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INSTITUTO SUPERIOR DE FORMAÇÃO INVESTIGAÇÃO E CIÊNCIAS

Curso: Licenciatura em Direito

Titulo: Revolução verde e a importância da agricultura enquanto mecanismo para o


desenvolvimento de Moçambique

Cadeira: MIC – Pós Laboral

Discente:

Maputo, 17 de Outubro de 2022


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Índice

INTRODUÇÃO......................................................................................................................3
1. Revolução verde e a importância da agricultura enquanto mecanismo para o
desenvolvimento de Moçambique..........................................................................................4
1.1. Contexto do surgimento da agricultura e sua importância..........................................4
1.2. Importância socioeconómica da agricultura................................................................5
2. Revolução Verde.............................................................................................................5
2.1. Características da Revolução Verde............................................................................6
2.2. História da Revolução Verde.......................................................................................7
3. O paradigma da revolução verde em Moçambique.........................................................8
3.1. Objectivo e Princípios...................................................................................................10
CONCLUSÃO......................................................................................................................13
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................14
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INTRODUÇÃO

“Revolução verde e a importância da agricultura enquanto mecanismo para o desenvolvimento de


Moçambique” “e o tema deste ensaio. Sendo relevante ao nosso estudo na medida em que
percebe-se que o país enfrenta diversos problemas e um dos quais enquadra-se na área da
agricultura e na exploração recursos naturais e minerais, visto que não se tem materiais pra a
sua massificação e exploração com o intuito de lucrativo e assim desenvolver a economia de
Moçambique. Para tal propõe-se a estratégia da revolução verde como um método
incontornável do debate social e de acção governativa sobre o desenvolvimento em
Moçambique. Visto que Moçambique precisa de uma revolução verde, se por revolução
verde (RV) se entender a transformação profunda e progressiva das instituições e tecnologias
nas zonas rurais, capaz de contribuir para a crescente integração da economia rural na
economia nacional.

Desta forma como é que a Revolução verde pode contribuir para o desenvolvimento da
agricultura e posteriormente de Moçambique a nível económico?

Objectivo geral: Analisar a revolução verde e a importância da agricultura enquanto


mecanismo para o desenvolvimento de Moçambique.

Especifico: contextualizar o surgimento da agricultura e sua importância; apresentar os a


história da Revolução Verde e discutir o paradigma da revolução verde em Moçambique e
sua relevância ao seu desenvolvimento económico.

Este trabalho obedeceu o uso do método dialéctico, visto que partimos de interpretações que
reúnem e que discutem semelhantes conteúdos. Como técnica fez-se o uso da hermenêutica
textual, que consistiu na leitura e interpretação de textos que serviram de fontes fidedignas
para a sua elaboração.
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1. Revolução verde e a importância da agricultura enquanto mecanismo para o


desenvolvimento de Moçambique

1.1. Contexto do surgimento da agricultura e sua importância

A agricultura compõe o sector primário da economia, tornando-se uma prática primordial


para o desenvolvimento das sociedades.

A agricultura é uma prática económica que consiste no uso dos solos para cultivo de vegetais
a fim de garantir a subsistência alimentar do ser humano, bem como produzir matérias-primas
que são transformadas em produtos secundários em outros campos da actividade económica.
Segundo Coutinho (2017:14) a agricultura pode ser definida como sendo um conjunto de
técnicas usadas para cultivar plantas, com a finalidade de obter alimentos e matéria-prima
para as indústrias. Trata-se de uma das formas principais de transformação do espaço
geográfico, sendo uma das mais antigas práticas realizadas na história.

De acordo com a história, a agricultura existe há mais de 10 mil anos, tendo sido
desenvolvida durante o período Neolítico, nos vales dos rios Tigre, Eufrates na Índia e Nilo
no Egipto, sendo um dos processos constitutivos das primeiras civilizações, uma vez que
todos os agrupamentos humanos já encontrados praticavam algum tipo de manejo e cultivo
dos solos.

Em tempos pretéritos, a humanidade era essencialmente nómade. Com o passar do tempo,


foram sendo desenvolvidas as primeiras técnicas de cultivo, elaboradas a partir do momento
em que o homem percebeu que algumas sementes, quando plantadas, germinavam e que
animais poderiam ser domesticados. Com isso, observou-se um lento processo de
sedentarização das práticas humanas, fruto das novas técnicas sobre o uso e apropriação do
meio natural. Nascia a agricultura e, com ela, desenvolviam-se as primeiras civilizações.

Portanto, podemos perceber que o meio rural sempre foi a actividade económica mais
importante para a constituição e manutenção das sociedades. Quando as técnicas agrícolas
permitiam a existência de um excedente na produção, iniciavam-se as primeiras trocas
comerciais. Assim, é possível concluir que, inicialmente, todas as práticas rurais e urbanas
subordinavam-se ao campo.
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No entanto, com o advento da industrialização e da modernidade, essa concepção foi


gradativamente se alterando. Cada vez menos as cidades dependiam do campo e cada vez
mais o campo dependia das cidades. As práticas agrícolas, mais modernas, mecanizaram-se e
passaram a depender das indústrias para o desenvolvimento do meio técnico.

Com o passar das três revoluções industriais, a prática da agricultura actual fundamenta-se
em procedimentos avançados, que denotam uma nova característica para o espaço geográfico,
classificado como meio técnico-científico informacional. Hoje, existem técnicas avançadas
em manejo dos solos, máquinas e colheitadeiras que realizam o trabalho de dezenas ou até
centenas de trabalhadores em uma velocidade maior, além de avanços propiciados pelo
desenvolvimento da biotecnologia. Isso significa que as práticas agrícolas cada vez mais se
subordinam à ciência e à produção de conhecimento. Esta melhoria e tecnologização nos
moldes de produção agraria ficariam mais tarde conhecidas como Revolução Verde.

1.2. Importância socioeconómica da agricultura

A agricultura é uma actividade de grande importância socioeconómica, pelas seguintes


razões:

Fornece alimentos para o consumo humano e animal; Oferece matéria-prima


para as indústrias têxtil, alimentar, automóvel, farmacêutica, aeronáutica,
cosmética etc.; Proporciona emprego para a população em toda a cadeia de
valores; e Constitui fonte de obtenção de divisas para o país, através da
exportação de produtos agrícolas e seus derivados. (COUTINHO. 2017: 14)

A importância da agricultura é, assim, indiscutível, pois é a partir dela que se produzem os


alimentos e os produtos primários utilizados pelas indústrias, pelo comércio e pelo sector de
serviços, tornando-se a base para a manutenção da economia mundial.

2. Revolução Verde

A expressão “Revolução Verde” é empregada para designar o processo de transformação


na agricultura em escala global que se deu por meio do desenvolvimento e incorporação de
novos meios tecnológicos na produção. Esse fenómeno teve início na segunda metade do
século XX, entre as décadas de 1960 e 1970. Pode ser chamada também de Paradigma da
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Revolução Verde, por ter representado uma mudança profunda na forma de produzir-se no
campo e no aparato técnico utilizado para o desenvolvimento da produção agro-pecuária.

As inovações tecnológicas adoptadas inicialmente em países como México e Estados Unidos,


e que tão logo se propagaram para o restante da América Latina e para a Ásia, iam desde as
etapas iniciais de preparo e selecção até a outra extremidade da cadeia produtiva, no processo
de colheita.

2.1. Características da Revolução Verde

A modernização da agricultura que aconteceu em meados do século XX teve como principal


característica a adopção de tecnologias modernas na produção e na criação de animais.

As novas técnicas que se desenvolveram a partir da década de 1940 foram baseadas em


extensas pesquisas científicas que, com o passar do tempo, ampliaram-se e deram origem a
uma série de inovações que passaram a ser empregadas no campo. Essas pesquisas foram
realizadas pelo financiamento oriundo de indivíduos e entidades privadas, e também por meio
do Estado via agências estatais de pesquisa.

O arcabouço tecnológico da Revolução Verde contemplou:

 Melhoramento genético de espécies vegetais (como o trigo e o arroz) e desenvolvimento


de híbridos, proporcionando a sua adaptabilidade a condições climáticas e
de solo variadas bem como um aumento na produtividade;

 Maquinários como tractores, utilizados em várias etapas da produção agrícola,


semeadeiras e colheitadeiras;

 Adubos, fertilizantes e defensivos agrícolas ou agro-tóxicos empregados no preparo do


solo, na correcção dos índices de acidez, no controle de doenças e pragas que podem
acometer as lavouram, entre outros;

 Modernização dos sistemas de irrigação.

Levando esses factores em consideração, tem-se que a Revolução Verde fez surgir uma
agricultura intensiva tanto em tecnologias quanto em capitais.

O capital entrou na forma de investimentos em pesquisas, nos incentivos fiscais para a


aquisição de pacotes tecnológicos e na adopção propriamente dita de insumos; apresentou-se,
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ainda, por meio da expansão do agronegócio e da difusão das grandes empresas do sector por
diversas partes do globo. Por fim, atribui-se à Revolução Verde o crescimento do número
de monoculturas nos campos, o que se deveu a um intenso processo de especialização
produtiva.

O advento das novas técnicas produtivas na agro-pecuária trouxe aspectos positivos e


negativos a diversas áreas, como económica, social e ambiental.

A principal vantagem trazida pela Revolução Verde foi o ganho de eficácia na produção
agrícola, que suscitou o aumento de produtividade em diversas lavouras, com destaque para
os cereais e para os grãos, como a soja e o milho.

Por intermédio do melhoramento genético e do desenvolvimento de fertilizantes e técnicas de


preparo do solo, foi possível adaptar os cultivos a condições climáticas e solos diversos,
como o caso da soja nos Cerrados. Somou-se a isso o avanço nas pesquisas e no incremento
tecnológico proporcionado pelos trabalhos derivados da Revolução Verde.

2.2. História da Revolução Verde

O mentor da revolução verde foi o cientista norte-americano Norman Borlaug (1914-2009).


Na década de 30, Borlaug começou a em 1944, o Programa de Produção Cooperativa de
Trigo do México. Os trabalhos foram desenvolvidos em parceria com a Fundação
Rockefeller com o intuito de se fazer estudos sobre a fragilidade da agricultura mexicana. A
partir daí, cientistas criaram novas variedades de milho e trigo de alta produtividade, que
fizeram o México aumentar de forma vertiginosa sua produção. Essas sementes foram, em
seguida, introduzidas e cultivadas em outros países, também com óptimos resultados.

Na época, a empresa adoptou como slogan o fim da fome no mundo. O programa aplicado na
agricultura mexicana resultou em plantas com maior desempenho no campo e que fizeram o
país, antes importador, auto-suficiente na produção de trigo.

No período de 1950 a 1960, outros países passaram a adoptar o conceito de maior


produtividade no campo. Os governos do Brasil, Índia, Paquistão e Filipinas estão entre os
que adoptaram o método de Borlaug. Em 1968, o presidente da Agência dos Estados Unidos
para o Desenvolvimento Internacional William Gaud classificou as novas técnicas do campo
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como "revolução verde". De fato, os conceitos de Borlaug o levaram ao Prémio Nobel da


Paz em 1970, por suas contribuições para redução da fome mundial.

Os países desenvolvidos também aplicaram o sistema agrícola criado por Borlaug e


reduziram a dependência da importação de alimentos. Um dos exemplos está nos Estados
Unidos, que passaram a exportar trigo a partir de 1960.

"O impacto social da revolução verde, na medida em que ajudou a erradicar a fome no
mundo, fez com que Norman Ernest Borlaug, considerado o pai do movimento, ganhasse o
Prémio Nobel da Paz em 1970", diz o engenheiro agrónomo Fábio Faleiros, da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agro-pecuária (Embrapa).

O conceito foi aplicado a outros produtos e a busca pela maior produtividade passou a balizar
a qualidade no campo. O desenvolvimento de técnicas para irrigar o solo melhorou o
desempenho agrícola, antes refém do regime de chuvas. A irrigação também contribuiu para
optimizar o uso de fertilizantes, fungicidas e pesticidas.

A melhoria na relação de produtividade beneficiou directamente países pobres, como a Índia,


que passou a exportar arroz.

3. O paradigma da revolução verde em Moçambique

A revolução verde é aparentemente um assunto novo para Moçambique. Num passado não
muito distante, Moçambique viveu uma experiência directamente relacionada com o
conteúdo de uma revolução verde: a questão da transformação radical da apropriação
fundiária e das relações sociais de produção; destruição das formas de acumulação capitalista
e conjugação dos interesses diversos, dos actores económicos em competição pela sua
sobrevivência e afirmação na sociedade moçambicana. Processos tão complexos e
controversos, como foram as sucessivas transformações que Moçambique viveu, no último
meio século, dificilmente poderão gerar consensos quanto à estratégia de desenvolvimento
nacional e rural. No lugar do debate franco e aberto, o espaço público continua a ser
geralmente ocupado pelo vazio e fraqueza de debate; de vez em quando é preenchido pelo
velho slogan da Constituição de 1975: agricultura como base e indústria o seu factor
dinamizador e decisivo.
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O sector agrário moçambicano tem potencialidades para um rápido crescimento,


aproveitando as experiências positivas da Revolução Verde no mundo. Com efeito, o país
dispõe de cerca de 36 milhões de hectares de terra arável, dos quais 3,3 milhões irrigáveis,
associados a um amplo potencial agro-ecológico param uma diversidade de culturas e vastas
áreas de pastagens actualmente subaproveitadas.

No período pós-independência, o País apostou na intensificação e modernização da produção


agro-pecuária e florestal com o uso de fertilizantes, pesticidas, semente melhorada,
inseminação artificial e maquinaria, tendo realizado as seguintes acções:

1) Criação de empresas estatais de produção agro-pecuária tais como (CAIA, CAIL, CAPEL,
Avícola E:E, Gado de Corte e Leite, IFLOMA e Mecanagro.);

2) Criação de empresas especializadas para a comercialização (Agricom, Gapecom,


Hortofrutícola, etc.);

3) Movimento das cooperativas de produção agrícola;

4) Desenvolvimento do sector nacional de sementes (SEMOC);

5) Contratação de técnicos estrangeiros;

6) Envio massivo de estudantes nacionais para formação especializada no estrangeiro (Cuba,


União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, Bulgária, Alemanha entre outros países);

7) Reforma dos curricula do ensino técnico agrário orientada para responder às necessidades
do sector produtivo;

8) Forte investimento público na irrigação (hidráulica agrícola) – Hidromoc e Secretaria de


Estado de Hidráulica Agrícola.

O Governo de Moçambique, tendo em conta as lições do passado tomou medidas concretas


de suporte ao sector agrário, optando em apostar no potencial existente, de modo a
transformá-lo em fonte de riqueza, com vista à melhoria do bem-estar da população e do
desenvolvimento socioeconómico do País.

Assim, o Programa Quinquenal do Governo (PQG) para o período 2005-2009, incentiva as


populações para o aumento da produção e produtividade dos produtos básicos alimentares e
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também encoraja a introdução de culturas de rendimento, de modo a garantir a segurança


alimentar, bem como os excedentes para a exportação.

No âmbito da implementação deste Programa (PQG) o Conselho de Ministros na sua 19ª


sessão, alargada a outros quadros, cujo tema principal foi “Trabalho e Comida”, tomou um
conjunto de decisões que tem como objectivo fortalecer a capacidade dos produtores para o
aumento da produção e produtividade agrária (terra, força de trabalho, água para irrigação e
outros factores).

Segundo o Ministério da Agricultura (2007) a Revolução Verde em Moçambique é um


processo de busca de soluções para incrementar os níveis de produção e produtividade
agrária, através do uso de sementes melhoradas, fertilizantes, instrumentos de produção,
tecnologias de produção adequada à realidade local, mecanização agrícola, incluindo a
tracção animal, construção e exploração de represas para a irrigação e para o abeberamento
de gado, entre outras acções. Trata-se de uma estratégia multidimensional de combate à fome
e à pobreza e tem como meta final o aumento da produção e produtividade agrária de forma
competitiva e sustentável.

O conceito da Revolução Verde em Moçambique assenta nos seguintes pressupostos:

a) O combate à pobreza passa pela eliminação de uma das suas manifestações,


nomeadamente, a carência em alimentos básicos e a insegurança alimentar permanente ou
temporária;

b) A geração de emprego e de renda são cruciais para a criação de condições necessárias para
devolver a dignidade humana das comunidades;

c) As experiências de outros países onde programas similares foram implementados com


sucesso devem ser tomadas em consideração.

3.1. Objectivo e Princípios

A Revolução Verde em Moçambique tem como objectivo principal induzir o aumento da


produção e produtividade dos pequenos produtores para uma maior oferta de alimentos de
uma forma competitiva e sustentável.

Para ser sustentável, progressivo e irreversível, este objectivo deve observar os seguintes
princípios:
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 Ser endógeno e assente na base socioeconómica e cultural dos produtores;


 Contar com a capacidade efectiva de apoio do Governo;
 Ter em conta as especificidades locais, nomeadamente o potencial Agro-ecológico de
cada região, incluindo as zonas peri-urbanas;
 Ter forte liderança, criatividade e maximização do uso dos recursos locais para não
depender exclusivamente do Orçamento do Estado (OE);
 Ter maior descentralização de competências, dos recursos humanos, materiais e
financeiros para os distritos;
 Apoiar-se em políticas orientadoras e programas de promoção do movimento associativo
dos produtores;
 Promover a auto-estima dos produtores, desencorajando programas de distribuição
gratuita de recursos materiais ou financeiros e encorajando esquemas de poupança e ajuda
mútua;
 Implementar programas específicos, com metas claras e responsabilização na execução; e
 Integrar as escolas primárias, secundárias e técnico-profissionais na sua implementação.

A Revolução Verde em Moçambique deverá ter como alicerce a massificação de tecnologias


melhoradas de produção agrária, com enfoque nas tecnologias adaptadas ao sector familiar,
visando os seguintes objectivos combinados: (i) aumento de área cultivada, (ii) aumento de
rendimento agrícola por hectare como elemento chave, (iii) aumento dos efectivos e da
produção pecuários, (iv) melhor aproveitamento dos recursos hídricos. (MINISTÉRIO DA
AGRICULTURA. 2007)

Para se atingir esses objectivos combinados, será necessário:

 Aumentar a cobertura e melhorar a qualidade dos serviços de investigação e extensão


agrária, de acordo com as diferentes zonas agro-ecológicas, incluindo as regiões áridas e
semiáridas;
 Incrementar a utilização de tecnologias de irrigação, em particular as adaptadas ao sector
familiar;
 Melhorar e alargar a disponibilidade de insumos agrícolas, principalmente sementes
melhoradas e fertilizantes;
 Melhorar e estender os serviços de assistência sanitária e itossanitária;
 Promover iniciativas de produção e processamento de insumos no País para o maior
acesso e disponibilidade;
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 Revitalizar a cadeia de produção e processamento de semente melhorada;


 Fortalecer a capacidade institucional das associações de produtores, incluindo o seu papel
como promotores na disponibilização de insumos aos produtores;
 Capacitar e desenvolver os recursos humanos existentes, principalmente nos distritos, no
quadro da descentralização;
 Desenvolver e disseminar tecnologias que permitam o uso sustentável dos recursos
naturais (terra, água, florestas e fauna bravia);
 Facilitar o acesso à mecanização agrícola com recurso à tracção animal e ao uso do
tractor, onde for apropriado;
 Reforçar os serviços de veterinária, incluindo a realização de campanhas de vacinação e
banhos nos tanques carracicidas; e,
 Desenvolver tecnologias de piscicultura e promover a sua utilização num sistema
integrado de produção.

Para a realização da Revolução Verde, é fundamental uma abordagem integrada da cadeia de


produção e valor. Por isso é fundamental o envolvimento de todos os actores do Estado neste
processo, nomeadamente os Ministérios da Planificação e Desenvolvimento, das Finanças, da
Indústria e Comércio, das Obras Públicas e Habitação, das Pescas, da Saúde, da Ciência e
Tecnologia, da Educação e Cultura, dos Recursos Minerais, do Trabalho e da Administração
Estatal, entre outros.

O MINAG (2008) deve liderar e coordenar o processo da execução e assegurar uma correcta
articulação entre os diferentes intervenientes a nível central e sua ligação com os níveis
provincial e distrital, no âmbito do processo de descentralização em curso. Os programas de
interesse público com potencial para gerar negócios (por exemplo sistemas de irrigação,
infra-estruturas de selecção e conservação da produção, silos, etc.) serão implementados
através de parcerias público-privadas.

A ligação entre os produtores e os mercados será assegurada através do desenvolvimento e


profissionalização de agentes económicos de segundo nível para a recolha, selecção,
armazenagem e colocação da produção no mercado.

É partir da adopção dessas estratégias que o governo nacional pode massificar a produção e
assim assegurar o crescimento económico da do Pais. Para tal, deve-se acima de tudo formar
quadros que estejam capacitados a manejar os aparatos tecnológicos e responder aos novos
desafios da sociedade e principalmente da agricultura.
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CONCLUSÃO

Esta conclusão tem carácter de uma inconclusão na medida em que ao invés de trazer
respostas ela tende a levantar mais questões. Nesta óptica de análise, não só a tecnologia não
é o único elemento para melhorar o desempenho agrícola, como também a melhoria do
desempenho agrícola não é o único elemento para vencer a crise alimentar. O que é que
acontece com os mercados, com os preços, com os empregos, com os produtos do
desempenho agrícola, com o acesso à comida? Portanto, se a produção é um grande
problema, o acesso e a distribuição não são problemas menores.

Segundo, será que Moçambique precisa de uma RV, ou de uma campanha semelhante, ou de
um quadro articulado de desenvolvimento produtivo rural, em que a tecnologia, tal como
vários outros factores, se integram? Será que a questão central é falta de aplicação de insumos
químicos e melhores semelhantes, ou o tipo de insumos responde ao padrão social e
económico de produção (isto é, os objectivos dessa produção no quadro da acumulação
capitalista mais geral)? Por que é que algumas culturas são produzidas com uso intensivo de
agro-químicos e outras não? Será um problema tecnológico e institucional apenas? Por que é
que tal problema existe? Neste sentido, talvez seja infeliz chamar “Revolução Verde” ao
esforço nacional de melhoria do desempenho agrícola, por causa das conotações e místicas
tão limitadas e falseadas ligadas a este conceito.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COUTINHO, Mário. (2007). Agro-pecuária. Maputo, CEMOQE, Moçambique

MASA. Anuária de Estatísticas Agrárias 2012-2014. Maputo.

MINAG (2011), Plano Nacional de Desenvolvimento do Agronegócio, Maputo.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA. (2007). Estratégia da Revolução Verde em


Moçambique. Maputo. Ciedima-Central Impressora e Editora de Maputo-SARL.

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