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Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro

Licenciatura em Economia

Setor Primário

Impacto da adesão na União Europeia

UC: Economia Portuguesa e Europeia

Docente: Professora Doutora Teresa Sequeira

ECHS – Departamento de Economia, Sociologia e Gestão

Realizado por:
António Rodrigues nº62731, Economia
Joana Borges nº62541, Economia
Joel Ferreira nº62164, Economia
Marco Moura nº62243, Economia
Sara Sequeira nº62228, Economia

23 de maio de 2018
Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro

Licenciatura em Economia
Índice
Índice............................................................................................................................................2
Declaração....................................................................................................................................3
Introdução....................................................................................................................................4
Setor primário e as suas principais atividades..............................................................................5
Antes da integração na União Europeia.......................................................................................6
Estado Novo.............................................................................................................................7
Reforma Agrária.......................................................................................................................8
Política agrária dos governos contitucionais (1975-1985)........................................................9
A Agricultura Portuguesa.......................................................................................................14
Depois da integração na União Europeia...................................................................................16
Comércio Externo antes de depois da adesão à UE...................................................................24
Composição das exportações e importações.........................................................................25
...............................................................................................................................................26
Taxa de cobertura..................................................................................................................28
Evolução do PIB antes e depois da integração...........................................................................29
Perspetivas para o futuro- 4º revolução industrial.....................................................................30
Conclusão...................................................................................................................................31
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Declaração

Declaramos que este trabalho intitulado Setor Primário foi redigido nas nossas
próprias palavras (excepto citações) e que todos os recursos bibliográficos utilizados e
as citações incluídas têm sido devidamente referenciados. Aceitamos que qualquer
divergência destas normas por nossa parte constitui plágio e resultará numa nota de zero
e, eventualmente, num processo disciplinar.

Assinaturas

(António Rodrigues)

(Joana Borges)

(Joel Ferreira)

(Marco Moura)

(Sara Sequeira)
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Introdução

Em países desenvolvidos e, até mesmo em alguns emergentes, o setor primário é


sobreposto pelo secundário e, principalmente, pelo terciário. Em nações menos
desenvolvidas, as práticas agropecuárias e extrativistas ainda são considerados os
principais meios de sobrevivência e manutenção económica. Muitos investigadores
encaram o futuro da agricultura contando cada vez menos com a mão-de-obra e, a que
restar, vai ser altamente especializada para o manuseamento de grandes máquinas. Isso
depende de toda a sociedade voltada para a procura do conhecimento, pois o aumento
do nível educacional faz com que os responsáveis por este setor voltem os seus
investimentos para os locais certos, fazendo com que sejam tomadas as melhores
decisões e sejam empregadas as técnicas corretas para o benefício do próprio agricultor.

O setor primário existe praticamente quase sempre no meio rural. Já foi a


principal área de atividade das sociedades, passando para um plano periférico em
termos de geração de empregos com a chegada da industrialização e os tempos
seguintes de modernização. Atualmente, este setor é altamente mecanizado, havendo
uma intensa substituição de mão-de-obra por máquinas.
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Setor primário e as suas principais atividades

O setor primário é o conjunto de atividades económicas que extraem e/ou


modificam matéria-prima. Isto implica geralmente a transformação de recursos naturais
em produtos primários. Muitos produtos do setor primário são considerados como
matérias-primas levadas para outras indústrias, a fim de se transformarem em produtos
industrializados. Alguns exemplos de atividades económicas do setor primário são:

 Agricultura - Conjunto de técnicas utilizadas para cultivar plantas com o


objetivo de obter alimentos, bebidas, fibras, energia, matéria-prima para
roupas, construções, medicamentos, ferramentas, etc;
 Pecuária - É a atividade que envolve a criação de gado;
 Extrativismo - Significa resumidamente todas as atividades de coleta de
produtos naturais, sejam estes produtos de origem animal, vegetal ou
mineral. É a mais antiga atividade humana, antecedendo a agricultura, a
pecuária e a indústria. Praticada mundialmente através dos tempos por
todas as sociedades;
 Caça - É a prática de perseguir animais, para entretenimento, defesa de
bens, populações e atividades agrícolas ou com fins comerciais.
 Pesca - É a extração de organismos aquáticos, do meio onde se
desenvolveram para diversos fins, tais como a alimentação, a recreação,
ou para fins comestíveis industriais, incluindo o fabrico de rações para o
alimento de animais em criação e a produção de substâncias com
interesse para a saúde;
 Mineração - É um termo que abrange os processos, atividades e
indústrias cujo objetivo é a extração de substâncias minerais a partir de
depósitos ou massas minerais. Podem incluir-se aqui a exploração de
petróleo e gás natural e até de água.
O setor primário é um setor muito vulnerável pois depende muito de fenómenos da
natureza, como o clima.
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Antes da integração na União Europeia

Antes da entrada na União Europeia, Portugal passou por duas fases, a do Estado
novo (1933-1974) e a reforma agrária. Esta última teve lugar ao longo do processo
revolucionário que se seguiu ao 25 de Abril e que envolveu expropriações,
nacionalizações e ocupação de propriedades pelos trabalhadores. Com esta houve vários
processos revolucionários como a ocupação de terras e a autogestão, até às
reivindicações mais ‘moderadas’, como a redução dos horários de trabalho para 8 horas
diárias, a redução progressiva da precariedade laboral nos campos e a implementação do
sistema de pensões.

Portugal, a partir do segundo quartel do século XIX e início do século XX,


estava com uma agricultura nacional marcada por muita pobreza e escassez alimentar. O
que a agricultura produzia não era suficiente para satisfazer as necessidades básicas de
alimentação das populações.

Em 1880 este era o setor predominante em praticamente todo o país, havendo


1121 milhares de pessoas a trabalhar nesta área, principalmente no interior do país como
o Alentejo onde 68% da população ativa se encontrava no setor primário.

Um aspeto importante é que a renda era fixada em função do rendimento que se


podia retirar da terra, considerando o desenvolvimento dos montados e a colonização da
propriedade. O mais usual era o arrendamento a três anos, que conduzia ao esgotamento
das terras, situação agravada com a introdução da debulhadora, da máquina de desfiar e
do corta-palha. No final do século XIX (1898) os proprietários concederam uma
margem de lucro daquilo que era produzido e a diminuição do preço das rendas ao
trabalhador.

Surgem assim as sociedades agrícolas que, tal como as empresas de crédito


(banca), financiavam os pequenos e médios agricultores que a elas recorriam quando
tinham um projeto considerado sustentável.
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Estado Novo

O Estado Novo (1933-1974) marcou o século XX português estabelecendo uma


mentalidade conservadora, apegada aos valores tradicionais, e combinado com uma
economia frágil caracterizou Portugal em vários aspetos como a fraca agícula e
indústria.

O objetivo era estabelecer a ordem e a estabilidade, tanto politicamente como


economicamente, algo se perdeu durante a Primeira República (1910-1926). No ambito
económico-social, o regime organizou o sistema em:

 Grémios- o Decreto-Lei nº 23 049 de 23 de Setembro de 1933 diz que


os grémios nacionais eram organismos corporativos das entidades patronais. No
seu artigo 3º estipula:  "Os Grémios devem subordinar os respectivos interesses
aos interesses da economia nacional em colaboração com o Estado e com os
órgãos superiores da produção e do trabalho, e repudiar simultaneamente a luta
de classes e o predomínio de plutocracias."
 Sindicatos nacionais- organização que defende e protege os trabalhadores
 Casas do povo- é um organismo de cooperação nacional destinando-se a
colaborar no desenvolvimento económico-social e cultura das comunidades
locais. Estes foram criadas pelo Decreto-Lei n.º 23 051 de 23 de
setembro de 1933.
 Lavoura- o conjunto de lavradores.

Com estes tem o objetivo de conciliar os interesses, diferentes ou até antagónicos,


dos proprietários e dos trabalhadores proporcionando o acesso dos trabalhadores a
alguns cuidados de saúde como já tinham os patrões.

O estado não tinha controlo direto da totalidade da atividade económica, porém


este dominava todos os setores da economia através de um forte poder de regulação.
Houve assim duas linhas orientadores deste regime, a ruralista e a industiralista. A
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primeira defendia o sistema de colonização interna, pois consideravam que Portugal
tinha as condições necessárias para ser autossuficiente do ponto de vista alimentar. A
segunda está dentro da teoria “neofisiocrática” preconizada por Rafael Duque (ministro
da agricultura do Estado Novo entre 1934 e 1944) defendia uma industrialização
sustentada, ou seja, defendia que o desenvolvimento do país deveria passar por uma
aposta maior na indústria sem pôr em causa a ruralidade do sistema económico
nacional. Apesar de todos os avanços e recuos, a linha prevalecente foi a ruralista.

Entre as medidas propostas por Rafael Duque para “modernizar” a agricultura,


incluía uma reorganização da propriedade, uma vez que no norte do país predominava a
pequena propriedade e no sul (Alentejo e Algarve) a grande propriedade. Esta mudança
foi equacionada depois de se verificar que o país tinha grandes diferenças ou divisões no
que ao perfil para a agricultura dizia respeito, por estar dividido em dois grandes
espaços geográficos regionais.

Reforma Agrária

No Decreto-lei n.º 203-C/75 aprovaram-se as bases dos programas de auxílio em


caso de emergência económica. No que diz respeito à Reforma Agrária, estabeleceram-
se medidas de nacionalização e expropriação das propriedades rústicas superiores a 50
ha (irrigadas) ou 500 ha (sequeiro), aprovou-se também o novo regime de arrendamento
rural (Decreto-Lei n.º 201/75), que acabava com o arrendamento precário que era
benéfico apenas para o rendeiro.

Legilastivamente teve mundaças significativas, como nos Decretos-Lei n.º 406-


A/75 e o 407-A/75 estabelecem que estavam sujeitos a serem “expropriados os prédios
rústicos que pertencessem a pessoas coletivas de direito privado, que tenham 50 000
pontos ou que ultrapassem a área de 700 hectares”. Outro documento importante foi o
Decreto-Lei n.º 407-C/75 que extinguiu as coutadas.

Criaram novas medidas para a Reforma Agrária através do Decreto-Lei n.º 236-
A, este decreto defendia a institucionalização das transformações ocorridas pelas
ocupações de terras, impedia novas transformações nas estruturas fundiárias (como se
divide as propriedades) e limitava os prejuízos daqueles que eram mais atingidos pela
Reforma Agrária. Para isto ocorrer, reduziu-se a área de aplicação da Reforma Agrária e
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alargou-se o número de proprietários com direitos a reservas de exploração expressa no
Decreto-Lei n.º 406.

A aprovação e entrada em vigor da “Lei Barreto”, que dizia que o ministério


podia determinar as áreas de reserva a atribuir a antigos proprietários ou a empresas, o
que levou a um alargamento das entidades com direito a receber reservas das terras que
tenham sido expropriadas. A Lei n.º 80/77 aprovou as normas sobre a concessão de
indemnizações aos ex-titulares de bens nacionalizados e expropriados (Decreto-Lei n.º
111/78).

Estas medidas políticas não tiveram seguimento nas décadas seguintas, pela
entrada em vigor da “Lei Barreto” mas também pela abertura aos mercados
internacionais e com a entrada na União Europeia, tal como falaremos mais à frente.

A Reforma Agrária teve início neste período, com o objetivo de culminar a


ocupação sucessiva de propriedades dirigidas pelos trabalhadores através dos sindicatos
agrícolas, e pelos militares.

Política agrária dos governos contitucionais (1975-1985)

O 25 de Abril iniciou dois anos de enorme agitação e conflito social, com


milhares de pessoas nas ruas e uma grande instabilidade política.

Nesta época houve uma grande transformação na mão-de-obra, passando de um


elevado número de trabalhadores na agricultura, para nos anos 80 em que sofreu uma
diminuição dos trabalhadores agrícolas, resultado da terciarização da economia. Foram
criados assim programas dos governos constitucionais, e nestes é possível analisar a
intervenção do Estado na Agricultura, a alimentação, entre outros, de forma a perceber-
se como evoluiu a política agrária desde o início dos governos constitucionais depois do
25 de Abril.

A Reforma Agrária, para além da sua componente agrícola, teve importância


política antes da primeira revisão constitucional, afirmando-se que a politização da
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reforma agrária escondeu questões rurais e agrícolas que se iram colocar depois da
entrada na CEE. Até ao 11 de Março de 1975, as leis mais importantes focaram-se:

 Na preocupação de reorganizar o ministério, designadas no decreto-Lei n.º


653/74. Este deu poderes para arrendar de forma compulsiva terras incultas
ou subaproveitadas. Este decreto é o responsável pelas primeiras medidas de

intervenção estatal nas herdades agrícolas ou naquelas que estavam a ser mal
aproveitadas.
 As expropriações que foram definidas e concretizadas no decreto-lei nº 406-
A/75.
 As nacionalizações e nas ocupações que também estavam consignadas com
um decreto-lei nº 406-C/75.
 A lei das coutadas (decreto-lei nº 733/74)- a restrição da industrialização do
exercício da caça apenas às coutadas turísticas.
 A “lei barreto” (lei nº77/77)- a obrigação de devolver as terras aos antigos
donos, pondo fim a essa fase de ocupação.

Na evolução da política agrícola a seguir ao 25 de Abril, uma medida importante


foi a reestruturação do Ministério da Agricultura, a aprovação da lei de bases da
Reforma Agrária, a criação de cooperativas para venda de produtos, o apoio à formação
profissional, criação de um sistema de pensões, criação das condições para as exigências
da PAC, medidas de liberalização dos mercados pela integração da Organização
Mundial de Comércio e medidas para criação de emprego.

As medidas políticas da Reforma Agrária foram implementadas entre 1974 e


1983, tendo sido abandonadas. Isto ocorreu pela abertura do país aquando da entrada na
CEE e consequente abertura aos mercados internacionais.
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Tabela 1- Programa dos governos constituicionais entre 1975 e 1985

As medidas acima apresentadas tiveram como objetivo encontrar soluções


concretas para solucionar os problemas que surgiram com o fim das cooperativas, para
que os agricultores pudessem exercer outros cargos para evitar o aumento do
desemprego. Para tal foram importantes os projetos de formação e reconversão de
agricultores para que não se perdesse mão-de-obra.

Valor da produção agrícola


3 500.0
3 000.0
2 500.0
2 000.0
1 500.0
1 000.0
500.0
0.0
1980 1981 1982 1983 1984 1985

Anos Actividades agrícolas Total


Anos Actividades agrícolas Produção vegetal
Anos Actividades agrícolas Produção animal

Gráfico 1- Valor da produção agrícola antes da UE (euro- milhões)

Neste perído também podemos analisar a produção agrícola, que em geral teve
um crescimento mais acentuado a partir de 1983, depois das reformas agrícolas e a
reestruturação do ministério, o que melhorou significativamente a produção em geral.

O sector primário em Portugal era até aos anos 60 o mais importante, sendo que
nesta década a população a trabalhar na agricultura desceu rapidamente de 42% em
1960 para 32% em 1970, continuando esta queda até aos dias de hoje.
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Tabela 2-Número de trabalhadores de setores de atividade económica.

Tabela 3-Peso do comercio externo na Despesa e Procura internas (%)

O sector agrícola em Portugal tem vindo a ser alvo de grandes transformações


nas últimas décadas. Este sector foi durante muitos anos uma forma de sobrevivência do
meio rural. Desde que entrámos na Comunidade Economia e Europeia (CEE), a atual
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União Europeia, em 1986, o número de agricultores e explorações agrícolas caiu para
menos de metade.

O sector primário em si, onde se inclui não só a agricultura mas também as


pescas e silvicultura, perdeu, desde então, relevo na economia portuguesa e,
consequentemente, registou-se uma aumento da importação de produtos alimentares.
Nestes últimos anos a agricultura nacional modernizou-se, ou seja, mecanizou-se,
tornando-se mais empresarial, menos familiar e de subsistência. Contudo, não evitou a
perda de relevo na economia. Estudos concluem que o valor acrescentado bruto do
sector primário em 1986 era de 10% do total do país e em 2008 este representava apenas
2% do total do país.

Gráfico 2-Estrutura ativa de Portugal.

A Agricultura Portuguesa

Até 1986, pese embora a abertura que a revolução de Abril iniciou, Portugal
constituía uma economia fechada, com uma só janela para o exterior, a EFTA e o seu
anexo G. Ao longo desse período, a agricultura portuguesa evoluiu por conta de uma
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política nacional, ao sabor de um modelo de desenvolvimento económico que a marcou
profundamente e no qual esta infringiu também a sua marca.

A estrutura agrícola fora desenhada em meados de 1956 para uma agricultura de


seis países, nos quais predominaram as culturas de cereais e a produção de carne e leite,
ignorando as culturas chamadas mediterrâneas, e estruturalmente preocupada com uma
Europa acabada de sair de uma guerra civil, que a deixou com um défice de produção
agrícola que era urgente combater. No final da II Grande Guerra, em meados da década
de 40, era, absolutamente, necessário produzir para matar a fome aos europeus

sobreviventes. A PAC, então nascida em junho de 1960, no seguimento da Conferência


de Stresa e posteriormente completada em 1968/70 com base no Plano Mansholt,
cumpriu com sucesso o seu objetivo.

A Agricultura Portuguesa iniciando a sua análise na década de 50 do século


passado, neste percurso, identificamos uma primeira etapa até meados dos anos 60, na
qual não hesitamos em definir que o setor serviu apenas de suporte ao modelo de
desenvolvimento industrial escolhido para o país, cabendo-lhe fornecer alimentos
baratos e contribuir para a manutenção de uma estagnação de preços em geral, no seio
de uma população que despendia, em alimentação, mais de 60% dos seus magros
salários, no entanto, esta política de degradação dos preços agrícolas face aos não
agrícolas, foi responsável por consequências muito negativas nas mais diversas
variáveis, como investimento, produto e rendimento do setor, cujo comportamento
bloqueou, não só durante este período, mas durante toda a sua evolução futura. Em
síntese, pode afirmar-se que a Agricultura se comportou dentro dos limites que os
responsáveis pela política agrícola lhe haviam implicitamente traçado:

 os preços agrícolas não constituíram fator de pressão inflacionista;


 os salários agrícolas ficam abaixo dos níveis de inflação;
 o abastecimento alimentar não agravou o défice da balança comercial;
 o setor disponibilizou mão de obra para o crescimento da indústria e dos
serviços nascentes e até algum capital.

Mas em contrapartida:
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 taxas médias de crescimento anual de 2,7% na fbcf agrícola, face a 6% no
conjunto dos setores não agrícolas;
 taxa média de 1,3% no VAB agrícola, enquanto o seu crescimento foi de 6,1%
nos restantes setores

Pode ainda completar-se esta linha de análise dizendo que:

 a contribuição do PAB para o PNB foi apenas de 10%;


 a contribuição da produtividade da mão de obra agrícola para o acréscimo da
produtividade da mão de obra total foi de 12%.

Depois da integração na União Europeia

A partir de 1986, o setor agrário nacional foi condicionado pela PAC. A pouca
produtividade agroalimentar e a representatividade da agricultura no emprego e na
importância da agricultura no PIB dos países fundadores tornou-a uma prioridade. A PAC tinha
como objetivos incrementar a produtividade, estabilizar os mercados e assegurar preços
razoáveis aos consumidores. Nos primeiros anos a PAC melhorou a produção agrícola em três
vezes e também o salário e rendimento dos agricultores.

Alguns problemas gerados pela PAC, está incluido os excedentes agrícolas que são
impossíveis de escoar, o desajustamento entre a produção e a procura e os problemas
ambientais. Em 1992 iniciou-se a primeira reforma da PAC que teve como objetivo reequilibrar
a procura e a oferta, de maneira a respeitar o ambiente.

Em 1999, houve a necessidade de uma nova reforma da PAC que tem como
prioridades incluir o desenvolvimento rural, a segurança alimentar, o bem-estar animal e
a promoção de uma agricultura sustentável. Com o objetivo de aumentar a
competitividade, reorganizar o espaço rural e enfrentar os desafios de alargamentos
futuros.

Em 2003, houve uma nova revisão da PAC em que os agricultores começaram a


respeitar o ambiente e a promover a segurança alimentar. A agricultura portuguesa antes
da adesão à UE representava 17% do PIB e 30% dos empregos.

As políticas de preços e de mercados agrícolas alteraram-se em 1996 como


consequência do processo de harmonização das políticas de preços e de mercados
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agrícolas e comunitários e das modificações introduzidas nas estruturas de regulação
dos mercados agrícolas durante o período de transição (1986-96), da evolução da PAC,
com especial relevo para a reforma de 1992, da criação do Mercado Único em 1993 das
alterações sofridas pelas características macroeconómicas em Portugal associadas com a
integração no Sistema Monetário Europeu, a implementação da União Económica e
Monetária e com a introdução da moeda única.

Nesta altura, a agricultura portuguesa era caracterizada pela sua fraqueza e atraso
estrutural, o que levou a que Portugal beneficiasse desde logo da totalidade das medidas
de política de estruturas agrícolas em vigor no âmbito da PAC, assim como de medidas
específicas para o desenvolvimento da agricultura portuguesa como por exemplo o
Programa Específico de Desenvolvimento da Agricultura Portuguesa (PEDAR),
baseado num conjunto de medidas individuais e coletivas e fundos estruturais agrícolas.
Paralelamente assistiu-se à implementação da reforma de fundos estruturais com o
consequente lançamento do primeiro, segundo e terceiro Quadro Comunitário de Apoio
(QCA), lançados respetivamente nos períodos 1989-93, 1994-99 e 2000-06.

Como consequência destes tipos de medidas resultantes da integração de


Portugal na UE, assistiu-se a uma reorientação ao nível da produção agrícola em
simultâneo ao processo de ajustamento estrutural.

Em 1986, Portugal tinha uma agricultura de base familiar e uma estrutura


fundiária baseada de uma forma geral no minifúndio, com exceção do sul do país. Uma
agricultura com dificuldades estruturais e vivendo já pressões de importações mais
baratas. Além disso, na sua estrutura produtiva agrícola, as culturas mediterrânicas
assumiam naturalmente um grande peso, nomeadamente as frutas e legumes, o vinho e
o azeite. Entretanto, e devido à progressiva liberalização dos mercados de produtos
agrícolas ao nível mundial e à progressiva redução dos preços mundiais, a CEE
começou a ter dificuldades de escoamento para a sua produção agrícola tendo em conta
os preços elevados dos seus produtos agrícolas, apresentando excedentes estruturais,
que implicaram pressões para a redução dos preços e uma melhor adequação da oferta à
procura.

Portugal, no momento em que precisava de proceder a uma vasta reestruturação


agrícola, com vista a aumentar a sua produção, entra para uma PAC que não tinha em
conta as especificidades da produção agrícola e estrutura fundiária nacional e que já
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apontava para uma redução da produção por forma a acabar com os excedentes
agrícolas. As reduções dos excedentes agrícolas foram executadas de forma linear, ou
seja, foram aplicadas indiferentemente a quem produzia excedentes e a quem era
deficitário, como Portugal. Por outro lado e face ao princípio da preferência
comunitária, Portugal seria obrigado a comprar a produtores comunitários a preços mais
elevados, aumentado assim o custo das suas importações agrícolas, até então oriundas
na sua maioria de países exteriores ao espaço da CEE. Este facto levou a que Portugal
tivesse que pagar anualmente à Comunidade direitos niveladores agrícolas.

As culturas mediterrânicas eram de grande importância para Portugal e Espanha


que aderiram à CEE ao mesmo tempo, assim como para a Grécia, que aderiu em 1981, e
para o sul de Itália. Contudo estas nunca foram uma prioridade do orçamento agrícola
comunitário que, em 1986, absorvia mais de 60% do orçamento da CEE.

Os sistemas de ajudas por hectare e a progressiva desvinculação das ajudas à


produção e sua substituição por ajudas diretas ao rendimento, a progressiva redução dos
preços agrícolas comunitários seguindo os preços mundiais e a instauração de pousio
obrigatório e voluntário, levou a uma maior concentração da terra e ao desequilíbrio das
ajudas, 80% das ajudas eram entregues a 20% dos agricultores detentores de grandes
explorações.

Em Portugal, no período até à reforma da PAC, dá-se o grande desaparecimento


de pequenas explorações familiares. Entre 1986 e 1992 a mão-de-obra agrícola familiar
desce 8.8% e a mão-de-obra agrícola não familiar desce 12.5%. Após a reforma da PAC
de 1992, entre 1993-1995 a mão-de-obra agrícola não familiar desce 8,1%. Portugal
sofreu assim duas vezes com a adesão à PAC: primeiro, aquando da sua entrada, sofreu
uma reestruturação forçada das suas estruturas agrícolas; depois, após a reforma da
PAC, as suas explorações mais competitivas sofrem um choque externo, que leva ao
despedimento de muitos trabalhadores agrícolas e ao abandono do mundo rural.

Os acordos bilaterais da Comunidade com países terceiros aumentavam a


abertura do mercado agrícola e provocaram um aumento das pressões competitivas
sobre a agricultura dos então doze Estados membros. Alguns países assumem
estratégias de especialização agrícola. A Grécia, por exemplo, escolhe o algodão e o
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tabaco. Portugal anda à deriva, não inicia nenhuma estratégia global para o sector
agrícola e seu desenvolvimento futuro. A especificidade da agricultura portuguesa não é
defendida.

A análise da evolução da agricultura portuguesa desde a adesão de Portugal à CE


mostra que houve uma evolução positiva no que respeita aos rendimentos provenientes
desta atividade, o que se justifica pelo crescimento da retribuição dos fatores
tradicionais da produção.

Paralelamente a agricultura portuguesa acompanhou as suas semelhantes no que


diz respeito à evolução da população empregada na agricultura diminuindo os seus
ativos agrícolas. Como podemos observar na tabela e no gráfico abaixo apresentados, a
evolução do emprego no setor agrícola tem evoluído negativamente acompanhando o
comportamento do setor. Após a abertura ao exterior, a economia portuguesa viu-se
exposta a países mais competitivos e mais evoluídos neste setor, devido à evolução
tecnológica e analítica que reduz os custos de produção tornando os produtos mais
baratos, o que faz com que ele entre em colapso. Também a imposição de quotas
máximas de produção ajudou ainda mais ao agravamento desta situação de declínio do
setor.

Para Portugal os apoios da PAC não foram suficientes para resolver os


problemas estruturais, foi necessário reestruturar todo o setor com o objetivo de
aumentar a competitividade. Para tal, recorremos aos fundos de auxílio financeiro como
o FEDER (Fundo Europeu de desenvolvimento regional), o FSE(Fundo Social Europeu)
e o FEOGA (Fundo Europeu de organização e gestão agrícola).
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Tabela 4- Programas dos governos constituicionais a 1985 a 1995.

A tabela 2 expõe as medidas que foram necessárias implementar aquando da


entrada na CEE e como a entrada alterou a realidade agrícola nacional. Dentro destas
medidas, inclui-se o acesso fácil ao PEDAP, o incentivo à formação profissional dos
agricultores e a implementação da PAC para dinamizar a agricultura nacional.

Portugal aproveitou as “ajudas estruturais” que se destinavam à convergência da


UE, porém foi menos ajudado do que outros países porque a PAC, através do qual
vinham grande parte dos apoios comunitários, privilegiava produtos em que Portugal
não era especializado.

A adesão de Portugal à CEE e a obrigação de cumprir as regras da PAC, levou


naturalmente à rutura das medidas anteriores, contribuindo para o encerramento de
muitas unidades agrícolas bem como para a reversão das nacionalizações. Estas
iniciativas tiveram concretização na criação de incentivos à conversão de propriedades
agrícolas dispersas em uma e expropriações da vinha.
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Tabela 5- Programas dos governos constituicionais a 1995 a 2005.

Através da tabela referente à década de 1995-2005 pode-se ver que as


prioridades para o setor se alteraram irreversivelmente. As mudanças ocorreram ao nível
da reprogramação financeira através do Quadro Comunitário de Apoio, através de
contratos entre o Estado e os privados, pela liberalização dos mercados pela OMC, e a
aposta no rejuvenescimento dos empresários com mais formação, defendeu-se ainda
uma reorganização da PAC, preparando a economia para a abertura da União Europeia
aos países do leste europeu. Entre estas medidas as mais importantes são adaptar a
oferta às exigências da procura e garantir o controlo e segurança alimentar dos produtos
consumidos pelos cidadãos.

Nesta década houve a intenção de reformar a política da PAC, de liberalizar os


mercados através das regras da OMC, de preparar da melhor forma o alargamento a
Leste. Houve também a entrada em circulação do euro (1999) que criou uma união
monetária permitindo a livre circulação de pessoas, bens e mercadorias. Algo que não se
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tornou totalmente positivo porque havia muita diferença entre a competitividade das
economias europeias.

A integração de Portugal na CEE, por via da PAC, provocou um fluxo de


dinheiro à nossa agricultura que se destinou a subsidiar os preços de alguns produtos e
promover alterações estruturais no aparelho produtivo, estando ainda por avaliar qual o
efeito das medidas da PAC na agricultura nacional.
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Tabela 6- Programas dos governos constituicionais a 2005 a 2015.

A tabela 6 traduz uma nova política para o setor virada para a evolução da PAC,
onde criou a necessidade de diversificar as suas áreas de ação, como no turismo, na
enologia e na promo- ção de atividades lúdicas e desportivas no mundo rural.

Entre as medidas propostas neste período, podemos incluir:

 A criação do banco de terras.


 A simplificação das candidaturas aos incentivos agrícolas.
 A formação e valorização dos agricultores de forma a rejuvenescer o setor e a
simplificação do PRODER através da PAC.
 Garantir a qualidade alimentar.
 Utilização da biomassa.
 A construção da barragem do Alqueva para melhorar as condições de regadio no
Alentejo.

Este período ficou marcado por uma série de medidas que tinham como objetivo
facilitar a integração de Portugal no mercados internacionais. Por último, deve referir-se
que neste período se verificou uma profunda alteração no paradigma agrícola nacional,
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na medida em que as cooperativas foram sendo encerradas, passando-se de uma
agricultura fechada para um mercado aberto e concorrencial.

Valor da produção agrícola


8 000.0
7 000.0
6 000.0
5 000.0
4 000.0
3 000.0
2 000.0
1 000.0
0.0
86 88 90 92 94 96 98 00 02 04 06 08 10 12 14 16
19 19 19 19 19 19 19 20 20 20 20 20 20 20 20 20

Anos Actividades agrícolas Total


Anos Actividades agrícolas Produção vegetal
Anos Actividades agrícolas Produção animal

Gráfico 3- Valor da produção agrícola.

Como podemos ver no gráfico, a produção agrícola em geral teve um


crescimento lento com algumas oscilações, depois da entrada na União Europeia pela
existências da PAC e tentar melhorar este setor, tanto para os consumidores como para
os produtores. Algo que se verificou, pois houve um valor da produção em 2016 que
ultrapassou os passados.

Comércio Externo antes de depois da adesão à UE

O peso do comércio externo na atividade económica teve em Portugal uma forte


evolução positiva principalmente em contexto europeu, correspondeu à integração do
país na economia internacional. O grau de abertura comercial de Portugal (medido na
figura 1 pela média do peso das exportações e importações de mercadorias no PIB)
evoluiu dos cerca de 11 por cento no início do século (valor muito baixo para uma
economia europeia de pequena dimensão) para cerca de 30 por cento no fim.

A figura 1 evidencia como a abertura comercial portuguesa se aproxima e depois


ultrapassa nos anos 80 a média de sete países europeus representativos (Reino Unido,
França, Alemanha, Itália, Dinamarca, Suécia e Noruega).
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Composição das exportações e importações

No que respeita às exportações (figuras 2 e 3), o traço mais saliente é a troca de


posição entre os bens de consumo alimentar e não alimentar que ocorreu a partir da
industrialização com abertura económica ao exterior nos anos 60. Portugal vem do
século XIX com as exportações concentradíssimas nos produtos alimentares, que
tinham um baixo teor de transformação industrial e que representavam mais de 2/3 das
exportações de mercadorias. Embora uma grande parte dessas exportações fosse de
vinho, principalmente vinho do Porto o facto de ser vendido quase exclusivamente a
granel limitava fortemente o potencial valor acrescentado.

Ao longo do século XX, o vinho vai perdendo gradualmente expressão, mas é


principalmente a partir do desenvolvimento e diversificação industrial dos anos 60, que
a estrutura das exportações se começa a alterar significativamente no sentido de
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produtos mais diversificados e de maior valor acrescentado, como é o caso dos bens de
consumo não alimentar relativamente aos alimentares. Também é visível na figura 2
como os resultados da industrialização se começaram a refletir no aumento do peso das
exportações de bens de investimento, principalmente a partir dos finais dos anos 60, ou
seja, com algum (natural) desfasamento relativamente ao início da abertura externa.

Através das exportações de produtos da agricultura, silvicultura e pesca podemos


verificar quanto Portugal vendeu ao estrangeiro e verificamos no gráfico 2 que desde
1995 o valor tende a subir linearmente, exceto no período 2008-2009 e no período
2012-2013 no primeiro período podemos verificar que a descida foi de 904 milhões de
euros para 830 milhões de euros, e no período de 2012-2013 existiu uma descida de
1041M para 1028. Contudo os períodos seguintes são os que contem os valores mais
elevados, onde passou de 1028M para 1146M (2013-2014) e de seguida para 1225M
(2014-2015) sendo nesse ano o valor mais elevado verificado no setor primário.

Exportações do setor primário(Milhões de Euros)


1 400.0

1 200.0

1 000.0

800.0

600.0

400.0

200.0

0.0
199519961997199819992000200120022003200420052006200720082009201020112012201320142015

Grafico 2- Exportações do setor primário (Milhões de Euros)


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Na evolução da composição das importações, destaca-se na figura 4 o aumento do
peso das importações de bens de investimento, quase logo a partir do fim da II Guerra
Mundial. A figura 4 e 5 mostra ainda que as importações de bens de consumo alimentar
vão perdendo peso ao longo do século, quando representavam no fim do século anterior
a maior componente das importações de mercadorias.

A quebra no peso dessas importações é principalmente resultado da alteração na


composição nas despesas de consumo à medida que o rendimento aumenta, e não de
substituição por produção interna. Essa não substituição confirma-se quando nos anos
80 - a partir da adesão à Comunidade Europeia e da implementação em Portugal das
grandes superfícies de comércio a retalho, os bens alimentares voltam a ganhar peso nas
importações.

Figura 4. Composição das Importações de Bens Figura 5. Composição das importações de bens
e Serviços de consumo

Pela analise do gráfico 3 podemos verificar quanto Portugal compra ao estrageiro


de produtos do setor primário que em 1995 o valor encontra-se nos 1765M e em 2015 o
valor já se situa nos 3347M, contudo ao longo deste período os valores não foram
crescendo linearmente, existindo períodos de descida e períodos de subida.
Vendo os casos mais acentuados de descida que se verificam nos períodos 1998-
1999(2205M- 2017M), 2001-2002-2003 (2375M-2299M-2183M), 2008-2009 (3127M-
2604M), 2011-2012(3248M-3167M) e 2013-2014(3285M-3143M).
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Importações do setor primário(Milhões de euros)


4 000.0

3 500.0

3 000.0

2 500.0

2 000.0

1 500.0

1 000.0

500.0

0.0
95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15
19 19 19 19 19 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20

Gráfico 4- Importações do setor primário(Milhões de euros)

Podemos concluir através da analise dos gráficos que ao longo de quase todo este
período os valores se concentram entre os 2000M-3500M a nível de importações e as
exportações iniciam se num valor muito mais baixo, 200M, atingindo um valor máximo
de 125M que comparando é dos valores mais baixos das importações.

Taxa de cobertura

Nos podemos também calcular a razão entre as exportações e importações o que


nos dá a taxa de cobertura das importações pelas exportações, ou, simplesmente, taxa de
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cobertura. Esta taxa indica-nos em que percentagem as exportações pagam as
importações.

Pela analise do gráfico verificamos que a taxa de cobertura tem aumentado ao


longo dos anos quase de forma exponencial, ou seja, verificamos que as importações
têm aumentado em relação as exportações.

Verificamos em termos de valores que em 1995 a percentagem se situava nos 12%


e em 2015 o valor já ascende os 36%, sendo a percentagem mais elevada ao longo do
período apresentado. Podemos constar também que existiram períodos onde ocorreram
descidas sendo as mais acentuadas em 1995-1996 (queda de 0.6pp%), 1997-1998 (1.6pp
%), 2010-2011(1pp%) e 2012-2013(1.5pp%).

Taxa de cobertura das importações pelas exportações


40.0

35.0

30.0

25.0

20.0

15.0

10.0

5.0

0.0

Gráfico 5- Taxa de cobertura das importações pelas exportações


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Evolução do PIB antes e depois da integração
PIB na óptica da produção do setor primário
5 000.0
4 500.0
4 000.0
3 500.0
3 000.0
2 500.0
2 000.0
1 500.0
1 000.0
500.0
0.0
60 62 64 66 68 70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94 96 98 00 02 04 06 08 10 12 14 16
19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 20 20 20 20 20 20 20 20 20

Gráfico 6- PIB na óptica da produção do setor primário


Na ótica da produção podemos constatar que o valor do PIB em relação à
riqueza proveniente da agricultura, silvicultura e pesca, teve uma subida abrupta se
tivermos em consideração o ano inicial (1960) e o ano atual (2017) onde os valores
eram 87,5 e 3673,5 milhões respetivamente.

Entre 1960 e 1986 o valor do pib aumentava gradualmente, até que Portugal em
1986 entrou na União Europeia. A partir deste momento verificamos que o pib começa
a aumentar consideravelmente, atingindo o valor de 3828,3 milhões em 1990, valor bem
acima dos 2112,5 em 1986.

O PIB atinge o seu valor mais baixo, aquando da sua entrada na União Europeia,
em 1993(3030,9 milhões) e o seu valor mais alto em 1996(4305,6 milhões).

Desde 1997, até à atualidade o valor do pib tem sofrido várias oscilações,
diminuindo e aumentando ligeiramente constantemente. De ressalvar que durante este
período o valor máximo foi de 4014,7 milhões em 2001 e o valor mínimo de 3208,7
milhões em 2011.

Perspetivas para o futuro- 4º revolução industrial


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A quarta revolução industrial é impulsionada por três categorias a física, a digital
e a biológica, todas elas relacionadas. Para o setor primário, o objetivo é utilizar a
tecnologia para promover o comportamentos e os sistemas de produção e de consumo
mas de forma potencial de regeneração e de preservação dos ambientes naturais, sem
criar externalidades negativas.

A revolução agrícola começou na domesticação de animais, onde combinaram a


força dos animais com as dos humanos para favorecer a produção, o transporte e a
comunicação. Após isto, houve uma melhoria nos alimentos o que permitiu que a
população crescesse e permitindo a urbanização e o surgimento das cidades.

Na metade do século XVIII seguiram-se bastantes revoluções industriais, estas


marcaram a transição da força muscular para a energia mecânica, que evoluiu até hoje.
Agora com esta quarta revolução industrial o aperfeiçoamento da capacidade cognitiva
vai aumentar a produção humana. Estes aperfeiçoamentos cognitivos pode ser por
exemplo, existir uma memória artificial implantada no cerebro, porém tem que se ter
cuidado com a possibilidade do desaparecimento da fronteira entre o homem e a
máquina e a criatividade e o que nos torna seres humanos comece a desaparecer.

O autor prevê que a revolução vai ter mais mudanças do que a memória
artificial, como por exemplo, a inteligência artificial ou 90% da população usar um
smartphone, porém todas as mudanças tem impactos negativos que pode acabar com a
privacidade de cada um, e até a essência do ser humano.
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Conclusão

Com a elaboração deste trabalho, concluimos que o setor primário foi um setor
predominante e importante para a economia portuguesa. Com a terceira revolução
industrial, o setor sofreu algumas alterações essencialmente com a utilização de novas
tecnologias em detrimento da mão de obra intensiva. Após a entrada da união europeia,
o setor sofreu novamente alterações, principalmente no setor agrícola, sendo que a que
mais se destaca é a imposição de quotas máximas que fizeram que com que este setor
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perdesse ainda mais importancia devido à exposição ao esxterior e à elevada
competitividade externa.
As políticas adotadas foram mudando com o passar dos anos, dentro de vários
setores, tanto no setor público, privado, na formação, em relação à europa e sobre a
florestas e a alimentação.

Bibliografia

Bezerra, E. (2007). O setor primário salvou a Balança Comercial.

Carvalho, M. (2016). Exportações da agricultura e floresta triplicaram nos últimos dez


anos. Publico.
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Esperança, B. do A. F. dos S. (2016). Reforma Agrária e a sua influência nas políticas
agrícolas em Portugal (1975-2015). Instituto Universitário de Lisboa.

PCP. (2009). A PAC e a adesão de Portugal à CEE.

Pordata. (2018a). Exportações de bens e serviços: total e por produto (base=2011).

Pordata. (2018b). Grau de abertura: total e por produto.

Pordata. (2018c). População empregada: total e por grandes sectores de actividade


económica.

Pordata. (2018d). Taxa de cobertura das importações pelas exportações: total e por
produto.

Santos, M. J. P. (2003). Evolução do sector agrícola português após a adesão à União


Europeia. Instituto Politécnico de Castelo Branco.

Silva, F. G. da. (2015). A Agricultura Portuguesa - As últimas décadas e perspetivas


para o futuro. Lisboa.

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