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Universidade Federal do Ceará

Centro de Ciências
Departamento de Biologia
Disciplina: Imunologia (CH0904)
Profa. Erika Freitas Mota

Estudo Dirigido referente ao capítulo 16 (Imunologia de Janeway)


Evolução do Sistema Imunológico
Gabriela Alves Valentim

1. A evolução do sistema imunológico pode ser estudada pela comparação de genes


expressos em diferentes espécies. Qual a hipótese para a evolução do sistema
imunológico?
Para o estudo da evolução do sistema imune acredita-se que se um gene é encontrado na
mesma forma em duas espécies diferentes, então esse gene também deve estar presente no
ancestral comum aquelas espécies. Assim, a divergência de plantas, a partir de seu ancestral
comum com os animais, ocorreu antes da divergência da linhagem de insetos. Os avanços
no sequenciamento de DNA têm levado ao conhecimento de toda a sequência de uma série
de organismos. Esta informação tem revelado uma enorme similaridade nas estratégias da
imunidade inata em todos os filos.

2. Em quais grupos de seres vivos são encontradas moléculas responsáveis pela


imunidade inata? Quais evidências mostram que a imunidade inata é a mais antiga
forma de defesa?
Moléculas responsáveis pela imunidade inata são encontradas em animais e plantas. Estas
moléculas são os peptídeos antimicrobianos. Uma classe amplamente distribuída de
peptídeos antimicrobianos são as defensinas. Embora as estruturas das defensinas sejam
diferentes em mamíferos e em insetos e plantas, está claro que todas elas estão relacionadas
estruturalmente e derivam do mesmo sistema ancestral de defesa do hospedeiro, um
organismos unicelular precursor comum de vegetais e plantas.

3. A evolução da imunidade adaptativa continua um tema fascinante e desafiador. Qual a


sua proposta para a natureza do gene invadido? E qual a função proposta para o tipo
celular no qual uma imunoglobulina ancestral tenha sido expressa?
O gene invadido deve ter sido semelhante a um membro da família das imunoglobulinas e
poderia já estar funcionando como um tipo de receptor de antígeno, para estar operando
apropriadamente em sua forma alterada. Isso deveria ajudar a limitar a procura
consideravelmente. O tipo celular no qual a imunoglobulina ancestral era expressa era deve
ter sido um linfócito, mas também pode ter sido uma célula fagocítica, como um macrófago
ou um leucócito polimorfonucleado que perdeu a capacidade de fagocitose à medida que
desenvolveu novas funções possíveis pela expressão de um receptor de antígeno variável.
Ela pode mesmo ter sido semelhante a uma célula NK primitiva, na qual um receptor
invariável da superfamília das imunoglobulinas já estava envolvido no reconhecimento de
uma molécula primordial semelhante à MHC. Ou talvez tenha sido algum outro tipo celular
muito diferente que não existe mais nos vertebrados.

4. Até recentemente, pensava-se que a imunidade adaptativa surgiu exclusiva e


repentinamente nos mandibulados, pela ação das enzimas RAG1 e RAG2. Novas
descobertas trouxeram outras perspectivas para a compreensão da evolução da
imunidade adaptativa. Quais foram essas descobertas?
Alguns invertebrados geram grande diversidade em um repertório de genes semelhantes as
imunoglobulinas e os ágnatos possuem um sistema imune adaptativo que utiliza o rearranjo
gênico somático para diversificar os receptores produzidos a partir de domínios com
repetições ricas em leucinas (LRR).

5. A maioria dos invertebrados não possui linfócitos, nem anticorpos, mas todos
possuem mecanismos muito eficientes de defesa. Cite alguns desses mecanismos
celulares e humorais de defesa dos invertebrados.
Na Drosophila, as células de gordura e os hemócitos atuam como parte do sistema imune.
As células de gordura secretam proteínas, como as defensinas antimicrobianas, na
hemolinfa. Outra proteína encontrada na hemolinfa é a molécula de adesão celular da
síndrome de Down (Dscam), um membro da superfamília das imunoglobulinas. Essa proteína
contém múltiplos domínios semelhantes a imunoglobulina. Observações sugerem que pelo
menos algum desses extensivos repertórios de éxons alternativos podem estar envolvidos na
habilidade de insetos em reconhecer patógenos. O molusco Biomphalaria glabrata expressa
uma pequena família de proteínas relacionadas com o fibrinogênio (FREPs), cuja
concentração na hemolinfa aumenta quando o caracol é infeccionado por parasitas. As
FREPs possuem um ou dois domínios da imunoglobulina na sua terminação amino e um
domínio de fibrinogênio na terminação carboxila. O domínio imunoglobulina pode interagir
com patógenos, ao passo que o domínio fibrinogênio pode conferir as propriedades
semelhantes à lectina na FREP para ajudar a precipitar o complexo. Além disso, a defesa
também é realizada por mecanismos como produção de muco, fagocitose, produção de
aglutininas e lisinas.
6. O reconhecimento do não-próprio e a cooperação celular em invertebrados são
mediados por diversos fatores. Quais?
Os fatores presentes nos fluídos corporais de invertebrados que podem agir como moléculas
de reconhecimentos, são as aglutininas, os componentes de cascata de profenoloxidade e
cecropina de insetos, denominados hemolinfa. As aglutininas estão presentes no sangue e
podem ter função de ponte entre leucócitos e partículas estranhas. O PpO (profenoloxidase),
provavelmente também funciona como fator de reconhecimento que favorecem a fagocitose
e a encapsulação. A hemolina é uma proteína imune com quatro domínios, semelhante as
imunoglobulinas dos vertebrados, que se ligam a superfícies bacterianas e reconhecem
células estranhas. Esses processos de reconhecimento do não-próprio e a fagocitose
subsequente envolvem a cooperação entre as células hemostáticas e fagocíticas, assim,
embora os invertebrados não possuam interações entre células apresentadoras de antígenos
(APCs) e subpopulações de linfócitos, os vários imunócitos cooperam durante as respostas
medidas por células.

7. Até recentemente, pensava-se que a imunidade dos invertebrados estava limitada à


imunidade inata com diversidade muito restrita no reconhecimento dos patógenos.
Quais descobertas modificaram essa hipótese?
A descoberta da molécula de adesão celular da síndrome de Down (Dscam), proteína contém
múltiplos domínios semelhantes a imunoglobulina, e das proteínas relacionadas com o
fibrinogênio (FREPs), proteínas com um ou dois domínios da imunoglobulina na sua
terminação amino e um domínio de fibrinogênio na terminação carboxila.

8. A Drosophila melanogaster pode expressar um repertório diverso de isoforma Dscam.


Isso implica que tenha imunidade adaptativa? Justifique sua resposta.
A proteína Dscam contém múltiplos, em geral 10, domínios semelhantes a imunoglobulina.
Entretanto, o gene que codifica a Dscam evoluiu e contém um grande número de éxons
alternativos para vários desses domínios. O éxon 4 da proteína Dscam pode ser codificado
por qualquer um dos 12 diferentes exóns, especificando cada domínio da imunoglobulina com
diferentes sequências. O conjunto do éxon 6 possui 48 éxons alternativos, o éxon 9 possui
33, e o conjunto 17 possui 2: estima-se que o gene Dscam possa codificar aproximadamente
38.000 isoformas de proteínas. Não se pode dizer, no entanto, se a diversificação do receptor
é acompanhada por uma expressão distribuída clonalmente de receptores de espécies
distintas. Não podemos dizer portanto que esses mecanismos são de imunidade adaptativa,
pois não se sabe se há capacidade para seleção de determinantes variantes e a capacidade
de memória imunológica.
9. O genoma do ouriço-do-mar contém um gene que parece estar relacionado ao
ancestral do transposon RAG. Que implicações isso apresenta em relação à “evolução
alternativa da imunidade adaptativa” em ágnatos e nos vertebrados mandibulados?
Esse fato fortaleceria a ideia de que um DNA móvel carregando as recombinases ancestrais
RAG se inseriu em uma extensão de DNA, provavelmente em um gene que era similar a um
gene de imunoglobulina ou uma região V do gene para receptor de células T. Posteriormente,
a integração de um transposon no gene receptor deu origem aos genes de imunoglobulinas
e de receptores de células T e sua capacidade para recombinação somática.

10. Quais as implicações da descoberta de um “candidato a timo” em lampreias para os


estudos de evolução do sistema imunológico?
As implicações da descoberta de um “candidato a timo”, no caso, de estruturas linfoepiteliais
semelhantes a timos discretos chamados de timóides nas lampreias que expressam
receptores de antígenos somaticamente diversificados, sugerem que existem semelhanças
em relação a natureza do sistema imunológico adaptativo nos grupos de vertebrados com e
sem mandíbula, que se estendem aos órgãos linfoides primários.

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