No início do poema, o sujeito poético apresenta-nos a «Europa» e os seus traços
definidores («jaz, posta nos cotovelos» e «fitando»). Estes dois traços serão desenvolvidos nas segunda, terceira e quarta estrofes.
A segunda estrofe caracteriza os dois «cotovelos», indicando a sua forma: o direito
representa a Inglaterra e o esquerdo refere-se à Itália, locais onde se encontram as raízes culturais que constituem a identidade europeia.
A terceira e quarta estrofes organizam-se em volta do verbo «fitar», desvendando a
simbologia do olhar no poema e justificando a importância do rosto e do olhar.
O poema começa por apresentar uma imagem de dormência (associada ao verbo
«jazer») e outra de expectância (traduzida pelo verbo «fitar», o qual aponta para uma renovação). Estas duas imagens simbolizam a conjugação do passado com o presente e com o futuro, denunciando a importância de Portugal na construção desse futuro.
A importância de Portugal, rosto da Europa, é posta em relevo pelo monóstico final do
poema, sendo este país visto como «cabeça» da Europa. Deste modo, valoriza-se Portugal dentro da Europa, procurando o sujeito poético, no último verso, conferir-lhe um papel determinante na construção/instauração/inauguração de um novo império (o império espiritual, o Quinto Império). Expressa, assim, uma mensagem de esperança e de confiança na nobreza de Portugal como agente de uma missão futura, tendo em conta que é um povo marcado pela predestinação, o escolhido por desígnio/vontade divina – conceção messiânica da História).