guano é comparável em fertilidade aos de-
trictos de uma capital. Uma grande cidade é o mais
poderoso dos estercorarios. Empregar a cidade em fer-
tilisar o campo, eis a mais feliz e a mais certa das em-

(*) Dos Miseráveis de V. Hugo. O celebre romancista leu


sem duvida as ultimas obras do illustre Liebig, e ellas lhe ins-
pirarãó o bello artigo que se vai ler.
Liebig estigmatisa com severidade a perda immenSa que soffre
a agricultura com o systema de fazer correr para o mar Os des-
pejos das cidades; elle declama sobretudo contra os inglezes
que vão comprar matérias fertilisadoras a toda a parte, e que en-
tretantb fazem despejar no mar os residuos de suas cidadãs, prin-
cipalniente os da* populosa Londres : a isto elle chama agricultura
vampiro ou agricultura do roubo. Este desprezo dé tantas rique-
zas, o desperdício de matérias que tanto poderião contribuir para
o bem-ser das populações, depõe contra os progressos scieritifi-
cos c sociaes da nossa época.
— 341 —

o
prezas. Se o nosso Ouro é estéreo, em compensação
nosso estéreo é ouro.
É o qüe se faz deste ouro-esterco ? Deita-se no
abysmo !
Entfia-se, com grandes despezas, grande numero de
navios para colher, no pólo central, o estéreo dos pas-
saros, e, entretanto, o incalculável elemento de oppu-
lencia que temos debaixo dás'mãos, despeja-se no mar !
Todo o estrume humano e animal que se perde, posto
na terra em logar' de ser lançado n'agua bastaria para
sustentar a todo o mUndo.
Sabeis o que significa esses montes de porcaria das
ruas, essas carroças de lama, essas horríveis pipas de
agoas servidas, esses fétidos corrimentos de lodo subter-
ráneo que a calçada nos oceulta ?
O prado em flor, a herva verde, a planta balsamica ;
é a caça, é o gado, é o mugido satisfeito dos grandes
touros, o trigo dourado, é, em uma palavra, o pão, a
alegria, a vida. Assim o quer essa creação mysteriosa,
que é a transformação sobre a terra e a transfiguração
no céo. ii.-'
Introduzi tudo isto no grande cadinho, e delle sahira
a abundância. A nutrição das plantas faz a nutrição do
homem.
Está em vossa mão perder essas riquezas, e achar-me
ridículo ainda em cima ; isto seria a obra prima da
vossa ignorância.
A estatística calculou que somente a França lança
todos os annos no Atlântico meio milhar de milhões
-
(de francos). Notai bem isto : com 500 milhões, A pagar habi-
se-hia a quarta parte das despezas cio budget.
lidade do homem é tal, que elle prefere desembaraçar-se
destes 500 milhões, lancando-os nos regatos. E; a pro-
a gota,
pria substancia do povo que leva aqui gota cloacas
acolá em ondas, o miserável vomito de nossas _
os rios, e a gigantesca reUnião de nossos rios para
para,
o Oceano. Cada arroto de nessas cloacas nos custa mil
francos, e isto para obter dous resultados :& terra em-
do rego
pobrecida e a agoa - empestada; a fome sahindo
e a doença do rio !
— 342 —

E' notório que a esta hora o Tâmisa envenena Lon-


dres !
•Quanto a Paris, foi se obrigado nestes últimos tem-
pos de mudar as embocaduras das cloacas !
Um duplo apparelho tubular, munido de válvulas e
d'eclusas, aspirante e calcante, um systema de drai-
nage elementar, simples como o pulmão humano

funccionando em vários districtos de Inglaterra, (*) bas-
taria para trazer ás cidades a água pura dos campos e
levaria para os campos a agoa rica das cidades, e esse
fácil vai-vem, o mais simples possivel, nos conserva-
ria os 500 milhões deitados fora. Pensa-se
porém em
outra cousa.
O processo actual faz mal querendo o bem ; a inten-
ção é boa, o resultado é triste Quer-se expurgar a
cidade, e desima-se o população.
A cloaca é um mal entendido. Quando em toda a.
parte a drainage, com sua dupla funcção, restituindo o
que ella toma, tiver substituído a cloaca, simples la-
vagem empobrecedora, então, isto combinado com
os dados de uma economia social nova, o da
terra será decuplo e o problema da misériaproducto
singular-
mente attenuado. Ajuntai a suppressão dos
mos, e a solução ficará completa. parisitis-
Entretanto, a riqueza publica se escoa no rio, e de-
pois no mar! Escoamento é termo próprio. A Europa
se arruina deste modo por esgotamento.
A respeito da França, já dissemos quanto lhe toca.
Ora, Pariz, contando a vigésima quinta da popu-
lação total, e o guano Parisiense sendo parte
o mais rico de
todos, fica-se abaixo da verdade avaliando em 25 milhões
a quota da perda de Paris nos 500 milhões
que a Fran-
ça deita fora annualmente. Esses vinte e cinco milhões
empregados em soccori os e em gosos, dobrarião o esplen-
dor de Paris. A cidade os gasta em cloacas. De sorte
que se pôde dizer, que a grande prodigalidade' de Paris,'

(*) Tal como o que em breve funccionará na cidade do Rio


Janeiro.
— 343 —

suas festas maravilhosas, seu fausto, seu luxo, suas


magnificencias, é a sua cloaca.
W desta maneira que na cegueira de uma má econo-
mia, afoga-se e deixa-se ir na corrente d'agoa perder-se
nos abysmos o bem estar de todos.
Economicamente, o facto pôde resumir-se assim : —
Paris, cesto rosto.
Paris, que pretende ser um composto de Babylonia e
de Corintho, a cidade modelo, debaixo do ponto de vista
que consideramos, faria levantar os hombros ao mais
insignificante paysano de Fo-Kian.
# Estas sorprehendedoras inercias não são novas. Os an-
tigos obiavão do mesmo modo que os modernos. As
cloacas de Roma, diz Liebig, absorverão todo o bem es-
tar do cultivador romano. Éoma exhaurio a Itália, e
logo que a metteo dentro da sua cloaca, derramou nála
a Sicilia, depois a Sardenha e depois a África. A cloaca
de Roma abysmou o mundo e offereceu a TJrbi e Orbi
a sua boca nunca farta.

A EXPORTAÇÃO DO BRASIL EM ALGODÃO

(Extracto do relatório do Ministério da Fazenda


em 1864.)
" A diminuição das colheitas do café, devida
em
grande parte á moléstia de que soffrerão os cafesaes,
occorrendo quando teve logar a guerra que ainda assola
os Estados-Unidos, deu motivo e opportunidade para
que a attenção e os esforços de nossos agricultores con-
vergissem para a cultura do algodão, a que se prestão
com grande vantagem, quasi todos os terrenos ao norte
e ao sul do Império.
" Ao
principio, essa nova aspiração de nossos agri-
cultores, e o imprevisto e extraordinário acontecimento
que a despertara, tomou o paiz de sorpresa, e por isso
se tornou indispensável sacrificar algum tempo para a
acquisição das sementes e o desenvolvimento dessa cul-
tura já existente em grande numero de provincias do
Império. Entretanto, a escassez de supprimentos dessa
— 344 —
da Inglaterra e da
matéria prima, que as fábricas
Fmnc experimentarão, e a considerável procura (lesse
elevando considerável-
So nos mercados do Brasil, compensar esse pn-
m nte o preços, veio largamente de incentivo pa a
máro pequeno prejuízo e de servir
"coroçoMcada
vez mais as predisposições_do espmto
nacional.
publico
P « em favor desse gênero de producção ainda nao, nos
Felizmente a estatística, apezar de
completos, vem animar
poder fornecer esclarecimentos e demonstrar que
as esperanças, confirmar as previsões remunerados dos es-
o resuCdos são já grandemente
e pelo governo, e
for os empregados pelos agricultores do Estado.
favoráveis ao incremento das rendas
« Assim, a exportação do algodão que no exerci-
C10« valor de
X860—1861 foi de 670,860 arrs., no
4,682:141$610, se elevou no exercício de
« 1861-62, 872,210 arr no valoi/eJ'™;^l|?Io
« 1862-63, a 1,085,628 arr, no de 16,817.808|180
« 1863—64, a 788,479 arr, no de 17,104:717$9d8
" Os valores, portanto, augmentarão considerável-
no
mente e bem assim a producção ; e se por ventura
exercício ultimo de 1863-64, se encontra na producção com-
uma differença na importância de 279,149 arrobas, ê isso
de 1862—bd,
parada com a do exercício anterior escla-
devido principalmente a não se ter ainda recebido lorao
recimentos de todas as províncias, e aquelles que
recebidos, não alcançarem senão o período de 9 mezes me-
na mór parte dellas, e na de Pernambuco apenas 6 as
zes ; cumprindo, além disto, advertir que, segundo
communicações de ultima data, recebidas das provin-e
cias de S. Paulo, Sergipe, Maranhão, Ceará, Alagoas
Bahia, o algodão a exportar ha de regular por ll^UUU
arrobas nos mezes d'Abril, Maio e Junho do corrente anno.
" Os preços, como é sabido, tem tido uma progres-
são notável. . .
" O seu termo médio, que no exercício de looU—oi
era de 6|979, e de 8$927 no exercício de 1861—6?, jáe
vantajoso, passou a ser de 15$495 no de 1862—63,
de 21$693 no de 1863—64.
345
_.Tudo, pois, nos leva a crer que, continuando os
agricultores a promover o desenvolvimento da cultura
de tão precioso producto, esteja o Brasil habilitado
dentro em mui pouco tempo a contribuir com uma
quota summamente importante para o abastecimento
dos principaes mercados dos paizes manufactureiros da
Europa, vendo ao niesmo passo augmentarem-se consi-
deravelmente as rendas do Estado.

AGRICULTURA.-ENSINO AGRÍCOLA» «

DA AGRICULTURA NA BÉLGICA.— ALGUMAS PALAVRAS ACERCA


DO ENSINO PRIMÁRIO E DO ENSINO INDUSTRIAL E AGRÍCOLA.

A agricultura belga merece ser estudada por causa de


seu caracter especial, que a torna differente de tudo
quanto existe em outros paizes. Se o que viaja em Flan-
dres sobe a uma das torres de suas igrejas, vê diante
de si a mais interessante das paisagens ; um vasto
campo, coberto com as mais ricas culturas, se estende
até ao horisonte, nenhuma cerca interrompe o nivel
unido da planície, e as arvores florestaes, disseminada
aqui e alli, são todavia raras em comparação das que
pagão o seu tributo annual em fructos, e desde centenas
de annos, como hoje, essa região, fertilisada pelo tra-
balho, offerece a apparencia de um jardim sem limites.
O magnífico aspecto agrícola que apresenta a Bélgica
provém de duas causas : da densidade da população
fraccionada em pequenas propriedades, e, sobretudo, ao
trabalho intelligente da população rural.7
A superfície cultivada está avaliada em 6.232,477
geiras (*), das quaes 43 por cento, consistem em her-
dades de 2 e meia geiras; 12 por cento não excedem

(*) A geira portugueza eqüivale ao acre dos Inglezes, ao antigo


arpent dos Francezes, e a cousa de 40 ares e 56 centiares do sys-
tema métrico.
Auxil. Setembro 1864. 44
— 346 —

superfícies insignifi-
de 2 e meia geiras, e o resto em
CaEs6ta campos
extrema divisão da propriedade dá aos
caracteres. O
belgas, alguns de seus mais agradáveis cores douradas do
brilho da verdura contrasta com as de
colza em flor ou do trigo maduro, com platibandas de cores vivis-
dormideiras cobertas de flores matisadas e branco ou
simas, com tapetes de Sanfeno vermelho
ou em pitto-
arvores fructiferas dispostas em alamedas de numeroso
rescos pomares. As águas crystallmas alegres moinhos
canaes, as habitações commodas e os aprazível o
de vento, animão e tornão summamente pa-
da Bélgica, assim como
norama Todo o Norte e o Oeste a um
uma grande parte de Brabante, sao comparáveis chaminés
vasto jardim. Não se observão ahi as altas
na Inglaterra, nem
que dominão as propriedades ruraes locomovei sibilante
o fumo que obscurece a paisagem, a : a eco-
arrastando charruas, semeadores, grades e rolos simples
nomia agrícola da Bélgica é geralmente a mais ajudado
braçal
possivel; porque se funda no trabalhoe, sobretudo
por pequenos instrumentos aratorios, os
pela
laborio-
cultura esmerada e continua que empregâo
sos lavradores daquelle paiz. #
Mas os resultados desta cultura tão cuidosa nao sao
ella
menos extraordinários do que a maneira com que
se estabeleceu no Norte de Flandres, e notavelmentee
nos campos que circundão Antuérpia, onde o terreno
de sua natureza um areai estéril, sem consistência,
amontoado em monticulos, e somente consolidado pelas
raizes de pequenos arbustos enfesados. Ascharnecas are-
nosas situadas entre Antuérpia e o Mosa são mui avi-
das, mas todos os dias a industria do cultivador belga
vai conquistando novas parcellas, porque onde, cavando
alguns pés abaixo do chão, se encontra uma camada
de^marne," desde logo elle procura melhorar as condi-
as camadas superiores,
ções do terreno, misturando fixadas
com as inferiores. As areias são pelas raizes de
pequenos arbustos, nivelâo-se pequenas porções da su-
com vallas. As giestas,
perficie irregular, que se cercãoas
as batatas ou o trevo formão primeiras culturas des-
— 347 —

ses pedaços de terra ; pouco a pouco os estrumes se ac-


cumulão, e se renovão cada vez com maior abundância.
Estes estimulantes augrnentão rapidamente a fertili-
dade, e mudão completamente o caracter do terreno. O
trevo e as batatas reapparecem melhores em qualidade
e em maior quantidade. O melhoramento vai crescendo,
e o cultivador vai pouco a pouco augmentando o circulo
de suas culturas. Destes pequenos centros, a cultura se
ramificou e acabou por dar colheitas que excitão a
admiração universal, principalmente por serem feitas
em uma região das menos productivas da Europa.
A fertilisação dessas charnecas arenosas e áridas é o
grande triumpho da raça flamenga ; e póde-se dizer com
razão, que os Flamengos têm sabido tirar da terra o ca-
pitai necessário para a fecundar, conseguindo em alguns
annos dar a terras naturalmente estéreis um valor de 4
a 5,000 francos por hectare.
Sabe-se a importância que dão os cultivadores Belgas
aos estrumes líquidos. O triumpho definitivo do tra-
balho sobre um terreno rebelde foi alcançado por uma
tarefa assídua e por enorme consumo desse agente fe-
cundante. Em verdade, não é possivel obter essa cul-
tura de jardinagem senão por trabalhos de horticultura;
todavia, todos os agricultores do mundo podem achar
úteis ensinos na economia e applicação dos estrumes
líquidos.
Muitos escriptores têm dito que os Flamengos em-
pregão exclusivamente a pá de cavar. Isto não é exacto:
em todas as partes, excepto em um ou districtos, em-
prega-se a charrua e a pá simultaneamente. A profundi-
dade a que se lavra com a charrua chega quasi sempre
a 15 ou 18 pollegadas, uma charrua seguindo a outra
no mesmo sulco, e algumas vezes substituindo-sc a se-
gunda charrua pela pá. Em alguns districtos, os tra-
balhos á pá de cavar são repartidos de maneira que
todo o campo é lavrado todos os tres annos ; alguns só
o são de 6 ou 7 em 7 annós.
O esmero com que são conduzidos estes trabalhos e os
outros, dá á cultura Belga esse caracter particular de
asseio que impressiona todos os observadores : o seu
- 348 -

movei, profunda, estrumada


fi_ é obter uma terra rica,
ÍgtoUenÍpaXrproductos agrícolas da Bélgica sao
JuLC
' a Inglaterra, de sorte que a vergel primeira
o
como o
Su í onSraVa agté certo ponto segunda. E admi
e leitaria supplementares da agrícolas^hort.oulos
Somar eqtntidadePde
5 produetos da Gia-
cultivados todos os annos para o consumo
BrEmnÍ8a60
-a Inglaterra recebeo da Bélgica manteiga
de 4,210 con-
no vir de 467,686 libras sterlinas (maslibras .torto»
tos de réis) fmctos e legumes,150,000 de 330 contos)
36,764 (mais
(1,350 contos) grãos, 362 contos), e 11,655,576 ovos
aves 40,270 (mais de
Os destrictos de Flandres occidental, que aspossuem cidades
verseis, são principalmente os que circundao ben> culrivad
de Brúges ePde Dixmude. Um vergel
750 francos (300*000 reis)
pôde reSder annualmentenumero das arvores plantadas
de fructos por geira. O
em uma geirade terra i de 160, das quaes as pnnc-
são as cerejeiras, as pereiras e macieiras
paes
P Belgas
A ausência quasi total de gado nos campos os lavradores
causa sorpresa ; porém como quasi todosde duas a ti es
en^ordão annualmente para o açougue tantos mi-
vascas ou bois, comprehende-se que entre íalta o
lhares de pequenos proprietaric/s ruraes não disto, gado em
necessário para o consumo o> paiz. Além ta-
muitas herdades, se sustentão vaccas leiteiras,se para susten-
bricarlacticinios, e não é extraordinário que 100
tem 30 vaccas em estabelecimento ruraes de e susten- geiras.
Essas vaccas são tratadas em mangedouras,
rai-
tadas com bagaços de plantas oleosas, favas, trevo,
zes, palhas cortadas e feno.
A quantidade de leite que dá uma vacca Leiga excede as
muito ao que fornecem as melhores vaccas Inglezas,leite
leiteiras, e esse
quaes como se sabe são excellentes
é igualmente mais rico em manteiga.
A cevada é de grande importância onde _ a vinhae
a principal
produz mal e onde a cerveja constitue
habitual bebida. Os nabos tem igualmente grande nn-
— 349 —

portancia na cultura da Bélgica, assim como a couve.


O coiza produz o oleo tão estimado na Europa, e a
Bélgica fornece á Inglaterra quasi a terça parte do seu
consumo neste artigo.
A beterraba é um dos mais importantes productos
da Bélgica, e a quantidade de assucar que delle se ex-
trahe é enorme. Entretanto, comparadas ao linho, os
variados productos da agricultura Belga apenas occupão
o segundo logar. Segundo a opinião dos entendedores, a
Bélgica é, de todos os paizes da Europa, o paiz onde
melhor se comprenhende, é á qual o terreno, em razão
do seu esmerado amanho e da fertilidade que resulta
do systema de estrumei permanentes, parece adaptar-
se da maneira a mais favorável. Em 1860, a importação
do linho Belga, somente para a Inglaterra, elevou-se
a um valor de 434,079 libra sterlinas (3,606 contos de
réis).
Ainda qne a divisão extrema das terras forme o ca-
racter geral da cultura da Bélgica, todavia nas provin-
de Oeste e N'Oeste se contão estabelecimentos onde a
agricultura se pratica em larga escala, e onde se empre-
ga algumas das machinae modernas as mais regiões
estimadas.
A maior parte das grandes herdades dessas pos-
suem corta-palhas, corta-raizes, machinas para pulve-
risar os bagaços oleoginosos, etc. O uso das charraús
aperfeiçoadas e dos debulhadores mecânicos se introduz
pouco a pouco.
A agricultura Belga apresenta uma particularidade
de
que carecterisa a população rural, que é a producção
colheitas simultanes.
Não"contentes de obter colheitas bienaes de cereaes
e de raizes, o cultivador Flamengo consegue muitas
vezes duas colheitas successivas na mesma terra e no
mesmo anno. Com o linho, por exemplo, se semeião
cenouras, e tendo o cuidado de estrumar, de capinar,
revolver a terra e semear claro, obtém uma excellente
colheita de raizes, em quanto o linho, o canamo, ou
qualquer outra planta industrial, amadurece. de aper-
Nota-se em toda a Bélgica um desejo geral
feiçoár o gado indígena, e o valor desse gado augmentou
— 350 —
com as raças
talvez de um terço, graças ao cruzamento
aPf de suas
Sçtdos cavallos e o aperfeiçoamento
e o das outras espe-
raças tem acompanhado b do gado
cies de animaes domésticos do governo se
Em nenhum paiz do mundo a attenção
a prosperidade da
dirige mais systematicamente para
agricultura do que na Bélgica ^rauaAaa
As divisões territoriaes do remo tem sido aproveitadas
para
P colher e propagar os mais úteis ensinos. uma das
Um conselho superior de agricultura forma
mandes instituições do estado. Uma commissáo pei-
nomeação
de
manente, composta de homens práticos, todos os annos
real, tem assento em cada provincia e faz o futuro da
relatório sobre a situação actual e sobre
agricultura, e cada districto poss-ue um todas comitê que se
as expe-
reúne duasVezes por anno. Deste modo, estão
riencias sobre a custa que merecem vulgansar-se e torna-se
certas de chegar ao conhecimento do governo
immediatamente publicas, quer por via de jornaes, pelas
commissões e comitês, e por
sociedades, pelas diversas
meio de conferências.
Estas conferências constituem uma medida peculiara
á Bélgica, que prova, melhor do que qualquer outra ai-
solicitude do governo. Quando elle quer propagar
aproveitar
guina idéa de que os cultivadores, se possão útil,
com vantagem, fazer conhecido algum processo
nomeia um ou mais professores que vão de districto
com-
em districto, ensinar as boas doutrinas. E' íacil
desta
prehender o proveito que se deve tirar uma propa-
hoje grande
ganda agrícola. A Bélgica possue dos institutos da
escola de ensino agrícola, á imitação
Alemanha, e tres escolas de ensino pratico, á imitação
das Fermes-modeles dos francezes, e todas sustentadas
á custa do estado.
Esta iniciativa do Estado é perfeitamente coadju-
vada pela intelligencia das populações. Um grande
numero de Sociedades agrícolas se achão disseminadas
sociedades contao
por todos os pontos do reino. Estastem mais de 25,0üü
numerosos membros, e uma dellas
— 351 —

sócios. Todos os annos se faz em Bruxellas uma grande


Exposição Agrícola, na qual se distribuem recompensas
de grande valor.
O território que fôrma o reino da Bélgica é um dos
mais pequenos da Europa ; entretanto, nesse pequeno
espaço vive uma população de 4.426,000 habitantes,
tão laboriosos que, no anno de 1860, os productos agri-
colas e industriaes, exportados para fora do paiz se ele-
varão ao valor de 980 milhões de francos, som ma pro-
digiosa para um tão pequeno Estado !
Resta-nos dizer algumas palavras acerca do systema
de ensino na Bélgica, porque esse systema é digno da
attenção, pelo menos, relativamento ao ensino industrial
e agrícola.
O Estado mantém grande numero de escolas elemen-
tares ; é, porém raro, que o ensino vá além da leitura e
da escripta, dos elementos de arithmetica e da explica-
ção do systema legal de pesos e medidas. Não se quer
dar aos meninos uma instrucçâo que não convém nem
á sua idade, nem á sua capacidade, porém, somente um
ensino elementar e os meios de o continuar ulterior-
mente com ou sem mestre. O povo mostra em geral uma
grande, senão repugnância, ao menos muita indiffe-
rença, e na Bélgica encontra-se as mesmas dificuldades
que em outras partes, quando se trata de dicidir os
pães a deixar seus filhos nas escolas primarias sufi-
ciente espaço de tempo cousas tão simples como as que
acabamos de indicar. No principio, as despezas neces-
sarias para o ensino erão feitas pelo districto, em falta
de fundos a provincia suppria ; o Estado apenas conce-
dia subsídios limitados.
Uma instituição particular á Bélgica deve necessária-
mente embaraçar uma longa frequentação das escolas
de ensino primário. As oficinas de aprendizagem, ins-
tituidas pelo Estado, são um forte estimulo que excite
a passar, ainda mui moço, da escola primaria para o
estabelecimento onde se ensina com cuidado a profissão
do futuro operário, e isto ganhando desde logo um sala-
rio. Estas escolas industriaes forão instituídas sobre o
principio de que uma educação especial é mais vanta-
— 352 —

a instrucção pri-
iosa, para O futuro operário do que mui restricto.
marla levada além de um certo limite na
Estas escolas praticas tem a maior importância não
economia social da Bélgica. Outr'ora as opiniões
estavão concordes relativamente ao que podião produ-
bases
zir • porém hoje ellas se achão estabelecidas sobre dizem
sólidas como instituições publicas." A instrucção, uma
os partidistas destas instituições, é certamente deve
boa cousa, porém, não é tudo ; o futuro artesão
ter sempre em vista a sua ulterior profissão, e suas ta-
culdades devem exercer-se especialmente nas occupa-
subsistência. Saber
ções de que elle espera tirar a sua
ler, escrever e contar, é sem duvida excellente; mas
adquirir cedo conhecimentos no genero de industria, por
meio da qual, mais tarde, elle deve ganhar o seu pão,
vale muito melhor. Começando cedo adquire-se o habito
do trabalho ; os mancebos se preservãoda corrupção
moral, e os salários ganhos, ainda que exíguos, inspirão
a independência e o respeito de si mesmos.
O valor dos artigos produzidos nesses estabelecimen-
tos se reparte entre os aprendizes, os quaes ganhão
deste modo salários variando entre 1/2 franco e 2 francos
os aprendi-
por dia. Quando deixão o estabelecimento lhes facilita
zes- recebem certificados d'aptidão que
muito a sua entrada nas officinas dos grandes fabri-
pn TlÍ"Pf5
A habilidade adquirida por alguns desses moços ar-
tesões eos talentos que essas officinas preparatórias tem
algumas vezes desenvolvido, tem dado nascimento a
aperfeiçoamentos na fabricação e mesmo a novos ramos
de industria.
Muitos milhares de crianças achão deste modo occu-
pação nas escolas industriaes, e como a população
operaria não pôde ser occupada na'agricultura, consi-
dera-se como justoanimar a industria manúfactureira,
afim de impedir que os campos não contenhão excessivo
numero de miseráveis trabalhadores.
Mas, resultou desta animação á industria que os ope-
rarios ruraes, achando maior conveniência para si e
seus filhos, anuirão para as cidades em tão grande nu-
— 353 —

mero que começou- a sentir-se falta de braços para a


cultura dos campos. Foi necessário por tanto voltar
atraz, e proporcionar aos operários ruraes ao menos
algumas das vantagens de que gosavão os operários
industriaes.
Reconheceu-se que o melhor systema para fixar os
primeiros era facilitar-se os meios de adquerir os co-
nhecimentos próprios de sua profissão, e desde então se
organisou um systema de ensino primário, que pode
servir de modelo.
As escolas estão sob a inspecção directa das autori-
dades communaes, e os mestres são nomeados pelo con-
selho communal. Esta nomeação é feita por escolha
entre os indivíduos qne freqüentarão uma escola nor-
mal, ou fizerão o curso de agricultura do Instituto de
Gembloux. Uma instituição mui bem entendida for-
nece os fundos necessários para a manutenção dos mes-
tres já mui velhos ou enfermos, ás suas viuvas e a seus
filhos. Todos os mestres e mestras de escola, dos campos
ou das cidades são obrigados a ser membros da institui-
ção e entregarem uma cotisação á caixa de previdência.
A viuva de um mestre, que ser vio durante 12 annos,
tem direito a uma pensão, assim como os seus filhos,
até a idade de 16 annos.
Cada membro entra na caixa com 3 por cento de seus
vencimentos, e esta caixa é muitas vezes augmentada
pelos donativos do estado, daS províncias e dos parti-
culares.
Cada provincia tem um inspector geral nomeado pelo
governo, o qual visita ao menos uma vez por anno to-
das as escolas do seu districto e faz um relatório an-
nual. Os inspectores cantonaes visitão as respectivas
escolas duas vezes por anno.
Todos os annos, os inspectores geraes se reúnem sob
a presidência do ministro do interior, e o inspector can-
tonai reúne todos os mestres do seu districto, ao menos
uma vez por trimestre, para comparar os differentes
methodos de ensino empregados por elles. Os bispos e
os membros do clero tem o direito de assistirem a estas
Auxil. Setembro 1864. 45
- 354 —

reuniões, $w$m, elles não podem votar, nem exercem


a menor autoridade na direcção pratica das escolas.
Pouco a pouco se vai annexando a cada escola rural,
com o nome de jardim 4a escola, uma certa superfície
de terreno, onde o mestre exerce o ensino pratico da
horticultura. _
Çomprehende-se bem a importância desta instituição
e a influencia que ella pôde exercer sobre o futuro da
agricultura. Deste modo^s mancebos aprendem as pra-
ticas da horticultura, que os habilitará para os traba-
lhos intelligentes da grande cultura. E' este sem duvida
o. melhor meio de fazer desapparecer o espirito de ro-
tina, de propagar os bons methodos, e de inspirar amor
á profissão de agricultor.
: Diremos por ultimo, que a solicitude do governo para
a difTusão do ensino industrial e agricola é tal, que elle
tem feito publicar folhetos sobre todos os ramos da in-
dustria e da agricultura. Estes folhetos formão um
grande numero de volumes, com os titulos de Biblio-
theca rural e de Bibliotheca industrial.

Industria «Ie mineração.


Dosjmigos de Petróleo do Canadá e da provincia
da Bahia.—Extracção do petróleo, sua verificação,
e seus empregos.
O fim que tive em vista neste artigo, foi, não tantc
para dar noticia dos jazigos de petróleo do Canadá,
como principalmeute para chamar a attençao sobre os
da Bahia.
Em vários números do Auxiliador dei algumas noti-
cias sobre as matérias combustíveis e bitumniosas, rece-
bidas iio Museu Nacional, desde Çamamú e Maraú até
aos Ilheos. Não fallando senão no petróleo, a sua exis-
tencia em vários pontos nessa vasta superfície, é attes-
tada pelas amostras colhidas e remettidas por diversas
pessoas, e em quantidade suficiente para dar idéa da
— 355 --

riqueza dos jazigos da provincia da Bahia. Somente


um desses exploradores enviou um grande barril cheio
de petróleo, apanhado superficialmente em um pequeno
lago natural.
Consequentemente, pôde quasi affirmar-se que a pro-
vincia da Bahia é tão rica como o Canadá e aPensylva-
nia em jazigos de oleo, mineraes, e que pôde concorrer
com ^esSes paizes no commercio, cada vez mais extenso,
do kerosene cujo consumo vai tomando de dia a dia
maiores proporções.
Devo ainda observar que o petróleo da Bahia é mui
rido, talvez tão rico, como de Ragüs em paraffina. Esta
qualidade o torna .duplamente interessante, porque a
parafiina ainda tem maior valor do que o oíeò próprio
pata a illüminaçâo. p
Temos portanto razão em congratular-nos por pos-
suir no paiz um artigo de tanto valor cammercial, e es-
perar com o maior interesse o resultado da exploração
que a presidência da provincia da Bahia mandou fazer
nos logares onde existem os jazigos.
Tem portanto um grande interesse de actualidade a
breve noticia que vamos transcrever, e talvez que ella
não seja inútil para guiar as investigações que se vão
fazer, e esclarecer á aquelles que quizerem tentar a ex-
ploração deste novo ramo da industria.
Enniskillen é o nome do districto do Canadá onde se
explora o petróleo em ponto grande. A existência desta
substancia se annuncia ao longe pelo cheiro penetrante
e quasi intolleravel que se escapa dos vastos reservato-
rios onde o petróleo está accumulado. Esse eheiro vehe-
mente é um dos inconvenientes do oleo mineral do Ca-
nada; o oleo da Pensylvania não o exala no mesmo
gráo.
Formou-se, no logar onde estão concentradas as fon-
tes de óleos, uma povoação, a que derão o nome apro-
priado de OU Springs, e que todos os dias augmenta
de população. Todo o paiz á roda está coberto de fio-
restas ; é quasi inteiramente plano, á excepção de ai-
gumas ondulações, devidas ás excavações profundas
abertas pelos rios.
— 356 —

Um medicastre indígena, chamado Wapoose,foi quem


revelou a existência do petróleo a um John Rows, o
primeiro Europeo que se estabeleceu nas margens do
Black-Creek. Wapoose ignorava a sua applicação á
illuminação, porém, empregava os óleos no tratamento
das moléstias de fígado e dos rheumatismos. Exami-
nando o terreno, John Rows reconheceu que o petróleo
surdia da terra, em diversos pontos da floresta, e que
se havia accumulado nas cavidades do chão, onde for-
mava espécies de lagos naturaes. No inverno, o óleo
passa ao travez de camadas de gelo de urh pé de espes-
sura, e estes esforços são acompanhados de ruidos sub-
terraneos que se fazem ouvir ao longe.
Não obstante esta descoberta, muitos annos se passa-
rão antes que se conhecesse o valor do petróleo ou que
se tentasse utilisal-o.
Não me occuparei em retraçar a origem é o desenvol-
vimento das explorações do districto de Enniskillen ;
limitar-me-hei a dizer o que fòr necessário para fazer
comprehender a situação aetual dos trabalhos.
Direi, entretanto, que na população dos industriosos
reunidos em Oil-Springs, cuja população é de 1,500
almas, domina o elemento americano. Os melhores ter-
renos e a maior parte das officinas se achão nas mãos
dos cidadãos do Estados-Unidos. O commercio inglez
começa, entretanto, a abrir os olhos sobre a impor-
tancia das fontes de petróleo, e uma companhia, com o
titulo de Ganadian Native OU Gompany, com o capital
de 100,000 libras esterllinas, se formou em Londres no
anno de 1862, e já enviou aos logares, agentes, commis.-
soes, mineiros e machinas, e começa a fazer concurrencia
aos especuladores americanos na compra e locação dos
terrenos mineraes. Esses terrenos augmentarão muito
de preço, e quasi que não se encontra nenhum para
vender ; os concorrentes devem contentar-se em arren-
dal-os por 99 annos. As condições do arrendamento por
meio acre (o acre eqüivale quasi a uma geira de super-
ficie), são pouco mais ou menos as seguintes: uma
somma de 200 dollars a titulo de luvas, e o terço dos
produetos como renda annual; querendo, porém, adqui-
— 357 —

rir a propriedade, a mesma superfície vale 1,500 libras


esterllinas.
Quando o terreno está arrendado ou comprado, ins-
talla-se nelle os apparelhos necessários para a abertura
dos poços ; estes poços são furados ou artesianos. Estas
"operações se fazem habitualmente por empreitada e a
preços relativamente moderados.
Avalia-se, por exemplo, em 500 a 600 dollars o custo
de um furo de sonda de cousa de 200 pés de
profun-
didade (mais de 40 braças).
Das informações que temos á vista, parece
que o
o mais profundo que existe no districto pertence a poço
uns
taes J. Piero e A. Gravier, donde o óleo surdio a 14
de Abril do anno passado (1862). O óleo foi achado na
profundidade de 270 pés. As camadas de rocha, que foi
necessário atravessar até chegar á veia olcifera forão, a
contar de cima para baixo : 1, argila amarella ; 2, ar-
gila azul; 3, cascalho escuro ; 4, calcareo azulado ; 5,
steatite em pedra-sabão ; 6, schistos negros ; 7, pedra-
sabão ; 8, calcareo negro ; 9, pedra-sabão ; 10, calcareo
negro ; 11, pedra-sabão ; 12, schistos negros ; 13, cal-
careo negro ; 14, pedra-sabão ; 15, grés, ou pedra are-
nosa.
As camadas as mais possantes erão as de argila e
pedra-sabão.
Quando o óleo jorrou pela primeira vez neste poço, a
columna fluida se elevou á altura de 20 pés acima do
seu orifício, e corria na razão de 5,000 barris por dia.
Para evitar esta inundação de óleos, tapou-se o orifício
com um sacco cheio de sementes de linho, ao travez do
qual se fez passar um tubo de menor diâmetro do que
o do poço. Como as sementes do linho entumecem
muito em contacto com óleos, formou uma espécie de
rolha hermética. Fechando esse tubo com outro sacco
de linhaça, também perfurado com um novo tubo de
menor d.iametro do que o primeiro, e repetindo-se mui-
tas vezes esta operação, chegou-se a conseguir que o
petróleo passasse somente por um tubo de pollegada de
diâmetro, e então pode, por meio de uma torneira, re-
gularisar o corrimento. Este processo, de tão fácil
— 358 —

execução, está em uso em todas as explorações ; antes


disto, perdião-se enormes quantidades de óleos.
Em torno d'Oils-Springs, aterra se acha completa-
mente impregnada de petróleo, e o pequeno rio que
atravessa a povoação justifica o seu nome de Black-
Creek por um lodo visgoso e preto, no qual a água
desapparece completamente.
O cheiro das emanações é insuportável no principio,
mas habituão-se a elle bem depressa, e alguns preten-
dem que afinal sente-se um certo prazer em respiral-o.
Parece mesmo que certas pessoas chegão a bebel-o,
como fazião com as águas mineraes, e pretendem
que o
seu uso é exeellente para os peitos delicados. A facul-
dade de medicina de Montreal confirmou esta opinião
popular, prescrevendo o uso do petróleo nas enfermarias
dos hospitaes reservadas para os doentes
do peito. que sorTrem
O óleo mineral incendeia-se facilmente. Esta
pro-
priedadeé uma origem de perigos para a povoação,que
já tem sido ameaçada muitas vezes desta catastrophe.
Qualquer imprudência pode produzir uma conflagração
geral.
Qual é a extensão dos reservatórios subterrâneos
que contém o petróleo ? De que modo se enchem elles ?
Quanto tempo durará a emissão ?
E' impossível responder satisfactoriamente a estas
perguntas, e não vale a pena mencionar as hypotheses
que se tem formado sobre esta questão. Limitemo-nos
aos factos.
Muitos poços, depois de darem muito óleo, cessavão
repentinamente de o fornecer; uns ficavão completa-
mente estéreis, outros jorrarão água salgada; n'outros
finalmente, a producção diminuio consideravelmente
Jxotou-se porém que todos estes
em uma mesma zona mui limitada, poços estavão situados
e que pertencião
geralmente á categoria dos poços superficiaes, cujo fu-
turo nunca tinha inspirado
grande confiança. Muitos
dentre aquelles onde a água salgada havia substituído o
petróleo, tinhão continuado a produzil-o com a mesma
abundância logo que os aprofundarão. Demais, os
poços
359 —
de corrimento continuo se multiplicarão de
a compensar largamente o esgotamento tal maneira
de outras fontes.
&m geral os proprietários dos
desanimados suppondo poços não se mostrão
que o óleo mineral provém de
nnH «Z?btí3r^aneo88Ít^dos a grandes proftndidades
que a sonda ainda não alcançou. Em conseqüência
da
enorme pressão que supportou, o óleo
infiltrar-se em todas as fendas e aberturas deve tendei a
formando uma multidão de ramificações das rochas
ramaçs das veias metalliças, e, em alguns alanogi* ao
effectivamente acontece, ella casof, como
penetrou
das terrenos. As cavidades cheias até á superfície
Pdevem
de petróleo
necessariamente ter dimensões variáveis,
exhaunr-se mais ou menos depressa, conforme e por tanto
extençao e sua distancia dos reservatórios a sua
o óleo. donde vem
Aprofundando os poços estéreis, é mui
elles atravessem novas veias. Pôde dizer-se provável que
que os trabalhos até hoje feitos são mui superficiaes portanto
e que as explorações estão ainda em começo.
Um signal animador, uma
os poços que não davão quasi certeza, é vêr que
petróleo a certa profundi-
dade depois de escavado até 200 começarão a
aar de novo tanto óleo como no pés,
principio.
Deve-se também ponderar
ate hoje se procurou óleos mmeraes que as localidades onde
são ainda mui
limitados eque em muitos do Canadá se tem
encontrado indícios de novas pontos minas, assim como em
vários outros paizes. Causou algumas apprehensões
noticias espalhadas pelos exploradores da Pensylvania as
e do ohio, de que as fontes oleosas se hião
cada vez mais pobres. Parece tornando
porém que nestas asser-
çoes existe um pensamento de especulação, cu|o
augmento do valor venal dos óleos americanos. fim é o
A extracção dos óleos deu nascimento a duas
tnas, que por assim dizer, lhe são annexas, indus-
lana e de refinação ou a de tonei-
purificação dos óleos

(Continua).
— 360 —

ACCIDENTES NAS MINAS DE INGLATERRA.

Não deixa de ter muito interesse dar algumas noti-


cias sobre o rendimento das minas da Grã-Bretanha,
assim como a respeito dos accidentes que tem tido logar
nas minas dos tres principaes condados, V^arwick,
Stafíbrd e Worcester.
O numero das minas de carvão de pedra em explora-
ção nestes condados era em 1860, de 669, e produzirão
6.480,750 tonelladas de carvão.
No mesmo anno e nos mesmos condados, os mineraes
de ferro derão 1.479,500 tonelladas, que renderão
616,800 tonelladas de ferro em geira.
Não existe nestes tres districtos senão uma única
mina de chumbo, que produzio 36 tonelladas de mi-
neral bruto e 20 de chumbo metallico.
_ O numero dos accidentes de diversas naturezas sobre-
vindas nestas differentes minas, durante 1860, merece
toda a attenção. Taes accidentes têm tido logar
todos nas minas de carvão de pedra. O condadoquasi de
Worcester e a parte sul do de Stafíbrd, têm sido as
que
têm soffrido maior numero de catastrophes ; porquanto
os accidentes nestes dous condados se elevarão de 115
em 1859, a 148 em 1860, e o numero dos mortos
de 134 a 161.
No Norte do condado de Stafíbrd, no Shropshire e no
Cheshire, os accidentes diminuirão de 54 a 46, e os
mortos de 65 a 64. Nos districtos carboniferos de
Warwich, de Derby, de Nottingham e de Leicester, os
accidentes augmentárão de 35 a 37, porém os mortos
diminuirão de 42 a 40.
Póde-se dizer, em geral, que a exploração
•das minas portanto
de carvão, somente em tres condados, não
custa menos de 250 a 300 vidas humanas
por anno,
quasi um homem por dia !
Iffllllt
DA

INDUSTRIA NACIONAL.
OUTUBKO DE 1864.- N. 10.

SESSÃO DO CONSELHO ADMINISTEATIVO


EM 16 DE AGOSTO DE 1864. '
Presidência do Sr. Marquez d'Abrantes.
A's 6 horas da tarde, achando-se
Marquez de Abranteg, Drs, Souza Eego, presentes os Srs.
Pinto, Souza Costa, Nicoláo Moreira, EaphaelNascentes
Galvão,
Villanova Machado, Vellez, Lúcio Brandão e Bernardo
Azambuja, Azevedo, commendador Lagos, Ayrosa
José D. Galvão Jumor, José Botelho, José M. Pereira,e
Albuquerque e Fontoura ; e os sócios effectivos,
conde de Barbacena, Barão de Nova Friburgo, JoãoVis-
ü.deAlbuquerque, desembargador Diogo T. de P
Ma-
cedo, Theodoro J. Muller, bacharel Ferro Cardoso, Fer-
reira Soares, Coelho Antão, Farme de Amoedo Jo-
viano Varella, Muller, Gony Stephen, Dr. Duque-Es-
trada Teixeira, Lidgerwood e Dr. Carlos J. P.
JNeves, o Sr. presidente declara aberta a sessão. das
J. oi lida e approvada sem debate, a acta da ultima
sessão.
EXPEDIENTE.

Aviso do ministério do império, informação


sobre a qualidade e propriedade da pedindo
orchata preparada
Auxil. Outubro de 1864. 46
— 362 —

por José de Souza e Silva Braga.—A' secção de chi-


mica industrial.
Aviso do ministério da agricultura, commercio e
obras publicas, transmittindo o requerimento em que
Hyppolito Monier, residente em Paris, pede privilegio
exclusivo por vinte annos para introduzir e vender no
Império os apparelhos para illuminação denominados
Bicos athemicos e diaphanos — que diz ter inven-
tado, afim de que a sociedade o informe eom seu parecer.
A' secção de machinas e apparelhos.
Officio do Sr. Joaquim Ribeiro do Vai, de Valença,
agradecendo a sua admissão como sócio effectivo. —
Inteirado.
Forão recebidos com agrado dous números do Agri-
cultor, de S. João do Prineipe ; um dito do Commercio
do Paraná, de Paranaguá ; tres ditos da Bevista Com-
mercial, de Santos, e dous ditos da Imprensa Acade-
mica, de S. Paulo, remettidos pelas respectivas redac-
ções ; e um exemplar do folheto intitulado Die Baum-
wollenstande und ihre culturfuer brasilien, remettido
pelo seu autor, o conde de Ia Hure.
ORDEM DO DIA.

Foi approvado sem debate o seguinte parecer da


secção de chimica industrial:
." Ao conselho administrativo da Sociedade Auxilia-
dora da Industria Nacional endereçou o Sr. Bernardo
Secco, residente na cidade do Rio Grande, provincia de
S. Pedro do Rio Grande do Sul, a petição inclusa,
acompanhada de amostras de vinho verde tinto, por elle
fabricado com uva produzida na Ilha dos Marinheiros,
fronteira a essa cidade, solicitando o parecer da Socie-
dade sobre as qualidades de tão iitil produeto, o
qual
promette em sua opinião um novo ramo de industria
que beneficiará com vantajosos lucros ao commercio do
paiz.
" Breves são as informações
que ministra o Sr. Secco
no seu requerimento. Apenas diz que o vinho tinha
vinte dias de fabricado, quando fez a remessa das suas
363 —
amostras, e que as videiras, cuja cultura inda se acha
cargo de curiosos, até aqíii não tendo merecido os a
dados que merece, derão entretanto, cachos de cui-
bagos, e poderáõ vir a dar melhores colheitas se appli- bons
carem-se os fructos de estudos idôneos. Assegurando-
lhe larga prosperidade, compromette-se a reaíisar
melhoramentos possíveis, muito se lisongeando desde os
ja se o pequeno ensaio que fez merecer a approvação da
Sociedade. Y
" Afim de reconhecerem-se
as qualidades das amos-
trás remettidas, prestou-se a examinal-as chimicamente
o nosso consocio e membro da secção o Sr. Dr. Ernesto
h redenco dos Santos, declarando no seu
os resultados a que chegou, os parecer junto
quaes resumem-se nas
seguintes affirmativas :— que o vinho tinto tivoly é
excellente producto nacional, sendo o desenvolvimento um
da sua producção digno da protecção do impe-
rial; que é vinho propriamente dito, governo ser o resul-
tado da fermentação alcoólica do summoporda uva
não contém misturas, nem ingredientes ; que
; que apresenta
algum ácido carbônico livre e 8,5
% de álcool, e alguma
matéria extraptiva, dando-lhe este ácido mais uma
qualidade tônica coadjuvante da digestão, gosto aora-
davel, e tornando-o um vinho de pasto muito regular.
" A secção de accordo com este
f parecer tem a lamentar
somente que o Sr. Bernardo Secco não tivesse enviado
com as amostras a descripção do processo a
que deu
preferencia nesse seu primeiro ensaio, não podendo por
isso propor ao conselho a approvação por elle sollicitada
senão no sentido da iniciativa que tomou ; e ella
opportuno que o conselho ordene se lhe remetta com°o jul«a
presente parecer o Auxiliador do mez de Janeiro ulti-
mo, onde, o seu illustrado redaetor redigio um artigo
relativo á fabricação e melhoramento dos vinhos. Pensa
a secção que as publicações de iguaes artigos, ou de
manuaes, sobre a vinocultura, por onde se vulgarisem
naquella provincia os porruenores da cultura da vinha,
da vindima, expressão dos bagos, fermentação do mesto'
e vasilhame adequado, é caminho seguro para promover
o desenvolvimento, e auxiliar o futuro engrandecimento
— 364 —

dessa nova industria com que a Providencia parece


querer mimosear o segundo reinado.
" Relativamente á
protecçao que o governo imperial
deve com ella despender, e a que allude no seu parecer
o Sr. Dr. Ernesto Frederico dos Santos, a secção en-
tende com este senhor, e considera que a industria que
surge em solo, sem duvida alguma apropriada pela na-
tureza para fazel-a prosperar, logo com uma producção
de 150 pipas de vinho nos seus primeiros ensaios, como
foi a das colônias de Porto-Alegre, durante o anno
findo, producção attestada pelas communicações que
daquella cidade publicarão os jornaes da corte de alguns
mezes passados, indica com evidencia que se acha neces-
sitando por emquanto tão somente da protecçao
que é
de costume o governo imperial despender em taes casos,
pondo em movimento os meios indirectos, únicos no
parecer da secção que se offerecem como opportunos.
" Assim,
pois, é a secção de parecer que neste sentido
se animem os esforços daquelles que applicão a sua in-
telhgencia, instrucção, trabalho e capitães ao engran-
decimento do paiz, promovendo-lhe novas fontes de
riqueza. "
" Presidente da secção, Dr.
Gabriel Militão de Vila-
nova Machado.— Secretario da secção, Dr. Lúcio José
da Silva Brandão.—-Dr. Nicoláo Joaquim Moreira. "
" Louvando-me na analyse feita,
concordo com o pa-
recer.— G. B. Gabaglia, membro da secção de chimica
industrial. "
Forão lidos, e ficarão sobre a mesa para serem dis-
cutidos na seguinte sessão, os seguintes pareceres:
Da secção de chimica industrial, sobre o
privilegio
pedido por Manoel Marques das Neves Lobo, residente
na provincia de S. Pedro do Sul, para a formação de
salinas e exploração do sal que fôr extrahido das águas
que banhão o littoral da provincia.
Da secção de melhoramentos das raças animaes, sobre
o auxilio pecuniário pedido pelo coronel Francisco Fi-
delis Barroso, residente na provincia do Ceará, afim de
— 365 —

effectuar certas obras indispensáveis para a conservação


dos dromedários.
# Da secção de industria fabril, sobre o
dido por José Gonçalves de Carvalho, privilegio pe-
vender e
para
fazer collocar nos prédios desta cidade chapas de
cellana esmaltada, com campo azul e números brancos. por-
Da commissão especial encarregada de emittir seu
parecer sobre a proposta do Sr. Ismael, relativa á crea-
ção de uma medalha de animação.
O Sr. presidente declarou que, havendo certeza de
que o presidente da secção de agricultura, que se acha
fora da corte, não compareceria ás sessões durante o es-
paço de tres mezes pelo menos, visto continuarem seus
incommodos de saude, designava para presidente inte-
rino da secção o secretario da mesma, o Sr. Colin, afim
de que se possa discutir o parecer adiado na sessão an-
tecedente, e relativo á pretenção de Alexfort Michely
para a introducção no Brasil da creação do bicho da
seda da amoreira feita ao ar livre.
Forão approvados sócios effectivos os Srs. Barão de
Prados, residente na provincia de Minas-Geraes e Luiz
Bartholomeu da Silva Oliveira, propostos
pelo Sr.
Dr. Nascentes Pinto ; conmmendador Manoel Venancio
Campos da Paz, residente no Bananal, proposto
Sr. Dr. Souza Eego ; e Dr. José Balthazar de Abreu pelo
Cardozo Sudré, proposto pelo Sr. Dr. Villanova Ma-
chado ; e Nuno Alvares Pereira e Souza, pelo Sr. Bar-
reto de Albuquerque.
Nada mais havendo a tratar-se, o Sr.
presidente le-
vantou a sessão ás 7 3/4 horas.
SESSÃO DO CONSELHO ADMENISTRATIVO
EM 1° DE SETEMBRO DE 1864.

HONRADA COM A AUGUSTA PRESENÇA DE S. M. O IMPERADOR.

Presidência do Sr. Marquez de Abrantes.

A's 6 horas da tarde, achando-se presentes os Srs. con-


selheiros Marquez de Abrantes, Dias de Carvalho e An-
tão Drs Souza Rego, Nascentes Pinto, Matheus da
Cunha, Villanova Machado, José Rufino, Lopo Cor-
deiro, Vilhena, Raphael Galvão, J. A. de Murinelly
Nieoláo Moreira e Bernardo Azanibuja, commenda-
dores J. D. Galvão Júnior, Lagos e José Ayrosa Albu-
querque, Azevedo, Fontoura, José Ricardo Moniz, José
Botelho, Ismael, Miguel Galvão, tenente-coronel Nor-
berto Lopes e Virginius de Brito; e os sócios effectivos
visconde de Barbacena, barão de Nova Fribürgo desem
bargador Diogo T. de Macedo, Dr. Soares, commenda-
dores Campos da Paz e Manoel Ayrosa, Farme
Amoedo Coelho Antão, Rischen, Paula Rodrigues de
Vicente Huet, Rodrigues de Vasconcellos, Lidgerwood'
Roberto Grey e Thodoro Muller, o Sr.
ciara aberta á sessão. presidente de-
Foi lida e approvada sem debate a acta da
ultima
sessão.
EXPEDIENTE.

Aviso do ministério da agricultura, commercio


obras publicas transmittindo o requerimento e
Alexandre Carlos Luiz Devaux em que
pede
annos para fabricar e vender no Impérioprivilegio por 20
apparelhos
qtie declara ter inventado e que denomina depósitos
arejadores afim de que a sociedade o informe
com seu
parecer.—A secção de machinas e apparelhos
Idem transmittindo, em additamento ao aviso
de 16
¦ T".™1111,0' n° re<P*eriniento em que Manoel Anto-
mo da feilva, declara ter feito importantes
mentos nos carros, que diz ter inventado melhora-
para o trans-
367

n% • /eT° de m^chinás e apparelhos *


Ufflcio do l.o vice-presidente da
r o-Santo, rernettendo um exemplar provincia do Espi-
do relatório por
vncia na occasião da abertura da sessão
extraordinária
D0 d'a 21 de FeTCreÍr° *«-«
com a^df1
Officio da directoria central da
tara, perguntando se a sociedade secretaria de a°ricul-
pôde satisfazer Õ ped -
nS da^iltrp-116 8' P?l0mUdaB
dTSio S oamaraC-
* M"n* d* -
^dílSffiK^
Officio do Sr. Dr. João Severianno da
mumcando que por incommodos de sande, Fonseca com
a ir convalescer fora da corte, se acha qu. o obS
impossibüSadÔ

Officio do Sr. Guilherme Vau Vleck Lidgerwood


dmdo para que a secção de maçhinas ne
e appSos _t
ne8602r:ferlment? P°r-el,le dir%idoemP17deJumo
de 1862 ao governo imperial, e no qual se acha a de.
cnpçãoe desenhos das invenções eVelhoramentoslIs
:urr5npaa8.'eCpreparar «*^'««* * -
Academtca de S. Paulo, e dous da Revista
de Santos, remettidos OoSlrZl
pelas respectivas redacçST
bendo anunciada nesta occasião a chegada
o Impeiador, foi o mesmo Augusto de S M
Senhor recebido
""?" P d° C0*Selh°; deP^ 2ÍÍ
assumH„m»br°8 £
assumido a presidência e concedido a respectiva
passou-se a ordem do dia. ™pecnva venia
Procedeu-se á leitura do da secção de affri-
cultura sobre a pretenção deparecer
Alexfort Michely nam a
ZZ iiT*a ^eaçao dS-bicho de-«-» SS
dl,S°USSo> na 1uaI tomtoi<>
parte osTV
os Srs. tTS
Lagos, T
Azevedo, Miguel Galvão e Albu-
— 36'8 —

querque, resolveu-se que fosse o parecer rerfiettido a


uma commissão especiel para o reconsiderar.
O Sr. presidente declarou que na sessão seguinte no-
mearia a referida commissão.
Foi approvado sem debate o seguinte parecer da sec-
ção de industria fabril:
^ ^ Foi presente a secçao de industria fabril o aviso do
ministério de agricultura, commercio e ob*ras publicas,
acompanhado do requerimento de José Gonçalves de
Carvalho, em que solicita do governo imperial privile-
gio por dez annos para applicar á numeração das casas
e indicação das ruas, o mesmo systema empregado nas
capitães e principaes cidades de outros paizes mais
cultos.
" Consiste este systema, em
collcoar nas extremida-
, des das ruas chapas de porcellana esmaltada com campo
azul e letras brancas, e em cada
prédio uma chapa mais
pequena, indicando o numero que lhe competir.
" Para execução deste
projecto solicita o pretendente,
além daquelle a
privilegio, adopção das seguintes me-
didas, ou condições principaes : Io, serem os
nos obrigados a deixar numerar regularmenteproprieta- os seus
prédios, pagando 5|000 pela chapa respectiva, sob pena
de uma multa mensal de igual
quantia ; 2>, serem des-
pachadas livres de direitos as mencionadas chapas
Obriga-se o pretendente pela sua a fornecer á ca-
mara municipal desta corte ou aoparte, sem retri-
buição alguma, um certo numero governo, de chapas em cada
rua da cidade, conforme fôr maior ou menor o das
casas
que" contiver.
A secçao não desconhece a utilidade do melhora-
mento que resultará da adopção do systema
em substituição ao actualmente usado e assim proposto
;
declarado pelo conselho da sociedade em sessão já foi
de Julho de 1861, quando approvou o do 1«
dado pela commissão de industria fabril, parecer então
sobre propôs-
tas semelhantes, apresentadas
por Francisco Campv e
por José Bento Leon de Nadand, opinando a dita
missão favoravelmente á pretenção daquelle, iá com-
mais antiga e datar de 1854, já por ser
por serem preferíveis as
369 —

çtKàsrás de f e rro taaãii o s' c ons-


^rLiSubmettldo? P°rém. á consideração do gJ»aim-
governo im
penal o pareeer mfeM fci V
eomPeü* deliberar X W
Í8umntnCamara T"^?1
egUnd.° C0llbes8e em
ficando í sua* attribuições
6nte ÍndeferÍda a P^So do
Kopotnte rtr
proponente Campy, quanto ao privilegio pedido a
sua á^elláX.S£ara
o indicado fim. Consta P"PO«tã
ot«1'idar.8 esta resolução do jLerno im
da X* diwto™ do Esterio^
agucultura, junta ao respectivo
Sita"-°TÇS° aviso acima citado
u A secção,
pois, com referencia ao proiecto do r.™
ePxareYedlGOnÇalVeS de-Ca'™lho' ™*^™Z
soltT^ mesmo
solicitado, Pronunciar-se em favor
6m em substituição do privilegio
ducçao de um melhoramento útil, ao por intro
prêmio PnãomT
valeeer em seu apoio a não só por
prioridade da proposta imt
-n? ° dit0 P^Ponent Po nCtor
nZITT* '"T*T°r Td° d<7«a
desconhecida
P2 ZáZ ei"lhI qUal<1Uer outra anima9ão uo
ImúcZ Z
protecção, ou
que nao a de um privilegio.
" E' assim
que, pelo principio cTe utilidade publica
poderia ter cabimento o favor dos despachos liW
SbPara aS Chapa,S ^Portada, de
p^ para o
COm° que aI»uma medida fesse tomadaPem fim pro
orl^'Am
ordem a tornar menos confusa, mais regular,
mais viú-
das casas desta
quer se execute este melhoramento á custa dosCS
n,tríUrad0TanUmera«So
mm—s, quer com a cooperação S
dos
mediante mesmo alguma multa assaz woprieterios e
mouca '
darpartCnranÍ° nã0 P°S-Sa a iniciati™ de taes medi.
*°*F Fecu^vo por versar sobre matéria
Sllf ' '8enÇâ,° de direit0s>é a ¦»«*> de
parS 0„P'r
parecei, que se recommende ao governo imnerial mmn
t~::t ^ dad?> «/-jeoto^St^x
proponente Jose Gonçalves de Carvalho afim de
;
seja o mesmo submettido á consideração que9C"?
mara mumczpal, como se da Illma.
praticou com a de Francisco
Auxil. Outubro 1864. 47
— 370 —

Campy ; Bendo de esperar que esta cooperação, em seu


zelo pelos interesses do município, e dentro da esphera
de suas attribuições, preste toda a attenção e devido
acolhimento ao projectado melhoramento, de que tanto
carece a capital do Império, aguardando-se do corpo
legislativo o que depender de sua privativa compe-
tencia.
". Sala das sessões do conselho, em 16 de Agosto
de 1864.—Bernardo Augusto Nascentes de Azambuja.
— Manoel Ferreira Lagos. — José Maria Pereira. —
Matheus da Cunha. "
Ficou adiado, até que se obtenhão outros esclareci-
mentos, o parecer da secção de melhoramento das raças
animaes sobre o auxilio pecuniário pedido pelo coronel
Francisco Fidelis Barroso, residente na provincia do
Ceará,-afim de effectuar certas obras indispensáveis para
a conservação dos dromedários.
Depois de algumas reflexões feitas pelos Srs. Drs.
Soares, Villanova e Lopo sobre o parecer relativo ao
privilegio pedido por Manoel Marques das Neves Lobo,
residente na provincia de S. Pedro do Sul, para a for-
mação de salinas e exploração do sal, que fôr extraindo
das águas que banhão o litoral da dita provincia, foi
approvado o adiamento proposto pelo Sr. Albuquerque.
Forão lidos e ficarão sobre a mesa para serem discu-
tidos na próxima sessão os seguintes pareceres:
Da secção de machinas e apparelhos, sobre o privi-
legio pedido pelo bacharel Antônio Gonçalves da Justa
Araujo para fabricar e vender no Império machinas,
que diz ter inventado, para pilar o café.
Da mesma secção, sobre o privilegio pedido por Cha-
rolais, e embargado por Gony Stephen, para machinas
de soccar o café.
Da secção de industria fabril, sobre o privilegio pe-
dido por Eugênio Muller para fabricar papel de fibras
vegetaes indignas e para exportar as mesmas fibras.
O Sr. Ismael, obtendo a palavra pela ordem, declarou
que por engano votara contra a conclusão do parecer
da secção de industria fabril, por julgar que era favo-
ravel a concessão do privilegio pedido por José Gon-
— 371 —

çalves de Carvalho; mas estando convencido do contra-


rio, e podende parecer que neste seu voto ha uma con-
tradicção manifesta em relação ao
procedimento que
tem ^ tido em idênticas pretenções pedia por isso se
consignasse na acta esta sua rectificação de voto. que
Forão approvados sócios effectivos os Srs. Dr. José
Marques de Gouvêa, proposto pelo Sr. Braz da Costa
Rubim; Manoel da Rocha Miranda e Silva
proposto
pelo Sr. Afíbnso de A. Albuquerque; Willian G. Ginty,
proposto pelo Sr. commendador Manoel Ferreira Lagos;
Luiz José da Cunha Pacheco e José Joaquim da Ro-
cha, proposto pelo Sr. Camillo de Lellise Silva; e Nuno
Alvares Pereira de Souza, proposto pelo Sr. João Pe-
dro Barreto de Albuquerque.
Nada mais havendo a tratar-se, o Sr. presidente de-
pois de obter a respectiva venia, levantou a sessão ás 8
horas da tarde.

.íNfiüSTflíA.
DA UTILISAÇÀO DOS RESÍDUOS DAS FABRICAS E DE OUTROS RE-
SIDUOS REPUTADOS INÚTEIS OU NOCIVOS.
(1)

II.
Produetos vegetaes.

Os trapos constituem uma fonte importante de in-


dustria e de riqueza ; na Inglaterra, por exemplo, os
trapos de algodão e linho consumidos no Reino-Unido,
representão um valor superior a um milhão de libras
sterlinas, e a importação de trapos vindos da Prússia e
outros paizes allemães, da Itália e da Rússia, excedeu
em 1857, de 12,000 tonelladas.
Para fazer uma libra de papel, é necessário empregar

(1) Veja-se o Anxüiador de A-gosto.


— 372 —

uma libra e um quarto de trapos ; e como a industria


da fabricação do papel tem tomado grande desenvolvi-
mento nos paizes já productores, e começado em muitos
outros, até agora simples consumidores, os trapos co-
meção a escacear e a tornarem-se mais caros. Para os
supprir, o espirito de invenção tem multiplicado os seus
esforços e procurado substituir-lhe as folhas de certas
palmeiras, o feno, a bananeira, as aparas de madeira, a
casca de certas arvores e cem outras matérias ; porém
umas e outras, só fornecem papel de qualidade inferior,
ou somente próprio para embrulho.
Entre outros resíduos aproveitáveis para a fabricação
do papel, citarei somente dous já experimentados, e que
podemos fornecer ao commercio em grande quantidade:
a palha do milho e o bagaço da canna de assucar.
O problema da applicação da palha do milho á fabri-
cação do papel parece estar resolvido. O ministro de
agricultura, commercio e obras publicas, enviou ao con-
selho da Sociedade Auxiliadora da Industria Nacional,
uma coílecção de amostras de papel de palha de milho,
excellente para escrever, imprimir, de embrulho, etc,
assim como vários tecidos fabricados com a mesma
palha. Estas amostras vierão da Allemanha, e ha pouco
um subdito austríaco impetrou privilegio para fundar
no paiz urna fabrica onde se empregue exclusivamente
essa matéria prima.
Está provado que o bagaço da canna de assucar
fornecer uma excellente massa para papel, cuja fabri- pôde
cação' se tornaria muito econômica se o preço dos agen-
tes chimicos fosse menos elevado.
Para fabricar essa massa, separa-se do bagaço, com
agua quente ou vapor, o resto de caldo que ainda resta
no bagaço depois da passagem das cannas pelas moen-
das ; depois lava-se de novo as fibras que restão em uma
solução de potassa ou de soda.
E' difficil dizer que quantidade de assucar, suscepti-
vel ao menos de ser transformado em aguardente, se
perde todos os annos nos engenhos. Em alguns lo°-ares
o bagaço é empregado como combustível ; em outros'
— 373 —

elle é abandonado e só serve de embaraço ; em outros,


finalmente, esse resíduo é empregado como estrume^
afim de fertilisar os campos destinados para novos can-
nayiaes. Este ultimo emprego é certamente o mais
dicioso ; porém o senhor de engenho realisaria impor-ju-
tantes lucros, se, aproveitando a matéria saccarina
que
o bagaço fresco contém, convertesse o resíduo em massa
de papel. Não lhe ficaria certamente cara a applicação
da potassa, porque elle a pôde fabricar com as cinzas
das fornalhas e das cozinhas.
O achado de uma matéria capaz de substituir os tra-
pos é não somente um objecto de grande importância no
ponto de vista industrial, porém igualmente isso presta-
ria um eminente serviço sob o ponto de vista hygienico,
porquanto está bem provado que um certo numero de
moléstias pestillenciaes devem ser attribuidas ao ma-
nejo dessas matérias insalubres.
Como quer que seja, os trapos são insuficientes para
fazer face ao consumo sempre crescente de papel. En-
tretanto, essa matéria insignificante é a base da fabri-
cação do papel que, sob o ponto de vista intellectual e
industrial, representa o interesse vital da civilisação
moderna.
A palha de trigo fornece uma massa de papel soffri-
vel, e esse papel é hoje muito empregado, tanto para es-
crever como para imprimir em França, na Inglaterra e
nos Estados-Unidoe. A palha de arroz fornece uma
massa superior á do trigo. Igualmente poderíamos for-
necer esta matéria prima em grande escala, se os nossos
cultivadores de arroz conhecessem os seus interesses, ou
quizessem augmentar as suas rendas aproveitando um
resíduo imprevistado e insalubre.
Os Estados- Unidos contão 800 fabricas de papel em
actividade; estas exigem 3,000 machinas e produzem
perto de 270 milhões de libras de papel, ou cousa de
122,310 tonelladas, valendo 5,884,999 libras sterlinas.
Em 1853, a importação dos trapos nos Estados-Unidos,
se elevou a 9,486 toneladas, a maior parte vindos da
Itália ; e além desta grande quantidade de matéria
— 374 —

prima, a America importa annualmente um valor do


200,000 libras sterlinas. (2)
Para fazer-se idéa do consumo do papel nos tres
principaes paizes do mundo, grandes fabricadores e con-
sumidores ao mesmo tempo, veja-se a seguinte tabeliã,
onde se campara o consumo com as respectivas popu-
lações:
População. Papel.

Estados-Unidos. . 25,000,000 112,500


Grã-Bretanha . . 28,000,000 82,000
França. .... 35,300,000 70,000

O consumo dos trapos, do papel já servido, das apa-


ras, etc, é mui importante para a fabricação do pape-
lão, do papel pardo, de embrulho, etc. A encadernação
dos livros e a fabricação do papel de forro, cujos pro-
gressos augmentão com a civilisação, consomem uma
enorme quantidade de papel, sem contar o que exigem
a impressão, o embrulho, a fabricação de diversas varie-
dades do papelão, etc.
Os resíduos do algodão são formados de partes : 1°,
as que se tirão da carda, depois que b algodão atra-
vessou a machina de cardar ; 2o, aquellas que cahem,
emquanto elle as atravessa ; 3o, daquellas que são ex-
pellidas pelo ventilador, durante a operação de limpar
o algodão ; 4o, finalmente, do cotão que se apanha var-
rendo o pó da officina.
O valor destes resíduos depende da qualidade do ai-
godão ; em certos casos esse valor varia de metade á
terça parte ; em outros da oitava ou décima parte do
preço da matéria, isto é, do algodão em rama.
Estes resíduos servem para fabricar pannos grosseiros
e cobertas de cama.
Os resíduos desta fabricação são ainda aproveitados

(2) A attenção dos fabricantes de Philadelphia estava somente


attrahida para a fibra da malva arbórea, Hibiscus moschentes, com
um succedaneo mui vantajoso de trapos na fabricação do papel.
— 375 —

na fabricação do papel, servindo os mais limpos para


papel de escripta, e as varreduras das officinas para
papel de imprimir ou de embrulho. A massa desses re-
siduos é mui considerável, attendendo-se a que somente
na Inglaterra se opera annualmente sobre 800 ou 900
milhões de libras de algodão, pesando de 362 a 407,700
tonelladas. Suppondo que o aproveitamento annual
destes resíduos seja somente de 15 por 100, a industria
da fabricação aproveita 50,000 tonelladas ; o que junto
a 20,000 dos resíduos do linho, e a igual quantidade
fornecida pelas cordas e véllas velhas, constitue uma
massa de matéria prima de grandiosa importância. An-
tes de 1841, os resíduos do algodão erão empregados na
fabricação do papel ordinário ; hoje esses resíduos são
especialmente utilisados na do papel* de imprimir.
Nos Estados-Unidos em pregão esses residuos das fa-
bricas de algodão na confecção de moveis, fabricados do
mesmo modo que o papelão a que os Francezes chamão
papier mâchê, espécie de charão, susceptível de um
bello lustro e polimento.
Extrahe-se actualmente na America, por meio de
certos processos mecânicos, a felpa que fica adherente
aos caroços do algodão, depois que este é passado no
descaroçador; esta matéria é vendida aos fabricantes
de papel e aos de tapetes.
No mesmo paiz, extrahe-se um bellissimo óleo dessas
sementes, e esse óleo, é empregado como tempero
quando está fresco ; servindo mesmo para falsificar o
azeite doce, para os candieiros, sabão, etc.; um chimico
allemão conseguio extrahir do óleo de sementes de algo-
dão uma bellissima côr azul.
A quantidade de estopa vendida em Liverpool não
se eleva por anno a menos de 1,400 tonelladas, cujo va-
lor é de 28,000 libras sterlinas ; a quantidade consu-
mida em Londres deve talvez exceder do duplo, se se
considera a importância da marinha e das outras indus-
trias que a empregão.
Os residuos que resultão da preparação do canamo e
do linho, durante a sua limpeza e cardagem, que se de-
signão com o nome de Codilla, devem formar uma con-
_ 376 —

sideravel massa de matéria prima ás industrias que em-


pregão esses restos. Não obstante a grande producção
do paiz, ainda assim importa-se annualmente 3,000 to-
nelladas, valendo 373,000 libras sterlinas em 1857. Estes
restos servefn para fabricar s.accos, lençóes, toalhas de
mesa, guardanapos, pannos, fios e muitos outros
objectos.
A planta chamada em francez chiendent e em por-
tuguez grama, que causa ao lavrador Europêo tantos
embaraços como a nossa importuna tiririca, recebe hoje
um emprego útil. Na Itália ella serve de forragem para
os animaes. Em Nápoles ella é tão empregada, que, se-
gundo o coronel Maceroni, se vende annualmente mais
de 400 contos dessa planta tão nociva aos campos de cul-
tura. Em França ella é utilisada na medicina. Empre-
ga-se actualmente em grande escala para a fabricação
do papel; e em logar de a queimarem, como até agora,
ella é vendida aos fabricantes cie papel.
> Vê-se, portanto, que as varreduras das fabricas de
linho e de algodão, os pannos velhos, as más hervas, as
aparas de papel, a serradura da madeira, os cavacos, as
cordas, cabos e velas velhas, finalmente, que uma mui-
tidão de matérias perfeitamente inúteis para outro fira,
são transformados em papel de escrever, de imprensa e
de embrulho, e em outros objectos indispensáveis ae
homem civilisado !
Com os progressos que a sciencia tem realisado, e as
machinas aperfeiçoadas, não ha resíduo algum de a
industria não possa tirar partido. As borras e os que resi-
duos da seda erão, não ha muito tempo, lançadas nos
monturos; hoje, muitos estabelecimentos se achão
montados para trabalhar exclusivamente em todos os
fragmentos da seda.
As fabricas de pannos despresavão os trapos de lã, e
as fazendas velhas e já usadas ; hoje, todas se servem
desses resíduos, com vantajosos lucros. O trapo cahe
para levantar-se de novo ; morre para renascer, e se
transforma sem cessar para nunca mais
dadeiro Phenix industrial, talvez os últimos perder-se. Ver-
fios de nos-
m roup-as cuhrão daqui a dous séculos os ^ombros de
nossos tataranetos.
"Que
grandes cousas não pequenas! " exclamava um
dia Napoleão I, vendo reunidas em uma só folha dei-
gada mil folhas d'ouro. Que não diria elle hoje !
A polpa da beterraba, depois da extracção do assu-
car ; é empregado na Europa alimentar os ani-
mães, e como estrume, do mesmopara modo que as espumas
das caldeiras; misturada com outras substancias,
servir para fazer mui bom papel, pón|e
papelão, e charão pro-
pno para ornamentos, bandejas e outros objectos.
Os melaços fermentados deixão, depois da extracção
do álcool, um resíduo ou vinhaça d'onde se extrahe
tassa em quantidade. po-
Os resíduos das matérias vegetaes empregados no
curtimento dos couros, podem ser convertidos em car-
vao, assim como as madeiras de tinturaria
Das cmzas destes carvões, ou da já servidas.
própria matéria redu-
zida a cinzas, se extrahe alcalis, soda ou potassa, con-
forme a natureza dos vegetaes.
Nos paizes tropicaes a matéria sedacea cobre as
sementes dos Bombax, e das Asclepias, ou que a Faina das
Paineiras arvores, e de muitas plantas de
pequeno porte
que. dão productos análogos, para encher travesseiro e
colxões. Em vários pontos da índia se utilisa o Calo-
tropis gigantea, que produz uma pajna semelhante a
um algodão sedaceo, na fabricação de tecidos
próprios
para roupas ; o mesmo acontece com a paina do Bom-
bax malabrensis de que hoje se consome
tidades nos Estados-Unidos para fabricargrandes quan-
chapéos. As
painas começão a attrahir a attenção dos fabricantes
que se propõe a mistural-as com a seda, a lá ou o algo-
dão, empregando na fabricação do papel as espécies
não servirem para tecidos, nem para chapéos. que
Desde longa data que o envoltório fibroso do coco de-
nominado da Bahia, serve para fabricar cabos, cordas,
fios, barbante, escovas, vassouras, esteiras, capa-
chos, etc.
_ Esta matéria forma hoje o objecto de um commercio
importante. A importação de fibras da casca do coco,
Auxil. Outubro de 1864. 48
— 373 •—

se elevou na Inglaterra em 1857, a 7,666,096 libras no


valor de 102,000 libras sterllinas (918 contos de réis).
Mnonein ignora os diversos empregos da amêndoa
do coco ; o seu envoltório ou endocorpo solido e duro,
é aproveitado para fazer vasos de beber água, e outros
fins ; o bagaço constitue um excellente alimento para
os animaes. De sorte que tudo se aproveita desse pre-
cioso fructo, verdadeiro dom da Providencia feito aos
habitantes dos climas quentes.
Extrahe-se do milho muitos produetos úteis, além do
seu grão, e do envoltório foleaceo que cobre as espigas.
O grão pôde ser transformado em álcool pela fermen-
tação e a distillaçãp, não fallando nessa espécie de cer-
veja que, com o nome de Chica, é a bebida favorita de
muitas das republicas da America do Sul. Extrahe-se
igualmente do grão (ou antes do seu germen, um óleo
fácil de purificar, e que arde como uma chama leve e
brilhante. Esse óleo é extraindo de modo que deixa in-
tacto a sua parte amylacea, a qual se pôde dar diversas
applicaçoes, e entre ellas á da distillação d'aguardente.
O bagaço é dado aos animaes ; algumas vezes se móe
para fabricar uma espécie de pão. Finalmente não se
perde o próprio sabugo, que reduzido a pó serve para
engordar os porcos, e mesmo o gado.
A folha do milho serve para capa dos cigarros, para
encher colxões grosseiros, e para papel ; pôde tambem
substituir em grande numero de casos, a crina.
As fibras da palmeira Kitlol, da Piassaba, da herva
do México, do Sparto, e muitas outras substancias até
aqui perdidas ou pouco conhecidas, tornarão-se hoje
objectos de um importante commercio.
As grandes fibras análogas á crina, conhecidas com o
nome de musgo d'Hespanha, que se extrahem da TU-
landjia usneoides, cresce em abundância nas margens
do Mississipi, (1) na Jamaica, nas Antilhas e em mui-

(1) As Tillandjias constituem um gênero da farinha das Bro-


melias; a este gênero correspondem os nossos caraguatás ou
gra-
vatás. A. T. usneoides e T. trichoides são notáveis por seus
caules filiformis e flexuosos.
— 379 —

tos pontos da America Sptentrional. As fibras dessa


planta são muito empregadas na America para fabricar
tapetes, para encher colchões, travesseiros, selins, can-
galhas, para empalhar animaes, etc.
O sparto pôde ser applicado aos mesmos usos e á fa-
bricação do papel, assim como as fibras de todas as es-
pecies de ananaz, de gravatas, pita, etc.
Os americanos começão a tentar a fabricação dessas
matérias, convertendo-as em saccos para o enfardamento
do algodão. Essa tentativa assume grande importância
sabendo-se que a exportação dos fardos de algodão ex-
cede de 3 milhões de saccos. A' muito que os fardos da
índia são cobertos com tecidos de plantas análogas, e o
mesmo se pratica nas Antilhas e outras colônias Eu-
ropêas.
As rolhas velhas e as aparas das rochas, são muito
empregadas hoje para cobrir os assoalhos das pontes
suspensas, cobrindo.-as depois com asphalto de certa
composição. Os passeios e a calçada da ponte de Cheisea
forão preparadas deste modo. As aparas da cortiça ser-
vem hoje, misturada com borracha, para fazer tapetes,
para forrar as bibliothecas e casas de loucos.
O óleo de palma, que o commercio traz hoje para a
Europa e é todo consumido pelos fabricantes de sabão,
importa, somente na Inglaterra, em 47,735 tonelladas
annuaes. Esse óleo é somente extrahido da pellicula
fibrosa que envolve o coco ; as amêndoas, excepto uma
pequena quantidade que se utilisa, mesmo na África,
para a fabricação do azeite destinado aos usos domesti-
cos, são em geral deitados fora. Nestes últimos annos
essas amêndoas têm sido utilisadas na Europa, e essa
utilisação tem augmentado muito a importância do
commercio Africano. „
* Para fazer-sé idéa da importância desse comniercio,
assim como do seu progresso, em conseqüência do apro-
veitamento das amêndoas ou caroços do coco, trauscre-
vemos as seguintes informações communicadas pelo mais
rico e intelligente negociante de Serra Leoa, o Sr. H.
Heddle :
— 380 —

" As 56,000 tonelladas exportadas do Oeste d'África


corresponde a 10 milhões de alqueires de caroços, sejão
233,000 tonelladas. Ora, esses caroços encerrão 30 por
cento de oleo ; as 233,000 tonelladas fornecerão por-
tanto 76,000 tonelladas de azeite, que, baseando-se so-
bre o valor do azeite de coco (da Bahia), representão
um valor de 3 milhões de libras sterlinas (27 mil contos
de réis 1) Se a este valor se ajunta o do bagaço, fixando
o seu preço mínimo em 5 libras sterlinas, obter-se-ha
somente neste artigo 560,000 libras sterlinas, o que ele-
vara a exportação dos azeites e seus resíduos a 3,560,000

libras (31,940 contos de réis !) (2)
Os liquidos que se obtém pomo resíduos da fabricação
do sabão e das velas stearicas são hoje convertidos em
ao azeite doce na
glycerina. O ácido oleico se substituio
resíduos dessas fabrica-
preparação das lãs, e os outros
ções são igualmente aproveitados.
O caroço da azeitona é que fornece o azeite comesti-
vel de alguns logares da Europa. Os caroços são redu-
zidos a massa em um moinho, e depois comprimidos em
uma prensa ; extrahido o oleo, resta um bagaço que,
depois de secco, serve de sustento ás crianças e aos po-
bres que o comem com o nome de pão amargoso. O ba-
da de azeitona,
gaço'destes caroços, assim como os res polpatão da expressão
e, em geral, todos os bagaços que
dos óleos, constituem um excellente alimento para os
animaes ; isto emquanto não estão deteriorados, ser-
vindo depois de arruinados para um estrume que gosa
de grande estimação, e cujo é hoje de mnita importan-
cia. A importação da Inglaterra em bagaços de vege-
taes oleosos, principalmente de colza, linhaça e de ai-
godão, excede de 100,000 tonelladas annualmente.

(2) Este prodigioso commercio de um único artigo, de um paiz


onde, até cousa de 30 annos, só se ião buscar escravos, prova que
a civilisação avança na África, graças ao commercio. Elle depõe
contra a incúria ea falta de industria de certas nações, cujo ter-
ritorio foi particularmente favorecido pela Providencia com plan-
tas oleosas, das quaes essas nações não sabem tirar senão insi-
gnificante partido.
— 381 —

Fabriea-se nas vizinhanças de Londres um artigo


chamado Shude, que se mistura com bagaços de óleos
na razão de 30 por cento. Esta matéria consiste única--
mente na palha ou farello de arroz misturado com os
resíduos dos moinhos onde se descasca o arroz. Um único
fabricante vendeu, nos últimos nove mezes de 1860,
perto de 2,000 tonelladas.
As pelli cuias da uva, e o residuo dos bagaços, servem
para fazer tintas pretas, lápis, tinta de impressão, etc.
A lia dos vinhos artificiaes fabricados na Inglaterra
é empregada pelos vinagreiros para dar côr e força aos
seus vinagres ; com os resíduos dos bagaços onde se fer-
menta o sueco da uva para fazer vinho, é que se fa-
brica o vinagre de vinho. Esses resíduos ou mosto do
vinho serve hoje de alimento aos animaes, sobretudo elle
convém muito aos carneiros atacados de cachexia
aquosa.
A palha ou farello de arroz constitue uma excellente
cama para as estribarias, e serve, em logar da serradura
de madeira, para acondicionar os vidros, a louça, etc.
O farello de trigo, além de suas propriedades nutri-
tivas, tem certos usos industriaes : serve no curtimento.
dos couros, na impressão dos tecidos para encher tra-
vesseiros, etc, etc.
O pão velho serve para sopas, podings, criação dos
porcos, etc. A côdea dos pães, depois de raspada ou ra-
!ada, é empregada para cobrir os presuntos e as costel-
letas ; algumas vezes essas côdeas ou as roscas velhas
tonadas, servem para fazer uma espécie de café que os
pobres bebem em falta de cousa melhor. Os últimos
residuos dos pães, depois de carbonisados e reduzidos a
pó, servem para pós de limpar dentes.
Designa em alguns pontos da Ásia com o nome chá-
tijollo ou de chá de tijollo, a uma mistura de folhas ruins
e ramos do arbusto do chá, com outras plantas silves-
tres e de sangue de boi ou de carneiro secco em estufa.
Cada tijollo pesa quasi tres libras, e a matéria é tão
fortemente comprimida que, para partil-a, é necessário
usar de ura forte martello. Na China se imita esse pro*
dueto, que os Chinezes bebem sem repugnância ; os
— 382 —

sopas,
Tartaros e Thibetanos o empregão para fazer de
misturando-o com farinha de centeio, leite, gordura
carneiro e sal. armazéns
O Lie-tea é o produeto das varreduras dos de-
de chá na China ; elle é formado de folhas partidas, com
terioradas ou sujas, de pó, etc. ; o todo se mistura
aguardente ou serum proveniente de sangue de animaes,
secca-se e dá-se-lhe a fórma de grãos.
Uma outra variedade, composta de po que passa
uniformisar
pelas malhas das peneiras que servem para
og grãos dos chás pretos e verdes, serve para falsificar
os chás finos de superior qualidade. Os Estados-Unidos
importa milhões de libras de chá deteriorado, e mesmo
de chá tendo já soffrido uma primeira infusão. E' escu-
sado dizer que os paizes que comprão chá aos Ameri-
canos, gozão do privilegio de beberem chás mais ou
menos falsificados.
Das batatas arruinadas, dos grãos avariados, e dos
restos do arroz se extrahe polvilho ou amido ; das cas-
tanhas da índia se extrahe actualmente um amido tão
bom como aquelle de que se faz a letria ou macarrão :
até agora essas castanhas só erão empregadas no sus-
tento dos carneiros e das vaccas.
Os grãos de cevada já servidos na fabricação da cer-
veja, assim como o mosto da cerveja, são empregados no
sustento dos porcos e das vaccas leiteiras, para fermento
do pão e do leite ; para estrume, e servem hoje para for-
mar as vermineiras, ou viveiros de larvas com as quaes
se pode sustentar, sem dependência de grãos, as aves
domesticas.
O pó que resulta da serragem das diversas espécies
de madeira, recebe differentes empregos, taes como o
de combustível, para defumar os peixes, os presun-
tos, etc. ; para limpar as jóias e as vasilhas metallicas ;
e do gelo ;
para o encaixotamento dos objectos frágeis,
de lavados ; e, final-
para seccar os assoalhos depois
mente, tem empregos nas fabricas de agulhas, pregos e
da fabrica-
parafusos. Os cavacos e aparas que resultão de
ção dos lápis de cedro servem para fazer a essência
— 383 —

páo cedro ; e o pó do Sandalo para fazer saquinhos odo-


riferos.
As cinzas do tabaco constitue um estrume muito es-
timado.
Ainda se dá poucos empregos ás algas que abundão
em massas enormes em quasi todas as costas mariti-
rqgs, excepto em algumas localidades. A bazzilha, ou
carbonato de soda impuro, é o resultado da incineração
de duas ou tres espécies d'algas. Este producto, como
se sabe, constituio um grande ramo de commercio, até
que a industria conseguio extrahir em grande parte o
carbonato de soda do sal marinho. Extrahe-se actual-
mente das algas alguns produetos chimicos mui úteis,
por exemplo, o iodo, etc. ; pôde tambem extrahir-se
acidp acetico, potassa, naphta, etc. Pretende-se appli-
cal-as á fabricação do papel. Um engenheiro Francez
aconselha o seu emprego nas construcções, e menciona
entre outras vantagens a sua incombustibilidade e a de
serem inatacáveis pelos vermes.

ÀGRiCBLTBRA.
DAS SCIENCIAS NATURAES E DE APPLICÇAÕES Á EXPLO-
RAÇÃO DOS ANIMAES.

Quer saiba quer ignore, o criador o mais


hábil não obtém bons resultados senão
com a condição de fazer-se o instrumento
da natureza; sua vontade pode triumphar
um momento das leis da organisação, porém
o seu triumpho é ephemero, assim como o
producto.
f. hüsson. (Rev. popular das sciencias).

As sciencias naturaes tem por objecto o estudo e a


attenta exploração de todas as partes da natureza; ellas
tem por fim dar ao homem uma idéa clara do complexo
do universo.
Quando se falia do universo, tomando este termo em
sua mais ampla accepção, o pensamento uão tem limites,
como quando os astrônomos fallão dos systema»,- dos
nasJeis de
mundos, na totalidade dos corpos celestes; inteira
seus movimentos, etc.; ella abraça a natureza con-
siderada debixo de todos os aspectos, e os seres materiaes
não fixão unicamente a sua attenção. As forças, as
Causas sdos phenomenos os preocupão igualmente, a
A sciencia natural que se occupa especialmente Vos
corpos que girão na immensidade dos ceos, ou dos corpos
eeieste^ se chama astronomia ou* çosmographia.
Pe todos os corpos girantes no espaço, a terra é o
único qué podemos analysar completamente.
Paítindo das .noções que se podesse adquerir sobre a
terra, estabeleceu-se que os inumeráveis objectos que
constituem a natureza ou o mundo, fossem designados
eom O» nomes de corpos naturaes, ou productos natur
rms.
Os corpos inorgânicos não tem vida real: lormao-.se e
augmentão exteriormente por adaptação e sobreposição;
não tem órgãos, e não se decompõem facilmente. Taes
são os mineraes.
Todos os productos ou corpos naturaes podem ser
incluidos em dous grandes grupos; os corpos naturaes
orgânicos e os corpos naturaes inorgânicos.
Os corpos naturaes orgânicos se desenvolvem á custa
de germens vivos; elles possuem diversos aparelhos
chamados órgãos, destinados a exercer certos actos indis-
pensaveis á vida: campoem-se de partes não semelhantes,
e estão sugeitos á decomposição. Taes são os animaes
e os vegetaes.
Todos estes objectos pertencem ao domínio das scien-
cias naturaes, que se compõem de uma serie de sciencias,
de factos e de observações, cujo objecto é estabelecer os
phenomenos da natureza, sem procurar as causas pri-
mordiaes; deixando á philosophia natural o cuidado de
penetrar na mais profunda intimidade dos seres da na-
tiureza, e investigar as causas e formar um todo aos
íaeitos isolados.
As sciencias naturaes compjehendem as seguintes
seieia-eias:
—¦ 385 —

A astronomia que se occupa com os corpos sitiados


ióra da terra.
A Physica e a CMmiea que se oecupão com os ça-
racteres geraes dos corpos naturaes.
A physica estuda as propriedades dos corpos natu-
raes e investiga as forças que nelles obrão.
A Chimica nos ensina a conhecer os elementos ou
as substancias elementares de que se compõe os corpos.
Mas os corpos naturaes, por seus caracteres particu-
lares, formão tres grupos que abração ás tres grandes
divisões da natureza: o reino animal o reino vegetal e o
reino mineral.
Tres sciencias se oecupão com estes tres reinos :
A Zoologia tem por objeeto a descripção do reino
animal, ou dos corpos orgânicos superiores, dotados de
vida, de movimentos voluntários e de sensibilidade, isto
é, dos animaes.
A Botânica descreve os corpos orgânicos inferiores,
dotados de vida e susceptíveis de reproducção, porém
privados de sensibilidade e de movimentos espontâneos,
isto é, dos vegetaes.
A Mineralogia tem por objeeto a descripção dos cor-
pos inorganieos ou privados de vida, que se denominão
mineraes.
Porém, conforme se encarão os corpos quanto ás suas
funeções, ou quanto a seus caracteres, relativamente
aos animaes e aos vegetaes, chama-se — Historia na-
tural pura ou Taxonomia, quando, tendo em vista os
caracteres distinetivos dos corpos naturaes, se procura
reconhecel-os, numerar e classificar.
Anatomia, quando se investiga unicamente a forma
e a estruetura das differentes partes dos animaes e dos
vegetaes.
Physiologia, quando se estuda os usos e o modo de
acção de cada uma dessas partes.
Finalmente, a Geograpliia e a Geologia abração o
estudo de toda a terra. A primeira, se occupa com a
descripção de sua superfície ; a segunda, penetra os ar-
canos de suas profundezas.
Auxil. Outubro 1864. 49
— 386 —

Entre estes ramos da Historia Natural, a zoologia


interessa vivamente por causa das maravilhas e dos pro-
duetos qtte o inundo animal nos offerece, e dos serviços
estudo de nossa pro-
que esses conhecimentos prestão ao
pria drganisação e das vantagens e perigos que nos pôde
resultar desses animaes. No estudo da natureza nada
iguala o conhecimento dos animaes e de seus produetos.
Estudando os animaes, foi que o homem aprendeu a
conhecer suas próprias funeções. Quem não conhece os
serviços prestados á sciencia medica e á hygiene pelo
cão, o coelho, a rã, esses martyres dos laboratórios de
animaes existem
physiologia ? Porem tambem entre os seus costumes
alguma^ espécies que são perigosas por
ou por seus produetos. Quem não conhece os perigos
que corre o homem na companhia de uma serpente yè-
nenosa ou de um insaciável carnívoro ? Quem ig-
nora os serviços que cada dia lhes prestão o cão, o ca-
vallo, o boi e todos os animaes que o homem conseguio
subjugar #
Quando se estuda os animaes por pura curiosidade,
estuda-se a zoologia pura ; ella é applicada quando se
deduzem princípios úteis para tirar proveito do reino
zoológico ; e quando se reúne essas applicações, em
um todo coordenado, estuda-se a zootechnia, a hygiene
e veterinária.
Pódé-se definir a Zootechia, uma sciencia que tem
pôr objecto o estudo dos princípios que devem guiar o
criador na exploração econômica dos animaes domesti-
cos e de seus produetos. Essa sciencia é um ramo scien-
tifico dogmático, e ao mesmo tempo uma arte. A Zoo-
technia como arte, comprehende as manipulações que
se exerce còm o fim de explorar os animaes domésticos.
Muitas destas manipulações não se podem aprender sem
uma longa pratica.
O campo da Zootechnia é muito vasto, porque abraça
o interior, a hygiene, a multiplicação, a educação dos
animaes domésticos e o aperfeiçoamento das raças.
Ainda não ha muito tempo cada uma destas partes
formava um ramo á parte, e cada uma dessas partes'
nasceu separadamente da pratica, e a rotina formava a
— 387 —

base de seu ensino. Devemos á Allemanha a fusão


desses dous ramos de uma só e mesma sciencia. Essa
feliz idéa, apoiada sobre a sã razão, achou échoxem ou-
*tras
partes, e a final coraprehendeu-se que esses diver-
sos ramos tinhão entre si intimas relações, e não devião
ficar separadas. - ... -
A Zoologia pura estuda os animaes debaixo de todas
as fôrmas e em todas as espécies, entretanto que a Zoo-
technia não-comprehende senão os animaes úteis ao ho-
meme lhe dão produetos ou trabalho. Mas, se o quadro
da Zootechnia comprehende menos espécies do que a
Zoologia, nem por isso ella é menos vasta • porquanto,
para explorar os animaes, é necessário sabel-os modifi-
car, conservar, crear, metamorphosear, dar-l^es uma
fôrma própria ao seu destino preciso, protegel-os contra
as causas de doenças ; tornal-os mais próprios a dar
leite ou gorduras, lã, etc, para o trabalho, tornal-os
particularmente aptos á marcha lenta ou á progressão
rápida ; ensina, finalmente, o modo de os escolher,"re-
guiar sua habitação, sua alimentação, seu crusamento,
sua saude e seu rendimento, de maneira a tirar delles o
maior producto possível.
Entre as industrias legadas á cultura dos vegetaes, a
que comprehende a exploração dos animaes é, sem con-
tradicção, a mais importante ; porquanto, não somente
ella é útil como as outras industrias agrícolas, porém de
algum modo indispensável pois que, salvo algumas si-
tuações excepcionaes, o gado é a base das operações
agrícolas.
No maior numero de casos, o gado é a machina á
qual se pedem as forças necessárias para o trabalho
agrícola. Nem uma outra industria agrícola é, como a
da criação do gado, própria para transformar as matérias
vegetaes em produetos de um valor mais elevado, ren-
dendo, debaixo da fôrma de estéreo, matérias orgânicas
e mineraes necessárias para conservar a fertilidade da
terra.
Póde-se, em verdade, substituir os animaes de traba-
lho por machinas; mas isso não é sempre possível.
Nunca as machinas poderáõ substituir o gado como pro-
— 388 —

existirá,
ductor de estrumes; existe portanto, e sempredo
uma solidariedade intima entre a exploração gado e
as culturas vegetaes.
Antes de pôr em obra as riquezas da agricultura e
de interrogar os princípios da economia, é evidente que
as leis
o zootechnico deve ter primeiramente estudado
da existência animal.
A zootechnia exige portanto como ponto de partida
e como base do conhecimento dos animaes, que formão as
o objecto da exploração. Ella se apoia sobre todasape-
sciencias queestudão a economia animal, da qual é
nas uma applicação racional, formando conseqüente-
mente um complemento lógico da zoologia e sobre tudo
da physiologia.
Somente a physiologia é que nos pode ensinar os se-
existem entre a con-
gredos das connexões intimas que
formação dos animaes e suas porporções, assim como fa-
zer-nos conhecer seus órgãos e as funeções respectivas
e a determinar deste modo os caracteres de* uma boa
constituição, e os que indicão uma disposição particular
da economia. A physiologia é finalmente quem nos
e portanto fa-
pôde ensinar o mecanismo das funeções,
zer-nos comprehender as leis conservadoras da hygiene,
e ao mesmo tempo as perturbações e as doenças que
acarretão a violação dessas leis.
Ao lado das leis physiologias, que predizem a cada
funeção, é que vem logicamente collocar-se a pratica
como uma conseqüência do principio que a esclarece.
Como melhor justificar os resultados sanecionados pela
experiência, melhor criticar os processos condemnados
factos ao critério da
por ella, do que submetter os
physiologia?
Deste modo, a zootechnia abraça o estudo dos am-
mães debaixo do ponto de vista da exploração agrícola,
torna-se o guia indispensável de todo o criador, e ne-
céssita, como conhecimento preliminar, o da physiologia
e o das sciencias naturaes.
Quer se trate de uma producção animal no próprio
sentido da natureza, como o leite, quer se trate de uma
animal, como
producção extranha ao estado normal do
— 389 —

o engordamento, é sempre leis physiologicas que convém


inspirar-se; seja para as fazer observar escrupulosa-
mente, seja para pedir-lhe o segredo de as violor impu-
nemente.

INDUSTRIA AGRÍCOLA.
Da producção do leite, e da escolha das vaccas leiteiras.
A quantidade de leite que pôde dar uma vacca de-
pende: Io, da aptidão lactifera da raça a que pertence;
2o, das disposições individuaes da própria vacca ; 3o, da
quantidade e da qualidade de seu sustento ; 4o, de todas
as circumstancias que influem sobre a secreção do leite,
taes como o estado de saúde, a idade, o clima, etc. A
composição e a qualidade do leite, dependem igual-
mente de todas essas condições, assim como do tempo
decorrido desde a desmamação dc* bezerro.
Uma vacca má leiteira — e isso depende da raça ou
do indivíduo — dá leite durante 260 dias, pouco mais
ou menos ; uma vacca boa leiteira, dá leite durante 300
dias ; finalmente, uma vacca excellente leiteira, pôde
produzir leite durante 308 dias e além. Termo médio,
admitte-se 300 dias de lactação que se repartem em
quatro períodos, durante os quaes o leite diminue pro-
gressivamente em quantidade nas seguintes proporções:
Se no Io período que dura 40 dias, se representar
a quantidade quotidiana por 5
A do 2o período, também de 90 dias, será represen-
tada por 4
A do 3o período, de 90 dias, por .3
A do 4o período, de 80 dias, por 2
De sorte que uma vacca que der, logo depois da des-
mamação do*bezerro, 25 quartilhos por dia, dará no
Io período, em 40 dias, 40 X 30 = 1,200 garrafas.
2° 90 " 90x24 = 2,160
3° 90 " 90x18 = 1,620
4° 80 " 80X12= 960
'
Em 300 dias perto de 5,940 quartilhos.
— 390 —

Se se quizer caleular pelo peso vivo o producto em


leite, pôde admittir-se que uma vacca em boa saúde, re-
cebendo annualmente ao menos 2,200 a 2,400 libras de
forragens por cada 200 libras de seu peso, dá por anno
900 a 2,000 libras ou de 1,392 a 1,545 quartilho de
leite por cada 200 libras de seu peso vivo (1), de sorte
que uma vacca dá, termo médio, por anno :
Peso da vacca. Consumo annual (2). Leite.
600 libras. 36 quintaes métricos. 3,000 libras.
800 48 4,000 "
900 54 4,500 "
1,000 60 » - 5,000 »
1,200 72 6,000 "

Destes algarismos se tira a admirável conclusão, de


que uma boa vacca leiteira pôde dar annualmente, sendo
convenientemente alimentada, 5 vezes o seu peso vivo
de leite !
Muitas vaccas podem ter o mesmo peso, descender
da mesma raça e do mesmo tronco, receber a mesma
quantidade e qualidade de alimentos, e, não obstante,
seu producto em leite, pôde differir de indivíduo a indi-
viduo, da terça parte e mesmo da metade.
Quanto á differença dos produetos, conforme a aptidão
lactifera de diversas raças, eis alguns resultados obtidos
em muitos ensaios feitos na Allemanha :
28 vaccas da raça commum d'Allemanha
Septentrional derão, termo médio, por
cabeça e por anno 6,330 quart.
38 vaccas da raça de Walzthal.
" 6,630 "
46
" Oldenburgueza 6,809 "¦
65
" Hollandeza. 7,350 "
304 d'Allgan. . 7,728 "

(1) O peso especifico do leite, varia de 1,029 a 1,033. Os cal-


culos são feitos, suppondo um peso especifico médio de 1,030.
(2) Em feno, ou seu equivalente.
— 391 —
Pelo que diz respeito á
quantidade deleite aue se
te-se que cada 200 libras de ferro
(ou o equivalente) dão:
* * ' • 66 libras de leite.
Prlw°frarí
Produeto médio .... 70 >?
Bom produeto. . . . ! 80 "
Produeto máximo ... 96 »

Como o produeto em leite depende


como do indivíduo, não mettendo em tanto da raça
conta o sustento
que deve necessariamente ter calculado de maneS
favorecer o mais possivel a secreção do a
zer ta„t.do da industria dos lacticS leite, 0 cm qui-
na escolha de suas vaccas leiteiras, ZXe
guiar-se pelo seu
gosto ou seu capricho por tal ou tal faça, lorUlZ
deT VaCCaS deve de8ceáder de uma
via ? -Ta e de um touro também
L°» leiteira
vacca boa
oriundo de
Dema!8' °ada Uma dellas, deveíl
ter
eftXs
todos etl6!telra'
os signaes exteriores da aptidão lactifera •
ossos finos, chifres delgados e
eve pescoço dekado, polidos, pello fino cabeça
peitos largos, coítas em Lmade
tonnel, ventre baixo e alargando-se na
anca larga, cauda longa e coberta de nellos parte inferior!
volumosas ecahidas, veias mamareaAem finos tetas
das e mm desenvolvidas no logar onde pZiancte-
tie, e formando linhas curvas, dirigindo-sepenetrâo no° en-
e, em geral, uma estruetura finíssima para o peito
e delicada! sem
pred.spo.ucao extraordinária para engordar. Admita
como um bom signal,
quando a teta está coberta com
uma penugem curta, sedacea e como variada.
Para reconhecer se o leite é rico em manteiga,
outra, se uma vacca dará leite rico e manteiga, ou por
âZiH T,8 -?e dÍStÍngUÍr' A côr da teta imS
os fã
qualidade do leite: se amaina é amarella, o leite é
gordo ; se é branca, o leite é magro. As pdnebraa n
- 392 -

Quanto ao produeto em dinheiro, isso defende do


custo do sustento, da aptidão lactifera da vacca e do
preço do leite. Uma vacca má leiteira paga mal o seu
sustento, uma vacca boa leiteira o paga por preço muito
alto.

mwm agrícola,
Influencia da realisação solar sobre os vegetaes.
Ó celebre agrônomo, hoje fallecido, conde de Gaspa-
rín, procurou investigar a influencia das relações pyrhé-
liometricas sobre a vegetação. Comprehende-se que, em
uma ordem de ideas inteiramente nova. o illustre agro-
nomo apenas pôde fincar (permitta-se-me a expressão)
as primeiras balisas, que indicão o caminho a seguir
ulteriormente aquelles que quizerem fazer estudos tão
interessantes e de muita importância para a agricul-
tura. Eesumiremos os dados principaes.
Desde muito tempo se sabe utilisar o calor directo do
sol em certas culturas especiaes ; por exemplo, os jardi-
neiros escolhem na Europa, as exposições meridionaes
para plantar a vinha ; collocão as suas arvores fructife-
ras perto de muros que recebem e reverberão os raios
solares ; cobrem as plantas que exigem muito calor com
caixilhos envidraçados, que deixão passar o calor e o
accumulão no interior.
O que porém não se explica facilmente é ver que cer-
tos vegetaes ficão improductivos em pontos mais meri-
dionaes do que em outros, onde entretanto elles prós-
perão. Por exemplo, a oliveira não dá fructos em Agen,
na França, com uma temperatura media de 14°, no en-
tretanto na Dalmacia essa arvore é fecunda com um
calor médio annual que nunca excede de 13° centigra-
dos. A vinha não produz além da temperatura „ media
de 12", nas margens do Loire, e no Eheno ella produz
até 10°.
A colheita do trigo se faz nas vizinhanças de Londres
com uma temperatura de 17°, e ao mesmo tempo que
— 393
em Vpsal com 15° de temperatura. Nas vizinhanças de
Reyel, na Esthonia, aos 59° de latitude norte, o amadu-
recimento da cevada exige 86 dias, com uma tempera-
tura media de 26° cent., e em Santa Fé de Bogotá, na
latitude 3o norte, quasi
portanto no Equador, o nu-
mero de dias que exige o mesmo cereal é de 122, com
uma temperatura media de 18°.
s Estes resultados parecem nullificar completamente as
indicações do thermometro. Se nos transportarmos
as montanhas alpinas, encontraremos ahi uma vegeta- para
çao incomparavelmente mais rica do que nas estações
boreaes, ou, todavia, a atmosphera
ratura media igual. * gosa de uma tempe-
Ainda mais : observa-se com sorpresa a rapidez dessa
vegetação comparada com a dos valles subjacentes,
cuja temperatura é muito mais elevada
caso actual, comprehende-se bem a razão, ; porém, para o
sabe que Saussure estabeleceu — porque se
que uma altura de
1,514 metros (681 braças)
(que é a de Cramont acima
do valle de Courmayer) na Suissa, dá uma radiação
solar de 17° mais forte do que na
planície.
Estas relações levarão o agrônomo a examinar em
primeiro logar qual o papel do sol sobre a assimilação
do carboneo, que é o principal elemento dos vegetaes
Para isto elle escolheu tres amoreiras da mesma varie-
dade, cujas folhas não tinhão sido colhidas durante
anno. Um destes arbustos foi exposto em o
pleno sol o
outro não recebia os seus raios, senão desde a manhã
ate ao meio dia, e o terceiro crescendo inteiramente á
sombra.
As folhas colhidas em 24 de Agosto, despojadas de
seus peciolos e seccas em banha de azeite, derão os se-
guintes resultados em matérias sólidas :

Folhas de amoreira a sol


pleno. . . 0,45
Ditas ao sol até o meio dia 0*36
Ditas á sombra 027

Devendo mais observar-se


que a quantidade de folhas
Auxil. Outubro de 1864. 50
— 394 —

Uâo cômpenpava o peso bruto, por quanto as folhas


erão tanto mais raras quanto menos expostas ao sol.
Não contente com este resultado, o agrônomo fez em
1852, uma outra experiência ainda mais concluente:
dividio um canteiro com uma tapajem de taboas na
direcção de Oeste para Leste. Duas tapajens lateraes
feitas á primeira a fim de impedir a parte Norte de re-
ceber os raios solares durante parte da manhã e da
tarde. Dez favas forão semeadas de cada lado Sul e
Norte. Do lado do Sul, as sementes sahirão da terra
no 1° de Abril, e do Norte a 7; no Io de Maio os pés
estavão em flor do lado do Sul, e do lado do Norte a 8
do mesmo mez. Nesta ultima época as plantas do Sul
estavão fortes e inclinadas; e as do Norte delgadas e
altas.
A 23 de Junho as plantas pesavão em verde: do lado
do Sul 1,835 kilog, do lado do Norte 1,009; depois de
dessecadas, as primeiras pesavão 0,588 kilog., e as se-
gundas 0,337; finalmente, as vajens do lado do Sul
pesavão 0,131, e as do Norte 0,047.
Portanto, a parte do Sul deu mais hervas do que do
Norte, assim como maior abundância de fructos.
Estes resultados erão tão palpáveis que o agrônomo
procurou um meio de apreciar não somente a quanti-
dade de calor solar que fere os corpos opacos, taes como
as plantas, porém ainda qual a quatidade desse calor
que se pôde accumular sobre esses mesmos corpos.
Em verdade é impossível chegar a representar exacta-
mente o qr.e acontece na natureza, pois que cada ve-
getal goza de differentes faculdades absorventes por si
mesmas, e conforme o seu estado mais ou menos avan-
çado de vegetação. Esta absorpção varia ainda em
relação ás folhas, aos ramos e ao tronco.
Assim o agrônomo foi forçado a reduzir o problema
aos termos os mais simples, e a " escolher um corpo
de grandeza, fórma e côr determinada a fim de obser-
var sobre elle os effeitos da radiação. "
Diversas experiências o levarão a empregar uma es-
phera ôca de cobre de um decimetro de diâmetro pesando
97 grammos. Esta esphera se cobre com carboneo mis-
—. 395 —

turado com um óleo siccativo. Um thermometro, sus-


tentado por uma rolha de cortiça, se colloca na parte
superior da esphera, de maneira que a sua bolla fique
exactamente no centro: ahi é que ella recebe o calor
absorvido pela esphera de cobre.
Este instrumento é tão simples como conveniente.
Um corpo espherico recebe sempre os raios solares
sobre metade de sua superfície; o metal que o compõe
não é frágil; carboneo é muito absorvente, e essa ma-
teria sendo fixada por um óleo secativo, é fácil lavar
a superfície afim de conservar-se sempre limpo.
Emfim, a dimensão da esphera sendo invariável, o ins-
trumento pôde dar sempre resultados comparáveis
entre si.
Foi com este instrumento que o fallecido conde de
Gasparin pôde obter resultados comparativamente mui
interessantes nas tres estações de Versailles, Orange e
no grande S. Bernardo. As observações feitas no mez de
Agosto forão as seguintes :

Versailles 5Ü,796
Orange 7°,132
S. Bernardo 13°,267

Ha portanto uma grande quantidade de calor solar


radiante no monte S. Bernardo, e este excesso nada tem
que deva admirar, se nos lembrarmos que essa estação,
cuja attitude é de 2,491 metros (mais de 1,120 braços,
não tem acima de si senão uma camada de ar igual aos
0,74 daquella que pesa sobre o mar ; devendo ainda
ajuntar-se que a somma dos vapores aquosos e impuros
é muito mais considerável nas alturas, do que nas re-
giões baixas.
O agrônomo observou mais que os máximos se achão
quasi sempre no começo da manhã e á tarde : elles são
tão elevados que a baila do thermometro pôde algumas
vezes indicar a temperatura da água fervente. Em vista
de um tal calor não causa sorpresa esses golpes de sol
que se está exposto a receber nas paragens altas, e com-
— 396 —

do amadurecimento
prehende-se igualmente a rapidez
dos fruetos perto do nível das neves perpétuas.
Poder-se-hia suppôr estas máximas como apenas mo-
mentaneas, e por conseqüência, que não se Iho deve
attribuir uma semelhante influencia. Para responder a
esta objecção, o fallecido agrônomo continnou as suas
observações durante um anno, e eis os resultados á que
chegou quanto aos maximoz :
Versailles. Orange. S. Bernardo.

Primavera 17°, 1 16°,6 20°,4


Verão 16,3 18,7 2702
Outomno 14,5 13,7 35,5
Inverno 9,7 9,9 30,8

As radiações médias se sustentavão na mesma


ordem.

Primavera 4,41 4,48 5,13


Verão 4,31 6,00 4,91
Outomno 3,06 4,57 8,66
Inverno 1,59 4,57 6,57

Médios annuaes 3,32 4,88 6.32

Assim a radiação, mesmo em médios, é decidida-


mente mais forte no monte de S. Bernardo do que nas
regiões baixas, e a estes médios é necessário ainda ajun-
tar os máximos, cujo effeito principal é acabar o ama-
durecimento dos fruetos já preparado pela marcha geral
da estação.
As causas da mesma ordem é que se deve attribuir as
differenças em que acima se fallou, e cujo resultado é
fazer caminhar as colheitas muito mais depressa nas re-
giões boreaes, do que aquellas que estão submettidas aos
calores equatoriaes.
Aos agrônomos compete continuar a tarefa começada
por seu illustre antecessor, e procurar tirar em proveito
da agricultura todo o partido possivel.
— 397 —

PAPEL DE MILHO.

Lê-se o seguinte em um jornal Europêo. " 0 mundo


industrial se preocupa muito em Vienna d'Áustria, dos
meios de aproveitar a fibra do milho. E' sabido que
essa fibra, bem preparada, dá excellente panei, mas
essa producção directa não tem nenhuma vantagem
e não pôde lutar com o papel ordinário, pois que a
matéria da massa deste papel já servido para outros
usos, e não entra nas fabricas senão depois de ter
dado outro rendimento, em uma palavra, o papel ordi-
nario se faz com resto já usados, e a folha do milho,
empregada neste uso, daria apenas o seu primeiro pro-
veito. A fabrica de Schlagemuehl parece ter illudido
a difliculdade.
As folhas são postas ém agua e submettidas a acção
do calor durante dous dias. No fim desse tempo,
a folha se decompõe em tres partes bem distinctas;
Ia em uma estopa que, fiada do nesmo modo que o
canamo e o linho, serve para fazer tecido grosseiro e
cordas; 2a uma massa com a qual se fabrica um pão de côr
escura e de sabor não desagradável; 3a uma outra massa
mais grosseira do que a precedente, porém perfeita-
mente branca, que serve para a fabricação do papel.
A primeira dessas massas tem a propriedade de con-
servar-se durante muitos mezes ao ar sem se corromper;
secca, serve de combustível; humida constitue um excel-
lento estrume.
Os leitores do Auxiliador sabem que o proprietário
da fabiica acima citada pedio privilegio para fabricar
papel de milho neste império. Os que quizerem exam-i-
nar o papel fabricado em Vienna, podem dirigir-se ao
Museu Nacional, onde esse papel está exposto, assim
como a massa de que elle se faz, uma amostra de tecido
e cordas.
— 398 —
Industria de mineração.

(Continuação).
Nada diremos da primeira ; quanto á segunda, a eco-
nomia que resulta do transporte de matérias de menor
volume e maior preço, tem feito estabelecer um grande
numero de officinas de purificação. Daremos um exem-
pio dos produetos que geralmente tirão os refinadores :
De um barril de petróleo pôde tirar-se, termo médio,
25 por cento de óleo combustível, 20 por cento de óleos
densos, próprios para lubrificar as machinas, 15 por
cento de terebenthina mineral que, ao preço actual,
basta para pagar todas as despezas de fabricação.
De 25 e meio barris de petróleo impuro, se pôde tirar
18 de produetos refinados, a saber : 2 1/2 barris de
benzole ou benzina, 12 1/2 de óleos combustíveis, 3 de
óleo amarello. Com os residuos se pôde fabricar um com-
bustivel que se emprega na refinação dos óleos ; e ti-
ra-se delles uma substancia visgosa, que misturada
com o benzole e applicada sobre o ferro fundido ou for-
jado, os cora de preto e serve de preservativo contra a
ferrugem. A parte solida desses residuos combinado
com terebenthina produz um verniz preto de excellente
qualidade.
Já dissemos em outro logar, que o petróleo bruto co-
meçava a ser empregado como gaz de illuminação, com
notáveis vantagens sobre o extrahido dos combustíveis
mineraes.
Pôde consultar-se os desenhos e a descripção dos pro-
cessos nos Annaes de Minas, tomo 4o, pag. 117, 4a li-
vraison de 1863, onde se encontrará a traducção dos
— Ensaios sobre a fabricação de gaz de illuminação
por meio do petróleo, por H. Youle Huide, professor
de chimica e geologia de Trinity-college, em Toronto.
Tudo tende a provar que o emprego do óleo mineral
não offerece os perigos que no principio causarão tanto
receio, uma vez que se tomem as convenientes precau-
ções. Quando se começou a usar deste novo elemento de
— 399 —

illuminação acontecerão algumas catastrophes, devidas


em primeiro logar aos defeitos dos combustores, e em
segundo logar á falta das precauções as mais cdinesi-
nhas. Não obstante a perfeição actual, os lampeões de
uso doméstico, é fácil evitar qualquer accidente verifi-
cando se o óleo que se emprega se inflamma em uma
temperatura inferior a 120° de Fahrenheit.
Refinando convenientemente o petróleo, será fácil
elevar a 13° o ponto de iguição dos eleos de illuminação,
que pôde mesmo chegar a 150° com alguma habilidade
da parte do operador. Desde então nenhuma explosão
teria a temer-se.
A opinião publica no Canadá preoccupou-se muito
com esta questão e a legislatura decidio que os óleos
fossem submettidos á uma inspecção. O parlamento in-
glez adoptou uma lei segundo a qual os óleos desti-
nados a illuminação particular, não pôde ser posto á
venda, se elles se inflammarem acima de 100° Fahren-
heit. A legislatura do Ohio, nos Estados-Unidos adop-
tou uma lei análoga. Em França foi igualmente adop-
tada uma serie de medidas de precaução, e cremos que
também na Hespanha.
Cem grãos podem ser considerados com um minimum
abaixo do qual não haveria segurança contra as expio-
soes ; o limite de 120° offerece as mais completas ga-
rantias. Demais, o interesse dos refinadores seria de não
vender ao publico óleos explosivos ; este é o único meio
de triumphar da opposição que o emprego do petróleo
tem soffrido em toda a parte, sobretudo na Inglaterra
da parte daquelles que explorão industrias rivaes. Não
obstante ter sido no principio como uma substancia in-
salubre e perigosa, o uso dos óleos de petróleo se gene-
ralisa em todos os paizes. E', portanto, do maior inte-
resse para o paiz que os depósitos de petróleo da
provincia da Bahia sejão quanto antes aproveitados.
— 400 —

VARíEDÁüS.
Jardins annexos ás escolas ruraes.
A França e a Bélgica adoptarão Uma idéa, já em via
de execução, que muito deve contribuir para a instruc-
ção agrícola das novas gerações e influir sobre os futu-
ros progressos da agricultura. A medida consiste em
estabelecer em cada escola do campo um jardim desti-
nado ao ensino pratico de arboricultura e de horticul-
tura. O professor é obrigado a dar aos discípulos uma
instruccão theorica simples, e acompanhal-a com exer-
cicios práticos feitos no jardim da escola. Será este
exemplo digno de imitação em um paiz essencialmente
agrícola ? Não é inútil dizer que, graças a iniciativa de
M. Kervyn, inspector geral do serviço primário, ha desde
alguns annos já se acha realisado na Bélgica esse grande
melhoramento.

1
ttOM
DA

INDÜSTR A NACIONAL.
NOVEMBRO DE 1864.—N. 11.

SESSÃO DO CONSELHO ADMINISTRATIVO,


EM 15 DE SETEMBRO DE 1864.
Presidência do Sr. Marquez d!Abrantes.
A's 6 horas da tarde, achando-se reunidos os Srs.
Marquez de Abrantes, Drs. Souza Rego, Nascentes
Pinto, Vilhena, Lopo Cordeiro, Niccláo Moreira, J. A.
de Murinelly, Ataliba, Garcez, Carlos J. P. das Neves,
Matheus da Cunha, Pereira Portugal, Lúcio Brandão
e Vellez, monsenhor Meirelles, commendador José
Ayrosa, bacharel Ferro Cardoso, Camillo de Lellis,
Eugênio Muller, Virginius .de Brito, tenente-coronel
Norberto Lopes, Azevedo, AfFonso de A. Albuquerque,
Coelho Antão, Theodoro J. Muller, e Rischen, o Sr.
presidente declara aberta a sessão.
Foi lida e approvada sem debate a acta da ultima
sessão do conselho administrativo.

EXPEDIENTE.

Aviso do Sr. conselheiro Jesuino Marcondes de OH-


vira e Sá, communicando que S. M. o Imperador houve
por bem nomeal-o para o cargo de ministro e secreta-
rio de estado dos negócios da agricultura, commercio e
obras publicas. —Inteirado.
Jluxil. Novembro de 1864. 51
402 —
esclare-
Aviso do ministério da agricultura, pedindo descaro-
os
cimentos acerca das experiências feitas sobre mvençao de
e de
çadores de algodão vindos da Europa Emery, remetti-
Platt& Irmãos, Dobson & Barlow e de
dos pelo mesmo ministério á sociedade.—A' mesa.
Officio do Sr. Joaquim Antônio de Azevedo, secreta- re-
rio da commissão directora da exposição nacional, ex-
mettendo60 medalhas commemorativas da mesma
aos membros do conse-
posição, para serem distribuídas
lho administrativo. — Inteirado eá mesa. re-
Carta do Sr. Antônio Nunes Corrêa, de Iguape,
de
mettendo um chapéo de senhora, feito de filamento
filha do com-
quincombó, pela Sra. D. Maria Hygina,
mendador Luiz Alves da Silva, afim de que a sociedade
dê seu parecer sobre a matéria prima de que é fabricado
o dito chapéo.—A' mesa.
Forão recebidos com especial agrado dous números
da Imprensa Acadêmica de S. Paulo, remettidos pela
respectiva redacção.

ORDEM DO DIA.

Forão approvados sem debate os seguintes pareceres:


" Foi das raças
presente á secção de melhoramentos do Ceará
animaes o officio do presidente da província
de 11 de Maio deste anno, remettendo por copia um
outro officio de 23 de Abril de 1864, dirigido pelo coro-
nel Francisco Fidelis Barroso, encarregado do trata-
mento dos dromedários, pedindo um auxilio pecuniário
resguardar
para fazer um cercado e grande telheiro para
das chuvas os referidos dromedários e casa para recolher
a luzerna e feno, visto ser insuficiente a quantia de
400$000 réis annuaes, autorisada pelo ministério da
agricultura, em 7 de Dezembro de 1863, para o trata-
mento e penso dos dromedários.
" A secção pensa que o mallogro dessa aclimação é
divido, como já por mais de uma vez tem dito, á falta
de trato dos dromedários, convém por tanto insistir na
recommendação feita para curar a lepra, alimentar e
resguardal-os das intempéries; a secção lamenta que
— 403 —

esses animaes que de 14 chegarão a 21, achem-se redu-


zidos ao numero de 4. Assim era de esperar; eo que causa
verdadeiro assombro é que esses quatro tenhão podido
resistir até hoje em condicções tão desfavoráveis como
aquellas em que os colocarão.
" Sendo conveniente envidar os últimos esforços, a ver
se ainda é possível salvar da destruição esses últimos
quatro dromedários, resto da expedição, a secção ^ é de
parecer que se conceda por uma só vez a quantia de
500$000, ou o que o governo imperial julgar preciso
ao coronel Francisco Fidelis Barroso, afim de mandar
fazer as acommodações necessárias e já aconselhadas
para o bom agasalho dos dromedários.
¦" A secção pensa que a quantia indicada será suffi-
ciente, principalmente se o referido coronel Barroso
quizer fazer as acommodações de carnaúba, arvore que
tanto abunda e prospera na provincia do Ceará, e que
se presta com vantagem e semelhantes edificações de
caracter provisório: o essencial é que seja essa construo-
ção feita de modo que evite a chuva e que tenha um esti-
vado que impeça a humidade do solo.
" Parece também á secção, que independente dessa
quantia concedida por uma só vez deve continuara pres-
tação já autorisada de »400$000 annuaes para paga-
mentó do tratamento e penso dos dromedários podendo
ser paga adiantada a prestação de cada anno.
" A secção aproveita a opportunidade para lembrar
a necessidade de pedir-se ao coronel Francisco Fidelis
Barroso, que escreva uma memória sobre os dromedários
desde o dia da chegada delles á provincia do Ceará, com
os esclarecimentos e observações que tiver colhido de
sua experiência, respeito á alimentação, tratamento,
doença, serviço, e utilidade que podem prestar á mesma
provincia os referidos animaes.
" Sala das sessões, 16 de Agosto de 1864.—Joaquim
Antônio de Azevedo, presidente.—José Bernardo Bran-
"
dão.—Norberto Augusto Lopes.
" Senhores.—A commissão especial encarregada de
emittir seu parecer sobre a proposta do nosso consocio
o Sr. Ismael Torres de Albuquerque, apresentada em ses-
— 404 —

são de 15 de Julho do corrente anno, e relativa á creação


de uma medalha de animação para ser conferida á aquel-
les que delia se tornarem dignos, limita-se a declarar ao
conselho que a idéa, aliás muito louvável do Sr. Ismael,
já foi ha muito prevista, e ainda esta sociedade em seu
orçamento votado na sessão de 16 de Dezembro do anno
passado, em o artigo 4o, autorisou que as sobras que
houvessem da receita sobre a despeza, fossem emprega-
das na compra de medalhas para serem offerecidas aos
authores dos melhores trabalhos escriptos sobre a agri-
cultura do paiz, aos fazendeiros que introduzirem o uso
de machinas nas suas lavouras e novos processos na ma-
nipulação de seus produetos e aos inventores de machi-
nas e apparelhos com applicação immediata á agricul-
tura, regulando o conselho a maneira pratica de realisa-
ção dos prêmios.
" Se esse desideratum,
porém, ainda não foi obtido, é
que ainda não se verificou, e nem se pôde saber se exis-
tem sobras, e emquanto montão ellas para se poderem
distrahir fundos para compra do metal, fundição e
preparo das referidas medalhas;, e exigir do governo con-
signação especial para este fim; a commissão julga
inopportuna a oceasião, attendendo a época de nimia
econômica que atravessamos. ;
Tendo, pois, sido prevenidos os bons desejos do nosso
consocio é por tanto a comÉkissão de parecer que se es-
pere" a oceasião própria para realisal-os praticamente.
Entretanto o conselho decidirá como melhor appro-
ver á sua illustrada inteiligencia.—Rio 15 de Agosto de
1864.—Dr. Nicoláo J. Moreira.—Joaquim Antonio de
Azevedo.—Dr. Gabriel M. V. Machado. "
" A secção de machinas e apparelhos recebeu um
officio do secretario geral da soeiedade de 10 de Agosto
do corrente anno, acompanhado do memorial do bacha-
rei Antonio Gonçalves da Justa Araújo, no qual pede
ao governo para lhe conceder privilegio por 15 annos
para fabricar e vender no império as machinas por elle
inventada para pilar café, e vem apresentar seu pa-
recer,
— 405 —
" A machina inventada
pelo peticionario, cujo modelo
se acha na casa, é de grande simplicidade e de um preço
mui módico, de modo que qualquer pequeno proprieta-
rio poderá adquiril-a com pequeno sacrifício e a secção
julga ocioso occupar a attenção da sociedade com a
discripção da mesma. Emquanto ao fim a que lhe desti-
na o seu inventor, parece que ella satisfaz completa-
mente.
" A' vista do exposto é a secção de
parecer que o
invento do Sr. Justa merece a attenção do governo.
" Sala das sessões da Sociedade Auxiliadora da In-
dustria Nacional em 1 de Setembro de 1864.—Dr. Au-
gusto Dias
"
Carneiro presidente.— Virginius A. de
Arito.
Depois de uma discussão, na qual tomarão parte os
Srs. Drs. Garcez, Lopo, Lúcio Brandão e Matheus da
Cunha, foi approvado o seguinte parecer:
" Foi
presente á secção de industria fabril o requeri-
mento de Eugênio Muller, que pede privilegio exclusi-
vo para introduzir no império a industria de fabricar
papel de fibras vegetaes indígenas, e crear ao mesmo
tempo o novo ramo de exportação das ditas fibras.
íC Para esse fim allega
que, sendo de grande despen-
dio a acquisição das machinas, e custeio da fabrica, não
quer arriscar os capitães precisos sem a segurança de
poder aproveital-o; e outro sim que deve elle ser con-
siderado o verdadeiro introductor, embora ao Dr. Capa-
nema se tivesse concedido "Dezembro
um privilegio para fim iden-
tico por Decreto de 16 de de 1857.
" Fundamenta esta asseveração no facto, também
allegado, de se ter mallogrado a empreza do referido
Doutor, e na circumstancia de não haver ainda sido
approvado pelo corpo legislativo o citado Decreto.
" Com o seu requerimento apresenta o supplicante
varias amostras obtidas sem os instrumentos e machi-
nas apropriadas.
" A secção não
pôde contestar a utilidade da indus-
tria fabril de que se trata, a qual se poderá alimentar
mui vantajosamente, tendo por matéria prima produc-
— 406 —

tos vegetaes de extraordinária abundância no paiz, uti-


lidade esta que já foi reconhecida na concessão do pri-
vilegio ao Dr. Capanema sobre o objeeto idêntico: e á vis-
tadas amostras apresentadas, pensa a secção que muito
mais aperfeiçoado será o fabrico e preparação do papel
mediante o emprego das machinas á que se refere o
supplicante.
" Releva não obstante notar que, não havendo elle
apresentado com as ditas amostras a descripçãp do pro-
cesso que se propõe realisar no mencionado fabrico e
desenhos das machinas e instrumentos que pretende
introduzir e na falta de outras explicações necessárias,
não se acha a secção habilitada para assegurar ao con-
selho, se a proposta do peticionario versa sobre um
verdadeiro melhoramento na introducção da industria
referida, de modo a poder ser attendido favoravelmente
sem prejuízo do privilegio já concedido ao Dr. Capa-
nema.
" Na falta,
porém, dessa formalidade indispensa-
vel, e dos referidos esclarecimentos, deve suppôr a sec-
ção que a empreza em questão é idêntica á daquelle
doutor; até porque o peticionario pretende excluir a
este, pela razão allegada e não provada, de haver sido
pelo" mesmo abandonada.
E' portanto a secção cie parecer que, emquanto
não expirar o prazo do privilegio por dez annos, con-
cedido ao Dr. Capanema, ou não fôr o mesmo compe-
ten temente declarado sem effeito por qualquer dos mo-
tivos ou fundamentos da'lei, que rege a matéria, não
está o pedido do supplicante no caso de ser tomado em
consideração, e nesta parte concorda a mesma secção com
o parecer, exarado na informação da primeira diiecto-
ria do ministério da agricultura, annexo ao aviso deste
de 10 do mez de Agosto findo.
" Saladas sessões do conselho, em 1 de Setembro de
1864.—Bernardo Augusto Nascentes de Azambuja.— "
Manoel Ferreira Lagos.—Matheus da Cunha.
Forão nomeados pelo Sr. presidente membros da
commissão especial que tem de reconsiderar o parecer
— 407 —

da secção de agricultura sobre a pretènção de Alexfort


Michely para a introducção no Brazil da creação do
bicho da seda da amoreira, feita ao ar livre, os Srs.
Drs. Nicoláo Moreira, Matheus da Cunha e Lúcio
Brandão.
Foi lida e unanimemente^ approvada, afim de ser
levada ao conhecimento da assembléa geral, a seguinte
proposta:
" Considerando os importantes serviços
que ha longos
annos tem prestado á esta sociedade o nosso vice-presi-
dente o Sr. conselheiro Alexandre Maria de Mariz Sar-
mento, propomos que o mesmo senhor seja conferido o
titulo de presidente honorário da mesma sociedade.
Rio de Janeiro, 15 de Setembro de 1864.—Marquez de
Abrantes, Dr. Antônio José de Souza Rego, Dr. José
Augusto Nascentes Pinto, Joaquim A. de Azevedo,
Dr. J. A. de Murinelly, Affonso de A. Albuquerque,
J. T. Coelho Antão, Dr. Lopo D. Cordeiro, Virginius
A. de Brito, Dr. Carlos J. P. das Neves, Dr. F. J.
de Vilhena, Dr. Nicoláo J. Moreira, Dr. Lúcio J. da
Silva Brandão, Dr. Matheus da Cunha, Dr. A. F.
Pereira Portugal, Camillo de Lellis e Silva, Dr. Grar-
cez, Norberto A. Lopes. „
Nada mais havendo a tratar-se, o Sr. presidente le-
vantou a sessão.

SESSÃO DE ASSEMBLÉA GERAL EM 15 DE


SETEMBRO DE 1864.

Presidência do Sr. Marquez de Abrantes.

A's 6 3/4 horas da tarde, achando-se presentes os Srs.


Marquez de Abrantes, Drs. Souza Rego, Nascentes
Pinto, Vilhena, Lopo Cordeiro, Nicoláo Moreira, J.
A. de Murinelly, Ataliba, G-arcez, Carlos J. P. das
Neves, Matheus da Cunha, Pereira Portugal, Lúcio
Brandão e Vellez, Monsenhor Meirelles. Commendador
José Ayrosa, Bacharel Ferro Cardoso, Camillo de Lei-
— 408 —

lis, Eugênio Muller, Virginius de Brito, Tenente Co-


ronel Norberto Lopes, Azevedo, Affonso de A. Albu-
querque, Coelho Antão, Theodoro J: Muller e Rischen,
o Sr. presidente declara aberta á sessão de Assembléa
geral.
Foi lida a acta da Assembléa geral de 16 de Dezem-
bro ultimo.
Procedeu-se á leitura do seguinte parecer da com-
missão de contas, que foi approvado sem debate.
" Encarregado
pela Sociedade Auxiliadora da In-
dustria Nacional de tomar as contas á cargo de seu
thesoureiro o Dr. José Augusto Nascentes Pinto,
pertencentes ao anno de 1863, procedemos aos precisos
exames nos respectivos livros e documentos, dos quaes
extractamos o seguinte:
Receita.
Saldo passado do anno anterior.
Em dinheiro Es. 4:108$289
Em diversos valores 20:500$000
24:608#289
Receita anno de 1863 9:427§780
Depósitos explicados no balanço 625$050
34:661^119
Despeza.
Importou a despeza em. .7:795$740
Rs. 26:865$378
" Esta
quantia, que perfaz o saldo, fica composta de
6:365$378 em dinheiro e 20:500$000 em differentes
valores.
" Nem uma irregularidade nem falta encontramos
nas contas que nos forão presentes, tendo, ao contrario
como as commissões dos annos anteriores, de louvar o
aceio e precisão da escripta.
BAjÁNÇO da thesouraria da Sociedade Auxüiadora da Industria Nacional, do anno de 1863.

m DIFFERENTES
VALORES.
ífM iwmwã DINHEIBO.
DIFFEEEMES
VALOBES.

Art. 2°. Tit. Prestação do thesouro* nacional


1." 5:< Art. l.o § 1.° Impressões 2:002$000
Tit. Mensalidades dos sócios
2." 1: § 2.° Brochuras • • 253$Ò00
Tit. Jóias
3.° 1-020*1000 § 3.° Gratificação ao redactor 1:200$000
Tit. Divida activa cobravel, a saber :
4." § 4.° Dita ao thesoureiro para quebras 400$000
Mensalidades § 5.° Dita ao entregador 144$000
Tit. 5.° Assignaturas e venda de publicações, a saber 6.o Estampas 210$000
Assignaturas . . 30$000 7.o Ordenado do escripturario 1:000*|000
Venda de publicações 199^700 229*1700 8.o Dito do porteiro
9.° Dito do ajudante do porteiro 120$000
Tit. Juros de apólices da divida publica . . . 1:200$000 10. Porcentagem de 8 % a cobradores 236$160
Tit. Dividendo de acções, dê companhias publicas 11. Assignatura de jornaes, compra e encadernação de livros,
Da Associação Centjjal de Colonisação. . saber :
Tit. 8; Extraordinária : Assignatura de jornaes 142$000
Producto da venda elos moveis velhos da Sociedade. 50$000 Encadernações 198$000

9:427$780 § Expediente 310$620


deposj :os. Compra de sementes 169$461
Extraordinária e eventuaes :
Producto da subscripção destina Ia para se mandar vir da Pintura do salão da Sociedade e papel para for-
Arábia sementes e mudas de ufeseiro, e erigir-se um rar o mesmo 299$500
monumento ao Chanceller Jrjio Alberto de Castello Diversas despezas com o arranjo do dito salão. 101$800
Branco, introductor da sj ftemte do cafeseiro Tapete para o dito
Brasil, sendo j Nova chapa para diplomas de sócios e tiragem
Importâncias recebidas de dií sos subscriptores. . . 455$000 de 500 exemplares 230|000
Juros queproduzhão esteanni i quantias da dita pro- Quantia que a sociedade subscreveo para o mo-
cedencia depositadas emcofr1 corrente vencendo ju- numento de G-asparin ........ 172$500 1:252$500
ros na casa bancaria de Bal' Irmãos & Comp., os
quaes tem sido capitalisados!. 170$050 625$050 7:795*1741

10:052$830
SALDO QUE PASSA PARA O ANNO DE 1864.

SALDO DO ATNO DE 1862.

Em dinheiro "I
U Em dinheiro:
Em caixa 2:269*1229 Em caixa - - 3:901f|268
Em conta corrente na casa lançaria de Bahia Ir- Em conta corrente na casa bancaria de Bahia Ir-
mãos & Comp., vencendc juros 1:839$060 mãos & Comp., vencendo juros 2:464fll0
Em differentes valores : Em differentes valores :
20 apólices da divida publica de 1:000"$000 rs. . 20:000$000 20 apólices da divida publica de 1:000$000. . 20:000|000
30 °/0 de 10 acções da Imperial Companhia Sero- 30 por cento de 10 acções da Imperial Compa-
pedica Fluminense 300$000 nhia Seropedica Fluminense 300$000
10 °/0 de 20 acções da Associação Central de Colo- 10 por cento de 20 acções da Associação Central
nisação 200$000 4:108$289í 20:500$000 de Colonisação 200$000 6:365$378 20:500$000

14:161$119l 20:500#000 14:161$119 20:500$000

Rio de Jtneiro, 31 de Dezembro de 1863. O Thesoureiro, Bacharel José Augusto Nascentes Pinto.

"7 ¦
ri ,

* 15 jCTv\.
//
/

— 409 —
" Em conclusão a commissão é de
parecer que a As*
sembléa geral approve as contas do thesoureiro Dr. José
Augusto Nascentes Pinto no anno próximo passado de
1863 e bem assim que dirija ao mesmo thesoureiro um
voto de agradecimento pelos bons serviços que conti-
nuou a prestar no tempo de que tratamos.
" Rio 27 de Agosto de 1864.—Francisco Corrêa
da Conceição.—Affonso de Almeida e Albuquerque.—'
João Carlos de Souza. "
Foi lida e unanimemente approvada a proposta tam-
bem approvada pelo conselho administrativo concedendo
o titulo de presidente honorário ao Io vice presidente da
sociedade o Sr. conselheiro Alexandre Maria de Maria
Sarmento.
O Sr. Dr. Nascentes Pinto propoz que se nomeasse
uma commissão para levar o diploma do honroso titulo
que acabava de ser conferido ao Sr. conselheiro Mariz,
e sendo approvada esta proposta, forão designados pelo
Sr. presidente para membros da referida commissão os
Srs. Azevedo, e Drs. Nascentes Pinto e Lopo.
Nada mais havendo a tratar-se, o Sr. presidente levan-
tou a sessão da Assembléa geral.

SESSÃO DO CONSELHO ADMINISTRATIVO,


EM 3 DE OUTUBRO DE 1864.

* Sessão do Conselho Administrativo em 3 de Outubro


de 1864.

Honrada com augusta presença de S. M. o Imperador,


e de suas Altezas os Srs. Conde d'Eu, e Duque de
Saxe, acompanhados pelos Srs. conselheiro De Lamare,
Conde de Iguassú, Barão de Lage e general Conde
Dumas.
Auxil. Novembro de 1864. 52
PRESIDÊNCIA INTERINA DO SENHOR CONSELHEIRO DR.
RURLAMAQUE.

A's 6 horas da tarde, tendo comparecido os Srs. consé-


lheiro Dr. Burlamaque, Drs. Souza Rego, Nieoláo Mo-
reira, Nascentes Pinto, Lopo D. Cordeiro, Villanova
Machado, Lúcio Brandão e Raphael Galvão, Affonso
dé A. Albuquerque, Azevedo, José Botelho, tenente
coronel Norberto A. Lopes, Fontoura e José Ricardo
Moniz ; e os sócios effectivos Eugcnio Muller, Horacio
Fogüs, Lidgerwood, Dr. Gomensoro, Richsen e Ca-
millo de Lellis, e tendo obtido permissão de Sua M. o
Imperador, o Sr. presidente interino declarou aberta a
sessão.
Foi lida e approvada a acta da ultima sessão.
expediente:

Aviso do ministério da agricultura, commefreio e


obras publicas, pedindo informações sobre qual foi, no
conceito di. sociedade, a qualidade da canna de assu-
car que, dentre todas as que forão importadas da ilha
da Reunião, produzio entre nós melhores resultados
práticos.—A' secçao de agricultura.
Fora recebidos com especial agrado dous números
da Imprensa Acadêmica de S. Paulo, e dous da Revista
Commercial de Santos, remettidos pelas respectivas re-
dacções.
ordem do dia.

Approvou-se sem debate o seguinte parecer:


"A secçao de machinas e apparelhos reconsideran-
do a questão relativa ao privilegio pedido por Charo-
lais e embargado por Stephen Gony, que diz ser o
verdadeiro inventor da machina de secar café para a
qual obteve privilegio em 1855, offerece á consideração
da Sociedade Auxiliadora o resultado dos exames a que
procedeu.
" Ém um
parecer, que teve a honra de apresentar
sobre esta Questão a esta sociedade em 16 de Dezembro
— 411 —

de 1862, heitou a secção éià emittir a '-sua opinião defi-


nitiva acerca dos quesitos constatados pelo góvei-úo
imperial, sem que lhe fossem presentes ôs desenhos e
especificações das respectivas invenções, afim de poder-
se verificar a identidade ou as differenças de uma sobre
a outra, que importassem em um aperfeiçoamento no-
tavel.
Os desenhos que acompanharão os documentos e mais
papeis facilitarão os exames e pemittirão estabelecer as
seguintes couclusões a cerca dos dois pontos questio-
nados á. saber: Io se é idêntica a machina de seccar
café inventada por Gony á que apresenta Charõlais
para o mesmo fim; 2o se não sendo idênticas pode-se
considerar a segunda como melhoramento da primeira.
Veja-se a descripção das machinas. O Sr. Charõlais
servio-se do ar aquecido em uma caldeira tubular se-
melhante ás caldeiras tubulares das machinas á vapor
e com vantagem de offerecer uma superfície de aque-
cimento muito considerável; o ar quente fornecido pela
tiragem dos tubos da caldeira é impellido por *úm
ventilador para dentro de um grande cylindro de fefro
batido, movei e apoiado sobre duas roldanas, também
de ferro, para destruir o atrito nos eixos de fricção, de
forma que possa a machina funccionar tocada por
uma manivella e pelo esforço de um só homem: o ar
mantem-se sensivelmente na mesma temperatura ter-
mometrica em todos os compartimentos concentricos ao
eixo do cylindro e sahe pela multiplicidade de orifi-
cios abertos na superfície exterior do mesmo cylindro
depois de ter atravessado todas as camadas de café
dispostas de uma maneira uniforme nos comparti-
mentos. Dahi resulta a vantagem de poder-se regu-
lar a temperatura segundo a máxima temperatura qUé
se obtém nos terreiros onde pelo, modo ordinário, sè
procede á secca do café; consegue-se ainda a vantagem
de operar-se uniformemente a secura em todas as cama-
das de café que são constantemente revolvidas duran-
te o movimento do cylindro.
A respeito da machina do Sr. Gony exprime-se a
commissão de industria manufactureira e artística'desta
— 412 —

sociedade pela maneira Seguinte: a machina consta de


um cylindro movei, cuja superfície é formada de um
tecido de arame, o qual é montado dentro de um recep-
taculo fechado, feito de tijolo ou madeira; na parte in-
ferior está um pequeno ventilador que se communica
com o cylindro por tubos espiraes depois de terem
passado|por um forno colocado no outro extremo dabase.
" Para serem idênticas as machinas citadas é preciso
igual
que o seu mecanismo em todas as suas partes seja basea-
e semelhante, que o principio em que ellas estão
das seja o mesmo e finalmente que ellas produzão o
mesmo effeito útil: o principio fundamental das duas
machinas é com effeito o mesmo; porque em ambas
um ou mais cylindros recebem ar quente e o destri-
buem no interior das camadas de café para fazel-as
secar; o trabalho útil das machinas será porém tanto
mais considerável quanto maiores forem as proporções
que tiverem os apparelhos, e as condições em que esti-
verem dispostas as suas differentes partes. Ora sendo
estas condicções as que determinão a classificação, pre-
ferencia e vantagens de um systhema sobre o outro forão
ellas dividamente consideradas pela secção, tanto mais
quando o mais minuncioso exame seria ineficaz para
chegar-se a conclusões positivas sem o concursa da pra-
tica. Os desenhos que estão annexos constatarão as mo-
dificações feitas pelo Sr. Charolais sobre o systema
apresentado pelo Sr. Gony, modificações que pareceu
ser muito racionaes; a secção porém não assegurem o seu
resultado, porque não vio funccionar a machina; basea-
se na informação do Sr. Oliveira Borges, que empre-
gou com feliz êxito na sua fazenda a machina Charo-
lais e ficou muito satisfeito com o resultado colhido.
Qnanto á machina do Sr. Gony, foi ella montada na
fazendo do finado barão do Campo Bello, constando que
nunca funccionara, como informa pela carta junta o
Sr. Christovão Corrêa e Castro, filho do mesmo barão.
" A secção fundada nos desenhos que servirão de base
á concessão do privilegio do Sr. Gony e demais tendo
em vista os resultados já obtidos pelo Sr. Charolais, e
que são justificados pelos documentos juntos, entende
— 413 —

que a machina do Sr. Charolais deve ser considerada


como u m melhoramento da machina Gony.
« Sala das sessões da Sociedade Auxiliadora da Indus-
tria Nacional em 31 de Agosto de 1864.—Dr. Auguoto
Dias Carneiro, presidnte.—Raphael Augusto Galvão,
secretario."
Entrando em discussão o parecer da secção de chi-
mica industrial sobre o privilegio por 30 annos pedido
por Manoel Marques das Neves Lobo, negociante na
cidade do Rio Grande do Sul, para a formação de sali-
nas e exploração do sal que for extrahido das águas
que banhão o litoral da dita provincia, o Sr. Dr. Lopo
procedeu á leitura de um requerimento, que pedio fosse
tomado em consideração pelo conselho, no qual Anto-
nio Moreira de Souza Meirelles, negociante na cidade
de Pelotas, na mesma provincia, propôe-se a estabelecer
as referidas salinas independemente de privilegio ai-
gum. Depois de algumas reflexões dos Srs. Dr. Lopo
Albuquerque e Dr. Villanova, ficou a discussão adiada
para a próxima sessão.
Foi lido e ficou sobre a mesa para ser discutido na
seguinte sessão o parecer da secção de chimica indus-
trial sob o privilegio pedido por Adriano Prat, para fa-
bricar e vender no Império um liquido que declara' ter
inventado para limpar e desfazer instantaneamente
todas as nodoas de origem oleosa ou gordurenta.
O Sr. Azevedo requereu que a secção de agricultura
interpuzesse o seu parecer sobre a conveniência de se
fazer uma exposição especial da cultura do algodão e
das machinas relativas a essa especialidade.—O reque-
rimento foi approvado e remettido á dita secção.
Forão approvados: sócio correspondente, o Sr. coro-
nel Antonio Bernardino Ferreira Coelho, fazendeiro,
na provincia do Maranhão, proposto pelo Sr. Nuno Al-
vares, e sócio effectivo, o Sr. Roberto Emery, proposto
pelo Sr. Dr.Nascentes Pinto.
Nada mais havendo que tratar-se, o Sr. presidente in-
terino, obtendo permissão de S. M. o Imperador, levan-
tou a sessão.—Dr. F. L. C. Burlamaqui, presidente in-
terino.—Dr. A. J. de Sousa Rego, secretario geral.
— 414

E DE OUTROS
DÀ UTILISAÇiO DOS RESÍDUOS DAS FABRICAS
RESÍDUOS REPUTADOS INÚTEIS OU NOCIVOS. (1)

(Conclusão).
III.

SUBSTANCIAS MINERAES

Uma das maiores maravilhas do nosso século, o


maior triumpho da chimica industrial, é, sem contra-
dicção, o do aproveitamento dos resíduos da distillaçao
do carvão de pedra, dos schistos betuminosos e do
petróleo.
Nesta revista só mencionaremos os produetos,que se
obtém do residuo negro e fétido denominado alcatrão
de carvão de pedra ou coaltar. Não seremos mui mi-
nucioso a este respeito, porque temos tratado extensa-
mente desses produetos em outros números do auxi-
liador.
Da distillação deste conbustivel mineral, resulta pri-
meiramente o coke e depois a parte liquida da qual se
extrahe sulfato de ammaniaco de que se utilisa o agri-
cultor, o carbonato de ammoniaco empregado pelos
soldadores e pelos impressores sobre tecidos; extrahe-se
mais, pela distillação, ammoniaco liquido empregado
na tinturaria, e que, reagindo sobre os lichens, pro-
duz as bellas cores de oisella, e combinado com silicatos
de aluminia produz o alun ou pedra-hume amrno-
niacal.
O coaltar obtido nas fabricas de illuminação a gáz
fornece pós de sapatos, elemento essensial para tinta de
imprimir; misturado convenientemente com cal e ou-
trás matérias, forma o asphalto artificial; misturado com
argila e fortemente calcinado, produz um carvão que

(I) Veja-se o auxiliàdor de Setembro e Outubro.


— 415 —
obra comi© dèsiféctantÇ) sendo elle por si só um ener-
gico desifectaote; ajuntado ao pó de carvão, fornece
pela pressão um excellente combustível artificial. (.*)
O mesmo gaz de illuminação deve ser considerado
como o aproveitamento de um resíduo; porquanto, até
certa época, pei'dião-se na fabricação do coke, todas
as matérias voláteis e inflamaveis.
O ácido carbolico possue extraordinárias propriedades
antisepticas, e o ácido carbasotico ou phenico com-
munica á seda e á lã magníficas cores amarellas.
A anilina, derivada da benzina, serve de base ás tres
magníficas cores denominadas malva, solferino, ma-
genta ou fucshina.
A naphta, ou óleos photogenieos empregados na
illuminação; a benzina ou benzole utilisados para tirar
nodoas, e muitos outros usos; o óleo de paraffina que
serve para lubirificar as machinas, e a paraffina com a
qual fabricão bellissimas velas ou bugias, etc, etc, são
outros tantos produetos que, ainda á pouco tempo, se
perdião ou não tinhão empregos.
Nada se perde hoje do carvão de pedra. O carvão
miudo que se tira das minas, o que fornecem as peneiras,
é fortamente comprimido e vendido como combustível.
As cinzas e os restos mal queimados do carvão
servem para fabricar tijollos. A fuligem é cuidadosa-
mente apanhada, e vendida cemo excellente estrume,
As substancias que ficão adherentes ou se depositão
no vasilhame do vinho, vende-se com o nome de tartaro
bruto; depois de purificado toma o nome de creme de
tartaro, e é muito empregado pelos tintureiros para
fixar as coresj dissolvido, e cristalisado muitas vezes
constitue o carbonato de potassa usado nos labora-
torios.
As garrafas quebradas, e em geral todos os vasos
de vidro sem uso, mesmo os fragmentos dos vidros ordi-

(*) O alcatrão das fabricas de gaz constitue um objeeto de


grande importância. Calcula-se que as fabricas de gaz Ingla-
terra produzem annualmente 300,000 toneladas de coaltar.
— 416 —

narios das vidraças, crystaes, etc, são comprados pelas


fabricas de vidros, e trabalhados de novo.
O gelo é certamente um resíduo natural ou artifi-
ciai, inteiramente inaproveitado até certa época ; hoje
elle constitue um objecto de grande commereio, e
serve para resfrescar os líquidos, para sorvetes, conser-
var o peixo, as carnes, as fruetas, etc. Para dar idéa
da importância commercial do gelo, basta dizer que
somente do porto de Boston, o principal exportador
dos Estados-Unidos, sahem annualmente mais de
1.500,000 tonelladas de gelo.
Designa-se com, o nome de varreduras dos joalhei-
ros os fragmentos e o pó que se apanha no chão das
officinas dos joalheiros, ourives, douradores, etc ; estas
varreduras são refundidas para extrahir toda a prata
e ouro que ellas contem. O mesmo se faz com as
cinzas dos fornos, os cadinhos já servidos etc, e estas
matérias, das quaes as industrias particulares tirão
proveito, são conhecidas com o nome de cinzas dos
ourives. Os próprios vestidos dos batedores de ouro e
outros operários que trabalhão metaes preciosos, são
igualmente queimados, com o fim de tirar o ouro que
os impregna.
Os cravos que os cavallos e mullas deixão nas estradas
e ruas, não se perdem. Os armeiros assegurão que não
ha melhor ferro para a fabricação dos canos das armas
de fogo.
Os fragmentos deixados pelos fabricantes de agulhas
se vende igualmente para a fabricação dos canos das
armas de fogo.
Os restos das penas de aço são aproveitados de novo
para fabricar novas penas, ou paia outros usos.
A limalha de aço é muito procurada sobre tudo para
os laboratórios chimicos; a limalha do latão, do cobre
e do bronze, são igualmente refundidas e aproveitadas
de novo.
Na fabricação dos vasos de outros objectos de folha
de flandres, perde-se uma grande quantidade em aparas
além dos próprios objectos, que, depois de servidos, se
lanção fora como eousas inúteis. Ora como á folha de
— 417 -

Flandres é composta de dous metaes, estanho e ferro;


tem-se por muitas vezes ensaiado diversos
processos
para os aproveitar de uma maneira econômica. O esta-
nho, que á matéria principal por causa do seu alto
preço, pôde ser separado por meio de reacções chimicas;
mas, operando deste modo, é difficil obtel-o com econo-
mia; o mesmo acontece tentando-o separar do ferro
por
meio do calor, aproveitando a differença de fusibilidade.
O. ferro, que constitue a maior parte destes resíduos,
não é de despresar, porque sendo preparado com carvão
delenha é sempre excellente. Convém
veitar essas matérias, eo objecto é digno portanto apro-
d'attencão
pela enorme quantidade de folha de Flandres que se
consome. Avaliava-se em 180,000 tonelladas a
dade de folha de Flandres, fabricada na Hollanda, quanti-
In-
glaterra e França.
A folha de Flandres é, como se sabe, uma liga de es-
tanho e de ferro, 6 a 7 por cento do primeiro metal e de
94 a 93 de ferro; de sorte que em cem libras de aparas,
se poderia extrahir de 5 a 6 libras de estanho e,
menos, 90 de ferro. O único emprego que tem essas apara pelo
é o de servir de fundente no tratamento dos mineraes de
antimonio.
Os fragmentos, as aparas e a limalha de ferro são apro-
veitadas fundindo estes resíduos em fornos
próprios.
O mesmo acontece aos ferros velhos de qualquer na-
tureza que sejão. Além do seu consumo
Inglaterra exportou em 1857, para o continente próprio, a
36,500
toneladas de ferro inutilisado.
Quando se faz dissolver o chumbo em ácido acetico
para a fabricação do alvaiade, resta um pó insoluvel,
quasi inteiramente formado de prata, resíduo que ac-
tualmente se aproveita, mas que dantes éra lançado fóra.
Quem não conhece a fabricação da cal de conchas ao
menos nos paizes que delia usão. Entretanto o apro-
veitamento dos resíduos dos molluscos, só éra apro-
veitado como adubo nos campos de cultura.
No Chile as conchas são applicadas á fusão das mine-
raes de cobre; e os chilenos fabricão uma argamassa
composta decai de conchas, pó.de tijollo e sal, de tal
Auxil. Novembro de 1864. 53
— 418 —

maneira solida, que é mais fácil quebrar as pedras


das paredes e muros, de que essa argamassa.
Todos os mineraes de chumbo, sobretudo os sulfuretos<òu
denominados gaüenas, contém prata em maior
menor quantidade.
Não obstante o valor deste ultimo metal, não valia
apenas extrahil-o senão quando a sua quantidade exce-
dia a um certo limite. E' fácil calcular a porção de
a expio*-
prata que se tem perdido desde que se começou
rar os mineraes de chumbo.
Agora um certo Paltxon inventou um processo por
meio do qual se extrahe toda a prata por mínima que seja
a sua quantidade, contida nos resíduos metallurgicos do
chumbo, e começa-se a explorar as escorias despresadas
nas minas e officinas onde se trabalha sobre o chumbo.
Teríamos d'escrever muitas paginas se quizessemos
apontar ao leitor todos os resíduos de substancias mi-
neraes que a industria sabe aproveitar; mas, não pode-
mos deixar de dizer algumas palavras a cerca de uma
iudustria mui vasta, isto é da que tem por fim extrahir
a soda do sal marinho. A soda tem muitos usos nas
artes; o mais importante é o da fabricação do sabão.
Já dissemos no artigo antecedente, que até certa época,
este alcali se extrahia das cinzas de certos vegetaes ma-
rinhos, as quaes ainda se vendem nos mercados com o
nome de barrilha. A conversão indirecta do sal mari-
nho em carbonato de soda, deu impulso a muitas indus-
trias já conhecidas, e creou outras.
Considerando essa conversão como o principal fim,
tudo quanto não fôr carbonato de soda, deve ser consi-
derado como resíduos, reputados inúteis até que a indus-
tria conseguio dar-lhes appiicação.
Ao chimico Leblane se deve a descoberta do processo
universalmente empregado hoje na fabricação do car-
bonato de soda por meios do sal marinho, uma das
mais importantes industrias nascidos neste século.
Esta transformação exige uma serie de operações,
taes como:
1. Transformação do sal marinho em sulphato de
soda por meio do ácido sulfurico.
— 419 —

2. Tratamento deste sulfato em. fornos próprios


cóm uma mistura dé gesso e de carvão a fim de o con-
verter em soda bruta;
3. Asolução dos produetos alcalinos solúveis em
agoa quente; ,
^ 4. Evaporação da solução, para obter produetos alça-
linos sólidos, cáusticos e carbonatados, em certo gráo de
pureza.
Da primeira operação repita como resíduo o ácido
chlorhydrico ; das tres outras resultão igualmente re-
siduos, que se aproveitão, porém nos quaes não fallare-
mos por terem menos importância do que o ácido acima
mencionado.
A abundância deste ácido na fabricação em grande, e
o mal que causava os seus vapores, obrigou os fabri-
cantes a condensal-o ; mas antes que se lhe achasse um
emprego útil, o ácido chlorhydrico constituía uma causa
de embaraços ede despesas : hoje, graças ao espirito
eminentemente econômico da industria, esse ácido, e os
compostos que com elle se formão, representão um im-*-
portante papel pelas suas applicaçoes.
Uma breve relação destas applicaçoes fiará idéa das
vantagens colhidas pela industria, pelo aproveitamento
desse resíduo da fabricação da soda.
As suas principaes applicaçoes comprehendem as pre-
parações dc chloro, do chlorureto de cal e dos hypo-
chlòritos descorantes ou desinfectantes.
A fabricação das fazendas de algodão consome gran-
des quantidades debaixo de diversas formas : a tintura-
ria o emprega para preparar o chlorureto de estanho.
Faz-se tambem grande consumo de ácido chlorhydrico
na preparação do chlorato de potassa, do sal ammonia-
co, do chlorureto de antimonio, d'oxychlorureto de
chumbo, e se emprega como dissolvente do phosphato
de cal dos ossos, sobre tudo quando se trata da prepa-
ração da gelatina.
Elle é o principal constituinte da agoa-regia, assim
chamada, porque dissolve o rei dos metaes, o ouro.
Serve para tornar livre o ácido carbônico do carbonato
de cal na fabricação do bi-carbonato de soda e do car-
— 420 —•

bonato de magnesia ; emprega-se também para conver-


ter o carbonato e o sulfureto baryticos em chlorureto
de barium, que serve para a preparação do branco fixo.
Por meio deste ácido, póde-se decompor o sulfato de
chumbo e isolar de novo o ácido sulfurico ; póde-se uti-
lisar a sua acção dissolvente para extrahir o cobre das
rochas schistosas que contém carbonatos e oxido de
cobre hidratado, e para precipitar o sal marinho das
soluções salinas mixtas. Fin|lmente, póde-se utilisar o
acidó chlorhydrico na fabricação do phosphoro, fazen-
do-o obrar, no estado gazozo. sobre uma mistura de
a um calor
phosphato de cal e de carboneo submettidos
vermelho vivo.
Conclusão.—De todas as invenções nascidas da severa
necessidade, as da economia são hoje as mais notáveis e
dignas de attenta observação.
Forão descobertas e postas a disposição do homem,
novas forças, até então desconhecidas ou desaproveita-
das; mas o que caracterisa mais particularmente a
nossa época é a utilisação de cousas reputadas até agora
inúteis e nocivas.
O que nossos paes desprezavão, nós apreciamos, e
apanhamos com cuidado o que elles lançavão fora com
desdém. A economia nada conhece que seja indigno
delia. Nada deixar perder, eis a divisa da industria mo-
derna. Nas explorações agrícolas ou industriaes, assim
como nas grandes colmêas humanas das grandes cida-
des, a palavra refugo perdeo a sua significação, pois
que tudo serve quando se lhe descobre uni emprego, e
tudo tem agora emprego. Os pequenos lucros repetidos
passão presentemente como mais seguros do que os
grandes lucros obtidos com risco. Pôde dizer-se que a
utilisação de recursos desprezados, á accumulação e ao
emprego de mil forças, de mil economias espalhadas,
isoladamente insignificantes, é que fôrma a base da ri-
queza moderna. Economisa-se dinheiro assim como todo
o resto, e essa economia do capital contribue, mais do
que as minas de ouro, a dar ao commercio a sua grande
expansão, e a derramar na sociedade um bem-sêr
outr'ora desconhecido.
— 421 —

íNDBSI-filA.
O cha' do Brasil.

Eelatorio sobre o exame de uma amostra de chá do


Brasil, apresentado por uma commissão nomeada pela
Sociedade imperial d^aclimação de França, e approvado
na sessão de 14 de Junho de 1864.
" No começo do mez de Março ultimo, a sociedade
recebeu dos Srs. major Taunay e d'Uliers |uma pequena
quantidade de chá fabricado no Brasil, proveniente de
culturas estabelecidas na Serra dos Orgaons, provincia
do Eio de Janeiro.
" Urna commissão, composta dos Srs. Cloquet, De-
bains, Parsy, Conde de Sinety e Soubeiran, relator, foi
nomeada para examinar esse produeto, e verificar se
elle pôde sustentar comparação com o chá originário da
China. Cada um de seus membros recebeu uma peque-
na porção de chá brasileiro, e foi convidado para fazer
em particular todas as experiências necessárias ; depois
a commissão se reunio uma vez em casa de um de seus
membros para proceder a uma experiência compara-
tiva feita em commum. A commissão tem a honra de
apresentar o resultado dessas diversas investigações.
" Desde certo numero de annos
procura-se introdu-
zir a cultura do chá em muitas regiões; porém em qua-
si todas as tentativas renunciou-se á cultura em gran-
de, porque os productos obtidos não apresentavão em
gráo sufficiente o aroma que constitue um dos princi-
pães méritos do chá, e sobretudo porque as despezas
exigidas por essa cultura não permittião continual-a
com vantagem.
" Não resta hoje, além da China, senão o Brasil e
Java onde se oecupão em grande escala, da cultura e
fabricação do chá. Não nós oecuparemos senão com os
productos do Brasil, e do ponto especial sobre o qual
se pedio o nosso parecer.
" No começo deste século, o rei D. João VI, refugia-
do no Brasil, fez vir da China o arbusto do chá (Thea
Sinenssis) e uma colônia de Chins para ensinar a cultura
— 422 —

e a preparação do producto ; desde essa época conti-


nuou-se a cultivar o chá nas provincias de S. Paulo,
Minas e Rio de Janeiro, porém em pequena escala, por-
que nem o consumo interno nem o commercio de expor-
tação se acommodou com o seu uso.
" O chá
que recebemos pelos cuidados dos Srs. ma-
jor Taunay e d'Illiers está debaixo da forma de folhas
mui grandes, de côr escura, e exhalando, em gráo mui
fraco, o cheiro particular ás diversas variedades de chá.
DJinfusão em certa quantidade de agoa, produz um
liquido que offerece em gráo pronunciado o sabor par-
ticular que se encontra nos chás da China, mas elle se
distingue por um perfume inferior, que o torna me-
nos agradável ao gosto. A sua mistura, em proporções
variáveis, com as variedades de chás mui aromaticos da
China, faz desapparecer esta inperfeição do chá brasi-
leiro, e dá uma infusão mui agradável.
" Esta inperfeição do chá brasileiro,
que até hoje tem
sido um obstáculo a seu consumo, nôs parece ser fácil-
mente corrigivel, seguindo o exemplo que os próprios
Chins nos dão, isto é dando ao seu chá o perfume con-
veniente por meio de certas plantas que misturão com
as folhas seccas do chá. Sabe-se que os Chins põem, no
meio das caixas onde depositão os seus chás, flores da
Olea fraga,ns cujo aroma é semelhante ao das flores
de larangeira, o Jasminum Sambac, e outras plantas
odoriferas.
" E' um erro acreditar
que o cheiro do bom chá lhe
é natural; e provavelmente no dia em que os brasileiros
começarem a aromatisar os seus chás á maneira dos
Chins, elles poderáõ esperar o commercio o mais fácil
e o mais importante de um producto cujas qualidades
geraes são boas, e ao qual só falta uma única quali-
dade, fácil de ajuntar, para dar-lhe todo o seu valor.

CULTURA DO ALGODÃO EM S. PAULO.


Chegando ao conhecimento do Sr. ministro da agri-
cultura que o commendador Manoel Lopes de Oliveira
tivera uma colheita muito vantajosa de algodão, diri-
— 423 —

gio S. Ex. uma carta a esse intelligente e abastado fa-


zendeiro do município de Sorocaba, pedindo-lhe a tal
respeito informações circumstanciadas.
Essas informações forão dadas com muito critério na
resposta que publicamos, e para a qual convidamos
a attenção de nossos leitores.
Ella demonstra por um exemplo incontestável: Io,
que o algodão, mesmo cultivado pelo systema vulgar do
paiz, e em terras já trabalhadas, produz actualmente
mais vantagens do que qualquer outro artigo de noss.3
lavoura ; 2o, que as provincias meridionaes do Impe-
rio podem também tirar desta cultura o proveito que
tem auferido suas irmãs do norte.
Consta-nos que nas provincia de S. Patilo se fazem
este anno grandes plantações de algodão, cuja cultura
se vai igualmente propagando no Paraná e Rio Grande
do Sul.
" Illm. Exm. Sr. conselheiro Jesuino Marcondes de
Oliveira e Sá.
" Prezadissimo Sr. — Accuso a recepção da muito
estimada carta que V. Ex. se dignou dirigir-me com
data de 21 do mez provimo passado, a qual passo a
responder.
" 1.°—A
qualidade da terra em que plantei as se-
mentes do algodão herbaceo é pedregosa, porém estou
imformado de que as terras vermelhas, barrenta, bran-
ca, arenosa e preta produzem muito bom algodão, e
são unicamente impróprias para isso a terra roxa apura-
da e a qne contem pedra de ferro.
'• O algodão colhido em terrenos
próximos ás minas
de pedra calcarea é de superior qualidade.
" 2.°—A maior
parte do terreno em que forão plan-
tadas as sementes de algodão foi uma capoeira roçada
e queimada pelo systema geral do paiz; também uma
ou outra plantação foi feita em terreno capinado á en-
chada por falta de facho para ser queimado, porém as
sementes plantadas em terra queimada nascerão com
muito mais vigor e derão um produeto mais vantajoso;
por isso creio que a potassa concorre muito para o de-
senvolvimento desta planta.
._ 424 —
« A experiência me tem mostrado que as plantações
feitas em capoeira grossa ou de machado, como se cos-
tuma aqui dizer, são de muito mais vantagem de que
aquellas em terreno fraco ou terra já cansada.
« 3,o—o tempo da plantação deve ser de Setembro
até meado de Novembro. Nas terras que estão sujeitas
á geada deve-se fazer a plantação toda no mez de Se-
tembro para quando fôr em Maio estar concluída a
colheita que começa em Março, da planta feita em Se-
tembro, e em Abril da que se fizer em Outubro e No-
vembro, accrescendo que no terreno mais fraco adianta
mais a colheita.
" 4.° Sendo a minha
planta feita em não muito pe-
quena escala não pude fazel-a em carreiras; mandei cavar
como para plantar milho, sendo as covas um pouco
fundas e cheias de terra moida até o meio, nellas se de-
positárão cinco ou seis sementes separadas umas das
outras, e mergulhadas na terra quanto desse para desap-
parecerem da superfície, na distancia de cinco palmos
no terreno fraco, e na de sete no mais vigoroso.
" 5.° Tenho
quatro qualidades de sementes: verde
grande, dita pequena, branca e preta, quasi descoberta
em que só fica no bico um pouco de algodão pejado.
" A semente verde
grande é a que produz com
muito mais vantagem que as outras; tenho encontrado
pés com mas de 500 maçãs e estas são maiores que as
de outras qualidades, cada uma produz cinco capulhos
sua lã é fina, alva e comprida; a semente verde peque-
na, além de suas maçãs serem muito inferiores ás da
d'aquella em tamanho, dá pouco e o algodão não é bom;
o algodão de semente branca é muito alvo, porém sua
lã é curta, e um pé só produz de 120 a 150 maçãs; o
algodão de sementes pretas produz uma optinia lã clara,
forte, fina e comprida, de sorte que pôde bem substi-
tuir ao de longa seda que aqui produz mal. Ha uma
outra qualidade de semente, este anno é que pude obter
uma onça delia que tenho plantado; A superioridade
que nellas encontro em relação ás outras é que o ai-
godão que produz uma maçã, pesa de quatro e meia
a seis oitavas, quando as de outras qualidades só pesão
— 425 —

uma e meia oitava. Para o anno, quando fizer a colheita


dessa pequena plantação, é que poderei conhecer suas
vantagens.
" 6." São necessárias
5,000 braças quadradas para
um alqueire de semetes das tres primeiras qualidades
e o duplo para a quarta que é a preta, por ser muito
mais miúda que as outras.
" 7.° A
plantação sendo feita em roçado de capoeira
alta, duas carpas são sufficientes para fazer-se a colheita
mas se fôr feita em terreno já cansado, serão necessárias
cinco ou seis carpas, o que mui aproveita a plantação,
pois tive oecasião de observar que todas as vezes que
se capinava, os algodoeiros cobrião-se de novas cama-
das de flores, não convindo fazer-se a primeira capina
no algodão plantado em terreno fraco, em quanto elle
não estiver galhado, porque geralmente nessas terras
ha muita formiga chamada — Kenkem — que fazem
muito estrago no algodão, e por essa razão é necessário
haver outras hervas para que ellas possão dividir o mal
que causão, entretendo-se com essas hervas, porque de-
pois de estar galhado o algodeiro ainda que ellas cortem
algumas folhas, o mal não é de morte, o que não acon-
tece quando elles só têm um tronco, e muito frágil;
cortado esse está morto.
" 8.° A despeza necessária com o arroteamento,
plan-
tação, carpa e colheita do algodão na porção de terre-
no oecupado por um alqueire de planta, é a de
164$000 em terreno de muito boa qualidade, mas
sendo já cansado não se poderá fazer com menos de
214$000, e só se poderá abater nesta quantia o im-
porte da colheita que será mais diminuta na razão de
.320 réis por arroba,
" 9.° Se o terreno de um alqueire em
que fôr plan-
tado o algodão fôr de Ia qualidade, poderá produzir
260 arrobas, que a preço de 5$000, sommão 1:250$000,
em que abatendo-se a despeza de 164$000, dá um resul-
tado livre de 1:086$000; mas sendo o terreno de má
qualidade, apezar de ser muito bem tratado, não poderá
produzir mais de 150 arrobas que ao mesmo preço de
Auxil. Novembro de 1864. 54
— 426 —

5$000, sommão 750$000, e abatendo-se as despezas


que são 198$000, restão 552$000.
" A e descaroçado
proporção entre o algodão bruto
éo desconto 7%, extrahido de qualquer porção de
arrobas de algodão bruto; como por exemplo: 100
arrobas de algodão bruto contém 70 arrobas de sêmen-
tes e 30 arrobas de lã.
" 11. O preço do algodão bruto tem sido aqui
muito variado, em conseqüência da procura das sêmen-
tes; ao principio vendeu-se a 4$000, e ultimamente a
8$000; e o ^descaroçado tem sido remmettido para
essa corte e para a cidade de Santos, onde se tem ven-
dido a 28$000 e a 29$000 a arroba. No principio da
colheita, quando o Correio Mercantil menciona vendas
nessa ao preço de 21$ e 23$000, embarcado, eu vendi
umas 300 arrobas a 20$000, livre de despezas de
transporte ; porém, outras remessas que tenho feito
depois dessa venda, têm obtido 28$ e 29$000.
"12. O lucro liquido que pôde dar um alqueire de
terreno plantado com algodão, será o de 1:070$000
de boa
pouco mais ou menos, sendo terreno próprio e
qualidade, e sendo terreno safado 500$000 tambem
mais ou menos, isto é, ao preço de 5$000 com sementes.;
mais se forem descaroçados, as 250 arrobas que deve
dar o bom terreno de um alqueire, vendidas a 28$000
em Santos, podem dar um resultado de 1561 $360, livres
de toda despeza, de beneficio, conducção e commissão
em Santos.
" 13. A semente aqui empregada, eque foi para
differentes partes desta provincia e da de Minas foi a
branca, por ser a que havia; entretanto que muitas
pessoas não desconhecem que a semente verde, grande
é muito mais productiva e dá melhor algodão. Este
anno plantei um alqueire dellas, e pretendo para o anno
que vem fazer toda a minha plantação desta qualidade;
isto é, se o resultado de um alqueire que tambem plan-
tei da semente preta, for inferior ao daquella, porque
no caso de ser igual, eu sempre darei preferencia á
semente preta pela facilidade do descaroçamento e for-
_ 427 —

tidão de sua lã, e mesmo porque supponho que com


uma reducção menor de 70 %, dará um resultado maior,
por serem as sementes muito mais miúdas, tanto que
são necessárias 10,000 braças quadradas para o plantio
de um alqueire.
" 14. A minha machina de fiar, ha muito
tempo
não trabalha, porque a qualidade do algodão que que
ontr'ora aqui se cultivava, não quiz dar mais, sem du-
vida pela degeueração das sementes e também porque
essa cultura estava entregue a pessoas que não indaga-
vão as causas, e nem procura vão remediar o mal tão
prejudicial a uma cultura de primeira necessidade.
" No tempo
que trabalhou, apenas fiava-se diária-
mente umas trezentas onças de fio, que, vendidas,
davão um resultado como se,fossem tecidas em panno,
occupando unicamente para isso cinco pessoas, tendo
a machina proporções para fiar diariamente 800 onças,
mas seria preciso para isso que eu tivesse uma pessoa
com a necessária pratica; hoje porém que já vai haven-
do algodão, está por um preço que mais conta faz ven-
del-o em rama, que manufactural-o, porque para uma
vara de algodão fabricado em Minas são necessárias
oito onças de algodão, e é vendido por 400 rs. nessa
corte, o que eqüivale ao preço de 25$600 por arroba,
entretanto que o algodão dá 28$ e 29$000.
"
Quando baixar o preço do algodão, e se me pro-
porcione a oceasião de achar um homem proficional,
é que se queria encarregar de a dirigir, eu a farei tra-
balhar ainda mesmo que tire disso menores lucros,
pois que sempre tive em vista introduzir e animar no
meu paiz a introdustria e os meios de facilitar o traba-
lho por machinas.
" E'
quanto tenho a honra de informar á V. Ex.,
que poderá fazer della o uso que quizer, restando-
me a satisfação de que ella por qualquer maneira
possa aproveitar ás vistas de V. Ex., de quem com toda
a estima e consideração sou de V. Ex., amigo affectuoso
e obrigadissimo criado — Manoel Lopes de Oliveira.
" Sorocaba, 8 de Oetubro de 4861. "
— 428 —

BREVE RESENHA SOBRE A AGRICULTURA ITALIANA.

E' admirável observar, que no meio dos obstáculos


que se oppoem á organisação da Itália como nação uni-
da, a agricultura entra todavia em uma via de pro-
gresso, que a approxima cada vez mais dos paizes os
mais adiantados; e que não somente esses progressos se
manifestão na agricultura, como também nos outros
ramos da actividade humana.
Todos os Estados italianos, comprehendendo o Pie-
monte e a Toscana, exposerão em Londres em 1851, e
em Paris em 1855 ; mas o que elles fizerão então não
tem comparação com a energia que mostrou a Itália na
exposição universal de Londres de 1852, para fazer
apreciar seus produetos agrícolas e industriaes. A expo-
sição italiana, que teve logar em Florença em 1861,
apresentou um interesse real, e creou um movimento
que produzio seus fruetos na recente exposição uni-
versai.
Para indicar o papel proeminente que a Itália repre-
sentou nessa exposição, basta dizer que ella foi a ter-
ceira nação expositora, tanto pelo numero de seus pro-
duetos, como pelo de seus expositores. Em 1851, os ex-
positores italianos não passarão de 282 ; em 1862, esse
numero se elevou a 2,507, dos quaes 2,183 exposerão
objectos de industria ou de agricultura, e 324 objectos
de bellas artes.
A Grã-Bretanha enviou á exposição de Paris 1,303
tonelladas, e o contingente da Itália foi de 1,000 tonei-
ladas na de Londres. Ao mesmo tempo que a Grã-Bre-
tanha se contentou em gastar 20 contos de réis na
exposição de Paris, a Itália votou mais de 547 contos
de réis para fazer representar dignamente em Londres
os produetos de sua agricultura e de sua industria. So-
bre esta somma, 40 contos forão consagrados para fazer
face ás despezas de viagem de operários italianos nos
centros manufactureiros da Grã-Bretanha, e, mais tai-
de, o parlamento italiano votou mais um supplemento
de credito de 80 contos de' réis. Apontamos estes factos
— 429 —

para provar, por este acto de energia da Itália, nessa


grande manifestação econômica, os progressos que tem
feito esse paiz na industria.
Em agricultura, porém, a Itália está mais atrazada
em relação a certos paizes da Europa, e mais adiantada
em relação a outros. Falta-lhe ainda, em geral, os me-
lhoramentos intelligentes com o emprego mais commum
das maquinas aperfeiçoadas, falta-lhe a applicação de
grandes capitães ás operações da cultura, falta-lhe final-
mente o auxilio de homens práticos, que melhorem os
seus produetos. Todavia, em certos districtos conseguio-
se chegar a um gráo de perfeição relativa, devida aos
exforços de alguns homens práticos, que tem sabido
applicar com intelligencia os princípios descobertos pela
sciencia moderna.
Em geral a Itália não pôde aproveitar-se de sua cons-
tituição topographica para fazer uma cultura inten-
siva ; todavia, elía se pratica em certas localidades onde
se tem o habito de arrendar a terra, mediante uma ren-
da determinada ; porém a parceria é ainda geralmente
adoptada no paiz e fôrma a base sobre a qual se pousão
os interesses agrícolas.
Existe na Itália uma grande diversidade de circums-
tancias que devem exercer sua influencia sobre os pro-
duetos da terra e sobre o seu systema agricola, e, sem
fallar das condições naturaes, modificarem as causas
que retardão ou avanção os progressos daquelle paiz.
Os valles e as planícies são de excessiva riqueza, sobre
tudo a Lombardia, onde a arte da irrigação tem sido
levada á maior perfeição, e onde os produetos da terra
chegão ao máximo. Além das terras de pastagens onde
se cria muito gado, os principaes produetos da Lombar-
dia são o arroz nas partes baixas, o milho, o trigo e to-
dos os outros cereaes, a seda, o leite e lacticinios, prin-
cipalmente queijos.
Encontrão-se ainda as mesmas condições e as mes-
mas culturas no Piemonte e na Emilia ; no Bolonez o
canamo fôrma um artigo de cultura mui considerável
tanto pela quantidade como pela qualidade.
— 430 —

A' excepção das planícies, onde todos os cereaes ve-


getão de um modo luxuriante, os terrenos humidos são
mais ou menos drainados e offerecem excellentes terras
de cereaes ou de pastos. Nos campos occupados pela cul-
tura do arroz, a producção é mais variada do que nas
partes centraes da Itália, em conseqüência da natureza
irregular do terreno, e onde cada parcella é submettida
a um modo differente de cultura e segundo methodos
mais ou menos adiantados. No sul, ao menos em todas
as partes onde a terra é cultivada, a producção dos ce-
reaes domina todas as outras. Os trigos duros são sobre-
tudo excellentes, e por sua quantidade, bem como por
sua qualidade superior offerecem grandes vantagens.
As terras destinadas ao trigo produzem todos os dous
ou tres annos, raras vezes em épocas mais afastadas e
irregulares. Essas terras são amanhadas com a charrua
em sulcos longitudinaes. A sementeira, a colheita e a
debulha são feitas á força de braços ; para a ultima se
servem algumas vezes de animaes, mas somente como
auxiliares. Algumas vezes, porém, não de uma maneira
geral, e mesmo desde pouco tempo, se empregão as mu-
lheres na colheita e na debulha. A primeira maquina de
ceifar, construída na Itália, foi feita em Meleto, por
Pietro Onesti, debaixo da direcção do celebre agrônomo
Ridolfi.
Para ser remuneradora a producção do trigo deveria
dar na Toscana, segundo o mesmo agrônomo, 5 ou 6
vezes maior do que actualmente, em relação á semente
empregada. Em muitas localidades não se estruma a
terra.
A cultura do trigo na Itália é muito extensa, e pra-
tica-se mesmo em localidade, onde ella não dá produc-
tos remunerados; não obstante, a quantidade colhida
não é geralmente sufficiente para consumo médio de
muitos annos. Os fracos produetos que se obtém em
certas localidades provocão a existência de um commer-
cio interior muito considerável e uma importação de
trigo,_ em gráo e em farinha, muito elevado. Tira-se
principalmente da Rússia, da America e do Egypto.
— 431 —

Por sua vez, certos trigos italianos sao exportados


por causa de sua excellente qualidade. A colheita da
aveia, centeio e cevada é de grande valor, assim como
a de milho. Em 1858 exportoü-se 285,275 quintaes de
arroz.
A vinha, com seus cachos, carregados de fructos, es-
palha a alegria e a riqueza em toda a parte onde ella
se cultiva, e uma vez que o terreno não seja ou muito
alto ou muito humido. O oidium, que raras vezes dei-
xa de atacar os destrictos vinícolas, tem successiva-
mente diminuído durante muitos annos o produeto das
vinhas, e mesmo destruído as plantas em muitos lu-
gares. Todavia é esse, com o trigo, o produeto mais
importante da Peninsola itálica: somente esse artigo*
vale annualmente de 460 milhões de crusados.
Os fructos da vinha amadurecem em todas as par-
tes da Itália, nos planícies, assim como nas collinas e
mesmo nas montanhas até ao limite onde vegeta o cas-
tanheiro, e o numero e a variedade das espécies de ce-
pas é incalculável.
As províncias meridionaes da Sicilia são a pátria da
larangeira e da oliveira; porém estas duas arvores se
encontrão também mais áo norte, na Toscana, na Li-
guría, Lombardia, e sobre os marjens dos lagos, espe-
cialmente no lago de Garda. O território italiano, final-
mente, produz uma multidão de variedades de fruetas,
excellentes em toda a parte, porém de qualidade supe-'
rior no sul e nas ilhas.

DO TOPINAMRUR, SEUS USOS E CULTURA.

Um homem, cujo nome se ignora, levou para a Eu-


ropa alguns tubercolos deum vegetal observado.... onde?
nas índias? mas que índias? Orientaes ou oceidentaes?
O nome de Topinambur faz lembrar o de Topinambá,
tribu poderosa, que ainda existia em toda a sua força
na costa do Brasil, desde S. Paulo até a Bahia, em
1517, anno em que essa producção vegetal foi levada
para o velho mundo. O tapinambur foi mais tarde en-
— 432 —

contrado no Eatado expontâneo nas montanhas de Chiii,


no México, e pretende-se que também no Canadá.
Isto explica a razão porque taes ou taes autores a sup-
põem originário do Brasil, do Chili, ou da Nova França.
O que é certo porém, é que os Européos são os únicos
que cultivão e tirão grande partido desse vegetal, exo-
tico para elles, mas quasi desconhecido nos paizes
d'onde o dizem indigena. (*)
Brasileira, chilena, indiatica ou canadiense de ori-
gem, a planta que nos occupa, naturalisou-se na Eu-
ropa, e se cultiva na Bélgica, em França, na Alie-
manha, na Suissa, etc, paizes onde é conhecida com
diversos nomes, taes como : topin, topinambur, pêra da
terra, alcachofra do Canadá, alcachofra terrestre, etc,
etc. Para os botânicos, ella é será o sol tuberoso, He-
lianthus tuberosus de Linneu.
O primeiro uso que se deu ao tupinambur foi o de
medicamento. Considerou-se o seu tuberculo como go-
zando de propriedades diureticas e adoçantes ; suas fio-
res erão consideradas como balsamicas, e sua água dis-
tillada, ou simplesmente a sua infusão, passava por
mui salutar nos corrimentos da uretra, no catarro pi-
tuitoso, na diarrhéa chronica, etc Ainda hoje se pre-
para com a medula dos ramos do helianthus, mexas que
se diz arder mui regularmente, e causar por isso menos
dores que as outras. Os médicos deverião experimentar
esse vegetal e seus produetos, em grande numero de
affecções mórbidas, como fizerão seus antecessores. A
pharmacia, tão hábil em crear novas especialidades, tal-
vez possa tirar do helianthus pomadas e águas distilla-
das, capazes de mitigar infortúnios pathalogicos ou
pecuniários.
Mas deixemos ao industrialismo o cuidado de tirar

(*) Humboldt não encontra o Tapimbur nas regiões tropícaes;


o Abbade Corrêa, diz positivamente que elle não existe no Bra-
sil. A do Brogniart quer que esta planta pertença ás partes as
mais septemtrionaes do México.
=-* 433 —

parfcldt) de tudo, pára chegar á fortuna ; quanto ao cul-


tivador, é
peito que a cultura deste tuberculo lhe será
mui vantajosa como artigo de alimentação para os ho-
niens, e ainda melhor para os animaes.
Ha cousa de vinte ahhos, quando a doença das bata-
tas ameaçou de fome a vários paizes da Europa, muitos
agrônomos indicarão o tupinambur como podendo-a
substituir na alimentação do povo. Infelizmente, ainda
que por sua composição chimica, o tupinambur tenha
muitas relaçães com a batata, ainda que a quantidade
de fecula, d'assucar, d'albumina e matérias gordas con-
tidas no seu tuberculo a constitua uma substancia mui
nutritiva, tudo isto é acompanhado de um gosto d;alca-
chofra e de aroma particular que não agradão a toda a
gente, e desgosta mais depressa do que a batata.
Aquelles porém que não repellem o gosto do recepta-
culo da alcachofra, comem com prazer o tupinambur,
cuja contextura se assemelha á dos rabanos. Cozinhado
com agoa ou a vapor, pôde preparar-se com o tupinam-
bur um grande numero de iguarias. Um bom assado
em forno com cebolas, ou simplesmente debaixo da
cinza quente, em salada, com carne assada e cosida,
cosinhado com manteiga e misturado com uma massa
feita com farinha de trigo, ovos e leite, é delicioso; en-
sopado com carne de porco, gallinha ou frango, etc.
Como se vê, o tupinambur é um alimento excellente
uma vez que seja convenientemente preparado; mas
isto não constitue o seu principal mérito. Como forra-
gem verde, como forragem secca ou forragem-raiz, é
que elle se torna precioso.
Tratemos primeiramente do tronco e das folhas do
tupinambur.
O pés de tupinambur chegão até â altura de 9 palmos
nas terras de qualidade inferior, e até 18 nos bons
terrenos. Esses pés estão cheios de uma medula assuca-
rada, e por isso, quando ainda são tenros, todos os ani-
mães os comem com avidez.
A planta é tão abundante em folhas, que todos os
quinze dias se pôde colher em quantidade suficiente
para alimentar as vaccas, os carneiros e mesmo os
Auxil. Novembro de 1864. 55
— 434 —

cavallos ; como a agoa as não torna humidas, podem-se


colher mesmo depois de uma chuva e servirem imme-
diatamente para sustento dos carneiros. As folhas cons-
tituem uma boa forragem depois de secca, e o gado
come com prazer esta espécie de feno, aproveitando-se
para isso as hastes que brotão depois do primeiro ou se-
gundo corte. A colheita destes pés ainda se torna mais
abundante, cortando-os na época próxima á aquella em
que se arrancão os tuberculos.
Para fazer-se esta operação, escolhe-se um dia secco
e cortão-se os pés cousa de um palmo acima do chão, e
fazem-se feixes de 8 a 10 pés, que se deixão a prumo;
alguns dias depois reunem-se 4 ou 5 destes feixes, com
os quaes se forma outros feixes maiores bem amarrados,
os quaes se deixão seccar ao ar e ao sol. Ainda que du-
ras em apparencia, as hastes do tupinambur se partem
facilmente, e servem para alimento do gado. Nos paizes
onde os animaes são tratados na estrebaria, estes fei-
xes lhes servem de leito ; e como a sua constituição es-
ponjosa facilita muito a absorpação das ourinas, depois
de alguns dias enterrão-se nos campos de cultura onde
constitue um bom estrume, sobre tudo para os terras
compactas e humidas.
O tuberculo ou batata do tupinambur é, de toda a
planta, a parte a mais preciosa para a alimentação do
gado ; porque, além da matéria assucarada (14 por
cento) e da cellulose que contém, sua casca encerra um
principio aromatico tônico que tem feito dizer a mui-
tos agrônomos que este tuberculo, só por si, pode subs-
tituir todos os outros alimentos que servem de nutrição
aos animaes. Porém, como uma alimentação muito
uniforme é sempre funesta aos animaes, devemos não
desprezar os outros vegetaes herbaceos, grãos, etc. To-
davia, em casos particulares pôde a base da sustentação
apoiar-se na batata do tupinambur misturada com ca-
pim secco, ou palhas regadas com agoa salgada.
Todos os animaes gostão muito do tupinambur : os
cavallos, os bois, as vaccas, os carneiros, as cabras e os
coelhos são muito ávidos. Os porcos recusão comêl-o
pela primeira vez ; porém, apertados pela fome, acabão
— 435 —

por acostumar-se, e de tal modo, que fossão profunda-


mente a terra para arrancar os restos das raizes ; acon-
tece mesmo e que elles as preferem a qualquer outra ali-
mentação, que os conserva em um estado de saude mui
satisfactorio; as batatas, cosinhadas e misturadas com
outros farinaceos, os engorda promptamente.
Os carneiros lucrão muito com esta alimentação, mis-
turando-a com capim secco ou palhas, tudo misturado
com um punhado de sal. As gallinhas, e, em geral, to-
das as aves domesticas, cornem o tupinambur com pra-
zer e proveito, depois de reduzido a pequenos pedaços.
Sustentadas somente com batata do tupinambur, ellas
põem ovos em abundância, e se conservão em perfeito
estado de saude.
Tem-se comparado o tupinambur com a batata, rela-
tivamente á força nutritiva, e reconheceu-se que o pri-
meiro não era inferior á segunda, porém que o tupi-
nambur lhe era preferível sob mais de um ponto de
vista. Primeiramente, elle nunca aborrece aos animaes
e nunca os incommoda por grande que seja a quanti-
dade ; todos aquelles que são submettidos a este regi-
men não tardão a tornar-se vigorosos, luzldios e nedios*
demais, quando este tuberculo é misturado com os fa-
rinaceos, engorda depressa, e a carne dos animaes se
torna mais firme e mais saborosa do que a daquelles
que se engordão de outro modo, a não ser com grãos
principalmente milho.
O tupinambur prospera em todos os terrenos ; porém
os terrenos frescos, ricos ^ profundos, ou tornados taes
pelo cultivador, são os mais favoráveis, sobre tudo pelo
que diz respeito á abundância dos tuberculos, seme-
lhantemente ao que acontece a todos os vegetaes cujas
raizes são tuberculosas, ou em geral ás plantas-raizes.
A composição chimica do tupinambur, merece atten-
ção. Tomando o termo médio de muitas analyses, pôde-
se admittir os seguintes componentes, em 100 partes.
(Analyse de Braconnot) :
Assucar incristallisavel 14,80
Inalina 3,00
Gomma 1,22
- 43a -
Albumina 0,99
Substancias gordas 0,99
Citratos de potassa e de cal. ... 1,15
Phosphatos de dita e de dita ... 0,20
Sulfato de potassa 0,12
Chlorureto de potassium .... 0,08
Malatos e tartratos de potassa e de
cal 0,05
Linhoso 1,22
Silicea 0,03
Agoa 77,00

100,00
Tentarão na Europa extrahir o assucar do tupi-
nambur em substituição da beterraba, que dá apenas
8 por cento de assucar e contém 87 de agoa. Renuncia-
rão a isso, porque o assucar do tupinambur não é sus-
ceptivel de crystalisação; mas para a fabricação da
agoardente o primeiro é mui superior á segunda, por-
que elle encerra maior quantidade de matéria assuca-
rada própria para converter-se em alccol.
Mas no que prima o tupinambur é como matéria de
alimentação, quer dos homens, quer dos animaes, em
conseqüência da notável quantidade de substancias azo-
tadas e respiratórias que contém.
DURAÇÃO DAS SEMENTES.
Depois da colheita, as sementes ficão inertes, suas
funeções yitaes suspensas, e pode-se conserval-as du-
rante mais ou menos tempo antes de as fazer germinar;
mas esta faculdade é extremamente variável, conforme
as espécies. As sementes de algumas plantas
guardão,
por assim dizer, indefinidamente sua virtude germi-
nativa; outras, pelo contrario, a perdem
prompta-
mente.
Por observações que parecem dever inspirar toda a
confiança, as sementes de tabaco podem
germinar de-
pois de 10 annos.
Stramonio . . .. 25 (segundo Duhamal)
Sensitiva ... 60
437
De trigo. 100 (segundo Plinio)
De dito . 10 (Duhamel)
Melões . 41 (Frieswald)
Pepino . 17 (Roger Galen)
Feijões . 33
Ditas. . 100 (Gerardin)
Rabanetes 17 (Lefebure)
Centeio. 140 (Home)
Algodão de 3 a 5.
Entretanto as sementes de café são talvez as que
mais promptamente perdem a sua virtude germinativa ;
se ellas não se plantão logo que são colhidas, não nas-
cem. As sementes de plantas oleosas se conservão mui
difficilmente, e por pouco tempo.
Na pratica ha sempre vantagen em confiar á terra as
sementes as mais recentes.

ViTlCULTüRA.
maneira de melhorar a qualidade do vinho, e
deo clarificar.
Em outros artigos temos procurado fazer conhecer
aos viticultores, que os vinhos se melhorão provocando
a conveniente fermentação por meio do assucar; dissemos
também que o melhor assucar para esse fim não era o
ordinário, mas sim a glucose (assucer de fecula, ou
assucar de uva), e, por essa oceasião, indicamos o modo
de converter o assucar commum em glucose. Agora que
a industria da fabricação
"sem do vinho começa a desenvol-
ver-se entre nós, é duvida útil repetir o que já por
mais de uma vez havemos dito.
A boa qualidade do vinho não depende unicamente da
maneira de o fazer, mas também da marcha regular ou
irregular das estações, que influe decididamente sobre o
amadurecimento das uvas.
Nos paizes quentes, os vinhos são mais espirituosos
do que nos frios ou mesmo temperados, a ponto que nos
primeiros a quantidade d'agoardente contida nos vi-
nhos excede de um terço, entetanto que nos últimos
essa quantidade mal excede de dous óu tres décimos.
— 438 —

Esta differença resulta do diverso gráo de madureza


da uva. Da mesma sorte, o calor natural do sol influe
sobre a madureza da uva, e produz assucar sufficiente
ou insufficiente, conforme a sua maior ou menor intensi-
dade. Como a quantidade d'assucar influe decidida-
mente sobre a qualidade do vinho, nos annos em que o
calor solar desenvolve fracamente a mateira assucarada
da uva, convém ajuntar uma certa quantidade do se-
guinte modo:
Dissolve-se certa quantidade d'assucar em mosto ou
sueco de uva, e derrama-se no lagar ou na cuba essa
dissolução fervente, remechendo-se bem para distribuir
com igualdade a matéria assucarada e o calor. Tapa-se
depois o lagar ou a cuba, afim de que a fermentação
se faça tranquillamente.
A quantidade d'assucar deve variar conforme o anno-
Se a colheita fôr de qualidade mediana basta uma libra
d'assucar, dissolvida do modo que acima se disse, em
92 medidas de sueco. Se a colheita fôr má, e que se
supponha não obter senão um vinho descorado, áspero,
sem aroma, contendo ácidos e portanto só próprio para
fazer vinagre, ajunta-se então de libra e meia a duas
d'assucar na mesma quantidade de sueco, e obterse-ha
um vinho que fermenta promptamente, agradável, ce-
rado, e que pôde conservar-se por muitos annos.
Como a fabricação do vinho começa a vulgarisar-se
no paiz, indicamos aos vinhateiros a obra intitulada.—
L'art defaire le vin, por M. C. Ladrey, impressa em
Pariz em 1863, como uma das melhores publicadas sobre
o assumpto.
Não terminarei sem indicar um processo expedicto
de clarificar os vinhos turvos, e que pôde applicar-se á
filtração dos licores, do vinagre, etc.
Tomão-se algumas folhas de papel pardo bem pas-
sento, molhão-se, apertão-se com as mãos, e pisão-se em
um gral de pedra ou de mormore.
Quando o papel se achar reduzido a massa, lança-se
sobre o balde que contém o vinho a clarifar, e deita-se
tudo sobre um coador de lã; a massa de papel se liga á
lã e o liquido corre claro. Se as primeiras porções estão
— 439 —

turvas, tornão a derramar-se sobre o coador. A opera-


ção deve ser rápida o mais possivel.

mmm índbstríaes s variemos.


EXTRACÇÃO ECONÔMICA DO MAGNESIUM, DO CALCIUM E DO
OXIGENEO.
Magnesium.—Em outro Auxiliador descrevemos o
processo para a extracção e preparação deste metal, eu-
jos usos são por ora, mui limitados, em rasão do seu
alto preço. Na recente reunião da Sociedade Philoso-
phica de Manchester, o Sr. Sonstadt expôz perante ella
o seu novo methodo de obter magnesium
por preço mui
reduzido, e fez muitas experiências photo-chimicas com
ajuda da luz deste metal. A luz do magnesium está
muito em voga actualmente, e pretende-se applical-o
com vantagem á tiragem, á noute, das
provas photo-
graphicas ; porém, pessoas competentes duvidão que
essa luz possa substituir a luz solar. Todavia, as
pro-
priedades photogenicas dessa luz são incontestáveis ;
seu espectro é rico em raios violetas e provavelmente
tambem em raios extra-viole tas ; mas se é
possivel
applical-o á tiragem das provas instantâneas, é
impossível illuminar convenientemente e de uma quasi ma-
neira durável uma prova (clichê) negativa. Demais, o
seu preço é considerável, pois que um metro de fio de
meio millimetro custa 3 francos.
A luz do magnesium é uma experiência mui curiosa
de physica, e obtem-se um effeito luminoso análogo ao
do calcium.
Não obstante as objecções que se acabão de fazer,
rece que a applicação desta luz está completamente pa- re-
solvida.
O Mechanic's Magazine refere que um photographo
de Nottingham, o Sr. A. G. Grant, inventou uma Iam-
pada mui simples e engenhosa, que prehenche o fim
procurado. Um fio duplo se enrola em torno de tambo-
res, e d"ahi se desenrola e passa entre dous cylindros e
seguidamente em um tubo onde elle arde em
proporção
da rapidez do seu movimento. O apparelho
poderá ap-
— 440 —

plicar-se a uma lâmpada portátil, e apropriada a varia-


dos usos, taes como a illuminação dos theatros, signaes
durante as nevoas, etc. As lâmpadas portáteis poderão
servir especialmente para os photographos, que quize-
rem tiras retratos á noute, e em menos tempo do que á
luz solar.
Calcium. — O mesmo chimico Sonstadt descobrio
um novo methodo de obter este metal de uma maneira
mais econômica do que pelos processos de Matthiesen
e Liès-Bodart. Em logar do iodureto de calcium e de
sodium, que empregão estes últimos chimicos, elle subs-
titue o ioduieto de potassium e o chlorureto de calcium
em partes iguaes. A mistura em fusão é posta dentro
de um cadinho de ferro coberto, até que tudo fique
frio; vasa-se então o cadinho, que depois se enche com
uma quantidade um pouco menor de sodium, que oc-
cupa o fundo do vaso e se cobre com a mistura primi-
tiva. O cadinho é então lutado e aquecido até calor ver-
melho ;depois de frio se acha no fundo o botão do calcium.
Oxigeneo.—*Todo o mundo sabe que o oxigeneo é o
principio comburante por excellencia; é portanto de
grande importância obter enormes quantidades para sa-
tisfazer ao consumo das cyclopicas fornalhas modernas.
O ar atmospherico apenas contém uma quantidade mi-
nima, e essa mesma misturada com muito azoto. O chi-
mico Robins propõe um methodo expedicto de obter ar-
tificialmente o exigeneo e tão facilmente como se ob-
tem o hydrogeneo. Basta atacar uma mistura de pero-
xydo de barium e bi-chromato de potassa pelo ácido
sulfurico diluído. 0 oxigeneo fica immediatamente livre.
Este processo parece superior ao de Webster, porque
por seu meio se obtém oxigeneo puro, entretanto que
pelo segundo obtém-se misturado com a terça parte de
azoto.
Se estes processos se tornarem industriaes, pouco se
pôde temer o esgotamento dos depósitos de combusti-
veis fosseis, porque com o oxigeneo puro e abundante,
poder-se-ha empregar como combustível ás matérias as
mais refractarias. que então acharão um emprego útil
e econômico.
DA

INDUSTRIA NACIONAL.
DEZEMBRO DE 1864—N. 12.

SESSÃO DO CONSELHO ADMINISTKATIVÔ,


EM 17 DE OUTUBRO DE 1864.
Presidência do Sr. Conselheiro Burlamaqui.
A's 6 horas da tarde, achando-se presentes os Srs,
conselheiro Burlamaqui, Drs. Souza Rego, Nascentes
Pinto, Nicoláo Moreira, Vellez, José Rufino, Lopo D.
Cordeiro e Raphael Galvão, Azevedo, José Botelho.
Collin e Miguel Galvão, e os sócios effectivos Dr. Dü-
que-Estrada Teixeira, Theodoro J. Muller, Dr. Gareez,
e Nuno Alvares, o Sr. presidente interino declara aberta
a sessão. ; y
Foi lidae approvada a acta da ultima sessão; y
EXPEDIENTE.
¦..m:. ¦¦.•'.', ¦ : r. Í-> r» '-
Aviso do ministério da agricultura, commercio e
obras publicas, de 14 do corrente, remettendo p req^e*^
rimento documentado em que Antônio Gonçalves Netto
pede privilegio por 20 annos para usar de um nova
espécie de alambique de movimento continuo poi elle
inventado para o fabrico da agoardente,.afim de qtie á
sociedade haja de informar sobre p merecimento da dita
*¦*
pretenção, — A'secção de machinas e appai;èInos. y
Auxil. Dez. de 1864. 56
_ 442 —

Aviso do mesmo ministério, de 6 do corrente, trans-


mittindo em aditamento ao aviso de 19 de Dezembro
ultimo o requerimento, em que Alberto Gierkens pede
solução da petição em que solicitou privilegio para
usar de um apparelho, que declarou ter inventado,
para elevar a temperatura dos líquidos por meio da
helice e da força centrifuga, afim de que a sociedade,
consultada naquella data sobre o merecimento desta
pretenção, haja de tomal-o na devida consideração.—
Á' secção de machinas e apparelhos.
Officio do presidente da provincia do Eio de Janeiro,
transmittindo um exemplar do relatório lido na sessão
de abertura da assembléa legislativa da dita provincia,
que teve logar em 9 do corrente mez de Outubro, e um
outro exemplar dos respectivos annexos. — Eecebidos
com especial agrado.
Forão recebidos com agrado tres números do Cruzeiro
do Brazil, dous da Revista Commercial de Santos, dous
do Paulista e um da Imprensa Acadêmica de S. Paulo
remettidos pelas respectivas redacções.

ORDEM DO DIA.

Foi apresentada pelo Sr. Azevedo, e unanimemente


approvada pelo conselho, afim de levar ao conheci-
mento da assembléa geral, que deve ser convocada
para o dia 3 de Novembro próximo futuro, a seguinte
proposta:
"t S. M. o Imperador tem
por varias vezes honrado a
Sociedade Auxiliadora da Industria Nacional, assis-
tindo ás sessões do seu conselho administrativo. Na
sessão do dia 3 do corrente, o mesmo augusto senhor,
acompanhado por SS. AA. os Srs. conde d'Eu e duque
de Saxe, se dignou assistir os seus trabalhos.
"A
presença do soberano e dos príncipes aos modes-
tos trabalhos da nossa sociedade prova o alto interesse
que o mesmo augusto senhor toma pela prosperidade
da agricultura e da industria, e honra sobremodo a
Sociedade Auxiliadora da Industria Nacional.
— 443 —
" E',
portanto, um dever de gratidão, agradecer a
S. M. o Imperador e ao augustos príncipes a honra
recebida, offerecendo-lhes o que a sociedade
pôde dar.
Os abaixos assignados propõem que se offereça a
S. M. o Imperador o titulo de seu presidente perpetuo
ea SS. AA. os Srs condes d'Eu e duque de Saxe os
diplomas de seus presidentes honorários.
" Sala das sessões, 17 de Outubro
de 1864.—Joa-
quim Antônio de Azevedo.—Dr. José Augusto Nas-
centes Pinto.— Dr. Antônio José de Souza Bego.-—
Dr. Raphael Archanjo Galvão.— Augusto Frederico
Colin. — José Botelho de Araújo Carvalho.—Dr. Fre-
derico Leopoldo César Burlamaqui.— Manoel Ar-
chanjo Galvão.'—Dr. Lopo Diniz Cordeiro. — Dr. Ni-.,
coláo Joaquim Moreira,—Dr. José Rufino Soares de
Almeida.—Dr. José Firmino Vellez. "
O Sr. Dr. Souza Rego propoz que se nomeasse uma
commissão de sete membros para felicitar a Suas Ma-
gestades Imperiaes pelo fausto consórcio de Sua Alte-
za Imperial; sendo unanimemente approvada esta
pro-
posta, o Sr. presidente interino, conselheiro Burlama-
qui, designou para membros da dita commissão os Srs.
conselheiros Marquez de Abrantes, José Pedro Dias
de Carvalho e Joaquim Antão Fernandes Leão, Drs.
Antônio José de Souza Rego, Gabriel Militão de Villa-
nova Machado, Bernardo Augusto Nascentes de Azam-
buja e Joaquim Antônio de Azevedo.
O Sr. Dr* Garcez propoz a creação de outras socie-
dades auxiliadoras da industria nacional, que tenhão
sua sede nas províncias cujo desenvolvimento fôr mais
importante.
O Sr. Azevedo propoz que se dirija, em nome da
sociedade, ^ uma representação á assembléa legislativa
da provincia do Rio de Janeiro, pedindo para que se
consigne todos os annos em seu orçamento uma quan-
tia como subsidio á Sociedade Auxiliadora da Indus-
tria Nacional.
O Sr. Dr. Nascentes Pinto requereu que este pedido
se tornasse extensivo ás províncias de Minas-Geraes,
S. Paulo e Rio Grande do Sul,
— 444 —

Depois de algumas reflexões dos Srs. Azevedo e Dr.


Garcez, forão approvadas estas propostas, e remettidas
a uma commissão especial composta dos Srs Drs. Ni-
coláo Moreira, Raphael Galvão e Lopo Cordeiro, para
dar seu parecer sobre ellas.
Foi approvada depois de ligeiras observações feitas
pelo Sr. Dr. Duque-Estrada Teixeira, e remettida á
secção de agricultura a seguinte proposta:
^ Tendo observado que nem sempre se pôde dar no-
ticia das vantagens que resultarão da distribuição de
sementes, porque as pessoas que as tem recebido deixão
de communicar o emprego que lhes derão e o resultado
que colherão do seu emprego ; para fazer desapparecer
esse inconveniente e facilitar á Sociedade Auxiliadora
da Industria Nacional os meios de poder annualmente
publicar uma informação acerca da distribuição de
sementes e do resultado do seu emprego na cultura
proponho:
"Que todas as 3
pessoas que as receberem para si ou
para outrem declarem o seu nome, e o nome das pessoas
para quem as recebem, e o logar onde as vão em-
pregar.
íc Que as mesmas
pessoas se obriguem a declarar no
prazo que se marcar a maneira porque empregarão as
sementes, a quantidade de terra as circums-
tancias peculiares do terreno e daplantada,
estação, a maneira
porque germinarão e se desenvolverão e a quantidade
da colheita obtida.
" E
que afinal, finda a colheita e aproveitamento do
produeto delia, cada um envie á Sociedade Auxiliadora
uma quantidade de sementes pela menos igual á
tidade recebida, impondo-se a pena de não serem quan-
contempladas em novas distribuições de sementesmais as
pessoas^que deixarem de cumprir as condições estipu-
de mA—Mi9uel Archanjo
São"' br°
O Sr. Dr. Nicoláo Moreira propoz o adiamento
do
parecer da secção de chimica industrial sobre a pre-
tenção de Manoel Marques das Neves Lobo,
formação de salinas na provincia do Rio Grande para a
do
— 445 —
Sul, até que o governo imperial, tomando em conside-
ração o requerimento de Antonio Moreira de Souza
Meirelles, apresentado na ultima sessão
Lopo Cordeiro, resolva se o dito Meirelles pelo Sr. Dr.
está oii
não em circumstancias de cumprir o que
Foi approvado depois de uma discussão, na promette.—
to-
márão parte os Srs. Drs. Raphael Galvão, Souzaqual Rego,
Lopo, Nicoláo Moreira, Duque-Estrada Teixeira e José
Botelho.
O Sr. Azevedo communicou que a commissão en-
carregada de apresentar ao Sr. conselheiro Mariz Sar-
mento o titulo de pesidente honorário da sociedade,
cumprio a sua missão, declarando o mesmo Sr. conse-
lheiro que agradecia a prova de consideração e amizade
que a sociedade acaba de manifestar-lhe.—Ficou o con-
selho inteirado.
Forão approvados sem debate, os seguintes pare-
ceres:
íf A' S. M. O Imperador requereo
Adríent Rot
legio exclusivo por vinte annos para só elle poder privi-
faíni-
car no Império um liquido de sua descoberta
que deno-
mina Agoa-Prata, o qual limpa e desfaz instantânea-
mente todas as nodoas e manchas de origem oleosas ou
gordorenta. Remettida a pretençâo com o aviso do mi-
nisterio dos negócios da agricultura, commercio e obras
publicas de 27 de Junho do corrente anno á Sociedade
Auxiliadora, foi, por decisão do seu conselho adminis-
trativo, tomada em sessão do l- de Agosto do corrente
affecta á secção de chimica industrial e geologia appli-
cada, afim de sobre ella dar o seu parecer.
« O supplicante fez acompanhar os
papeis da sua pre-
tenção de instrucções relativas ás qualidades, emprego e
fabrico do mencionado liquido, remettendo conjuncta-
mente amostras deste e de corpos oleosos
ser examinado o seu effeito sobre nodoas para poder
e manchas
produzidas por estes óleos em tecidos de differentes na-
turezas.
" Diversas são as
propriedades que do seu liq-uido
elle aponta nas instrucções remettidas, as
mem-se como se segue. quaes resu-
— 446 —
" 1.°
Que tira as nodoas e manchas dos tecidos de
qualquer das procedências (linho, algodão, lã e seda),
produzidas por corpos gordorosos, e oleosos, como azei-
te, manteiga, sebo, alcatrào, bugia, e tintas de óleo:
limpa os moveis, e vestidos engordurados pelo roçar
dos eabellos ou pela transpiração podendo ser empre-
gado para todas as fazendas sem prejudicar-lhes o bri-
lho nem a côr.
*' 2.°
Que limpa as luvas sem modificar-lhes a côr,
e tira todas as manchas e nodoas gordurosas ou oleosas
das gravuras, desenhos, plantas e mais papeis de esti-
maçãò.
" 3.°
Que nada tem de desagradável o seu odor
sendo que conserva estas propriedades sem alteração
durante annos.
" A secção teve de sugeitar
^á o liquido do pretendente
analyse chimica e exames do Sr. Dr. Ernesto Fre-
derico dos Santos, seu membro e membro do conselho
o qual em seu parecer junto apresenta os resultados
a que chegou, expendendo ao mesmo tempo com o
critério que o destingue o seu juizo a respeito do liqui-
do e da pretençâo do supplicante.
Confoimando-se com este parecer a secção reco-
^"
nhece que o pretendente não descobrio o liquido por
cujo fabrico solicita o privilegio exclusivo, isso que
de ha muito é elle conhecido pelos chimicospore
dustna; e com quanto as propriedades pela in-
rao apontadas sejão de incontestável utilidade que acima fo-
toda-
via não se acha o supplicante só isso nos termos
da lei de 29 de Agosto de 1830, citadapor
na petição, por
que ja erão ellas conhecidas. Portanto é a secção de
parecer que neste sentido ser informado oreque-
rimento do supplicante, pôde
submetter a consideração parecer que tem a honra de
e approvação do conselho.
Dr. Gabriel Múitão de Villanova Machado,
•— Uu Lúcio José de Souza presidente
Brandão, secretario—Dr
Nicoláo Joaquim Moreira.
" A' secção de machinas
e apparelhos foi presente o
requerimento e mais papeis, em
que o Sr. Luiz Fran-
447 —
cisco Delouche, pede privilegio 20 annos para a sua
machina destinada a despolpar por café.
" A secção examinou
o desenho da machina apresen-
tado pelo Sr.^Delouche e o comparou com uma
feridas machinas que está montada no estabelecimento das re-
do mesmo senhor ; e parece-lhe ella muito
fácil manejo e de grande portátil, de
effeito. As informações que lhe
íorao ministradas sobre a
qualidade dos obtí-
°.qUe a secçã0 nã0 teve occasião productos
de assistir ao
+trabalho
1 Tí da machina,
e finalmente o parecer muito va-
lioso e insuspeito de um ilíustrado membro do conselho
desta Sociedade, o Sr. conselheiro Burlamaquí,
funccionar uma destas machinas na fazenda da que vio
na, convencerão á secção de que a invenção do SrVicto- De-
loucheé útil e deve ser attendida
pelo governo impe-
" Sala das sessões da
Sociedade Auxiliadora
dustna Nacional, em 31 de Agosto de 1864 — Drda In-
Au-
gusto Dias Carneiro, presidente. — Raphael Archonío
Galvão, secretario. "
Lêrão-se, e ficarão sobre a mesa
na próxima sessão, o parecer da secção para ser discutidos
de agricultura
sobre a proposta do Sr. Azevedo ácêrca da convenien-
cia de fazer-se uma exposição especial de algodão e das
machinas relativas a essa especialidade; e as informa-
ções pedidas pelo ministério da agricultura, e ministra-
das pela referida secção, sobre qual foi, dentre as
lidades de canna de assucar importadas da ilha da Reu- qua-
mao, a que produzio entre nós os. melhores resultados
práticos.
Foi approvado sócio effectivo o Sr. tenente Antônio
J osé da Silva Faria, proposto
Moreira. pelo Sr. Dr. Nicoláo
Nada mais havendo a tratar-se o Sr.
termo levantou a sessão. presidente in-
— 448 r-

SESSÃO DO CONSELHO ADMINISTRATIVO EM


1.° DE NOVEMBRO DE 1864.

HONRADA COM A AUGUSTA PRESENÇA DE SUA MAGESTADE O IM-


PERADOR E COM A ASSISTÊNCIA DO EXM. SR. MINISTRO IN-
TERINO DA AGRICULTURA.

A's 6 horas da tarde, achando-sê presentes os Srs.


Marquez de Abrantes, conselheiro Burlamaqui, Drs.
Souza Rego, Nascentes Pinto e Raphael Galvão, Fer-
reira Sampaio, Fontoura e Miguel Galvão ; e os sócios
effectivos visconde de Barbacena, barão de Nova-Fri-
burgo, desembargador Diogo T. de Macedo, monsenhor
Meirelles, Alcântara Lisboa e Ferreira Soares.
O Sr. presidente, depois de obter permissão de Sua
Magestade o Imperador, declarou aberta a sessão.
Foi lida e approvada sem debate a acta da ultima
sessão.
EXPEDIENTE.

Aviso do ministério da agricultura, remettendo para


uso da bibliotheca da sociedade um exemplar do atlas
e relatório de exploração do rio de S. Francisco.—Re-
cebido com especial agrado.
^ Aviso do mesmo ministério communicando ter expe-
dido ordem ao'ministério da fazenda para que, além da
quantia de 400$ annuaes marcada em 7 de Dezembro
ultimo, mande pôr á disposição da presidência da pro-
vincia do Ceará a dé*500$, por uma só vez, afim de ser ¦
applieada á construcção de casas e cercado que o coro-
nel Francisco Fidelis Barroso tem de fazer para o tra-
tamento dos dromedários, que forão entregues aos seus
cuidados ; e outrosim ter recommendado á dita presi-
dencia a exacta observância do parecer dado pela secção
de melhoramento das raças animaes, na parte relativa
ás accommodações necessárias aos referidos dromedários.
—Inteirado.
Aviso do mesmo ministério, transmittindo copia do
offioio da presidência da província do Amazonas de 29
de Agosto ultimo, em que solicita que a sociedade in-
— 449 —
forme não somente sobre os systemas de mâchinas de
descaroçar o algodão que merecem a sua
preferencia
para a espécie Sea-lsland, e se é ainda a prensa de
Bulloek a que mais se recommenda para o enfarda-
mento daquelle genero, mas também
rão essas maçhinas postas no porto de por quanto fica-
Serpa, naquella
provincia oü no de Belém, na do Pará, uma vez; que
os vendedores se encarreguem de remettel-as'para
qual-
quer dos indicados portos ; e, no caso contrario; o custo
simplesmente das maçhinas e a importância calculada
do frete; afim de que a sociedade haja de tomál-o na
consideração que merecer.—A'secção demachirias eap-
parelhos. ¦•...-.-. ¦¦,".' T -..
Officio da câmara municipal de Santos, pedindo se-
mentes e mudas de fumo de cuba ou de outra qualidade
de folha larga, própria para charutos, afim de serem
distribuídas por alguns agricultores doquelle município
pagando a dita câmara todas as despezas que se fize-
rem com a remessa.—A'mesa.
Officio do Sr. Dr. José Arthur de Murinelly communi-
cando que se retira temporariamente para a
provincia
do Paraná em commissão do governo imperial.—-Intei-
rado.
Officio do Sr. Ottocar Dórffel, da colônia Joinville
remettendo um exemplar da Folhinha Colonial de Santa
Catharina de 1864 por elle publicada em allemão.—
Recebido com agrado e remetta-se á redacção do
Forão recebidos com especial agrado um numero jornal.

Revista mensal do Ensaio Philósophico Paulistano.,
um da Imprensa Acadêmica, de S. Paulo, um do
Agricultor, de S. João de Príncipe, dous do Commer-
cio do Paraná e cinco da Revista CommercialAç San-
tos, remettidos pelas respectivas redacções.

ORDEM DO DIA.

Forão approvadas sem discussão as seguintes infor-


mações pedidas pelo ministério da agricultura com-
mércio e obras publicas e ministrada pela secção da
agricultura.
Auxil. Dez. 1864. 57
— 450 —

,-." A secção da agricultura foi encarregada peloçon-


mlho administrativo de prestar-lhe informações sobre
o seguinte ponto. Qual foi, dentre as qualidades de
«anna de assucar importadas da Ilha da Reunião, a que
produzio entre nés os melhores resultados práticos. O
mesmo conselho, em vista destas informações, quer ficar
habilitado para satisfazer á exigência que consta do
incluso aviso do ministério da agricultura commercio e
obras publicas, datado de 20 do mez de Setembro do
anno corrente.
¦ iç Tendo-se tornado mui geraes as
queixas dos se-
mroresdo engenho relativamente á degeneração da canna
de Taiti, vulgarmente conhecida com o nome de canna
cayanna, o ministério de então julgou necessário en-
vâar um agente ás Ilhas Mauricia e da Reunião, com o
fim de trazer mudas das melhores espécies cultivadas
naquellas Ilhas. Em 1858, esse agente trouxe tres es-
pecies, a saber: uma espécie roxa ou violeta, outra
côr de roza, conhecida naquellas ilhas com os nomes
4fi canna Diard ou de Batavia; e finalmente, uma ter-
çôira de côr verde.
;,??, Cumpre observar que essas tres variedades havião
chegado á pouco mais de quatro annos á aquella Ilha,
e que forão mandadas buscar pelos respectivos
nps coloniaes pela mesma causa que entre nós, gover- isto é
pela Regeneração cada vez mais rápida da canna de
Waiti ou cayanna. Todas estas variedades fôrão impor-
tadasda Ilha de Java para aquellas Ilhas. As duas
primeiras já erão cultivadas em Java desde longa data;
a de côr_verde tinha sido recentemente introduzida na
Lolonia Hollandeza, onde a conhecião com o nome de
canna de Penang ou de Lalangor, idênticas á espécie hoje
mui cultivada na Suisanna e Cuba, e ahi conhecida
com a denominação de canna crystallina.
"As espécies violeta
e verde são excellentes; a can-
na Diard é muito inferior ás duas
2 A mais superior para fabricar primeiras.
assucar é a verde
{Penang) não somente pela sua fecundidade, como pela
sua riqueza em matéria saccharina e facilidade
nücaçao. A violeta lhe é inferior somente neste de cia-
ultimo
—m —
ponto. O caldo que ella dá é arrochado, e nunca o
seu assucar fica perfeitamente alvo. Nas citadas Ilhas
assim como na Jamaica e, outras colônias, a
preferep
para a fabricação da agoardente, pretendendo-se mes-
mo que o Rhum fabricado com o seu sueco é superior
ao de qualquer outra espécie. Esta variedade
de uma vantagem que não deixa"de ter alguma goza ainda
impor-
tancia: ella só fíexa no fim de dous annos, e ás vezes
mais.
"As
pessoas que aqui receberão plantas destas tres
espécies, as cultivarão promiscuamente: desta mistura
já tem resultado, como quasi sempre acontece/novas
variedades.
"A canna roxa é a
que mais tem prosperado, a
ponto de ser diffieil encontrar cannavial onde esta
cie nao domine, entretanto que a canna Díard espe-
quasi
que" desapareceu.
Quanto á canna verde Penang,, o publico agrícola
a contunde com a canna eayanna e a tem
" São estas as informações por tal.
tura pode prestar. que a secçao da agricul-
" Sala das sessões, 17 de
Outubro de 1864.—Dr - F
L, O. Burlamaqui, presidente.—Augusto F. Colim'se-
cretano.—M. A. Galvão. "
Segundo, a proposta do Exm. Sr. presidente, tenl de
ser remettido regularmente o jornal da sociedade a
Suas Altezas Reaes os Srs. Conde d'Eu e duque de
Saxe; e apromptar-se tres collecções completas do mes-
mo jornal pára serem offerecidas a Sua Magestade©
imperador e a cada um dos príncipes.
Foi approvado sócio effectivo,
Dr. Souza Rego, o Sr. Francisco José por proposta do Sr
da Rocha Filho.'
Nada mais havendo que tratar-se, o Sr.
depois de obter permissão de Süa Magestade presidente
o Impera-
dor, levantou a sessão.
*L 452 —

¦ INBBSTRiA..

NOTICIA SOBRE A CULTURA DA BAUNI-


LHEIRA.
')•
Á FECUNDAÇÃO ARTIFICIAL E A PREPARAÇÃO DA BAUNILHA (*

Cultura da baunilheira.—A baunilheira éuma plan-


ta trepadeira, que prospera nas regiões quentes e humi-
das. A baunilheira silvestre tem grandes folhas largas e
grossas, e produz vagens grandes e largas que quasi
senipre cahem antesda época do amadurecimento; a
espécie que dá a baunilha commercial é originaria do
México.
A baunilha se planta em estacas perto das arvores
que lhe deve servir de apoio, ou em torno dos muros ou
pallissadas abrigadas.
A estaca deve pelo menos ter 3 olhos, e mesmo 4 a 5
ou 6, conforme a disposição dos apoios ou o abrigo que
elles podem dar.
Uma plantação de 2,400 estacas, que fiz no mez dé
Maio do annò próximo, tendo essas estacas de 15 a 18
palmos de comprimento, me derão fruetos no mesmo
anno.
Todas as arvores podem servir de apoios, excepto
aquellas que largão a casca : a jaqueira, a mangueira,
a cajaseira, etc, são as melhores. Quando se plantão
arvores para servirem de apoios, ellas devem ser plan-
tadas na distancia de 8 palmos sobre 4, de Leste a Oes-
te, ou 9 sobre 8, conforme o espaço fôr maior ou menor.
Se poderem ser plantadas na distancia de 9 palmos so-

(*) Este artigo foi escripto por M. David de Floris, grande


cultivador da ilha de Bourbon ou Reunião, de cujo estabeleci-
mento é que o Sr. Herman Herbst, trouxe em 1858, as plantas
que cultivou na chácara da rua da Lapa n. 88, e que pertencem
hoje ao Jardim Botânico, a cargo do Imperial Instituto Flumi-
nense de Agricultura. A baunilheira foi introduzida em Bourbon
em 1817 por M. Marchaut, que trouxe as primeiras plantas da
ilha Mauricia.
— 453—

bre 9, melhor será, porque assim a plantação ficará mais


arejada.
O systema de 8 sobre 6 que adopteiem minhas novas
plantações de sangue-dragão, é aquelle a que dou a pre-
ferencia. E' então essencial fazer passar os ramos da
baunilheira de uma para as outras arvores, de Leste a
Oeste, para evitar uma grande agglomeração sobre a
mesma arvore, e de fincar uma estaca entre as arvores,
afim de dar firme__a aos ramos, e evitar os abalos qué
poderia occasionar o vento e a queda dos ramos sobre
as baunilheiras ; accidente que pôde ser evitado deco-r
tando os ramos que poderem fazer mal.
Quanto ás plantações já formadas, e cujos apoios es-
tão mais distanciados, convém fazer descer os ramos das
baunilheiras, e enrolal-as até á altura de um homem, a
fim de facilitar a fecundação. Quando porém isso não
convier por qualquer motivo, então é necessário usar de
estacas.
Os mezes os mais favoráveis á plantação são Março;
Abril e Maio. Entretanto pôde-se aproveitar os mezes
de Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro, tendo o
cuidado de regar as plantas, se houver secca nesses
mezes.
As arvores devem dar bastante sombra antes de rece-
berem as plantas : mas no caso de necessidade póde-se
cobril-as com folhas, de preferencia as de coqueiro, e fa-
zêl-as regar mais vezes, do que seria desnecessário se
tivessem o seu abrigo natural. Ellas devem ser postas na
terra do lado opposto do sol, a fim de evitar o maior
ardor. Quanto maior fôr a estaca, tanto maior deve ser
o numero de olhos enterrados rum olho se a estaca ti-
ver 3, dous quando tiver 4, de 4 a 5 d'ahi por diante.
Estas estacas devem ser deitadas e cobertas de terra,
e os pequenos filamentos brancos, que lhes servem de
braços, ser apertados contra as arvores com muitas li-
gaduras feitas com Aaterias flexíveis, e nunca com bar-
bantes.
Se a terra fôr secca, é bom e mesmo indispensável
servir-se de terra estrumada, porém não com estéreo :
porém as que forem plantadas com raiz, podem ser en-
— 454 —
terradas em estéreo, com tanto que este esteia bem,
podre.
O estrume vegetal, composto de folhas, é mui bom e
mesmo preferível; mas é tambem indispensável
que
elle esteja bem decomposto, pois que as raizes da bau-
nilheira, sobre tudo as novas, são mui tenras e deli-
cadas.
# As regaduras nos primeiros dias de plantação é in-
dispensável, sobre tudo nas localidades seccas. Depois
de cada rega é necessário calcar a terra sobre cada
de baunilha, para evitar a acção do ar, que é mni no- pé
eiva.
Se a plantação das baunilheiras se faz em terreno
perto do mar, é necessário abrigal-as do ar salino, que
queimaria as plantas ou as tornaria mui languidas.
O decote das arvores de apoio se faz de maneira a
conservar tanto sol como sombra, mais sol do que som-
bra.
Os fructos mui sombreados ficão compridos, molles,
delgados e amadurecem com dificuldade ; ao contrario,'
quando estão expostos convenientemente ao sol, elles
são grossos e redondos, firmes e contém maior
dade de aroma. quanti-
Nos terrenos accidentados, o lado do poente é
rivel, a fim de não ficar a baunilheira tão exposta prefe-
ao
vento e receber maior calor.
As arvores protectoras devem ser cercadas com can-
teiros de pedra ou de tijolo, onde se põe o estrume,
depois se cobre com pedras chatas para evitar a evapo-que
ração, conservar os pés frescos, e impedir
da chuva não ponhão as -raízes a nú. que as águas
O estrume deve ser renovado todos os annosy um
co antes da época do florescimento. pou-
As estacas podem ser plantadas em viveiros em
logar lavrado e pouco sombreado, na distancia de 5 um a 6
pollegadas uma da outra e ao la*b de esteios protec-
tores. r
Fecundação das flores.—Na flor da baunilha, o or-
gao masculino está separado do órgão feminino por uma
peUicuIa que impede a fecundação natural: é por tanto
455 —
necessário, depois a flor estiver completamente
aberta, levantar comque um pequeno instrumento essa pei-
licula, e, por meio de uma leve
pressão exercida pelos
dedos pollegar e o indicador, favorecer a communicação
cios dous órgãos. (*) '*
A fecundação se opera desde as 8 ás 9 horas da
nha até as tres da tarde, e mesmo até 4 ou 5 horas; ma-
as baumlhas tardiamente fecundadas nunca adquirem mas
comprimento e gressura das fecundadas em tempo o
- op-
t
portuno. r
O instrumento empregado nesta operação tem ordi--
nanamente de 3 a 4 pollegadas, e é adelgaçado
e arre-
dondado em uma das extremidades. Não deve ser cor-
tante nem triangular, para não ferir os órgãos das
tas ou cortal-os. rplan-
Os espinhos de certos coqueiros, on um
de madeira dura, pôde servir palito feito
perfeitamente. Para os
S6guinte> nncão"se nas folhas da baupi-
lheira110
Quando as flores estão mui altas, é necessário empre-
gar escadas. *
órgãos das flores
ps e esta operação não devem ser fortemente aper-
tados, deve sempre ser feita com muito
cuidado e por dedos bem exercidos.
As flores começão a apparecer desde Junho e se fe-
cundão até Setembro.
Deve-se fecundar de preferencia as
tirar as outras, depois de ter-se a certezaprimeiras flores e
de as 5
ou 6 vagens que devem ser conservadas estão que bem se-
guras.
-Deixa-se ordinariamente 5 ou 6' vages de bau-
mina sobre cada cacho, quando a baunilha está bem
carregada de flores, se se quer obter bellos fructos. Mas
acontece algumas vezes que um ramo não dê senão ai-

d,!scol),3rta da fecundação da baunilha


Jidmond, jardineiro de um cultivador da ilha éda devida
+talíJj
Reunião
a um
cha-
maao Uelher Beaumont. Desde essa descoberta é data o
progressivo au-gmento desta planta, até então estéril que
na ilha.
— 456 —

guns cachos : póde-se neste caso fecundar 8 ou 10 flô-


res e mesmo uma dúzia.
Colheita.—A colheita da baunilha se faz quando as
vagens estão maduras. Reconhece-se que ellas estão ma-
duras quando a sua extremidade começa a amarellecer.
Logo que ellas tomão essa côr devem ser immediata-
mente colhidas.
As vagens colhidas mui verdes secção com muita dif-
ficuldade, ficão sugeitas ao mofo, e apodrecem quando
o tempo é bumido ; as mais verdes se tornão brancas, e
então não têm prestimo algum.
A colheita deve ser portanto cuidadosamente feita
todos os dous ou tres dias para que as vagens não ra-
chem. Acontece todavia que sé encontrão algumas, que
ficarão por esquecimento ou por estarem escondidas
entre as folhas; mas a sua existência se denuncia pelo
cheiro suave que exhalão.
*Às vagens rachadas são ordinariamente as mais bellas
e as melhores ; mas é necessário soldal-as, molhando as
partes fendidas em água tepida, e cercando-as com ti-
ras de pano de linho bem apertado.
Assim preparadas, essas vagens são suspensas ao ar,
e secção perfeitamente. Para activar a desseccação, pó-
de-se metter em água tepida a parte não soldada.
As tiras sao apertadas por duas ou tres vezes, á me-
dida que as vagens diminuem de grossura pela des-
seccáção. '
Ainda que superiores em perfume, por isso mesmo
que ellas alcançarão sua completa madureza, as va-
gens soldadas, tornando-se redondas pela pressão das
tiras, não são tão appreciadas pelo commercio, que as
quer cbatas.
Para serem arrancadas inteiras e sem offehder o ca-
cho a que pertencem, é preciso pucharfortemente dé lado
o pedunculo que a liga ao cacho, *e não pelo meio ou
pela extremidade. Alguns colhem a baunilha cortan-
do-a cóm as Unhas ; mas este modo impede a unifor-
midade dós maços e occasioná difficuldades na venda.
Oomo no fim da çolheiia as ultimas vagens de bau-
- 457 —
nilha amadurecem ao mesmo tempo,
cacho inteiro. póde-se cortar o
Preparação da baunitha.~k.% baunilhas
sao postas em um cesto, cujo fundo deve ser ralocolhidas
uma peneira, e este cesto é immerso durante como
18 a 20
segundos em uma caldeira de agua
quente, porém não
Servente Para conhecer-se se a agua chegou ao gráo de-
sejacto de quentura, mettendo-se um dedo nella
sentir-se fortemente essa deve
quentura, ou então aproveitar
o momento em que ella lança muito vapor e começa a
produzir esse rumor que costuma manifestar-se antes da
tervura. Depois despeja-se immediatamente o
sobre hervas seccas, esteiras, ou ainda melhor sobrecesto
neiras chatas. ne-
r
Um quarto de hora depois desta operação, as
mlhassao exposta ao sol durante 6, 8, e mesmo alguns baü-
dias mais, conforme o tempo, sobre mezas cobertas
baeta ate que fiquem murchas e com
pardacentas.
Todas as tardes, ellas são depositadas em caixas igual-
mente guarnecidas com baetas. ''
'
Logo que ficão enchutas, expôe-se á sombra em um lo-
cal arejado e sobre prateleiras cobertas com baeta,
de apressar a desseccação, impedir o bolor, e conservar afim
a flexibilidade exigida pelo commercio.
Em quanto ellas estão ao sol, ás 2 ou 3 horas da
tarde, isto é, quando, ellas estiverem inais
necessário apertal-as entre os dedos quentes é
as achatar e
lazer estender igual e regularmente naspara baunilhas o óleo
essencial e a semente, mais abundantes na sua
ferior, para tornar mais flexível e lustrosa, tal parte in-
como
as quer o commercio. Esta operação se faz alguns dias
depois de sua exposiçõo ao sol e logo
a ficar murchas. que ellas começão
Reconhece-se que as baunilhas estão seccas,
ellas ficão pretas ou antes côr de chocolate, e quando
não
se sente nenhuma humidade na extremidade quando inferior, a
ultima parte que secca.
Depois de bem seccas as baunilhas são escolhidas e
collocadas em vasos de folha de Flandres cobertos com
Auxil. Dez. 1864. 58
— 458 —

baetas, onde alcanção o seu ultimo gráo de seccura e


flexibilidade.
Esse trabalho é executado todos os dous ou tres dias
e algumas vezes todos os dias, conforme o numero de
trabalhadores e empregados.
Finalmente põe-se em maços, e para que esses maços
tenhão o mesmo comprimento, é necessário operar scbre
uma grande quantidade de baunilhas seccas.
Cada maço deve conter 50 baunilhas ligadas no cen-
tro, ou melhor ainda por ambas as extremidades. Para
fazer esta ligadura convém empregar fios seccos, flexi-
veis, fortes e que não tenhão cheiro.
Acondicionamento dos massos.—Os massos são col-
locados em bocetas de folhas de Flandres, que devem
ter o comprimento dos massos e a altura de 60 maços
cu de camadas de massos sobre postos.
Este arranjamento, conforme ao do México, é recla-
mado pelo commercio.
As bocetas devem ser cobertas com um rotulo que in-
dique o numero de massos,o comprimento das baunilhas,
seu peso e a tara das bocetas. Um certo numero destas
bocetas deve ser arranjado em um caixote de madeira e
cercado com serradura de madeira.
Crystaes de ácido Benzoico (*). — Estes crystaes,
brancos, brilhantes e em forma de agulhas finíssimas,
se formão na baunilha encerrada em vasos bem fecha-
dos, no fim de 3 ou 4 mezes.
Muitos negociantes preferem a baunilha coberta com
estes crystaes : outros não lhe dão importância ; outros
finalmente, querem que ellas se formem antes de os
expor á venda.
" Não nos
pertence, diz o autor deste artigo, julgar
esta questão mui delicada, nem impedir
taes se formem naturalmente sobre a baunilha que os crys-
ex-
cepto empregando meios nocivos talvez á belleza das
baunilhas ou a seu perfume. "

(*) Os Francezes lhe dão o nome de grive.


— 459 —
Generalidades.—O grande cultivador de baunilha
convém ter para a expor ao sol, grandes menu,-qne
possao ser cobertas com encerados ou panos pintados
no caso de chuva. '
A baunilha depois de secca, se reduz á
do seu peso. quinta parte
*
h^f}*l q«e produz 1,000 libras,
i»lmpor 10 trabalhadores,
taüa pôde ser tra-
que bem exercitados, bastão
para a fecundação das flores, e todos os outros ser-
viços.
As baunilheiras devem ser renovadas todos os 8
ou 10
** gmndeza das estacas e ^mbem
dLniocaHd°adPende
" já. veio inserido no auxiliador de
Abril de ?oao
Ai5i a 1862. ^^
Reimprime-se agora, porque desappare-
cerao todos os números do Auxiliador
artigo solicitado por muitas que trazião esse
pessoas, e de interesse pai-
pitante na actualidade, pois que se vai fazer uma cui-
tura em grande na fazenda de Santa Rita, np mu-
mcipio de Vassouras, com o fim de formar um
veiro, que mais tarde servirá vi-
para fornecer plantas aos
fazendeiros que quizerem dedicar-se á essa rica cultura
e aprender ao mesmo tempo o methodo de cultivar a
baunilha, o tratamento das plantas, a fecundação arti-
ncial, a colheita e a preparação da baunilha.

DAS MATÉRIAS VEGETAES, INDÍGENAS


E EXÓTICAS
PRÓPRIAS PARA FABRICAR TECIDOS E
PAPEL COR-
DAS, CABOS, E OUTROS USOS. '

Antes da era do trabalho automático, mesmo na


época em que o gênio mecânico começava a inventar
machinas para substituir o trabalho manual, em uma
palavra nos séculos da roca e do fuso, quando ainda o
algodão não tinha senão usos mui restrictos e insignifi-
cantes, fiava-se um grande numero de matérias ve-
getaes, que bem depressa desapparecerão perante a in-
vasão do algodão e do emprego exclusivo das machinas.
Todavia, desde um certo numero de annos, prevendo-se
a insuficiência da producção do algodão, insuficiência
que se converteu em completa escassez depois que co-
meçou a terrível guerra civil dos Estados-Unidos,
manifestou-se uma grande tendência para reintro-
duzir no consumo as matérias outr'ora fiadas a mão, po-
rém ainda de descobrir e aproveitar outras novas disse-
minadas nas diversas regiões do globo.
Além do linho e do canamo, aproveitava-se na Eu-
ropa os filamentos de uma certa ortiga, da malva, do
tronco do lupulo, da paina, das asclepias, puros ou mis-
turados com outras substancias, e por muitas vezes se
ensaiou o emprego das fibras extrahidas de diversas ar-
vores, sobretudo da Tilia e da Amoreira. Mas, não é
somente ás necessidades das fabricas de tecidos, que se
deve attribuir a importância industrial que vão to-
mando as fibras vegetaes; a enorme quantidade de
pa-
pel que se consome em todo o mundo exige imperiosa-
mente a applicação a esta industria de substancias dif-
ferentes dos trapos, unica matéria prima em uso, e hoje
insuficiente. O mesmo se pôde dizer a respeito da cor-
doaria.
Entre as matérias exóticas mais populares no fim do
^
ultimo século, o linho da Nova-Zelandia, denominado
pelos botânicos Phormium tenax teve a final pouca
applicação como matéria tecivel. Depois, ensaiou-se
tem maior suecesso, as fibras-de diversas Agaves ou Pi-
sas, de Palmeiras, principalmente da Juta, da Platano,
do Calaya, do Laghetto, do Pau renda, das Yucas, do
Pandanus, do Aloes, da Abaca, das Bromelias, da
Amoreira, (1) da arvore do pão, das malvas e de diver-
sas outras plantas, cujos usos ficarão tão limitados
como os do Phornium, ainda que muitas dessas fibras
sejão empregadas pelos naturaes das regiões onde ellas
vegetão, e que as applicão a tecidos não deixão de
ter muita finura e belleza: taes são asque
fibras extrahidas
das folhas das Yucas em alguns logares da America do

(1) A amoreiía de Papel (Broussonetia Papifera).


•— 461 —

*?MÍlhí«PWlippina8,eto.
lUl4l^r°T-ÍaS
de Sumatra foi mui preconisado (1) Ocalac
para os usos navaes
pela sua grande resistência; creio porém que o seu em-
prego em substiuição do linho da Rússia não progredio
Nestes últimos dez annos começou-se a dar
apreço ás fibras de uma grande espécie de ortiga grande
se acha em abundância em diversos que
taes como
a, Ohma, a índia, diversos logares paizes,dos Estados-Uni-
aos, etc.
Os inglezes dão a esta ortiga o nome de China-qrass
os francezes Ramié, e os botânicos o de ürtica
ou de ürtica utilis. Estas fibras, finíssimas, sólidas, niveà
brancas e brilhantes, apresentão certas dificuldades
na
primeira preparação. Esta circumstancia, o preço rela-
tivamente mui elevado da matéria
preparada e a sus-
peita de que ella não pôde resistir a certos agentes/as
fazem abandonar por alguns industriaes inglezes,
alias ja tinhão montado machinas especialmente des- que
tinadas a trabalhal-as.
Depois que o algodão começou a escassear de modo
que ameaçou a extineção das fabricas produetoras de
seus tecidos, muitos industriaes
tido do grande numero de matérias procurarão tirar par-
vegetaes próprias
para tecidos, fabricação de papel e cordoalhas.
Para facilitar as investigações deste
classificar as fibras pelos seus caracteres gênero convém
originaes.
Parece, salvas rarissimas excepções,
ficação é aquella que resulta da maior que a melhor classi-
ou menor pu-
reza ou facilidade em preparar as fibras os usos
das fabricas : Io em fibras da penugem para ou cotão dos
fruetos dos vegetaes ; 2o das folhas 3o dos troncos e
ramos ; 4o das cascas. ;
A penugem ou cotão do algodão e de outras
se apresentão em um estado de plantas
pureza absoluta no es-
tado natural; não estão senão em mistura,
zer, mecânica, com a semente e corpos extranhos, por assim di-
que,

(1) O Museu nacional possue amostras destas diversas fibras,


que estiverão na Exposição universal de Londres, em 1851.
wwraawBMifflBBa^aiaha

— 462 —

para serem separados basta submettel-os a operações


mui simples.
Para obter as fibras que dão as folhas, a trituração
ou a raspadura do parenchyma da planta fresca
nntte operar a separação sem grandes difficuldades. Pelo per-
contrario, é necessário recorrer a preparações mais com-
plexas, a macerações de diversas naturezas, se
trata de tirar os filamentos dos troncos, ramosquando
e cascas-
„. para os conseguir, sobretudo destas ultimas, é muitas
vezes necessário recorrer a meios chimicos enérgicos, á
desaggregação por meio de banhos alcalinos, a lavagens
repetidas de água acidulada e de água
pura.
Os caracteres das fibras varião igualmente com os
órgãos que os produzem. Os cotões são, em
mados de filamentos relativamente curtos, geral, for-
pouco densos ?
lisos, brilhantes, macios, e de grande elasticidade.
Os filamentos das folhas são sempre mais longos, mais
nervosos, mais fáceis de dividir, mais tenazes,
menos finos e menos elásticos. porém
Os filamentos das cascas são ainda
pouco utilisados
para tecidos, porém podem bem servir para papel. As
fibras que se tirão das cascas são
geralmente muito
irregulares, curtas e mui pouco elásticas.
Os antigos e o novo continente e ilhas, offerecem
grande variedade de plantas de fibras teciveis, nas quaes
nao fallaremos pela sna pouca importância commercial
e industrial; não podemos porém deixarem silencio
uma
planta cujas fibras começa a ter grande consumo nos
mercados europeos.
*família
\?vJAJC°rchorus Olitarius e C. Capsularis) da
da Tiliaceas, cresce em todas as da In-
dia, em Ceylão na China, Pérsia, Egypto,partes etc;
bem é conhecida com o nome de Malva dos Judeos, tam-
olusjudatcumjlos antigos ; em Bengala dão-lhe
de Pat ; na China Ganja ou o nome
Gania, e d'ahi os nomes
de Gunny ou Gunny bags dos inglezes na índia,
mente, lhe dão diversos nomes, entre outros ; final-
o
donde lhe veio o nome de Juta. As folhas desta ChutL de
sao empregadas como alimento, e as fibras, extrahidas planta
do troncos, formão uma matéria tecivel em
uso desde
463 —
tempo immemoriaes. Os Indianos
pagões se vestem

£& fcSSEr" faZ6m U8° P™-Pal-entedefa-


A Juta também serve
para fazer fazendas de cobrir
lírna^r00-- r V™Va''W°**^o desta ;Cte
P P occuPaÇão das classes inferiores da
índia.
A sua primeira preparação é semelhante
emprega na do linho ; mas a sua duração á que se
deste -e do canamo. Nso obstante, empregâo-se é inferior I
mes quantidades destas matérias enor-
primas,
Inglaterra, em estopas, e na fabricação sobre tudo ha
cidos, mais ou menos de tramas e te-
grosseiros. Como o seu custo é 50
porcento menor que o do linho e do canamo, é fácil
comprehender a importância da concurrencia
da Jutá
para cada artigo em que o valor do fio é determinado ém
reJaçao ao do produeto.
A industria dos^ tecidos
sortida de matérias primas, pôde dizer-se que se acha bem
taes como o algodão, a
seda a Ia e alinho, matérias
tituidas vantajosamente que não podem ser subs-
outras. As es-
cassez actual das duas por quaesquer é devida a causas
primeiras
mais cedo ou mais tarde, devem cessar. Não que
assim
quanto as industrias da cordoaria e do papel, sobre tudo
a do ultimo.
O uso do papel se liga de uma maneira intima com
desenvolvimento das necessidades intefiectuaes do o
mem, de tal modo que em todas as sociedades, ho-
civilisação não está estacionaria, o consumo dessa cuia
tancia augmenta rapidamente ; mas, em subs-
fabricação do papel toma todos os dias uma quanto que a
extensão
cada vez maior, a producção das matérias
servem para essa fabricação, não experimentaprimas que
um aug-
mento correspondente. Essas matérias
em trapos de linho, de canamo e de algodão, primas consistem
e consti-
tuem actualmente um artigo todas as
nações civilisadas se disputão, a precioso,de que
sua exportação em algumas. Prevê-se ponto prohibir-se a
que, em uma
— 464 —
época pouca affastada a insufficieneia da matéria
e por conseqüência a elevação do prima
preço dos trapos e do
papel 7 f
Todas as nações civilisadas, tem
^deinteresse em por tanto, um gran-
precaver-se contra essa escassez,
vel e eminente de papel, e muito interesse na prova- desço-
berta do Substancias que possão substituir vantajosa-
mente os trapos na formação das massas
o fabricar. Desde muitos annos próprias para
que esta questão prêõc-
cupa vivamente os industriaes, e muitos
sido propostos em favor daquelles premiou têm
que resolverem um
problema que actualmente tem uma importância quasi
capital.
.Semelhante descoberta não
eneito de impedir a escassez doproduziria unicamente o
de restituir-lhe as qualidades papel, porém também
diversas causas lhe
tem feito perder desde 60 annos. que O emprego dos trapos
ae algodão na fabricação das massas, as modificações
leitas nos processos da fabricação, a divisão '
exagerada dos filamentos, o emprego do chloro-gazozo, mecânica
a collagem ou resinato de aluminia misturado
amido, tem influído muito na inferioridade com
moderno. Convém pois, indagar se do papel
pela introducção de
massa> papel se poderia resti-
í_Tfh! as
tuir-Ihe i?tancií^
qualidades perdidas e fabricar novos pro-
duetos capazes de rivalisar com o antigo
ou de canamo, fabricado á mão e collado papel de linho
O problema consiste evidentemente em achar gelatina coni
de transformar directamente em o meio
taes, sem as fazer passar papel as fibras vege-
pelo estado intermediário de
tecidos e de trapos. Sabe-se os chins fabricão, ha
talvez vinte séculos, massa deque com fibras de certo
d*efPecies vegetaes, papel
bambus ainda novos Na índiaparticularmente
w£° com os
fabrica-se igualmente
papel com diversas fibras vegetaes. Nas exposições de
Londres e de Par a forilo vfstas numerosas
desses papeis fabricados na índia com amolas
fibras vegetaes.
e5 e8„ factos chamâ0 atualmente a attenção
™£r e
publica, desde cousa de 15 annos se tem feito nume-
rosos ensaios em diversos
paizes para introduzir na
— 465 —
massa do papel filamentos de differentes vegetaes,
como fibras de diversas trepadeiras, da bananeira, taes
de
palmeiras, etc. '
Em 1858, um Dr. Curti,
gerente da companhia geral
de papeis da Algeria e do Meditteraneo, offereceu á So-
ciedade Imperial de Acclimação
(*), por intermédio de
M. Dareste, uma collecção de amostras no papel fabri-
cados por elle e das matérias
primas empregadas nessa
Até estes últimos tempos, todas as tentativas tinhão
tamado em conseqüência das despezas consideráveis
que acarreta o tratamento prévio das matérias pri-
mas. Coinprehende-se,
que quando as fibras passão
pelo estado de tecidos e depois se reduzem a trapos,
ellas soffrem uma serie de modificações as tornão
muito mais aptas a entrar na fabricaçãoquedas massas
do que quando se opera directamente sobre as
-Tarece que o referido Curtis conseguio achar plantas.
um novo
processo para a formação e o embranquecimento das
massas, processo que diminue consideravlemente
despezas da fabricação. as
As plantas das quaes o inventor aproveitou os fila-
mentos forão as de Sparto ou Alfa Spartum),
o Diss (Arundo festucoides) o Aloés(Lygeum america-
na) (•-"•-), o Shorgo, o tupinambur, e (Agave
grão de bico.
Nao deixa de ter muito interesse conhecer, ao menos
nas suas generalidades, os empregados
inventor. O tratamento e aprocessos pelo
preparação destas plantas
sao mui simples. Os meios empregados
zir a massa e depois a papel são os mesmos para as redu-
usao com os trapos, excepto as operações especiaes que se
para desembaraçal-as das matérias estranhas ás fibras.
Depois da colheita da planta, escolhe-se e corta-se
em pedaços de 5 a 6 pollegadas de comprido.

(*) Consulte-se o Bolletim n. 5, tom. I.


Toí!*-.,^xtra„e;se da Palmeira w-ã uma crina vegetal, que em
1854 ja deu 360,000 libras. Esta crina serve
soes, e para estofados. para encher col-
Auxil. Dez. de 1864. 59
— 466 —

Para desaggregar as fibras das plantas e para embran-


quecêl-as, emprega-se agentas chimicos nas operações
seguintes, em dose mais ou memos fortes, conforme a
natureza das plantas, seu gráo de madureza e de
idade.
O preço de venda dessas fibras varia de um franco a
2,75 francos cada 100 kilogrammos, conforme a sua
natureza e qualidade, em quanto que o valor médio
dos trapos é de 45 a 50 francos. As perdas
que estas
plantas podem soffrer na oceasiâo de reduzil-as a massa
e a papel é de 30 a 40 por cento, isto é cousa do
valor de 1 franco por 100 kilogrammos, em
dos trapos é de 10 a 15 francos na mesma quanto a
de matérias. quantidade
Passando agora a examinar quaes as plantas do Bra-
sil que podem ter applicação nas fabricas de tecidos, de
papel e nas cordoarias, na fabricação das escovas, vas-
souras, estopa, etc, farei primeiro observar
Flora Brasiliensis, o Dr. C. F. P. de Martius que, na sua
men-
ciona mais de cem espécies indígenas e exóticas, (*) acli-
madas ou que facilmente se podem aclimar, já
próprias
para mui variados usos industriaes ; limito-me, porém
ás plantas que já tem uso no paiz, e forão vistas na Ex-
posição Nacional de 1861, assim como a certas outras
cujas fibras visivelmente se prestão a esses e outros
usos :
^ Güaxima do mar e Guaxima terrestre.— Fios finis-
nissimos, semelhantes ao linho.
Malvas do campo.—Cordas, papel. No Ceará esta
matéria forma um artigo de exportação
para Ingla-
Ticum ou ticum.—Fios de coser, linhas de
•cordas, barbantes, redes de pescar
pescar, redes de dormir'
saccos, etc. '
Garoauba.—Cordas.
Embiritana.—Cordas.

(*) Elenchus Plautarurn Brasiliensibus ad varia opera


Textona, etc. Fasciculo XV, quae
pag. 200. P
- 467 -

0R™t^AVA-"0s indios coroados da


vvlZT!n'vm fabncã0 comas fibras dessa
& IT Í° ?arana' plan-
teCÍd°S ^-"-aemprejona
na^oST'
Pacote.—-Cordas.
Iangadeira.—-Cordas
Cobôa ou GRAVATA^.-Cordas, linhas
de pescar, etc.

v^zz^^redes de dormir' este'ra8'chà-


£ita.—Cordas, cordões, linhas, tecidos, papel

copa^rSl^SenS "* «^
Macauba ou Macaiba, OU
Pios fin.ss.mos extrahidos das coco DE catharro-
folhas. 0 Museo Zme
um par de meias, fabricadas na
absolutamente igual ás de linho Inglaterra 830j
emwZ
(branCa " TCrmdH-Cordas, esto-
pas!MetcEIBI:IKA
Carrapixo.—Fios finíssimos
fazendas grosseiras.
MÍf™ fIRit-~TPa^
Milho (palhas).—Papel.
nSS)RnTA' 7ãT- (C'<fecaco> c- * «*> o.
Macambira.—Os mesmos usos.
Iuruy ou TüRY.-Estôpa, saccos.
zem roupas com as suas fibras Os indianas ia-
fa
indígenas
Castanheiro.-—Estôpa
kX^éTSZ&T™»' —- esteiras,
Vaissima.—Cordas.
PiAsSBA.-Cabos, cordas, vassouras,
escovas.

ração do Rio de S. Francisco nn, _í 1] í d,z> na sua ExPl°-


-s dão folhas de i ^ qUG " Ve'
£&£* comEHé<?\t SCGm
mente desde a cachoeira exPonta™a-
do PiranorT^»' n
folhas se preparão, do mesmo ? SUaS
K que o linhar
senão superiores aos deste. ' teci(los iguaes
- 468 —

Imbé ou imbé.—Cordas e cabos.


Excepto a piaçaba e o imbé, todas as outras subs-
tancias se prestão para a fabricação do papel; mas,
quer para este uso, quer para qualquer outro, a questão
principal é a do preço da matéria prima. Emquanto
se não descobrirem processos promptos, fáceis e bara-
tos para a extracção dessas fibras, de modo que as ma-
terias primas possão fazer uma concurrencia vantajosa
ao algodão e ao linho, e mesmo ás matérias análogas
que o commercio vai buscar a outros paizes, não se
deve contar que ellas possão ser adoptados pela indus-
tria, e os seus usos, ficarão como até hoje, limitados ás
localidades d'onde são oriundas.
Não fallei no algodão, no linho, no canamo, nem na
seda, por serem matérias mui conhecidas, que o paiz
produz ou pôde produzir em grande escala. Não fallei
igualmente
1 no grande numero de variedades de felpos
dos Bombax e Aclepias, conhecidos vulgarmente com o
nome de Fainas, cujos empregos se limitão a encher
travesseiros e colxões. Entretanto começa-se a empre-
gar os felpos das Asclepias na fabricação das fazendas,
misturados com o algodão ou com a seda. A lã dos bar-
rigudos serve, na cidade do Penedo, provincia das
Alagoas, para fabricar vários tecidos.
Não terminarei sem mencionar as fibras colhidas e
pre-
paradas pelo Sr. João Francisco dos Santos, de vegetaes,
que elle diz mui communsnas províncias do Rio de Ja-
neiro e S. Paulo, e nas envidas pelo Sr. Dr. Martins
Guerra, colhidas no Rio Doce, provincia do Espirito
Santo. Estas amostras, assim como muitas outras ana-
logas, estão expostas no Museu nacional.
Chamo aattenção d'aquelles que se interessão
estas matérias, para os pareceres dados por
pelas secções de
agricultura e de industria fabril, ácêrca das amostras
preparadas pelo Sr. João Francisco dos Santos, em
1863, e as apresentadas pelo Sr. Dr. Martins Guerra,
no anno de 1864.
— 469 —

APÍCMRA,

DAS ABELHAS SILVESTHES, E DO


PARTIDO QUE SE PODE TI-
RAR DE SUA CERA PARA FABRICAR TINTA
E LÁPIS LITHOGRA-
PHICOS.

No Manual de apicultura dissemos


de uma vez, se tinha tratado das vantagens que, por mais
dana obter da domesticação de varias espécies que se no-
lbas silvestres, que dão um mel muito estimado de abe-
Essa
domesticação teria ainda maior interesse, se a industria
conseguisse dar applicações vantajosas á sua cera,
como se sabe, é preta e tem usos de mui que
J. aremos alguns extractos de uma obra pouco valor'
^^ daS abelhaS silvestrespublicada em
da ilha d<3
Cubana qUe
A ilha de Cuba possue uma espécie destas abelhas
sem agmlhão, que produz um excellente mel, a
fulvipes (Guer.) Esta abelha faz os seus ninhos Trigona
tronco das arvores; feixa todas as entradas com no
lis e nao deixa senão um orifício, propo-
por onde entra e sahe
toda a lamilia. Em geral, essas colmêas encerrão
obreiras, 12 zangões e uma abelha mestra; 60 1 000
celullas das quaes 40 cheias de grandes
pollen, e 20 cheias de
mel; 12 favos, cada um com 300 alveolos, onde
mas vezes se encontra pequenas algu-
resina quebradiça. A grandeza daquantidades de uma
colmêa natural de-
pende da cavidade do tronco.
As Trigonas colhem substancias oleo-resinosas
ecidas, taes como as que fornecem a Garcinia amol-
cornea,
(Manaju) o Dalophylhum Goiaba (Ocuje) e a Lactia
Apelata (Guaguasi).
A cera varia conforme o seu
gráo de elaboração. Em*
geral tratados pelo Ether e o álcool em diversas tem-
peraturas, ellas dão Cerina, Myricina, matérias resi-

(1) Memórias sobre a historia natural da ilha de Cuba etc


por D. Felipe Poey. Havana, 1852, tom. I.
— 470 —

nosas coradas, substancias gordas, oleoginosas,


ficaveis pe os alcahs, e gommas-resinas. A cera saponi-
mente tal (Cerma e Myncina) entra na rasão de própria-
^8 por cento; matérias resinosas corantes, 32 11 a
resíduos diversos, 400/°. por °//0'•
r
Deve-se acreditar que além destas resinas, as Trfeo-
nas fazem entrar na composição da cera
leitosos, ou as gommas-resinas do preta os suecos
sobretudo as
da Camerarta Lahfolia, do Ficus paiz, Indica, do Achras
Sapota, ào Achras tinetoria e do Bumelia nítida,
ve-
getaes conhecidos no paiz com os nomes vulgares de
Maboa, Jaguey, Sapota, Morera, e Cuajani
Em resumo, a cera das abelhas desta espécie
considerada como uma mistura de resinas naturaes pôde ser
oxi-
genadas, de gommas-resinas mais ou menos elásticas
que lhe commumcão a onetuosidade que lhe é própria'
e de cera propriamente tal. Esta ultima substancia se
torna mais abundante á medida a elaboração
que se ap-
próxima de seu ultimo termo; a matéria não falta na
ilha de Cuba, mas o insecto a deve tirar
mente da grande quantidade de principal-
A cera e de côr escura quasi pollen que colhe
e não pôde ser ai-
vejada pelos processos ordinários.preta,
As vellas que se fabri-
cao com ella ardem mal, porque a cera funde
em torno
mmt°' 6 ° Pa™ " Carb°nÍSa
stmtotlíde Je"6 *"* -
Luiz Marquier, lithographo de Havana, teve
a feliz
graphica em logar da cera branca, usando da receita de
CrParand<»
ST1"1'reconheceu-se a™»superioridade
Europa,
«"ta com a que vinha da
da primeira
Su;ZÍ°a Tprimeir*e se=unda-TO
entre tanto que a ultima se tornou
quebradiça e ana
gou-se em parte. Este resultado a fez emprLr com
igual suecesso, ua composição dos lápis
lXgfaphicoa
— 471 r-
NOTÍCIAS fi VAfiifiDADfis.
CARVÃO DE PEDRA DO BRAZIL.

no jornal .Cosmos, de Setembro


de 1864, o se-
^Lê-se
tistlíÍa"S-á P •UC0 ^P0*3111 varios Jornaes uma esta-
tistica mui curiosa sobre a
rada nas entranhas da terra. provisão de carvão ennpr
Para aa nelle, n II +
dos do prodigioso consumo de^ta
cfiS'Tmem
que essas riquezas mineraes se pt^pToI ' a™
citadaestataLa lhe, deveTe^^aiZo^' "
Eis aqui um novo facto mui
essa confiança. Até então o immensopróprio para L^r
importava 250,000 tonelladas aanuaes^e imperfo do fe
draestaangeiro Um inglez, chamad camo £ „„
acaba de descobrir vastos CtLnMGrttm
na provincia do Rio Grandejazigos. Viaiand! TrV
do Sul naTfronW^ ™ •'
dmnaes do Brazil, elle verificou
íiStoS^TS"
posito carbonifero na bacia do Jaguarãede seus1
tos o Candiotaeo Tigre. Essas
vessando os terrenos carboniferos KtaítoSS."^ ' i
' en+rL Z
visinho do Oceano Atlântico
de transporte poderão chegar L po ondt as embZi^0
ração. Segundo o mesmo lathanieGran ao centr da SS"
a oualfÍ

ESTRUMES ARTIFICIAES
ANIMAES.
Desde alguns annos a
questão dos estrumes é uma
das grandes questões do dia, A seffuintpS! - ?a
processos empregados no és4eS nt^deTube™
— 472 —

As quantidades médias de matérias primas que entrão


annualmente em Aubervilliers são, 8,000 cavallos, 200
mullas, 300 vaccas, 300 porcos 9,000 cães e gatos,
12,000 libras de carnes corrompidas, 1,000,000 de
libras de materiaes animaes, provenientes dos car-
niceiros de Pariz, 1,200,000 libras de trapos de lã, chi-
fres, pellos, residuos de differentes industrias, etc. Os
animaes, depois de decepados, são cozinhados a vapor
para extrahir-lhes as gorduras. Os ossos são separados
das carnes, e estas fortemente comprimidas e postas a
seccar, são depois reduzidos á pó por meio de um moinho
e peneirados; os ossos, depois de seccos, são igual-
mente reduzidos a pó, este pó encerra 3 por cento de
azoto e 55 por cento de phosphato de cal.
O sangue é apanhado á parte, cozinhado a vapor,
seccado e reduzido a pó ou empregado no estado natu-
ral na fabricação dos estrumes. O caldo que resulta do
cozimento dos estrumes, etc, contendo ainda muita
mateira animal, se emprega igualmente na fabricação.
Os miúdos (intestinos, fígado, coração, pulmões, etc),
são postos em camadas alternado com matérias organi-
cas animalisadas, ás quaes se ajunta phosphatos mine-
raes em pó, trapos de lã, etc.
As camadas são regadas com sangue, e com os caldos
acima mencionados. Manifesta-se então uma fermenta-
ção activa, que mistura as matérias orgânicas, desaggre-
ga os phosphatos e converte parte da matéria orgânica
em compostos humicos. Modera-se ou activa-se esta
fermentação evitando-se ao mesmo ttmpo a perda do
ammoniaco, regando muitas vezes com produetos chimi-
cos reconhecidamente fertilisadores.

NAVIOS FORRADOS DE VIDRO.

Para evitar as incrustações que cobrem os costados

f dos navios, sobre tudo nas longas viagens, o construetor


Leetch propoz forral-os com chapas de vidro. O navio
Buffálo, que entrou em Julho deste anno nas docas de
Deptford, foi onde se fez o primeiro ensaio deste sys-
tema. Uma commissão formada por homens competen-
— 473 —

tes, achou mui satisfactorio o resultado obtido, e rea-


usando perfeitamente as vistas do inventor. As chapas
de vidro se achavão tão limpas no fim de tres mezes de
viagem, como no dia em que ellas tinhão sido
costado do navio. postas no

NOVO METHODO DE ENDURECER O FERRO FUNDIDO.

Acaba de ser concedido em França um


privilegio
para um tornar o ferro fundido tão duro como o aço
temperado. Depois de prompto e limado o objecto fa-
bricado com ferro fundido, aquece-se até ao calor ver-
melho-cereja, e immerge-se immediatamente, até
fique frio, em uma solução contendo 1,080, que
grammos de
ácido sulfurico e 65 gr. de ácido nitrico, diluídos em 10
litros d'agua. A espessura da superfície é sufficiente
para resistir á usura ordinária, e a fórma do objecto
não fica de nenhum modo alterada em conseqüência da
operação.

EXTRACÇAO DO OURO DE SEUS MINERAES.

O professor Croce Calvert leu perante a Associação


Britannica, uma nota sobre um methodo
que propõe
para tratar os mineraes de ouro mui pobres, taes como
são geralmente os quartros auríferos e outros.
O autor tendo feito muitas experiências para resolver
a questão sem emprego de mercúrio sempre
caro e insalubre), fixou-se no seguinte(emprego basea-
processo,
do no emprego do chloro nascente, que obra rápida-
mente e dissolve todo o ouro. O mineral depois de redu-
sido a pó é misturado com 1 por cento de
manganez, poem-se em uma cuba de fundo peroxydo de
dobrado,
sobre o qual se lança ácido chlorydrico.
Em logar deste ultimo, pôde fazer-se, com igual
resultado uma mistura do peroxido do manganez com
sal marinho (3 partes do sal e 2 de manganez), se
faz digerir em ácido sulfurico deluido. A digestãoque dura
12 horas; depois do que o liquido é extrahido. Se o
ouro contém cobre, faz-se precipitar este ultimo,
pondo
Auxil. Dez. 1864. 60
-474*-
no banho ferro velho, precipita-se a ouro pelo sulfato
de ferro (caparosa verde). Se o mineral contém prata,
emprega-se 6 partes, do sal marinho em logar de 3, e
então a prata entra na solução em forma de chio-
rureto. Precipita-se primeiramente a prata por meio de
lâminas de cobre, depois este pelo ferro em barra, e fl-
nalmeute o ouro pelo sulfato de ferro. O autor assegura
que este processo é perfeitamente pratico quando a ex-
plpraeãp e a puiverisação do mineral não custão mui
caro.
PRESERVAÇÃO DA MADEIRA.

O Ghimieal News, diz que na Alemanha se recom-


menda muito a seguinte composição para preservar a
madeira enterrada. Misturão-se 40 partes de giz, 50 de
resina, 4 de óleo de liuhaça, e se funde esta mistura
em um tacho ou panella de ferro; ajunta-se depois
uma parte d'oxido de cobre nativo, e mistura-se intei-
ramente e lança-se com precaução, e remechendo bem,
uma parte de ácido sulfurico. A mistura é applieada
quente sobre a madeira por meio de uma forte brocha
de caiador; quanda está secca, transforma-se em um
cimento tão duro como pedra.

CIMENTO HYDROPHAGO.

Tem-se por muitas vezes tentado prevenir a humi-


dade das casas de morada baixas e sombrias, que, nos
grandes centros de população são uma das principaes
causas da mortalidade. Para tornar salubres as habita-
ções humildas, o Sr. Panesi de Mortara, propõe nos
Annáli di Chimiea de Paoli, de rebocar as paredes
com um cimento composto de
4 partes de vidro pulverisado.
3 partes de carvão vegetal oq de páu.
2, partes de pedra ppmes.
3 partes de alcatrão.
% parles de pjxe,
1 parte 4e óleo 4e linhaça íeryido.
- 475 —

Estas substancias se misturão intimamente em um


gral de ferro fundido, e esquentadas a calor moderado
até a consistência pastosa e homogênea. Reboca-se as
paredes, e apolvilha-se com arêa para daf presa a cal
qué deve cobrir este reboque. Este cimento se recom-»
menda pela sua effieacia, preço baixo e fácil prepa-
ração.
PANONIA.

Falla-se muito actualmente ácêrca de uma invenção


extraordinária. Um Sr. Szerlemy inventou um couro
artificial, conhecido com o nome de Panonia, que hoje se
fabrica em grande quantidade para diversos usos, com-
prehendido os do calçado. O inventor pretende agora
applicar esse couro ao couraçamento dos navios e á ar-
filharia. Elle toma papel, molha-o em solução cujo se-
gredo lhe pertence, ajunta folha sobre folha, até obter a
espessura desejada. A massa fica perfeitamente homo-
genea e endurece rapidamente ao ar. Nos ensaios com-
parati vos que se fizerão com o ferro e a madeira, a tiros
de baila, o novo papellão se mostrou superior, não só-
mente quanto ao penetramento, mas tendo ainda a
vantagem de não apodrecer, de ser incombustíveí e im-
permeável. O seu peso especifico é inferior ao do car-
valho ; e o seu poder de resistência, por polegada qua-
drada dez vezes maior. O Sr. Szermely construio pe-
quenos canhões, de campanha, tão resistentes como os
do melhor ferro, e todas as peças necessárias para a cons-
trucção de casas, igrejas temporárias, abarracamen-
tos, etc.

NOVO SYSTEMA DE PROPULSÃO DOS NAVIOS.

Os engenheiros inglezes Myers e H. Fórbes obtive-


rão privilegio para um novo systema de propulsão e
direcção dos navios, que consiste no emprego de Um
apparelho assentado no interior do navio, acima da li-
nha de fluctuação, reunido por dous tubos parallelos,
indo da popa para a proa; estes tubos sanem de cada
lado da qitilha, acima da linha d'agua. O fim dó app^
— 476 —

relho é aspirar a agua nos tubos pela proa o que produz


uma acção attrativa, erecalcal-a para a popa, para pro-
duzir uma força propulsiva.
Este aparelho é composto de dous pares de tambores
dentados, encerrados em um envoltório, cujos dentes
se engastãouns nos outros, de modo a formar na sua
circunferencia,que está em communicação com os tubos,
uma aspiração que provoca a entrada da agua pela proa
esen recalcamento para a popa. Os tambores são mo-
vidos por uma força motriz qualquer. Invertendo-se o
sentido do movimento do apparelho, acorrente fica igual-
mente invertida e mudada a marcha do navio. Póde-se
governar o navio por meio de uma disposição de appa-
relhos análoga ao propulsor e de tubos transversaes
indo da direita para a esquerda.

EMBRANQUECIMENTO E PREPARAÇÃO DA PALHA PARA FABRICAR


PAPEL.

Os industriaes Champagne e Rouver empregão o se-


guinte processo para embranquecer as palhas ordinárias
e transformal-as em uma bella massa própria a
fabricação de papel de jornaes. Elles põe dentro depara
uma
cuba 40 libras de cal, 40 de carbonato de soda, e 10
de sal cummum; misturão tudo em uma quantidade suf-
fipiente de agua e a fazem ferver, pelo vapor, até
que a
dissolução fique completa. Então elles deitão no liqui-
do 200 libras de palha; cobrem a cuba com uma tampa
e emprega-se o vapor para fazer ferver de novo o liqui-
do durante 7 1/2 horas. No fim deste tempo, a
palha
se acha sufficientemente limpa; tira-se, lava-se, e reduz-
se o fios delgados em apparelhos appropiados.
PRODUCÇÃO AGRÍCOLA DA SUÉCIA E SEU COMMERCIO.
A população da Suécia era, em 1859, de 3,787 735
habitantes, e a sua superfície total de 170,621 milhas
quadradas ; parte deste território está situado na zona
fngida.
Comecemos pelos produetos das florestas, formão
um mui considerável ramo de exportação. que Em 1851,
— 477 —

exportou-se 865,533 dúzias de taboas e mastareos, e em


1861, 1,390,172 dúzias destas madeiras. Parte dellas
se consome nos paizes tropicaes, paizes de vastas flo-
restas, povoados de arvores gigantescas!
Duas espécies de pinheiros fornecem essa immensa
quantidade de madeiras, não fallando no consumo inter-
no para construcções civis e navaes, como combustível
doméstico e das fabricas, sobretudo das de ferro. Além
da madeira, os pinheiros produzem alcatrão, tereben-
thina e breu.
Não pôde deixar de causar admiração, que um
situado em altas latitudes, com um território tão paiz
peque-
no, e do qual ainda é preciso descontar 21,614 milhas
quadradas occupadas pelos grandes lagos interiores,
exporte e consuma uma tão considerável quantidade de /
produetos florestaes. Mas essa admiração cessa, saben-
do-se que os Suecos não devastão as suas florestas,
porém que as conservão e as replantão, tendo de mais
a paciência de esperar 30, 40 e mais annos que as arvo-
ves cheguem ao seu mais completo estado de vege-
tação.
O commercio exterior da Suécia tomou nestes últimos
tempos um enorme desenvolvimento, porque mais
dobrou nos dez últimos annos. Em 1850, o valor de suas que
importações estava abaixo de 20 mil contos; em 1860,
esse valor se elevou a mais de 45,600 contos. As expor-
tações tiverão igual progresso, de 20,400 contos em 1850
elevou-se a 53,200 contos em 1860.
A reducção gradual dos direitos e a suppressão das
prohibições, derao ao paiz uma viva impulsão com-
niercial. Excepto alguns produetos coloniaes, todas as
substancias alimentícias e todos os produetos brutos
entrão com franquia de direitos, e o mesmo acontece
ás machinas, ao carvão, ás ferramentas e instrumentos.
A ultima exposição universal demonstrou os progres-
sos da Suécia, progressos que são igualmente attestados
pelas estatísticas commerciaes. A exportação em grãos
de cereaes foi quasi cinco vezes mais considerável de
1858 a 1860, do que de 1849 a 1851.
Entre os cereaes expostos pela Suécia, via-se trigo de
— 478 —

inverno colhido a 10 milhas de distancia do circulo are-


tico, centeio e cevada cultivados a 60° 3' de latitude
norte e a 203 pés acima do nivel do mar.
As diversas sociedades de agricultura exposerão bellas
collecções de grãos, legumes, farinhas, que merecerão
muitos prêmios. A Suécia expoz também queijos, assu-
car de beterraba, féculas, seda e lã.
Em 1855, contava-se no reino, 390,758 cavallos,
369,489 bois, 1,096,259 vaccas, 492,902 cabeças de
gado novo, 1,587,809 carneiros, 556,211 porcos e
171,939 cabras.
Fabricão-se actualmente naquelle paiz grande nu-
mero de instrumentos agrícolas, que não só são consu-
midos no paiz, como também exportados para a Rússia,
Dinamarca e Noruega.
Esta fabricação começou na Suécia depois da creação
de estabelecimentos especiaes para o estudo dos princi-
pios scientifioos e dos exercícios práticos da agricultura.
No principio as machinas agrícolas somente se fabrica-
vão nas escolas de agricultura, que são hoje em numero
de 25 das quaes duas são escolas de ensino superior;
poremos progressos continuos da cultura,tendo feito re-
conhecer que os bons instrumentos é uma das condições
mais essenciaes para obter o augmento dos productos
agreolas, derão nascimento a estabelecimentos especiaes,
que exercem exclusivamente esta industria.
Na Suécia se fabrica farinha de ossos, a
vapor, fabricada com os ossos ainda frescos preparada
que sahem
dos açougues, e por conseqüência contendo ainda
duras e gelatina. Esta farinha misturada com farelo, gor-
e
residuos de cevada, constitue um excellete alimento
para os animaes. A ração é, por dia, para um animal
adulto, da quarta parte de uma libra e de 2 onças
um animal ainda novo. Dá-se igualmente esta mistura para
a todas as aves domesticas em geral, e
pretende-se
este regimen augmenta muito a producção dos ovos. que Os
ossos de menor valor são redusidos a pó e empregados
como estrume, depois de se lhes ter extrahido todas as
gorduras; fabrica-se igualmente com elles carvão ani-
mal, e tinta preta; e não obstante o consumo interno,
— 479 —

ainda se exporta annualmente cousa de 10,000


taes de pó de ossos, e se fabrica o superphosphato quin-
de
cal. Esta preparação se faz de duas maneiras, uma tor-
na solúvel quasi todo o phosphato, a outra apenas torna
solúvel 10 ou 12 por cento. A matéria
é o carvão animal já servido nas refinariasprima principal
de assucar, ao
qual se ajunta uma certa quantidade de coprolithos re-
dusidos a pó.

RIQUEZA MONETÁRIA DO MUNDO INTEIRO.

O valor do ouro existente no começo da era vulgar


foi orçada em 7 1/2 milhares de milhões de francos, e o
da prata em 14,148 milhões.
Quinze séculos mais tarde, na oceasiao da descoberta
da America, esses valores se tinhâo augmentado,
o ouro, de 20,500 milhares; para a para
prata, de 3,000 mi-
lhões somente.
A exploração das minas do Peru, México e Brasil,
contnbuio muito para augnientar o capital metallico
dos differentes povos, diminuindo todavia o valor dos
metaes preciosos.
Em 1810, verificou-se que o augmento resultante da
exploração do ouro e da prata no mundo inteiro, desde
o 15.° século excedeu de 40,500 milhões. Os 3/4
mais ou menos desta somma pertence á pouco
tornou assim a reganhar o terreno prata, que
perdido durante os
primeiro quinze séculos da era christã.
As minas da Austrália e da Califórnia têm augmen-
tado muito esse algarismo. Em total, desde a antigui-
dade a mais afastada até hoje, a exploração do ouro
tem feito entrar no commercio uma massa de 56,882
milhões de francos, e a da prata uma massa de 51,'802
milhões. Como peso, a primeira massa não excede' 15
milhões de kilogrammos (30 milhões de libras,) e a
segunda de 245 milhões de kilogr. (490 milhões de li-
bras). (*)

(*) Jornal de Ia Socièté d'Encouragement. Abril de 1864.


— 480 —

ESTRUMES DE PEIXES.

Desde cousa de 30 annos,os inglezes empregão o peixe


como estrume e obtém excellentes effeitos. Nas ilhas
Mauricias e da Reunião empregão em grande escala os
peixes avariados que lhes vem da índia e das ilhas da
Ásia mesmo para fertilisar os cannaviaes. Nas costas da
Noruega existem verdadeiras fabricas que aproveitão
todos os peixes arruinados e preparão um estrume que
vendem aos lavradores. Esta industria começa a intro-
duzir-se em vários pontos das costas de França. Consi-
derando a grande quantidade de phosphoro que os
peixes contém, para o aproveitar misturão-se os peixes
seccos com cal de modo a formar um phosphato de
cal, tão rico como o dos ossos ou os phosphatos mine-
raes. Mas os peixes contém não somente phosphoro
como uma quantidade de substancias orgânicas mui
úteis á vegetação.

APPLICAÇÃO DO PETRÓLEO a' NAVEGAÇÃO A VAPOR.

O vapor de agoa formado pela combustão do carvão


de pedra influe muito sobre a forma e as dimensões dos
navios, e a relação entre a tonellagem e o carvão con-
sumido, mesmo nas viajens curtas, é demasiadamente
forte; de sorte que, por via de regra, um vapor de di-
mensões ordinárias não pôde levar carvão para mais
de 6 dias. Pretende-se agora substituir o carvão de
pedra pelo petróleo, que offerece as seguintes vanta-
gens: Ia a sua possança productora de vapor é duas
vezes maior do que a do coke ou do authracito para
produzir vapor: 2a elle o produz em duas vezes menor
tempo; 3a o seu peso é duas vezes menor; 4a occupa
metade do espaço em volume igual; finalmente está
provado que o petróleo é tão abundante como o carvão
nas entranhas da terra. Resta somente procurar o meio
de remediar o único perigo que offerece este combus-
tivel, que é a sua combustão expontânea, perigo com-
paravel ao da pólvora. Estuda-se presentemente esta
questão nos Estados-Unidos.
"UfêS

DAS

MATEEIAS CONTIDAS
NO

AÜXlLfADGR DA INDUSTRIA NACIONAL.


DK

1864

JANEIRO.

Atâ°ovrblhodeai^i8tratiTOna sesss°de PA!


i6
Parecei da secção de agricultura sobre
as amos-

Acta da sessão do mesmo conseiho, de " °


zembro de 1863 3 de í)e
e
Parecer da secção de
geologia e chimica indus-
tnal, sobre as amostras de bisulfito de cal e
assucar, enviadas do Maranhão
Fortunato Madail ... pelo Sr José
ose
Idem da mesma secção, sobre a
bons acerca da fabricação do pretençâo de Gi-
sal-marinho 10
da S.llveira' <*ue haver
descoberto uma mina de salítre Pretende
^I?wat°
na villa
ruoca ...... **j"> Avu-
Auxil. **
61
— 482 —
de
Idem da mesma secção, sobre a pretençao
Francisco José Monjean, que pede privilegio 11
para a sua invenção de fabricar gelo artificial.
relati-
Idem da secção de machinas e apparelhos, Wrigh,
va ao privilegio pedido por Ricardo de reti-
um apparelho
para vender no Império • • ¦ • ^
nar assucar •
das fibras
Idem da secção de agricultura acerca Loroa-
de imbirussú, empregadas pelos Índios * 13
dos da provincia do Paraná. ¦•¦¦••
de fecun-
AGRicuLTURA.-Apreciação do methodo . * l/
dação artificial de Daniel Hooibrenck. . ierti-
Idem.—Das terras cansadas e das matérias •
tilisadoras animaes. . •
Industria agrícola.—Fabricação e melhora-
mento dos vinhos • • • *
as
Ensino agrícola.—Das escolas especiaes para •
filhas dos cultivadores. . * • • .• * • de
Progressos agrícolas.—O estabelecimento 36
machinas do Sr. Manoel Olegano Abranches.
Noticia industrial.—Uma maravilha contempo-
ranea • • • *. * ' ' '
. qq

Progresso e rotina.—Anedoctas agrícolas. .
fevereiro.
De-
Acta da sessão da assembléa geral, em 16 de
zembro d« 1863. . * •*•.;•.¦ ' *
ôl
Acta da sessão do conselho administrativo, em • 4b
de Janeiro de 1864 • • •
Parecer da secção de machinas e apparelhos sobree
o privilegio pedido por Camillo de Lelhs
Silva, para construir e vender carros suspensos, 51
destinados aos transportes das carnes verdes.
Dito da secção de chimica applicada, sobre a pre-
tenção de Manoel Bezerra Cavalcanti, sobre um
das garapas. 52
processo seu de extrahir assucar
Dito da mesma secção, sobre a pintura hydro- 5d
fuga de Fábio Tribiani • • •
de
Agricultura e chimica agrícola.—Analyse
— 483 —

terras e ensaios de cultura experimental, feitas


na colônia de D. Francisca, provincia de Santa
Catharina, pelo Sr. conde de Ia Hure ... 54
Bibliographia agrícola. — As leis _ naturaes
da agricultura moderna por J. Liebig . . 56
Economia agrícola. — Estudos sobre as ra-
ças bovinas —
"1
Industria. — Photo-lithographia. Photogra-
phia.—Fabricação do.» gaz de illuminação. ex-
trahido do petróleo—Novo algodão-polvora.—
Reproducção das novas e velhas lithographias.
—Nova liga para as peças de artilharia.—Bur-
nidura do ferro e do aço.—Novo methodo de
fundir o aço 68
Noticias e vARiEDADES.--Modo de purificar e de
conservar o mel das abelhas.—Valor de um cão
morto.—Franklin e o sorgho : Pope e o sal-
gueiro chorão.—Explosão dos tubos de cobre
de illuminação a gaz.—Um discurso que todos
desejarião ouvir.—Enbranquecimento das pel-
les de cabra 75

MARÇO.

Acta da sessão do conselho, no dia Io de Fevereiro


de 1864 81
Parecer da secção de chimica industrial sobre o
processo de fabricar vinho, inventado por Joa-
quim Dias da Costa 87
Idem da mesma secção, sobre o processo de pre-
servar os livros dos ataques dos insectos, pelo
Sr. Antonio J. F. de Mendonça Belém. . . 88
Idem da secção de machinas e apparelhos, sobre
o privilegio pedido por Eli. W* Blake para a
sua machina de quebrar pedras. ..... 88
Acta da sessão do conselho, em 15 de Fevereiro
de 1864 90
Parecer da secção de chimica industrial sobre o
privilegio pedido por David Crohett para as
— 484 —

suas fornalhas de queimar combustíveis humi-


dos 93
Idem da secção de machinas e apparelhos, sobre
o privilegio pedido por Manoel Dutra Cardoso
para uma machina própria para trabalhos hy-
draulicos 93
Bibliographia agrícola.—Das leis naturaes da
vegetação (terceiro artigo) ....... 95
Horticultura.—Os melões da.Esclavonia. . . 107
Economia rural e domestica.—Gallinocultura. 107
Psicultura.-Algumas palavras sobre a psicultura *111
Economia agrícola.—Do tasajo, ou carne secca
sem sal .•.*•.' ¦^
Economia domestica.—Receita para fabricar vi-
nho de mangas 115
Economia social.—A questão da escravidão do-
mestiça pelo Sr. Antônio J. F. de Mendonça
Belém 116
Noticias industriaes.—Macbinas de vapor ver-
ticaes, de caldeiras não tubulares e de foco in-
terior. — Indium, novo metal 119
abbil.
Sessão do conselho, no Io de Março de 1864 . . 121
Parecer da secção de machinas e apparelhos sobre
a pretenção de Gony Stephen, que pedeprivile-
gio para uma machina de preparar madeiras. . 123
Idem da mesma secção, sobre a pretenção do mes-
mo Gony Stephen, em que pede previlegio
para um apparelho destinado á conservação
dos cereaes 124
Sessão do conselho em 15 de Março de 1864. . 125
Bbliographia agrícola. — Ensaio sobre a cul-
tura da canna de assucar, pelo Sr. Álvaro Rey-
noso, professor de chimica agrícola em Havana. 127
Agricultura. — Das regas subterrâneas. . . 134
Estéreo, cinzas, applicação do fogo ás terras. 142
Economia rural. — Das vaccas leiteiras. . . 145
Mecânica agrícola. — Os moinhos de vento. 146
Industbia.—Algodão pólvora.—Nova solda para
— 485 —

os vasos metallicos.—Fabricação do iodo.—Ap-


plicação das plantas marinhas na fabricação
de uma matéria capaz de substituir o ebano e
o marfim. — Fabricação do assucar com o em-
prego da stronciana . 147
Noticias e variedades.—Locomovei electrica.
—Matérias próprias para evitar as incrustações
das caldeiras a vapor.—Locomovei de Bray.
—Teleprapho acústico.—Estado da drainage
em França e ha Bélgica, em 1861.—Dous no-
vos metaes.—Tapetes de borracha.—Liga me-
tallica para forro de navios 153
maio.

Acta da sessão do conselho administrativo, no Io


de Abril de 1864. .......... 161
Parecer da secção de chimica industrial, soljre a
pretenção de William Gilbert Ginty, de obter
privilegio para preparar com turba do paiz, um
combustível próprio para substituir os outros
combustíveis 162
Parecer da mesma secção, sobre a pretenção de
Gomez de Escobar, a respeito de uma mina de
de mercúrio, que diz haver descoberto no dis-
tricto de Santa Rita da Extrema, na provincia
de Minas. 169
Parecer da mesma secção, sobre a pretenção de
Leandro Francisco Arantes, que pretende haver
descoberto uma mina de carvão de pedra no
arraial do Infeccionado, termo da cidade de
Marianna, na provincia de Minas 171
Acta da sessão do conselho administrativo, em 15
de Abril de 1864. 173
Parecer da secção de industria fabril, sobre a pre-
tenção de Gony Stephen, pedindo privilegio
para fabricar tijollos esmaltados de diversas
cores 174
Relatório dos trabalhos da Sociedade Auxiliadora
da Industria Nacional, durante o anno de 1863. 177
— 486 —

Economia rural e eomestica.—Gallinocultura 187


(conclusão)
annun-
Chimica agrícola.-Analyse das terras. O la-
cio do Sr. Conde de Ia Hure, convidando os
vradores a lhe enviarem amostras de suas terras
afim.de serem analysadas. ...-•••
Noticias e variedades.—O commercio das ostras
no Estados Unidos.—O tabaco.—A doença da 169
vinha.—Cantaria serrada a vapor

JUNHO.

2
Acta da sessão do conselho administrativo, em• •
de Maio de 1864 - • • •
Acta da sessão do conselho, em 16 de Maio . . f\ MD
a
Parecer da secção de chimica industrial, sobre
da Cunha, pedindo
pretenção de Joaquim Dias
vinho de uva em todo o
privilegio para fabricar
império .:'.''
Parecer da mesma secção sobre o privilegio pe-
dido por Frederico Carlos Welkamp, para m-
troduzir no paiz o uso e o fabrico de um com-
bustivel econômico A
Parecer da mesma secção sobre a pretenção de
Antônio Pinheiro de Aguiar, solicitando do go-
verno imperial, privilegio ou auxílios- para fa-
bricar vinho de laranja • • n> 211
Parecer da secção de melhoramento das raças ani-
mães sobre uma proposta submettida á sua
consideração • • • • 213
Acta da sessão do conselho, no Io de Junho. il»
Parecer da secção de industria fabril sobre a fa-
brica de cal de marisco, estabelecida na ilha de
Paquetá, pertencente a Antônio Pedro de Me-
deiros -^y
Parecer da secção de machinas e apparelhos, so-
bre o pedido de privilegio solicitado por Ca-
millo de Lelis da Silva, para os carros de trans-
porte de carnes veides 221
— 487 —

Agricultura.—Das necessidades das plantas.—'


Azotistas, mineralistas e ecclecticos .... 224
Mechanica agrícola.—Moinho americano por-
tatil de mó conica 231
Industria.—Da distillação do carvão de pedra.
—Gaz de illuminação.—Paraffina.—Saes am-
moniacaes.—Benzina.—Anilina. — Cores deri-
vadas da anilina, etc 234
Variedade.—Methodo fácil de determinar o peso
especifico dos corpos mineraes 240

JULHO.

Acta da sessão do conselho em 15 de Junho . . 241


Parecer da secçao de agricultura sobre as amos-
trás de algodão cultivado na colônia de D.
Francisea, provincia de Santa Catharina, pelo
Sr. conde de Ia Hure 245
Parecer da secçao de industria fabril sobre a fa-
brica de chapéos, estabelecida na rua de S. Pe-
dro n. 52, pertencente a Costa Braga e C. . 246
Parecer da secçao de agricultura sobre uma pro-
posta submettida á sua consideração, ácêrca de
moinhos de farinha de trigo 249
Industria.—Da distillação de carvão de pedra.
—Gaz de illuminação.—Paraffina.—Saes am-
moniacaes.—Benzina.—Anilina. — Cores deri-
vadas da anilina, etc. (Continuação) .... 255
Hygiene dos animaes domésticos 264
Ensino agrícola 265
Chimica analytica.—Extracto do registro das
analyses do Sr. conde de Ia Hure 270
Progressos agrícolas.—As ferramentas ameri-
canas 271
Noticias e variedades.—Conservação da ma-
deira. — Da cultura e exportação do chá na
China.—Colla de leite. — Magnesium. — Fogo
grego americano.—Receita para evitar a po-
dridão dos barrotes e estacas.—Emprego da
benzina no desenho.—Fabricação dos sabonetes.
— 488 —

—Extracção da fecula do milho.—Consumo da


carne de cavalio na Áustria.—Palácio imperial
dos cavallos inválidos.—Industria do carvão
de pedra na Inglaterra.—Metallurgia do Nikel. 722
AGOSTO.

Acta da sessão do conselho administrativo, em Io


de Julho de 1864 .281
Parecer da secção de agricultura, sobre um officio
do Sr. Dr. Blumunau, director da colônia Blu-
menau, na provincia de Santa Çatharina. . 282
Idem, da secção de machinas e apparelhos, sobre
a pretenção de Luiz Francisco Delouche. . . 285
Industria.—Da utilidade dos residuos das fabricas
e de outros residuos reputados inúteis e nocivos. 287
Agricultura.—Do emprego do gesso na agricul-
tura, e os meios de verificar a sua pureza. . 297
Effeito do pó de ossos sobre os pastos. . . . >. 298
Economia agrícola.—Dos diversos modos de ali-
mentação do gado 300
Do guano e do estéreo das aves 302
Engordamento do gado.—Valor dos estrumes que
elle produz 304
Noticias e variedades.—Da circulação e dos
accidentes nos caminhos de ferro em França.
—Força mecânica contida no carvão de pedra.
—Luz electrica.—Locomoveis de Aveling e
Porter.—Fumadores de arsênico.—O rio de
fogo.—A magnitude da industria ingleza.—
Effeitos da ignorância.—O assucar de erable ou
maple.—Carvão de pedra fusível.—Não ha
mais leite azedo 310
setembro.
Acta da sessão do conselho, em 15 de Julho . . 321
Parecer da secção de chimica industrial sobre a
pretenção de José de Souza e Silva Braga, que
pede a concessão do titulo de Imperial para a
orchata por elle preparada 323
— 489 —

Parecer da mesma secção sobre a pretenção de


Gony Stephen, que requereu privilegio para o
seu processo de fabricar pedras artifiçiaes . . 324
Parecer da mesma secção sobre a pretenção de
Joaquim Ferreira Nobre, pedindo privilegio
para a sua invenção de um liquido, denominado
Anti-Burmikal, próprio para matar formigas . 327
Parecer da mesma secção sobre a pretenção de
Joseph Pradines, residente na cidade do Re-
cife, solicitando privilegio para os seus afiado-
res de navalhas 331
Parecer da secção de machinas e apparelhos, so-
bre o privilegio pedido por Carlos Augusto
Taunay em favor da sua machina de seecar café. 332
Acta da sessão do conselho no 1° de Agosto . . 337
Variedades.—A terra empobrecida pelo mar.
— A exportação do Brasil em algodão . . . 340
Agricultura.—Ensino agrícola.—Da agricul-
tura na Bélgica.—Algumas palavras acerca do
ensino primário e do ensino industrial e agri-
cola 345
Industria*—Dos jazigos de petróleo do Canadá
e da provincia da Bahia 354
Accidentes nas minas de carvão de pedra . . . 360

OUTUBRO»

Acta da sessão do conselho administrativo, em


16deAgostode 1864 361
Parecer da commissão de chimica industrial, sobre
a pretenção de Bernardo Secco, para fabricar vi-
nho verde tinto 362
Acta da sessão do conselho administrativo em
Io de Setembro de 1864 366
Parecer da secção de industria fajbril sobre o pri-
vilegio pedido por José Gonçalves de Carvalho: 368
Industria.—Da utilisação dos resíduos das fa-
bricas e outros resíduos reputados inúteis ou
nocivos {Continuação) 371
Auxil. 62
DO

AUXILIADOR
DA

INDUSTRIA NACIONAL
De 186££.

JANEIRO

Pags.

Sessão de assembléa-geral, em 3 de Novembro de


1864 d
Sessão do conselho administrativo em 15 de Ne-
vembro de 1864 • • •
Approvação do parecer da secção de agricultura,
sobre a proposta do Sr. J. A. de Azevedo, a res-
exposição
peito da conveniência de fazer-se uma relativas a
especial de algodão e das machinas
essa especialidade • • •
Sessão do conselho administrativo em Io de De-
zembro de 1864
— 496 —
Pags.
da
Agricultura. — Breve revista do estado actual
agricultura, e em que consiste os melhora-
mentos agrícolas

FEVEREIRO

Sessão de assembléa-geral, em 17 de Dezambro de 41


1864 • • •_ •. •
Sessão do conselho administrativo em 2 de Janeiro
de 1865 ;••'•/
Chimica agrícola. — Analyses de vegetaes e de
^
terras, pelo Sr. Conde de Ia Hure. . . ¦
Progressos agrícolas. —Reunião d'agncultores 55
no Município de Vassouras
Noticias e variedades : *£!
58
Duração das pontes ae ferro. ...••¦ oo
Utilisação da salmoura como matéria alimentícia. • «>»
. .
Queijo feito com carne podre de tubarão.
Conservação dos grãos alimentícios
Oenologia, ou a arte de fabricar —o vinho.
Capitulo i. — Preparação do vinho. Divisão e
classificação das operações. •••••*
Capitulo ii. — Vindima, colheita e escolha das o'
uvas _q
. '<>
Capitulo ni.—Ápisoamento e desbagamento.

MARÇO

Sessão do conselho administrativo em 16 de Ja- 81


neiro de 1865
Parecer da secção d'industria fabril, sobre ore-
solicita pnvi-
querimento d'Eugnio Muller que de bana-
legio para fabricarem papel com fibras
• ¦ 84
neira •
Sessão do conselho administrativo em Iode teve- 87
reiro de 1865
— 41)7 —

Pags.
Parecer de uma commissão especial sobre a pro-
posta para se pedirem subsídios a varias pro-
vincias, e crear nas mesmas provincias socie-
dades auxiliadoras de industria ..... 88
Parecer da secçào de maquinas e apparelhos rela-
tivo ás maquinas de descaroçar algodão de Do-
bson á Barláw, de Platt & irmãos e d'Emery. 92
Parecer da secção da industria fabril a respeito das
fibras vegetaes de varias plantas do Rio Doce,
enviadas pelo Sr. Dr. Domingos Martins Guer-
ra 95
Parecer da secção de maquinas e apparelhos sobre
o privilegio pedido por José Joaquim Souza Ay-
rão Martins para carros destinados a irrigar e
varrer as ruas 97
A' arte de fabricar o vinho (continuação) :
Capitulo iv. — Disposição das cubas durante a
fermentação 99
Capítulo v.—Hygiene dos lagares 105
Capítulo vi — Estado aetual da chimica do vinho 114
Industria. — Fibras de taquarussú, preparadas
pelo Sr. José Serapião dos Santos Silva. 119
Variedade. — Propriedade notável do bagasso da
canna d'assucar 120

ABRIL

Sessão do conselho administrativo em 15 de Fe-


reiro 122
Approvação do parecer da comniissão especial cn-
carregada d'examinar a proposta do Sr. Mieheiy,
sericicultor, da Cayenna, que pretende intro-
duzir no Brazil a criação do bicho da seda ex-
posto ao ar livre 123
Approvação do parecer de secção de machinas e
apparelhos sobre o privilegio que pede o Sr.
Alberto Gierkens, para construir e usar de um
— 498 —

Pays.
*fr

apparelho de sua invenção destinado a elevar e


trasvasar os líquidos 429
Relatório dos trabalhos da Sociedade Auxiliadora
da Industria Nacional durante o anno de 1864. 131
Chimica agrícola. —-Analvseschimicas feitas so-
si

bre vegetaes e terras, pelo Sr. Dr. Glasl, di-


rector do Jardim Botânico 147
Agricultura. — Sementes de café da Arábia,
mandadas buscar pelo governo imperial. . . 150
Cultura da Jaqueira e d'outras arvores fructiferas,
pelo Sr. Antônio José T. de Mendonça Belém. 152
Variedade. — A vida do campo 457

MAIO.

Sessão do conselho administrativo em Io de Março


de 4865 461
Approvação do parecer da secção de commercio e
meios de transporte sobre o privilegio do Sr.
Carlos de Morny, de um novo systema de cons-
trucção de carros destinados ao transporte de
cargas pezadas 463
Sessão do conselho administrativo em 45 de Março 466
Sessão do conselho edministrativo em Io de Abril 169
Parecer e contas das despezas feitas com o pro-
cto das subscripções promovidas entre os sócios
da Sociedade Auxiliadora da Industria Nacional
para a inauguração do busto do Exm. Sr. Marquez
de Abrantes, e para montar-se a bibliotheca da
mesma Sociedade 477
A arte de fabricar vinho :
Capitulo vn.—Duração da fermentação.—Espre-
medura.—Descubagem 180
Capitulo viu.— Enchimento dos toneis.— Atesto
dos toneis 486
Capitulo ix.—Trafego do vinho 192
Chimica agrícola.—Analyse chimica de café, chá,
— 499 —

Pag.
mate, guaçhima e da canna de assucar, Sr.
Dr. Glasl, director do Jardim Botânico.pelo . , 197
Noticias industriaes.—Óleo das sementes do ai-
godão.—Chá de folhas de café. ..... 200

JUNHO..

Sessão do conselho administrativo em 15 de Abril -


•¦•••¦-.... 201
AXel86S
arte de fabricar o vinho (continuação):
Capitulo x.—Collagem ^03
Industria agrícola e florestal :
Estado aclual da extracção e commercio da borra-
cha na provincia do Pará.—Methodo deStrauss
para solidificar o sueco leitoso da seringueira.
—Meios de fazer
prosperar a industria. . . 219
Chimica agrícola :
Analyse chimica de terras, pelo Sr. Dr. Glasl,
director do Jardim Botânico. . 231
Mineração:
Jazigos de carvão de pedra do Rio Grande do Sul
c Santa Çatharina 236

JULHO.

Sessão do conselho administrativo em lü de Maio. 244


Approvaçao do parecer da secção de agricultura,
sob o officio do cônsul honorário do Brazil em
, Alexandria, dando conta dos exforços por elle
empregados para obter sementes de café da
Arábia 245
Approvaçao do f.arecer da mesma secção sob o
aviso do ministério d'agricultura, enviando um
volume de folhas de tabaco, cultivado na colônia
d'Itajahy, em Santa Çatharina. . . . ¦.. . 246
Approvaçao do parecer da secção rie chimica appli-
cada, do requerimento que fez Antonio Moreira
Auxil. Dezembro de 1865. 63
500 —

Pags.
de Souza Meirelles para a suspensão da concessão
do privilegio solicitado por Manoel Marques das
Neves Lobo para estabelecer e explorar salinas
no litoral do Rio Grande do Sul 247
Sessão do conselho administrativo em 15 de Maio. 256
Approvaçâo do parecer da secçao de agricultura
sob o officio do Sr. F. A. Warnhagem, remet-
tendo sementes da arvore que produz a quina . 257
Approvaçâo do parecer da mesma secçao sob o
officio do presidente do Pará, acompanhando
uma amostra de algodão colhido por Hilário
Ferreira Muniz 258
A arte de fabricar o vinho (continuação^:
Capitulo xi. — Do enchoframento 259
Capitulo xn.—Engarrafamento 266
Legislação industrial :
Previlegios ou patentes d'invenção, d'introduceão
e de aperfeiçoamento . ......*. 270
Chimica agbicola:
Analyse chimica de terras, pelo Sr. Dr. Glasl, dU
rector do Jardim Botânico . . 2*7.6
Variedades :
O café considerado como alimento,— Panonia. . 278

AGOSTO.

Sessão do conselho administrativo em Io de Junho


de 1865 283
Approvaçâo do parecer da secçao de industria fa-
bril, sobre a fabrica de cal de marisco estabele-
cida na ilha de Paquetá 286
Sessão da assembléa geral em 16 de Junho. . . 287
Sessão do conselho administrativo em f Ode Junho. 288
Approvaçâo do parecer da secçao de commercio e
meios de transportes sobre o estabelecimento de
uma linha de vapores entre os Estados-Unidos
c o Brasil 288
— SOI —

Pags.
Sessão do conselho administrativo em Io de Julho. 293
Approvação do parecer da secção de industria fa-
bnl, sobre as fibras do taquarussú apresentadas
pelo Sr. José Serapião dos Santos e Silva 295
Sessão do conselho administrativo em 15 de Julho 296
Approvação do projecto do Sr. J. A. de Azevedo! 297
A ARTE DE FABRICAR O VINHO.
(conclusão)
Capjtllo xiv.— Modificação feitas na marcha da
vinificação em certas circumstancias, e com fins
particulares 302
Capitulo xv.—Dos agentes de fermentação dos
vmhos. — Meio de conservar e melhorar. —
Processo para reconhecer se os vinhos estão
corados artificialmente .¦ 399
Agricultrra.— Adubos e estrumes':
Cal animalisada 342
Emprego do vidro solúvel na agricultura' . . . 313
Estrume applicaveis aos terrenos magros e are-
"osos 314
emprego dos ossos como estrume 314
Effeitos do gesso; a que deve ser attribuido esses
effeitos? 315
Estrumes verdes !.'.".' 317
'. 318
Multiplicações das plantas por meio de estacas.
Óleo das sementes do tabaco 319
Preparação dos palitos chimicos sem
phosphoro. 319
Novas composições de pólvora de mina .... 320
Os chapéos de palha de Itália .' 321

SETEMBRO.

Acta do conselho administrativo em Io de Agosto. 323


Approvação do parecer da secção de machinas e ap-
parelhos sobre a pretenção do Sr. Alexandre
Carlos Luiz Devaux, o qual pede privilegio
20 annos para fabricar e vender no império por
de-
rm
Pags.
dos ce-
posilos arejadores para a conservação 327
reaes •
Acta do conselho administrativo em 15 de Agosto. 330
Approvação do parecer da secção de commercio e
meios de transportes sobre a pretenção de Luiz
d'Ordan que pede privilegio por 20 annos para
usar de carros de sua invenção. ..... 331
Industria agrícola :
Sericicultura.— Dos insectos que produzem a
seda • • 337
Industria. — Conservas alimentícias, icgumes,
carnes seccas, salgadas, etc. Novas invenções
• 349
para conservar as carnes de fahri-
«Industria rural.—Methodo econômico
cir a manteiga e o queijo.—Processo para con-
servar a manteiga . . . • • • • 357
Horticultura.— Augmento do volume das fruetas 359
de ferro. . .
por meio do emprego do sulfato
Notícias indiistriabs e variedades :
Utilidade de molhar o tijollo antes de o empregar 360
nasconstrucções. •
Modo de tornar a madeira incombastivel por meio 361
àbi
da pedra hume e do sulfato de cobre. ...
361
ábl
Conservação da carne por meio de ácido sulfuroso. 362
Plantas ute
ilevivicação do carvão animal. ...... 362

OUTUBRO

Algumas palavras acerca do finado marquez de


Abrantes •
vela da sessão do conselho administrativo em Io
36
de Setembro de 1865
idem da sessão do conselho administrativo em 15
• d7U
de Setembro •
503
'ags.
Idem da sessão do conselho administrativo em 2
de Outubro. . ......... 371
Industria agrícola. — sehicultura.—Dos inse-
ctos que produzem seda ....... 373
Agricultura. — hygiene publica. —Effeitos hy-
gienicos da drainage . 382
Effeitos da drainage sobre a vegetação. . . . 384
Agricultura.— Da ferrujem dos vegetaes e par-
ticularmente da Jerrujem do trigo .... 387
Composição chimica e physica do trigo. , . . 392
Branqueamento da palha para fazer papel pelo Sr.
Mendonça Belém 395
Fabricação do aço por meio do ácido carbônico. 397
Extração do ouro por meio do chloro nascente. 397
Industria.— Das diversas espécies de papelão, a
que os francezes chamão papier-mâché. . . 398
Agronomia.—geologia agrícola,— Communica-
do do Sr. conde de Ia Hure 400

NOVEMBRO

Sessão extraordinária do conselho administrativo


em 6 de Outubro de 1865 pag 403
Idem do conselho administrativo em 16 de On-
tubro 405
Industria agrícola. —sericultura.— Dos inse-
ctos que produzem seda 407
Industria agrícola.—Novos melhoramentos de
fabricação do assucar 414
Agricultura.—culturas industriaes.— Cultura,
manipulações e usos do linho 416
Agricultura.—Da fabricação e emprego dos phos-
phatos de cal na Inglaterra 420
Noticias e variedades.— Estado actual da agri-
cultura na Áustria 425
504 —
Pàss
rv-'

ÍEpizootia do gado em Inglaterra 428


A ervilia, nova planta de pasto. ..... 429
Nova maquina hydraulica elevatória. ¦, . . 430
Industria e commergio.—Da industria e do com-
mercio do gelo, nos Estados-Unidos . ., . 431
Absurdos administrativos. —v A vindima e os
maires em França * « 434
Azulina 437
Mármore artificial.— As parasitas do assucar
mascavo.— Novo processo de gravura em re-
levo . . • . • • 438
Emprego do petróleo ou kerosene na vulcanisação
da borracha. **N*
Estatística—economia rural.-—Producçãoe con-
sumo do leite na america do norte.— Methodos
de conservar o leite fresco; falsificações do
leite 440

DEZEMBRO

Sessão do conselho administrativo cm2 de No-


vembro de 1865. pags. ••—;•• 44<5
Sessão extraordinária de assembléa geral em o _
de Novembro de 1865 * • • 445
Sessão do conselho administrativo em 15 de No
vembro 447
Elogio histórico do finado marquez d'Abrantes . 451

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