Você está na página 1de 169

DRAMA <.

r ílll A( PPM,(>P<; f> r ) r1PíFHTF r RJ5TÁf>

Este d ram~tico epi5Õdio marcava o termo de um desses pel'íodos , fre-


qü entes na históri a do Império bizantino , em que a curva do destino ,
após atingir um cu m e gl orioso , co meça a decJjnar , como se tendesse fatal -
VI. DRAMAS E DILACERfÇÕES mente para a derrocada , para a anarquia e para a ruína . Desde qu e Justi-
DO ORIENTE CRISTAO niano morrera , havia cerca de meio século , o Império somente vi ra ho-
mens medfocres à sua testa: J ustino II ( 565- 578 ), que tivera o louvável
desejo de reorganizar o exército e de restabelecer as finanças : Tibério Cons-
tantino (5 78- 582), que combatera os inimigos de fora e procurara atrai r
as simpatias do povo ; Maurício (582 -602) , que se revelara um general co ra -
joso, bom diplomata e prudente administrador ; apenas o último dos qua-
tro imperadores desse período , o ex-cen turião Focas (602-610). foi tão inca-
paz quanto cruel. Para manter o imenso Im pério no plano a que o tinham
elevado Teodora e se u marido , para unú tantas populações heceróclitas,
para impor respeito a classes sociais desp rovidas de senso cívico . te riam si -
do necessários super-homens .
Herâclio, ''o primeiro cruzado' '
O grandioso despotism o de Justiniano imprimira à nau do Estado um
impulso tão fone que , bem ou mal , ela seguia adiante . ?\enhum dos pro-
Na primavera de 614, enquanto o Ocidente procurava às apalpadelas
blemas fundamentais , porém , fora devidamente resolvido. O regime care-
o seu equilíbrio entre a anarquia bárbara e a nova ordem que, a panir
cia de bases, como foi possível constatar em duas ocasiões: quando o im-
de São Gregório Magno, se encarnava no Papado, o Oriente foi abalado
perador Maurício foi executado, depois de ter ass istido à decapitação dos
por um choque terrível . Por todas as províncias de Bizâncio correu a notí-
seus cinco filhos ; e quando o tirano Focas foi Literal.mente retalhado pela
cia de um desastre espantoso. Jerusalém acabava de cair!
multidão revoltada, e as partes menos nobres da sua pessoa passe.idas no
Os persas do rei Cósroes , continuando as ofensivas que havia dez anos alto de uma lança . Além disso , e principal.mence , nenhum desses sobera-
lançavam contra todas as fronteiras orientais do Império, haviam invadido nos havia sido capaz de tomar uma decisão lúcida quanro à grave questão
mais uma vez a Palestina . Sitiada durante vinte dias, a Cidade Santa não que as desmedidas ambições de Justiniano tinham suscitado a Bizâncio:
pudera resistir aos ataques dos aríetes inimigos e, uma vez forçada a mura- nenhum deles soubera escolher entre o sonho d e um Impéno único - re-
lha, a investida fora tremenda e o ódio religioso ateara . fogo às paixões constituído na aparência , mas ingovernável de fato - e a realidade da
mais selvagens . Muitas igre jas haviam sido incendiadas, entre elas a venerá- defesa do Oriente contra os bárbaros .
vel basílica da Ressu rreição, construída por Constantino. Falava-se de ses- A escolha ia impor-se agora , pois a situação agravava-se de ano para
senta mil mortos _e de trinta e sete mil cristãos levados para o cativeiro, ano. A partir da morte de J ustiniano , os bárbaros . até então comidos, pre-
entre os quais se inclu ía o próprio Patriarca . paravam um novo assalto . Por volta de 550. a súbita aparição e a contí-
Os persas nada tinham respeitado, a não ser a basílica da Natividade nua expansão de um novo império na As.i:i Central. o dos curcos - cujo
em Belém s d d' · Khagan , instalado no Tien-Chan , re inava como um potencado faustoso.
,, , egun ~ se ma por causa do m osaico da '' Adoração dos Ma-
gos · no q_ual havi am reconhecido os seus costumes nacionais . Inúmeros assentando-se sobre um t rono sustentado por quatro pavões de ouro - .
conventos ttn ham sido d st. 'd voltara a provocar uma enorme agitação entre :is tribos dispersas da China
. e rui os, os monges e monjas dispersados . Tesou-
ros sagrados tectdos r- d . aos Urais. Em 568 , o efeito dominó lançara os lombardos sobre a Itália 1,
d ' . . . a.ros, vasos e ouro e de prata - tudo fora envia-
o para as capnats irania A S r e os ávaros , mongóis hos tis ao domín io turco . rinham-se inscalado no sul
ra levada - l .L nas . anta Cru z, tirada do Santo Sepulcro, 10-
, a tlt u o 1.1-c. troft,, ~~ -- r,,.c;r~M~ 1 da Rússia, e depois no baixo Danúbio; eram cavaleiros tão a.me.içadore~ co-
a Palestina nun . ~ 1 4 ! . l i . ~ . Era uma catástrofe da qua mo o tinham sido outrora os seus primos hunos. e traziam consigo a mes-
ca mais se havi a de . d
urna vergonha e u . recuperar. Para toda a cnstanda e , era
ma e1or sem lim · . Q d .
a Constantinopla du~ c _ . nes. uan o, pouco depois, chegaram
318 0 povo , ajoelhado
..., re 11qu1as qu e 0 r · • 1 ( 1) Cfr . cup . IV, par . ÜJ /omb.mlos <! o J<1smembrumu,10 d., /1.il:.; . 319
. . preietto do Egito conseg uira sa var,
no cais, recebeu -as em prantos .
,\ l1 ,Hl ·J\ i)<l\ ll •Mi '< l~ I ,
li\ Hl\t1 llc l\
f >fU\MA 'í F fJff M .FflM/J F ~ f)(J ( Jfl fF."ITF r RTSTM1
_ _ destem idos co mo eles, co m o e les Cnozes ·
ria dos e~1avos. , . .
. d · in iciara O seu rei-
orável ,nfa nra . . . s ou esmag avam -lh es o cran 1 0 a go lj)es
e ela iriun far , por ocasião ri a sangre nta guerra civil com que
g prisioneiro. rd . _ · io , 0 sassâni da a
·' queimavam os · _ e às serpen tes '' . Fa, zer. fre n te a essas h o as llao nado . Mas , quand o Foo s derrub ou e executo u Mauríc
faz aos cacs . rante vi nte an~s ,
Va como se . to de pouca 1mpor ta nna . pre texto d e vingar o amigo , desfechou o ataque (602 ). Du
· · ara Bi·zanc1, 0. assun d . ras bizanti nas ;
urgia també m a dam eaça os .p e rsas, igu almen te gra. quase sem trégua s, lançou as suas tropas cont ra as frontei
era . P Anatóli a e depois
. ltaoeameote , s
Simu d d · Impéri os. - o e Con stantin opla e o d os sas san, , .
. um a após o utra , as provín cias de Osroene , da Síria, da
- dos persas e das hordas mongóis
z O duelo os ois
devia prolon gar-se , nao obstan te algum as t • do Egito tiveram de assistir à invasão
ve · _ começad o e .1 0 , m , 2 • te- , prepara vam -se para conquis-
quer eles utili zavam com o auxiliares . Em 609

das ' to e seis anos, e manti nha nas fronte uas do Orient e ntinop la . E a
. . b l , tar Calced ônia, no Mar de Márma ra, em frente de Consta
uas durante ceo , e a .custa de muitos
g 'eien.da sempre aberta . Justmi ano , em ou ma ~ . catástr ofe da tomad a de J erusalé m , em maio de 614 , foi um dos episó-
uma uido
. dinheiro , em terras e em amor- propn o, unha , ,conseg dios - o mais doloro so - desta longa e terrível provaç
ão.
sacrífi100s em rar ao seu grande de-
art e este perigo para melho r se consag ocupav a o trono de Justinj ano , e com ele
arenuar em P . · d I em 572 , re b entou o primei ·
ro Mas agora um novo chefe
, . .. re 1ativo ao Ooden te . Depoi s e e, do destino . Ao períod o de disso lução e
sigrno . haveri a de invene r-se a corren te
atacar am a Meso-
alerta : 0 5 persas , inabilm ente provoc ados por Justin o II, de derroc ada geral , suceder-se-ia m ais uma vez uma época de vigorosa re-
s~a vez pelos tur- de Herácl lo (6 10-64 1).
potâmia e a Síria . Pouco depois , porém , am~aç ados por novação e de grandi oso poderio , encarn ados na figura
tivera m de recuar a insurre ição popula r
cos, contra-atacados por Maurício ( o futuro imper a?or), Chega do ao poder ainda jovem - 36 anos - . com
uma paz desas- uma bela persona-
e, a braços com revoluções palatin as, acabar am assma ndo e militar que pusera ponto final à tirania de Focas , era
nte forj ado. Alro.
trosa , que entrega va ao Impéri o roman o quase toda a Armê nia persa . Mas lidade , uma alma pura e fiel , um carácter magnificame
. olhava de frente
a si tuação logo se alteraria . Ao mesmo tempo que Maurí
cio, agora impera- robust o , cabele ira de ouro averme lhado , barba espessa
estreit o autorita- límpid os. A sua bravura era quase excessiva,
dor, se tornava impop ular devido à sua dureza e ao seu o inimig o com os seus olhos
honra de se encon uar no coração da bara-
rismo, e lhe sucedia o lament ável Focas, posto no trono
por uma sedição pois não deixav a a ningué m a
forças em comba te singula r com este
ser o pior inimig o de lha, chegan do ao ponto de medir
militar , instalav a-se em Ctesifo nte aquele que ia esuare go e djp lomara expe riment a-
ou aquele inimig o . Além disso , hábil
Bizâncio , o rei Cósroes II (590-628). rodos os do res que caracte ri-
longín quo do em apanh ar o inimig o de surpre sa , tinha
Era prestigiosa a figura desse último ' 'Rei dos Reis '' , desse zam um grande genera l. Mas , so bretud o , era um cristão
de fé ardente 3 ,
retom ar as ambi-
rival em glória dos Xerxes e dos Ciros, que preten dia entusia sta em servir a Cristo e ao Evangelho , o antepassado
e o protóti po
o a unidad e do
ções dos Aquemênidas e restabe lecer em provei to própri desses cavaleiros que, mais tard e, haveriam de desafiar
rodos os perigos
tesour os são ilimi- cem sido
Oriente Médio. ' 'O céu serve os meus desejo s, os meus para reconq uistar o Santo Sepulcro. Não é sem razão
que lhe
'', exclam ava ele
tados e todos os países trabalh am somen te para mim! dado o cogno me de " primeiro cruzad o".
de Dario , ornado r o im-
no ápice da sua glória. Havia manda do refaze r o trono O início do seu reinad o foi terrível. Nada parecia poder quebra
rodead o no invern o por uma anos as tropas de Cósroe s assesta vam novos
com_os signos do zodíaco , e nele se sentav a, pulso dos persas, pois todos os
esferas de ouro mome nto em que Jerusal ém caia ,
comna de pele de castor e de zibelin a e aquec ido por golpes em pontos inespe rados . No preciso
. · d m luxo ónia . Quatro anos mais carde .
cheias. .de águ ª f;ervente. As suas caçada s faziam -se no me10 e u os inimig os aparec iam novam ente em Calced
f: I ·ros sem amento s na Hungr ia , invadia m
prod1g10s0··. ca vaJeiros · 'd .
vesti os com cetins deslum brante s, . ad coet Quan· as hordas dos ávaros , saindo dos seus acamp
e a Siria tomadas ,
conta, lacaios q a Trácia e vinham cercar Consta ntinop la. Com a Palesti na
do ue seguravam pela trela guepa rdos domes tica os. ··m i no
acampava ' est en d'ia-se so bre o solo um tapete de uns
500 '
1 estavam rep d , 'd O seu
qua t a. i1a . À semelhan ça d:i. _maior pane
· · contava resenta as todas as partes do Impér io sassan
ex ercito (3) Mais h om em de fé, efetivam eme . que de vida ~rfr
er.un nele mu iro vivas . N:lo póde refre-J.I os sennmen ros q ue
mil mulhe res . . dos bizantin os, as p aixões e.unais
B. , . novecentos elefant es e o harém doze brinha , e responde u ao patriarca . que lhe supl ICava que ren unciasse ao casa-
. era ine· se nti a pela p rópria so
· Cumpres o .re u dever de arce brs-
. izanc10 erguia-se ões, e o choqu e ra· .
mento incestuo so : "O que me escreves e
' pe rf' ·
e11arnenre ~ro
corr, ·
vi tável. Em 'd . no cammh o das suas ambiç me agrada ": O cronista acrescenta q ue o
Ih uma g po e de amigo . Q uanto a mim . pretend o faur O que
d

---
vi a do im , fi1lhos que a Jovem Manmha lhe deu ,. um
pera or Mauríc io, Cósroe s II dedica ra- e dera 1. · ·
ido po r esse peca · d os nme
d o, po is . . .
ta amizade t\ • r . . ele p u so b erano 0 1 pun
· · A··· . os cont rastes nesse cnsuarus mo b,zan- 32 1
, yOJs lOra gra bizan rmo que nasre u surdo e out ro defe uu oso e par;il!uco . - » im eram
ças ao apoio do genera l moral .
tino, em q ue a fé mais viva andava a p.u d a mais duvidosa
320
(2) Cfr . cap. Ili' par.
ln ..J . .. ,
. d Ri l:inc,r, c~prem ,d:i. cnt rc n, 111nng1í i~ c m 1e 1ra r 0 ~
Alexan d rta ocup;i :t. . , .
' cru a Her:irl 11~ csrn \'a a hc,ra do d eses pe ro e pe nsava d nc ru rJaç ~ltu r,-,.;, tom0u Tíflr~ 3travl"çs0n a Armrnia invadiu a Síria e
persas d o Ia do d a ª"' · · . , .
em retira r-se pa ra Cartago . ma., o parnarra Scrgw co nseg uiu d e tê-lo . rs magou o melhor ext'rfito dos prrsas pf' rt0 rle Arbelos. no mesmo \ui,-ar
0
, - ~e d a' uma reviravolta que parece um mi lag re e qu e devia, c m qu e o gra nde Alexandre tinh ;i venndo ourro Rei dos Re is.
E entao qu e _ ,
r d p uma autêntica cruzada. · 'E exatament e a urn a cruzada Esgotad a, a Pérsia pediu miserifórdia Era a vez de os tJizantinos inva-
tomar a rorma ,
que assistimos aqu i _ escreve R_e né Grousset - . _um a cruzada como não di rem em incursões fu lm inantes os quatro cantos do Im pério sassânida .
houve ou tra , pois os exércitos cnstãos respondem . a voz do che~e da Igre- As cid ades sagrad as dos masdeus arderam por toda a parte. Por fi m , a
Jª e resolvem libertar O Santo Sepulcw e . reconqut~tar a verdadeira Cruz" 25 de feve reiro de 628 , espalh ou-se a notícia decisiva : " Caiu o ímpio , o
Não, diz O patriarca , tu não tens o dtre1to de de1x~r os magos ocuparem orgulhoso Cósroes! '' , anunciou Heráclio ao seu povo . '· Aquele que insul-
a Cidade Santa ' Não, ru não tens o direito de deixar que a Santa Cruz tou Cristo e a Virgem está mono ; escutai o fragor da sua queda. Já arde
no inferno com os seus iguais Destronado pel o próprio filho , o último
1
"
seja um objeto de escárnio em Ctesifonte!
Rei dos Reis 4 acabava de ser executado na " casa das trevas ". A Pérsia
Todos 05 tesouros da Igreja bizantina foram postos à disposição do im- masdeísta deixara de existir para sempre.
perador. Ao mesmo tempo, Cósroes, no cúmulo da arrogância, escrevia a
Quando Heráclio reconduziu a Santa Cruz para Jerusalém a 23 de
Heráclio uma carta insultuosa para a sua honra e para a sua fé, e como março de 630, carregando-a ele mesmo sobre os ombros , a " primeira cru-
reação todo O Império se levantou num esforço supremo. A missiva do zada'' parecia coroada pela mais brilhante das vitórias . Mas que realidades
persa foi lida do púlpito, para que todos sentissem o ultraje . "Pretendes estavam ocultas sob estas aparências ) O Império de Bizâncio sairia menos
p ôr em Deus a rua confiança ? Então, por que não salvou Ele_ Cesaréia, enfraquecido da prova do que aquele que acabava de abater ) Destruindo
Jerusalém e Alexandria das minhas mãos? Se me aprouvesse, tena destruí- o poder persa, para quem trabalhara, ao fim e ao cabo, o soldado glorio-
do também Constantinopla. Quanto ao teu Cristo, não te deixes embalar so? Doze anos mais tarde , Jerusalém veria um novo conquistador surgir
por uma vã esperança: nem sequer foi capaz de salvar-se das mãos dos ju- diante das suas muralhas , pois no mesmo m omento em que o piedoso
deus que o crucificaram!" Heráclio, de pés descalços, subia o Calvário , quauocentas léguas ao sul
A 5 de abril de 622 começou a guerra santa. Não devia durar menos os cavaleiros de Alá começavam a ganhar impu lso.
de dez anos, e daria ocasião às peripécias m;i,is assombrosas . Comprada
por um alto preço a retirada dos ávaros, Heráclio lançou-se contra as tro-
pas p ersas da Galácia e da Capadócia, repeliu-as para o Eufrates, atraves- As dissensões religiosas e o desp ertar dos nacionalismos
sou de um salto a Armênia, não se deteve a reconquistar as províncias
oc upadas, lançou-se pela Pérsia adentro, tomou Erivan e vingou o saque O perigo das fronteiras não era o único que ameaçava o Império de
de Jerusalém, in cendiando o templo masdeu de Tabriz; parecia que o Im- Heráclio, e talvez nem mesmo fosse o mais grave . Num plano mais pro-
fundo, o problema central era que esta imensa amálgama de terras e de
pério sassânida estava ferido de morre.
povos, com as mais diversas tradições e convicções. co rria o risco permanen -
Mas não : Cósroes reagiu; depois da embriaguez das vitórias, foram
te de se desmembrar . As querelas religiosas , que havia séculos agitavam
um , d ois, três anos de dura e esgotante defensiva. Em junho de 626 , os o Império, revelam a existência de tendências centrifugas violentas nesta
ávaros restabeleceram a aliança com os persas e lançaram-se de novo ao massa duramente espanilhada pelo estatismo . A fu lminante rapidez das
assalto. Houve uma verdadeira corrida para Bizâncio, em que mongóis, conquistas muçulmanas torna-se incompreensível para quem não tenha pre-
eslavos e búlgaros marchavam lado a lado com "medos" e persas. Dian- sente o quadro deste Oriente dividido e dilacerado, no qual as discussõe:
te do perigo, o patriarca Sérgio, defensor da cidade, Jurou com uma recrí- teológicas sobre as duas naturezas de Cristo acabavam sempre trazendo a
vel energia. A imagem da Mãe de De~~. ~ lvaguarda_sobrenarural, era cons- tona os mais exasperados nacionalismos.
tantemente passead ~ so b~ muralh as , ..!!ª p rimeira fi la dos combatentes . Por toda a pane onde se instalou , o domínio bizantino mostrou-se pe-
E deu-se o milagre : o inimigo afastou-se . Ao mesmo tempo , saindo do
· · , · s
reduto em que se tinha refugiado, no Cáucaso, o incansável Heráclio reto- (4) Foi a partir desta v11ó na que Hcracl1 0 e os seus sucessorc .começaram, aIhusar oficialmcn-

322
n:º~ ª ofensiva , após ter conuatado, também ele, contingentes de merce -
· d R · J R
te o título de Bastleu , equ1valemc ao e et " º s . e,s,
uso corrente e nunca figurava nos protocolos oficiais.
· que amenormcmc so es era a o no
d d
32 :
nanos amarelos. O ano de 627 viu a vitória mudar de campo: o imperador
A IGREJA DOS TEMPOS BÁRBAROS
DRAMAS E DILACER AÇÕES DO ORI ENTE CRISTÃO
. d .
. h e espol1a or, na África ' tinham bastado cinco anos de-
sado, mesqum O B . , . para que os rigores do governado r bizan- mo sacerdote de Amon-Rá como encarnação do nacionalismo · " divino se-
. - '' de e11sano
pois da "l I'bertaçao dades O tempo dos vândalos ; na Itália 0 nhor , décimo terceiro apóstolo, juiz do mundo" , como dizia~ os seus tí-
. fi m lembrar com sau . '
uno izesse gótico ou O terror lombarda não senam pre- tulos oficiais, _constituiu-se num verdadeiro ''faraó episcopal'' , segundo se
p erguntava-se se o terror . . . escreveu cert:1ramente . O seu grande rival - o Patriarca de Antioquia
povo d . • E as duas bases pnnopa1s do Império a
feríveis ao fisco os onenta1s... . ,
, . E • embora tivesse sob a sua alçada cento e cinqüenta e três dioceses, esta-
Sma e O g1to , estav am também secretamente minadas •
; em ambas as re-
d . va longe de exercer uma autoridade semelhante; ainda que O território
.
giões, vemos es boçar-se desde O século V . um fenomeno e importânc , . •
ia
abrangido pela sua jurisdição fosse muito mais extenso, carecia de coesão
· d
cap1ta1: o espe rtar dos nacionalismos devido em grande parte a 1nfluen-
, e vinha sendo minado havia séculos por inumeráveis heresias . Mesmo assim,
eia do cristianismo. à medida que os sírios começavam a tomar consciência de s1 próprios, o
o bloco dos povos sírios, de língua aramaica.' esten~i~-:e do Med~terrâ- chefe religioso de Antioquia via crescer o seu prestígio.
, , p ximidades da Pérsia. Sempre estivera d1v1d1do entre 1mpé-
neo ate as ro · ·1· Por outro lado, as lutas teológicas que, já desde os começos , agitavam
rios rivais, e a partir de Alexandre havia-se submeti_'d o à clVI _1zação helêni- periodicam ente o cristianismo oriental, tinham repercutido no plano dos
ca , mas só tinha encontrado um princípio de untdade e independê ncia nacionalismos. No tempo do arianismo, Alexandria - a Alexandria do
na fé cristã, cujo centro material era Edessa. O fecham_ento ~a célebre ''Es-
grande Santo Atanásio - fora o baluarte da ortodoxia diante de uma An-
cola de Edessa" pelo imperador Zenão , em 489, não 1mpedua o desenvol-
tioquia vendida aos hereges . Nos séculos V e VI , as graves controvérsias
vimento de uma literatura siríaco-cristã original, de tendência cada vez do nestorianismo e do monofisismo haviam acentuado ainda mais as diver-
mais nestoriana, e que se projetava em território persa através da Escola gências: opondo-se uma e outra à ortodoxia de Constantinopla , que mui-
de Nísibis . Quanto ao Egito, o cristianismo, realizando a fusão entre o tas vezes só lhes aparecia sob a forma do gendarme bizantino , as cristan-
elemento grego das cidades e a massa dos felás, tendera involuntar iamen- dades do Egito e da Síria opunham-s e ao mesmo tempo entre si. Todo o
te a dissolver o helenismo nas velhas tradições autóctones , coisa que se tra- esforço desenvolvido pelo poder central para restabelecer a ortodoxia esbar-
duzia por exemplo no emprego crescente do copta, isto é , da antiga lín- rava com resistências políticas, cujas raízes mergulhavam muito fundo na
gua egípcia escrita em caracteres grego~. Crescia, pois , nas duas províncias alma desses povos; e, em sentido inverso , todo o esforço de centralizaçã o
a tendência para as reivindicações nacionalistas. trabalhava a favor das heresias . O erro fundament al de Bizâncio - o de
Também no plano religioso se notavam claramente esses nacionalismos querer unir num mesmo poder a autoridade política e a autoridade religio-
que em breve se refletiram na hierarquia da Igreja, concretam ente através sa - produzia enfim todos os seus frutos de amargura.
da organização dos Patriarcados . Estas superdivisões eclesiásticas tinham ori- Diante desta situação complexa - cuja dificuldade , ao que parece,
gens diversas: Antioquia e Alexandria, por um lado, estavam ligadas às só foi compreend ida por Teodora -, os imperadores bizantinos não foram
mais antigas glórias d9 cristianismo, e a sua importânc ia derivava das gran- capazes de encontrar uma solução efetiva senão para os problemas políti-
des figuras que haviam ocupado as suas sedes; a importânc ia de Constan- cos. Em face da questão religiosa, uns , como Justino li e Tibério, encara-
tinopla, porém, era antes o resultado da política imperial empenhad a em vam as heresias com uma moderação que beirava a complacência ; outros,
dar à " nova Roma" todo o prestígio possível. Estabeleci da no Concílio como Maurício, hesitavam entre a tolerância e a brutalidade, ou ainda ,
de Calcedônia, reconhecida oficialmente no Código de Justiniano como como Focas, vangloriavam-se de uma feroz ortodoxia e aplicavam em defe -
~ndament o da constituição da Igreja, a divisão hierárquic a dos cinco Pa- sa da fé os métodos violentos de que costumavam lançar mão. Além do
tnar~ados - Constantinopla, Jerusalém , Antioquia , Alexandria e Roma mais, a mesma ambigüida de se fazia notar nas suas relações com os Papas:
u~ha acabado por contribuir para concretizar as tendências centrífugas uns pressentiam que só uma autoridade religiosa solidamente fundada po-
das diversas partes do Império . deria ser capaz de restituir a unidade e a harmonia aos povos cristãos dila-
cerados pela heresia, e percebiam , portanto , que o seu interesse devia im-
O fenô~eno era particularmente nítido no Egito onde o Patriarca
peli-los a trabalhar.d e mãos dadas com o Pontífice de Roma; outros agar-
dulrante dmutto tempo designado como "papa" - , ~ testa de dez metró- ravam-se cada vez mais ao sonho orgulhoso de uma Constantinopla que
po es e e cento e uma sé . . . , . .
s episcopais , propnetan o de múmeros bens, ar- fosse a capital religiosa do Oriente e rival de Roma .
ma dor nava l que controlav , .
324 .. .
custa v1v1am milhares de
ª comercio do país, benfeitor faustoso a cuia.
0
Daí as mudanças bruscas e contínuas de política. No tempo de Maurí- 325
b . .
po res, tinha ltteralmen te tomado o lugar do su-
A IGREJ A DOS TEMPOS BÁRBAROS
DR AMli S E Dllli CERli ÇÕES DO ORIENTE CRISTÃO
. fl'to entre o poder imperial e o do Papa _
. 1 d 'u um violento con i . .
c10, eco 1 , . M no _ porque este mterve10 nos assuntos dos cieiro mani festo mon o telita , e g ue fo ra promulgada po r Heráclio como lei
mão Gregono ag ._ .
que . era e . se impôs como guard1ao supremo da disciplina do Impéri o, num prim eiro momento pareceu ser aceita . Pouco a pouco,
Pamarcados do O nente e , . · -
. _ d F as pelo contrario, houve uma aproximaçao cordi al porém, os olhos e os espíritos foram -se abrin do , e alguns teólogos, como
cnsta· no tempo e oc • · 1
· p d ·biu-se ao Pauiarca de Constantmop a que usasse o títu - São Sofrônio e São Máximo o Confessor , começaram a denunciar o erro .
com o apa o, pro1 . S, d s- Na África, os concílios provinciais cond enaram-no , e em Rom a o papa São
lo d e .. ecumentco
, · " , e reconheceu- se oficialmente a e e ao Pedro co-
,
mo "cabeça de todas as Igrejas ". E caso para _Perguntar como se devi a Martinho I (649-65 5) organizou a resistência à nova heresia. Entretanto,
Heráclio morrera , levando para o túmulo a sua boa - mas misóna -
comportar u m leal vassalo do Imperador no .meto . . de todo esse caos. , em
que a fideli dade de hoje tinha todas as possibilidades de ser considerada vontade de conciliação.
um crime amanhã , e em que bastava mudar de província para que tudo Diante das op osições gue se levantavam , Constante II. em 648, substi-
tuiu a Ectese por um novo documen to , o Tipo da fé, que proibia toda a
0 que dizia respeito aos princípios da fé, aos métodos administrativos e
ao clima moral mudasse completamente. discussão sobre o número de vontades ou de energias co ntidas na pessoa
de Cristo, o que , embora fosse prudente , estava formulad o de cal manei-
Na grande tentativa de reconstrução que empreendeu, Heráclio não
ra que os ortodoxos não podiam aceitá-lo . O papa São Maninho I lançou
podia pôr de lado uma preocupação desta natureza , tanto mais que duran- sobre o Tipo a mesma reprovação que lançara sobre a Ectese , e daí resul -
te a guerra contra os persas teve ocasião de observar que muitos elemen- tou uma crise terrível. Louco de cólera, o tirano bizantino mandou o exér-
tos monofisitas do Império , por ódio à ortodoxia imperial, tinham chega- cito de Ravena raptar o papa, já velho e doente , e trazê-l o para Constan -
do bem perto da traição. Aconselhado pelo patriarca Sérgio, homem de tinopla, onde o conservou em isolamento durante uês meses . para depois
Estado tanto quanto homem de Igreja , convenceu-se - como outrora Jus- submetê-lo a um abjeto simulacro de processo e destratá-lo como se fosse
tiniano, ainda que noutro terreno - de que conseguiria reconduzir ao o último dos criminosos; depois , não se auevendo a matá- lo. deste rro u-o
aprisco as ovelhas desgarradas por meio de novas fórmulas doutrinais. Apre- para a Criméia, ao encontro de uma morte em tal m iséria e solidão que
sentar a ortodoxia sob uma forma atenuada, e do mesmo modo mostrar acabou por transformar esse fim num verdadeiro martírio . Este foi o resul-
as heresias em termos brandos , não seria esse o meio de pôr toda a gen- tado dessa nova tentativa de apaziguamento fundada sobre a ambigüida-
te de acordo? O resultado da idéia foi o nascimento de uma nova doutri- de e o erro, que não contentou , como é lógico . nem os católicos nem os
na que, depois de algumas hesitações - pensou-se a princípio em falar monofisitas .
de um monenergismo - , se concretizou naquilo que veio a chamar-se Foram precisos nada menos de setenta anos para sair da crise mo noteli-
monotelismo , doutrina de uma vontade única em Cristo . Os católicos que- ta; somente a diplomacia do papa Santo Agatão (67 8-681 ) co nseguiu pre-
rem distinguir duas naturezas unidas em Cristo , e os monofisitas uma só ; parar o caminho da paz . Um longo Concílio, o li] º de Constantinopla e
pois bem , se se descobrir o princípio único da união das duas naturezas, VIº ecumênico, reu!)id2__ de novembro de 680 a setembro de 681 procla-
todos ficarão de acordo. Bastará dizer: " Um só e mesmo único Filho de mou a doutri.:ia das duas-;atur~zas -segu"udo a fé cará)ica e liqPido,1 a he-
De~: · Nosso Senhor Jesus Cristo , realiza as ações divinas e as ações huma- resia em todas as suas for~as . Estava restabe lecida a paz na Igreja; mas .
n: · Isto,_ em si , não é falso ; mas a explicação que acompanhava esta nesse mesmo C~ ncílio , manifestou-se um sintoma inquietante : os Padres
p dente . formula acabava por afirmar que o único querer em Jesus era o denegriram a memória do patriarca Sérgio , autor principal do erro , mas .
em, cnsto
· nao - tena. vontade, e portanto nao -
querer. d1vmo· como hom ao mesmo tempo denegriram a do papa Honó rio. o que era injusto. pois
·
phassana de um homem incompleto ... E novamente se caía em cheio na embora o papa tivesse sido fraco, nunca professara a heresia . Foi mais
eres1a monofisita . uma manobra tipicamente oriental para depreciar a autoridade de Roma,
A princípio e o papa Agatão não chegou a aperceber-se da astúcia.
, . • o estrat agema parece u correr multo
.
bem para Herac , 1·
JO e
para Serg10 O Egito e A ,. · d · d O primeiro drama teológ ico deste período encerrou-se, pois, com um
0
· _ . ª rmenia a enram à nova doutrina pacifica ora;
papa Honono (6 25 638) 1 · r novo passo de Bizâncio no caminho que aos poucos ia conduzindo o Im-
d :--=------~ - ' ma inrormado e mais ou menos convenciºd 0 pério para longe de Roma. Dez anos mais tarde . em 69 1. o concilio " da
e que se tratava de mais um d
gos tanto . ª essas querelas de palavras de que os gre- Cúpula" (in trullo) - também chamado Quinisexto . pois foi encarregado
gostavam aprovou as t I b
326 forma aten uada A ' E eses que he aprese ntaram, aliás so um a de completar com cânones disciplinares as decisões do Vº e do VI º Con- 327
· ctese ou Exposiçào da fé, que vinha a s~ r um verd a-
/1 IGREJA D O S TEMPOS BÁRBAR OS
DRAMAS E DILA CERA ÇÕES D O ORIENTE CRJ STÃ O

. d · ssa tendência ao afirmar que a sé de Cons-


-1· acentuou a1n a mais e d R - . aceitar as suas decisões . Nutririam eles uma secreta simpatia pelas teses
c110s - di·ret'tos" que a e orna, o que equivalia
. 1 · h ' 'os mesmos
tantmop a t1n a d d b sob re o cânon 28 de Calcedônia. Além dis- condenadas? Assim se tem sustentado, mas sem prova alguma. É mais pro-
brir o fam1gera o e ate . . , . vável que esses fiéis tivessem sido mal informados sobre os termos exatos
ª reaao mventanar
. .
os usos
da Jgrei·a btzanttna, este smodo ignorou expressa-
.. , . dos cânones , pois foi um sentimento de nobre fidelidade às decisões dos
so, nos · concretamente, permmu aos c1engos qu e já
mente os costumes roma , . . . concílios que os levou a tomar uma atitude de desconfiada recusa. Nas
. d da ordenação que contmuassem a viver con1ugal-
esuvessem casa os antes . . margens do Oronte, na planície de Apaméia e de Ciro , tinha-se estabele -
- e ssem bispos ao passo que o Ocidente lhes 1mpu-
mente, a nao ser que 10 • . . , . cido uma comunidade monástica em volta do túmulo de São Maron, um
· , · . proibiu também o 1e1um aos sabados, quando na lttur-
nha a contmenc1a , .. , . . , . .. grande anacoreta do século V. Foram os monges desta comunidade que ,
· 1atina
g1a · esse d ta. não tinha qualquer. pnvilegio e mnguem , . deseJava
. m1ti- no mais ac'eso das lutas teológicas , ergueram o bastião da fé mais rigoro-
· ·
gar o ieium. Em resumo .· pela primeua
. . . vez , este conolto estendia . o desa-
, . sa. Defensores entusiastas das teses de Calcedônia , recusaram-se a aderir
cordo com Roma às questões d1soplmares. Devemos ver aqui urna taota a posições que consideravam heréticas e estabeleceram um Patriarcado inde -
resposta dos orientais à firmeza com que os Pa~as se tinham opos_to . aos pendente, simultaneamente oposto aos monofisitas-jacobitas e desconfiado
seus erros? O fato é que daí resultou um conflito com o papa Serg10 I com relação à Igreja oficial. Enfrentaram corajosamente todas as pressões
(68 7-701 ). que se recusou a ratificar as decisões do concílio. O debate só e, quando a invasão muçulmana os obrigou a abandonar as suas belas pla-
veio a apaziguar-se no tempo do papa Constantino (708- 715 ), quando o nícies, preferiram deixar tudo a submeter-se ou a pactuar com os inféis.
pontífice conseguiu convencer o imperador Justiniano II das razões que o Refugiados nas montanhas do Líbano , e sempre sob a direção do seu Pa-
seu predecessor tivera para tomar essa atitude. O acordo provisório foi con- triarca, tornaram-se os defensores de um baluane cristão que nem os sécu-
cluído em Bizâncio , para onde o papa Constantino se deslocou; aliás, até los nem as investidas da força puderam derrubar . Mais rarde , por ocasião
recentemente , foi ele o último Pontífice romano a visitar aquela cidade. do cisma grego, recusaram-se a aderir aos erros de Cerulário e conservaram -
Neste final do século VU qve via arnmularem-se sobre o Oriente as -se fiéis ao princípio ubi Petrus, ibi Chnstus . A passagem dos cruzados
nuvens da pior ameaça que até então sofrera, a situação do cristianismo pelo seu país, no século XI, acabaria de soldar os elos de fideli dade que
era ·verdadeiramente aflitiva. Nenhuma das heresias que, havia já seiscen- até hoje os ligam a Roma .
tos anos, pululavam naquele terreno propício, passara sem deixar vestígios. Foi um resultado feliz , mas uma rara exceção nesta penosa história
Subsistiam ainda grupos de arianos, marcionitas, docetas, sabelianos e até de lutas que recomeçavam incessantemente sob qualquer p retexto e que,
gnósticos, espalhados pelas províncias. As duas grandes heresias da época no fundo, revelavam graves esfacelamentos. O Império bizantino vai ofere-
precedente haviam marcado com o seu selo as cristandades orientais. Os cer ao assalto do Islão uma muralha inteiramente minada no imerior e se-
diversos monofisismos tinham-se constituído em seitas, e a dos "jacobitas" mi-abandonada pelos combatentes.
- dos descendentes de Jacó Baradai - era a mais vigorosa; no Egito,
na igreja copta, bem como na Etiópia, acabou por triunfar a doutrina da
natureza única. E na grande região aramaica, que se estendia do norte .\1aomé e o Islã o
da Síria até às proximidades do Irã, dominava ainda o nestorianismo, que
também se organizou como verdadeira igreja. O grande acontecimento do século VII - aquele que mais havia de
Em todas estas províncias, em gra~de parte perdidas para a Eccksia pesar sobre os destinos do mundo - não se produziu nem no Ocidente,
Af._ater, dava-se o nome de melquit'is à~.....que ,e conserva"am fiéis à em vias de, bem ou mal, absorver os seus bárbaros , nem no Oriente gre-
fe ortodoxa e ao Imperador. Me/quita vem de me/ek, "rei" em sicíaco, go, que se debatia com as suas heresias e os seus cismas. Teve por cenário
e ª palavr~ _é reveladora 9e ~orno andavam imbricadas a política nacionalis- uma cidade da Arábia onde um homem , condutor de caravanas , foi pre-
ta e a re!:g1ão . gar uma doutrina monoteísta . Da revolução religiosa que esse homem sus-
_Um dos episódios mais curiosos, e que mostra bem o estado de decom- citou iria surgir um novo poder, destinado a arruinar de um só golpe to-
~OSJção e~ que se encontrava então o cristianismo, é a formação da lgre- do o equilíbrio político da sua época. Nas regiões que até então só ti~am
Ja maromta. No momento V , • • · -r:--d visto desfilar cameleiros e reizinhos, iria tomar corpo agora uma força im-
328 em que o 1° Concilio ecumtmco ltqu1 ava 0
monotelismo alguns gru d fi . petuosa, urna terrível ameaça, que acabaria por vibrar um golpe de morte 329
' pos e 1éJs da região do Tauro recusavam-se ª
A IGREJA DOS TEMPOS BÁRBAROS
DRA MA S E D ILA CERA ÇÕES DO ORI ENTE CRJSTÃO

, . . d civilização greco-latina . ''Maomé constituiu a


no predomm10 m1 1enar a ,' i nar sobre as outras : Alá , reconhecido como " maior" - A I/ah akbar. Além
.
resposta onenta. 1 as' pretensões de. Alexandre . . _ . disso, encontravam-se já algu ns monoteís tas - nem judeus nem cristãos
·a imaginar que acontectmentos tao graves viessem
Quem rea1mente Podl . . - chamados hanifs .
a d epen d er d a Pen 'insula arábica· e do Hed1az ? Com . efeito, tudo começou •
_ os pr,·ncipados árabes do norte, duetamente colocados sob ,---- - Muhammad, em árabe - seria o mais bem-sucedido e o
Maomé
nao nos pequen , . , mais eficaz desses hanifi. Nascido em Meca (possivelmente entre 570 e
a 1·nflue"ncia civilizadora de Bizâncio ou da Persta, nem. .no lemen do sul, 580), isto é, nessa " república mercante " que consti tuía a única aglomera-
país de cultura antiga e que mantinha relações comerciais com a Etiópia,
ção capaz de aspirar ao papel de capitaJ nessa Arábia e nesse Hedjaz divi-
mas na " região dos nômades, acidentada e montanhosa, onde se sucedem
didos, pertencia - embora oriundo de familia pob re - à poderosa tribo
as estepes estéreis. exceto por um curto período após_a _estação _das chuvas dos coraixitas , que dominava não só os interesses caravaneirns da cidade ,
hibernais " (Lammens) , e onde , ao lado de uma matona de nomades be- mas também os da devoção , que eram drenados para a Kaaba mediante
duínos, havia umas poucas populações sedentárias em alguns oásis e nos uma hábil propaganda. A sua aparência, que segundo parece era bastan-
três únicos aglomerados propriamente urbanos: Meca, latrib e Taif. Entre te normal - primeiro , um belo adolescente com olhos de gazela , pone
os sedentários e os beduínos errantes , cuja língua e costumes eram relativa- nobre, cabelos negros encaracolados , e, mais carde , um burguês gordo.
mente comuns , havia uma completa oposição de interesses e de sentimc:;n- com a barba ondulada e a pele cor de cera - . encob ria uma alma fre -
tos . Era, pois, impensável que algum dia forças organizadas do Hedjaz mente, tão pronta a exaltar-se como a duvidar , um temperamento sensual
pudessem vir a ameaçar todos os seus vizinhos 6 • e ao mesmo tempo cheio de inquietação religiosa , e uma consciência fre -
Semitas , parentes próximos daqueles que, três mil anos antes, tinham qüentemente atravessada por estranhos clarões.
fu ndado junto ao Tigre e ao Eufrates a glória do império de Acad, pri- Tendo ficado órfão muito cedo , fo ra educado por um tio gene roso
mos dos judeus - a quem os opunha um velho antagonismo que data- mas sem fortuna, e vira-se obrigado a dedicar-se ao comércio das carava-
va, segun do se dizia , do tempo em que o seu antepassado Ismael, filho nas para sobreviver, como aliás o faziam geralmente os co rai.xiras . Encrou
primogêni to de Abraão, se vira obrigado a refugiar-se no deserto com a para o serviço de uma viúva rica , Khadidja , e cornou- se em breve o seu
sua mãe Agar - , os árabes tinham permanecido, na sua maioria, num homem de confiança e o grande guia das suas caravanas. Assim pôde dis-
fetichismo e num natu ralismo bastante grosseiros. Cada região tinha os por de longas horas de reflexão e de sonho , ao ritmo cadenciado do pas-
seus deuses, cada uibo venerava os temíveis espíritos dos seus domínios, so dos camelos. Quando se detinha nos lugares de abastecimento de água
os djinns. A cidade de Meca, no entanto, agrupava diversos ídolos em e nas cidades longínquas - é provável que tenha ulu-a.passado as frontei-
volta de uma pedra negra abrigada por uma construção cúbica, a al-Kaa- ras meridionais da Arábia propriamente dica - , gostava de enco ntrar os
ba. Ali, durante os períodos anuais de tréguas que interrompiam a inces- "homens do Livro", judeus e cristãos de diversas seic1s heréticas; e. em
sante série de razias e de vindictas entre as tribos nômades, tinham lugar conseqüência, na sua alma ainda incena , entrechocavam- se mil idéias dís-
simultaneamente os grandes negócios do mercado e as grandes peregrina- pares . Tinha cerca de vinte e cinco anos quando desposou Khadid ja, e.
ções, am bos acrescid os daquilo que constituía uma das distrações favoritas embora esta fosse quinze anos mais velha. a união fo i feliz. cheia de recí -
dos árabes: as declamações dos poetas populares . proca confiança e de fidelidade , libenando- o ao mesmo tempo de codas
Na é~oca de Maomé, vinham surgindo tendências novas no interior as preocupações materiais.
desse politeísmo tradicional : a influência das colônias judaicas e dos cris- Nos anos que se seguiram, Maomé foi aparentemente apenas o m ~ i-
tãos heréticos do mundo arameu, ao norte, e da Etiópia, ao sul, chama- do de Khadidja e o administrador da sua confo rtável fo rt~na. Mas a. 10 •
v~ os melhor~s espíritos para uma religião mais elevada. As divindades par- quietação religiosa continuava a trabalhar este espíri to séno e, aos mma
ticulares continuavam ª ser h onra d as, mas uma anos, era um homem obcecado com o m1Steno · , · d o al em' . J'ª não o. sausfa-
delas começava a pre d omt-· · ' d I
ztam as lendas absurdas e os 1 o os , e o seu torm ento interior manifestava-
· ·
-se em grandes crises de abanmento e em rusc b as exaltações
· · Apoderava-se
(~) Chr istopher Dawion.
.
. . , . b esava-lhe tanto que escondia
. (6) A penínsu la arábica , com 2 oo . , · l' - d ele uma mdefimda angusna, e a ca eça P · _
g,osamen te, que r antes q d . · O.OOO de km 2 , nunca chegou a unificar-se polmca ou re 1 , S f· mia Depois começaram a che-
os olhos e o rosto com um veu . o na e ge ·
di versos países e divcrias u~r cpois do advento do Islão , e ainda hoje continua dividida entre
s tas muçulmanas · su · • · d ns sinos o bater de umas asas 331
330 men, can·d Jllas
" do tcrri tór,·ei d · nnas, wa h a b'itas do Negeb -HedJaz,
· ·d ·
za1 nas
d 0 lt - gar-lhe ruídos estranhos, co mo o reonir e u '
0
e O man · Alé m d isso,
' su b s1stem
· árabes pagãos .
A IGREJA DOS TEMPOS BÁRBARos
DRAMA S E DILA CERAÇÕES DO ORIENTE CRISTÃO
. rso confuso . Noutras ocasiões, julgava ver co m
bido de um discu
e o zum d um ser de mistério e de luz. E sempre, desses mo -
olhos e carne . - d
os seus , 1 altação saía com a conv1cçao e uma revelação mono
mentos de ternve ex ' . "d , - . d . , ' -
, , . ·, tinha sido transmiti a a lnaçao. JUd aICa e a . 'nação"
te1sta unICa, que Jª
. _ Deus lhe fazia agora e que e e tena - e 1 comu01car à sua
cnsta, mas que
. , b
naçao ara e, e
A
em árabe. Doença nervosa? · uto-sugestao.
. . - h , ·

1mples resulta-
d
BASRA
MIRA
KERBE
JJ
• ?- .
'"f •
do das influências complexas, Judaicas e cnstas ereucas, e. as suas lon-
7 AAN
gas meditações? Possessão "diabólica"? Quem poderá destnnçar estes da- / ' B AÇ ORl

dos tão emaranhados?


Inquieto a princípio, mas depois confirmado n~ s~a missão pela tran-
/
'
I

TABUK . /• -'-

~
t~~· _:.
\ ~ TAIMA .,<AIL <> t'i:rf ,
,~,-:~
"'( \
0

qüila confiança de Khadidja, pôs-_se a pregar. Pnme1ro, aos parentes; a AL H/JR j


()

~ ~ -,,, ·
esposa, seu primo Ali , os seus amigos Abu-Bekr, Omar e Othman foram
.
\) O

os seus primeiros discípulos. Mas quando começou a pregar publicamente I



DUMAT AL J ANDAL
º. KHA/BAR ,•
HOFUF-.c
r- ' J.~~

i Gl> ( J./s,
/f , . .,

·• ~ --~
r~ ~
em Meca, falando da ressurreição, do monoteísmo e da justiça para com
os pobres, não foi tão bem acolhido. Escarnecido por uns, maltratado por
MEDINA1
/
._,,,,,,,... ,,,,...--·
R~,- - ,
·, _. . .~
. __ ___ . . . - , :
P•u{ r;o ,

.
outros e em breve amaldiçoado por todos os usurários da cidade, nem N e9e b Omll •

por isso deixou de continuar a acreditar firmemente na sua missão . Tendo-


-se posto em contacto com árabes de latrib que estavam de passagem por
Meca, encontrou-os mais abertos às suas idéias do que os seus concidadãos .
/
/
Perante o sarcasmo e os vexames dos coraixitas, materialistas e céticos , re- ' /·--
solveu , pois , trocar a sua cidade natal por Iacrib . Foi a Hégira (emigra- . ~/º "·....--·
ção), em fil,_daca-eapicaL que_será para_o_Jslão o ponto de partida da \NAJRAN EL AHKAF / ~

s~~ Daí por diante, latrib passará a ser conhecida pelo novo nome t---·-·-- ---- ~
\ MARES . ;

de Madinat an-Nabi ou al-Madina, ~ - isto é, ''a Cidade do Profe-


ta" ou "a Cidade" - , e tornar-se-á o centro da propaganda religiosa e 1 é m • n

do governo islâmico . · ;!!;_ ··i-f


1, o 1 J o • d"' Á d e " .- Q
C_onvertido em chefe da comunidade muçulmana, al-Umma, e peran- . ~ ;.- ...-"."'~-..... r ,~-~

te ~ mtransigência dos cristãos heréticos e sobretudo dos judeus que, mais


be~icosos , se recusavam a admitir a missão profética de um gentio , Mao- A PEN ÍNSU LA ARÁBICA AO TEMPO DE M AO ,\\É
me acabou por escab eJecer a sua d outnna · • . ·
mdependente. Ina agora seguir
um novo plano· a diplo maC1a · . . . -
., . · e a guerra passanam a subst1tu1r a pregaçao,
·
d1f1ci! e aventurosa · por mterme 'd " . · d J
-
1ao _ . 10 de Ismael fo1 buscar a ongem - o • s-
no prop 10 Ab - · '
~ - raao - que , conforme diz o Alcorão "não era_nem._ JU· te vencedor em Badr e vencido em Ohod , em vão cercado em Medina,
deu nem cnstão' ' _ v b . fu d .
ª I\.aa a ser considerada como n ªJ não cessava de ampliar o raio de ação da sua propaganda, favorecida pe-
-
d a por esse - "Pai dos· e ,, a passou los rancores que o povo humilde nutria contra os ricos coraixitas . Não sem
1 _ . crentes e consagrada ao culto de Alá.
.
O muçu ·
J
mano votar-se-a pois p M d diplomacia, acabou por desposar a filha de Abu-Sofian, o mais influente
salém . ' ' ara eca urante a oração, e não mais para eru·
dos comerciantes de Meca, e após muitas negociações conseguiu enfim re-
Enquanto ultimava a dou . , tornar - sem desferir um só golpe - à sua cidade natal, no ano de 62 9.
trina, Maome começou a guerra . Sucessivamen·
Três anos mais tarde, voltou Já à frente da peregrinação da Kaaba e, ten-
do regressado a Medina, morreu nessa cidade a 8 de junho de 632.
332 (7) Maomé teve que d ~ d
seus concidadãos de Meca d: es~r e~!~_co!1sta_n temente - mesmo no Alcorão - da acusaç ão d os Ao longo de todo O tempo que duraram estes acontecimentos, e desde 333
'jnun ' i st o é , de estar possuído por um djinn .
J ,RA MAS F fJ/fM .PRMfiF. S r,r1r 1R /F.NTP r. PTST Ar,
. v1- d 'd 'a os estranhos fe nôm enos de qu e era
. untCara a I'>J'ª t J Afi
0 dia em que com de falar e de pregar. mnava não se r tu arn ente , deixando de fr,do os não-muçul manos· quan to ao matrrmônio ,
. M omé nunca cessou . d ·1
protagonista, a .1: J as como simples tra nsm issor aqui o qu e contin ua a admi ti r a poligami a , embora li mitada a quatro esposas _ sem
' prto que ia ava , m I d
em nome pro d premos' • E pob re claque e que uvidasse fa lar das concubinas . .
. am " os po eres su ·
lhe ensmav . . d " P .1: ta " 1 Para os seus d iscípulos, o q u e Maom é Este simp lismo e es ta facilidade explicam em gran de parte o êxi to es-
· · - divina o roie · · d
da mspiraçao , d da , 'Mãe do Livro '', protótipo d e to os os Livros magador do islam ismo . A condi ção sup rema , qu_ase ú njg_, era a crença
ensinava era o comeu o C,
revelados , misteriosamente conservado no eu . . . em D eus e no seu '' profeta ' '. Se m ter de enfrentar dogmas que ultrapas-
· eus adeptos estes anotavam imediatamente as sam a inteligê ncÍa h um~ na , sem deixar de se r - se assim lhe aprou ver
Quando d oumnava os s ' . , _ _ voluptuoso, ávido de ganh os ou vingativo, pode o homem jul gar-se
.1:
suas frases , iosse qu i, al .1:osse O material que tivessem a d mao : pequenas
. tá-
.
ascas de palmeira, omoplatas e carneuo . E aqui- autenticamente religioso, estar em comunhão com Deus e alcançar a vida
h d
buas , pe d ras ac ata as, c ,, . ,, . eterna. O profeta, aliás, já tinha dado o exemplo: após a morte de Kha-
lo que não fora possível pôr por escrito ficava guardado no p~lto , pois
d ~ demônio meridiano entregara-o às alegrias de um abundante ha-
· - r'itmica e O " estilo oral"
a composiçao . prestavam
. uma
, boa aJuda nesse rém, que os primeiros muçulmanos haviam de descrever em pormenor e
'd T
senu o. no a· t anos depois da Hégira e vmte anos. apos a .morte de .Mao-
não sem um certo orgulho . ..
, d
me , por or e m do califa Othman , fez-se uma edição
. ofiC1al
, do conJunto
Mas, apesar de todo este simplismo e de toda esta facilidade , o isla-
dos seus ensinamentos, dividida em cento e dezesseis cap1tulos ( ou suras),
mismo não demorou a fragmentar-se em seitas adversas . Algumas delas
ue por sua vez estavam subdivididos em versículos; os capítulos foram
q . . 1 - alauitas, drusos, behaístas - nada conservam do Islão a não ser o no-
dispostos conforme o tamanho, com os mais extensos em primeiro ugar.
me. Nos nossos dias , se o caridjismo domina em Omã e Zan zi bar e o zai-
Assim nasceu o Alcorão , a "recitação".
dismo no Iêmen, as duas seitas mais importantes são as dos su nitas e dos
Maomé parece ter sido um espírito reflexivo, uma alma religiosa e 10- xiitas estes maioritários no Iraque e no Irã , aqueles nos restantes países
quieta. Prega a necessidade de os árabes, o seu povo_, aderir~m ao mono- ~ o s . Ao todo, essas diversas seitas saídas do islamismo reúnem h oje
teísmo, de crerem num Deus único - Alá será dali por diante o nome cerca de novecentos e trinta milhões de adeptos.
de Deus em árabe - , o qual , "depois da série de profetas que vão des-
A aparição do islamismo e o seu rápido desenvolvimento levan tam al -
de Adão até Jesus ' ', lhes enviou por fim um profeta da sua nação - o
guns problemas aos católicos que meditam so bre o sentido da História e
próprio Maomé. Ser muçulmano - muslim, em árabe - significa estar
que sabem que nenhum acontecimento ocorre sem a permissao de Deus .
submetido a Deus e abandonar-se nEle. Crede em Alá, o Único - repe· Não há dúvida de que o judaísmo e alguns cristianismos heréticos deixa-
te o Alcorão - , e na missão do seu enviado Maomé, e ireis depois da ram profundamente gravados os seus traços no pensamento religioso de
morte para o jardim do Paraíso, onde, deitados em leitos de brocado, be· Maomé, e que os livros da Bíblia , os Evangelhos canônicos , os. apócrifos
bereis a água viva da fonte al-SalsabiJ, e gozareis das huns, das ''filhas do e muitas narrativas lendárias , foram conhecidos de man elfa ma.1s ou me-
Céu", "perfeitas como um ovo fechado e que ninguém, anjo ou homem, nos superficial por Maomé e adotados por ele . A " morte aparente de Cri~-
terá jamais tocado". Se não crerdes, porém, ireis para o inferno comer 0 to", a que O Alcorão se refere, não reflete de algum modo a influê ncia
execrável fruto da árvore Zakhum, no meio de chamas inextinguíveis. dos docetistas? Há passagens que falam com veneração de Maria e do se_u
A esta dogmática, forte e clara, o Islão acrescentou práticas ~ s a s filho, "o profeta Jssa" , sem no entanto reconhecerem nEle qual quer cara-
e ~ a moral simplificada. As práticas eram fundamentalmente. cinco - ter divino . Tudo isso deriva da perspectiva '' sincretista ' ' adotada por Mao-
os _ci~co pilares :. a profissão de fé '("não há deus além de Deus, e Mao- mé, que considera-;a O islamismo como um regresso à revelacão monoteís-
me : 0 seu enviado " ),. a or~ção ri.tua! a esmola , o je jum n o mês de Ra- ta primitiva, "falsificada" e " poluída" pelos ju deus e pelos crutlos , e
mada e a per · - M · e que ele tinha- por missão depurar e transm ir ir à oa çã o áPbe .
,. egn_!laç~~ ª-._~ca. O culto muçulmano sempre se apowu
st
se ª~ ª01
~e ~ bases. Quanto à moral, perdida no meio de prescrições E' só mais tarde que o 1s · 1amismo
· se tornara' - até certo ponto -
penais e ntuais do AI - · h . • l · re· . umversahsta.
. .
. , . corao, contm a quase só precettos de lei natura · mais Os ad eptos d as d iversas
' seiras muçulmanas
. falam
, algu-
.
toma odpnncipio do talião, não despreza os bens terrenos e insiste ern · · " · lassifi ca m alero do 1sla-
m~ vezes de "religiões c~le~tes_ , _entre as qua.ts c . não v do
que se eve fazer 1· ustiç b rn- 0
334 b d .
ros a comunidade m
ª aos P0 res e aos órfãos e em que todos os me
1 ' u·
mismo, o judaísmo, o cnsuarnsmo e mesmo O ,,
. - _ana, 1se , senao
ne 1as, em ú 1uma _ "di·rerenças de profetas . É uma pena que 335
uçu mana - a al-Umma - devem ajudar-se m 1'
A IGREJA DOS TEMPOS BAR
-
BARos
DRAMAS E DILACERAÇÕES DO ORIENTE CRISTÃO
'giosa e de boa fé - por que não admiti-lo? _ _
, sa alma re l1 . . • d nao
Maome, es . ai senão um cnsuarnsmo esnaturado. Não d esperava confusamente por uma oportunidade d d. . ...
nbec1do, e ID ' . • · ·- . evernos • . . e sacu ir o Jugo da C1vtl1-
tenh a co ai situação do cnsuarnsmo nas reg1oes situadas ao d zação romano- h e Iemca, 1a encontrar nessa dout ·
cer qu era a . ., re or · · d nna uma ponta-de-lança
esque . omeço do século VII: a 1greJa Ja não estava ali repr de pnmeua or em .
d Arábia, neste c , . . d esen.
ª _ mas elites catohcas - am a numerosas e elevadas , , comercial , posta em segund o p Iano por Maome,
Quando a, burguesia ,
tada senao por u . d ' e ver-
dade -; principalmente nas ~idades do ~un o aran:3eu, onde encontra. retomou as redeas_ apos a sua morte
. ., logo percebeu as frut ·b·1·
uosas poss1 1 i-
/.quitas fiéis à IgreJa e ao Basileu, que amda darão, durant dades de expansao que o pumamsmo combativo do Isl-ao Ih e 01erec1a. e ·
mos os me , . . • . . , e
dois séculos, papas e santos a IgreJa; mh~ ha sua rmpo~an;1~ ua decrescen. Em pouco tempo a ;ihad tornou-se uma guerra de conquista, e como a
do gradativamente. Por toda a parte , a ereges e c1smat~cos, retalhados maior parte das t~rr~ ª. c~n~u!star estava em poder dos cristãos, estes pas-
entre cinqüenta seitas e esfacelados ate_ ao sangue. ~e, ao mvés deste ver- saram a ser os pn~crpa1s 1mm1gos . O califa Omar gritará: "A nós, cabe-
niz de cristianismo herético, Maomé ~1vesse co~ec1do a Verdade que li- -nos devorar os cristãos, e aos nossos filhos devorar os seus descendentes
berta e a ela tivesse aderido, que desunas a IgreJa não poderia ter conhe- enquanto os houver''.
cido na Arábia, e talvez no Oriente e no mundo? Em todo o caso, tal Uma outra razão tornava a guerra de expansão ainda mais necessária:
como acontece com os outros sofrimentos que Deus permite , não está proi- a situação interna do novo Estado. Maomé morreu em Medina a 8 de ju-
bido pensar que a terrível prova do maometanismo se inscreve na perspec- nho de 6~2, e nada previu acerca da transmissão da sua autoridade , que
tiva de um juízo sobrenatural e de uma expiação; perante as nossas infide- era essencralmente pessoal. Durante trinta anos, o problema da sucessão
lidades, os nossos cismas e as nossas heresias, o Senhor não se dedigna esteve mais ou menos em aberto . O seu discípulo Abu-Bekr e o se u ami-
de entregar os cristãos a um falso profeta, e até ao ''seu servo Nabucodo- go Omar governaram um após o outro sob o título de califas - suces-
sores - , vendo-se já obrigados a reprimir uma tentativa de levante das
nosor' ' ...
tribos arábicas. Por ocasião da morte de Omar, o conflito ressurgi u , des-
ta vez entre Ali, genro do profeta, e Othman , velho amigo de Maomé,
que foi morto. O segundo sobrinho de Othman , Moawiah , reabriu a lu-
Os cavaleiros de Alá ta, uma luta implacável em que Ali acabou perdendo a vida. Moawiah
regularizou então o problema sucessório, fundando em 662 a dinastia dos
Para vencer os adversários, Maomé teve de lançar mão d a guerra , e es- Omíadas, que devia durar até 750 , ano em que uma revolução a derru-
sa guerra, proclamada em nome de um ideal religioso , foi por ele apresen- bou.
tada - e de fato revestiu-se desse caráter - como uma guerra santa, co- A crise foi, pois, bastante delicada para o jovem Estado islamita e to-
mo um ato religioso por excelência e como o sacrifício mais grato a Alá. dos os dirigentes, todos os califas, compreenderam que o ve rdadeiro meio
Morrer na ;ihad era, para um muçulmano, ''andar com certeza p elo cami- de manter a coesão do seu povo em semelhante conjuntura era lançá- lo
nho de Deus", pois "o paraíso - escreve o Profeta - está à sombra das em expedições que satisfizessem simultaneamente o seu fanatismo ainda
espadas'' . recente, as suas paixões ancestrais e os seus interesses econômicos . Foi Omar,
político profundo, quem marcou as direções para as quais se devia orien-
Est ª doutrina belicista , poderosa alavanca para chamar à ação esses ho-
tar a guerra santa: os pontos básicos dos quais dependia o comércio carava-
~ens que punham a serviço do fanatismo religioso as mais violentas pai-
neiro dos árabes, isto é, a Mesopotâmia , a Síria e o Egito . E, a partir de
xoes. da alma árab e, nao - 10ra,
r •
na intenção . .
ongmal de Maome, , senao - urn
meio para quebrar . , . . ons- 634, a conquista começou .
. . . as res1Stenc1as ; nunca ele pensara que pudesse vlf ª e O instrumento era de primeira ordem: o exército árabe. Uma das coi-
tituu um instrum d . pu-
d . _emo e expansão unperialista e, muito menos , que . sas mais surpreendentes é a prontidão com que as hordas beduínas, estru-
esse servu para imp r, ', - , . lig10-
sa _ d' e or ª re · Nao deve haver coação em ma rena re . turadas pelo ideal religioso, se transformaram em tropas fortemente orga-
12 wrmalment AI b disun-
guir- se soz,·oh d e O corão - ; o verdadeiro caminho sa e , nizadas. Composto sobretudo por uma maravilhosa cavalan~ ~ por uma
0 o erro'' M d , be are
então esfacel d · as, ao dar unidade a esse mun o ara infantaria ligeira de arqueiros, e rendo sabido tomar de empreSt1mo ao I~-
a o, o profeta f, rça no·
va, um temí . • sem pretendê-lo, tinha gerado uma 0 pério bizantino e à Pérsia as suas máquinas de guerra, comand~do alem
336 1
ve nacionalismo ''O • . . · d udo ufll . h r elences e que se faziam obe- 337
pan-arabismo" · seu 1slam1smo foi aoma ue l_::.:.:.---- d isso por homens que se mostraram c eies exc
- ' escreveu dei h' - -- ~ ~ai que
e o lStoriaclorNau; o mundo onent '
'\ l\~Rl·) A J)~)S 1T- Ml'\1S I\J\R lMRos DRA MAS E Dlf.A< FRA</JF <; r,<J <> RJFNTF CRJ <;TÃ(J

, exército árabe se to rnou o m ais terríve l ins- ca rniç ada ba talh a de Kadesiah , perdeu a capital , Ctes 1·.cIOnte , e teve d e as-
decer cegamente, em b rc, e 0 - • . .
mundo de então. A medid a qu e alargava o seu sistir impotente , à capi tu lação suces5iva de todas as praças de armas pnn- -
trumento d e guerra d o . 1 . . ' · d , •
. d - tropas iam -se reforçando com novos
. e ementos
_ onundos cipais da SusJana e a Medi a .
ra.10 e açao , as ..
·- ·stadas , das populações converudas
. ao Islao , mas o exét- Garan,ti_dos por esse _lad o , os _muçulmanos concentraram O esforço deci-
d as reg10es conqu1
· nao - perdeu em nada as suas caracte rísucas . .. Em pouco tempo, os áta-
_ sivo na Sma, onde Heracl10 havia recuperado algu ma influênc ia. Envelhe-
c1to
bes passam a constituir somente uma fraca mmon_a nas hostes. de co_n~ui~- cido e doente , o imperador já não podia , porém , empregar contra os ára-
ta , mas os princípios continuam os mesmos , _os metod~s mamem-se 1~enti- bes o mesmo vigor de que se valera outrora para bater os iranianos ; mes-
8
cos e, durante cem anos, o ardor dos Cavaleiros de Ala conserva-se igual- mo assim, conseguiu reunir um segundo exército, cujo comando co nfiou
mente violento e impetuoso. , ao estratego Trithyrios. Foi um novo desastre . Junto do Iarmuk , cegado
Lançada simultaneamente na direção da Europa e da Asia, a conquis- pelos turbilhões de areia levantados por um violento sirocco , precipitado
ta islâmica não tem precedentes na história. A prodigiosa rapidez dos no rio do alto das abruptas ribanceiras, o exército imperial foi completa-
seus êxitos só pode ser comparada à velocidade com que os grandes Khans mente esmagado em 20 de agosto de 636 . Além do mais , o inimigo fo-
das estepes edificaram os seus impérios; mas, ao passo que as vitórias de ra ajudado por traidores. Desanimado, Heráclio voltou para a Ásia Menor,
Átila ou, mais tarde, de Gengis Khan ou de Tamerlão se desfizeram nas ordenando que a Vera Cruz de Jerusalém fosse levada para Constantinopla.
areias asiásticas tão depressa como tinham surgido, a conquista do Islão Foram necessários ainda alguns anos para que os muçulmanos terminas-
foi duradoura. A fé trazida nas suas armas lançou raízes tão profundas sem de conquistar as praças fortes da região. Protegida pelas suas sólidas
que devia transpor os séculos . A decrepitude dos Impérios que os conquis- muralhas, Jerusalém resistiu muito tempo , comandada pelo patriarca Sofrô-
tadores encontraram pela frente - a Pérsia e Bizâncio - , bem como a nio, mas, sitiada e não vendo chegar nenhum auxílio , teve de capitular
cumplicidade parcial de algumas populações explicam , até certo ponto, a em fevereiro de 638, para evitar o horror de um assalto. Na 3.!!tiga espla-
sucessão fulminante das vitórias, mas a duração do êxito alcançado é um nada do Templo de Salomão, onde hoje se eleva a mesquita a ele dedica-
enigm~ cujas raíz_es m~r_gl!lh~_ nos dados rffigTosos mais profundos da al - da, o c:lfif'ã- Omar veio fazer as suas orações . Foi um golpe terrível , de
ma humana . que toda a cristandade se ressentiu . Na Gália , chegou-se a ter a impressão
Dois anos após a morte de Maomé, em 634, as tropas muçulmanas de que se assistia a uma catástrofe fora do comum , a um cataclismo apo-
puseram-se em movimento e transpuseram as fronteiras, de um lado em calíptico.
direção à Mesopotâmia, onde ocuparam o reino de Hira, vassalo árabe Nesse momento, o impulso islâmico era cão impetuoso que forç a algu-
dos persas , e do outro para o sul da Palestina, onde o patriarca Sérgio ma no mundo parecia capaz de detê-lo . No planalto persa. as últim as uo-
foi morto a oeste do Mar Morto . Como as duas provas de força lhes ti- pas sassânidas eram esmagadas umas após outras, e o rei era morto. Os
nham sido favoráveis, foram avante. Gaza, onde sessenta soldados cristãos infatigáveis '· cavaleiros de Alá avançavam ao norte até o Cáucaso, o Cás-
preferiram o martírio à abjuração, caiu pouco depois . Um exército impe- pio e o Oxus; a leste, arremetiam em direção à bacia do Indo . O califa
rial comandado pelo irmão de Herádio deixou-se encurralar por dois exér- Omar, que prudentemente queria estabilizar as regiões adquiridas antes
c!tos árabes a sudoeste de Jerusalém . A partir daí, os árabes puderam mo- de passar a novas conquistas, não conseguia refrear a fogosi dade dos se~s
vimentar-se na Palestina e na Síria como em sua própria casa . A 20 de guerreiros. Apesar das suas ordens, e aproveitando o estado de desorgaru-
agosto de 635, Damasco capitulou . zação em que se encontrava o Egito, o general Amr l~nçou-se com qua-
A . . tro mil homens no delta, instalou-se em Pelús1a e, em Julho de 64_0, der-
s~~uu, os mvasores voltaram-se contra os persas, que se encontravam
na ocasiao a b~aç?s ~om as piores dissensões internas. Depois de algumas rotou as tropas imperiais perto de Heliópolis. O Cai~o e, logo depois, Ale-
semanas de reststencia, o jovem rei sassânida Sezdegerd foi batido na en- xandria tiveram de render-se . E Amr preparava-se a.inda para atacar, a~ra-
· · · a provmc1a
, d a T npohtâma, , · b1zan" t1"na da África , quando foi deudo
ves
os após o começo da guer-
por ordens formais de Omar. Em 643 , nove an fi d S
O
(8) Este termo foi empregado Th . , ·
romanceada sobre os com d P~r araud como título do primeiro volume da sua h1scona ra santa, das vizinhanças do Indo e do Cáucaso até aos con ms ~-
- eços o 1 s1ao Car · · , rcs·
soes como "conquista árabe" · ~ctcnza muno melhor esse penodo do que exp . dão, toda uma região com a extensão de metade da Europa era muçu -
pelo império muçul ' porqu~ -0
e
q{a_t_ r propciarneore árabe aãa racdon a sr:c absaolldo 33 9
-- - .IB-ª.._~ r 1a gt1 erca...de ,l d · h
338 g~ _ s eara ea ª cm nome de Alá por povos os mais etero· mana.
A l l ~RE) A nos l 'E Ml'\J S BÁRB AR OS
f)Rt\MA S E f) /LA<.F. RM/JF.S D<J ORJF. NTE ( RfSTA ü

., subitaneidade nas conquistas , be m co mo di -


Como Ja apontamos , esta , b vam ente am ena ; os rou bos e violências fora .
. , d· d I induzem- nos a pensa r q ue os ara es encontraram ., . d . d m com certe za muito menos
versos ep1s0 10s as utas, . . , · . - se nos o qu e os p rati ca os pelos germanos -d
.~ 1; r ;,-1,,,-1P < intl' rna.~ nas~ nnulaçães mvad1d a~. e os cronistas m uçul m a- ·- d . no Oci en te• As grandes des
cum~ ""'-t<- , · , 1 · truiçoes e que se tem acusado os muçulmanos d . . -
i: · · · t ·ran m uito nesse ponto . E mcontestave que os 111 _ . _ , . · como a a biblioteca de
nos eieuvamente 10s1s 1 1 , . Alexan d n a , nao tem qualquer base his tórica Par
. ece mesmo provado que
encontrar . aliados fáce is entre aqueles
, . que H eracl10 perse- i: . , . ·
vasores po d 1am . em alguns 1ugares, os ch e1es 1slam1cos ajudaram a • . . '
guia. Assim , os judeus - que acabavam de ser v1 t!_tp as de .~_d1~ edi- _ . reconstruir as 1greias .
Os muçulmanos
.
nao for~
. .
po1s doroioad ores crnf_ i_s_ Na S'm-a e pnn-
-
das racistas ~ ese__mg_enharam de bmL_vontade O Pª P:eL.de___qwntas:.colu-
cipaJmente no Egito , limitaram -se a favorecer os monofisitas ,
nas " -d os m ur .. l~ n ~ M
~J,l. u ~
Da mesma forma, os monofis1tas desposaram .
qua-
,
. ,, . ,, contra os cato-
se por toda a parte a opinião de um dos seus porta-voz~s sínos: " E 0 ~c~s melquuas_ , o qu: . se c~°:pr~ende se tiverm os presente que estes
ulumos se mantrnham fie is a Bizancw . Mas , mesmo nessas circunstân ·
Deus das vinganças que nos envia o árabe, a fim de nos livrar do r_oma-
a hierarquia "meJquita" pôde reconstitu ir-se nos três patriarcados or~~::
no !" Na batalha de Iarmuk, os muçulmanos puderam comprar traições .
tais, e em br~ve ~e fizeram eleições regulares - em Jerusalém depois de
N o Egito, 0 patriarca copta Benjamim, expulso pelo i~~erador, negociou
706, em Anuoquta em 740 e em Alexandria em 744 - ; por vezes, não
com os árabes O apoio dos seus fiéis em troca da resqtu1ção dos bens da
deixou de haver dificuldades, como é óbvio, e em diversas ocasiões os Pa-
igreja monofisita confiscados pelos bizantinos . triarcas viram-se obrigados a procurar apoio na con e dos califas , sobretu-
Mesmo quando não havia cumplicidade formal , o Islão encontrou por do por intermédio de alguns médicos cristãos. Puderam tam bém reunir-se
toda a parte u ma resignação que mais parecia conivência . Que disposição alguns sínodos, embora modestos, mas ~ mais im pon ame foi que a vitali-
de lu tar podia ter uma população como a egípcia que, no momento do dade da Igreja nunca se quebrou . Em pl~a dominação muculmana ve-
ataq ue m uçulmano, se encontrava numa semi-rebelião contra o basileu mos Dnlhar na cnstandade ortodoxa de Damasco a mais resplendente luz
q ue acabava de impor-lhe o patriarca Ciro, adepto das idéias da Ectese e da intel~ência e da espiritualidade oriental com São João Damasceno ,
rejeitado por todo o povo? Em Jerusalém, como é que o patriarca São So- que tinha sido tesoureiro-pagador do califa. E foi também do Irã submeti-
frônio , sozinho perante os exércitos de Omar, podia sentir-se animado a do ao dÜmínio muçulmano que partiram as missões nestorianas - heréti-
salvar o domínio de um imperador que não passava a seus olhos de um cas, Il!_as sob muitos aspectos admiráveis - que levaram o Evangelho à
inimigo da fé ? E que prazer haviam de ter as tropas imperiais, originárias India_, à China, ao Turquestão e ao Tibete, exercendo um apostolado ad-
dessas p rovíncias já trabalhadas pelo nacionalismo, em sacrificar-se pelo ti-
rano de Bizâncio ?
Fosse qual fosse a atitude dessas populações por ocasião da invasão ,
-
mirável.
Quanto à resistência propriamente dita aos ocupantes islamitas , pode-
-se dizer que só ganhou corpo entre os montanheses do Líbano e os armê-
u m fato é patente: a " desbizantinização" processou-se com extrema rapidez nios, povos de um temperamento briguento e indomável ; serão eles, aliás ,
tanto no Egito com o na Síria. A civilização helênica, que desde havia que ajudarão os imperadores bizantinos na reconstrução do século X e
u m milênio - desde Alex~ndre - se espalhara por todo o Oriente Próxi- que, um pouco mais tarde, auxiliarão também os cruzados com~ndo_as li-
mo e ali suscitara plêiades de sábios e de pensadores , foi si mplesm ente nhas de comunicação muçulmanas . Mas foram p roezas- ~cepuonais; no
varrida, su bmergindÕ -nasvagas mais profundas da consciência popular. seu conjunto, a população cristã manifestou uma submissão resignada.
Do pof?-to de_ vi~~d_a história da civilização , a q ueda da Alexandria às Tudo isto nos deixa inquietos. Temos a impressão de que 0 _ cristianis:
mãos dos árabes e~ 643 teve uma importância tão considerável como a de mo oriental, encarnado no Imperador de Bizâncio, mostrou nao eStar .ª
C?nstami nop~a- ~ ~ã~ ~o~ turcos , ? ito séculos_ckp_ois . N ~ x - altura dos acontecimentos em face do inesperado da ofensiva árabe . Espm-
p ua~.ª un:a ~ivdizaç~ ng.inal e deixavam d e existir para semp re as fe cun- tualmente esse cristianismo confessou-se incapaz de lutar juS tamente num l
' . • , 1 de discussões e de tumu -
das m~ uencias . do Oneme helênico sobre o Ocidente; por exemplo , @ 0 · terreno que devena ser o seu; os mmtos secu os ,
oral um dos espetacu-
ca mais cheganam _à Europa os belos marfins au os tecidos suntuosos . tos teológicos tinham-no esgotado . E no P1ano temp ' . .d d H , -
. . que facili a e erac 110 ,
. A_ Síria ' por
. sua vez , ara b.izou-se com verdadeira alegria. Os funoonafl
· , ·os 1os mais confrangedores é precisamente ver com
" - h
. V
onqmstado a era ruz '
e
0 primeiro cruzado" o homem que un a rec
cnstaos _do imperador - mesmo os que eram "melquitas" isto é , por d . , !' . de Alexandre como aque 1a que
pnncíp10, fiéis - aced . . '., , ·so eixou esboroar-se tanto a obra Pº mca • ham erigido em to- 341
eram em entrar a serviço dos califas . Alias, e preCJ
340 reconhecer que no · J · as primeiras gerações cristãs, à custa do seu sangue , no
' seu coniumo, a ocupação árabe se fez de forma re au -
A IGREJA DOS TEMPOS BÁRBAROS

, d d que O antigo herói da guerra contra os


. - s E bem ver a e
d as essas regioe · Ih hidrópico e atacado de estranhas fobias,
., - passava de um ve O • .
persas Jª nao , r fim de regressar a Constantmopla, exigiu
ara atravessar o 8 osioro ª
que, P t de barcas fechada dos lados com verdadei-
que lhe armassem uma pon e . d , Q d
r Ih tal era O medo que unha a agua . uan o mor-
ros muros d e 10 agem , , . .
eixou uma herança esmagadora: um lmpeno que parecia
reu, em 64 , 1 d .
ter satisfeito todas as condições para desabar .
Durante os setenta anos seguintes, a situação foi terrível. ~s sucessores
de Heráclio , qu er fossem herdeiros diretos, quer usu_rpadores, tivera~ qu~-
se todos de enfrentar revoltas, cisões e golpes palacianos. Alguns nao dei-
xaram de ter os seus méritos , como Constante II (641-668), Constantino
o
VI (668-68 5) e mesmo Justiniano II; mas que super-homens não teriam Q::

sido necessários para devolver o Império à sua grandeza? Voltou-se a ver -t

com alguma freqü ência um Basileu ou uma Basilissa sofrerem no cmo os


piores suplícios; conheceram-se tempos de uma loucura quase neroniana,
como no reinado de Justiniano II, "o Imperador de nariz cortado" que,
depois de rein ar dez anos (685-695) , foi derrubado, sofreu essa inestética
am putação e de pois retomou o poder (de 705 a 711), afogando em ba-
nhos de sangue todas as resistências.
Enquanto as classes dirigentes de Bizâncio se entregavam assim aos pio-
res jogos políticos - e também à devassidão - , o Império recebia golpes
so bre golpes e ia- se exaurindo. Nas fronteiras do norte, forjava-se um no-
vo ini mi go , os búlgaros, povo de origem turca que confederara à sua vol-
ta e organi zara so lid amente um a multidão de tribos eslavas ; e como eram
com pridos os seus den tes! ... Por outro lado, as investidas árabes não ti-
nham fim . A Ásia Menor tornara-se um excelente campo de manobras e
de pil hagem para os cavaleiros de Alá . Cada vez mais audaciosos, apare-
ciam na Capadócia, na Frígi a e até nos arrabaldes de Ancira . Ao cabo
de vinte anos de esfo rços semi guerreiros e semidiplomáticos, instalaram-se
na Armêni a e, rendo construído uma frota com a ajuda dos libaneses do
lnoral , esses fi lh os dos antigos fe nícios, começaram a saquear as ilhas e
os porto~ gregos: Chi p re em 648-649, Rodes em 653, depois Creta , por
fi m as Cidad es . Quando Co nstante II tentou fazer -lh es frente, aniquilaram-
-l he as esqu ad ras n um pi scar de olh os.
• a. prova du ra , mas 0 Jmpen
Foi. um , ·o d o O n·ente amda
. . pere-
não devia
ce r. Bizanc10 .continuava a ence. rrar em s1· 10rças
1os estavam amd a prometid f
r · ,
profundas, e muitos secu- rn t{
. . .. os ao se u ut uro . Teve, porém, de submeter-se
a um a m urg1a dem1va At ' , . d , . .
se ti nh a .r d · e a morte e Heracl10, todos os imperadores \
m t siorça o por manter
e havi am d ª trad içao
· -
romana do Império universa
1
procu ra o , em bora em vã d 'd d . , 1
342 poder cui·o so nh J • . o, ar u01 a e a esse mco mensurave
o ustm1 ano lh es t M . •
egara . as a pann de 641 começa aqui -
A IGREJA DOS TE MPOS BÁRBAROS DR.A MA S E DILACERAÇÕES DO ORIENTE CRISTÃO

hamado "a Idade Média bizantina"; assaltado


lo que por vezes se tem c . d d O fim da África cristã
ério terá de resignar-se a aban onar as suas es-
por to d os os Iad os, o I m P . , •
uma s1mp,1es . potencia gre- Em toda a história da invasão muçulmana t- d
-
me d i.d as pretensoes p ara se reestruturar como . . / ✓ J · · • ' ao O1orosa para a crista
· 1 · rente e mais homogênea . O amor-propno satu fendo , dade, não h a cap1tu o mais aflitivo que O da ocu _ d - . o-
co-onenta , mais coe · • , . paçao a Afnca. Quan-
sem dúvida. mas a decisão foi salutar . . do pensamos no que h av1a s1do a Afnca cristã 110 d · ✓
, · · h ' ª mirave1 testemunho
Por duas vezes se chegou a pensar que tudo estava perdido. Por du as q ue os,. seus mamres tm am dado na época de São c· · d .
.. tpnano e os humil-
vezes Constanti nop la foi assaltada tanto por terra quanto por mar. Em des fieis de Se1h, quando pensamos no esplendor dos .
, . seus setecentos bis-
67 3 e durante os ci nco anos seguintes, exércitos e armadas árabes lançaram- p ados . em começos. do seculo V e na mcomparável ·nfl
1 • · d
uencia e amo S
-se cont ra a cidade; mas as muralhas resistiram e o fogo grego, misterio- Agostinho, sentimo-nos estupefatos e desolados diante da brutalidade da
sa substância então inventada, cujo segredo se perdeu e que ardia mes- catástrofe em que esta Igreja mergulhou - e por quanto temp o.., .. A qu1·
mo sobre a água , venceu a resistência dos navios muçulmanos . Em 717, mais do que e~ qualquer outra pane , há razões profundas que explica~
0 assalto recomeçou, e desta vez devia durar um ano, apesar do enorme a sua queda. Nao basta observar que , no século VJI , os pastores desta Igre-
poderio das forças islâmicas: falava-se de mil e oitocentos barcos . Era a ja estavam longe de ter o valor dos seus antecessores e que , no conjunto,
hora em que o árabe não duvidava de nada , excitado pela prodigiosa am- eram medíocres, quando não simoníacos e prevaricadores ; a cristandade
p lidão dos seus tri unfos . Não acabava de apoderar-se da Espanha num da África, desde havia muito tempo , estava ferida no cerne das suas obras
abri r e fech ar de olhos? Não devastava já o sul da França? Julgava ter a vivas. A fraca resistência que opôs aos cavaleiros de Alá foi a conseqüên-
Europa à sua mercê. cia de uma série de vícios já antigos , que se explicam em grande pane
Mas um novo golpe de Estado acabava de elevar ao trono imperial pelas características do temperamento local .
um verdadeiro líder, um duro montanhês da Ásia, Leão III o Isáurico O cristianismo africano nunca teve o caráter especulativo de que se re-
(717-740), e com ele se iniciava a dinastia da reconstrução . Os muçulma- vestiu no Egito ou na Síria , mas nem por isso conheceu menos as crises
nos foram batidos diante de Constantinopla (718), e a derrota foi tão fra- das heresias. Lembramo-nos das lutas que Santo Agostinho teve de susten-
gorosa que , durante muito tempo , hesitaram em voltar àquelas paragens . tar contra o maniqueísmo , o donatismo e ouuas fo rmas do erro 10 . Além
No itinerário que conduzia o Islão à conquista da Europa pelo leste, esta disso, na África, todas as convicções, quer se uatasse de doutrinas aberran -
vitória levantava-lhe um obstáculo decisivo, tão importante quanto aquele tes ou da fé mais onodoxa, assumiam as cores de um panicularismo feroz-
que Carlos Manel e os seus francos lhe oporiam catorze anos mais tarde , mente nacionalista, que tendia a dar um caráter fechado e isolado às suas
em Poitiers . Mais uma vez Bizâncio provava que ainda era capaz de salvar- vivências religiosas . Esta característica manifestara-se panicularmence por
-se a si própria . ocasião do cisma herético de Donato , que em grande pane uaduzira as
Não fo i, porém , capaz de salvar a civilização de que pretendera ser o aspirações do separatismo africano , constituindo um fenômeno cão violen-
guia . No mesmo momento em que o imperador sírio de · Constantinopla to e tão profundamente ligado à alma popular que, em pleno século VIII
detinha na sua marcha o califa de Damasco 9, consumava-se a catástrofe - depois de mais de trezentos anos de lura - . os dona tistas levantaram
que iria acarretar durante séculos as mais pesadas conseqüências políticas, a cabeça, reabriram as suas igrejas e voltaram a fazer propaganda à sua
econômicas e religiosas: a ruptura do Mediterrâneo - o antigo Mare nos- maneira, isto é, implicando com os católicos . . .
trum_ do grande Império de Roma - , causada pela ocupação muçulmana O panicularismo africano tinha um duplo caráter , político e rehgwso .
da Africa e da Espanha . Quanto ao aspecto político, lembramo-nos de que , uma vez rewnquist:-
,
das aos vandalos , .
pelos exere1ros · ·
de Jum01ano, as pro víncias afncanas . nao.
.
tard aram a mamfestar . .
•· · d 1ame d adminismção b1zan u -
a su a impac1e noa ª
opulações berberes ,
na, pesada e detalhista como semp re. e d e que as P . . ai
(9) É curioso observar que nest · , · d , · • f · - · s impena.1s. De gu-
ga mediterrânea agoniza, torna-~e fu~d~nn cipio O 5eculo Y111 em que a amiga civili zação gr~- Prtncipalmente , deram muito t raba lho aos uncionano
rios is10 é pelos oriento;, A dº . ~ema! O papel desempe nhado pelos libaneses C pelos S I-
' ' ~ · 10as11a 1saunca
como Comagena· os cal ifas ir L- .
era onginana · con hcci·da
, · região
· · , · d o norte da Sma,
, . . · aucs que reinavam em D f · ' ·os
sinos; o maior pensador da época , Sã J amasco estavam rodeados de unc1onart 1 par O combatente da
344 0 (IO) Cfr . A Igreja dos Apóstolo,· e dos 1\IJrtiro . cap . V, e
O
cap . · · 345
gou a haver ci nco papas libaneses O e , . oJão Damasceno, também sírio. Entre 685 e 741, che-
s ve rd"de deste volume .
u mos; oão V, Sérgio 1, Sisínio, Constantino I e G regó ri o li!.
A IGREJ A DOS TEMPOS BÁRBAR OS DRAMA S E DII.ACERA ÇÔES DO ORI ENTE CRISTÃO

ma maneira, Bizâncio tinha reconhecido oficialmente essa tendência dos Para evitar que esta pane do Jmpéri .
• · · · o , que lllsptrava
africanos em fins do século VI, erigindo a África em exarcado, isto é, nu - se desligasse ao pnme1ro choque, teria sid , . tantos cuidados,
o necessano trat .
ma entidade administrativa quase autônoma, cm que o exarca, verdade i- cantes com tanta fi rmeza quanta brandura ar os seus hab1-
. . • procurando não •
ro vice-imperador, embora estivesse encarregado de representar o poder e sobretudo impedir que se desencadeassem os comranar ,
. entre eles as disse õe
central, tinha por outro lado liberdade mais do que suficiente para utili - canto mal h aviam causado no Egito e na Síria O ns s que
. â . . . ra , os autocratas teól
zar em benefício próprio as tendências separatistas dos seus súditos africa- de B1z ncJO seguJCam exatamente a política com , · T d o_gos
. . d. , . rana . o os os conflitos
nos . Foi da África que partiu a rebelião militar que pôs termo ao reina- rehg10sos que sacu 1ram o Impeno repercutiram na Igreia · d - .
• , a Afoca e to
do do triste Focas , e Heráclio, o novo imperador, mostrou a sua gratidão dos eles contnbuuam para tornar ingratas as relaço-es com 8 1zanc10. -, . ' ·
. . .
para com essa província enriquecendo-a e cumulando-a de obséquios . E Assim, quando .Jusun1ano , nutrindo a falaz esperan ça e recon uz1r d d •
na véspera da invasão árabe, o exarca Gregório, aproveitando-se do descon- ao redil os mono fi.1s1tas, ,se .lançou na questão dos Três Ca•" , 11 por vo 1-
ri't uws
tentamento geral, proclamar-se-á Basileu . ta de. 534, a
. IgreJa da Afnca rebelou -se com tanto vi·gor q ·- ·
ue o autontano
Ao lado desta tendência para o separatismo político, e alimentando-se basileu,
_ furioso,
. chegou ao ponto de mandar
. . prender , deport d
ar e epor
dela, havia na África um sentimento análogo no plano religioso. Muito diversos bispos, enquanto um certo Fummo de Tipasa , primaz da Numí-
ciosa das suas tradições e muito ardente nas suas convicções e nos seus prin- dia, que aderira ~or interess~ à causa imperial , tentava inuti lmente impor
cípios morais , a cristandade africana dava mostras evidentes de tender a aos seus compatnotas os pnncíp10s teológicos do imperador. Cem anos
conservar-se um pouco à margem do conjunto da Igreja; essa inclinação mais tarde, quando Heráclio - sempre com o mesmo propósito _ lançou
era n otória mesmo nos grandes santos, como São Cipriano. Isto não signi- a doutrina do monotelismo, a Igreja africana adocou a mesma atirude de
fica que as Igrejas da África desconfiassem sistematicamente de Roma; sem- desconfiança perante as teses oficiais . Depois da ocupação do Egito pelos
p re h ouve homens no alto clero africano que compreenderam perfeitamen- árabes, em 640, muitos egípcios vieram refugiar-se na África, uazendo com
te que só a união ínti ma com o Papado poderia manter a sua Igreja na eles o seu sempiterno espírito de discórdia teológ ica . Em conseqüência .
verdadeira vida religiosa; poderíamos citar, a título de exemplo, o bispo não demorou a explodir uma crise violenta , dUian te a qual os africanos,
Colombo, da Numídia, e Dominico, primaz de Cartago, que foram ami- apoiados pelo campeão da ortodoxia , São Máximo o Confessor, se ergue-
gos de São Gregório Magno e que trabalharam de pleno acordo com ele . ram como inimigos declarados da teologia imperial . Era óbvio que a leal-
Mesmo assim , é fora de dúvida que, apesar da intensidade da sua vida dade dessas populações para com o Império tinha muiro que sofrer com
espirirual e apesar do incessante trabalho desenvolvido pelos concílios pro- essas constantes querelas, e o exarca Gregório sou be tirar parúdo desses
vinciais , a Igreja da África não comunicava como devia com o rio da Igre- mil rancores para proclamar a sua independência.
ja,_ e isto explica certamente- a fragilidade que demonstrou perante o mi- Era esta a situação da África cristã no momento em que iam lança.r-se
m1go . sobre ela os cavaleiros de Alá, uma sicuação especialmente perigosa. simi-
lar à que causara a queda do Egito e da Síria às mãos dos muçulmanos ,
Outra ca usa dessa fraqueza eram os próprios elementos que constituíam
ou talvez ainda pior. Como vimos, imediatamente após a oc upação do
a Igreja africana. As velh as populações romanas, ou romanizadas de lon-
delta do Nilo, o general Amr h avia lançado uma ponta do se~ _e~érciro
ga data, eram solid amente ortodoxas, m as ao lado delas havia numerosas
em direção à África, ocupando a Cirenaica em 642 e a Tnpolttama em
tribos bárbaras que tinham recebido o batismo em épocas diversas e· cujas
64 3; detido momentaneamente pelas ordens do califa Omar ~ _retomou ª
ofensiva em 647, para vir saquear os ricos oásis do sul da Tu □1sia . O exar-
convi cções e ram su perfi ciais e instáveis. Quando a vitória de Bizâncio lhes
manifestou o p oderio d o Império cri stão, os chefes berberes aderiram à
ca Gregório, que acabava de erigir Sufétula (Sbeicla) como capital do seu
nova fé, se m no entanto aband onarem as suas j)ráticas idólatras. Podia-se " 1· , . ,. d Akuba quando remava
mpeno , deixou-se matar mesmo ao 1a º· em · . d AI'
apostar que , no m om ento em que esse poderio deixasse de ser evidente, d . . • 1 mas os cavaleiros e a
eter a razzza . Era apenas um pnme1ro a arme .
as suas convi cções cristãs baixariam de nível. Efetivamente, no decorrer
agora conheciam o caminho .
dos anos en_1 que a sua sorte se debateu entre "romanos" e árabes, os · 0 re tomava a política mo-
r.p
berberes osc il aram com desenvoltura entre a co nve rsão e a abjuração. Um Enquanto Constante II. com o edito do 1 •
historiador muçulm ano . chega m esmo a escrever co m certo humor : • 'Qua n- 347
346 . . d. j 11s1tniJno t de Teodora.
do os berbe res apostatam, é até d oze vez es r" (li) Cfr . cap . Ili, par. OJ complexos rd 1g1osos ~
A IGREJA DOS TE MPOS BÁRBAROS
D RAMA S E DILA CERA ÇÕES DO ORIENTE CRI STÃ O

. · . fricinos os muçulmanos renovavam pcriodi -


l'1ra e voltwa a irnt ar os a . . sa se converteram à fé dos vencedores. Os cristãos de convicções mais firmes
note · · . _ õ Em 665 . um:i nova razzia varreu toda a provín -
c1me111e as suas tnturs es. . b ·' 1 . b' fo ram ini cia lm ente autorizados a conservar a sua re ligião, mediante o paga-
. • ( 1 d Tunísia) sem encontrar maio res . o stac u os . os 1-
na de B1zacena su a · mento de um tributo especia l que ab rangia um quinto dos se us rcndimen -
' . · ··gnados , perder o sul, e os exércitos de soco rro cn -
zanttnos parcoam res1 • · ·1 · lOS, m as também essa tolerância logo termin ou , e a part ir de meados do sé-
•d I B .· 1 o lt aram a embarcar sem terem entrado cm com bate
via os pe o as1 eu v ' ' ' - d 'd ' culo Vlfl tiveram de se decidir ent re a apostas ia e o exílio . Muitas igrejas
, · vez.. o t··a nte de"'ª 'J' fraqueza · os chefes do lslao ec1 iram cm -
uma unica • . . fo ram convert id as em mesq uitas ; os bispados desaparece ram, su bsistindo
;;
precn d er uma ,aç " 0 vigoros, 1 e cm 669 o califa Moawiah .lançou as suas
•. ape nas uns títulos puramente honorífi cos - semelhantes aos que ainda hoje
tropas sob re a /friki.J. apoderou-se de . Ga~sa e ~c toda a B1zacena e, para usam os nossos bispos in partibus ,'nfidelium - . tão desprovidos de jurisdi-
sublinh;u a sua reso lução de não mais sa ir dali. estabeleceu uma fortale-
ção verdadeira como, no plano político , esse cargo que cm Bizâncio conti-
za, um Kuiruafl, que deu orige m à prestigiosa cidade do mesmo nome, nuou a chamar-se ceri moniosamente "o il ustríssimo p refeito da Áfri ca" .
na atua l Tunísia . Por volta de 1050, restarão na Ifikria , ao tod o, cin co bispos católicos
Tudo parecia encaminhar-se para um fim rápido, e o Império , dec idi- residentes, e as suas ovelhas serão mercadores cristãos instalados nos portos,
damente muito distante e muiro fraco, mostrava-se incapaz d e defender mercenários a serviço dos sultões , prisioneiros e cri anças , aos qu ais os reli -
a África . A luta suprema. que os bizantinos já não podiam comandar, giosos das Mercês ou de São João da Mata , devo tados ao resgate dos cati -
passou a ser obra dessas tribos berberes que outrora haviam resistido aos vos, prestarão a sua maravilhosa assistência . Po bres e miseráveis restos da-
romanos. mais tarde aos bi zantinos e que, no século XIX, haveriam de quilo que havia sido a África cristã! Será necessário espe rar oito séculos
faz er frente à Fra nça. Um dos seus grandes chefes, Koçeila, cristão um tan- para que o Evangelho volte a ser semeado no velh o continente e para que
to desbotado e que apostarou duas ou três vezes, conseguiu durante algum o cardeal Lavigerie lance ali as bases de um a nova cristandade.
tempo repelir os cavaleiros de Alá, chegando mesmo a tomar-lhes Kairuan
e a fazer viver em paz no seu " reino" aquilo que restava da África cris-
tã. Outro episódio muito curioso foi o da terrível luta travada no Aurés A Espanha cristã submerge p or sete séculos
por uma mulher, a Kahena - "sacerdotisa " - , que encabeçava uma co-
ligação de berberes, judeus e cristãos, luta que só havia de cessar no mo- A queda da Espanha seguiu-se à da África , e tam bém cons tiru iu a con-
mento em que a lendária rai nha tombou em pleno combate. seqüência lógica do estado de desunião em que se enco ntravam os cristãos.
Mas as resistências locais, bem como as tímidas e escassas intervenções Entre os bizantinos, que ainda ocupavam Ceuta, e os reis visigodos da
bizantinas, não puderam impedir o inevitável. Em 698, Canago estava to- península vizinha, as relações eram bastante ásperas. O exarca J uliano ofe-
mada . Pouco a po uco, os muçulmanos conquistavam cidade após cidade , recera um asilo complacente a Opas, bispo de Sevilha e irmão do rei des-
distrito após distrito, em toda a África e no Maghreb . Por volta de 704, tronado Vitiza, bem como a uma caterva de oposic ionis tas e descontentes.
o Afn'canus exercitus - como dizia orgulhosamente a nomenclatura impe- Quanto ao rei da Espanha, Rodngo (em godo , Roden"c). procurava por to-
rial - não ocupava senão a ponta extrema de Ceuta e algumas monta- dos os meios criar problemas ao seu vizinho. o fu ncio nário imperi al. Em
nhas vizinhas . O último exarca, Juliano, acossado também pelos reis visigo- vez de se unirem contra o perigo evidente. os cris tãos não pensavam se-
dos cristãos que tinha às costas, pensou ter fe ito um grande negócio quan- não em dilacerar-se uns aos outros.
do conseguiu conqu istar as boas graças do berbere islamizado Tarik, lugar- Uma história romanesca pretende que o rastilho foi ateado pelas mano-
-tenente de Muça, delegado do califa e comandante das tropas muçulma- bras de uma mulher, a bela Florinda, filha do conde Juliano e conhecida
nas: entregou-lhe o forte inexpugnável que tinha a seu cargo, e assim como a "má égua", que , depois de várias aventuras, se teria deixado rap-
a~nu-lhe as . portas d.a Espanha; de lá, Tarik saltou para o continente, atra- tar por Rodrigo ; assim, a guerra de Espanha reria começado como a guer-
v:s do est reito de Gibraltar, que ainda conserva o seu nome (Djebel-al-Ta- ra de Tróia. Na verdade, há razões para crer que a guerra tenha sido , aci-
nk) . Esta traição constituiu o último golpe vibrado na África de Cristo . ma de tudo, o resultado de uma infinidade de int rigas que os refugiados
. ~ Igreja da África ia morrer. Não imediatamente, porque ainda sobre- godos e judeus expulsos da Espanha urdiram junco do exarca e dos chefes
v1venam por bastante t empo a1guns agrupamentos mais •
. ou menos impor- muçulmanos, informando-os do estado de desagregação em que se en~ontra-
348 va O reino e estimulando-os a intervir. Muça, o representante do califa em 349
tantes, embora cada vez mais fracos e mais ameaçados . Os berberes depres-
A l( :IH\) A nos TEMPOS II ÁR III\H OS ()KAMA S E D ILA CE RA ÇÕES DO ORI ENTE CR ISTÃO

. .
T1n cr ckpt11~ de ~e ter d orn •ncntad o cuidaddosame nte e de ter mesmo Uma derroc ada desta nature za , co rn o a das outras
• g · . . . d. reconh crimcn to coroa a d e. cx1t
l!. . •
. reg1
·- _
tentado uma opcmç :w e . d I'
o, e nvio u um re - q uistada s pe lo Islão, reve la ev identem ente uma situação does .
cnstas con-
·. . . : . do finalm ente negoc ia o a a 1a nça com os b'1za . . . h .d . d - S
ep 1orave 1. e a
la16m> a Da m:i~rn e· tr n . nti - Síria e o Egito tin ~ s_1 o min a os pelos antagonismos
nos dc Ceuta , cic,idiu atac:1r r m JUiho de 7 11 . religiosos e pelos
nac ionali sm os, _se a Afr1 ca'. cm grande pane . deve ra a
sua desgraça às ten-
Por m:11s · 1, a. t ·1 "d), qur cstci·am os aos ráp id os êxitos do dência s se paratis tas que alim e n lava, a Espanh a, por ocasiãq_
11 u., l . · · . is lamism o d_o ataqJ.te mu-
· çulm a no, encont rava-s e a braços com uma decadência
aquc 1c qu<.
_-
o~ L,l v"., l·e ,· ro,. de Alá alca nçara m, • na
..•
. Espa nh a deixa- nos - pe-rpl. c. que a desagr.e.gava
. ..
XOS . OS ~C( C nll·1 b-- rb"' rc,• l'Ol\1 'l!ld·1dos por I ank dcscm b:m :ara m se m m a d e mil manei gs. Vice javam em estado perman ente os
mais violemos anta•
' ' ' . . 10 .
rcs d ifo.: uldadc s :w pé do "Jcbcl -al -Tarik " e 11:1,lfch ara rn gonism os : os bizan~ inos, red u zido; a um as poucas posiçõe
_un ed_1ata mentc ~o- s costeiras depois
bre AIgc , ·c 1·ra,
, _ , onde se reunira m m m os contm ge ntes b1 za nt111os de Jul1a- de um tratado assmad o por Heracl to, susp1ra vam pela
.

época em que os
no e m m os exilados godos chcfiad os por Opas - uns exércit os de Justi nian o ocupav am o sul d a Pen ínsula
e outros nas filei- ; os astu rianos e os
ras d os muçulm anos! As tropas reunid as por Rodrig o bascos, em perpét ua agitaçã o , tinham de se r periodi camen
espera vam-n os nas te encostados à
margen s do ·Guada lete . De pé no seu ca rro revesti do de parede ; e as provín cias visigót icas do sul da França eram
placas de marfim , de uma fidelida-
coroad o de ou ro. emo lto num m anto de púrpur a e de duvido sa, e de tempo s a tempos os reis de Toledo
calçad o com brode- tinham de sufocar
quins de prata, o rei dirigia pessoa lmente o comba te. a revolta de um dos seus subord inados do Languedoc.
O calor era terríve l Pior ainda : a pró-
e os corpule ntos visigodos louros sofriam ho rrivelm ente pria coroa estava pouco firme , pois o rei govern ava
. Debai xo de um quase sempre sob a
so l de fogo. no me io do alarido e dos redem oinhos ameaç a de conjur as, e as sucessões costu mavam ser contu
dos cavale iros númi- rbadas po r revol-
das e sob o fulgo r das ci mitarra s desem bainha das e dos tas e assassi natos . Nos cem anos que se segu iram à
alvos alborn ozes, morre de Recaredo ,
a batalha desenc adeou- se . rápida , como um fantasi a trágica tinha-s e visto um rei execut ado , outro tonsura do e encerra
. Desori entado s do à fo rça num
pelo espetác ulo insó lito . os godos desagr egaram -se em conven to, outro - o velho Wamb a - entorp ecido
dois tempo s. Rodri- com narcótico para
go, monta do sobre um cavalo branco , bateu- se como que subscr evesse a abdica ção , e outro ainda expulso
um leão. Quand o a do trono e obriga do
noite desceu , do exércit o visigod o só restava m uns poucos a fugir para Roma. Diante de cal situaçã o, alguns desces
bando s de fugi- sobera nos _u nham
tivos p ersegu idos a flechad as. O rei havia desapa recido reagid o implan tando um regime de terror , ao passo que
e o seu cavalo foi outros pranca men-
encont rado acolado num lamaça l; a poucos metros dali, te davam rédea solta aos seus vassalos.
encont rou-se tam-
bém um dos brodeq uins reais. Era o dia 19 de julho Outra causa de grave mal-es tar era a q~escã o judaica
de 711. . Por razões qu_e
Bastou este único embat e . A Espanh a visigót ica desabo não são claras e em que o zelo intrans igente pela pureza
u como um cas- da fé não expli •
telo de cartas. Tomad a Sevilha , os berber es de Tarik precip ca tudo, vários reis visigod os promo veram verdad eiras
itaram -se sobre persegUJções anu-se -
mitas, chegan do mesmo a forçar os judeus a batizar
Có rdova, varrend o de passag em em Ecija um peque no -se. a raptar- lhes as
núcleo de resistê n- · · r os esposos a separa
cnança s e a obnga r-se . no caso de um
cia, e depois, aconse lhados por Julian o, march aram sobre
. Toledo , onde o . d eles ser 1srae-
.
lita. Muitos bispos da Igreja espanh ola , como Santo
traidor Opas lhes aponto u as cabeça s que deviam cair. Isidoro de Sevilha.
Ao mesm o tempo , protes taram contra medid as tão odiosa s, mas não fo ram
Muça desemb arcava por sua vez, apoder ava-se de Medin _escutados. e O con-
a e de Carmo na, cílio de Toledo de 698 acabou por ratifica r essas medida
sufocava uma revolta em Sevilha e , sempre guiado pelos s . D_esesp_erados,
cristão s traidor es, . . • , ·
corria para Toledo , a fi m de disput ar aspera mente ao os Judeus nunca esquec enam ca.1s sev1oa s. e quer 1·unto. dos , b1zanunos de
seu lugar- tenent e Ceuta e dos muçul manos , quer no interio r do própno 315
Tarik a valiosa presa de guerra . Nove décimo s da Espan " P · como ~a
ha estava m sub- .
mersos pelo lslão. Subita mente inquie tos com os resulta qurnta coluna ", trabalh aram com to d as as 5uas forças contra o domm10
dos dos seus atos, . .
v1S1go . . d 711 starão consta ntemen te ao 1a-
Juliano e Opas começ aram a perceb er que os muçul manos do; quand o se der a m vasao e , e
não consid era- do dos assalta ntes.
v~m O assunto um simple s passeio militar , como tinham
c1p10 e qu l imagin ado a prin- _ , . _. . :irecem cer-se acresce ntado
, · A estas razões polmcas de decompo~tçao
_ ' ~ e e~ propno s tampo uco haviam conseg uido monta P al d
raçao maqu ' l r uma ope· . comemos à letra guns os cro-
. _iave ica , em q ue lhes bastari a puxar de uns cordéi s para · o~tras de ordem moral. Mesmo que nao
subSt1· ou a ueles reis visigodos ro-
tu1r um rei godo por out · h · n1stas desta época, que nos aprese ntam eSCes d q
ro , como tm am pensad o rngenu ament e . O ligamia a verdad e
tandan e verde do pro~ fl es- d ea d os de um harem , .e d o ao seu re or a po ,
350 . eta utuava agora em terras de Espan ha, e senam · e 1omen ta~ . _ Toledo tornara -se uma
precisos nada menos qu - é que a doçura do clima e o hábito das nque zas 351
e sete secu 1os para lançá-l o por terra .
A IGREJA D OS TEMPOS BÁRBARos
D RAMA S E DI LA CE RAÇÕES DO OR IENTE CRISTÃ O

. • ham desagregado os costumes dos germanos. Sucedeu


capital faustosa - tm , a intervenção do rei nas nomeações dos bispos leva .
. . d d E panha O mesmo que acontecera, no secu 1o anterior . va por vezes a designa-
com os v1S1go os a s d 1 - - ' ções escanda1osas , compreenderemos mais uma ve O .
com os vândalos da África. Parece que as terras o so nao sao propícias muito íntima entre os dois poderes . z pengo da aliança
aos grandes arianos louros. , . Mas havia ainda outro .mal. À força de se ocupar '" d os negocios- · po ,m-·
Diante do desmoronamento t~o rap1do desse belo son~o. que fora a . 1
cos , a IgreJa da Espanha
. . unha uma certa tendência a J
· ul -·
gar po 1tttcamen-
cristandade gótica da Espanha, batizada com o sangue do martu Hermene- te os assuntos rel1g1osos . Os seus chefes consideravam - se dig 01·t,anos
· tempo-
ildo e integrada no orbe católico por Recaredo, levanta-se uma pergunta:
rais, pelo m:~os tanto c~~o pastores d~ _rebanho , e acabavam por " pen-
:eve a Igreja alguma responsa!>_ilidade nesta catástrofe? Temos de respon- sar espanhol antes de pensarem catoltco ". E isso observava-se na sua
der fiõnestamente que sim . Estamos lembrados de que, nos anos que se atitude para com Roma , a quem dirigem periodicam ente enfáticas declara-
seguiram à conversão dos arianos, o acordo entre a monarquia visigótica ções de respeito e de fidelidade , mas a quem faz em notar também a sua
e a Igreja parecera tão completo que os concílios nacionais da Espanha ti- su~presa ~1:1ando algum papa se _permite _intervir nos negócios do glorioso
nham passado a conduzir-se como verdadeiros senados: legislavam sobre remo catohco de Toledo . Esta aliança muno estreita com O Estado limitou
os mais graves interesses do Estado, e houve reis que pediram que esses portanto, os horizontes da Igreja espanhola , e ao mesmo tempo entravo~
concílios corrigissem as leis 12 . Constituindo-se em Conselho de Estado ou a sua ação . Parece, pois, estar dentro da lógica das coisas que tivesse si-
em Supremo Tribunal, julgavam e destituíam funcionários públicos. A Igre- do arrastada na queda da realeza visigótica.
ja , que após a sagração de Wamba fizera da coroação uma cerimônia sa- Mas se a Igreja, comQ_instituiç~o, sofreu mui to com a catásuofe, 0 cris-
cramental , encontrava-se assim verdadeiramente ligada à coroa . tianis~~ esgya_ muito - p.i;ofo.ndamence arraigado na-ªIID.L espanhol~ara
Esta união foi, sem dúvida, positiva. É incontestável que a influência que º~ !1vasor_es pudessem arrancá-lo . Os muçulmanos não constiruíam se-
cristã teve resultados felizes na ordem legislativa, e que os "códigos visigó- não uma minoria, e além disso não proc.11 rar~ _.fazeLmosclitis;;; Em
ticos' ' foram , graças a ela, as menos bárbaras das legislações germânicas. muitos lugares confiaram postos de controle a judeus, e em ouuos a espa-
Os concílios-parlamentos utilizaram os seus poderes oficiais para organizar nhóis superficialmente islamizados - convertidos ao Alcorão por interesse
bem o clero, para vigiar a sua formação e para mantê-lo num nível eleva- - , que eram chamados mau/as e que , de uma maneira geral, se mostra-
do. Parece também que uma certa austeridade moral que subsistiu no cris- vam benevolentes para com os seus irmãos da véspera. A situação dos cris-
tianismo espanhol foi conseqüência da reação da Igreja contra as tendên- tãos no Estado muçulmano da Espanha - dessa Igreja que conservou o
cias d issolutas de alguns reis . nome de "moçárabe" - certamente variou de província para província e
Mas, se a cara é bastante satisfatória, a coroa não o é tanto . Tal co- ~e século para século, mas nunca foi tão penosa como a dos cristãos na
mo aconteceu em Bizâncio, tal como aconteceu com os merovíngios - Africa islâmica. Além disso , restou-lhe sempre no co ração aquilo que per-
embora sob formas diferentes e num grau muito pior - , esta aliança mite suportar as maiores provações : a esperança de um amanhã de libe rta-
muito estreita entre a Igreja e o Estado tinha graves defeitos. A Igreja ti- ção .
nha amplos poderes dentro do Estado, mas, na realidade, não seria o Esta- Com efeito, no preciso momento em que se operava a invasão muçul-
do quem controlava a Igreja? Na aparência, o rei era o mais humilde ser- mana, muitos grupos cristãos , reprimindo no seu íntimo a amargura e o
vo. da Mater Ecclesia: prostrava-se quando entrava na sala dos concílios e desconcerto da derrocada, pensaram imediatamente na resistência. Refugia-
reurava-se para permitir que as santas assembléias deliberassem livremen- dos nas montanhas , onde o inimigo não os pod ia alcançar , foram -se jun-
te . Mas era ele quem as reunia ou deixava de reunir. Era ele quem fixa- tando pouco a pouco, começaram a organizar-se e, por fim . conseguir~
va ª pauta das discussões e quem garantia que as decisões tomadas fossem armar-se. Ainda não tinham passado cinco anos após a catáSt rofe , _e Jª
executadas
. · Era ele q uem, aos b.1spos e aos prelados 10d1cados
· · pe 1as vi·as uma verdadeira guerrilha cristã trabalhava contra os ocupantes, ~ão hesnan-
nor~ats, acr~scentava altas personalidades leigas . Era ele, enfim, quem d o ate- em levar a cabo operações d e rea b asrecimento
· nas reg10es em po-
muaas vezes impunha aos concílios que sancionassem as suas ações de guer- der dos muçulmanos .
es . E , se acrescentarmos que, aqui como na G'I.
ra ou as suas usurpaçõ · · , · · - foi Pelágio que , refu-
a 1ª• U m d os pnmeiros chefes desta res1stenoa cnS t ª ' . . .
352
· d
gia o nas serras galegas restabeleceu em 718
· - . , C
°
, lo real da dmasua vi-
uru . _
do numa mcursao pe 1as 353
(12) Cfr. cap . IV, par. O retorno -'o . . . sigot,ca, com a qual aliás era aparentado . apcura
u, s ananos ao seio da Igre1a.
, r,~RJ:;1, 1,, ,, 11 ,
.,,n', ", n \
. nn \n r )~
.d d pri~ão . 0 audacto~o líd er guerri lh e iro la u~a
, . - e eva d r o a . - va ta111
p 1anrcie~ _ !manos q ue eçte~ organi zaram uma expedi • aç
· · ões ao, muç u , · çao ron va o inimo do m undo islam ita encontrava-se agora em dr clínio: no sécu -
rnquieraç d ' _· ão foi bem suced ida . Pelag10 e os seu s m o ntanh u-a
ele A expe içao n . bl eses ar lo VUI , o Islão já não progredia senão a passos len tos , não mais pelas gi-
· .1 da num desfil adeiro selvagem , o quearam a co lu ·
maram uma c1 a . - 'd na dos gantescas arrancad as dos primeiros tempos Dos dois enormes tentáculos
berberes árabes e cnstaos t rai o res , e ntre os quais . q ue estendera sobre a Europa , um pelo leste e outro pelo oeste . o p rime i-
assaltantes - ' h fi O triste
ilha _ entre avalanches de roe as q ue 1zeram cai r so br ro foi detido so b os m uros de Bizâncio , em 7 18, e o segundo sê- lo- ia
Opas d e Sev d b . d e e1a
. de flec has e esm agaram -na e a1xo e pedregulhos • ao mes.' em Poitiers pelos fran cos, no ano de 732 . A conquista da Espanha fo i o
cnvaram-na
o que uma terrível tempestade , engrossando as torrentes de último episódio do grande ataque organ izado pelo Islão contra a Europa.
mo tem P .e . . , . d C d, moo.
Essa 101 a v1tona e ova. onga , que os poe. Como o mundo muçulmano se mostrou inca_paz de compreendeL q.ue_mais
tan h a, Comp letava a derroca.
tas espanhóis amplificaram generosamente, mas que fo1, de fato, 0 primei- vale ensinar e persuadir do que combater, não conseguiu fazer ~.a...civi-
ro repicar de sinos libertador e a promessa de um futuro melhor. lização uma civilização munctia( verdadcj_rament~ c~az de rival iz-aL com
a civilizãçao· cristã, e assim preparo.u_os_r.emP-Q.S_em gg_e te.ria...d~colocar
Assim, pouco a pouco, foram-se organizando focos de resistência 00
na defensiva perante um Ocidente organizado pela Sé de Roa:ia. A Re-
norte da Península. Houve-os em Navarra, em Aragão e na Galiza. Funda- conquista da Península ibérica será um episódio desta nova fase da luta ,
do por Garcia Jiménez , o pequeno principado de Sobrarbe constituiu 0 pois a Providência prometia ainda um glorioso porvir às cristandades da
germe do reino de Aragão . Afonso I o Católico, genro de Pelágio , fez Espanha.
de Oviedo a capital do reino das Astúrias. Uma série de fortalezas balizou
em menos de vinte e cinco anos a linha do Douro: Leão , Zamora, Ávila ,
Miranda, Segóvia e Salamanca. Mais adiante, até às cerras verdadeiramen-
Bizâncio, os seus costumes e a sua f é
te ocupadas pelos muçulmanos, estabeleceu-se uma espécie de cerra de nin-
guém, onde os combatentes se limitavam a observar-se mutuamente . Este
A perda de algumas das mais belas partes da cristandade não foi o
frágil b~luarte que foi o norte da Espanha será, ainda por muito tempo , o
único resultado desse terrível e doloroso século VII em que os cavaleiros
ponto de _p~iia da contra-ofensiva vitoriosa, ou seja , da Reconquzsta. de Alá pareciam ser os lebréis de um Deus vingador. As épocas das gran-
Por que motivo, porém, os muçulmanos não liquidaram estes modes- des agitações políticas costumam ser, ao mesmo tempo , períodos de desor-
tos adversários? Muito provavelmente porque a situação interna do seu Es- dem moral . As duras lutas que Bizâncio teve de sustentar , o predomínio
tado não lhes permitiu fazê-lo . O seu domínio na Espanha , que viria a do regime militar, as novas invasões dos búlgaros e dos eslavos , a imigra-
ser faustoso, teve sempre algo de inquietante e de frágil. Entre os califas ção de numerosos elementos sírios e armênios originários para dentro do
de Damasco e os seus representantes na Espanha, as relações estavam lon- Império - todos estes acontecimentos contribuíram para uma verdadeira
ge de ser boas: um emir chegou a ser assassinado, por ordem superior, barbarização da sociedade, semelhante à que o Ocidente tinha sofrido por
por _ter . desposado a viúva de Rodrigo, o que o tornava suspeito de com- ocasião das grandes invasões . Compondo-se com as tendências decadentes
placencta para com os vencidos . Além disso, os berberes invejavam os ára- que já existiam, estes fatores de brutalidade e de violência produziram re-
bes, e este antagonismo ia com freqüência até à revolta. Por último, uma sultados bastante desastrosos .
·
revolução ocorrida n 0 tmpeno , · , b e vma
ara
•• , · d
a ter conseqüenc1as esasu
osas Para formar uma idéia dos costumes bizantinos desta época , é suficien-
para a Espariha. Em 750, os omíadas de Damasco que os outros crentes te consultar os cânones disciplinares do famoso concílio " da Cúpula", tam-
a~u~avam de desrespeitar os preceitos do Alcorão, fo~am derrubados e subs- bém chamado Quinisexto. São assustadoras as interdições que esta assem-
t1tu1dos pelos abás ·d . ãmia bléia se viu obrigada a lançar e os erros que teve que denunciar . Foi ne-
d Ab . si as, que instalaram o seu governo na Mesopot ·
0
n e u D1afar fu d - , d Abd- cessário, por exemplo, lembrar aos clérigos que não lhes era permitido ser
n ou a nova capital Bagdá. Um dos om1a as,
-er- Rh aman, escapado ' , . - E anha proprietários de casas de prostituição, e, aos fiéis, que as igrejas ficariam
e ap d ao massacre da sua fam1lta refug10u-se na sp .
o erou-se de Córd . ' d te n- profanadas se dentro delas houvesse comércio carnal ... A desmoralização
val do d B d' ova, surg10do assim um califado indepen en ' parecia universal: 0 concílio teve de excomungar as religiosas que violavam
e ag a. Todos est . . . equenos
reinos cristãos fosse es acontecunencos permmram que os p os seus votos, os negociantes de pinturas licenciosas, os médicos e partei-
354 m ganhando raízes 355
Além disso, aquela di . . fla ros especializados em abortos . . .
pro giosa força que há mais de cem anos iosu ·
pp /,M/\ ', J' 11Jf ff FPU/1r ~ ÍJ'• ffPJ.- ..r;. , ;, · ir,
, .. ck.: r·- s0,·Íc•~'l1~( ...,, ·r , ... , " ' 1, ,,, 1 l:1 a ( l ll \'I l 1
, c:ir?,·rcrr,r•• . e :I{ { dn1
()urr _ . ,... crcrn1ni'l~c"' ,·,,n,nn, tYl;t \ an~ HHm ,· o-
, ·10 fl 100, MI<' ,r ? .. ~ - ,.,o~ po]f 11· exWtnc.liu de form íl i! dm,r~vrl r l)mr, r1w p<H rraçfo rnnmi 0s rrros blasfe-
,uplin°, If! d , ,... n;i~ lm::i~ rcc1ló~ica, . \. 1)na1 o na 1i2 a
te aos a versari.-, . . . · ~ o rdh a- mos cJ m nes
w~ e ª . olhos ou realinr rodo o npo de mut1 laçõe ~ . . to ri;in
. c,, , a alm a OJ 7:rntina ·mirou - ~
, ,. D"r"
, º º \,{ar
vs 1a e recon h eceu
ou a língua . vazar o~ . - . . s' era111 os seus pr1vdég1os ú:icos. Além da festa da ,\farivid:-ide d 3 Vi rgem , cel e-
. aram moeda corrente. As execuçoes capita is eram d .
ráncas que se to rn .d . b . !Ver. brada a part ir do , ecu lo VI, o im perador Maurício fixou defi niovamente
P es freqü entemente repeti os , so o remad o d e u m J . no dia 15 de agosto a festa da " Dorm ição de .Nossa Senhora '·. e. um
nmenros popu Iar , . ,' b usu.
. II .. ·mperador do nanz cortado , os asbaques puderam pouco mais tarde , em hon ra de San ta Maria das Blache rnas em Co nstanti-
niano . 0 1 . _ , mes.
. com as decap1 taçoes as cen tenas . E sabe-se que verdad . nopla, instituíu a panegina , em que durante uma seman a se entoavam
mo d e1e1tar-se . _ , . eiras
apa São Mamnho ou Sao Max1mo o Confessor fo ram hinos e se representavam peças sacras na.s qu ais a Mãe de Cristo desempe-
sanros . co mo P O ' tra-
tados dessa maneira abominável. nhava o papel principal. Enfim , no século VIII , instiru ir- se-á a festa da
Se acrescentarmos ainda que ti nham reaparecido as v_elhas práticas pa. Con~ . É esta, também, a época'em que os cantos marianos de Roma-
nó o Me/ódio, que datam de começos do século VI , são entoados por to·
gas , paru·cularmente as que melhor se prestavam a sessoes libertinas , eo-
-
da a parte, e em que o imenso hino acatista - acatista significa '' que
rno as sarumais, a bromália em honra de Baco e a festa da primavera , e
se -deve cantar de pé' ' - desenvol ve em conjunto os mistérios de Maria ,
que a magia , a bruxaria e a exploração . da crendice popular estavam mais
mais ou menos da mesma maneira como o nosso Rosário há de descrevê-
espalhadas do que no tempo do paganismo, podemos muno bem avaliar
-los mais tarde (ainda que de modo diferente). Cantam-se também os ver-
como era superficial a camada de cristianismo que seis séculos de fé ha- sículos de uma variegada ladainha. É a época em que São Sofrónio de.J.e •
viam depositado na sociedade bizantina . Em 717, na cidade de Pérgamo rusalém mostra o lugar de Maria no plano da Redenção . com uma prqfun -
sitiada pelos árabes , a populaça procedia ao assassinato ritual de uma mu - didade que não foi ultrapassada pelos teólogos atuais de Maria " correden-
lher grávida e os circunstantes untavam-se com o sangue da vítima: estra- tora". É, finalmente, a época em que Santo André de Creta , melodioso
nhas aberrações num mundo que se dizia cristão . cantor da ''Filha de Deus'', põe ao alcance do povo os primeiros elemen -
Mas, como esta sociedade continua a ser regida pela lei dos contrastes, tos de uma teologia mariana repleta de ioruições penetrantes e de fórmu-
ao mesmo tempo que se nota um rebaixamento do seu níve l m oral , notam- las de uma beleza requintada .
-se também tendências inteiramente opostas . É incontestável que a infl uên- Outra manifestação gloriosa desta fé bizantina foi o desenvolvimento
cia do cristianismo, medíocre em relação aos costumes , é muito maior da liturgia, pois os séculos VII e VIII são os grandes sécu los litúrgicos do
em relação aos princípios. Se essa influência já era palp áve l na o bra jurídi- Oriente . A antiga liturgia de Antioquia , que se organizara no século IV
ca. de J~ stin iano , mosmu -~:á aind ~ mais nítida na regul mentação do di- - num período em que os cosrum~s , que durante mui to tempo tinham
reno feita por Leão_l!! o Isáurico sob o nome de Ecloga . onde en~ontra· evoluído de maneira bastante livre em cada região , se haviam pór fim fi .
mos uma jurisprudêncj__a <!_e~Q_iração nitidamente cristã. Além disso, por xado - , assumiu a partir do século VI uma grande beleza , amplitude e
riqueza de símbolos , e as cerimônias das igrejas orientais , tanto católicas
m.ais_ pecadora que fosse , a sociedade bizantina tinha profundas convicções
cmtas. ' e 0 propno
- · ze lo com que se embrenhava nas lutas teológicas· como dissidentes , souberam conservar essas caraccerísticas. A majestade dos
e, pro·
va disso · Os ofícios, o seu minucioso ritualism o, o uso de ornamentos rebrilhan tes de
. i·ei·un s eram muno
· o b servados e os of1oos
, . , d e uma m ane1ra
ouro e de vestes litúrgicas cujo emprego se irá estendendo pouco a pou-
ger:I, '.11 u1to concorridos. O último cânon do concílio in trullo, consagra· co a toda a Igreja, o patético gemido dos ó rgãos - tudo isso corresponde-
do a direção de almas ou a, luta d o fiel contra o pecado , e, de uma f}agrao·
rá a qualquer coisa de profundamente enraizado na alma bizantina, a que
te be leza e refl rf . 5 A
f' , . . ete pe mamente a grande tradição dos Padres grego~ aliás a etiqueta imperial já habituara as pessoas. A forma chamada litur-
r .
e a 6iz amma dos , 1 V . b
secu os II e VIII pode parecer-nos hoJe ascan
ma 15ta , mcl10ada a b . .
ce for·
fl - s e pe·
gia de São Basílio , em uso durante muito tempo , foi suplantada por ou -
lo d sfi su Sntuu a pureza do coração pelas genu exoe . . tra que passou a ser denominada liturgia de São João Cnsóstomo, e a es-
e iar de orações i . , . e exisoa ta se acrescentou, para a Semana Santa e para alguns dias da Quaresma ,
e qu ntermrnave1s, mas não é possível negar qu
e, em cenas alm f:01. . uma liturgia particular, inspirada na tradição de Jerusalém e que não é
Ali' as , muao elevada .
as , essa fé revela in, 00 s faze.rTl senão a nossa liturgia dos pré-santificados.
esquecer a pan b . umeros aspectos que nos comovem e foi
356 , e som na do d . ferece . - Com efeito, uma missa em Constantinopla era, nos séculos VII e VIII , 35 7
nesta epoca q qua ro que essa sooedade nos O - · se
ue o culto d N · lso e
- - - ----............. e ossa Senhora ganhou todo o s e u ~
A IGREJA DOS TE MP\JS BÁRllARos
DRAMA S E DILA CERAÇÕES DO OR.íENTE CRISTÃO
. ·ficência e nobreza . Era muito _longa _ d LJ .
· , · he1a de magni 1
uma cenmonia c e a sucessão de gestos e oraçoes não tinh a
. ainda mais nos sécu los VI , VII e VIII . Se em Constantinop la as novas ftm-
· d duas horas - ,
rava mais e emático de qu e as nossas, , missas .
moderna
s se dações foram raras , por falta de ]ugar, surgiram em grande número nos
, ressado e esqu
esse carater ap C va por uma "preparação , nca em símbol
os. arredores da cidade , na costa da Asia e perto de Calcedónia . Fundaram-se
or vezes omeça
revestem P_ . · edência colocada lateralmente , os celebrantes apr e. nas montanhas isoladas verdadeiras repúblicas de monges, que prefigura-
S0 bre a prothesrs, uma cr . h ,
bl atas.. o pão fermentado, o vm o e. a agua que haviam d e vam a do monte Athos . Alguns desses conventos constituíram indubitavel-
sentavam as o . .
· ,. dispunham-n as ruos mmuc10sos, e, par a mente centros de fervor cristão dignos de admiração , e a prática da ' 'ora-
. para o sacn'f'JCio conforme,. f .
servn
oferendas , ção perpétua' ' , desenvolvida pelos acemetas fundados no século V pelo
.
fnsar bem que era toda a comunidade dos . fieis que azia essas . monge Alexandre, espalhara-se agora por muitas comunidades . O mostei-
. . amente O memorial dos vivos e dos mortos .
., Seguia-se a se-
lia-se simu 1tane ro do Stoudion, fundado em 463 por João Stoudios , convertera-se já nes-
gunda parte da missa: a pequena entrada . Enquant~ o d1acono, colocado
se viveiro de santos, sábios e dignitários de que sairá , por volta do ano
fora do iconóstase ll, dialogava com o povo os vers1culo~ e as orações do 800, o glorioso São Teodoro Escudita.
K ne eleúon, 0 celebrante ia buscar o Evangelho e tra21a em procissão 0
Mas se é verdade que no monaquismo oriental se contam elementos
1/ro sagrado, ouvindo-se então o canto do Tnsagion, hino em honra da
verdadeiram ente sublimes, nem por isso deixamos de notar nele alguns
Trindade ; depois tinha lugar a leitura das Epístolas e dos Evangelhos , bem defeitos e perigos. Como algumas comunidades eram extremament e ricas ,
como a homilia , seguindo-se longas orações pela conversão dos pecadores por serem isentas de impostos e os seus membros estarem livres de todo
e dos catecúmenos. o serviço público, exerciam uma influência por vezes deplorável sobre a
Começava então a pane mais secreta do sacrifício . A grande entrada arraia-miúda , a cujo nível acabaram por rebaixar-se . No fim do século VII,
era feita com toda a pompa : todos os celebrantes conduziam em volta passou mesmo a haver o perigo de que estes ou aquel es grupos de mon-
da igreja o pão e o vinho destinados à consagração, enquanto retiniam ges se tornassem uns agitadores demagogos. Aliás, os religiosos eram tão
os magníficos responsos do Cherubikon, os diáconos agitavam leques sa- numerosos e tão populares que os poderes do Império , bem como os da
cros "semelhantes às asas dos anjos", e as aclamações cadenciadas d o po- Igreja, tinham toda a razão para desconfiar deles.
vo exaltavam Cristo-Rei, que entrava no seu reino . Com o pão e o vinho Por outro lado, certos costumes monásticos tinham degenerado em ex-
já dispostos sobre o altar, ouvia-se o Credo, rezado segundo a fórmula cessos contra os quais se tornara necessário reagir . Assim , por exemplo ,
niceno-consta ntinopolitana , e a seguir fechavam-se as portas da iconóstase, as moças eram encerradas no convento à força ou sem serem consultadas,
celebrando-se o mistério central no meio do maior recolhiment o . e, pior ainda, rapazes de seis anos e mesmo crianças ainda não nascidas
. Não se pode negar que tudo isso era belo, com essa beleza que só os já eram votados à vida monástica . Foi preciso pôr um fre io à epidemia
m os do cul_to divino conseguem atingir, porque fazem O homem partici- da reclusão, porque alguns "reclusos" , em breve cansados da sua gruta ,
par das realidades mais inefáveis. Eram numerosos os pormenores ricamen- voltavam para o mundo de uma maneira que nem sempre era edificante .
t~ simbólicos , como o costume de acrescentar um fragmento de pão ao E também se fez necessário que a polícia perseguisse os eremitas de cabe-
vmh o do cálice e 1· une ar- Jh e uma gota d e agua , e los compridos que apareciam freqüenteme nte pelas cidades , fazendo-se pas-
. quente, porque a carn
de CrJSto é o úni l d ·d .
co ca or a vi a; ou ainda o de receber o pão consagra- sar por profetas e entregando-se a mil excentricidades. Prendiam-nos, tos-
do, na comunhão c - b quiavam-nos e fechavam-no s num mosteiro .
. ' om as maos so repostas em cruz . Não devemos, por-
tanto, subesti mar nem d , • O excesso é sempre, portanto , o traço lamentável deste cnsua~smo
. tratar e animo leve a realidade sob tantos aspec-
tos grandiosa da fé crise- -, • ' · f bizantino que, sob tantos outros aspectos, se nos n:iostra ~ão admHave~.
. ', . ª nessa 8JZanc10 abalada, atormentada , a cujas ra-
quezas e m1senas nos acabamos d r .
e rerenr. Vimos já os resultados desse excesso na ordem teológica, pois a menor di-
Outra prova da i ·d d . vergência em breve se convertia em heresia . E notava-se também a mes-
Sendo ·, ntensi ª e desta fé é a expansão do monaqumno .
. Ja extremamente im , --- -~ ca- ma tendência na extrema riqueza das igrejas e dos ornamentos, bem co-
sião de v · . . portante na epoca antenor como tivemos 01 er
er, a instituição m , · ' mo nas honras excessivas prestadas aos dignitários eclesiásticos .
onastica não deixou por isso de se desenvo v
· porem,
- h avia,
N ao , nen hum domínio . em q ue o excesso . .fosse tãQ__ma-
.
( 13) Grade de mad • . · · - - ·- .- n-..-- arte cn·st a- d e . Bizâncio
·t!!fagens ' que uvera
sbicério n1festo como no culto das .
da nave ric ma ou de mármor às
358 vezes baseante alra, que separava o pre . res Teodora, 359
ponas q· damente orn amentada com . e, 1 um desenvolvim - tão
· ento . ·
- pro d 1g10so no t e mpo de Justmiano e de
ue avam passagem do sanru· _image ns da Sanríssima Virgem e dos Sanros . Havia
ano para a nave .
A IGREJA DOS TEMPOS BÃRBA.Ros
DRAMAS E DILACERAÇÕES DO ORIENTE CRISTÃ O
·do em parte, às desgraças do Império , e pouc
havia definha d o d ev1 ' . . . . t4 • • o a
. - grandes rniC1at1vas ; no entanto , tinha multipli ca d o A ''querela das imagens''
pouco renunciara as . b .
. b madeira os afrescos, os mosa1Cos e os a1xos-relevos que
as pmturas so re , b d
Cristo a Virgem e os Santos. A ao onando o antigo s·1m. Mais do que qualquer outro dos conflitos religiosos que dilaceraram o
representavam , .
. sta arte procurava agora, cada vez mais , figurar, contar e ev o _ Oriente cristão desde as suas origens , a querela das imagens tem sido con-
bo1ismo, e .
car concretamente as santas re_a lidades e os mais a 1~os modelos. A Igreja , siderada pelos historiadores ocidentais como uma disputa absurda em que
tanto no Oriente como no Oodente, pensava que a1 se encontrava um ex- padres e monges se digladiaram a propósito de pormenores insignificantes ,
celente meio apologético , e que, como dizia Nicéforo , " a vista conduz à verdadeiro modelo da discussão "bizantina". Pensar ass im é condenar-se
fé" . a não compreender a importância do que esteve em jogo neste longo dra-
Mas, a partir do século VI, surgiu um verdadeiro pulular de imagens ma, a não entender nada das forças que abalaram as própri as bases da so-
sagradas - eikónes, em grego . Colocavam-nas em toda a parte , não só ciedade e do Estado bizantino . O iconoclas7'l!:9--= " doJd_U.Í.na___q.ue-m:.1.-A.da
nas igrejas e nos conventos, mas também nas casas particulares e em ci- quebrar as imag~ns.'...'._- foi na realidade o pre texto _p ..ara._ 11m cooflir/)_ em
ma dos mais diversos objetos, como cofres, móveis , fronti spíci os de lojas , que o Império do Oriente esteve prestes a soçobrar , e e~ qu e s~__Qp.use ram ,
de um lado, os soberanos , o exército , -~ -ovos do les.!_h e_,_ do_o utro , os
roupas, pedras de anéis e brincos . A respeito de algumas , co ntava- se qu e
monges e o Ocidente apoi~dos Q_eloú ap_as . Talvez men os gra ve, no pl a-
não haviam sido fabricadas pela mão do homem, mas miracul osa mente
no doutrinal, âo que os grandes erros do arianism o , do nestorianism o e
pela vontade de Deus. Foi assim que começaram a fazer carreira o sudári~
do monofisismo, o iconoclasmo conjurou tantos elementos passionais e
de Edessa e o véu da Verônica, onde - segundo se dizi a - estavam im -
manifestou-se em circunstâncias tão anormais que vi ria a se r mais pernicio-
pressos os traços do Senhor.
so do que as piores heresias.
A devoção às imagens tomou tal incremento que nos deixa surpree ndi-
Como é que Leão III o Isáurico - o grande imperador que . em 71 8 ,
dos . Fa~i~-se un_i juramento? Era sobre um ícone . Co mun gava -se I As sa n-
deti~era o Islão diante de Constantinopla e dez anos depois o exp ulsara
tas espeoes deviam tocar primeiro um ícone . Bati zava -se uma cri ança:> A
da Asia Menor, Leão III o Restaurador - conseguiu meter-se em tal ves -
cerimônia realizava-se diante de um ícone , suntu osa mente vestid o e ador-
peiro? As razões da sua atitude são complexas . Umas de natureza religio-
nado d~ jóias, e que às vezes chegava a fazer de p adrinh o. Produ ziam-se sa, pois tudo aquilo que no cristianismo se tinha oposto violentamente
verdadeua_s aberrações : havia doentes que. para se curarem , ingeri am ras- ao nestorianismo preferia simbolismos animais e vegetais. em entrelaçame n-
pas das tintas de um '1cone. D e maneHa ·
· geral, a plebe d1·stmgu1 ·a ca d a
tos decorativos, às imagens de Cristo e dos Santos . ReE..!:_ese ncar Cristo não
vez menos entre O ícone diante do qu al queimava ince nso e ace nd ia vel as , seria insistir demasiado sobre o lado humano do seu ser e sepa ra r oEl e
e o santo que essa imagem rep resentava . "M uttos · ·
pareciam acre d.ttar q ue, as duas naturezas? Esta tendência hostil contra as im a~ ns via:~ ,,_.aliás.., re-
·
para honrar o batismo , era su fiic1ente · · ·· repeti'd as
entrar na 1grep e beijar forçada por influências judaicas e muçul~nas . A isso ~ ortodoxos fiéis
.
vezes a cruz e as imag. ens " · O b atxo
. clero e a quase totalidade dos mon- ripostavam que sempre existira na Igreja o culto das imagens e que o pró-
ges esumu 1avam esta iconolatria c · 1·,
, . , UJOS aspectos mercantis não eram, a ias, prio Cristo era chamado por São Paulo ''a imagem de Deus' ' , o que auto-
d esprez1ve1s .
rizava a representar os traços do Deus encarnado . Além disso, era fácil
É este traço tão curioso d . d d . . . discernir vestígios do erro monofisita nessa hostilidade contra as imagens,
nos seus pr· , . ª pie ª e b1zant10a - certamente legínmo
mop1os ' mas defo rma d O pe 1o excesso - que, no momento
, . pois esse erro sempre se mostrara adverso a tudo o que pudesse exaltar a
em que O I
nh ~p~no, agora em mãos de Leão III e da dinastia isáurica, pu- encarnação do espiritual. A discussão, como se vê, ia longe .
a um freio a maré mu ui -
trução ia pro . ç mana e operava uma notável obra de recons Natural dos confins da Síria, onde o monofisismo dos " jacobitas" con-
orienr~l uma vo~ar ª ~ise mais grave com que se debateu a cristandade tava inúmeros adeptos e onde eram freqüentes os contactos com o mun-
• cnse que d - . - do muçulmano, hostil às imagens, Leão III estava convencido em consciên-
sultados mais doi urou c_epto e vmte anos e qn e vi ri a a ter ffi.--!C •
orosos para O fu d cia do perigo da iconolatria . E é preciso acrescentar ainda que , como re-
turo e todo o crisria.n.ism.o.
presentante das províncias orientais do Império, o basileu devia nutrir uma
(14 ) Que , no encane .
a arte muçulmana A5 o, p_rossegulfam indiret • . • . sobre profunda desconfiança em relação aos gregos da Grécia e de Bizâncio,
360 dos segundo · Pnme1ras grand amente atraves da mfluenc1a que exercera..111 361
.
a escola b'1zanc1na. , ·
- construídas por arquitetos s1r10s,
es mesqu1t as serao forrna· massas agitadas e turbulentas, grandes defensores das imagens . Por outro
A IGREJA DOS TEMPOS B.hn•
·="Ros
DRAMAS E DILACERAÇÕES DO ORIENTE CRISTÃ O
-L . te admissível que um soberano quisesse chamar à
lado era peue1tamen d or-
, . dos monges, resulta o que esperava poder alca nçar . o Coprónimo morreu , em 775 , o Imper10
a torn>- e a direito . Quando , · esta-
dem a husuta tropa · . . .
a ofensiva contra a 1cono1ama, CUJOS baluanes er am va a _b~aços com uma agitação desvairada , com uma guerra civil e religiosa
se desenca d easse u m . , .
de despedaçá-lo .
. mosteiros. Isso lhe poupana, alem do mais, o trabalho d e prod1g10samente complexa, que parecia estar a ponto
Justamente os . , .
oder tão bnguento quanto tem1ve 1 que detinham · É difícil imaginar o grau de violência que as paixões atingiram duran-
atacar d e fre ºte P
O
te esta crise . Nos dois campos cometeram-se os mesmos excessos. Incontá-
Foi por volta de 726 que Leão III deu início à o_fensiva contra as ima-
veis tumultos explodiram entre as mulheres que defendiam as suas ima-
gens: não as proibiu oficialmente , m_as _mandou remar aquelas que eram
gens e os soldados encarregados de esmigalhá-las , e ai do militar isolado
ohjeto de um culto exagerado ._ Um_ mndent~ san~rento m?strou logo de que se deixasse surpreender de noite por algum as megeras adoradoras dos
entrada que as coisas não cammhanam por s1 , pois os lacaios do palácio, santos ícones : de manhã, encontravam-no feito em pedaços. E que alegria
ao arriarem a grande imagem de Cristo colocada por cima da porta , foram para a soldadesca quando se dese ncadeava em algum bairro uma dessas
atacados por uma multidão ululante e houve derramamento de sangue . operações e se podiam cortar braços ou cabeças a grandes cuteladas! Hou-
A efervescência espalhou-se num instante: a armada da Grécia e das ilhas ve no Hipódromo verdadeiras cenas de martírio , que fazem lembrar os
revoltou-se e só pôde ser detida diante de Bizâncio pelo fogo grego . Esta- piores tempos das perseguições pagãs . O suplíci o do patri arca Co nstanti-
lou a revolta em Roma, em _Ven~za, em Ravena e nas marcas . ~ a no em 767, em plena arena, foi um horror. Nos di as em qu e a polícia
Gregório II condenou ~ medidas 1COno& tas, e o pamarca de Constanti- se mostrava menos dura, o populacho divertia-se fazend o desfilar centen as
nopia, São Germano , um ancião de noventa anos, opôs-se de tal forma de monges por entre as graço las da multidão , levando cada um deles uma
ao imperador que este o destituiu e o substituiu po r um dos seus títeres, mulher pela mão. No meio destes horrores , o episódi o mais cómico fo i a
Anastásio. Apesar disso , enquanto Leão III foi vivo , a questão não foi le- exibição do patriarca Anastásio , servil pelego dos iconoc lastas , q ue atrai -
vada ao extremo; proclamara-se o iconoclasmo , m as aplicava-se frouxam en- çoou o " clã" e foi passeado pelas ruas e pelo circo montado sob re um ju -
te. E o movimento ter-se-ia talvez acalmado se, po r trás dos doutrinários, mento e com a cara voltada para a cauda do animal.
não houvesse por um lado a ambição do Imperado r quanto à sua preemi- Para podermos avaliar a si nistra loucura que esta crise representou pa-
nência religiosa , e, pelo outro, o desejo da Igreja - so bretudo dos mon- ra o Império , devemos lembrar-nos de que nessa mesma ocasião os búlga-
ges - de sacudir o jugo imperial. Nessas condições , a querela levava ca- ros, instalados às portas do mundo grego, davam início à grande ofensi va
minho de envenenar-se. que em pouco tempo faria deles o mais ameaçador dos vizinhos; e de
que as forças muçulmanas, recentemente reorgan izadas sob o comando
Efetivamente, o enfrenramenro chegou ao paroxismo no reinado do fi - dos califas abássidas de Bagdá {7 50), continuavam a oprimir a Ásia Menor
lho de Leão Ili, Constantlno V {740-77 5), a quem o povo pou co lisonjei- e instalavam-se em Creta e na Sicília , ao mesmo tempo que os seus corsá-
ramente chamava Coprónzmo , alcunha que lhe ficou . Dotado de uma gran- rios faziam reinar o terror no Mediterrâneo. Num momento desses, a guer-
de cultura teológica, perfeitamente a par do que escava em jogo , o novo ra civil era um verdadeiro suicídio.
imperador, um enérgico chefe valentemente empenhado no combate aos Houve uma mulher que o compreendeu: Irene (7 80-802 ). Estranha
muçulmanos e aos búlgaros , escava firmemente decidido a impor pela for- personalidade a desta encantadora ateniense que , pela sua beleza, foi des-
·
ça os seus ponto s d e vista · ·
re 11g1osos
· d o,
. Logo no princípio do seu reina posada pelo imperador Leão IV (775-780) , e que , rendo enviuvado e assu -
exasperou-se com a revolt ª d 0 seu cun h ad o que, somente para aument ar · mido o papel de regente em nome de seu filho Constantino VI, foi toma-
lhe . . _
- ª imcaçao, se declarou ardoroso partidário das imagens. Em plena da de tal paixão pelo poder que nunca mais o quis abandonar. Os biógr~-
guerra contra o Islão essa revo Ita esteve a ponto de fazer soçobrar o Irn pe· ' fos fizeram dela uma espécie de santa, uma mulher superior, casta e cheia
. ,
no . De um momento ' er de grandeza, legítima herdeira de Constantino e de Justiniano. Mas , v1~-
··
d ec1s1 D . para O outro, a luta religiosa adquiriu um carat ..
vo. e pois de se f . . tas as coisas com mais exatidão, surge como uma mulher orgulhosa , apai-
do em Hi, • ter eito apoiar por um concílio iconoclasta, reuni
xonada e, ao mesmo tempo , sutil e astuta . Conseguiu eliminar ~odos os
ão A- ena! em 754 , Constantino V lançou-se numa verdadeira persegui-
Ç
. iu escu curas foram d d al seus adversários e afastar O próprio filho, começando por env_olve-lo nu-
os afrescos raspado ar~anca as à força , os mosaicos cobertos. e c ' ma bizarra história de bigamia a fim de desacreditá-lo ; depo!S, i:nandou
Multiplicaram-se s, ~ _os lIVros dos partidários das imagens queunados. oclamada ''1mperatnz auto- 36 3
as pnsoes desr · · - d U a se· que o prendessem e lh e vazassem os o lh oS . Pr
362 gunda conspiração • ' Itutçoes e cargos e deportações . m
pos ao rubro 0 d, -L · olpes
espora, que começou a de:s1enr g
~(' 11111( l ltll
o-(lvcrn:i.t mim , ln n '.l d,
( ru fo · . pa~c0u a i-
Trrm in,1v,1 ,i~,im ~r1 • A h'"1 . CJ.J f' re nte) ,. ,i nt,. ,mo, de 110lentas ertur-
eunuco, _ , .

F01 Irene ~
riuem restabeleceu
- ,1 'ultü d:i , ima2c ns . IJ ..e,-z·
. S{"gundo Co ... zo h:içoe~ p:irn r, lmpn10 f'~t:i rr"t" 1 uer,.b
.
te grave s alguma~
· ·
dãs
.1 ,~

quais ºo'
.J .J

f · •
P'
vi;'-' ,imn:. 'i l"vt ::i rn --ons,.qüên -

de Nicé;-reun ido em ""'8""' , proclamou que. ,e ~ra il egítim o adora,- as l 1a~ extremamen
. . . . , 5" 3nam , ,.nt,r mutto
• ens era necessário venerá-las . d Os_ m, ,oCnges ex ilados foram ch amad os mais ta rde . A primeira fo1 de natureza política Aparen remente a que-
1mag . . , f: ,, D .
com a derrota do poder imperial , uma ve·z q ue tantos 1m- ·
de volta , e O Papa deu o seu acor o a nsto ora . om111ad a pe lo so- rela encerrara-se
.
p~radores u nham tentado em vão impor a sua vontade ao povo e desen-
nho de devolver Bizâncio à antiga grandeza, Irene pensava em oferecer a
. .
a fim de umr novamente o Onente e O Ociden- raizar o antigo costume . Mas , na realidade , a Igreja não co nseguira fazer
sua mão a Carlos Magno
militar a derrub ou . Um pouco mais tarde , foi triunfar a su a vontade se não com o auxílio do soberano: solicitara a in-
te , quando uma sedição
mortais, trazidos tervenção de Irene e depois de Teodora ; colocara-se , pois , na dependên-
morra no seu solitário exílio em Lesbos , e os se u s restos
cia daqueles que haviam restaurado as im agens. e o " cesaropapismo " bi-
pelo povo para Constanti nopla , foram recebidos como uma relíquia . zantino acabou por sair reforçado do d ram a. Não deveriam ago ra os pa-
A questão das imagens só estava encerrada provisoriam ente: disciplina- triarcas , os prelados e os bispos prestar maior obediência a esses im perado-
da no plano religioso , pelo menos na aparência , deixava pendente a oposi - res infalíveis que haviam restaurado a verdadeira doutrina ) Aliados do po-
ção política entre o Estado teocrático e a Igreja . Não faltaria ocasião para der para o restabelecim ento do cultó das imagens, tornar-se -ão cada vez
que o conflito voltasse à tona nos quarenta anos que se segu iram à mor- mais os seus agentes. No mesmo momento em que Teodora restituía à
te de Irene , período em que o trono imperial mudou oito ve zes de mãos , cristandade a unidade e a paz , o Jmpério oriental via-se refo rçado nas
em que os golpes de Estado e as usurpações abalaram profundame nte a suas tendências fundamentai s: a excessiva concentração da autoridade já
autoridade . Ao mesmo tempo que estes soberanos transi tó rios, com uma não voltaria a ser refreada, a influência do poder da Igreja já nunca mais
neutralizaria os ilimitados poderes do Basileu , e o diálogo entre o espiri -
coragem surpreenden te, encontravam maneira de deter o Islão na sua g uer-
tual e o temporal - que , mesmo quando degenerava em crises graves,
ra de desgaste , de deter os búlgaros, que em 813 chegaram até os muros
devia constituir para o Ocidente uma fonte constante de enriquecimento
de Constantinop la, e de sufocar uma gigantesca revolta d os eslavos , que
- já não seria possível no Oriente . Esta é - juntamente com o fato de
durante um tempo chegaram a domin ar toda a Ásia Menor , envolviam-se o Império, como já vimos, se ter encerrado dentro do seu quadro greco-
de novo no tumulto iconoclasta, sem esconderem a su a intenção de arrui- -oriental - a principal razão q ue explica por que Bizâncio não pôde con -
nar definitivame nte o monaquismo . No tempo de Leão V o Arménio servar-se à testa _d ~lvilizacão européia lugar qne lbe peneAecra fio tem-
(813- 820) e do seu sucessor Miguel II o Gago (820-829) , renovaram-se as po de Justiniano.
perseguições contra os defensores das imagens , as flagelações, os olhos va- T~;;bém a arte viria a sofrer com esta crise , pois o seu desenvolvimen -
zados e as frontes marcadas com ferro em brasa . Mas a tormenta não aba- to viu-se bruscamente paralisado durante mais de um século. Ames da
lou os fiéis : dirigidos pelo vigoroso São Teodoro Estudita e pelos ferozes querela, manifestava uma acentuada tendência para um realismo. novo_ e
monges do Stoudion , os defensores das imagens agüentaram -se firmes. saboroso, mas saiu dela congelada, imutável e cristalizada num tímido h1e-
Quando morreu o imperador Teófilo (829-842), em 842 , a sua viúva ratismo . As imagens pareciam tão santas que ninguém mais se atre~eu a
Teodora, mulher cheia de encantos, enérgica e doce, piedosa e artista, pro- fazê-las diferentes das do passado . Por isso , de século em sécu_lo, connn_ua-
remos a ver esses ícones bizantinos idênticos a si mesmos, rígidos, esuhza-
clamou alto e bom som a sua fidelidade às imagens . Regente em nome
dos, rutilantes de ouro e de pedrarias . Nunca veremos sur_gir nas represen-
de_ seu fil~o Miguel III - aquele que a história conhece sob o nome de
tações dos Cristos e das Madonnas a ingênua esponrane1dad_e e o fresco
Miguel O Ebrio - , agrupou à sua volta os defensores dos ícones. Apoia-
realismo dos primitivos italianos ou dos flamengos . NeS t e senado _, .º icono-
dda pelo~ mo~ges e muito bem vista pela plebe, conseguiu desembaraça r-se clasmo pesou até os nossos dias sobre o desenvolvimento espmtual do
o patnarca 1conoclastª e reunm · . I cul-
d . um novo concíl10, que devo veu ao
Oriente cristão .
to bas ~~agens O seu antigo esplendor. No dia 11 de março de 843 , ou· . d d ·ra porque. ,preparou .a
grande
· ·
s ·
ma as1ltca de Santa 0 fi1ª g Ionosamenre engalanada a corte e o povo
as·
·
Mas a crise pesou am a e outra manei ,
, · ~.., ,,_, ,.ntre Roma e
.
B1z-ª.t).C!O, o osma gre-
S1Sttram a um ofício em h d ' · pora- c1são do penodo segumte: a r u ~ :. 'd · fi 365
d I d' . onra essa restauração e a data ficou rncor festtJ · de dos Papas havia s1 o muito 1r-
a ao ca en ano da I · . ' go . Ao longo de roda a quere 1a, a amu
364 Ja t J . greJa onental como uma das grandes festas, a
u, or ouoxza.
A IGREJA DOS TEMPOS BÃRB
ARos
DRAMAS E DILACERAÇÕES DO ORIENTE C RI STÃO
. os em que caía o culto oriental das im
. em os excess agens
me. Sem aceitarsmo tempo a dar a sua aprovação a um '
sado ao me • d · a tese Os últimos Padres g regos
tinham-se r~u . i-las todas . A doumna o meio-termo foi defi .d
retendia supnm d - , ' N- n1 a
que P , . II logo no começo a questao : ao se devem ad Um esboço da Igreja do Oriente durante estes tempos de perturbações
pe
1O papa Gregono ' d d , 1 '' E o-
. também não se eve estru1- as . sta sabedoria e dilaceramentos seria incompleto e pouco eqüitativo se, em face de um
as ·imagens mas d . va.
rar d , hostilidade dos impera ores iconoc 1astas , que se aprovei débito tão pesado, não lançássemos a crédito destes cristãos dois dados
leu ao Papa o a I ., . d ta-
. para amputar as bases ec es1ast1cas e Roma no II' . de grande peso . Em pri1]1eirÓÍug~r.c_ o b~ilho e a riqueza do pensamento
ram do antagonismo . . , , . , . 1n.
. '.!· na Calábria tentando limnar a Itália media a autoridad espiritual: última chama despedida pefo grand e braseiro dos Padres gregos,
co, na S10 ia e ' , 'fj e
, . A mesmo tempo porem , ven 1cou-se que os Papas defens a literatura cristã reúne no Império , e mesmo nas províncias ocupadas pe-
pontif10a. o · , . ' o-
. lo Islão, alguns mestres cuja obra e influência haveriam de ser perenes e
res d as image ns , se tornaram neste .
penado mais populares em Co nsta.nt ·
, . . ,· 1-
nopla do que jamais O tinham s1d~ . No Conol10 de N1ce1a . os represen- profundas . É comovente verificar como estas flores de alta espiritualidade
tantes do papa Adriano I foram delHantem ente aclamados - era O p rima- desabrocham numa época que parece ser-lhes tão pouco propícia. Nos pio-
res momentos das guerras religiosas e civis, havia almas que elevavam a
do da Santa Sé Apostólica. Mas é claro que esta populan da d e n ão de ixou
Deus os mais válidos protestos orando-lhe, invocando-o e meditando os
de inquietar os chefes da Igreja bizantina , com o :ªtriarca :i c:ibeça, que
seus mistérios . ''Crede-me, meus filhos - dizia um monge a João Mos-
se sentiram enciumados e não haven am de esq uece -lo A ques1ão de Fó-
chus, que cita estas palavras no Pré spin'tuel, o "Prado espiritual" - . cre-
cio 15 surgirá exatamente quatro anos depo is d o fim d a que re la - e não
de-me : nenhuma outra coisa na Igreja tem causado os cismas e as heresias
por acaso . senão o fato de qu e nós não amamos plenamente a Deus e ao nosso pró-
Por sua vez, o Ocidente também ti rou as su as li ções da cmc O hesi- ximo''
tante lealismo das provín cias italian as d o Impé ri o acabou po r 5-0Çob rar de Todos estes grandes ho mens espirituais pertencem de uma forma ou
vez, pois quem podia conse rvar-se fiel a esse b .bile u hcrélll O. que pe rse - de outra ao monaquismo . Muitos passam a vida indo de um convento pa-
guia os defensore~ da fé e aind a po r cim a era JO l 3 p az d e 1mpcdJC que os ra outro. permanece ndo cinco anos aqui, doze acolá , detendo-se por lon-
muçulmanos infestassem os m ares e to m:i sscm pt n o ,ui J;i Itália ) O\ Pa - gos meses na so lidão de um retiro se lvagem e enriquecendo a alma com
pas, perfeitamente co nsc ient es da fu ru ra cvolu~:\o de Bt z.i.nu o. nio demo- as lições de pobreza e desprendimento qu e colhem nessas experiências tão
raram a compreender que era ncccss:írio mud a r O \ pl an o~ . e rnlt:iram-se diversas . De todos eles se relatam as asceses mais prodigiosas ; o seu cli -
para os Carolíngios. ma habitual é a austeridade mais extrema : ''Qu~nto mais sofre o h~em
A sagração de Carlos Mag no no an ,) de SOO rn n~t itU iu . po rt amo . um:i exterior, mais floresce o homem imcrior" - esta é a sua divi sa. Desce n-
das conseqüências das loucur:is iconoclasW:- Bi zà nL io comp reen deu o alcan- dem dos primeiros Padres do deserto, que pensavam não poder encontrar
ce dessa medida , e a sua có lera chego u :w rnbro . "O p:i p a Leã o Ili Po· a Deus senão renunciando a tudo . Libertados assim daquilo que embrute-
ce o homem e o retém nas emaranhadas sarças da terra, caminh am para
de esfregar Carlos co m óleo dos pés à ca beç:i , que este nu nc a de n:a rá de
o Espírito com um desembaraço e uma simplicidade sublimes, até chega-
ser um bárbaro e um rebelde diante do verd:ideiro Basiku · · . Fo ram neces-
sários nove anos d e negoc1· - • · • • co n u a \Ic- rem à morte, que acolhem como a suprema realização.
açoes e um ataq ue "de advenenc1a
O retrato mais exato e mais saboroso da espirituali dade q 11e beata d"
neza para que Constantinopla aceitasse o faro co n su m ado. Assim . de urna
cnse de aparê · . . d rn la- vida monástica, encontramo-lo no já citado Pré spin'tuel de Jo_ão Moschus;
. • . ncias quase absurdas , devia saH um mund o n ovo : e u mais que a Históna lausíaca d e Paládio ou a Históna dos monges de Ru-
do, Bizanno a R • • . .d urn qua-
d . ' omama, como amda se d iz ia mas redu zi a a fino, esse livro tão espontâneo e tão pitoresco ainda toca as almas m~-
ro exc 1us1vamente h 1• . b . ' d f d r do 1s-
lão d b' i e enico , 0 ngada a frchar-se para se e en e . _ dernas 16 . Nascido por volta de 550, provavelmente em Damasco, e faleci-
' os u garos e dos I d . . 1~ . estreita
mente r d es avos; e o outro a dmasu a caro ing1a~-=-- a do por volta de 619, talvez em Roma, João Moschus , durante toda a vi-
a ia a ao Papad . ' - - . • ~ sll da, nunca deixou de enriquecer a sua experiência espiritual através de inú -
unidade A - o, que vai dar ao Oci d enre a cooscieoc r. ~-
. ruptura 1- · · 1eJC,. ,
não tarJ;ria a . po 1~ica , em meados do século IX, era já coisa
surgir o c1s
ma re 11g10s0.
· .
. d 'd meneada por Rouct de J o urnel , col. Sources chréliennt:I ,
(16) Cfr. a ed 1ção era uz1 a e co 367
366 Cerf, 1949.
(15 ) Cfr. cap IX
· • P2f. Fócio .
DRA MAS F. IJ II.ACP.RA(,()F. <:; í Jf J f; RJP.NTF. CRI5TÁ
<J
rros com san tas Personagens e. media nte os muito .
s ensin am
meros encon . Quand o reu niu , no fi m d a vida en. O mar , vindo a morre r em 638 , al que brado por todos
recebia e anotava . , a pedid o d e ·
, 1.
tos que_ _ f . os 219 peque nos cap1tu os em que resum ia o tos doloro sos. Alm a mística , devoto da Vi rgem Maria sses acontecimen-
amigo Sao 5o r6 mo, d , . O s . . , sa-0 s o fron10,
, · nos
seu m redigir um tratad o ogmat . cu seus se rm ões , na sua poesia repassada de encan to
saber nunca pensou e 1co ou um livro de ai cl ássico e sobret udo na
' . ,d' l .
_ . - . relatando esses fa tos e ep1so
ta especu 1açao. nao, 10s sa p1Cados de rn _- sua ' 'carta de entron ização '' , que é um docu mento
teológico de grande
. b d I a
ravilhoso , apenas pretendia mostrar como rotam as a mas o dese,·o de valor, soube expor com firmez a a verdadeira doutri
na ortodoxa sobre Cris-
, to contra as minuciosas teorias dos mon otel itas , enunc
Deus e o seu amo r· " Lamentavam certo mong e que, a força de ascese iando-a em termos
.dro' pico . _ Meus irmãos, respon deu ele, orai. apena , que o VI º Concílio ecumê nico de 680 haveria de
se tornara hl . · · ,, T d s para adotar tal como ele 05
que em mim não se torne hidróp1~0 o home m mteno r . o. a a persona- formu lou .
lidade de João Moschus está conud a em palavras desse Mais rica, mais extensa, e filosoficamente mais bem
esulo, sóbrias e escorada , uma ou-
profundas . tra obra chego u a ultrap assar a de São Sofrônio : a
de São Máximo , que ,
De todos 05 autores espirituais que, de fins do século pelo seu comp ortam ento heróico , viria a merecer
VI a meados o gl orioso sobrenome
do século IX, representaram o último grand e marco de o Confessor. Antig o prime iro secretário imper ial
da Igreja grega, 0 , desenc antado com to-
das as honra rias, entrou num mosteiro e encontrava-
mais popular foi São João Clímaco, isto é, "João da se provid encialm ente
escad a" - pois em no Egito, em 633, quand o São Sofrônio , que estava
grego climax signifíca escada - , por causa da sua grand para ser chama do pa-
e obra A escada ra a sé de Jerusa lém, ainda ali residia e acabava de
do Paraíso, que foi cronologicamente o prime iro dos tratad insurg ir-se contra as
os sobre~ - doutri nas mono telitas . Tinha então cinqüe nta e três
ca e_mística que, atê à Idade Média haviam de aparec anos e , pela sua cultu-
er sob esse nome . ra, pelas suas relações nas altas esferas e pela posiçã
No fundo do agreste desfiladeiro do Sinai em que o da sua famíli a , so-
havia constr uído o bressaía como person alidad e de excepcional enverg
mosteiro do qual acabou por tomar-se abade , nada o adura. Em poucos me -
desvia va da medita- ses tornou -se o chefe da oposição católica ao erro imper
ção das coisas sagradas. Dirigindo-se sobret udo aos cenob ial e o inspirador
itas , explica-lhes de todos aquele s que consideravam intolerável o " cesaro
em trinta "degraus" como é que se sobe ao céu, tal papism o " do Basi -
como o faziam os leu. A partir desse mome nto , toda a sua vida esteve
anjos na escada do sonho de Jacó: esmag ando os vícios empen hada nessa lu -
e pratic ando as ta. Chega do à África com os refugiados do Egito
virtudes; e explica-lhes també m como , no repou so da que fug iam da invasão
alma liberta da das do Islão, convi dam-n o imedi atame nte a discutir em
pai~ões, as graças místicas superiores podem esprai ar-se público com o anti-
livrem ente . Pelos go patria rca de Const antino pla Pirro, que professava
seus dons de estilo, pela sua originalidade e por um a heresia de uma
realism o sadio que única vonta de em Cristo . Aceita o convite e, em Cartag
a~nda hoje ~os encanta , A esc~tja _de Clímaco teve uma o , pu lveriza o ad-
enorm e repe!.fUS- versário com tais argum entos que este acaba por abjura
sao: Uf!! Gu_!gues o Cartuxo, um São Bernardo e mais r o erro. Em Ro-
tarde . até um San- ma, toma parte ativa no concílio de 649, fazendo
to Inácio de Loy9lu r~.9 _a!lli>v.e.itar-se das suas lições. finca-pé nos argum en-
tos filosóficos que se opõem ao monot elismo . Sai-se
tão bem que a polí-
Mas as 0b · · a1s · não cia de Const ante II o seqües tra e o leva para Const antino
ras espmtu nasceram apena s da medit ação solitán·a. pla, onde se recu-
Estamos lembra dos de sa a aceitar o Tipo da fé que o Papa já declarara eivado
. que "-' 1utas teo l'og1cas
"º · sempr e consn· tuuam , no O ne · n· de erros, e é en-
te uma ocasião para q viado para o exílio. Mesmo assim não cede, e é de
. ue O pensa mento d os grand es home ns de 1e .e,
se ex- novo arrasta do peran-
pandis
l' d se; aguilho a- O d · d d . te um preten so tribun al , conde nado à flagelação e
. os eseio e efende r a ortodo xia e sentem -se à amput ação da mão
1 os a manifestar-se A · compe - e da língua , e finalm ente manda do para uma aldeia
, . · · · ra perdid a no Cáucaso ,
to Atanas10· o nest . .
· ssim, o ana01s mo susota de algum mo d o San-
L , . d ' . , . on anismo , ao Cmlo s- . . de . , onde vem a falecer, devido aos tormentos sofridos,
como um verdadeiro
eonc10 e Btzanc10 A . . ., . Alexa ndria; o monof isismo mártir , no ano de 662.
tiva m . . . .
. · s IDtciauvas 1mpena1s que se tradu zuam na tenta -
onote 1tta provocar I Foi das próprias circunstâncias desta vida agitada que
exprimiram . am , no P ano das idéias , diversas reações que se nasceu uma obra
em consi derá;e [- que sob muito s aspectos serviria de elo
dissimulado do munas .
obras O .
, · . prtme1.ro a pôr a nu o erro h a b'l ente Padres gregos e a Idade Média escolástica. Discípulo
de liga!;ão entre os
. patrtar I m .
e d1scípulo de J - M ca Serg fo ·
10 1 5-ao 5 ,fi • . , migo espiritual de São Gre-
o roma, conte mpora neo, a gório Nazia nzeno , entusi asta do Pseudo-Dionísio Areop
6 34 Patriarca d J ºªº oschus
, ' aque le m esmo que tendo sido • 1eito
· ern
. agita 17, sobre o qual
368 . e erusale m foi e
da Cidade Santa ' 0b · d ' • d fesa
rtga o pouco depoi s a assum1t a e
contra os árab ( 17) Cfr . cap . 11J. par. O cnstianúmo " à bizantin
es e, por fim, a negoc iar a ren d.1çao -
c
orn a". 369
A J(; R~J A nos rF M POS RAR HARos
J)R A MAS E Dfl..ACE RM,(1ES DO ORIENTF. C:Rl5TÃC;

.
, . s- Máximo fo i simultaneamente
omentanos . ao . d
um exege.
. d .
houve inimigo de Cristo que não atacasse mesmo O I 1-
elaborou d ,versos c d mística . Quanto mais se estu a a sua obra , ., • s ao , cuia outrma
, o da ascese e a . . 1 b ·
refutou - ali as com um a firm eza heróica , porque O seu amigo eo anes
T ' f
.
ta e um teoncbe a mfluenoa • . e veio a ter , pnnopa mente so re a Igre-
. qu .
mais se perce d heio na luta contra a heresia , teve ocasião neófito de _Damasco , t_eve a língua ampu tada por ter fal ad o contra O Alco'.
. aJ Empenha o em c . rão . Humilde e obediente , extremamen te caridoso viveu até uma idade
ja onent · h . to da essoa de Cris o e foi u m d os ei-
d
d e a ro fiu ndar no con ec1men __bi.ogcafia . mas sa h retu o mostrou maravilho- muito avançada num grau de santidade tão visível que, quando morreu
. e tentaram escrever a sua d em 749, o povo já quase o tinha canonizado .
ros qu . , - ó a causa meritória da salvação os homens,
sarnente que Cnsto e nao s d 1 - .
' T · m as também a causa . exem r1 e sa D ev1do Além das ~bras de controvérsia, escritas para refutar os erros , São João
Pelo seu sacn !CIO 5- M' . Damasceno deixou grandes tratados de teologia , o mais notável dos quais
. · · - d as suas vmu
à mad1acao · d es e à sua umão p~ssoa com , . ao
eus ax1-
presente nas é a Fonte do conhecimento , bem como ensaios sobre exegese , manuais
mo O Comessor e sou be fa lar à perfeição desse Jesus que esta. . .
e, e é a nossa melhor esperança, conmbumdo assim de ascética - como os Paralelos sagrados -, inúmeros sermões e poesias
nossas a1mas pe1a re e qu
religiosas, entre elas diversos hinos que a Igreja de rito grego canta ainda
para aproximá-Lo de nós.
hoje. O futur<:> _verá nele sobretudo o teólogo da.Euc.amaç.âo,.-0-e0m.eL1uris-
Quando rebentou O drama das imagens, a grande crise ~o ~éculo _se- ta profundo da pessoa de Cristo , o teólogo da Providén_çia~_da_pm::lestina-
gumte · se O mesmo fenômeno. . Para fazer face as .10vest1das
. , repro d uzm- _ ção - assunto- em que a sua doutrina difere bastante_ da de San.t0-Agosti-
do Basileu no plano dogmático, foram muitos os pensadores cnstaos que nho - , e o teólogo -da Igreja , cuja unidad e e ecumenismo exal to u profun -
se consagraram a estabelecer bases jurídicas para a venera~ão dos ~co_n~s, damente. No momento em que ia produzir-se a dolorosa ru ptura entre o
ao mesmo tempo que denunciavam as inten~ões e os desv~os doutnnanos Oriente e o Ocidente, o santo de Damasco é a última figu ra oriental cu-
que O iconoclasmo popular dissimulava. Patnarcas c__o_mo Sao <:-ermano,de jo pensamento iluminou a cristandade inteira , e o papa Leão XlII reco nhe-
Constantinopla , o primeiro a levantar-se contra a polmca de Leao III o Isau- ceu esse fato ao proclamá-lo Doutor da Igreja .
rico, e que foi deposto por ele, ou como São Nicéforo o Confessor,_ que
Depois dele, apenas uma personal idade se fará notar. trazi d a ao p ri-
veio a morrer em conseqüência dos sofrimentos que padeceu pela fe, ou
meiro plano pelas lutas do novo iconoclasmo : São Teodo ro Estudita
ai nda como São Metódio, que elaborou a festa da ortodoxia por ocasião (759-826). Tendo-se tornado em 798 higoumene da célebre abadia do Stou-
do restabelecimento das imagens por Teodora - todos nos legaram obras dion, foco radiante da vida cenobítica, cujo reci nco não ab rigava menos
doutrinais de inegável valor. Mas há um nome que domina todos os ou- de mil "calouros", fez dela um balu arte inexpugn ável de resistê ncia ao
tros neste período, o último dos grandes Padres gregos, em cuja ativida- erro. Sempre pronto a bater-se, a partir para o exílio, a sofrer q uaisq uer
de criadora a defesa das imagens não representa senão uma mínima par- maus tratos e misérias pela verdade , enfrentou sem desfalecimenco todos
te : São j oão Damasceno. os Nicéforos e Leões do mundo . Do fundo da sua cela ou da sua prisão,
Também este, como São Máximo , iniciou a vida como alto funcionário , nunca cessou de exercer uma influência profunda. Reformou a vida mo-
não a serviço dos imperadores, mas dos novos senhores que acabavam de nástica e instituiu no seu convento uma espécie de academia, mais ou
se impor à sua Síria natal: os árabes. Seu pai tinha sido o logoteta encar- menos inspirada na carolíngia, que trabalhou por um verdadeiro renasci-
regado pelos califas de Damasco de cobrar o tributo devido pelos cristãos , mento intelectual. Em volta "deste homem celeste , deste anjo terrestre",
e ele sucedeu-lhe nessas funções; mas, entediado com as honrarias, tal co- como diz o seu primeiro biógrafo, agruparam-se copistas. esp~cialmente
mo São Máximo, experimentou o desejo ardente de renunciar a elas e, se- dedicados à transcrição de livros, bem como pincores e m101atunstas cui_os
gundo as palavras do VIIº Concílio, "preferiu o opróbrio de Cristo aos trabalhos viriam a ser procurados em todo o Império . A sua obra escm_a
tesouros da Arábia'' . Convertendo-se em apóstolo na /aura de São Sabas - que ocupa todo um volume da Patrologia de Migne -:- deve u-se mais
a motivos de ordem circunstancial, mas não deixou por isso de ter uma
- e_sse convento-fortaleza que ainda hoje domina o desfiladeiro em_ que
extrema imponância . Apaixonado pela liberdade da Igreja c~m relação aos
o Cedron corre para o Mar Morto - , foi convidado pelos seus supenores,
poderes civis São Teo(.ÍQ!o- foi levado a compreender e a dizer, com ~ma
e se~ que O desejasse, a lançar-se na luta. Com uma intrepidez sem des-
clareza admi;áveL--q~~esta independência ri nha por cond i~ão a auronda-
falecimentos, tornou-se defensor das imagens, fundamentando teologic~- · ' · 0 Papa ·. Nas suas numerosas
O d e suprema e umversal de um pastor u01co,
370 ~ente seu c_ulto e precisando-lhe os limites. Excomungado pelo co n cího - p ontífiICe 5 , reuni·u , como num feixe, os argumentos a 371
iconoclasta fi01 b IT d N- Cart as aos So b eranos
' rea tta O Post mortem pelo VIIº Concílio ecumênico. ao
A l GR~lA DOS 1l~MPOS HÁRAAR os J}HAMA S E 0 11.A C: ERA<,()ES DO ORIENTE CRI STÃ <J

, . ·mado de São Pedro , afirmado no Evangelho tiniano , muitas


favor da Sé Aposto 1tCa : o pn 'd d d , . , , . vezes - infelizmente - pela força·, e' um chefe d os ava-
,
. . ._ t dição da Igreja, a auton a e ogmat1ca, a neces- ros q ue Heracli o converte durante uma estadia no Palácio · ·
a 1unsd1çao romana, a ra fi . 1mper1a1, e que
. · , · de comunhão . Chegou mesmo a a ·1rmar, e m ter- introduz ~ om entaneam ente / no mei o dos seus os germes evangéli cos ; são
sidade de um pnno p10 . .
· f 1·b
mos 1orma1s, a m a 1 1·11·dade pontifícia. Vmte anos depo
r ·
. is da sua morte
. '
as tribos ~nstaladas n~ Danu_b10 , entre as quais começam a aparecer ele-
, · f , a cristandade oriental enveredar pelo cammho do nsma. São mentos cmtãos a partlf do seculo VII ; é o sul da Arábia , pelo menos an-
Fooo ara · d d ·
Teodoro foi a última testemunha oriental de_uma 1_gma. ver ~ cuamente tes de Maomé; é o Cáucaso, bem como as montanhas berberes, mais ou
catól;ca , dentro da qual as duas partes do mundo se sentiam ligadas pelas menos profundamente tocadas pela palavra divina. A se mentei ra se rá em
mes~ exigências e pelas mesmas fidelidades . Por este título, o seu no- boa parte destruída pela catástrofe muçulmana , é ve rdade , mas nem to-
me merece não ser esquecido jamais 18 • dos os grãos se perderão.
As c~ises das heresias , como dissemos , _0ão detém a prQpagaoda rnstã;
antes pero contrário, a atividade missionária alimenta- se, em muiras casos,
A irradiação cris tã do Oriente da conçoriênciaerure hereges e ortodoxos , uns e outros ardendo DO dese-
jo de expaiidir a sua fé . Ameaçados pela repressão , os hereges tinham ne -
A riqueza da espiritualidade bizantina não constitui o umco dado que cessidade de conseguir novos adeptos para se poderem manter ; além dis-
temos de lançar a crédito do cristianismo oriental. Nem os despedaçamen- so, como sempre acontece, a perseguição exaltava os ânimos , tornava os
tos que sofreu devido às heresias , nem as crises políticas que atravessou , homens mais ardentes e empreendedores. Foi assim qt.ie , a exe mplo do
nem as dolorosas perdas que lhe infligiu o Islão o impediram de se con- seu maior chefe, o infatigável Baradai , os monofisitas levaram a cabo um
servar fiel ao grande mandamento de Jesus aos seus Apóstolos: ''Ide e evan- apostolado imenso. Ao longo de todo o século V1 , a igreja monofisita ex-
gelizai todos os povos!'' Esta expansão ininterrupta é um dos títulos de perimentou uma incontestável expansão em todo o O riente Médio , e os
glória do Oriente . seus missionários espalharam até muito longe o pe nsamento dos seus teólo-
Os meios postos em prática foram variados . Houve numerosas 101C1at1- gos e sábios, tais como Severo de Antioquia , Juliano de Hal icarnasso, Filo-
vas missionárias, muitas das quais continuam desconhecidas, especialmen- xeno de Mabug e Sérgio de Rechaina. Este último foi um médico eméri-
te as de monges e eremitas que partiam, isolados, para as regiões pagãs . to , verdadeiro marco entre a ciência grega e a civilização do Islão .
Essas tentativas reriam dado pouco fruto se o poder do Império não as ti- A página mais surpreendente desta história da expansão cristã é a que
vesse apoiado ; mas não houve nenhum Basileu, por mais cruel que fosse escreveram, em condições que têm muito de um romance de aventuras ,
e por mais que perseguisse a verdadeira Igreja, que não experimentasse as missões nestorianas. Quando estes sectários começaram a ser persegui -
um sincero desejo de, espalhar a fé entre os povos que ainda não haviam do pelas autoridades bizantinas , em 4 57, e sobretudo quando se fechou
recebido a sua luz. E verdade que todos eles encaravam a evangelização a sua célebre Escola de Edessa, em 489 , grande número deles foi juntar-se
~º:11º um excelente meio de alargarem a influência bizantina , mas seria em território persa aos seus irmãos de crença que já se encontravam na-
tnJUSto ver na sua boa vontade uma mera intenção política. Por outro la- quelas paragens. Narsés, o grande teórico da seita , chamado pelos seus a
d~, a _expan_sfo cristã foi extremamente favorecida pelo volume das rela- "harpa do Espírito Santo ", transferiu-se para Nísibis, cuja escola se coroou ,
çoes diplomancas e comerciais centradas em Bizâncio : prisioneiros liberta- graças a ele e aos seus discípulos, um importante ceauo intelectual e espi -
dos'. _príncipes estrangeiros convidados a visitar a corte, soldados das tropas ritual. Os últimos reis sassânidas, embora se conservassem perfeitamente
aux1. liares acantonadas em ·- - · - comerciantes
· · d os nas
regioes nao-cnstas, rnstala fiéis à religião nacional do mazdeísmo , viam com prazer estes cristãos ma-
mais
d longínquas feitori d r · · ·
as , to os ioram multas vezes adm1ráve1s agentes nifestarem um ódio implacável contra Bizân cio, e diversas vez~s lhes deram
e propagação do Evangelho.
mostras da sua benevolência . Apesar de algumas graves cnses, de que
Os resultados foram in
. . , · s-
umerave1s . ao os povos do centro da As1a Me- '· mais ou menos a tirou O patriarca reformador Maraba , por volta de _540 ,
nor, cuia evangelização é levada a cabo pelos sucessores imediatos de Jus- a igreja nestoriana foi-se desenvolvendo sem parar no decorrer do _sec~lo
VI, chegando mesmo a desempenhar um papel de relevo no E_stad~ Hama-
( 18) Sào Teodoro teve mesm no · J a, entao
- enviava
· · - para r
ma. à.s incenezas de Bizáncio O
ª coragem de opor a firm eza e a segurança doutrinais de Ro· m1ssoes 1ora dos seus limites ' e foi assim
. que,
372 munas vezes em rupt ura abe'n ~ue, como ele escrevia , "é um feudo de heresia habituada a viver antes do ano 600, tinha convertido os curdos do alto vale do Tigre . 373
com O resto da cristandade" .
A IGREJA DOS TEMPOS BÁRBAROS

Em 633, os muçu !manos apodera ram-se da Mesopo tâmia ,e os cristãos


• -
nestonanos nao lhes fizeram oposição . Afinal de contas, os, recem-c b
hegados
-
_ · - de raça semitas como eles? Arameu s e ara es
nao eram nmaos , . , . nao eram

pnmos entre s1.·) Por outro lado • o último
, . grande
. . rei sassarnd a, Cósroes
li, em parte por uma questão d~ polmc~ oaoonal t_sta , em part~ porque
')
sofrera influências cristãs monofis1tas, havia persegu ido os_ nestona oos I ;
até
ao sangue . Integrados portanto no domínio d? Islão, os cnstão~ partidár f /
ios /
das " duas naturezas " continua ram a progredi r. Quando os califas escolhe- (

1
ram B;i,g_di_ c.Qrll.Q_gpital_em 7~ Catholicó r bisflã n~st:eriane tam-
bém ~ muciolJ ~ a lá , e esses cristãos passaram a pr~star a ~ua ajuda
aos
novos senhores ; como negociante~, escribas , intelectu ais , méd1Cos e sábios,
associaram a sua at1v1dad ~ muçulm anos , e foi por intermé dio deles
que o Islão desco briu Aristóteles e traduziu a rna ohra - que, levada
mais tarde para a Espanha , havia de servir para se fazerem na Idade Média
ocidental as primeiras versões latinas do filósofo. Esta colabora ção, porém,
não estava isenta de alguns vexames : impostos muito pesados e a obriga-
ção de trazerem sobre o vestuário uma insígnia cristã como marca distinti- I
va . Mas isso não importava. A verdade é que, no século VIII, a igreja
nestoriana, em pleno país muçulm ano, desde o norte da Síria até à Meso-
potâm ia, e desde a Armênia até o Irã, estava em plena vitalida de.
Foi então que se lançou num apostolado cuja vastidão nos deixa estu- o
"'
pefatos. Qual foi a causa ? Temos de reconhecer que, embora se tratasse
de um ramo separado do tronco vivo da Igreja, com uma doutrin a oblite-
rada por uma defeituosa concepção da Encarnação, muitos desses oestoria-
nos eram almas de fogo , devoradas pelo desejo de espalhar o Evangel J
ho. \
Os seus m osteiros foram verdadeiros seminários, onde se formou um
nú-
mero inacred itável de propagandistas da fé. Vários textos da Patrolog
ia
Onúzta/ nos dão uma idéia precisa dos seus métodos . Os seus missioná
-
rios paniam com as c~ravanas que sulcavam a Ásia, e por vezes eles mes-
mos se faz iam comerciantes e caravaneiros. Falavam as línguas dos povos
para o meio dos quais eram enviados, e assim, em cada etapa, podiám
mist urar-se com a multidão e agrupavam à sua volta numeros os ouvintes
, l
aos q uais ex?Iicav am as suas doutrinas. Se os primeiros contacto s lhes pare- I
ciam bons, instalavam postos fixos de apostola do, com hospitai s e escolas
0nd e, segundo
parece, se cantavam excelent emente os hinos cristãos . Pen-
semos nos nossos missionários na África, e veremos
apostolado pouco mudou . quç a
"técnica " do 1l ll
Os resultados foram p d . ·
. . . ro igwsos . O s nestona • " d.
nos penetra ram na ln ta,
ond e o escmor b1zant1no e I d " rfta
. _ . osmas n 1copleust es, autor de uma Topogra
cnsta, os assinala cm grande , . .
374 d T .
e ravancorc misturados c numero no Ceilão, no Estado de Cochtm eTno
' om os restos dos antigos "cristão s de São o·
.\ h,RlJ •\ l)( )<; l FMl'\ l.~ HÁR ll1\R r1s

,. ' io. e al1· sobrevive rão até o século XVL pois os ponu g ueses la '
me , - . . d rao
1· -
-se resolutamente p3 ra o norte , isto é para as ·d d
tígios seus Pela As ta ce ntra 1, segmn o a rota de sed a eh , . ' Ci 3 es gregas da cr· ,.
encon trar ve S · d . , ega-
Para o d' sul d a Russia e para as regiões próximas dO M _ . tme ta,
raro a
, c h·na
1 , onde iniciaram um a campanha . . zação sob a d 1nas-
e evangeli . d d
meiras eca as do secu o
, 1 TX ar Caspio Nas pri
, em pleno_segundo ato da querei; das ima:
tia dos Tang , a partir de 635. Em S1-ngan-fu , a a_n uga capi tal dos Tang,
gens, os impera ores nem por, isso .
perdiam de vise .
a esses espaços gigantes-
foi encontrada uma estela datada de 781, em CUJO texto se co nta co cos ao norte dos seus domin1os, onde se acumula
· d d d '' . mo ' . ·b·1·d vam tantas ameaças
estes cristãos , " portadores dos livros a ver a e , se instalaram na Chin a mas onde época , aqu i·1o que e, ho-'
. , . havia poss1 1 1 ades de expansão . Nessa
_
e tiveram de lutar contra o clero budista , mas foram energicamente apoia-
Je a Russ1a. encontrava-se
. _ nesse
. , . estado de agitação confusa que precede as
dos pelos imperadores . A ver~ade é que _estes monges que traziam CQm grandes cnstalizaçoes da h1stona. Os turcos khazares instalavam-se solida-
. ,, d. o
bagagem " apefl~ _u~ __bordão e um alfoqe eo mo 12 um dos seus tex- mente junto do Volga e do Don ; os búlgaros, em pleno desenvolvimen-
tos, eram fiéis ao_jg~l apostólico e graças a eles as almas chinesas pude- to, ocupavam o norte da península balcânica; os eslavos , ainda em esta-
ram conhecer o cristianismo, que depois se expandiu pelo exemplo . do fluido, começavam a fixar-se por grandes grupos, pri ncipalmente os
Mais ainda que na direção da Índia e da China , a atividade missioná- morávios, que tomavam pé no Elba e na Boêmia até às imediações do
ria dos nestorianos encaminhou-se para a Ásia central, isto é , para toda a Adriático, onde os sérvios e os croatas os separavam do mar ; e por fim
região que vai do Turquestão até à Mongólia e ao Tibet . A semente cris- esses aventureiros semi-eslavos, semi-escandinavos , ainda nômades, prestes
tã foi por eles espalhada nessas imensas extensões, e lá deitou raízes. Hou- a dominar a região entre o Báltico e o Mar Negro , que se chamavam rus-
ve tribos de hunos que se converteram e traduziram o Evangelh o para a sos e que iam, pouco depois, criar o Estado de Kiev.
sua língua. No século VIII, sob o vigoroso impulso do patriarca Timóteo Hoje sabe-se ao certo que o cristianismo oriental exerce u a sua influên-
de Bagdá, os turcos instalados no Turquestão foram de tal modo conquis- cia sobre todas essas populações desde o ano 800. Para os khazares , Bizân-
tados para o cristianismo que, em 782, pediram que lhes fosse enviado cio enviou algumas missões diplomáticas que obtiveram certo resultado.
um metropolita, o que lhes foi concedido . Um pouco mais tarde , os mis- Entre os búlgaros, muito antes de que o rei Bóris se tivesse tornado cris-
sioná~s eram recebidos pelos queraítas do lago Baical, e pelos ongutos tão em 863, haviam-se já realizado algum as conversões individuais . E na
da grande curva do alto no Amarelo, e os mais inacessíveis planaltos do Rússia, se é certo que os passos decisivos começaram com o batismo do
Tibet viam-nos chegar, pobres e infatigáveis, para darem testemunho de princípe Vladimir, em 987, precedeu-os uma evangelização esporádica, de-
Cristo diante dos lamas. vida a iniciativas particulares , ao sabor das relações comerciais, ou mesmo
a verdadeiras missões oficiais . Esta evangelização não tardará a chocar-se
Os resultados de toda esta propaganda acabaram por desagregar-se com
0 - por vezes violentamente - com outra iniciativa missionária: a que par-
correr do tempo. A não ser no Irã e na Armênia onde as raízes eram
tiu do Ocidente, patrocinada pela Igreja latina e pelos impe radores carolín-
sólidas, o cristianismo nestoriano foi desaparecendo ~ouco a pouco ou foi
gios . E será O insucesso da penetração ocidental nas regiões eslavas , sob
s:ndo subst ituído por novas formas missionárias. No entanto , em pleno
seculo XIII Luís o Germânico, em 83 5, que decidirá os morávios_ a volcar-s~ para Bi-
_ . ' era a1·nd a tao- vigoroso
· na As1a- · central que os mongo1s
, · cns- ·
zâncio e a reclamar de Miguel III missionários onenta1s, q_ue serao os san-
t~o_s, unmdo os seus esforços aos dos Cruzados, vieram em 1258 atacar ª tos Cirilo e Metódio . Assim, no momento em que o Impeno de Cons~an-
Sma e por po~co nao - d esiemam
r ·
um golpe mortal no Islão . Ainda hoJe ·
tinopla se fechava politicamente sobre si mesmo e se isolava .nos seus !tmi-
se notam no T1bet vestígi d · · · d 1 - as .
r= . . os o nestonanismo em di versas senas e a.rn ' tes gregos, novos desunos se preparavam tanto para a Igreia onental co-
nas. q_ua1s
. existe
. · uma ce nmoma· ' · secreta gue parece proceder da Euc~·su·a · . .. . . ·· nhecer uma segunda expan-
mo para a C1v1ltzação b1zanuna, que mam co
Mtstenoso vigor do grão de mostarda
E ... são nos países eslavos .
enqduanc~ ~ cri st ianismo herético vivia essa bela aventura asiástica , ª
propagan a m1ss10nári
l · _ ª começava a plantar balizas noutra direção. p nva · da
pe a mvasao muçulman d . -. . . e-
za B" , . ª as vias marn1mas que tinham feito a sua nqu
' izanc10 procurou enco . . ltoU-
ntrar outros eixos comerciais e, para isso, vo
377
. ( 19) Sobre os cristãos de Sã0 ,
376 tzres, cap. li, par. A · Tomé ou "tomasistas" f A /greia dos Apóstolos e dos Mar·
sementeira cnstã, n. 2. ' e r. ,
t:1 f p1,('.,f r-- G~<,t,,I, '" t 11 , ~,. ... ') .._ ' ,rir,~ ri r (' q<;r .. n,hrlr ,,.nrl r r:\ N Y1
11 11 11 11 ' t - ' - '
I " "t,r! II ,, ,ir,;;, ,r ,,,, ,. ,, , ,,:~r, ,,,. r~~'
H"ió
, ,,r, ~etpl c: •
;
10 , ,p ,i 1 Pnr<jllf' pr;HJc;,mrn t r "<1rlr,, -,e "'0rn,. ..,~ 1ur 7rqa época er:.m
\ T , . , P \ P.4- 1'1, , ,.~ d e J>t:n~ar o mundo "Tffm ~, i'rrgo~ "'0mrn~ d~ gre ia e todo~ ' f'-
t 3 p a7 , -
F O NOVO IMPÉRIO DO , )CJDENrE rri a rn àç doutrinas políticas de Santo Agomnho , , ,.. m v"rda<ir qu . ,.
co d e .
na reafid ade , acabaram por erormar e por >1çremat1nr atr ao extremo as
teses da Cidade de Deus, pois , como nos lembram os o gênio de H ipo-
na havia formulad o o seu pensame nto em maténa política em te rmos
I

complexos e muito matizados , principalmen te ao estud ar a.s rel ações entre


a Igreja e o Estado , o dever de obediência ao poder , a proteção que os so-
beranos cristãos deviam dar à rel igião e o emp rego do '· braço secular ''.
Tomado no seu conjunto , o seu pensamen to político revel ara- se infinita-
mente sólido e construtivo , e os erros de perspectiva que uma ou outra
assagem podia acusar encontravam-se sempre devidamente corrigidos nou-
p . b
tros trechos da sua imensa o ra .
Mas, não tendo herdado a viva flexibilidade do seu gênio , os seus dis-
Novas diretrizes de ação cípulos não se debruçaram sobre os m~tizes e ,_ daquilo que o seu_ ~ escre
escrevera, retiveram somente o que mais combinava com a.s natura.Is 1d1~s-
Nesse,.ininterrupco entramado de acontecimentos que constitui a histó- sincrasias do seu estado clerical. Como Santo Agostinho dissera que assis-
ria da humanidade , há certos períodos em que ela parece esforçar-se cole- te à Igreja o direito de julgar se os princípios ~o Estado estão _co nform~s
tivamente por assentar em bases novas o seu futuro, por extrair dos dados ou não com O espírito de Cristo, e que além d1SS0 tem o d1re1to de exi-
intelectuais e morais acumulados pelo passado as novas diretrizes que, gir a proteção e O apoio desse mesmo Estado, acabar~~ Apor conclu ir que
quer sejam boas, quer más , hão de impeli-la em direção a novos destinos. a melhor maneira de realizar ao mesmo tempo essa v1gdanc1a e essa cola-
A época do Renascimento, com as suas profissões de fé humanista, mais boração seria mesclar as instituições dÜ Estado e a.s da Igreja '.
tarde a era dos nacionalismos, e hoje em dia aquilo que Onega y Gasset Um dos teóricos mais conse üentes desta dou · fora n século VII ,
chama "a rebelião das massas", oferecem outros tantos exemplos dessas o grande eru ito e com pilador espanhol Santo Tridora de Sevilha, cujos
cristalizações. Embora a expressão já tenha sido atacada, é plenamente cor- trabalhos enciclopédicos O tinham transform ado no educador dos se us con-
~~to dizer ..que há "pontos de inflexão da história" , a panir dos qu~s. ª temporâneos e das gerações que se lhe segutram. . Sai' d as d a su a pena , po-
caravana passa a marchar numa nova direção. O século VIII consa tuiu diam-se ler frases como esta : ''Os príncipes do século ocupam por vezes
um desses pontos de inflexão, e embora os acontecimentos que nele se o cume do poder na Igreja a fim de poderem proteger co~ ª sua fo rça
desenrolaram
. - tenh am u·do o caráter
nao , los . · 1·ma ec 1es1ast1ca.
·, · Al ias
'' , esses Poderes na·o senam necessanos na Igre-
brusco que se observa nos secu a d isc1p .
antenores é O século · · oà ,.,,.,,os ·Ja se não impusessem
· ·1 os padres são rncapazes
estu dando
' . __mais imporrante em todo este perí o que ~= pelo terror aqui o que
" s
de
, . · Com efi ·t
ei o, as 1·d,. .e
e1as-10rça que suscitou modelaram t oda a Ida-
.
fazer prevalecer por me10 da pa 1avra . a ~ si I ·d oro ac hava . a bsal ma men-
.
d e Media, condicionaram • • . · e dos . .• der tem poral esuvessem m1stu-
os seus exitos e fizeram surgu o maJS grav te natural q ue a autondade esp mtua 1 e o Pº . , .
seus problemas E I · . . · ntos - dO ror nara ímpar as p[mcipws
q ue 1evaram a ·esta ª gre1a esteve implicada em todos os acontec11De
rados, e também g ue se lançasse mao te r l" , - ~
. - -- - . ote ncial dramauco nao se es-
A . . nova tomada de consciência. cnstãos . Vê-se imediatamente que imenso P . a1 · e
prune1ra dessas di • .e . ~--~; ,,, dar . . " ·a ceocráuca,, escava I iorma1-
cond1a no interior dessas doumnas : a utopi
nova.r baJe.r . retrizes 101 a descobena de que e~:.
na d ~ ª º .rz.rtema Político em que vivia o Ocidente A n ~ão rorna-
- - sta 0 , talhada por -1 ~ va-se
em tuínas
•- d

d" . ro, anos de díceira e de pc:'ítica, coço
irei to dos... punh
s1ao as invasõe •, _
.., . nQL.0-ca· ( l) Cfr. cap . I, par. A bases do f uturo. . . excraídas de maneira arrevezada
os, o fl/-llf(recht que se impusera r ·a1 . .
( 2) Deu- se o no me de agostm1smo p Ort
1 1co a essas teonas
b "bl" áficas ao presenre capít ulo. 379
378 Onde encontrar sanaoar·b
_ d
ecta astar como fundamento da or e.rn soei•• do pensamento de Santo Agostinho . Cfr. as notas I
wgr
1

entao novos ilh d cerrn1·


- - -- - ~ ? A c~>rrente de pensamento~
\ ll ,lUJ \ l\ll\ ll Ml \l\ ll\l(
• 111\ 1(( l \
cl l' Al'AIHJ I· <> NíJ VIJ IMl'l l<IC J IJ <J fJ< 1111 r,11
todas ,ü sua;, l t)nsequenua~ d~ dilaLnar -
te ern germe, com .'b 1 ', ~O t~ t n. novos wnce1LOs do5 qu a1 5 o mund o p~sará . ·
men . E d os excessos do raço secu ar . Fecunda na . 0
~
. - . " d. . ..
IgreJa e o sra o, , .. 1 . - a v1 ve r, nesses pomo~ de
ue a afi . primazia do gQ!_n tua ... __ill' n gosa na med ida e med -
i
- •nfl exão da histo ri a , 1r-se -1a que a hu manidad~
l _ -- " sente a necess1oa . , de
de
da ern que umava a - - . -· - . . - D1 que ve r as nor, oes abs u aras .encarnarem-se ~m home ns hom
.---
f d. o rempo.raL e.wi Jd.éi.a....to.rça ....uwa dentro de si a ·1 .. , ens que....n~~o-
0 con un 1a çom_ d.
. . . eamence a randeza da Euro a me 1eval e a sua -rn ·qu1 _.
o rn entos parecem ass umir a res ponsabtl1da~_p_el_2.s destinos dos ~ nmem-
que fana simu 1ran . . . . 1sena.
Menos explícita, mas rnfinnameme ~a!S fecunda, foi uma segund a di- porâneos
_._ _. São as " figuras de proa " de .que fala Grousset . Assi m, para rea-
. ,.
li za r a s111tese do Es:ado e da 1dc1a rn srã, para promove r uma civilização
.
rernz que poderíamos formular assim : . e .tempo de construir uma civz·;zza-
·
. . cristã, os co ntemporan eos pensavam, mais ou men os , que era necessán·o
-
çao cm a. · t- Não há dúvida de gue o cnsnanismo
_ ~~~:.......:i=::..... ...:'-------;-~-havia levado a cabo~ iuma
- = --:-'-:-=~~~~ um homem P'!!3!.!denúal. -
renovação dos vã:lore~ ~o h~mem , co~o ta~bém, n ~o há dúvida de ~ e · A Igreja, cuja presciência histórica mais uma vez se mostra admirável,
as insriruicões e O d,ceno r10baro sofrid o a influenoa dos p n ncípios ..cris- compreendeu essa necessidade , e neste pomo desviou -se do agostinismo
tãos já havia basraoce rempo 3. Não existira ,. porém , um esforço sistemáti- político. Ao passo que o autor da Cidade de Deus , e depois dele os seus
co . o clero , por exemplo, empenhara-se mais em obter pri vilégios jurisdi- discípulos , como São Gregório Magno e Santo Isidoro de Sevilha, ri nham
cionais do que em estabelecer um direito cristão. Em matéria de pedago- admitido que roda a autorid ade ve m de Deus - porque ninguém , dizia
gia , a Igreja interessava-se principalmente pela formaçã o reli giosa e moral Santo Agostinho , tem o poder de mandar se esse pode r não lhe for da-
e só de maneira subsidiária e lenta , ao criar as suas própri as escolas, € do pela Providência -, a Igreja , remontando para além desra dourri na
que percebera que era possível uma cultura cri stã. Mesmo ond e a ação até às lições da Bíblia , afirm ou que certos homens e cerras famílias, bene-
da Igreja tinha sido mais notável no sentido de promover a civilização, ficiários de um a escolha específica por pane de Deus. eram investidos por
essa ação não fora conduzida com esse propósito. Assim , os monges ti - Ele na missão de governar segundo a lei ; assi m o velho Samuel havia sa-
nham desempenhado um papel imenso como desb ravadores de terras e co - grado Saul e depois Davi , e assim Salomão fora o " ungido do Senhor".
mo pontas-de-lança nas regiões bárbaras , mas nun ca se ti nh am proposto A profunda aspiração desse tempo - a do " homem providencia]" - ia
ganhar terras com o arado ou ab rir novas vias eco nômi cas. Tinham-se limi- ter a resposta cristã .
tado a obedecer à sua Regra , que via no trabalh o um mei o de aperfeiçoa- São estas as três idéias-força qu e. em conjunto. d o fazer do século
mento espiritual. VIII uma das épocas mais fundament ais da história do Ocidente. ~ u -
Mas as coisas passarão agora a co rrer de outro modo. Como conseqüên - lo V tinha sidQ o dos grand~ desmoro namentos. o da liq uidação das fór-
mulas sup-eradas ; o século VI, o de uma te ntativa grandiosa roa~ arcaica
cia - até certo ponto - das novas idéias '' teocráti cas ", a Igreja pensa
e votada- ao malogro de recoosriruir e reYivificar o pas-ado· 3 crnrn.uva
que_rende a absorver o Estado e senre-se investida d a res po nsabilidade pe-
de Justiniano ;~ sécu lo VII o da ruR ru ra pela Islão do meld: em
la ClVllização . Daí o dese nvo lvim ento das esco las cristãs, d aí o novo papel
que R-orna - e o seu gemo
' · hav1·am fe1·co v·1·ver a Europa amiga· o seculo
- . _ .,
assumido pelos conventos como baluart es da Cristandade em regiões ain-
da mªI su bmeu·d as, dai- o esforço por Vlll será o séc~lo em que , se parada do _(? r~nte . rendo c_o~o eLxo nao Jª
faze r surgir um a noo arte cnsra. · - o Mediterrân.e_o mas O continente, se for jará a Europa cmra e medieval.
Tr~ta-se de um aspecto de importâ ncia primordial. que a " Ren ascença ca- -- , d. •
rol O fato de estas rres 1remzes terem pod'do1
tornar -se eficazes deve-se
. . .
- ingia'' manifest ara- d e manelía · b nlhance·
· ·
a fusão entre invasores e au- •
a um certo núm ero de acontecimentos e de circunsrânc1as co111ndentes.
toctones é já um f d : . f d
. ato cons uma o, e ago ra importa ca min har ara ' - ce·, .
em que o h1stonador . . -
cnstao -
nao reco nhec e apenas o acaso. E o ato e
se intelectual e
. - - m~ra 1 entre os diversos
. eleme n~-.--,----:
to Euro a,. e e elas terem podido harmornz . l
ar-se pe O men
os momentaneamente - quan -
a Igre~ que m va~aliLa ~ f a . , . . - acabando por pro d uz1r•
do duas dentre elas eram antago rncas enrre st · . _. d
Ha , por fi m uma · d. endente . fo1 o memo e um
· d _ ' tercelía tretriz que podemos discernir nas co nsciên· um desabrochar da civilização d everas surpre · b
Clas esta epoca e d , . de moderação e sa edona. · Nes
.
n C · orrespon e a uma tendênci a profunda da a1m a hurn a· homem , do seu gênio, do seu espm ro · re um milag re caro-
a, que arlyle , Nietzsche e Ke J' 1
tes dois sentidos , bem podemos diz ê- lo. houve rea men
haviam 1·á observado , e que foi ~ --
trazi da à plena luz p R - yser ing rn
or ene Grousser 4 . Nos momentos em que su rge língio.

38 1
(3) Cfr. A Igreja dos Ap· '
380 (4) Cfr. as noras bi bl' osto,os e dos M -rt .
áfi a ires. cap . XII.
iog r icas dest e capítulo.
A IGREJA DOS TEMPOS BÁRBAROS

O PAPADO E O NOVO IMPÉRJO DO OCIDENTE


A Itália e o Papad o
possuía no entanto imensos domínio s em coda a Icália, domínios nos quais
. • · s determi nantes do êxito carolíng io, é preciso col
Entre as c1rcunstanc1a , . . d . . . o- era praticam ente o senh or. Já sabemos que , a partir da Pragmática Sanção
. . a situação da ltalia, pois esta ev1a condtcio nar
car no pnme1ro p an 1 0 de 5H 7, tinham -lhe sido reconhecidos verdadeiros direitos políticos: podia
. d d d a
atitude do Papa d o , e sem a ação do Papa o os escen entes de Pepin intervir na nomeação dos funci onários su perio res bizantinos, podia fiscali-
o
nunca teriam chegado aonde chegara m. 1 d .. d .d zar-lhes as contas e chamá-l os ao seu tribunal em caso de malversação dos
. , • do século VIII a penínsu a estava 1v1 1 a em duas par
Em pnnop1o fundos públicos . Como adminis trador , cuidava em Roma e no ducado ane-
s . · . . _ _ -
.
tes d e 1mportan • ,·a muito desigual )_ Depois da 10vasao lombard a , nao sub- xo de todo o tipo de assuntos inteiram ente materiai s. tais como o abaste-
c . . . .
. .
ststiam - retalhos do domínto b1zant100 tostalad o outrora pelos exérci- cimento da cidade, pontes, muralhas e até ... estabele ci mentos balneário
senao s.
tos d e JUStlOI · ·ano·. a Itália do sul ' o Ducado de Roma e a cabeça- de-pon- Como chefe militar, tinha um pequeno exército que foi crescend o à medi-
te de Ravena-Aquiléia-Veneza na Itália ~o norte . O exarca, r~presen da que as tropas bizantinas se iam retirand o da cidade , e por dive rsas
tante ve-
do Basileu , residia em Ravena , onde amda era bem obedeci do, mas zes combate u vitoriosamente nas muralhas . Constru tor paci ente e restaura-
já dor de igrejas, garantia com as suas "obras públicas " o ganha-pão
não sucedia O mesmo em Roma , onde as vexações do fisco de Bizâncio de
causavam profu nda irritação . Fora da Itália . i1:1p~rial , e c_om os se~s territó- um sem-núm ero de operários . Firmand o-se , pois . como uma força em ple-
rios curiosam ente imbricados com os de Bizanc10, erguiam -se, vigoroso na expansão, estava dentro da lógica das coisas que o Papado se aprovei-
s e tasse do antagon ismo entre lombard os e bizantin os e caminhasse na dire-
empreen dedores, os novos senhores germâni cos, os lombard os: o reino
de ção de um grande destino histórico .
Pavia ao norte , os ducados de Spoleto e de Beneve nto ao centro. Essa
dis- Para isso, era necessário que se desembaraçasse de uns e de ou tros .
posição de terras favorecia sobrema neira os bárbaro s, que renovav am
com Em relação a Bizâncio, a atitude dos Papas mudou comp letamen te no
freqüênc ia os seus ataques ; Ravena e Roma eram especia lmente visadas de-
correr dos séculos VII e VIII . As facilidades concedidas ao Ponclfice por
devido a este dispositivo estratégico : Ravena acabou por ser tomada Justinia no tinham tido por contrapa rtida uma verdadeira tutela do Papa-
em
751- 752 , e Roma permane ceu so b ameaça constan te mais ou menos do pelo Império . A partir de 555, os Papas tinham de pedir ao Impera-
até o
ano 800. dor que ratificasse a sua eleição , circunstância de que - como é óbvio
Às du as potências n va1s acrescentava-se uma terceira , que não apareoa - o fisco se servia para obrigá-los a pagar uma taxa. E enquam o o decre-
no mapa , mas cuja influência era consider ável: o Papa . Já vimos como to de ratificação não chegasse a Roma, não podiam fazer -se sagrar , coisa
a
auto ridade do bispo de Roma fora crescend o pouco a pouco 6 . Em primei- que, dada a lentidão - voluntária - da adminis uação bizantina , podia
ro lugar , a auto ridade moral e espiritua l: o sucessor de São Pedro benefi- causar longas vacâncias no trono pontifício . Quando o Basileu delegou
ao
ciava de rodo o brilho que emanava da figura do Príncip e dos Apósrol exarca de Ravena esse direito de ratificação. no século VU. os inco nvenien-
os ,
e, em tempos mais próximos , o prestígio de uma persona lidade tão admi- tes multipli caram-s e, porque este alto funcio nário costumava manter re
la-
rável como a de São Gregório Magno (590-60 4) continu ava um século ções muito frias com Roma , e além disso sofria a influência dos arcebis-
mais tarde a aureolar o Pontífice . Pelas suas obras de caridad e, o pos de Ravena, que tinham sido elevados à categoria de Patriarcas em 668
Papa e se mostrav am tão invejosos do Papa que um deles tentaria fazer da sua
co nst ituía a única au toridade social numa Itália esgotad a , devasta da e
dolo- sé uma rival de Roma . Os Papas tinham- se submetido a essa tutela , e cau-
nda ; mais ainda, em m uiros casos chegava a ser chamad o a desemp enhar
0
sa-nos surpresa que um homem da estatura de São Gregório Magno escre-
pape l de árbitro em território bizantin o onde era ele o único que po-
vesse ao Imperad or quase em tom de súplica ...
dia defe ~der os pequenos das exações d~ poder e dos grandes , ou
, acé As coisas não deviam ficar nesse pé . e é preciso dizer que o Papado
em te rmono lombard o, onde era profund amente respeita do. Numa foi muito ajudado no seu desej o de se libertar dessa tutela pelas pró prias
ca enrenebrecida 0 p epo-
, • faltas do Basileu. Tem-se a impressão de que a maior parte dos Imperad
- • apa era o unico portado r da luz da esperan ça . o-
A autorid ade esp · · 1 res bizantin os se empenh ou delibera damente em irritar _os _seus súdiws ita-
d . mtua acrescen tava-se em segundo lugar, um verda-
1
etro poder temporal. Se O Papa não esta va ainda à testa de um Est ado, lianos . . A inépcia dos seus funcionários ultrapassou os li m1tes daquilo que

(5) Cfr . o
382 mapa da Itál ia no t d s- (7) Cap. Ili , nota 26 . 383
(6 ) Cfr . cap. IV _ empo e ao Gregório, cap . IV .
' par. Sao Gregón·o Magno .
,\ t1 ;lW I:\ 1111~ ll i ~ll 'l)S ll '1 t' ll\
' • ' : H11~

' . ,n .. ri: 11 r sup1'ft.ll : :1s.. i111 , p 1,~1·,1 i11vr111u11 lll\\ ,llhl 1111 li l
\11\\ 1) i\1\\ f'\1\\1 1\ • , , , , , 1 l
. . .
\'t'il\1 1il\lltlHI\I li \\1·11l mr-1r-. 1, q11 , pe'lll\lt1:1 q11 C' pc·11 nd11.1111t·111 c li uii v• · ;
' ' ' . ( S~r ;
. ltt\\l,,. 1-11,11111.,.il\,
\11llS .. 1\\11\\ 1\\t'S l\h l ano kgnl. .. ()11.11Hl1 1 .1 0 1.1s llltilli c·r
• 1
' •
, 1111 hum 11r .. , 1
. ,
1rrrs1-r l\lll l':l t\\ 1):- 11\\lt 1vos d e ltlll1 g111 , \u -
' 1. .....
\'C"IS ,.\ llS!IS \ C' 1 • ' , ' ,, 1\l i-

]
.1 1 t)
I\C',H \li' f't' .1 t \ 111,ic, •
rdi I',, i1, '.. ' 1 dr Hi d 111·i1 1. ,, t, ,i,:u 11 :h1 1.11du11 :1 1hrg 1r
' • ,l(l

p:1i,1I. , . . ,
N,, drrn~,, ,\,1 sc'l' iil,, \ 'li\ , d111s l:111,s cv1dr11c1.11n qu e .1 tllt c- b d1i ( hiC' l\ -
tr s,1brr 11 Pap:1d1, rs 1.1v:1 prrs trs .1 1rn ni11:lí . l:m 7 10 . 1l pa pa Cn tl stanii -
tw .1ind:, , hr)!,,u .1 visi t:H (\,nst :rnt inop b . nH110 C'í:t c11s111mr c·111 re ,,s SC' us
prrdrn-ss,, rrs: nus foi 11 ult inH1 PP nt1ficr w111 :1no :1 fa zer css:1 via gem . I\,;.
,,ut rn b d,,. se rx:11nin:nnws .1 li,1 :1 dns pap:ts n,i decorrer <l est e sfr uln, nb-
·/ ?~\-~

-~

J
srrY:irr mns um:1 rnu d:11\\; .1 signific:11 iv:1. Os sete prcdcressn rcs d1, r,1111:i no • • t
Grrg,iri11 li (- l 'i - ~5 1) tin h:1111 sido orirnt:,is : g regos. libaneses ou s1rios ;
os dois surrssores . Gregório Ili r Zacarias, 1ambém for:t m o rient ais, 0 pri -
\~ ·\jy ~ '\.

mrirn síri o c n scgundo grego: mas, :1 punir clai, isso não vo lto u :1 arn n1t·- t'' -
rn . Z:ir:ni.1s e; o úlri mo nomr hclr nico d:is listas pontifícias. Depois da i
'
r
sua mone , e até os nossos dias. mio vo ltou a haver qualquer Papa grego . t
Mas :1 principal ca usa do d istanci:unen ro enrre Roma e Bizâ ncio foi a
at irnde dou trinal dos Imperadores. Já vimos co m que firme za os Papas 1 i
- co m uma única exceçào, a do pobre Honó ri o - se op use ram às teses
heréticas do Basileu. Houve pont ífices que . sem rere m deixado um gran- -
de nome na históri a. se co ndu ziram no enta nto co m um heroísmo ad rni r:í -
ve l. como por exemplo Seve,ino (638-640), que passo u quase todo o se u
pontificado se m ser sagrado. para não acede r às ex igê ncias do Im per:idor
e aceirar o monote lismo. Lembremo-nos também da nobre figura do ·pa-
pa São Maninho " (649 -658), deportado para Bi zâ ncio e depois para a Cri-
méi a. e que morreu márrir por se rer oposro a Co nsrant e II , também na
questão do monorelismo .
No princípi o do sérnlo Vlll , as co isas pioraram mui to ; em 712- 7 13, a
Itália , so b O impulso do papa Constantino, rernsou-se a aceitar os ediros,
as moedas e aré o nome de um efêmero imperador herético, Philippicus,
e pegou em arm as co ntra o seu exarca. Doze anos m ais tarde , qu ando
Leão III O lsáurico se lançou à destruição das image ns , a Itália, já exaspe-
rada p_or causa da duplicação do ano fiscal. revoltou-se . Todos os súditos
b1zanunos da penínsul ' • • , · fi,ze·
a , veneros , romanos, aqutle1anos e campan10s,
ram causa comum e O L1·b p ;r. , . São Bento (480-547), introdutor da vida monásti ca no Ocidente, quis mo rrer de pé e11tre os se us mon-
• ' er ontt; zcaus assevera que " a Ira, 1·ia mcei
· ·ra
' ges, na mesma abadia de Montecassino que fund ou. Os mos teiros que nasceram da sud ir rad iaçã o de-
cConvenc1~a da maldade do basileu , resolveu escolher outro e levá-lo para sempenharam um papel fund amental não somente na co nqui sta dds regiões pa gãs para a fé , mas tam-
onscancmopla " Ao t b. -
· error izantino respondeu o terror dos rebe ]d es.• o bém na co nservação da cultura anti ga e na estabili zação econômi ca das novas popul ações da Euro-
exarca de Ravena foi d . •r · pa . Iluminura de um manuscrito co m sessenta e ci nco ce nas da v ida de São Bento, século XII. Bib lio-
morco , e o uque bizantino de Roma foi retro Pri-
teca Vati ca na, Roma.
384
(B) Cfr. cap . V]· par. As dis1emões ;- · d, . .
re rgro1a1 e o esperlar dos nacronalrsmos.
:-~"#
~ .... / ,/

-
As muralhas de Constantin op la
asseguraram durante muitos sécul os
a sobrevi vência do Império do
Orit.·,te.

Mapa de Jerusalém A Kaaba de Meca, prin cipal ponto de


em mosaico, \ \1n 1at1..ra rJc, ~ ,:-' •• j j

atração religiosa do islamismo. Cerâmi ca


de .,_,..,., T x ,
nas ruín as do antigo do séc. XVIII. M useu Islâmi co, Cairo.
Palácio Imperial
de Bizâncio.

Ce na dos Concílios de Tol h '


Iluminura do Códi ce Emili ane, -e
O mosteiro
(séc X). Biblioteca ,o
de São Sabas, na
Real Mosteiro de EI Escorial , Madr J atua l Jordânia .
onde viveu
São João Damasceno
(6 76-75 6), o último
gran ci e teólogo
eia Igreja grega .
1t'' ~ -~
~ >~
\.=~
1
.

. me
, .o d e Sa int-É 1 ran,
Evan gel,.an
870. Bibli o teca Nac1ona

de Mun ique . Inte rio r da cape la


pa latin a de
A ix- la-C hape ll e .

Gue rre iros norm ando s.


D e1alhe da Tapeça ri a
da Cond essa M al i lde, Baye ux.

--
~ il ~
'~

~- -- " ~ - - - ft ., ..
.
-,~_.,.
'-.....
' .
;;. .., - -- .
.- . Se da bi z antin.i
do sécul o VIII ,
represent ando um ,i
qu adri ga co mo
,. as qu e di sput avam
co rrid as no

.
'.~
-~ ~- -~..........,.:..!. hipó dromo d e

'-
'
-...

: ,~,
. Bizâncio . Supõ e-se
qu e o co rpo d e
Carlos M agno tenha
sido ve lad o
cobe rto com este
pa no . Mu seu de
C luny, Pari s.

Re con stituição do O tão Ili , im p e ra dor (8 80- 1002 ), recebe a


Ca rlos o Ca lvo, rei da França (82 3-877).
m oste iro de Clun y, Iluminura da Bíbli a de Vi v iano, 84 6, ho m en agem d as naç õ es, Pintura do séc.
após a terceira Biblioteca Nacion al de Pari s. X I, M u se u C ond é d e C hant ill y.
co nstru ção, entre
1088 e 1130.

Coroa do
Sc1 c ru Imp ério
l<o ma no-( :t•rm ,i nic o
u, <1 cl c1 pl •lo, imperado rt:> ~
d .1 t ,1, .i d .1
Saxõ ni ,1.
Ku11 , 1h i, 1ori , LIH•s Mu seum ,
Vi en<1 .
O PAPADO E O NOVO IMPÉRI O DO OCIDE NTE

sioneiro e teve os olhos vazados . Mas o papa Gregório II não se aprovei-


tou da ocasião e " impediu os italianos de executarem o se u pr_o jeto , _es pe-
rando que O imperador se convertesse ·:, A sua _bo nd ade , pore?1 , foi m~l
recompensada porque . quatro anos m ais, o basde u tentava faze-lo . assassi-
nar e subtraía à sua jurisdição eclesiástica o Ilíri co e o sul da Itá lia . Mas
à medida que a querela das imagens se prolongava, e so bretud o depois
da breve trégua proporcionada pel o rei nado de Irene , ficou p ate nte qu e
os Imperadores de Bizâncio recaíam incessantem ente nos m esm os erros, e
os Papas fizeram as suas opções. Pode -se di ze r que , a pamr de meados
do século VIII. a esco lh a pont1 fíc1a es tava fen a e que. em princípios do
séc ul o IX , passaria a ser um fato co nsum ado: Roma op taria pel o O cidente.
Ali ás, so mente o Oc ident e podia permitir aos Pontífices reso lver os ou-
tros prob lemas que tinham pela frente . o m ais séri o dos quais era o dos
lombardos. Desde o tempo de São G regório Magno, Ro ma viv ia sob a ob -
sessão da ameaça lombarda. um a obsessão a ind a por cim a alimemada pe-
los refugiados que . espo li ados e m alcratados p elos ge rman os , vin ham bus-
car asilo na Cid ade Eterna. Em princípios d o sécu lo VIII, à m edida que

- - ~2- ....-.r..a• ~ o domíni o bizantino se ia esvaz iando cada vez mais na Itáli a, o p oderio
lombardo mostrava-se cada vez mais terrível. Um rei enérgico e inteligen-
() Jui/ n l ' 1111 <·r,al. te, Liutprando (7 12 -744 ), parecia dec idido a leva r adiante, em seu p rovei-
Al to-relei o do port.il da to, a un idade da Itália , precisamente como os francos vinham fazendo
h.i,íli l a dl' ~<1 i111e- Fo1 em em relação à Gália. Havia aqui um perigo político evidente para o Papa-
Conqu e, . ,eculos do, um a vez que Roma co nstituía o principal o bstáculo à un idade italia-
\ l- \ 11.
na - exatam ente como viria a acontecer onze séculos m ais tarde , no tem -
po de Garibaldi - . um perigo que não seria fácil conjurar por meio de
um entendimento entre o ducado romano e os duques de Spoleto e Bene-

, ~íl-- {)
vento, senhores feudais mais ou menos rebelados contra o rei de Pavi2.,
mas que eram tudo menos aliados seguros.
Este perigo político conjugava-se com outro muito mais insidioso , e
que resultava das próprias exigências que a fé cristã impunha ao Papa .
J:-:&11 •
..,
~
.• l Como era seu dever, o Papado tinha feito tudo para converter os lombar-
dos 9 • São Gregório Magno lançara as primeiras sementes , e em fins do sé-
culo VII, ao tempo de Bertarido (671-688) e de Cuniberto (688 -7 00) , a en-
trada destes germanos no seio da Igreja era já um fato consumado. A Itá-
Os quatro ca 1·a/piro, lia, devido aos cuidados desses reis , cobriu-se de basílicas católicas . Muitos
rlo Apocalipse . destes lombardos, como dignos descendentes de Teodelinda, eram homens
i\1iniatura do ComPnr jrio
de fé sincera: não se verá o sucessor de Liutprando, Ratchis, deixar a co-
ao A p oca lipse
roa para entrar num convento) Todos, depois da conversão, tinham
cio Bea to ele Li éban a (10 74 ).
Biblioleca N ac iona l,
Madrid .
(9) Cfr . cap . IV, pars. Os lo mbardos e o desmembramento da Itália e As pn·meiras missões
ponttfícias.· o batismo da Inglaterra . 385

\
A IGREJ A DOS TEMPOS BÁRBAR OS
O PAPADO F. O NOVO IMPÉRI O DO OCIDEN TE
ando
0 maior
respeito pela pessoa do Papa, e mesmo o incô modo Liutpr w Não tinha
''p ríncipe cristão e gio II , ao apelar pa ra Quild eberto II contra os lombardos'
sempre fazia ressoa r nos atos ofi ciais os seus títulos de o de Clóvis
nação lomba rda, querid a de G regó ri o Magno exaltad o a realeza franca , nascida do batism
católico ", de rei " da muito ditosa e ca tó li ca verdadeira razã~
ô ni o, pedia co m como a '' rea leza por excelência ·' ; Sem dú vida .. . Mas a
Deus ", e. antes de promu lgar urna lei so bre o m atrim , o poder fran-
do no mundo i 11 • da esco lh a é mais simple s: é q ue , em meados do séc ulo VIII
toda a deferência o parece r do "Papa de Roma , venera co era o único qu e verd ade iramen te contava na Euro pa ocident al. Era a
o . . . O plano
teiro co mo chefe da Igreja" . Polid o dem ais para se r honest hora em que o punho vigoros o de Pepino o Breve lhe to mava as rédeas .
o lugar do Basileu na Itália
dos reis lombardos católicos era claro : torn ar
Se esse plano vies-
e substituí- lo no papel de proteto r declara do da Igreja .
intoler ável tirania ,
se a ser be m sucedi do . Roma ficaria subm etida a uma Os filho s d e Pepin o e o nasci m ento d o Esta d o pon tifício
breve todo o seu
e o Papa. co nvertid o num bispo lomb ardo , perder ia em
sucesso r de São Pedro era sim-
pres tígio unirersa l. Semel hante su bmissão do A história da monarqu ia francesa fo i cortad a no deco rrer
do5 séculos
plesme nte impen sável. se produz iram em co ndiçõe s mais ou men os seme-
por duas ruptur as qu e
desfez quais- os meroví ngios de uma fo rm a aná lo-
Em pouco tem po , Liutpr ando . levado pela impaci ência, lhantes . Os carolíngios substi tuíram
exércit os ocupa- su plantar iam mais ·arde os carolín gi os .
q uer d úvidas q ue ainda pudess e haver. Enqua nto os seus ga àquela pela quaJ os capetas
aliás decisi -
ou lançar-se sobre Em ambas essas substituições a Igreja desem penhou um papel.
r am uma grande pan e da Úmbri a e da Marca, ameaç ncia dos interess es
r da primei ra vez vo, o que mais uma vez vem provar a sua clara consciê
Roma por du as ,·ezes. em 728 e 74 2, chegan do a avança dá mosuas nos
até à margem dire ita do Tib re , os "camp os de Nero" , isto
é, até aos arre- superiores da sociedade cristã e o espírito decidid o de que
não se atreveu a dar o passo momentos em que se impõe um a escolha .
dores de São Pedro . No últim o m oment o ,
soçobrassem
à mercê de um no- Bastaram dois séculos para que os descen dentes de Clóvis
fina l. m as o Papa sa bia ago ra que já não podia ficar domírn o se alargav a. até
vo ataque lombar d a . na decadência • Ao mesmo tempo que o seu
11

o períod o da sua maior ex-


- desent endi- atingir no reinado de Dagoberto (629-6 39) -
Por úlr imo. alé m des tes motivos de grave preocu pação tensão - quase toda a Gália , uma parte das regiões do Reno a Alema -
ainda um ter-
menros com Bizâncio e am eaça lomba rda - , o Papa tinha nha e a Turíngia, e ao mesmo tempo que o seu prescíg 10 começa va a im -
interna de Roma
cei ro. Nos começos do século VIII, a própri a situação por-se na Frísia, na Saxônia e na Baviera . auaind o os olhares
dos Papas .
opunh a-se a do
não era satisfatória. À influên cia do Papado e do clero nesse mesmo momen to a sua monar quia já sofria dos males incuráv eis que
ia o duque de uista .
exercit us rom anus , isw é , da arisrocracia local, que abrang haviam de causar-lhe a morte . Reino bárbaro fun dado sobre a conq
Impera dor - , os coman dantes condiç ão de Estado . e. co nsidera n-
Roma - já pratica mente indepe nd ente do tinha-se mostrado incapaz de se elevar à
alta admini stração . Depois pessoai s do soberan o. aplica-
de praças fo rres, os p refei tas da cidade , e a do as terras conquistadas como propriedades
751- 752, civis endêm i-
da qu eda do exarcado de Ravena nas mãos dos lomba rdos, em ra a elas o costume das partilhas : o resulta do foram guerras
duque de Roma, e verdad eira unidad e políúca . De-
é esta aristocracia au toritária e violent a quem elege o cas e a impossibilidade de alcançar uma
o Papa. De qual- o pe los reinado s de Clotári o II
nada mai s nat ural que sonhas se també m com design ar pois de um período de renovação , baLzad
rápido. A própria dinasti a parecia
qu er fo rma , era sem pre de temer a sua interve nção nas eleiçõe s pontifícias, e de Dagoberto, o desmoronamento foi
todos os reinos . A uadicio naJ imagem
e se rá precisa mente um drama provoc ado por essa interve nção o que há estar fisiologicamente esgotada em
vam de cidade em cidade estendi dos
de determinar a ação dec isiva de Carl os Magno . dos "reis fainéa nts", que se desloca
passava m a vida na ociosid ade e
uma potência nos seus pesados carros de bois e que
Essas três razões vão , pois, forçar o Papa a apelar para na devassidão, co rresponde à mais esuica realida de. i\ partir de meados
mesmo que usasse da m ais hábil di -
políti ca qu e lh e dé .apoio . Sozinh o,
faze r frente a Bi zâncio , repelir os
plomacia , não poderia simu ltan eam ente nro . NumJ cm, d, ng1d J <' m 580 ao
dentro da própria Ro· ( 10) Pd iíg io li (5 79- 58 9) fui , alia.s . pmfc'tÍ,o O<'SI<' J..SSu
lombard os e fortale cer o seu pode r indepe ndente hispo Aunar har d<' Auxerr<' . dc",IJ rJv:> qu<' J D i"n• Pro,
i<len, iJ dC'SCIOH"'.l os rc,s fr~ ncos caró l,cos
-se para os francos . J SH UJÇl ú gc0grifi ,,1 A obscrn ção. como
ma. Assim , pôs-se a procu rar essa potê ncia , e voltou a sn cm a salv:ig ua rda de R0nu <' d J !caiu . <l1clJ a su
Vigília , ao re·
Por que estes' Por haver preced entes hi stóri rnsi O do papa se vt , foi caccim .
fim . e <'P \ '. plr .1 1dJde da1 / r e vü J. 387
porque co nvém a ( 1t) Cfr . cap . I V , p,r . ··; \ ea.rr.J /<' ~-.; n OJJ .J n lvn.; " .
clamar contra os godos a proteção de Qu ild cben o 1, ''
o do papa Pelá-
386 um rei cató li co defe nde r a Igreja em que fo i bati zado"? Ou
A IGREJA DOS TEMPOS BÁRBAROS

O PAPADO E O NOVO IMPÉRIO DO OCIDENTE


do século Vll , a aurorid ade já não pertenc e aos descen dentes
de Clóvis ,
que apenas se mosuav am capazes de se dilacera rem ferozm ente uns aos família de prefeito s do palácio que passam a conservar heredit
outros . ariamen te
o título e o poder. O futuro pertenc e-lhe .
A progressiva omissão dos reis arrastav a consigo , como é óbvio,
a anar- Nimbad a de lendas na sua origem , como toda a linhage m
quia , uma anarqui a que ameaça va mortalm ente o reino dos bafejad a
francos . Ha- pela grandez a, a casa dos " pepinid as " não teve aqueles começo
viam-se constitu ído cinco grandes regiões 12 : a Austrás ia, do s glorio-
Somme até sos qu e as genealo gias oficiai s viriam a atribuir -lhe mais tarde
aos confins da Turíngi a , a reserva das forças francas ; a Nova . Nasceu da
Ausuás ia ou aliança entre dois ricos propri etários de terras , cujos domíni
Néustria , expansã o franca do Somme ao Loire ; a Borgon ha, que os se esten-
conserv a- diam pela Lorena e pela Bélgica, e que nos começos do séc
va o nome do povo borgon hês submet ido ; a A quitâni a e a ul o VII casa-
Provenç a, ami- ram entre si os respectivos filhos. Um deles era Arnulfo ,
gas províncias romana s que os meroví ngios control avam , mas que seria bi s-
com muita po de Metz , e o outro Pepino de Landen , que fora o chefe
da resistên cia
dificuld ade. Nes tas cinco regiões produz ira-se o mesmo fenôme à rainha Bruneh aut e que , so b Clóvis II e Dagobe rto , assumiu
no , conse- mais ou
qüência normal do enfraqu ecimen to do pod er: a anarqu ia crescen menos o papel de um a espécie de viz ir , que conservo u até
te bene- 639. Convém
ficiara os grandes proprie tários de cerras, que , numa época sublinh ar aqui que estes doi s antepas sados dos futuros carolíng
em que as ci - ios eram
dad es tinham desapar ecido ou min guado, constitu íam o esquele austrasi anos, isto é, german os instalad os numa região situada
t0 da socie- a cavalo so-
dad e. Esta arisrocracia em pleno crescim ent0 procura va , n aturalm bre aquilo que hoje constitu i a fronteir n entre a Fran ça e
ente , man- a Aleman ha ,
ter a realeza nesse estado tão lam entáve l - mas tão proveir homens para quem os termos Fráncia e Germân ia não sig nificava
nso para ela m mais
- em que a dinastia meroví ngia se encontr ava. que meros topônim os . Assim podemo s compre ender por que
Carlos Mag -
Mas uma coletivi dade human a não pode viver por muno no colocará o centro d o se u Império no Ren o , e também avaliar
tempo na até que
anarqui a ; se o poder legítim o falh a , outro o substitu i . Ao ponto é inútil discutir se o gran de impera dor era fran cês ou
lado dos rei s alemão. Des-
fainéants aparece ra uma figura que exe rcia o ve rd adeiro p oder: ta aliança saiu uma família vigorosa , bem estabele cida na
o amigo região , e que
m ordomo - o m_aior do..mu,,s , princip al d a casa - , que admin d evia ascende r ao primeir o plano em três etapas .
istrava os
domínios pessoais do so berano em se u nom e e acabara por A primeir a esteve prestes a termina r mal: Grim oaldo , filh o
co nve rter-se de Pepino
no malre du palais , no "prefei ro do palácio " , uma espécie d e Landen , nomead o prefeito d o palácio em 639 , quis ir muico
de primei ro depressa
ministro . Este perso nagem , originá rio gera lm ent e da arist0cr e, em 656, época de plena decadên cia dos se us soberan os.
ac ia , ganhar a ouso u dispor
ao longo do sécu lo VII uma influê ncia enorme , e a omissão da coroa da Austrás ia a favor do se u próprio filh o, a quem
d os reis fez - certame n-
dele um ve rdadei ro ditad or , tal como acontece rá no Japão te já com segund as intenções - dera o nome merovín gi o de
antes da era Quildeb erco .
mezji, quando os xoguns vierem a exe rce r rodos os poderes Mas a usurpação era premat ura; o golpe fracasso u e G rimoald
ao invés d o o morreu .
Foi substitu ído por Pepino d 'Hénstal, neco de Arnulfo por
mikado , o Impera dor. E com o há um a espécie d e finalid ade parte do pai
superio r d o e de Pepino de Landen por parte da mãe , que medi ante hábeis
poder que se impõe aos homen s, em parte por ambiçã o, maquin a-
em parte por ções consegu iu retomar o cargo de prefeico do palácio na A ustrásia
sencime mo do dever, os prefeito s do palácio co nstituír am-se , acres -
, qu ase cm to - centand o-lhe ainda o títul o d e duque , e acabou po r cornar-se
da a parte e quase sempre , em defenso res d a ordem e da assim o ver-
unidad e contra dadeiro iniciado r da grandez a caro língia.
os grandes clãs d os propri etários rurais - isto é, mostrar am-se
legítim os Numa segund a etapa, Pepino d'Hérisc al procuro u unificar as
deposit ários da autorid ade , legíti m os se rvidores dos interess prefeitu -
es naciona is , ras da Austrás ia e da Nêustri a ; empenh ando-se a fundo em derrota
dali por diance identifi cados co m os se us própri os interess r Ebroim
es . Assim , na - ao lado do bispo São Léger , isto é, no campo da Igreja -
Né usuia e na Borgo nh a, o prefei to do p alácio dos doi s rein , foi severa-
os, Ebroim , mente derrota do por ele em 680, mas co ncinuou a lut a. Em
esm aga em 678 a coli gação dos aristoc ratas rurais e d os g randes 687, esmaga-
eclesiásti- va o sucessor de Ebroim em Testry, o que lh e assegur ou , até
cos (e ntre os quais se encont rava o bispo São Lége r d e Autuo à sua mor-
), qu e acham te em 714 , o domíni o da N êustri a e d a Borgo nh a, ou seja
excessiva a sua autorid ade. Assim, primeir o na Au strásia e , a so berania
pouco d epo is de fato sobre todo o reino .
cm toda a "Franç a", os interess es da m o narquia são d efendid
os p or um a A terceira etapa foi a d e Carlos Marte/, que também começo
u mal.
Os descend entes legítim os d e Pep ino iHéris tal ainda eram menore
388 s quan-
( 12) Cfr . o mapa da Gãlia por otasião da mort e de Clóvis, ca p . d o uma vasta e comple xa assoc iação de interesses lançou co ntra
eles os neus-
IV. 389
A IC l<IUA 1)():0, ·n ~Mro~ BÁRIIAl(C) ~
(J l'Al' AJ)CJ l'. (J N<J V<J IMPf...RJ<J I>(; <,<~//.JJ:.t:·11:.

trianos, os saxões e até mesmo os frisões pagãos. Foi nes1e m omento qu e


um basta rdo , Carl os, embarco u na ave ntura , conseguindo e m d ez an os le-
~uas alabardas,
. . dm se us glád10-s , das ~u a.~ m,u ,......, , estava per d 1.d o
-. as de arm~c
var a bom termo os se us propós itos . G ue rreiro infatigável , a quem os Ao cair da noite , o combate se desfez . Abd -er-Rahman caira , morto nu -
ma carga ce rrad a .
se us contemporâneos hav iam dado o so bre nome de Marte/ por ca usa da
enorme maça de armas que manej ava alegremente em combate, Carl os en-
As pe rdas do Islão foram pesadas , e o avanço em di reção ao Poitou
estava barrad o . Quando rompeu o novo dia , os espias de Carlos informa-
frentou os adversários com tanta sorte qu e o diziam conduzido por D eus.
ram q ue o campo muçulman o , com as suas tendas alinhadas , continuava
Neuscrianos , partidários dos pepinidas legítimos , frisões e saxões repel idos
no mesmo lu gar, e penso u-se que a batalha ia recomeçar. Mas não : na
até aos seus territórios, aquitanos ind omáveis, ninguém p ôd e escapar a esse
calada da noite , a grande ve loci dade , o Oriente ti nha fugid o ...
homem terríve l. E a sua glóri a torno u-se incomparáve l quando , em 7 32 ,
~ 2 Vitória criadora, que detinha de vez a prodigiosa aventu-
1

qu ebrou definitivamente o assalto d os cavaleiros de Alá sobre o Ocidente .


ra da guerra do Islão a oeste, tal como a vitória de Leão o Isáurico a deti-
Com efeito , aprove itando-se d as perturbações e d a anarquia franca , os vera a leste , em 718. Envo lvendo numa incomparável glória a alcunha de
muçulmanos da Espanha tinham avançado pela Gália adentro . Em 719 Carlos , a quem desd e então toda a Gália passou a render homenagem ,
atravessaram em m assa os Pireneus, invad iram o Roussillon e o baixo Lan- essa vitória arrematou a preparação dos pepinidas para a missão que a
guedoc até perto de Nimes e de Toulouse ; detidos no Garonn e pel o du- História lhes destinava.
que da Aq ui tânia , lançaram -se com toda a facilidade ao lo ngo do Rhône A Igreja não perdera de vista essa magnífica progressão da nova linha-
e do Saône, e em 72 5 ousaram atacar Autun sem que nin gu ém conseguis- gem, tanto mais que os descendentes do bispo Amulfo nunca tinham ces-
se impedi-los de levar o produto do saque . A situação era trágica : o cen- sado de lhe testemunhar o maior respeito nem de lhe co nceder o se u
tro da França estava literalmente exposto ao terror islâmico . Vaiso n-la- Ro- apoio. Se há um fato incontestáve l, é por certo a constante ajuda que a
maine é abandonad a, e a exploração das suas belas jazidas de mármore proteção franca representou para os missionários na sua ob ra de evangeliza-
cessa de repente ; em Guéret , São Pardoux ordena aos se us m onges que ção 13 . Foi somente depois que Pepino d'Héristal bateu os fri sões que São
partam e fica sozinho para defender o mosteiro contra os infiéis . Parecia Willibrod pôde estabelecer as primeiras missões nas terras co nquistadas , e
que se tinha voltado ao tempo d as grandes invasões ; ali ás , na fronteira quando uma derrota obrigou os francos a ceder terreno , em 716 , o santo
foi expulso e teve de refugiar-se na Ausuásia . Em 72 2 , o papa Gregório
norte da Baviera, alamanos, saxões e frisões agitam-se perigosamente. Mas
II escreveu a Carlos Marte! , e di zia-lhe que , "sabendo muito bem que
Carlos Manel tinha energia para dar e vender. Em 7 32, repelidos os báva -
espírito religioso anima o glorioso duque dos fran cos'', lhe solicicava aju -
ros, reduzidos os alamanos à obediência e mantidos em respeito os bárba-
da e apoio para São Bonifácio , que estava presces a ir semear o Evangelho
ros da Saxônia e da Frísia, prepara-se para enfrentar o Islão .
em terras germânicas; o prefeito do palácio respondeu com uma carta de
Nesse ano, o emir Abd-er-Rahman acabara de lançar outra vez sobre proteção em boa e devida forma , coloca ndo o missionário sob 2. sua garan-
a Gália a onda dos seus cavaleiros . Da primavera ao outono, já tinha con- tia pessoal. Dezessete anos mais tarde , Gregório III renderá a esta prote-
seguido, sem esforço algum, saquear e espoliar Bordeaux e todo o sudoes- ção uma bela homenagem ao escrever a São Bonifácio: " Foi graças aos
te. Mas Tours, a cidade mais rica do Loire, despertava-lhe a cobiça, e teus esforços e ao apoio de Carlos Manei , príncipe dos francos, que Deus
em começos de outubro dirigiu-se para lá, cheio de apetite. Carlos foi-lhe se dignou trazer para o reino da Igreja cem mil pagãos''.
ao encontro. Os exércitos, bem diferentes um do outro - os francos, pe- As relações entre a Igreja e os pepinidas eram , portanto, excelentes.
sadamente equipados, usavam cotas de malha e capacetes de metal; os Houve, sem dúvida, incidentes sérios, que puseram em perigo essas rela-
muçulmanos, montados em pequenos e fogosos cavalos, conduziam o ata- . ções . Assim, para equipar as suas tropas, Carlos requisitou uma parte dos
que como um turbilhão - , enfrentaram-se nas colinas do Poitou . Duran- bens eclesiásticos e - o que é ainda mais grave - , para rembutr os ser-
te sete dias, Ocidente e Oriente estudaram-se mutuamente . Os muçulma- viços dos seus generais', arrogou-se o direito de lhes dar abadias ou bispa-
nos, inquietos, não ousavam abordar aquela ilha blindada de ferro, mas dos, procedimento depl orável que introduzia elementos pengosos no alto
por fim lançaram-se. As suas cargas loucas, em pleno galope, chocaram-se clero. Mas se os clérigos da França ficaram pouco co ntentes, o Papado abs-
1
contra os batalhões quadrados dos francos . Apoiados uns nos outros, co-
mo um mar solidificado, os soldados de Carlos agüentaram estoicamente (1 3) Cfr_ cap . [V, par . São 80111/áclo, pai da Germânia cnsM
39 1
390 a saraivada de flechas, e todo o muçulmano que passasse ao alcance das
\ , , l 1 \ f 1, ' ll \ 1 ll \ 1 1 ,

, , r , ' ) , ,, ' í ' l , ,, , ,, ~' " P' , , ,,

"''<'·", rl( m1nii:c ~ ~ Cl1'l 1CP(


,~, , 1,r-rn,~,, p1 1 t •'111 1' 1'' ,11, 1tll

m ,,,,nn ~n0, ,- vcn,·,~cln <1í' d;;, , ,~ ,., n,, th1 d, 1m1n h "i ,, 111i11,i n1f111 n r, f, ,rrn• ,. rv, . . ,, -h i:;,,rr, , .,.cr,, ...-,,, r,fY\ ',u-,t ") :)TPf,. 1rn -ln
gc ,fo, lom h:m10, ,,1'1( 111 r n lí1hnrn11 rir tr,~, , '• rr, • ,r:-.ir, .,. 1r 1nrl,, 0nrílim -,;,,- nrln ,,-,r;rn r;i r
1
:1 di ,r ipli n.1 r vr l,mdr, P" I,,~ rr,'tllMN rir, Pm ~0, 1,- ,,. 0li rl 0 ir 0 rdn ,n-
Com ctciro cstt cm 0 plan<1 q11t '" Pc,mífin·, roma nn, 1i11 ha111 lo rj ;i
l ff a fgrcjíl e Pepino 'lllC p0rk ,, ,rgir um ~rrrnter m,.nr
do e cui a rea lin( ão deviam pr0,~egui r p:11 1en trmente, me,mo qu e m futu 0 ;ipiral · J m pri-s-
ros caroÚng ios ai nd a não compreen dessem a 1rnportân na cap it al d essa po lí ,ão d a dinast ia merovíngi a e a ma ,ul-m1tu1(àr, pel0 n0v0 rl ã
tica: servi r-se dos fra ncos para cancelar a hipoteca lombarda . Em 739. G re- Nos ú ltimo, anos da sua vida Cario, \farte i Já ~,. ri nha comporta do
gório III, inquieto com as incursões de Liutpran do em direção a Rom a, com o rei, a ta l ponto que o trono real "º lado do qual se sentava . t1 nha
apelou para Carlos Manel : " Em nome de Deus e do seu terrível juízo, perm anec id o vnio . _Seu filho Pepino . comparad o co m o qual o último
não rejeiteis a minha prece . não fecheis os ouv idos ao meu p edido , e o merovíng io Q uild enco III não passava de um vão fantasma . datava os
atos de govern o do "seu palácio ", fala va dos " seus grandes que rodeavam
Príncipe dos Apóstolos não vos recusará a entrada no Reino dos Céus ''.
Estas palavras , que o papa julgava adequad as para impressio narem um a sua sede" e afirm ava exerce r o poder " pela co nfiança de Deus ". Era
uma situação equívoca qu e não podia prolongar-se . Em 751. Pepino arris -
bárbaro cristão , deixaram frio o vencedo r de Poitiers . Entre lombardo s e
cou o golpe de estado : Quilderic o III foi ence rrado num co nve nto e Pepi-
francos reinava então um entendim ento cordial , tanto mais sólido quanto ,
no assumiu o título de rei . Esta operação. que Grimoald o tinha planeja-
na tarefa da unificação que levavam avante em paralelo, uns na Itália e
do cercaâec em -;_nos antes , mas que fa lh ara naquela ocas ião. Pepino pô-
outros na França , não se estorvava m mutuame nte; os soldados de Liutpran-
de agora levá-la a cabo com pleno êxito. Por outro lado, se o go l~e de es-
do acabavam até de ajudar os de Carlos Marte! a dispersar na Provença
tado obedecia à lógica da situação , não deixava de ir co ntra a tradição ger-
os corsários árabes . O papa, portanto , não consegui u nada , a não ser al-
mânica, segundo a qual unicamen te uma raça provenien te dos deuses po-
guns belos presentes e muitas mostras de deferênci a .. . Aliás, Carlos , sim-
dia exercer o poder real em virtud e do Geblütsrecht, ou seja . do pri vilé-
ples guerreiro e bom manejado r da maça, não era capaz de pressenti r as
gio do sangue. Para legitimar o acontecid o , havia apenas um meio :_ a_pdar
imensas conseqüê ncias políticas da aliança com Roma : estava longe de pre- para uma autoridad e superior à da tradição pagã , isto é . para o rnst1anis -
ver a sagração de 800.
mo, para a Igreja.
Mas seu filho foi mais perspicaz . Diversas imagens muito conhecid as, Legados do prefeito do palácio fo ram enviados a Roma. para ratear o
já populares na Idade Média , gravaram na nossa memória os traços desse terreno e, segundo os cronistas do tempo, o próprio São Bo01fác10 se pron-
homem atarracad o , de arcabouç o possante , que, em virtude de uma apos- tificou a apresenta r a questão ao papa: " Convém chamar rei àquele qu e
ta , se divertiu cena vez separand o na arena um touro e um leão prestes tem O título do poder, ou àquele que o possu i na reali dade )'' O pap_a
a entrarem em luta . Com efeito, Pepino o Breve (741-767) era não só do- era Zacarias , um grego sutil , e a sua resposta satisfez os desejos de _Pept·
tado de um notável vigor físico e de uma inteligên cia realista, como o seu no . O Papado deixava , pois, de lado os merovíngi os. não porque uvesse
pai , mas possuía também esse instinto dos homens e das circunstâ ncias motivos de queixa contra eles, mas porque nada podi a esperar d:les para
que faz os diplomat as , instinto que legará a seu filho Carlos; e possuía a grande obra que vmha · preparan d o; no ve rao · d e - -) 1- São Bonifac10 pro•
ainda esse misterioso privilégio que a Providên cia concede a alguns homens cedeu à sagração de Pepino em Soissons. _
- para bem ou para mal - e que se chama sorte . Desde os primeiros Já utilizada na Espanha visigoda depois do advento de Wamba ·1, _a
dias do seu reinado , Pepino foi bafejado por ela : uma tentativa de rebe- sagração const1tU1a · , muno · mais · d o que u m s1·mples sin al de aprox1 maçao
lião tramada por um dos seus irmãos bastardos foi esmagada ; o seu irmão entre as du as potenoas , · ; a unçao - rea 1 - a bsolu tamern e distinta dessa oca-
·
· em di·ante d
legítimo, Carloman o, com quem tivera de partilhar o cargo, sentiu-se atra- s1ão , da unção o b arnmo · - si·g nificwa ~ _
marca r _a . realeza com
_ -----=--
ído pela vida contempl ativa e fez-se monge em Monte Cassino, o que lhe o selo da Igrej a. A instituição monárquica e-nco ncrava-se dali po r dia~ce
ão crnta_ d o mun d o. o Papa conced ia aos ca rolin-
. . .
permitiu reassumir o controle dos cinco reinos. Sem ser tão piedoso co- rnco rporada à orgamzaç
mo O irmão ,_Pepino era bom cristão - à moda da época, é bem verda-
de - , respeitad or do Papa e muito interessad o nos problema s da Igreja .
Fustel de Coulange s faz notar que , nesses meados do século VIII , houve
392 ( 14) Cfr. ca p V ar. A rtformd . pn nríptu fu 11dJmo11.JI d.1 /gro~ . firn
uma retomada do fervor religioso; aliás, é este o momento em que São Bo- . . P /' t l ú dJ !grt'JJ. l,rn 393
( 15 ) Cfr . cap. IV. par. O rrto m o d os ,m.:1nof ,;o 1
:\ ! G RE I \ \)\1 ~ 11-t-llll'- 11\RHA Ros O PAPA 00 E lJ i'-/ll ✓ lJ l\1Prt<IU 11(> r 1íl DENTF

gios uma investidura qu e nenhum merovíngio tinha tid o ; m as. ao m es - É aqu i que . convém
, .
referir um episódio s1ngu· 1ar CUJ.O p I h . , .
mo tempo , não ganhava com isso certos direitos sobre e les} , inegável : a h1storta da falsa d oar.ão de Co t . ' , ape 1stonco
e . r ns antmo E p , 1 h
via muito tempo , Circulasse por Ro ma uma lend . rovave q ue , a-
Zacarias morreu sem cob rar esses direitos . mas o seu sucessor , Estêvão , · d d - d , • ª - enxertada sobre O fa-
to autenuco a oaçao o palac10 de Latrão ao p . .
II (7 52- 757) . decidiu-se a fazê- lo . Crescia o perigo lombard o . Ais tulfo , 0 . d . apa 5 t 1vestre I, feita por
Constanuno - , segun o a qual o pnmeiro imperad • _ . .
novo rei de Pavia, acabava de tomar Rave na e ameaçava Rom a, e Bizâncio - d or cnstao ce na cedi-
d S extensões de terra , bem co mo o prima- .
limitara-se a responder a essas usurpações com uma si mples n o ta diplomá- do ao sucessor e ao , Pe .ro vastas
.
do sobre todas as ses patnarca.is e até ... o poder e di·g ·d d · ..
tica . O papa voltou-se para Pepino . Enviaram-se mensageiros p ontifícios , . , ni a e 1mpena1s , e
mesmo a clam1de de purpura . e o cetro. Como que por acaso, ve10 · a d es-
à Ausrrásia e delegados francos a Roma . No outono de 753, Estêvão II
deixa o p alácio do Latrão , atravessa os Alpes pela p assage m d o Grande ccbrir-se em 7 5 3, no preC1so instante em que Estêvão II tinha ido pedir
São Bernardo e dirige-se a Ponthio n , ond e se encontrava o rei . Previamen - ao rei franco que s~vasse Roma , um documento de dez páginas que rela-
te informado , Pepin o m anda Fulrado , abade de São D inis , sau d ar o Pon - tava a famosa doaça~, um belo documento cheio de pormenores bem ao
tífice qu ando este chega a Sainc-Maurice-e n- Valais , e em seguida envia 0 gosto dos contemporaneos, como por exemplo o de que Constantino era
leproso e tinha sido miracu losamente curado no di a da sua conversão. Acre-
seu próprio filho Carlos - o futuro Carlos Magno - para recebê-l o em
ditaria Pepino na autenticidade desse documento, como acreditavam os
Langres . Por fim , quand o o corte jo pontifício não estava a m ais de urn a
homens da Idade Média e como, mais tarde, acreditaria Dante ? Seja co-
o u du as légu as, ele mesm o va i ao se u enco nt ro, desce d o cavalo à vista
mo for, para quebrar o poder lombarda na Itália e para assegurar a alian-
do Santo Padre , prostra-se humild e me nt e diante d ele e . seg ura nd o a ré-
ça com o Papa, era de boa política faze r fé nesse papel , isto é, manter
dea da sua montada como um simples escudeiro, co n duz ao p a licio O ve-
as promessas de "Constantino" dando terras ao Papado.
nerando hóspede. Admirável e comove nte aco lhid a .... a que não fal ro u
habilidade política! Roma, Perúsia e Ravena, a que depois se juntou Commachio, foram
pois atribuídas a Estêvão II , n ão como um simples domínio , mas como
O pap~ e o rei pepinida são ago ra ali ad os: cm 28 de julh o de 75-l, um Estado . Fulrado , abade de São Dinis, depôs solenemente sobre o tú-
em São D1111s, o próp ri o Es têvão II co nfe re a un ção a Pe pin o e 3 05 se us mulo de São Pedro os documentos de doação e as chaves das cidades ced i-
dois filhos, declarando '' a natem atizado 10do aqu e le que n ão se su bm etc:r das . Constantino V, o imperador bizanti no , tentou inutilmente levantar
a eles e à sua descendên cia ". A reviravo lt a da "po lítiCJ ita lia na'" dos fran - objeções . Tinha nascido o Estado pontifício, que devia durar onze séculos
cos e o envi~ d as tro~as_ de Pepino co ntra os lom ba rd os er:i m que stão de (786-1870), ê o Papa era ago ra independente do Basileu 16 . .. ainda que
tempo . Se amda subs1st1:se alg um a dúvid a , um títul o que O pa pa co nce- já não fosse inteiramente independente do rei dos francos. Geograficamen-
deu ao seu amigo aca bana de esclarece r os espí ritos: P.11rií:io dos Rom,m os te, com a sua curiosa forma em halteres - duas massas territoriais, Ro-
Esta dignidade
. -
1 ,a d os exarcas
, que h avia s·do d e Rave na. não traz ia ·
· Lons 1-
ma e Ravena, ligadas pelo pedúnculo de Perúsia - , o Estado pontifício
go a obngação de defend er a Ci d ad e Sa nta? ainda parecia frágil, e certamente despertava nos Iombardos uma enorme
O assumo foi resolvido rapid a me nte . Sem qu alq uer co mba te séri o . Ai~- tentação de questioná-lo, logo que o pudessem fazer. De qualquer modo,
tulfo acenou as condições d e Pep m · o, cui·as tropas haviam · · :
cercado Pa\'la tal como era, a instituição do novo Estado já tinha um alcance considerá-
abandonou Ravena e o exarcado ao se-u ve nce d o r. que os rran sfe nu · im· edi·a- vel; envolvia o Papado em novos destinos, selava a sua aliança com a di -
tamente para a "república rom ana". Mas ass im qu e os so ld ad os francos nastia carolíngia e fixava de forma definitiva a política franca para com
cruzaram os Alpes rumo a casa, A·1sru 1r10, se nr1n · d o -se Já
· m ais aliviado. es - os lombardos . E, para o filho daquele que acabava de tomar essa frutuo-
queceu os seus compromissos·. nao - so, nao - entrego u Rave n a ao p ap a co- sa opção sobre o futuro, iria criar em breve uma contrapartida de excepcio-
!
moEe~ º de janeiro de 756 voltou a pôr ce rco a Rom a . Novas qu~ixas
d e stevao II Nova · - f
nal valor.
M d · incursao ran ca. N ova rendi ção rápid a dos lombard os .
as, esta. vez ' tomaram. -se as d ev1"d as precauç ões . Para qu e o Papa fi cas-
se ao a b ngo de outras m vestid h . - .
nar Ih · . . as OSC is, nao se na conveniente p ropo rcio- . (16) Até essa data, os papas costumavam datar os s~u_s atOS oficiais seg un do os reinad o, do,
- e meios matena1 s de agir d . imperadores b" ·
1zanunos.
A • d
pamr e 737 . as
dat"' 1·mpen a,s passaram a ser negligenc iadas.
- . •
t cn,
.
Estad ) É • . ' tornan o-o ve rd ad eiramente um ch efe de 77~ o papa Ad · d , mpo pelos anos do imperad or do O ncnic t pt ·
o. assim que vai surgir d .d O , nano atara um ato ao mesmo te 395
394 tifício . ' ev i a pressão lombard a, o Estado p on- 1os do " patriciado" de Carlos Magno .
1 Ili PÉ R I O GER MÂ N IC O O PA PADO E O NOVO IMPRRIO 00 0CíDENTF

Gemtbro
SUIÇA

/
,,,,. - -----.. . --- -- --- ------ -- ---\
TI ROL
REINO
HÚNGARO
Perfil de Carlos M agno
0
Lyor, SAVÓIA /
\
/
I
o MHóo 1 Tinha soado a hora do homem providencial que O o c1·d ente esperava
Ve ror,o Venezt'I. \
/ turln 0 Po"vio /Mãn!Uo • - ~ daquele p~ra quem haviam t rabalhado quatro gerações dos seus e tant~

~~~
I•

(
1

\
!

\
o•novo
.,,,. '~
~.;-:~f ~ i ;veno
ºForli
\}
~
circ unstâncias_ concordantes, d_a qu~le qu e dari a à Europa bases novas nos
quarenta e c1~co anos do mais_glorioso dos reinados , que poria um pon-
to final na cnse ab~rta pelas invasões bárbaras e devolve ri; à civilização
possibilidades esquecidas , marcando a histó ria com um selo que ainda ho-
,~ ~ ~
\ Nice )
je trazemos gravado nas instituições. Carlos Magno ! Este nome, consagra-
----- TOSCANA ~
do pelo uso, em que o qualificativo honorífico de " grande" se funde com
17
0 velho prenome pepinida , tem na sua própria conso nância um elevado
5k>no •Peruso •\ na
valor simbólico : a grandeza está ligada a esta personal idade como a casca
friA-\. ºrvj•to ~•to \·. à árvore , e não podemos esboçar esta " figura de proa" sem nos lembrar-
mos de que é de uma estatura que poucos igualam .
CÓRSE G A ~
Quando Pepino morreu , em 768, seu filh o mais velho Carlos tinha
\ I Civltav ~ ~ li.ama

"'
_,,.

Ponte -
'\.
Lucero --
. <./
vinte e seis anos . Que fizera este rapaz desde aquele dia de 74 2 em que ,
nalguma das vilas reais da Austrásia , a filha do conde de Laon, Berta -
""'-. Go eto forvo a "Berta do pé grande" das canções de gesta - o tinha dado à lu z) N in -
~ •S.n.vento
\.,po1e, guém o sabe, e muito menos Eginhard , o fiel cron is ta do seu reinado ,
"'- 7 Amalti que se mostra misteriosamente discreto sobre a infância do seu he rói . De-
J REINO ~Solemo Tarento
\ OA
\ -e:.,_.., \ vemos ver nesta reserva a prova de que Carlos teria experim entado uma
SARDEN N A

"'------- \
\/ certa vergonha por ter nascido fora dos s;grados laços do matrimôni o ,
uma vez que o seu pai somente se decidira a desposar Berta em 749? A
sua situação de bastardo - bastardo legitimado , mas bastardo - perm iti-

)(\ ria assim explicar ao mesmo tempo , por um complexo de inferioridade,


um certo ressentimento e uma espécie de animosidad e ciumenta - se nti-

'
', L
_

• P.o ~ o ~u ~
/ CALABR,I A
mento que Carlos não ocultava - para com Carlomano , seu irmão mais
novo, que nascera após o matnmônio.
Aliás, não é somente no campo psicológico que o irmão ma.is novo
',
-te~
..,/ -- ''- REINO DA
SICILIA
(/
I
deixa Carlos embaraçado : a partilha do Estado franco . orden ada por Pep i-
no segundo os mesmos princípios que haviam sido tão prejudiciais _aos
LOMBARDIA CJ / "" Siracusa
merovíngios , imbrica as terras dos dois irmãos de uma forma bi zarra, 1;11-
ESTADOS PONT/FICIOS CJ pede a grande obra da unidade, separa o mais velho da zo na de influen-
DUCADO DE SPOLETO
DUC~DO DE BENEVENTC!l_
IMPERIO ROMANO DO ORlf NTE
CJ
CJ
t::J
A ITÁLIA E O ESTAD O PONTIFÍCIO .
-
O 200
~
800 12001cm.
cia na Itália _ porque só os domínios do mais novo ch egavam até aos
Alpes - e prepara, evidentemente , a riva lidade entre as duas capnais vi-
zinhas, Noyon e depois Lao n no caso de Ca rlos , e SoJSSons n_o caso de
Carlomano. Mas três anos apenas tinham passado quando a inesperada
. . , ave Agarrando pelos cabelos
morte d o mais novo veio por termo a esse encr ·

_ _ lín uas latinas. O term o Carolus Magnus,


_( 17) Pelo menos em alemão , em france s e nas
possivelmente usual já em vida de Ca rlos, parece ter si O
·i
escr ico pe la primei ra vez cm 84 1. po r
397
seu neto Nithard, na Histoire des f,ls de LouJS le P,eux
A l~, Rl·] A l)():S 11 Ml'<l'- ll AR II AR(\\
() PAPADO F. (J NOVO IMPÍ'.RI() IYJ fJ( ,lfJf: 'iTE

essa prim e ira oportunidad e que º. acaso_ lhe ofrrcc 1a , e tendo ~ido afa~1ado,
da sucessão 05 doi s filhos do falcndo, a inda lílanças , C a rl os rc 1v1nd1ca a he- fi lho te . Um apet ite q ue um.i le bre inreir;i ' com um cortqo
.
inco p ratos, m a l pod ia d
contentar . F, um tc mp , e quatrc, riu
rança do seu irmão e re faz cm seu proveito a unid ade do re m o p a te rn o . e . erd.men trJ que
no no mand am e n tos não co n~cg u1rào conter dentr0 d d .d rJ •se~to e o
Esta rapide z em tirar partido dos acon tecim e n tos, este se ntid o exato os ev, os 11 m1tes
In tel ige n te ? Com certe za , e de uma intelivên c· . ·
da decisão a tomar o u do gesto a rea lizar - m es m o qu e, co m o nes te ca - . f
mos no co nh ecim en to pro un do que tinha .
dos
"
homc:n,

supenor , se pensar-
f . .dad
so , a m o ral estrita sofra algu m desacato - , co nstitu em já um a p rim eira . . d . ,.., , na a.c1 1i e com
p rova d a sua g randeza . Durant e toda a su a vida , Ca rl os se rá ass im : ráp i- q ue sa bi
.
a ap roveitar-se os acontecim entos na imensid d d
. . ef
' a e as tar as que
do , cl arivide nte , ené rgico . O seg red o da su a o b ra inco mpa rave lm e n te fe- conce bia e d as emp resas q ue imagin ava . É óbvio que não era um intelec-
cunda res ide nessas qua lid ad es instint ivas , a servi ço d as q ua is um vigo r ir- tu al; a cad a um o se u p ap el . Falava normalm ente (J vermánicr · h-
"' J . t Jn a
red u tíve l desenvolve u ma prodi giosa at ivid ade . Ho m e ns deste t ip o cos tu - aprendid o um po uco de latim e arranhava o grego . Gosta·,a de ler ou de
que lh e lessem certos livros , embora nos custe reprim ir r, pensamento de
m am co nfi ar excessivam e nte na fo rça qu e se ntem d e n tro de si e p assam
que , se a Cidade de Deus era o seu livro de cabeceira _ como asserura
a agi r p o r agi r, u ltrapassa ndo os se us limi tes ; m as não fo i assim com o 0
Eginhard - , d evia po r vezes sen tir uma certa falta de ar. .. Mais do que
filho do p rudente Pepino. N un ca - pense m os na sua p o líti ca es p an h ola
uma verdadei ra cu ltura pessoal , o que Carl os Magn0 pr,ssui é. junco com
- ele se deixará levar para além d as suas p ossibilid ades im edi atas , n un ca
a sede de saber , o sentim ento exato das hierarquias da imeli géno a. o res-
cederá àq uilo que os g regos ch amavam a hybns, esse narcó ti co ofe recido
peito pela instrução e po r aque les que a distribuem . e o desejo rie utili -
ao triunfado r pelos de uses cium entos. E há n ele o utras q u al id ades co mp le-
zar os resul tados p olíticos para bem do espírito . Tem incomesta·,elmente
mentares que definem a sua g rande za : prudé ncia , m ode ração , sentid o re a-
em al to grau , o sentido d essa necessi dade do mome mo q ue € a instaura-
lista das possib ili dades e d esco nfian ça dos gestos irrefl etid os . Mais d o qu e
ção d'c uma cultura nova , e este é um dos pon tos em que o seu génio
César ou Alexandre , Carlos Mag no lembra o im perad o r A ug usto .
brilha com m aio r ful gor .
Estes dados p sicológi cos , q ue se extraem facilm en te d o tex to de Egi- Esteve ele qu alifi cad o tam bém para realizar o esforço moral que o re-
nhard , com o também d os fa tos p olíticos d o se u rein ad o, le r-se- ia m nos nascim ento de um a civil ização pressupõe , ao menos cm cena medida; A
tm;os fisionó m icos do ho m em I G eralm ente, gostam os de q ue a grand eza resposta não é sim p les. N ão há maior absurdo do que Julgar um homem
resplandeça no rosto daqueles q ue tém o p ri vil égio de p oss uí-l a . Era este do século VIII p elos p adrões que o século XX proclama - aliás, violando•
o caso do mai o r dos carolíngios i A bem da verdade , não p odem os dizer -os da mesma m an eira , m as com menos franqu eza e si mplicidade. A sua
m uita coisa a esse respeito. O qu e parece certo é qu e Ca rl os Mag n o não m oral continua a ser cm larga escala a de um bárbarn . e, q uando a polí-
foi o co losso "d e barba fl o ri da " qu e a Chanson de Roland im ortalizou : ti ca se mete de p erm eio , o resultad o não coscuma ser dos mais conformes
a estatu ra gigante sc a é um exagero do p oe ta , e a barba um an acroni sm o com a lei d e Deus . Poder-se- á acaso justificar o afastamen to dos seus so -
devid o a mod a bi zantino -ára be q ue , no sécu lo X , pint ará barbaças a bu n - brinhos do tron o d e Soissons , ou o massac re sistemático de ci nco mil _pri-
dantes em todos os oci dent ais notáve is. A céleb re esta tu eta eqü esu e , h o- sioneiros saxões qu e o rdenou ? De qualquer forma . o que escava em Jogo
je no Lo uvre , que muito p ro vave lme n te represent a Carl os e q ue certam en- nos dois casos era de cal im portância que . pel o menos aparememem e . ª
te data do súu lo IX, e o m osaico conte mpo rân eo d o Latrão que m ostra rigorosa obediência ao Decá logo poderia ter ocasionado cnsces resultados .
o imperad or e o p apa ajoelh ados d ian te de São Pedro , d eixa m ve r um Q uanto ao compo rtam en to privado, é tam~ém o da sua ép~a: 0 homem

hom em entron cad c, , baixo e gordo, com um bigode comprid o e farto. Es- vigo roso qu e se caso u q uat ro vezes , e que posSi·velmerue nao ceve menos
ta é , aliás , a impress ão com qu e se fi ca ao ler o cro ni sta Eg inh ard . Com d e dez o u d o ze am antes , ce rtament e d a, moScras , nesce. aspecto · de cosru d
-
. , . A de Aix-la-Chapel le. on e
um co rpo robusto , o and ar seguro , o asp ec to vi ril e a voz e n é rgica, Ca r- mes m a is bíbli cos d o qu e evangclicos. cone . ·
.
los é fis icamen te o q ue ?. sua ação traduz . Saú de exce lent e , qu e n ão d e- os escâ ndalos das filh as do imperador se miscuram_ com_ as 116emnagens
d0 ·
cairá sen ão nc,s últim os q uatro an os - fa to para o qu a l os m edi castros pai , não constitu i p ro pn•amcm e um 1u gar de ed1ficaçao .. ·
da época e as suas excessivas d ie tas não terão d e ixad o d e co ntribuir. · · . d ue a moral pessoa l - pe 1o me -
Para um sobe rano, po ré m , mais O q •do Carlos não permit iu
~ m go st0 acenru_ado pel os exercíc ios físicos, pe la n atação, p ela caça e p elos n
os quando não repercute na po I'm·ca, e neste .
se m i .
so bretudo são os pnn -
Jogos vJO lcn tos. As vez es , agarra co m um a só m ão um d os se us m as rins, se- q ua 1quer m • , . , 0 que importa
ge re nc1a as mulheres - . , . u comportamen to ofi- 399
398 , • .
gura- o no ar com o b raço estendid o , e joga -o pa ra o alto com o se fosse um cipi os morai s que ele acha d ever por em prauca no se
• nn E O ~ O\ 'O IMPÉRIO 00 OCID2'TE
o f',\ rfU/~ -

~•a Lei ", convene esse ideal numa 5uprem . ,


e:.;;._ _,:'e':.:".: v,r.:0 g:rm~ ~b<-rwo UM>Ã concclt~ cbros Humilde cm
0 ~
JA
,.. . l a e--.u"encia G .
o:ú maç.ão no p ano pessoal. talhado a t>olrv-c ; ~ ·, m cr,s~ p,r.,r
c-rrr, !~::·1.ó: - ct.::cimcn,"= hJmtldc - . nunca cede à tem.ação do fau s- apr . e 1 , <> ,,~ , 1.;, 1112.üiad 1
._,, r.:.:.~ w1:1cz.15 a:.c~~r-,.._s c.:._s gl-0,íolas não ~~urá " senão uma ve-z ' a ira gerrnámca _. ar os e. no plano da 0, .,t<1112.
,. , • ~< rú. :u g-J<.,a
..:r,, 2 ...... _ •
ma de
ç: :.q : _::. ,r,rr.~a ~ .__ t 1te i:icr:..m. c011forrnt: :ü~gur;; - talve z com um Pou - ,.us como Salomao. como VJn,um inrJ. u1 rr,,1 J ... ·- ~ ·--~rr-.1...n_;;~ r:~
D~ , . ~-dfi ~ r , ~ -r.:
r.r, t1 c c-.ugcrr, - r, :~ J 610grafo . e detestará wdo o cerimonial , Lui\ X / V mo de mi ra uma po1,uu. autentícam":nti: CIGtâ • 11'-- ~ - ,i - ·ª u,rr_-,
.,pc~_. . . _r,c., :'e"..:.: -:-::"~ -
p<J
r:~-,, '/:d ·:eu '1C'ltr1rJcr:1t n~tt: a:,pccto Outra vi rtude cri5Lã. Carl ~ dá tOS -
rr.ú'.·r~-~ de um granrfc ~pírno de equidade . Um porm enor, possive lmen -
t ". • .r.gv;r, r;,: kr;a ;; m:.:, belo e ,1gn1 fi cat1 vo , di z que man dou colocar a
pr,n;, dr, '..CU palú1r, um sino que tc,do aquele que viesse rec.lamar justic,a A U; r r;a de f errr1 q r., EstadrJ pr_mt1fíc1r_,
pr,dc:1;, u .. ar ~ qut ltrtr, di a um velho caval o que tin ha sido abandona-
d,, f,Jl 1 JLl rfa cr, rrfa r· Cario-, .\fa.gno mandou pu ni r o se u an tigo dono o primei• ro problema que teve de enfrentar ao on;,ir e.
. ,ranca
-"- co,oa t
v,r '.<: rr:r f>',rr;,,fo rú, m:il p:. ra u1 m um búm e fie:! servidor. Este homem fo i O da Irá.lia, d e Roma e dO:S lomb:ardos. :\"esse pruoo mowemo qlle5- a
·n,,lcnu1 rr-rn. ,· I n,LS SU <L\ <6 lcr;,_s , rn mhatc tanto q uanto pode as violên - tão estava bastante embrulhada por culpa de sua mãe . a ra.rnha & ru. E;..
' ,;,:, í"f1flmr '1~ 11... mu lr ,,s c 1rnpcdc a.s gue rras privad as : nccessita da ordem ta mulh er d e boa cabeça, justa mas excessivamente p;eoc.1pad;;, cc,m 2. 51 _
f,úL I" a r,.r~ a ·.ua grande ,,b ra. Os scu_s csrnrrcgücs no campo da mora] ruação criada na N tustrí a 1" devido ao precário entendimento enue 05 seus
prr v ;u/;, n~fJ 1n fl uc m, p<1is, na.s rigorosas Jc is q ue: p0c cm p rática no cam - dois filh os , tinh a posto em prática uma diplomacia de paz a ,odo O cus-
p<, Ja mr,ra l púb lH ;i ,
to com os lombardos, a qu e, ali ás , a incitava o asrucioso Drndén0. rei
Tudo 1w, e omtitui o retrato clc um cristão ( Certamente n ão, pelos de Pavia. Desde que sucedera a Ai.srulfo em 756 , com o apoio do abade
nc,ssm u11énos, rn esm<J lcvand o cm co nta o farisaísmo e a hipocri sia de Fulrado e a bênção do papa Esté vão II , o amigo duque da Toscana havia
ur~a r 1vil1 13çào ' .· mai~ ava nçada"; mas, nas perspectivas do se u tempo, proclamado bem alto a pureza das suas intenções . ao mesmo tempo que
.J t: tcrto pont <~ sim . l lomcm de fé, rigoroso nas suas orações e nos se us manobrava para cercar Roma e estabelecia em todos os países vi zinhos
JCJuns (q ue muno ( U)tavam ao seu fo rmi dável apctíte), Carl os é bem aqu e- uma rede de alianças famili ares que - segundo pensava - faria dele o
le: _qu e º: cronista; mu~ tram assistind o com gosto a un s ofíc ios intermin á- mentor do mundo germânico . Uma das suas filh as era duquesa da Bavie -
ra, a outra duquesa de Benevento, e o seu filh o Adalgiso tinha desposa-
ve is e mistu rand o a sua voz fo rte com a do coro. Os clérigos gu e o cerca-
va m lembrava m-lhe: co m frcq üência a necessidade de viver segundo os pre- do Gisela, irmã dos dois reis francos. O remate de rodas essas manobras
ceitos de .Cmto ·• um del es , chamado C·aru 1,o, c num a carta muitas · vezes c1-· parecia ter sido atingido no momento em qu e a rainha Bena casou o seu
~
iada, tn sin ou-lh e pe rfeitamente gu e dev ia refe rir tudo a Deus e amar so- filho mais velho, Carlos , com Desirée , filha de Desidério. O papa Estêvão
bre tod as as coisas Agucle que o urara · d o nad a, qu e lhe confiara o encar- III, mais clarividente neste ponto do que os seus predecessores ES1évão II
go de gove rn ar e gue lhe havia de pedir co ntas na hora suprema. Foi com e Paulo 1, protestou em vão, alegando como impedimemo que O jovem
, .mestre g ue ear Jos ap ren d eu a ter sempre ao alcance da
príncipe já vivia em estado de co ncubinato público, o que . na época, era
('Ste_ excelente
mao um a Bibli a e a ler tod os os d ras . uma passagem do texto sagrado . considerado um "casamento consensual " ; na verdade . porém. 0 papa aper-
., .
Ali as, o impe rador chega fj fid . . c:bera-se perfeitamente de que essa união consagrava o abandono da polí-
, • a a trm ar gu e a I e1idade cnstã é o eixo da sua
po 1iuca , e uma das suas capa. u 1ares mais . f tica franca na Itália e punha em risco a salvaguarda de Roma. Carlos . ~pe-
. . am osas, a A d m oestação geral . · d ob rar- se a, vo nrade da sua ene rg1 -
d e 789, co nstrtu1 um a expo · - rf, · d ·
sar do s seus vrnte e crnco anos, parec ia
. siçao pe ea a os el ementos sobre os qu ais de-
ve assentar uma sociedade crma · - F · ca mãe; mas, em surdina , estava a roer a corda. . _
. aze r v i ve r os se us súditos em perfeito . _ 7? l lhe deixou as maos
acord o , estabelecer entre os h . . Q d
uan o a morte inesperada de seu 1rmao em . A sua
d - -- - - omens a concord1a paàs, lutar ac ima de tu-
o contra os males que ass0 I e ~ .
livres na sua propna d ·d· mudar de amude •
, . am a te rra , a 10me , a crueldad e e a injusti- casa , Ca rlos Magno en iu
ça - este e o ideal desse sO b , l
tido um a ~rano te m ve , cujo rein ado talvez não renh a
no sem guerra O ideal 1 ( I S)
, h bém kvJdo 0 5 seus fi lhos a esco·
vocação cristã · ' pe O menos , corresponde bem a um a lhe
3 1
E provável que a influê ncia da ra inha Bena ien . ª°,1 _ na Aumási a. faro que reve·
. e a certeza profu nd am . d r com o · · · d
cap11 a1s Lao n e de Soissons. m ua as na
Nêusrna e ia nao
d
·
d a política germano- roman a l
• ente arrarga a na alma deste homem , la
~ºº " de oc
upar o 1ugar de Deus so br
e ª te rra e de ter como tarefa a exaltação
um a te d, .
d p . n enc1a d a p o líti ca a avança r para o oeSie.
aban onan o
e ep in o, que seria m a is tard e rero mada por Ca rl os Magno.
40
'\ li , Rl· l '\ 11 <1 ~ 11 MI'() , 111\H ll l\f((J , AfJíJ r !J ~I() '/(> IMP'fl f?Jr1 í1 1 , r,r rriF:--rrF
n pAP

jovem cun hada refugiara -se com o~ cfo 1~ fil lws ~m- P:lVia e depo is _cm Yr to , d<J 5t ri o , prostrandr1 -,f' depo 1~ r1i a ,J
deg rau nte 110 altar d Co
na de onde levantava protestos contra a cspoliaçat1 de que as r n anças li a. ' lo enq uant<J o, coro,; can tavam Ben:l ª nfissão do
Apo~to ' - r tto aq ue le
via'm sido vítimas : prova - se Ca rlos precisasse disso - d a existê ncia de do Senhor ''! /\ seguir , Arlriano confirmou que vem em no-
me . fi
intrigas italianas contra o re i franco . Por outro lado , a pressão dos lombar. Rom anos, e o rei con 1rmou ao papa a d 0 _re1 dno título de pameio , .
dos d d ' oaçao e Pepino
dos co ntra Roma e contra o jovem Estad o pontifício tornava -se cada vez -a A ali ança o Papa o e üO pepinida estava no 1·
, amp tan-
do . , .
ma.is intensa . Um episódi o eirtremam ente penoso aca bava de mostrar até , ra-se a polm ca que h avia . l
evado O pai a coroa
vamente selada ·
ma rea 1 e que 1a co dreto-
. ,
que ponto o poder temporal do Papa estava ameaçado . Em 768, após a filh o à do Impéri o. ·
0 n uw
morre de Paul o I, o duqu e romano Toto de Népi instalara à força no tro- Dois meses m ais tarde , a iesistência lombarda desab
. E .
no pontifício o seu próprio irmão Constantin o, um leigo , e Desidério in- 4 Carlos fez d ou. m Ju nh o de
77 , a sua . entra a numa Pav1a completam ent e exausta evan-
terviera para liqu idar esse intruso; mas o partido lombardo também ten- do a seu lado a sua Jovem '' esposa'' Hildegunda enquanto D ·d,' .1
tou impor o seu candidato, um ce rto diácono Filipe , e foram necessárias , -- , . , _ . ' es1 eno par-
tia para o ex1ho em Corb1a. E enrao que Carlos Magno reali . .
carradas de diplomacia romana para que , por fim, uma eleição regular ele- , . . za o pnme,-
ro grande ato polmco da sua carretra : em vez de deixar um re i em Pavia
vasse ao Pontificado o papa Estêvão III 19 . Quase ao mesmo tempo, em avoca a si a cor~a de ferro dos lombardos ir,, ao que parece com apoi~
Ravena, um pauiarca chamado Leão tentava formar por sua conta um Es- O
de alguns dos elas lo_n_:~ardos e do clero . Estava assim lançada a primei.ra
tado pontifício nesse exarcado. manobra em que também andava implica- pedra d~o grande ed1fa10 de um mundo germânico unificado. Dali por
da a diplomacia lombarda . Quando Adriano I , um patrício romano enér- diante, Carlos usará o título de " rei dos fran cos e dos lombardos e patrí-
gico, ri co e douro, plenament e imbuído dos direitos e deveres da sua sé, cio dos romanos por graça de Deus'', que figura já num documenco data-
sucedeu a Estêvão III em 77 2, a desconfiança do papa e a do rei franco do de 16 de julho de 774 em Pavia.
co ntra os lom bardos puderam fazer causa comum . É então que ocorrem
Deixa-nos atônitos a facilid ade com que Carlos conseguiu impor-se à
dois gestos significativos: o papa negou-se a apoiar as reivindicações da viú- Itália. É verdade que , dois anos mais tarde , ceve de ,·olear à península
va de Carlomano quanto ao trono de Soissons , e Carlos Magno repudiou
para aniquilar a rebelião dos duques lombardos: o de Benevento, genro
Désirée , sua esposa lombarda , enviando-a de volta para Pavia . Abandonava- de Desidério, e o de Spoleto , ambos aliados a Ada1giso , filho do desuona-
-se assim, brutalmen te , a política de Berta , e voltava-se à de Pepino. do que, bem visto por Bizâncio , tentava recuperar o trono Bastaram, no
Desidério não alim entou ilusões . Ripostou declarando nula e sem valor entanto, duas breves campanhas para encerrar o assunto . :\ Itália do nor-
a · 'doação de Constantin o ", e , na primavera de 773, ocupou Commach io te ficou solidamen te dominada , e o ducado de Benevenro foi deixado in-
e Faenza . depois Gubbio e Urbino, marchando sobre Roma pelo corredor dependent e, submetido apenas a um controle moderado . porque o acila-
do Tibre. Como estavam cortadas as vias de comunicação por terra , Adria- do político Carlos logo compreend eu a utilidade desse esrndo-tampão, que
no en viou por mar uma embaixada a Carlos, pedindo-lh e que entrasse lhe poupava ter de entrar em contacto direco com as possessões bizamina.s
em ação. Em julho de 77 3, depois de se conce ntrar em Genebra, o exérci- do sul. Em 780 , seu filh o Pepino era nomeado rei dJ lcil1a Rodeado de
to franco auavessou os Alpes pelo Mom-Cenis e pelo São Bernardo, lan- sólidos conselheiros escolhidos pelo pai, o jovem soberano não passava de
çou -se sob re a re tagu arda de Desidério , saqueo u Vero na - onde os filh os um administra dor de alto nível ; mas , de qu alq uer forma. eS tªva dado 0
de Carlomano fo ram presos - e bloqueou Pavia, onde o rei lombarda, primeiro passo para o sis tema de um Impér io federn1vo com que Carlos
cercado , resisti u durante seis meses. Magno so nhava .
Em Rom a, na Páscoa de 774, uma grandiosa cerim ôni a recebeu triun - eom etettoe ·
o vencedor d e D es1·d eno , · era o ver dadeiro ,enhor da ltá-
falme nte o fran co vitorioso na basílica de São Pedro: abertos em sua hon- lia Q '. . , · · confirmados os seus
· ue pensaria di sso o papa ) No plano pramo, via . d de-
ra os trés portais, Carl os aproximou-se e beij ou piedosame nte um a um os poderes. Ampliada a doação de Pepino, estabeleceram-Sé li nhas e
ma -
rcaçao entre a zo na de expansão ponu teia e ª d0 fran .
·r-.
co . A fronce1-
·
ra d ,
os pa1ses "pro met idos", conforme o LI ber POl itrficJIJJ. 1'
era a seguin-
( I1'.I). foi_ dc pr, i, d~<r n g,a, e• ~ te1
' ' ,n, 1·•,en
p · 'J Uc o (.,1,nt -il1·0 de Latrãri de 769 pr,,,b,u · · qu e qu - 1
ri u _r c1gc, a.prCY:nt<L':~(: a ILI~ r· nd ,
ncqu1ve .
- l A
u1u rp~d,, dt ( ,
• H,tur, . ar, trono
pu11t1·r- 11 ·
10 der1sao ai,·~, ma1· , · a f j <J qua C·
1 1er,m ( 20 m .u, c~t ítva
v· . ·d Ih •· .hn
· '
trrrr,1n r1u rlc fr,rm~ bru,a l· uma v,·z de riosw , fo ram -li ,t.
od.1.1
rc .i ,. .i.., (Oí0"-1 1

u , os rx ri 'n , e alg un, d,~ ,tant1n1J fiC ·


r) _
1 u11
1a<l -,
l.ernbrcrnu -nos ele ciuc c~ta trl feita de ouro. _cornu t d fun dido um
1
) u avo da ve r•
402 icrnpo po ,
'
, . · .eui 1 11 u ·, narn arra rn :..<l,,1 01 olhos e a língua . Pa11a rl u puu <º
rcm , ,,s rcspomav,·1 \ "Or r1 • r 1 h,
cl ~d • ' ~ >rc um aro el e fr rro no qual , ,q(undo se ,z, ·
0 d J unha " " 403
r t ll a Cruz.
,. - -
.
, 1r0 rrs rn ram pr,r , ua vrz vH , .
J,,,
1rn a, , mc1m1,1...
I F. (1 Nf JV(J IMPFRIC1 íK1 r 1Cff)Fl\ffc
() p.A P/I 10 e.

. S ·
te: partindo de pe21a, atra,,es·ava
-~ 05 Apeninos, englobava Parm a e Mân-
. 1· . " . , das .
l adainh as mai ores de 799 11 , quando
. - cava 1gava a
tua todo o exarca d o d e Ravena " nos seus anngos ,1m1tes - isto e, an- fo rm e o antigo costume , Leao III foi assalt d d fre nte da procissão .
' - d L'utprando -
. con d d . a o, errubad d
tes das anexaçoes e t Veneza e a Isma. Em termos um . moíd o a panca as e espoJado das vest . _ . 0 a sua rnon-
. ' tart a, , es
não lh e co rtaram a lmgu a nem lhe vaza ponnf1c1as·' por um mila-
, ,
· gos prometiam -se igualmente .
pouco mais va , a Santa Se , por um lado a gre,
, ' ram os olhos ' · .
eorsega e, por outro , os ducados de Spoleto . e de. Benevento . Em . dire-
. ntin a. Acusado de toda a es pécie de víci os e cri
za e . ' ª maneira b1-
- a, Ita-1·ia do sul a fronteira continuava 1mpree1sa . Este reconhecim en- d ' '. 1 d , • . mes, io1 preso num
çao , ento à espera e ser JU ga o . Felizmente para el . con-
. v d
to do Estado pontifício , por parte do homem q_u e agora dommava .ª Eu- om a ajuda de uma cor a e chegou até Spoleto onde' conseguiu ' d
evadi
r-se
e 'd
ropa, constituía um fato capital. Mas, p?r mais co~tente que _estivesse, das, e em segui a correu a Paderborn , ao enco' ntro edpo e. tratar as feri -
poderia um papa da envergadura de Adnano I considerar sufioente esse . 1 ., . o rei Carlos , para
P
edtr-lhe que o reco ocasse no trono ponuficio . o rei b
resultado? e designou-l he uma escolta de soldados e de altos funcion'raçou-o ª chorando
. . . . ·
A sua posição era cenamente muito delicada. Estava em conflito aber- anos que O acorn-
p anhanam a Roma e o aJudanam a reinstalar-se no trono pOntl·f,ICIO . .
to com o Império do Oriente por causa da querela das imagens, e além É então que ocorre um episódi o de importância capital
disso sabia muito bem que dependia dos exércitos francos, pois sem a pro-
. . , que I·1 um1-·
na com .uma luz mend1ana o fato mui to mais célebre da coro -
. _ . açao que se
teção destes o seu pequeno Estado não pesaria muito em face dos apetites vai seguir. Em que cond1çoes se reinstalaria o papa na Sé pontifícia) Vis-
sempre renovados dos lombardos, apoiados por baixo do pano por Bizân- to que fora vítima de um atentado odioso , teria sido suficiente restituir-
cio . Mas também não queria que esta proteção degenerasse em sujeição e, -lhe os poderes e castigar os autores do atentado co ntra a sua pessoa. Mas
como político sagaz, media perfeitamente o perigo. Quando Carlos Mag- não sucedeu assim. Tendo voltado à Cidade Etern a no outono de 799,
no desceu de novo à Itália em 786, para chamar à razão o duque de Be- Leão III foi seguido pelo próprio Carlos Magno um ano mais tarde. Espe-
nevento, e celebrou o Natal em Florença para depois visitar Roma , a Itá- rado a vinte quilômetr os de Roma pelo papa e por um gigantesco corre-
lia inteira teve a impressão de que o Papa contava bem menos do que jo, e recebido a 24 de novembro com grande pompa nos degraus de São
este robusto soldado, que passeava pela península como se fosse proprieda- Pedro, o rei franco parecia celebrar um triunfo. Que vi nha ele fazer em
de sua . Além disso, dos territórios prometido s em 774, alguns evitavam Roma? Um cronista di-lo sem rodeios : '' proceder ao exame dos crimes
cuidadosamente integrar-se de fato no Estado pontifício : Módena, Mântua, de que o Pontífice era acusado ''. O u seja: o so berano leigo erigia-se . se
Vicência e Verona nunca chegaram a fazer parte dele , e mesmo na Sabi- não em juiz, pelo menos em crítico do comportame nto do Soberano Pon-
na os funcionários do Latrão encontravam menos receptivid ade do que os tífice.
dos francos . E a correspondência de Adriano reflete claramente a decepção ,
Não há nada que mostre mais claramente em que grau de dependên -
a m·ágoa e uma mal dissimulada irritação.
cia do poder franco se encontrava agora o sucessor do altivo Adriano I.
Adriano I morreu em 795 e Carlos nunca deixou de prestar homena- Fosse como fosse, não se ousou fazer um verdadeiro julgamento do papa ,
gem à sua memória ; mas as circunstâncias logo haveriam de mostrar até mesmo que fosse apenas com a intenção de o ilibar; Alcuíno havia lem-
que pomo o Papado agora dependia, quer quisesse, quer não, do rei fran- brado ao seu senhor o célebre axioma que vinha do tempo dos desati nos
co . Leão III, o novo papa, era também romano, mas não descendia de do papa Símaco e do antipapa Laurêncio: " A Santa Sé não pode ser jul-
uma linhagem ilustre como o seu predecessor . Homem do povo, honesto gada por ninguém' ' . Mesmo assim , no dia 1° de dezembro reuniu-se na
e santo sacerdote, tinha contra si a camarilha do exercitus romanus, co- basílica de São Pedro, sob a presidência do próprio Carlos Magno , uma
mandada pelos próprios sobrinhos do papa falecido . Logo que foi eleito, ;sembléia de prelados , de simples clérigos e de dignitários _lei~os ,_ e em
Leão III apressou-se a. comurncar
· e
a ar1os a sua elevaçao- ao ponu·fiica d o, 3 do mesmo mês Leão III teve que submeter-s
e à rude obngaçao impos-
prometendo-lhe fidelidade e enviando-lhe as chaves da "Confissã o" de ta pelo seu protetor e jurar que " não tinha perpetrado nem ordenado os
São Pedro e um pend -
ao com as armas d a cidade
· de Roma. O re1· f ranco
respondeu-lhe nada m (21) L b . . _ isca que se celebra em Roma
enos que com uma carta em tom grave exortando- o d' em remo-nos de que as Ladainhas mai ores sao uma e
• .. d d a soknt.dade pa g-a das Robaglia:
110
a comportar-se honestam 1a 2 ~ d b.
. d ente, a o bservar os cânones e a governar
'
a Igreia
. saía-se e a n 1. Nessa data , organizava-se na Anugu i ª e . r um corde iro em honra
pie osamente! ... Mas _ . . da v lhem procissão da cidade, e ia-se baseante longe . ao campfio. idmo1ª, ulo VI "barizou" esca
, as precauçoes que tomou não 1mped1Cam - e talvez e a de · • . .
404 fe sta _ usa ita 1tca Rob1. O papa São Grego• no • M no 1m o scc · .
tenh am ate apressado - 1 d . Paga e d agno, d oc issào para ped ir a Deus
um go pe e Estado contra o papa Leão. No dia qu e e . or cnou que se reali.zasse to d os os anos u ma gran e pr
A fi' 0 u io das trevas ). 405
virasse à terra as calamidades públicas (cfr. ca p. V. par. e "
. . _ _ .J <k qu( ,, tT, nm1na , :un F1 a ,i qu e-, ~< guii
tatos cnmmoso~ e 1..e 1eranm , ,. , . , ;; 1 ,Ó n gran dl" cnnrp11,t;id0r m::i, ramh '
· d
do os costumes o tempo , ·
se chamava um 1u1arnc>nl o purga tllt 1n · . p 0 1
. ,,
· · , a fórmula co nttnha estas palavras: Sem se r Julga
. '' " '
,F,e , . O, ,cm rlomínio, {]Ul"
,
,r f"'tn " (}r:indr
e,renrliam , ,., Pr0mor0r de ronvP r-
~te a0 Elba r 30 'd'
uma penosa ironia bio até Bruxelas e às proximidade, r:le Rom ' me 10 Dan ú-
.do po r ninguém ' e num ato de espontânea vontade · 1·u - ' . a, pareciam demas · dO
do nem constran gi dcs para que lhes conviesse o si mples nome de rei ia gra~-
ro ...
· f d p ·
ta de zacan as em avor e ep1no podia encon t
• no . O argumento realis-
Essa era , pois , a situação . Como escreveu Alcu íno, num poema de oca- . rar agora um novo empre
go em favor d e C arlos: quem devia usar o título de r d _ ·
sião, 0 rei fra nco aparecia como gui a do chefe da igreja , .send o ele mes- r . d . mpera or , senao aque-
le que , e1et1vamente , etmha o poder correspondentei
mo " guiado pela mão poderosa do Senhor " . Era verdadeiramente pôr as
coisas de cabeça para baixo. Para rea lçar ai nd a mais o esplendor do fran- Além disso , na mesma época , o trono de Bizâncio estava ocupadO por
I
co , no mesmo di a do juramento purgatório chegaram a Roma , como que um a mu lh er, . renc , que acabava de se desembaraçar do seu filho e de se
conta O sentimento
Proclamar. basdissa . E também . era preciso levar em
·
por acaso , dois monges de Jerusalém para ~ntregar a Carlos as chaves do _
Santo Sepulcro e da pí·ópria Cidade . ;\o mesmo tempo, Leão III proclama- das muludoes , essa expectac_iva pelo homem providencial que evocamos
antes, pelo homem que estana preparado , nos pontos de infl exão da histó-
va que , "cônscio dos benefícios recebidos, nada, a não ser a morte , pode-
ria, para tomar nas mãos os destinos do mundo. E quem podia represen-
ria separá-lo do amor que dedicava a Carlos'' ...
tar melhor esse papel do que o prestigioso personagem que inflamava as
imaginações e parecia maior qu e a natureza ? O fan atismo incontrolável
das massas, que tanto tinha beneficiado um Augusro ou um Constantino,
O Nata l de 800 e o novo Império do Ocident e que tanto beneficiaria um Napoleão (será preciso acrescentar: um Hitler?),
trabalhou em cheio a favor de Carlos . Desde a desaparição do Império
Esse " amor" não tardaria a manifestar-se de um a maneira aparatosa. do Ocidente, nos desastrosos dias de Rómulo Augusto, a idéia imperial
No dia 25 de dezembro , Carlos voltou a São Pedro pa ra assist ir à missa sobrevivera, na alma popular, subterrânea , como uma nostalgia, como uma
de Na tal. No meio de uma enorme assistência, em qu e se mi sturavam fran- imagem de unidade e de concórdia, de força e de paz. Entre os germa-
cos e romanos, entrou na basílica por entre cl amores de triunfo. Aj oe lhou- nos - pelo menos, é o que certos historiadores alemães afirm:uam -,
-se sobre a " Confissão" do Apóstolo e orou . No momento cm que ia le- encontravam-se também confusas aspirações pangermanistas. E o clero, pa-
vantar-se, o papa ap roximou -se dele e coloco u-lh e sob re a fronte um a co- ra quem o verdadeiro imperador fora sempre, não Augusto, mas Constan-
roa , enq uanto a multidão gritava por três vezes a ac lamação: '' Ao muito tino, fundador do império cristão, via no procetor do Papado , segu ndo
piedoso Carlos, Augusto, co roado por Deus , grand e e pacífico Imperad or as próprias palavras de Adriano I, "o novo Conscantino ressuscitado " .
dos romanos, vida e vitória!'' Depoi s, o Pontífice un giu com óleo san to Com efeito, não teria sido necessária sequer essa unanimidade para que
a fronte do " novo Davi" e, misturando o cerim oni al imposto desde Dio- já se pudesse realizar a espantosa promoção do rei fran co .
cleciano pelo protocolo dos imperado res de Roma com o ri to bíblico, pros- Como é que se cristalizaram na alm a popular esses desejos ai nda tão
trou -se Jianrc dele e "o adoro u " . No descendente dos prefeitos do palá- co nfusos? Como é que se projeto u, no prescnce de então, essa idéia cio
' uo da Austrásia, o Ocid ente tinha ago ra um novo Imperado r. passado que era O Império? É provável qu e o golpe de tea tro do N~ tal
Este golpe de teatro, não <: preciso dizê -lo, fora cuidadosamente prepa- de 800 tenha tido uma tríplice ori gem . Por um lado, pa rece te r nascido
- ' cort e
rado . O povo não teria podido grit ar a tríplice aclamação se m q ue algum no pensamento daq ueles letrados que Carlos Magn o atraira ª .sua
anim ado r a tivesse preparado . Mas também é verd ade que, já havia bastan · em Aix-la-Chapcllt:, e qu e, à fo rça de fa larem entre s1 o laum e não
·
· as 1-111guas gcrmântcas,
m ,ais . pções . cios pensa-
voltavam a encarnar as co nce .
tt tempo, um enorme movimento no qual co nflu ía m comple xas e nurnero- ·
d ores antigos, . d V g'lw·
1 mui to especial-
de um Claud iano ou mesmo e um ,r '
s'.ts corren tes de opin ião empu rrava os acontec im entos nu sentid o da inves- 1 Alcuíno o grande
rncncc, o golpe terá wmado forma no pcnsa menw e e . '
ud_ura que acahava de realizar-se. No ano de 800 ao cabo de trinLa e I d C I N , cart a ao rei' esce abade
·· Jo, (',ar1os Mag no suq~ia como 'titular de um a gI'on·a,
dois· ano~· de runa, Pre a o, amigo e co nsel heiro de ar os. um a ' · d d d.
1 • · 1 l'o do mosteiro de São Maninho de Tours explicava qu e, como a 101 -~e
qut: nenhum
,
home
, av ia igua1ac U t:m multo~ s(ru los. Repelira O S ' 1
1n h ·. · .
apos tólica tinh a sido humilhada na pessoa de Leão Ilf, e colmo_ a b ign1 a-
para ,tl t m dos· . P1renc u.s e c~ta 1K 1cc era o seu domínio cm quase 1.o 0 o
0
d i. · . , . dignidade rea , tao em en- 407
/406 mundo gcrm:1n1 ro ou ·IO . _ . . .. . r ra c e tmpcnal estava vaga, era necessa no que ª
' pe mcnos cm rodo o Ocident e nv d1z ado; e 10
A l(., RE],\ UUS l"H-11'11 <; ll i\R II I\ J(rJ ~ l'Al'ADfl fi / l N! 1vr 1 fMPF RJr1 r1<1<1( f[)F.NTF
11

r elevada ao máxi mo a fim de su bstit uir um a e . seus ince nsadores aplilavam a cada um dO<; <;eus atos te • .
camada em Carlos, iosse os . O rmo 1mper1a-
, -5. seri a ele tão o btuso qu e não o compreend esse,. Egrnha d fi
garan tir a outra. , . _
. r ª rma que ,
11 , 1
wdos os co rações transbord avam de alegria na· 1.1um1nada
O papa não somente não se opos a e~sas intençoes, mas endosso u-as s e . b T d
São Pedro , esse entusiasmo não se encontrava pr as, ica e
e, mais ainda, colocou-se à frente do movimento que reclamava a ress ur. , . d ,' d .1 . esente na alma do princi-
que não te ria ent d . .
reição do Império. À primeira vista, é um fato surpreenden te , pois trazia pal interessa o , a ponto e QlZer r ra o na tgreia nesse
dia embora se tratasse d e uma 1esta .solene ' se tivesse ªd.1vin · hd
consigo uma sujeição excessivamente real do Papado ao poder franco, e ' , ,, a o os desí -
nios do Pontifice . Mas quem acreditará por um só inst g
fica patente aos nossos olhos que é a p~ti!_ deste m~mento que começa _ . ante que o pobre
Leão III - cao fraco que quarenta e ,oito horas ames sofr
a germinar o drama medieval das relações entre a lgreJa e o Império. Mas , ,. . ,, . era sem protes-
não podemos transportar para o século IX os terríveis debates de idéias tar O vexame do Juramento purgatono - tena pod,.do tratar como
um garotinho o vencedor do mundo?
que hão de preocupar o século XI. Nem o papa nem o imperador tinham
então em mente as intenções de autonomia e de supremacia que havere- É incontestáve l, portanto, que Carlos Mag no quis ser Imperador. Mas
mos de encontrar num Inocêncio III ou num Henrique IV da Alemanha . por que manifestou ele esse mau humor de qu e se faz eco O seu fiel bió-
Tanto Carlos como Leão estavam muito mais imbuídos do sentimento _ grafo? Não faltam hipóteses para explicar o mistério . Supôs-se que , sen-
muito agostiniano - de serem os agentes da vontade divina , e a fórmu- do profundame nte germânico , teria preferid o receber o Império dos seus
la de aclamação ''coroado por Deus'' assim o afirmava explicitame nte. É, companheiros de armas, o que explicaria o fato de sempre lhe ter repug-
portanto , tão falso imaginar Leão III ressuscitando o Império para servir nado usar a púrpura; mas, nesse caso, por que esperou tanto tempo para
os interesses do Papado, como ver nele apenas um instrumento subservien- se fazer proclamar Imperador pelos seus? Pensou-se também que , embora
te de Carlos, totalmente maleável à sua vontade . no fundo estivesse contente com a coroação , fico u irritado com a fo rma
como decorreu a cerimônia: a imposição da coroa pelo Papa e a procla-
12

A verdade é que, mesmo governada por um Pontífice que já não dis -


mação pela multidão teriam sido para ele a afi rm ação de um poder uni-
punha de liberdade de movimentos , a Igreja passava a ter d iante de si versal superior ao seu; mas admitir esta hipótese é considerar Carlos Mag-
um horizonte mais vasto . O Império do Ocidente ressuscitado cons tituía no, não um agostiniano - como já vimos que era - , mas um galicano
para ela a certeza da sua li berdade em relação a Bizâncio; era o domínio antes de tempo . .. Eginhard dá a entender que o descomentam enro do seu
temporal - . o Estado pontifício -. penhor de independên cia . confirma- senhor foi uma atitude meramente diplomática ; reria tido por fim apresen-
do e garanudo ; era um novo estatu to jurídico, segundo o q ual o rei bár- tar a coroação como uma iniciativa pessoal do papa, a fi.m de acalmar as
baro , até eotão estranho à rradjção roman a, se encontrava ago ra . como Im- suscetibilidades de Bizâncio. Esta hipótese , a que se apegam alguns histo-
perador. em relações bem defi nidas com o Papa . Por fim - e não há riadores recentes, supõe em Carlos Magno uma ingenuidade basrame sur-
qualquer dú\·ida de que tanto os clérigos de Rom a como os q ue rodeavam preendente, porque quem é que esperaria enganar com tão grosseira asrú-
Carlos _-\ fagno as.s·1m o compreen d.1am - . era uma nova oponurndad · e de
cia os mais finos diplomatas do seu tempo ?
e~<llSao_ e de desem·oh-im ento que se oferecia à civili zação cristã e ao Seja como for , se houve alguma manobra , não teve mui to éiúro. Os
unn-ersahsrno romano · Leã 0 III nao - 10 e · - ·
1 o urnco a que re r a ressurre1çao
· ·
. · bárbaro 9 ue
_ . b1zanunos ficaram furiosos e não pouparam sarcasmos a esse
co Lrn peno: mas não há dú vida de que a desejou . se f azia · Imperador , nem a esse papa que o ungia . te emao, o impera
· A - · , ·
<-Ínciz · · d viver na reconfortante ficção de q~e os , bar-
__ E, faJra . com eow O terceiro elemento que esteve na ongem 0 dor do Oriente tinha podjdo
~ .• d 8
é-anae G.comecunen-•o do - ªLl:.J e 00 : a vo ntade de Carlos . E JU.Starnen-
1 , . baros ocupavam pelo dolo e pela violéncia as terras romanas ,_ ISto e, as
. _ . . suas terras , e que um dia • , · d e um novo Justiniano
. , com as v1tonas ou ..de
.e "- es-:e r~pe iro r ue esr- "os mm- ma l informados. Foi a coroação unpe- . _ .
:. 1 _ • ·• ' é2.ffi um outro Heráclio essas terras voltariam . 1 . esta conv1cçao era, ali as.,
. ·"-· "' concret.12.2..C~ d 1 para e es,
: ·>. t: 7:. ;:ú.üJT_,,; a ,., e ~r:i P ai:1° longame nte amad ure~id o pelo chefe fran- e· r '
ao rone que os altos fun cionários conrinuavam
.
ª
usar os títulos das anu-
.
-, <--~--1 ·_, . . _ ., .1e ' '«- mui:o s.e propusera su bir? E absolutame nte idrn - o fu _ . h ercido zn part1bus, nessas
;>>--- ·- m zt:- !0. t ,..,.. n ;J ºas nçoes que os seus predecessores un am e-x
:.•,'..: -:. r. -~-:;- ,., ~-- ,u 9 .1_~r 'll!Ía huma.n., _ oco rrem , ep isódios de que e-
• - · - ,, _, z· J<=I. 1r_,<_ e glr}r;;:,.rr < •_ _ · n·
:": ": ,: _~ :;, '-;-... __ - . _ . Y"-. m...., r:;ue na.o quenamos ve rdade trarne
2
- • • .. ;; 'f..:,.,· ~r1 · ,- ;.,. Ih ' ela'1 O
E d n.o a nm&na d~ c~:J,,; M•.g-
· ·
-. , ": , . , ~- . : -J'1 i .d.JJ- ~-- •· ' - '-"'=rw--s o . _ado com d (:5(:onftanca . (JS ( l ZI Fri, (trum eme rv,r ~AJ qut _,_.-,polt-"..n, qu, eswdna ~ ~ :i·,tl:.C ,em[", tle ,r. ·~r,Ír 4()')
: ~- - ft1v~
,; r -~F: ~C::-l 4Í ,. ~ · -,.,. , ,1 1 •

r,,, v· r fi rr• d, ixu qu~ fl f12,..-


~-- ·.'. -::·. ': .:~ ,, --~- --- - .: "-- · . .,_,.<, :...2:., mte-nç&:s d r:: Carlos. Os proi ec . <rH'>"tt.J • !. f prf.ip ri<.1 e crAor.1u )t'JSC' Jn.a ~ ·
· - · · ·• ·• ~.;, ,, ..--: -: ': ~:.:.:r, <:e-..u,rir,{:<.idos.: havia mu itos an os que
r,,, , ,r rr ,F,r"
,, r-' r11•r,n
F r, r,r 11r, IMP~P rr,

perdidas Ma~ a usu, rpa;.:ão ck ( 'a ri os Magno era be m . hefe sr> ahstfm rf ,., r x1h1r 1s ,w,s rrmd('co _
, ·
provmoas ago ra ·· · .· . d · , . clciro 1 raçol's P ffi nu ~I .
·1 ° qu(' r ri rcunç-
mais grave : era um a espécie de sacnleg-10 qu e ne m Teo _on;º.
nem C lovis
.
tânc1a
· h am ousado comet"r ... . uma verdadeira monstruosidade iun d ,ca. Por isso , Tinh a recr bido e5sa recompen sa do Papa C()
ttn . · . i~a que contava
a corte de Bi zâ ncio recusou-se a reconhecer o novo Império . A imperatriz ho~ C ristão co nvic to com o era , sentia-se fe li7 por . ª seus
l
o ·· . . assim se encontra r li-
Irene . que forjara o projeto um pouco tolo de desposar Carlos, então ~'iú - ,· do à o bra d a Jgrep , se a tutela que fez recair sob e .
ga . - re eIa IOI por vezes
vo a fim de reuni r dessa maneira galante as duas metades do Impenum esad a . as su as m tençoes pe rm aneceram sempre bastam e puras, na lin .
P , . ha
Ro~zanum , foi dissuadid a de fazê -lo pelos que a cercavam. Depo is da su a da 1·d ,. · .
da Cidade de Deus. E a sua volta, os protagonistas
.
. eia 1mpena 1. líl -
q ueda, a diplomacia bizanti na travou co m o rei fra nco _urna g uerra d e es- a ve rdade ira ressurreição da noçao - · .
cap azes . d.e co mpree n der que . . _ impena 1
quivanças. de silêncios ofensivos e de intrigas , em combmação com os che- reria exigido um a ve rd ad eira refund içao do Estado , um retorno às fo rmas
fes lombardos exilados . de governo de Consta ncm o ou de César Augusto, esses clãs cu ltos e idea-
Carlos Magn o teve a paoencia de suportar tudo isso por muito tem- listas viam no Império, m ais que u m regi me, um a aspiração moral , um
po, a.inda que estivesse nas suas mãos resolver a questão de um só golpe . admirável ideal , ou sej a o d o Ocidente uni.ficado sob um chefe fo rre e
O Império do Oriente , a braços com a nova querela das imagens, com pacífico que exercesse a plenitude do poder co m intenções exclusivamente
as razzias árabes e com a ameaça búlgara, podia facilmente ser abatido ; cristãs. É um ideal que surge com gran de nitidez nas famosas Capitulares
por outro lado , Harun-al-Rasch id, califa de Bagdá, aliado dos francos, não de 802, com as quais, depois do seu regresso de Roma , Carlos Magno inau-
queria outra coisa senão entrar em ação . No entanto , ou por respeito ao gurou a sua legislação imperial. E, na verdade, foi esse o ideal que , des-
velho Império, ou por não querer lançar-se - cristãmente - numa guer- de o princípio do seu reinado , no rteou bem ou mal a sua política, tanto
ra fratricida entre povos de uma mesma fé, ou ainda por desconfiar - exterior como interior. Em todos os sentid os do termo, o grande evento
graças ao notável sentido que tinha dos seus próprios limites - da aventu- do Natal de 800 foi bem uma coroação .
ra que uma expedição ao Oriente representaria , a verdade é que Carlos
Magno preferiu esperar nove anos, e foi só depois desse tempo que um a
demonstração de força de limitado alcance contra Veneza , em plen o terri- A Europ a cristã defendida e ampliada
tório bizantino, fez saber aos diplomatas orientais que a sua paciê ncia ti-
nha limites. Três anos mais tarde - dois anos antes de morrer - , o re- "Quanto a mim, cabe-me , com a ajuda da divina misericórdia, defen-
sultado estava conseguido : o "basileu Miguel" , na primavera de 812 , m an - der pelas armas, em todos os lugares, a sa nta Igreja de Deus". Durante
dou a Aix-la-Chapelle uma embaixada para saudar o seu ' ' irm ão '', o ' ' ba- toda a sua vida, Carlos Magno foi magnificamente fiel à missão que assim
sileu Carlos ". Estavam agora legalmente estabelecidos os dois Impéri os : o formulou. Sempre de espada em punho, cavalgando e atac~ndo, eS te _c~e-
do Oriente e o do Ocide~te. fe infatigável levou a cabo nada menos que cinqüenta e cinco expediç~es
Resta-nos uma questão: como é que o próprio Carlos Magno e os oci- em quarenta e cinco anos de reinado e, seis meses antes de morrer , am-
d a com b at1a.· Guerras curtas, geralmente empreen d1'das na primavera ' de-
dentais do seu tempo compreenderam o título imperial? Para nós , é evi-
J M · radas quan-
dente que o ato do Natal de 800 continha em germe as instituições da pois da revista solene das tropas ou Campo ue ato, e encer
· _ ,
do apareoam · • • • . uerras em
f nos G todas as direções, nao so
Europa_ ocidental que queria nascer. Mas o homem de gênio que dele se os pnmeuos ' b'
em . , . . . , AI h no Reno no Danu 10 ,
beneficiara pressentiria esse futuro? Sem dúvida, não . O argumento que terrnono 1tahano mas tambem na eman a, ' d
, . , . O . . am se rodas elas essa
0 prova é que em 806, prevendo a sua herança, Carlos Magno dividiu as na Fns1a do norte e na Espanha islâm1Ca. ngmar - ai
i · ; o -o revelavam gumas ,
su,as terras segundo o antigo costume bárbaro, retalhando o Império em ntenção cristã de que Carlos se vangloriava. u ºª. ·a1 · ; F mu-
pel 0 d , rico impen ismo. or
tres pe_daç?s . _A noção de Impen·um romanum, para ele, nada significava contrário, um plano de expansão e e auten . . ara Carlos 0 sj n-
como 10st_ttuição . Que era pois, a seus olhos , o título imperial? Talvez lar ª questão nestes termos não tem qualquer senu
d p_ •fi ~d
av~ se com
·
· d e recompensa g 1onosa, poder i entl ic
. _que
pouco, ,mais , , uma espe' cie uma '' con d eco raça- o " , teresses do cristianismo e os do seu próprio
uma citaçao em face do mundo ; tal como Clóvis ficara feliz quando toda a boa-fé.
. - unca se justificou canto como
se adornara com o título h onoruico ,e. '
d e C onsul. · · talvez, po r
Isso expltcana, De qualquer modo, esta idenuficaçao n robkma saxão . Em mea- 411
410 que Carlos Magno não go st ava d e usar a purpura , • d no momento em que Carlos Magno enfrentou O p
, como hoJe um ver a-
A IGREJA DOS TEMPOS BÁRBARos

O PAPADO E O NOVO IMPÉRIO DO OCIDENTE


dos do século VIII , havia duas Germânias justapostas : uma renana _ ale-
• . / ·a e ba/ vara _ assentada sobre o velho substrato roman to de Carlos Manel_, primo de Carlos Magno, instalado no trono bávaro ,
maruca , runng1 , . . . . o
das antigas províncias , já civilizada e c~nqu1stada para o c_nst1amsmo devi- desde ?~8.' por Pepmo o Breve, e vassalo dos francos, não tinha nada de
do aos esforços seculares dos missionános 23, e a outra , ~n~a _p agã , feroz um Wmkmd . Mas , como era genro do rei lombardo Desidério e alimenta-
guardiã dos costumes bárbaros , reserva de forças e de _v10:enc1a - a Sa- va o ?esejo - bastante compreensível - de conquistar a independência,
xônia 24 . Qual foi a razão por que Carlos Magno se dispos a despedaçar conspuava com os lombardos, namorava Bizâncio e chegava a entender-se
0
baluarte saxónico? Sem dúvida porque , sendo cristão , não admitia que com os ávaros, os bandidos asiáticos instalados no Danúbio. Ratisbona era
houvesse nas suas fronteiras um povo que chacinava os missionários e re- um centro de intrigas contra Carlos , isto é, contra a sua política italiana
cusava o Evangelho; e também porque - como político clarivi dente e de- ou, em última análise , contra o Papado. Por isso , quando , já cansado de
cidido a não cometer a falta que trouxera a morte ao Império de Roma tropeçar constantemente no pequeno duque bávaro , o rei franco decidiu
- sabia que não podia haver composição alguma com os bárbaros e que , liquidá-lo , a Igreja deu-lhe sinal verde e, em 788, a Baviera foi anexada
ao Estado franco.
se não destruísse a Saxônia, seria a Saxônia que um dia destruiria a sua
A unificação da Germânia 21 pela ação de Carlos Magno reve co mo con-
obra .
seqüência uma série de medidas e de campanhas que - devemos reconhe-
Sabemos o que foi a grande guerra saxônica , sustentada durante trin-
cê-lo - viriam a revelar-se singularmente úteis para o futuro da cristanda-
ta e um anos sucessivos com igual energia de parte a parte. Co nh ecemos de . É a Frísia, esse temível baluarte do paganismo, onde São Willibrod
os empolgantes episódios dessas campanhas no interio r das mais espessas fracassara quase por completo nos seus esforços e onde São Bonifácio mor-
florestas, a destruição do santuário pagão de Irminsu l, a revolta se mpre rera mártir, que é submetida e redu zida a província , para a seguir o bis-
renovada sob o comando do Vercingetórix saxão, Wlúkind, os te rríveis po Liudger retomar o trabalho de conversão. É a cerra dinamarquesa, ain -
episódios do duplo " desastre de Varrão" sofrid o pelos exércitos francos, da inteiramente idólatra, de onde hão de partir , logo após a morte de
a primeira vez no monte Süntel em 78 2, e a seg und a no vau do Wese r Carlos Magno, os terríveis piratas normandos, cuja ameaça o rei adivinha-
em 793, e a sangrenta resposta de Carlos , a chacina , em Ve rd en , de qu a- ra e que , por isso, transformara numa marca franca , apesar de dez anos
tro mil e quinhentos prisioneiros saxões decapitados a mac hadadas. Esma- de resistência e de luta heróica por parte do chefe din ama rq uês Godofre-
gada , saqueada e arquejante, com a população em parte transplantada pa- do . E são, finalmente, os ávaros , esses salteadores mongóis que, no sécu-
ra a França e substituída por elementos mais dóceis , a Saxôni a acabo u fi- lo VII, haviam substituído os hunos no médio Danúbio e cujas hordas ata-
nalmente por ceder. E então - com Witikind à frent e - aceitou o batis- cavam constantemente os postos avançados dos francos.
mo . Um terço de século de assassínios impusera a esse tronco ge rmâni co Carlos Magno chamou os ávaros à razão em três campanhas extrema-
pagão o duplo enxerto da civilização ocidental e do cristianismo. Fica em mente duras, travadas longe do Reno, para além das espessas flo restas ale-
aberto a questão de saber se foi válido o método empregado . mãs , numa região em que as comunicações eram rão difíceis que o rei,
para assegurá-las, mandou abrir um canal que ia do Meno ao Danúbio e
O ideal cristão podia servir para justificar a campanha de Carlos Mag-
cujos vestígios se encontraram em épocas recentes. O reduro dessas uibos
no contra a Saxônia , mas na Baviera , pelo menos à primeira vista, o argu-
- uma estranha fortaleza em forma de anel com dez cercaduras concên-
mento não parecia poder aplicar-se . Tratava-se de um país católico , cujo
tricas - acabou por cair em 796, e o seu " khagan" teve de entregar os
a~c_ebispo, o de Salzburg, estava rodeado de respeito, de uma terra de ci- fabulosos tesouros que havia rapinado em rodo o Oriente . Carlos Magno
vilização já antiga e cheia de recordações romanas. O duque Tassilon, ne- realizou, assim, aquilo que o mais lúcido dos imperadores , Trajano, tinha
julgado necessário, mas que não tinha podido levar a cabo senão muito
parcialmente . A sujeição desta " Mongólia européia ", indispensável à salva-
( 2 3) Cfr. cap . IV , par. São Bonifácio, pai da Germânia cnstâ.
d (l~) ES t e termo não corresponde inte iramente à acuai região d o mesmo nome. Os saxões
e entaoRochupav~ toda ª parte norte-ocidental da Germânia do Elba ao Reno e do Mar do (25) René Grousset insistiu com razão no fato de que a política de_ Carlos Magno teve co-
norte ao u r alem do W · mo duplo resultado preparar pelos séculos afora o esfacelamento da It alta e, ao mesmo tem-
. ' cf' . eser superior e d o vale do Meno. Formavam
'
uma co nfederação d e q.ua- po , trabalhar para a unidade da Alemanha . Quando Napoleão se refem a Carlos Mag~o como
tro povos. os os altos entre O Elb W , . , gnos
·
no b a1xo W ª e O eser , os vescfál10s entre o Weser e o Reno , os an . " nosso ilustre predecessor", não imaginará O ace no com que falava : o ,mb~eradd or do seculo IX
camente reali zavam e ri%
eser e os dai , · · · d
~mg1os no terrnório original de toda a tribo, o Ho lscei n .. Peno ,. fo i efe tivamente , neste pomo , 0 predecesso r do do sécu lo XJX . como tam em os seus erros po-
ser o velho paganism m ar_ o, no Wese r, uma assembléia federal . A sua religião conunuava a
0 líti cos. 413
412 didas . ge rmanico, e as te ntativas de penetração cristã não tinha m sido bem suce-
·" ]GREJ/\ DOS rE MPOS ll ÁRl:l ARos

guar d a d o OCJ·d cn . t era um prelúdio para a cris ti ani zaçào da Hungria


e, . _ , _ ',
.
que sena emp rcendida mais tarde por Santo Estevao .
·
A norte, a nordest e e a leste , a Europa cri stã ficou po~ta_nto a dever
imensos benefíc ios aos ex ércitos de Carlos Magn o. Mas subs1stta ainda um
problema , um a ferida aberta no sul desde a é?doca da badtalha d e Poitiers.
Não era co nce bível q ue o organi zador do Oc1 ente se esmteressasse do
Islão, e mai s um a vez razões po líticas e religiosas co nco rriam para in citá- lo
a agir. Não lh e era necessá ri o promover a seg urança do jovem rein o da
Aq uitânia, criado cm 780 para o seu fi lh o Luís? Podia perm anece r surdo o
o
à voz dos cristãos J a Espan ha , desses qu e viviam subm etidos à tutela mu.
çulm ana, desses que, pendurados dos montes da Astúria , co nt inu avam a
/
;.csistir 1 O<:vc 1n sid o co m L<: rt cza um a grande tent ação para Ca rl os Mag.
11 0 b nça r-sc num a guer ra sa nt a <: abrir , co m do is s((Ul os d<: ant ecipação,
o / ~
a <: ra das Cru za das. Em 777, par<:cc u tn c<:did o a essa tent :ição : ao ape -
o"'Q
lo do wali dr ílarcdo na, revo lt ado co ntra o <:mir d<: Có rdov:i, as 1ropas
francas lança ram -s<: a1rav(s <k Arag ão, Navarra e Ca talunh:i , mas, abando-
nad as pe los s<: us ali ados mu~·ulm anos , foram rec h:1ça J 35 e ret0rn aram à o
i
g\
Ie o

o o
França ; fo i <: nt ão <: m 77 8 - qu e se deu a fam os:i cil ada de Roncesvales.
<:ssa s:rngr<:nta barn lha da r<:t aguarda có ntra os mo nt anh eses bascos, essa
.
>
a
.
o:

º
lJ
-~
dnrota d<: qu<: o gê nio dos ponas havia de cx 1rair uma epopéia , a Ch,m o
son de Nolt1nd. Daí por d iante, Carl os re1omo u a sua p ru df ncia habitu al 'w °'<
G
u
e o sen tido dos próprios limit es. Para impedir que os ca va leiros de Alá
transpuscss<:m os Pircnrns, d<:vas1ando 1udo até Narbo nn e, co mo tinh am
fe it o cm 793 , o imperad or, cm dez anos de o mp anh as curtas e de lim ita • ~
o
" ~ o
do :dc:incc, de 80 1 a 8 11 , estabeleceu um a só li d a li nh a de praças-fo n es:
Lérida , Barcd ona, Pamplona, Ta rrago na e Tortosa. Estava cri ada a marca "'o
e,
~~~
"a
o
o:

.
m ~-
i
,l!
da Espanha, baluarte fran cês ao sul das montanh as, primeira etapa do '~o:
q
... ">:
que se ri a mais tarde a Reconquista; foi dali, bem co mo do rei no asturi a- ".o:
no, que mais tarde partiram as ofensivas da Cruz co ntra o Islão . Ainda
:?"'
-~
it
'"Oq
o u ...
ºº i'~
o:
deste ponto de vista, Ca rlos lançou as bases do futuro cristão . . ....
.li
~ ~ /
)(
o. o
>:
- &
~
Jl

"' o: a '"o:
"' ,- "' "'
Urna grande obra, essa que foi realizada pela espada do chefe franco : "'"'li:
· L ~c~
graças a ele, a cristandade ocidental encontrava-se agora ampliada e em se· ·.,, "'
~
[
~ o
gurança; encontrava urna unidade que desconhecera desde as invasões, por· "'a "., .
a

que, a~ém dos países que administrava diretamente, Carlos Magno conuola· ~ o:
'!: q

va ma.is ou menos todos os outros, mesmo a Escócia e a Irlanda, cujos reis ~q


"'" "o
"'
se declaravam seus vassalos , a Inglaterra, onde dispunha da coroa de Nor·
rbumberland , e até os principados eslavos nos confins do mundo germâni-
co . ~as, mais ainda que a glória temporal, possuía um prestígio moral iro-
pressionante; desde a época de Constantino, nenhum soberano reunira tan-
tas terras sob o seu cet
414 ro, e, t ai como Constanuno
. , o .
imperador fran co
se apresentava sob a form d h
a e testemun a e de arauto de Cristo.
íl f' /\PAI JO E íJ NíiV/J IMP"ÉRlíJ f> í 1 l><.fDF.NTF
N o entanto, neste mag nífi co q uadrü não fa ltavarn so mb ras qu e se iriarn
adensando após a sua morte . Os m étod os em p regad os p a_ra edi ficar es~c Aliás, a Igreja não se lim itou a recordar princípios : pô-los em pratica .
m onum en to pod e m pa recer-nos tudo m e n os cri stãos : ch acin as e d epo n a. Ev id e ntem e nte, os triunfos d e Carl os Magn o simplifica ram a tarefa dos
ções, como as qu e fo r_:1 m a contrapartida da co n q~i sta d a Saxô n ia , não mi ss io ná ri os, e a p ropagand a já não teve de revest ir o caráter heróico dos
causam se não ho rro r. E certo q u e n ão deve m os cair e m a n acro ni sm os, e tem pos d e São Co lum bano, d e Santo Amando , de São Willibrod ou mes-
é possíve l q ue Carlos não pu d esse e mp regar o u tros m éto d os; n o se u te rn . m o de São Bo n ifácio . Mas um trabalh o profu ndo . silencioso, cujos deta-
po, eram os únicos efi ca zes, e aliás se rão os m esm os qu e o s saxõ es, co n- lh es são po uco co nh ecid os , em bora os resultad os sejam be m visíveis, fo i
vertidos ao cri st ia ni sm o, u t ili zarão m ais tard e pa ra '' civili za re m ' ' os povos levad o a cabo por ce ntenas d e m iss ionári os e de monges em todas as re-
situ ad os m ais a leste : os vê netos, os b a ltos, os fi neses e os eslavos. O que giões onde a "cristia niz ação a grand es golpes" de Carlos deixara fe ridas
nos entristece é qu e esses p roc edime n tos te nh am sid o e mpregad os p ara es- abertas. É m aravilhoso que a Saxô ni a , depois de ter sofrid o tanto dos cris-
tabelece r o cri st iani sm o ; os so ldad os d e Ca rl os Mag no implantaram o Eva n- tãos, se tenha tornad o tão d epressa um baluarte de Cristo , com os bispa-
ge lh o na Saxô ni a o u n a Hun g ri a exatam e n te co m o os cava le iros d e Alá dos de Bremen, W erden , Minden , Pad erborn e Münste r; m as a luta con-
tinh am impla ntad o o Alco rão na Espa nh a , e exatam e nte co m o o farão os tra o paganismo, encarnação de uma secreta resistência nacional, viria a
ser difícil. A Frísia, a região do Meno, os Alpes orie ntais - onde os me-
m arqu eses d e Bra nde nburgo e os cavaleiros te u tô n icos n a P rú ss ia.
tropolitas de Salzburg, Virgílio e Arno multiplicaram as missões - , os
Pior ainda , Ca!los Mag no praticou uma ve rd ad eira p o líti ca d e cri sti a ni - próprios países ávaros - trabalhad os pelos mensageiros d e Paulino de Aqui-
zação pelo terror: m esm o já te ndo p assad o o m o m e nto d as in evitáve is vio- léia - , e até tribos eslavas - onde os miss ionários ca tóli cos d o Ocidente
lê ncias iniciais , · esta be leceu um sistem a d e coe rção em m até ri a religi osa entravam em concorrência co m os que Bizâ ncio co m eçava a enviar - : eis
que causa pesad elos. Basta le r a Capitular pro mul gad a logo a p ós a p rim ei- o imenso trabalho que se empreendeu a fim de faz er arraigar a semente
, ra co nquista d a Saxônia p a ra avali a r até qu e po n to se ju st ifi ca a palavra do cristianismo onde o gládio d e Carlos abrira os prim eiros sulcos .
"terror " . Praticame nte existi a um a só pe na : a p en a capita l. Me reciam -na.
não só os assassinos de um padre o u os "re nite nt es" d o p aganism o e os
lad rões de coisas sagradas , m as tod o aquele qu e se recusasse a jej ua r na Rum o a J erusalém p or Bagdá
Q uaresma , que comesse ca rne às sext as-fe iras , qu e incine rasse um cad áver
segundo o antigo rito germâ nico, ou mesm o que m se rec u sasse a recebe r Há outro aspecto da "política cristã" d e Carlos Magno que impressio-
o batismo! Em tempo algum , ao que parece, se a plicou um siste m a m ais nou muito os seus contemporâneos, um aspecto que se p resta à fant asia
completo para impor a um povo uma nova fé e uma no va " civi lização " . e que põe, nesta carreira em que não abunda a poesia , uma nora de u m
Resta saber se , queimando etapas , Carlos Magno não prepa rava te rríveis encanto exótico, semelhante à que a visita d a rainha de Sabá imprimiu ao
contragolpes de selvageria e, integra ndo e no rmes massas bá rbaras num reinado de Salomão: as relações com o califa de Bagdá , Harun -al-Rachid .
Ocidente ainda pouco firme nas suas bases, não trabalhava em favor d e Depois da revolução de 750 , que elevara os abássidas ao califado e
uma próxima barbarização. O futuro diria . que deslocara para a Mesopotâmia o núcleo do Islão, o império muçulma-
no assumira as características de um Estado centralizado e autoritário, em
Importa ressaltar, no entanto, que a Igreja , pela v_o2.__d ~ v§ri9s d os
que a religião servia de apoio à monarquia absoluta . " Comendador dos
seus chefes - os mais clarividentes - , fez ouvir as suas advertências. Po-
crentes' ', o califa de Bagdá exigia de todos os povos dos seus domínios
~e~-se ler na correspondência de Alcuíno conselhos que refletem um cris- - o Iraque, a Pérsia, a Síria e o Egito - uma plena adesão à doutrina
u~m~mo autêntico. ''Pregar antes de batizar' ' , repetia ele; não é corn ° do Alcorão e uma submissão sem desfalecimentos . A secessão da África
gladio que se devem levar à pia batismal pagãos que ignoram tudo sobre do norte, do Marrocos e da Espanha, se por acaso o irritava, certamente
0 Evangelho: é preciso, em primeiro
lugar , fazê-los sentir o " jugo suave não lhe causava senão uma preocupação mínima . Era um soberano temi-
de Cristo' ' • Persuasão , doçura, caridade - eis o verdadeiro meio de ga· do e faustoso, que, por intermédio dos seus vizires e das diversas secções
nhar as al~as . Não se devem exasperar os vencidos com obrigações de or- do divan - administração copiada dos reis persas - , exercia uma autori-
dem material , nem com dízimos excessivos . Um programa excelente, que dade minuciosa. Bagdá , a capital , era o mercado do Oriente , um centro
~eencontramos_ na pena de muitos outros bispos , igualmente judiciosos e financeiro de primeira ordem, uma cidade de artes e de letras . la longe o 4 17
416 igualmente cnstãos .
A ll,Kt:JA uu:, ll:MPOS BÁRBARos

tempo em que O sucessor do cameleiro da A rábia vivia como qualquer si rn_ O PAPADO E O NOVO IMPÉR IO DO OCIDENTE
pies fiel numa pequena casa d os arredores de Medina.
Na época de Carlos Magno , reinava em Bagdá Harun -al-Rachid (7BG- rum.ores so bre movimentações de tropas que , de Bagda' , se faz1am · ·
ouvir
muno ?Portun ame nte em Constantinopla , tivessem co ntribuído para O re-
-809 ), homem inteligente , culto e relativamente simpático - no se n tido
con hec im ento do Imperador do Ocidente pelo Basi leu, em 813.
de que , para ele, o carrasco ai nda não era o principal mini stro do gove r-
Foi neste clima de amizade que Carl os Magn o obteve do se u "cole-
no, nem o tapete de co uro - so bre o qual se procedia às execuções cap i-
ga' ' do Oriente que todas as comunid ades cristãs da Palestina , bem co-
tais - o si nal máxim o do pod er , co m o acontece rá com muitos dos seus
mo os pe reg rin os que se dirigiam aos Lugares San tos, se be neficiasse m da
sucessores. Talvez ne nhum prín cipe d o Oriente tenha igualado o esplen - proteção fran ca. Não se tratava , é óbvio , de ~m "protetorado " no se nti-
dor deste grande califa ; vivendo no palácio da '' Porta de O uro '' , cuja fa_ do político do term o; os direitos co nced id os aos representantes de Ca rl os
m osa cúp ul a ve rd e se elevava ce n to e vinte pés acima da planície mesopo- Magno deviam parecer-se com os que o di reito internacional hoje reconhe-
tâm ica , entre tapetes e co lgaduras sem preço , no meio de um a gigantes- ce aos cô nsules. Mas , mesmo ta l co mo era , esse ato revestia-se de uma im-
ca co rte de se rvidores, parentes, co ncubinas e eu nu cos , bem merecia se r portância enorme. Marcava-se: a rota das futuras Cruzadas , e o Ocidente
co nsiderado protago ni sta das Mil e uma noúes ; m as era também um há- francês punha o pé no Ori ente, de tal forma que a palavra fra nco designa-
bil dip lom ata e um bom so ldado . rá no Levante, até aos nossos di as, qualquer oci dental, como sinónim o
Entre ele e Carlos, entabularam-se relações que a princípio se deveram de rumi , adepto de Rom a. Neste pon to , como em tan tos outros, a civili -
zação cristã ficou em dívida por mui tos sécu los com o filh o de Pepino.
so mente a razões polít icas . Inimi go do emi r om íada de Córdova , em qu em
via '' um mi seráve l rebe lde , bom apenas para decapitar'' , o califa de Bag-
dá não podia de ixa r de ofe rece r o se u apo io ao guerreiro franco que com-
batia esse inimigo co mum . Po r o utro lado , co mo ambos desconfiavam bas - '' () piedoso guardiâo dos bisp os
tan te de Bizâncio, o carolín gio e o abáss ida não precisava m se não d eitar
Será necessári o mencionar a contrapartida da admiração que a sua obra
um olhar so bre o mapa pa ra se ape rcebe rem da man ob ra mai s ó bvia a
suscitou e qu e é inegável ? O futuro cristão, para o qual Carlos Magno tra-
executar co ntra o basile u : o ce rco . A estas razõe s, d e o rdem p rática, Ca r- balhou tão bem , não continuou a ser desfigurado por ele com feridas que
los Magno acre sce ntava uma o utra, po is também ne sre caso po líri ca e reli- demorarão um longo tempo a cicatrizar 1
gião se assoc iavam nos se us planos de ação . Jeru salém e os Lu gares San tos , Todas as críticas que se possam fazer ao grande im perador . pelo me-
pa ra o nde as pe regrinações se to rnavam cada vez m ais freqüente s e num e- nos do ponto de vista do cristianismo , estão resumidas no term o com que
rosas , encontravam-se so b o domí ni o d o ca li fa, e as comunidades cristãs o monge Saint-Gall, um dos se us melh ores cronistas , o designa se m má
q ue lá resi diam imploravam com tod as as suas forças a proreção d o impe- intenção : ''o piedoso guardião dos bispos' '. Cumprimen to assaz impensa-
rad or fran co: basta lembrarm o -n os d as chaves do Santo Sepulcro e da cida- do .. . Toda a questão reside em saber até que ponto co nvém que um so-
de de Jerusalém que lhe en viaram so lenemente na véspera da sua coroação . berano se autonomeie e seja reconhecido como " guardião" da Igreja .
Poderia Carlos Magno ficar surdo a tais súpli cas 1 É na psicologia religiosa do próprio Carlos, no mais profundo da sua
personalidade, que devemos procurar a origem dessa atit ude. O descenden-
As relações entre os dois so be ranos caracteriza ram- se p elas trocas de
te do velho Pepino e do bispo Arnulfo - em quem se uniam os dois ele-
p resentes, a respeito dos quais os cronistas carolíngios se este ndem com
mentos fundamentais do Ocidente de então , o sangue dos guerreiros ger-
encantad o ra co mplacê ncia . Foi grand e o pasmo, em Aix- la-Chap elle , qu an -
mânicos e o dos santos prelados galo-romanos - , o leitor de Santo Agos-
do se viram chegar jogos d e xadrez artisticame nte escu lpidos em marfim , tinho, o cristão profundamente compenetrado dos seus deveres , não podia
perfumes d esconhecidos, um rel óg io acionado p or um intrin cad o mecani:- conceber o seu cargo de outro modo que não ' ' governar em todas as igre-
mo hidráulico , e até elefantes e o u tros animais estranhos! Aliás , é p rova- jas de Deus e protegê-las conta a maldade' '. Não lera ele no capítulo V
vel que essas oferendas tenham influenciado a arte caro lín gia. Mas os em- · da Cidade de Deus que só merecem se r considerados felizes , não os rema-
baixadores que vinham trazer essas maravi lh as certamente se ocupavam ran:- dos dos soberanos que venceram os seus inimigos e mantiveram os seus
bém de questões m ais séri as . É de suspeitar que o cali fa teve alguma _coi- súditos na ordem mas sim os " daqueles que usaram do seu poder para a
· que Carlos seguiu na Espanha ' divino
· · e que assim
· temeram e ad oraram aDeus" 1· To- 419
sa a ver com a p o 1íttca e com a ren actda- propagação do culto
4l8 de de que deu provas para se firm ar na Península; e é possível que ce rtos
\ \r ' nl•.l \ l lt l~ 1Fl,11' 1 1<, B,\ flH t\ pr •<

() PAPAf>( 1 F (J Nr,·1r1 fMP~F rr, íY1 r1r rDFNTF


. - d e lo~ Magno foi < enam ent e , tradu _
zit cm ato5 esses prin
. .
da a am b 1çao e Jar ' .
, . . . e não O tenha < onsegu ,do se nao em pa n e. Por 1sw, , da ca , acotovelam-se bispos e guerreiros nobre~ . r ali se debatem quest0es
u p10s , mesmo qu I' · d
e que O vimos preocupar-se na . sua po 1uca ex tern a e prote· mili tares e coisas religiosas à mistura . Aliás , é freqüente que . nesse mes-
mesma ,orm a
ente preocupado mo lugar e ao mesmo tempo , se re únam os concílios nacio nais. Du rante
. igualm
ece r a IgreJ·a , enco ntramo-lo Lv
ge r e engra nd . . ·
mo ele próprio diz _ cm " robu stece r 1nten orm ente a lgreia no co nh ec i- o rein ado de Carl os Magno , houve de zesseis assem bléias capitulares e de-
mento da fé cató lica" e cm " velar para qu e cad a um , co nform e os se us zesseis concílios nacionais , e o sobe rano presidiu a umas e a outros. Mais
ainda : as capitulares qu e, em princípio , são leis civis , completam e corri-
dotes, as suas forças e a sua situação, se ap liqu e ao santo s~rvi ço de Deus".
gem as decisões dos co ncílios. Ficam os es tupefatos com as questões sobre
No estado de dependên cia do seu poder em qu e a lgreia se enco ntrava
as quais o governo imperial pensa dever legislar : descanso dominical , assi-
de fato, essas intenções não podiam senão levar à mais completa co nfusão
duidade nos ofícios , mane ira de ad ministrar o batismo, obrigação da esmo-
do espiritual com o temporal. E fo i o que aconteceu . la, disciplina mon ástica , recitação quotidiana do Pater noster, e até a ne-
A confusão do espiritual com o tempo ral é a noção básica a qu e te - cessidade de acreditar no Espíri to Santo ... E tudo isso san cionado co m pe-
mos de voltar uma e outra vez quando procuramos compreender a políti - nas severas! Em matéria penal , a confusão é completa ; as infrações aos
ca re!igiosa de Carlos Magno. Ali ás , ela mesma se apresenta assim aos mandamentos de Deus e da Igreja são punidas com prisão e outras penas
olhos de todos, com a maior ingenuidade. A fórmula de notificação dos corporais; por outro lado, ao castigo de um crime ou à repressão de um
atos imperiais, por exempl o, co meça sempre por estas palavras : · 'Saibam delito , a lei acrescenta uma "penitência" em boa e devida forma .
os espíritos dos fiéis da Santa Igreja de Deus e de nós mesmos . .. '' Q uem Desta maneira , o Império carolíngio aparece-nos como um a enorme
diz fiel diz, portanto , ao mesmo te mpo, cristão e súd ito do Imperador. . administração clerical, em que tud o está organizado com vistas sim ultanea-
Há até uma espécie de ministéri o que transmite essa co nfusão aos fatos: mente- à glória do monarca e à exaltação da religião - coisas que, no
é a Capela lmpenal , dirigida pelo esmoler-m or e co mpos ta por toda uma pensamento de Carlos , significam exatamente o mesmo. E em ru do isso,
plêiade de cléri gos que , entre as suas atrib uições , têm a de cuida r do se r- o Papa T uma figura bastante apagada. Há aí, sem sombra de dúvida,
viço divi no no oratório imperial , mas que ao mesmo tempo es tão encarre- uma subversão de valores, não teórica mas prática, contra a qual a Igreja,
gados da chancelaria-mor, isto é , fisca li zam tod os os ass unt os em andamen- por enquanto, nada pode fazer.
to , tanto as nomeações de bispos como as decisões da justi ça, as relações Mas não terá a Igreja tirado algum benefício dessa situação 1 Sem dúvi-
diplomáticas como o ensino . da . Os quarenta e cinco anos do reinado de Carlos Magno foram , sob al-
Toda a hierarquia da Igreja é vigiada pelo soberano . É ele . pratica- guns pontos de vista, uma época de esplendor para o cristianismo . As so-
brevivências pagãs e as superstições, as práticas heterodoxas ou duvidosas,
mente , quem nomeia os bispos e os abades das grandes abad ias , com
os encantamentos e o uso dos amuletos, tudo isso foi severamente reprimi-
uma liberdade que nenhum merovíngio , e ca lvez mesmo nenhum basileu,
do, e os Soberanos Pontífices, bem como os concílios , felicitaram diversas
jamais chegou a ter . Os bispos são, literalmente. funcionários colocados sob
vezes o imperador por esse motivo . A implantação definitiva da fé cristã
a Mainb urg do prínci pe , a quem prestam o seguinte juram ento : " Ser-vos-ei
em todas as velhas regiões galo-romanas deu-se certamente nesta época .
fiel e obediente, como homem vassalo do se u senh or' ', e alguns recebem
Outro benefício que a Igreja tirou da proteção real foi o enorme desen-
ordem de deixar a sua diocese e mudar-se para a corte. onde _têm necessi -
volvimentos dos mosteiros; a época carolíngia viu-os surgir em grande nú-
dade deles. Outras vezes , é um abade que tem de executar uma verdadei -
mero, favorecidos por imunidades, doações e privilégios , e os que já exis-
ra ordem de mobilização , e dirigir-se com um contingente previamen te
tiam progrediram consideravelmente . Deixando de ser, antes de tudo , colô-
fixado a este ou àquele lugar. Os missi domimci. enviados do rei , que
nias de ascetas que se entregavam ao trabalho por razões espirituais, as
andam P_or toda a parte inspecionando tudo , comam sempre bispos enrre grandes abadias tornaram-se cada vez mais focos de uma intensa vida espi-
eles - sao, geralmente , um bispo e um alto funcionário - . e esses inspe- ritual e econômica . Mosteiros enormes, como Saint-Gal! , Fulda, Reichenau ,
tores políticos decretam verdadeiras sentenças judiciais. Temos de confessar Saim-Wandrille, Fernieres e Corbia , desempenharam um papel-piloto em
que os nossos costumes dificilmente se acomodariam a semelhante utiliza- vastas regiões . Fulda explorava mais de quinze mil parcelas de terras de
ção da Igreja como organismo superior de polícia . cultivo . Em Corbia e em Saint-Gal!, cujos planos possuímos , vêem-se em
Nas grandes assembléias do Império , constatamos a mesma confusão volta das abadias verdadeiras cidades, com as suas igrejas, as suas escolas, 421
420
do temporal com O espiritual. Nos " Campos de Maio" , herança germâni-
,._ IG REJ A DOS TF MPOS BJ\RBARo~
O PAPADO E O NOVO IMPÍ:R IO 0() (JCIO!'..NTE

as suas o fi1c10as . os seus hosptta.is . os ,seus moinhos e as . suas


.
herd ad es
_ . ·
Tal desenvolvi mento só se tornou poss1vel porq ue a admm1straçao 1m pe- era ele q uem escolhi a os arce bispos, nomeava os bi~pos e exigia que todos
nal O fomentou · um moste!fo implantado em qualquer reg ião era um pi - reco rresse m a el e antes de reco rrer ao Papa , uma vez que O episcopado
lar em que O Império se pod ia apo iar . . se tinha deixado transform ar nu m corpo de altos funcionários e o próprio
É certo que havia para os monges co nuapamdas um tanto desagradá- Pontífice concordara em conse rvar somente o di reito de confe rir aos arce-
veis: a obrigação de fa zerem '' presentes '' ao soberano num sem -núm ero bispos o pallium - a faixa de lã branca que era o símbolo dos seus pod e-
de circu nstâncias. dever d e hospitalidade não somente em relação ao Prín- res -; tud o isso ainda podia passar por normal: eram coisas da políti ca
e da administração . O que é an ormal , porém , é que se ten ha visto o im-
cipe e ao seu séquito , mas t~bém à ~uvem de_ m~nsageiros - fu~cioná-
rios ou outros - que , para isso, recebiam autonzaçao real ; nomeaçoes po- perador imiscuir-se na reforma do clero ' Os seus predecessores, principai-
mente o seu pai, tinham ajudado os reformadores nessa tarefa , mas Car-
lfocas e diplomáticas q ue não se podiam decl inar , bem como o apelo às
los Magno quis assumi-la pessoalmente por inteiro.
armas . Cooscieores dos serviços que o Estado lhes prestava , os abades só
eleYa\·am os seus protestos em vo z muito moderada . Apesar de tudo , porém , os resultados dessa ação imperial estiveram
longe de ser maus na prática . Muito consciente de estar representando a
,-\lém disso, entre o clero, q uem se atreveria a censurar os atos de um
vontade divina - que , evidentemente , coincidia com a sua - , o " piedo-
soberano tão exceleme , tão pode roso e tão bem intencionado , desse sobera-
so guardião'' empenhou-se em escolher para os bispados homens de fé
no que acabaYa d e assegu rar a p rosperid ade de todas as paróquias ~ _on-
qualificados e sábios, que na maior parte das vezes vira com os seus pró-
Yener o diúmo numa instituição estacai ) O costume , estabelecido aos pou-
prios olhos trabalhando na " Capela". Foi uma reação co mpleta co ntra os
cos:c!e pagar à paróquia uma caxa em espécie no montante de um décim o escandalosos procedimentos do tempo de Carlos Manel , e o episcopado
dos rendirneoros , cosrume qu e até então se punha em prática de form a de Carlos Magno fez boa figura , com personagens como São Chrodogan
mais ou menos arbiuária . foi codificado pelas capitulares de 779 e 794, de Metz, Am de Salzburg , Lull de Mainz , Teodulfo de Orléaos , Hincmar
que o comar2.m obrigató rio: o ''costume sagrado' ' transformou- se em im- de Reims: homens de caráter enérgico e vigoroso , que não ter iam talvez
posto . O clero passou a recebe r d ez por cento de todas as colheitas, de a doçura e a moderação como virtudes mais evidentes, mas que eram cons-
todos os lucros do artesanato ou do comércio , e essa rece ita era dividi da ciências retas , doutrinal e moralm ente sólidas , cheias de um espírito de
em quatro partes: uma para o cura-ecónom o da paróqu ia , a seg unda pa- conquista para a fé .
ra a SU..."tentação do culta , a terceira pa ra o bispo e a quana p ara os po- Carlos Magno aplicou a todos os elemencos da Igre ja esses princípios
bres e obras sociais. Bem se podi a perdoar que Carlos Magn o, em caso de reforma. O clero secular foi o bjeto de cuidados de que até então nun-
de necessidade. confu ndisse os bens da Igreja co m os do Estado , ou re qui - ca se beneficiara: foram -lhe exigidos não só costu mes puros. como também
sitasse os tesouros d e um bispado ou a cavalaria de um mosteiro. um mínimo de conhecimentos. O bispo ou o seu delegado tinha obriga-
Os contemporâneos tam bém não lh e levaram a mal outro tipo de in- ção de investigar periodicamente , por mei o de exames orais. se os padres
tervenções, que nos parecem ainda m ais surpreendentes: introm issões na tinham noções suficientes de latim , de dog ma e de liturgia . Uma lei obri-
própria vida da Igreja, na sua discip lina, nos seus dogmas e , até , nas cons- gou os curas a pregar em língua vernácula todos os domingos . Da mes-
ciéncias dos fiéis . Passem os por alto qu e o rei controlasse a organização ma maneira , Carlos Magno quis impor ordem e u nidade aos mosteiros.
adm_inistrativa eclesiástica, confirm an d o a ex.isténcia das amigas metró poles Foram promulgados regulamentos estritos para a adm issão de mo nges, e
e man do, por razões políticas , os arcebispad os de Mainz e de Salzb urg, acabou-se com os giróvagos, que mud avam constantemente de casa . O im-
se~ no entanto deixar que se estabe lecesse o sistema estritamente hi erár- perador mandara vir de Monte Cassino o texto autênt ico da Regra de São
qui co que mu itos clérigos teriam d esejado 26 . Passemos por alto ainda qu e Bento, que lhe pareceu a melh or, e co mo na mesma ocasião um grande
monge, São Bento de Aniana , trabalhava com todo o entusiasmo a favor
da unidade na observância monástica , Carlos e seu filh o Luís de Aquitâ-
(26) Já vim05 (cfr cap V p A .r. . _ . . .
e d ·. · ar. re1orma, Jmn c1p 10 1fu ndamental da fgre,a) q ue alguns re nia (o futuro Luís o Piedoso) apoiaram-no em rudo. Grandes abades, co-
,orma ores. como São Bonifácio · h ' ' . • ·
que estivesse m subm -d . ' tin am pensado numa re de de metrópoles arqu1 ep1scopa 1s ª mo Esmaragdo de Saint-Mihiel. seguiram as suas pegadas , e o triunfo de-
q ue Carlos Magno teneht1 a 05 os sd1mdplcs bispad os, a fi m de sistematizar a hierarquia . Não parece
cn vc rc a o por cs
mente teria frito sombr à · h • ci- finitivo da regra beneditina data desta época .
.d se camin o, porque semelhante ce ntralização provav
eram com exceção da da Nsuab auton ade A
. · 5 mctropo - 1 .
cs, port anto, conunuaram a se r o
que
· e ar onnc rn ada cm 813 d N em mesmo os simples leigos escaparam à minuciosa e autoritária soli - 42 3
, e com a qual se elevou a vinte e u as o
número das sés arqu icpiscopais T d · •
0
.
· os os uru larcs dessas sés rece biam o pa/lium do Papa .
rl PAf'Af) f) F !J i/fJV!I IM~r p 1r1 fir1 ,,r 1í1F.'1íF
. d · , .,- d um dc\'C' ~ahcr rc\ irar o Credo e 11 Pater n o ite,
citude o re1. va a . . .
. . p 't ul ar _ • e · ,• e for nccc5~áno. ~crá forçado a isso p or lll ci•)
d ilia um a ca 1 . , 7, jnhm g rego~ pr io fa 1fJ de rant;u em r1 Fzl10que pmced1t pediram a Leão
do jejum e da penitência.. /\ p ie_dadc torn a-se , p o is, um dever socia_l, e [li qu e pu se,,c termo ao drlntr (J pap~ . prerK"upado em evnar um con-
aq uele que pratica mal O seu cnrnan1smo e um re ~elde e um a~a rqu istal fl ito , suge riu a Ca rlo5 qu e renunc1,me a fórm ula mas o imperador lei mou.
Tais foram 05 princípios que u m polioam ent o vig ilante levou a p rát ica . chamou em se u auxíl io exce lentes teólogos como r1 bispo Teodulfo e o
Tud o esta\·a co nd imentado com aquele gê ne ro de reg u lam entação minu cio- abad e d e Sain t-Mihi cl Esmaragd o, e a verdade é que o uso de Ai.x acabou
sa que é tão do agrado dos ditad ores: era obriga tó ri a a ass istência às Roga- prevalecendo mes mo em Roma ; ainda hoje . por voncade do im perador.
ções. rnb pen a de mu lta. assim co mo às p reces públicas _de agradecimen - co ntinuam os a recitar o Credo com esse ac réS(imo .
to após uma \·iróri a ( e ha\-ia tantas 1
) . so b pena de pmão ; e aquele a Outros in cidentes mostram ain da a interferência do sober2no nas ques-
quem nascesse um filh o não precisava ser avisado de que devia arranjar tões dogmáti cas mais difíce is , e sem pre com o mesmo vigor categórico .
um padrinho e uma madrin ha que tivessem um mínimo de conhecimen- Assim, quando o culto das imagens foi legirjm ado em 787 pe lo segundo
ros da aout.rina cristã. pois. caso co ntrário, os três podiam passar um mau Concílio de Nicéia , Carlos Magno e o seu clero franco saíram a campo si-
bocado ... multaneamente contra Bízán cio e con tra Roma . A tradução laci na das de-
cisões conciliares parecia- lhes equívoca , e além dis.so os germanos semp re
Se a mo ral foi objeto dos mais m in uciosos cuidados , a liturgia também tinham manifestado uma certa desconfiança qu anto a represemação da fi .
não foi desp re zada. pois aco ntecia que o imperador se deliciava com ela . gura humana, acentuada pela profu nda influência do Anugo Tesramemo .
E tam bém aqui m ostrou o seu d esejo de unidade. Na Gália, a liturgia, Carlos convidou os seus teólogos a compilarem uara.dos conua o Concílio
os sacramentários e os m issais eram ainda locais , imitados dos amigos mo- - que foram publicados sob o seu nome : Livros caro/mos - . e chegou
delos bizantinos . Por ocasião da viagem a Roma , em 781, Carlos Magno mesmo a mandar um embaixador ao Papa. especialmeme incumbido de
ficara im pressionado co m a beleza e a simplicidade da liturgia que ali vi- lhe transmitir oitenta e cinco rep reensões, e a reun ir em frankfun . em
ra . e pediu emão ao papa Adrian o q ue lhe fornecesse os sacramemários 794, um concílio antiniceano ... Fo i só em fins do século IX - e depoi.s
e o missal roma.n o. a fim d e introduzir no seu Império essa. maneira de de alguns excessos iconoclastas , p rincipalmem e na Turíngia - que a dou-
celebrar os ofícios. Assim a litu rgia romana e o canto gregoriano se espa- trina ortodoxa sobre esta questão triunfou coralmeme no Império franco .
lharam pelos domínios submeti d os aos francos, completados com elemen- Em contrapartida, o mesmo concílio de Frankfurt de ~94 deu o seu
tos extraídos dos usos galicanos (raras foram as dioceses, como Lyon e Mi- total apoio ao papa na questão do a/opáomsmo. heresia criada na Espa-
lão, que resistiram a esse furo r planificador). E as obras litúrgicas de um nha por dois_ bispos que , julgando resolve r assim as cl.iiiculdade.s sob re a
cerco Amalário de Met z, discípulo de Alcuíno , imporiam a sua autorida- naturq-;; de Cristo , sustentavam que Ele era " filho adotivo " de Deus.
de em toda a Idade Méd ia . Como ~ desses bispos vivia na zona dominada pe los mouros. não foi
possível levá-lo a submeter- se , e a sua pequena igreja ~eréuca conseguiu
Pouco a po uco , vemos o infatigável imperador imiscuir-se em todos sobreviver; mas em rodas as regiões dominadas pelos rnncos o erro fo1
os assuntos que d iziam resp ei to à Igreja , mesmo nos mais essenciais: as impiedosamente perseg uido ,- .
próprias bases da fé . Nesta ordem de id éias , nada há de mais curioso do Devemos co nfessar q ue esta co nsram e intervençlo do poder em assun -
que a história do Ftfioque . Um cán on d o Concílio de Toledo de 589 ti- ~
tos religiosos nos ca usa um ceno co nsr ran g I. menc e. .-\ confusão era am -
nh a de~ nido , contra as teses arianas , que o Espírito Santo procede do Pai
e do Filho ao mesmo tempo : Ftfioque procedlt . Tendo-se entusiasmado
(27 ) Estas fo ram pra ricam cmc as ulum.i:, 4uc rcl.i., 1colog1t.i., <lo Oudcmc por mu ,rn ,dcmpo
com est ª fó rmula , Carl os Magno mandou adotá-la no Credo que se canta- Depois da mort e de Carlos Magno. h,ve r-.-:i .1111 d J. 1 4uc re l.1 Jo puJ,, -•1n-1,·wn u m o · lcnnca ad por •
va na sua capela . Q uand o a inovação foi conhecida 'no Oriente, rangeram um ce n o Cot/JclJJlk, monge s-.:ix:l.o da ab.1 d1a de Orb,1, cm Bric . uh in1sra prFcm.iturod qucd
d ,, m; u., p.10 1 morte 01 con ena
a mi"
o pc o
1ia du as predestinaç ões ' a dos bons pJr:1 • 11<l 1f r 1 ' b · d1,w11J.i.,
. s·' o Espíri· to Santa - afiirmavam os onenta1s
· · - procede d o P ª1·
os dente .
as ccs,,,. d e p.;1<-1110
.- Rad -
bispo Hi nc mar de llei ms. Na mcsnu ocas ião . or:un um dcmC Eu ·ari.st ia é apenas cspiri-
. ,. que .1 pre,cn\a e mw n.1 ' .
pelo Filho, m as não do Pai e do Fi lho. Tratava-se de um distingua su ti l, b erto, monge ele Co rb 1a. _qu e >l1>t cnL11·' _ d a rc .1 I1d·ade pc r·•bidi p<'IJ 1mdigência. mas.
. t nu hgur:1 L, .
t uai, e o q ue apa rece cx1enorn1 cn 1c u
. Carlos pr ovave-1 mente nao
que o teólogo - compreendeu. No entanto, m an • h. . d- Cr,,ro tal como Ele viveu . Sc -
por oumi lad o , ns:, rcalt'J ac1e t• cx:itamci · 1t l l0f1'0 i>tüíll O '
e ' __

d- anunci•
3 r os grandes proble mas '
teve a sua inovação , mesmo contra o papa Adriano que fizera as suas re- . • . , - ~utfll 1mrrc"c que o , .
1111: lh a111 cs cl ,sr ussõ<"> n:lo t, m para nos ' fus:is nlo fi zeram a,-a nçar os co nh cc1-
servas s0 b ·d ' · du tem po da Rd'orm .1 pro1csia n1 c: cu mo n -J m multo co n · · 42 5
re ª oport~n, . ade d essa precisão . Em 808, algun s monges lat i· mc11t us 1co lógi, us.
nos do Monte das Olive1ras de J. , ·
. erusa1em , acu sad os de heresia pelos seus vi -
<> 1' APAl 1<1 f· <1 ~l<11/f1 IMP~P I<, r11, <1fJ í>F'ITF
d a pior, de certo modo , do que cm Bi7 :i miti , unck a 1, lig ião \O llstitu
fa
apenas um seto r dos serviços do Esrndo . ao passo qu e IHJ Im pério É dcm e<e~53rÍo di zr r r1ue ne~re domínio com 1·-
fra nro o a 1as em to d 0 5 os ou-
andava mistu rad a co m todos os scrv1ç-os . Mas deve-se fa zer uma reserva tros, a rn nfu~~o do po lítico . co m o erlesiám co na total · os bispos ou
os
de ~
uma reserva que vi ria a revelar-se essencial: devido ao próprio fato a bades qu e o imperad or env1.iva como mm i d0mmzcz deviam tam bém
de -
Imperad or ser sagrad o pelo Papa , a Igreja m antinha a su a su premac ia, sempen har o pape l de inspeto res-gerais do ensino , e , em sent ido co nt rário
ern .
bora ésta supremacia não pudesse deixar de ser merame nte teó rica, enqu havi a fiscais_ do so berano g ue examina vam os sace rdotes para avaliar
an- 0;
to O soberano fosse um homem da enverga dura do grande Ca rlos; se us. co nh ecim entos. Uma históri a céleb re , refe rida pe lo monge de Saint-
m as a
situ ação mudaria com os seus fracos sucesso res. Enquan to em Bizâncio -GaJI , mostra-n os Carl os Magn o inspecio nand o pessoa!m ente a Escola Pala-
a
coroação só tinha lugar muito d epois d e o novo Basileu se ter instalad tina, interrog ando os alunos, feli citan do os melh ores , cen.sUíand o os
o ou-
no poder , mais como um cerimoni al do que como ato decisivo , no tros, e so bretudo repreend endo seve ramen te os jovens nobres preguiço
Oci- sos,
dente era a essência do aconteci mento. O fato de a Igreja conserv ar com a ameaça de gue daria as al tas funções. abadias e bispados , aos
seus
o pri- compan heiros mais modesto s, se el es não trabalhasse m mais . Foi a esta
vilég io de ' 'fa zer o Impe rado r'' era, pois d a maior iJ!!po_rtâ ncia. re -
0
forma_ escolar de Carlos Magoo que a Igreja fi cou devendo ·o priv ilégio
Por outro lado , a próp ria confusão do espiritu al e do tempora l não de ser a grande mestra da cu ltura , um p rivilégio qu e ela co nservaria
até
deixou de ter algum resultad o feliz . A Igreja viu-se obrigad a a intervir à época modern a e que viria a ser decisi vo na el aboração da civi lização
mais sistemat icament e do que nas épocas precede ntes, em tudo o que no Q_c~dei:ite. A Universidade de Paris, ao fazer de " São Carlos Magno
cons~ "
ti tuía as bases da civilização . É verdade que , muito antes de Carlos o seu patrono por volta do século XVIII , talvez não tivesse razão ao cano-
Mag-
oo, já el a se interessa ra - sozinha - pelos problem as sociais e pelo 01zar o grande homem , mas o testem unh o de grat idão que lhe re ndeu
ensi-
n_o. Mas agora passou a h aver uma compen etração oficial , uma aliança não foi imerecid o 28 •
ío-
um~ entre as autori dades eclesiásticas e as civis. Foi à Igreja que o gover-
no 1mpena l confi ou a _o_b rigação cristã - _que Çarlos Magno Tevava
muito
a sen o - de socorrer os miseráveis , os enfermo s e as crianças abandon A Renasc ença carolín gia
a-
d~~ como a quarta pane dos dízimos era aplicada nestas obras,
o con-
seqüente enrique cimento dos instituto s religiosos com abunda ntes donati- Em parte alguma a compen etração do cristian ismo e do _poder impe
-
vos alime ntou , na prática , um ve rdadeiro e poderos o fundo de assistênc rial . deu or-i-gem ---i!...Esultulos.JJ!.ais fe lizes c!2.._~e ~sse grande evcora iote-
ia
social . leç_tuaL q.ue_se..ch.ama~ --A-as cença caroliilg ia ' ' . É-nos difícil imaginar
co-
mo era baixo o nível cultural no moment o em que Carlos Magno subiu
Da m esma maneira , o ensino foi literalm ente deixado a cargo da lgre- ao poder. A decadên cia política dos merovín gios fora paralela a um verda-
lª · Se ,Car_1os M~~no rea 11zou
· - -escolar que devia assumir uma
u ma refo rma deiro desmoro namento das coisas do espírito : o latim esc rito tornara-
1.mportan c1a decrs1va , fo 1· - quena se
porque nao · que o seu clero contmu • asse horrível , a poesia e a própria teologia estavam quase aban donadas . e a
ignorant e , e foi tam b em - aos p ropnos ane
- · pa d res e monges que confiou agonizav a, separad a das suas fontes orienta.is peh imasão árabe e ester iliza-
essa
reforma
. · A partir daí , o c1ero to rnou-se s1stemat · . da pela anarqui a . Desse ponto de vista. a Europa cenual mos u a\·a-se atra-
1camen te pedagog o . Os
simples c~ras de aldeia recebera m ordem de dar aulas às crianças . As
gran -
des ,abad ias" e as cat e d ra1s
· ti·veram to d as, ao se
u lado, escolas que nós cha-
manamo s . secu ndárias' '
, e '' supenor · es , , ; nas . . as,
pnme1r .
ensmav am-se os
(28) A co nd ecoração fran cesa d as .. Palmas ~c~d ém1C15 " conseru no,
lembrança desta ímima aliança emre o ensi no e ; lg re1a · a co r d a
nossos te mpos laicos a
tres conheci mcntos p rim d · · , . sua fita e o \I Oleta e pl.SCo pal.
. . or 1a1s: a gramatJCa, a retórica e a dial ética, o ch a- A propósito d a "cano nização " de Car los Mag no, é prc.: i,o ~crescem
ar que o un pe rad or ger -
ma, d.o tnvium · nas outr · · m â ni co Frederi co li Barba-Roxa . em penh ado numl lu ta vio lenta co ntra
' . as, mm1Stra va-se o quadn'v ium, a alta cultura : ant- . seg uiu que
o pa pa :\ lexa ndre III. co n-
meuca, geomem a mú sic a m ipapa Pascoa l Ili ( ano 111z.1SSc o im per-ad o r fr:i~co . ess:1 cano nização; ce k
.
' . ª e astronom ia . Alguma s destas escolas alcançar am O
co m grande fausro a 29 de dezemb ro de \ \6~. n:io p:,sso u . porem
brad.a
, de um gesto pol m co. desti -
um ren om e verdade1rameot nado a exa lt a r pode r imperi al. e a lg rqa n j o a re( o n heceu No enta nto . alg~ru aurores
drille d A • e europeu , com o as de Corbia, de Sainr-W an- O
no tar que ho u ve cerra rolerància ne ste ponto. e que l Sama S<' -~:io
fa zem
, e c~amou a o rdem as igreps
Tours bem n1ana co '
de Fulda
E , · d
e, acima e todas, a de São Martinh o de que tinh am
O
hábi to de cele br-ar O cult o de " Sio Carlos Mag no : alt:is . o papa Be nto XIV fo1
' · · · , · ..
mo a scoia p f. · d d " São Cario· Magno ' ' procede portant o . daqui.
prelados e de d f . ~ ~tina e Aix-la-C ·
hapelle, viveiro de altos
d esse parercr. A fe sta u111 vers1tl rt a pa m1e
· · 1 b
nse e
·
· > . . • .
Em A1x -la-C hapelk, o se u cult o a1nc a so revive · e ª fr '· ta é de pnme 1ra classe com o ttava ; e tam-
_
gran es unoona n · 42-:;
426 gostavam de · . os, CUJOS cursos Carlos Magno e os fil h os bt m ctlcbre cm Po iw u .
seguir , e onde lec10
navam os melhore s espírito s do tempo .
A IGREJA DOS TEMPOS BÁRBAROS
o PAPADO E O NOVO IMPÉRIO DO OCIDENTE

- , l - a Bizâncio ao califado de Bagdá ou à Espanha,


sada nao so em re açao ' . , - Escola palatina, no centro de Aix urn a , · d
, , G - B tanha anglo-saxônica e .à Itália lombarda. Ja nao se cons- - . -- , especte e u 1 ,
mas ate a ra- re , . . rito, cuia luz banhava todo O Império p . , q_ arte -general do espt-
, se dispunha dos meios necessanos para conunuar com . or intermed10 de . . . ·1
uma, e nem mesmo , . , . res ligados às abadias e aos bispados Com 0 , . tnstttutos s1m1 a-
· · 1
1. reuniu
- que fizera a glória das basiltcas merovmgias . Era um egmmo espírito eur
a suntuosa orn amentaça0 Carlos Magno ai à sua volta tudo O q h . d opeu,
uma verdadeira derrocada .. . . 1 , · ue avia e valor no domí-
n 10 da cu tura, sabtos, letrados e teólogos: do s l d G' ]'
· d . u a a ia, Agobardo e
o meio século durante o qual reinou o imperador veio romper este Teodu lf,o, um re fu gta o godo da Espanha ·' das ilh as ang 1o-saxo, ntcas
, , . .,
·
, Al-
desmoronamento mortal. Os contemporâneos tiveram nitidamente o senti- cumo; da Italia, Paulo D1acono, Pedro de Pisa e Paulin 0 d e A qu1·1 eta; -· d
l , a
mento de encontrarem uma nova esperança . Se Eginhard via em Carlos Irlanda , C emente e Dunga! , e dos patses fran cos, Angilbeno e Eginhard .
um novo Augusto, e se o bispo Modoin de Auxerre descrevia_o seu tem- Mandou procurar por toda a pane o qu e so brevive ra da civilização intelec-
po como o de uma ressurreição , ambos tinham razão. _ O gêmo deste ho- tual, quer entre os lombardos , longínqu os herdeiros de Boécio e de Cassio-
mem e a grandeza do seu caráter mostram-se com mais clareza exatamen- doro, ~uer entre os espanhóis , filho s espirituais do enciclopedista Isidoro
te no fato de este guerreiro quase inculto ter compreendido a importância de Sevilha, quer sobretudo nas ilhas da Bretanha , onde importantes perso-
da obra civilizacional, e de se ter consagrado a ela pessoalmente. Ainda nalidades, como Beda o Venerável 29 , haviam p rovocado já um século an -
que viesse a ser efêmera - como efetivamente foi - , a Renascença carolín- tes um verdadeiro pré-renascimento anglo-saxónico . As provas de confian-
gia havia de estabelecer um novo patamar e, com o correr dos tempos, ça e de amizade que o imperador deu a estes intelectuais fo ram inume-
ergueria uma espécie de baluarte em que a inteligência se poderia apoiar ráveis: de um deles - Angilberco - , fez seu genro , e a outros , como
para travar a dura luta contra a barbárie do espírito. Em certo sentido, Alcuíno e Teodulfo, cumulou-os de ricas doações de bispados e de mos-
foi mais importante que o Renascimento infinitamente mais brilhante do teiros.
século XV. Por vo ntade de Carlos e pelas próprias condições em que se Vários destes homens foram , certamente, personalidades de primeira
realizou , esta Renascença ia, durante séculos, tornar o cristianismo insepa- magnitude, a começar por Alcuíno (7 35 -804). ancigo aluno dos mostei ros
rável de toda a atividade intelectual do Ocidente . beneditinos ingleses e diretor da esco la episcopal de York , com quem Car-
los simpatizara por ocasião de um encontro na Irálü . e de quem fe z "seu
O centro vivo dessa Renascença foi Aix-la-Chapelle, antiga vil/a do tem-
primeiro-ministro intelectual " - no dizer de Guizot - . nomeando-o su-
po de Pepino o Breve, afastada das principais estradas romanas, da qual
perior da Escola palatina , seu auxiliar e seu inspirador na obra escolar. Sá-
- devido ao seu recolhimento e à beleza da sua situação - Car!os Mag-
bio de gabinete, sem contacto com o exterior , um pouco pedante mas be-
no fe z a partir de 794 uma Versalhes carolíngia. A situação geográfica da
nevolente e cheio de curiosidade imelecrual , Alcuíno exerceu uma enor-
nova capital provocou muitas discussões: por que se escolheu esta região
me influência, não só pelos seus tratados teológicos . pelos seus panfletos
renana , de preferência a qualquer cidade da Gália ou até a Roma? Teria
contra O adocionismo , e pelos manuais de piedade . que incluíam um cate-
sido pela sua posição central no Império , tal como Carlos Magno o conce-
cismo, mas mais ainda pelo seu ensino: discípulos tais como Rábano Mau -
bia? Ou porque era vizinha da ameaçadora Saxônia? Ou seria porque o ro testemunham o valor deste mestre . Tam bém foi seu aluno O lom bar-
descendente de Pepino de Landen queria manter-se fiel à tradição austra- do Warnefrid chamado Paulo Diácono, o hisroriador do povo lombardo
siana, ao contrário dos merovíngios , que se haviam tornado cada ~ez mais '
que Carlos encontrou · ' · co mo\·en te
em orcunsranc1as ). Paulo viera pedir-lhe
neustrianos? Ou ainda, porque, uma vez quebrado o eixo mediterrâneo .
que perdoasse um trmão seu , con ena o por rd d ebelião · Era um. homem
pela invasão islâmica , já não convinha dominar o mar, mas sim o conti- . • d · f · , .e1· a quem o imperador · .
culto, bom helenista, poeta, h1st0na or tn ariga\
nente? Todas estas razões devem ter pesado juntas . Seja como for, a ver- afi d Roma como os rudunentos
pedia que lhe explicasse tanto a ropog r ia e h
dad~ é que, na última década do seu reinado , ali se erguia uma magnífi- . afi ·ma de rudo um ornem san-
· . b
da gramática latina ou da ep1g r ia; era. act
ca cidade , agrupada em torno do Palácio imperial - residência de Carlos Re ra de São Benco e que quis aca ar os
to , que comentou com amor a g fi E · h 1
d um dos raros
Magno e centro dos serviços do Estado - , com uma população de aproxi- seus dias no mosteiro de Monte Cassino . Por im . grn · ' ' ·
madamente
. · ..
quarenta ou cinquenta · e
· monumentos, 101e-
mt·1 a1mas, e CUJOS
ltzmente d: st ruídos pelo fogo no sécu lo XIII, suscitavam a admiração dos ü bJ:ismo d.1 l ng!.Jta ra, e cap. V.
contemporaneos. (29) Cfr . cap . IV, par. ,-1.s pn',,uiraj misJôi'I pontifíci.Js: 42 9
428 O · 1ectua 1; mais particularmente, a
centro do ren asc1·mento tnte par. Uma luz qul' se vislumbra.
Aix foi
A IGREJ A DOS TEMPOS BÁRBAR os
o PAPADO E O NOVO IMPÉRIO DO OCIDENTE

_ / laça- 0 a Bizâncio ' ao califa do de Bagdá ou à Espanh a ,


sad a nao so em re .
se co ns- Escola palatina, no centro de Aix , uma espécie de qu arte l-general do espí-
/ , G - Bretanha anglo-saxô nica e .à Itália lombard a . J á não
mas ate a ra- / . . ri t~ uj a lu z banhava todo o Império por intermédi o de institutos simila-
mesmo se dispunh a dos me10s necessanos para cont10u ar co rn ,
/
tru1a, e nem / . /. / . res ligados às abadias e aos bispados . Como um legítimo espírito europeu
a suntuosa ornamentação que fizera a gloria das bas1hcas merov10gias . Era Carlos Magno ali reuniu à sua volta tudo o que havia de valor no domí-
e
uma verdadeira derrocada .. • ni o da cultura, sábios, letrados e teólogos : do sul da Gália , Agobard o
anglo-sa xônicas , Al-
o meio século durante o qual reinou o imperad or veio romper este Teodulfo , um refugiad o godo da Espanha ; das ilhas
desmoronamento mortal. Os contemp orâneos tiveram nitidam ente o senti- cuíno; da Itália, Paulo Diácon o, Pedro de Pi..sa e Pauli no de Aq uiléia; da
.
mento de encontra rem uma nova esperança . Se Eginhar d via em Carlos Irlanda, Clemen te e Dunga! , e dos países fran cos , Angilberto e Eginhard
a parte o que sobreviv era da civilização intelec-
um novo Augusto , e se o bispo Modoin de Auxerre descrevia o seu tem- Mandou procurar por toda
po como o de uma ressurrei ção , ambos tinham razão . O gênio deste ho- tual , quer entre os lombard os , longínq uos herdeiro s de Boécio e de Cassio-
mem e a grandeza do seu caráter mostram-se com mais clareza exatame
n- doro , quer entre os espanhóis , filhos espirituais do enciclopedista Is idoro
te no fato de este gu erreiro quase inculto ter compre endido a importâ ncia de Sevilha, quer sobretud o nas ilhas da Bretanh a, onde importantes perso-
nalidades , como Beda o Venerável , haviam provocad o já um século an-
29
da obra civilizacional , e de se ter consagrado a ela pessoalm ente . Ainda
tes um verdadeiro pré-renascim ento anglo-saxônico. As provas de confian-
que viesse a ser eféme ra - como efe tivamen te foi - , a Renascença carolín-
ça e de amizade que o imperad or deu a estes intelectuais foram inume-
gia havia de estabelecer um novo patamar e , com o correr dos tempos,
ráveis : de um deles - Angilbe no - , fez seu genro , e a outros. como
ergueria uma espécie de baluarte em que a inteligê ncia se poderia apoiar -
Alcuíno e Teodulf o, cumulou -os de ricas doações de bispados e de mos
para travar a dura luta contra a barbárie do espírito . Em certo sentido,
teiros.
foi mais importa nte que o Renascimento infinita mente mais brilhant e do
se Vários destes homens foram , certame nte , personal jdades de primeira
século X\/ . Por vontade de Carlos e pelas próprias condiçõ es em que s
magnitu de, a começar por A/cuíno (7 35-804 ). antigo aluno dos mosteiro
realizou , esta Renascença ia , du rante sécu los , tornar o cristianismo insepa- l de York . com quem Car-
beneditinos ingleses e diretor da escola episcopa
rável de tod a a atividad e intelectual do Ocident e.
los simpatizara por ocasião de um enconuo na Itália . e de quem fe z ' ·seu
O centro vivo dessa Renascença foi Aix-la-Chapelle , amiga vil/a do tem- primeiro-ministro intelectual " - no dizer de Guizot - . nomeando-o su-
po de Pepino o Breve , afastada das principais estradas romanas , da
qual
perior da Escola palatina , seu auxiliar e seu inspirad or na obra escolar . Sá-
situação - Car!os Mag-
- devido ao se u recolhim ento e à beleza da sua bio de gabinete , sem contacto com o _exterior. um pouco pedante mas be-
no fe z a partir de 794 uma Versalhe s carolíngia . A situação geográfica da nevolente e cheio de curiosid ade intelectual , Alcuíno exerceu uma enor-
nova capital provocou muitas discussões: por que se escolheu esta região me influência, não só pelos seus tratados teológicos. pelos seus panfleto
s
renana , de preferé ncia a qualq uer cidade da Gália ou até a Roma? Teria . contra o adocionismo , e pelos manuais de piedade . que incluíam um cate-
sido pela sua posição central no Im pério, tal como Carlos Magno o conce- -
cismo, mas mais ainda pelo seu ensino: discípulos tais como Rábano Mau
foi seu aluno o lombar-
bia; Ou porqu e era vi zinha da ameaçad ora Saxônia ? Ou seria porque
0 Também
ro testemu nham o valor deste mestre.
descendente de Pepino de Landen queria manter- se fi el à tradição ausrra- do Warnefrid, chamad o Paulo Diácono, o historiad or do povo lombardo
siana, _ao contrário dos merovín gios , que se haviam tornado cada vez mais que Carlos encontro u em circunstâncias comovemes : Paulo viera pedir- lhe
neus?i anos) Ou ainda, porque , uma vez q uebrado o eixo med iterrâneo que perdoass e um irmão seu , condenado po r re belião. Era um homem
pela mvasão islámica , já não convinh a domin ar o mar m as sim o conti- culto, bom helenist a, poeta, histo riador infatigável. a quem o imperador
nente'_ Todas est as razões deve m ter pesado juncas . Sej,a como fo r, a ver- pedia que lhe explicasse tanto a to pografia de Roma como os rudimentos
· 'fi - da gramática latina ou da epigrafia ; era, acima de tudo, um homem san-
·
dade. e que ' na últ.ima d/eca d a d o se u reinado, ali• se erguia um a magni
ca cidade, agrupad a em torn o do Pal ácio im perial - residênci a de Carlos to, que comento u co m am or a Reg ra de São Bento e que quis acabar os
·
Magno e centro dos serviços d o Estado - , com um a população de aproxi- se us dias no mosteiro de Moore Cassino . Por fim , Eginhard. um dos raros
d · ··
ma amente quarenta ou cmquenc · · fe-
10
l" d , a md almas, e cu jos monum entos,
12mente _escru,dos pelo fo go no século XIII ' suscitava m a admiração dos d.1 I,,gl:iterra. e cap . V,
contemporaneos. (2') ) Cfr . cap . IV. pa r. As p n·m eirtJs missões pomific;..Js. o barúmo 42 9
pa r. Uma lu z que se 111slum bra.
428
Aix foi o centro do renasc imen to inte lectual; mais part icul arm ente' a
\ li ,REI.\ 11 u<; 1F~!I'• )~ H,\ RH ,\ Rr l ~
CI PA PADO F () '\J!lVO íMPf=Rf(J IJ(1 <i<lí)F l\/TE

le1·gos cu 1tos d a L~orre , tão artiqa


-
quanto letrado . qu e fo i ao mes mo tern _
po arqune · t o- chefe dos monumentos reais e sucesso r de Alcuíno à frent e A cu ltu ra latina não foi a única a beneficiar-se com d e
. . to os esses eswr-
da Escola palatina , e a quem devemos a b10grafi a mais co mpl eta e mais ços; Ca rl os Magno , que_ amava a su_a língua materna , trabalhou pessoal -
documentada do imperador , muito viva apesar do recurso exageradamen- mente para o desenvolvimento daquilo que viria a ser , muito mais tarde
te freqüente a Suetôni o. 0 alto alemão , eliminando as palavras de origem estrangei ra, dand o ao~
meses as de nominações germânicas que ainda hoje conservam, redigindo
Os expoentes desta plêiade de eruditos e de letrados constit uíam um
uma espécie de gramática e mandand o co mpilar as epopéias em que se
cenáculo , um pequeno grupo fechado, que os historiadores se acostumaram
cantavam as proezas dos heróis germânicos de outrora. Em tudo isso en-
a chamar " Academia palatina " . Cada um dos membros atribuía a si pró-
contram-se incluídos mu itos dos elementos qu e hão de ser fund ame,ntais
prio um epíteto que ia buscar à Antigüidade. O próprio Carlos Magno,
na Idade Médi a.
que não desdenhava presidir a esta douta assembléia , era identificado com
Davi - um nome que , se por um lado sobre-estimava o poder do cantor Igualmente importante e decisiva para o futuro fo i a obra realizada
dos Salmos , por outro abusava dos dons poéticos do filh o de Pepino . pela Renascença carolíngia no p~ano artístico, e também aqui foi prepon-
Da mesma man eira , Alcuíno chamava-se Horácio e Angilbeno Homero . derante a influência da Igreja. Devido -;:; fato de a liturgia ter adquirido
Nas sessões desta Academia, se ainda não se pensava em orga ni za r um a nesta época o gra u de desenvolvimento a que já nos refe rimos, a música
enciclopédia , pelo menos já se discutiam elevadas qu estões de lit eratura e foi obj eto de num erosos cuidados : não houve ca tedral nem grande conven-
de teologia, e se debatiam os assuntos relativos à instru ção pública. to que não tivesse os se us chantres e as suas escolas de jovens cantores . E,
como a construção, a decoração e o embeleza mento da casa de Deus eram
Quais foram os resultados de esforços tão meritóri os' ;'.\ão devemos pro - uma das maiores preocupações do imperador, a arquitetura e as artes plás-
curá-los no plano da criação: os aurores deste período foram quase wd os úcas conheceram tal dese nvo lvimento qu e Christopher Dawson bem pôde
impessoais, li mitando as su as ambições a refl etir fi elm ente o passado. A escrever: ''Carlos Magno fundou um a sacra arquitetura romana , tanto quan-
compilação fo i o grande e q_yase único método -que empregaram. tan to to fundou um Sacro Império Roman o" . A be m di ze r, a sua arqui te tura
naspuras ! ~, como em exegese , teolog ia e ascética . Pul ula \·am - e não foi unicam ente romana, mas, conforme as tend ências que já se ti nham
haviam de pulular por muito tempo - as co leções de Flores . Sentenli.ic· manifestado na época merovíngia, misturava influências ori entais e longí n-
e F.xcerpta, ou seja, as anto logias . A ob ra mais orig in al foi rah-ez a de quamente asiáticas com a ressurreição de elementos clássicos. Tal como fi-
Esmaragdo de Saint-Mihiel, autor místi co nada despre zível. que dedi co u zera com os escritores, Carl os Magno cham ou para ju nto de si arq uitetos
ao imperador a sua Vaie royale . No ent anto. de um a manei ra ain da mo- e decoradores de todos os países; assim , Odon , um dos construrores da
desta, a Renascença carolíngia foi fecunda, fo rnecen do instrumen ros de tra- Capela Palatina de Aix , era armênio. Os artistas da Ren asce nça carolíngia
balho à cultura intelectual. A escni:i. fo i transfo rm ada: ao invés das ilegí- inspiraram-se em tudo: nas ruín as latinas de Tréveris. na Ravena de Teo-
veis cursivas merovíngias. apareceu - talvez inicialmenre em Co rb ia - a dorico, na Santa Sofia de Justiniano , nas construções cé leb res de Jerusalém ,
minúscula carolíngia , bela e nítida, que Alc uín o e os mon ges de Tours no estilo original dos edifícios armênios , e até no Islão dos califas de Bag-
aperfe içoaram e popularizaram por mda a pane. A língua /aúno - mui- dá e dos emires de Córdova, rematando tudo com a arre compósira dos
to abastardada na França e na Itália, onde, continua nd o a ser língua vi\·a. anglos e dos celtas, mu ito amigos de figuras geométricas, de anim ais esti-
fora con taminada pelo linguajar bárbaro - foi muito melhorada pelos lizados e de belos ornatos entrelaçados. Tal como ocorrera no âmbiro lite -
monges anglo-saxões, notadamente por Alc uíno. entre os quais se conserva- rário, o resultado mais importa nte deste esfo rço foi res tituir ao Ocidente
va como língua culta. As obras lúeránas clássicas, negli ge nciadas duranc e a técnica: depois da brita grosseira e do cascalho que comp unham as pare-
muno tempo, recuperaram o seu lugar de honra, mesmo entre aqueles des merovíngias , voltou-se à arte do acabamento fino; depois da desaStr ª-
para quem só co ntava a "divina sapiência": voltaram -se a escudar Virgílio da quadratura dos capitéis, regressou-se a uma verdadeira escultura. No
e os . grandes autores , passou a haver certa familiaridade - embora nurn entanto, ao apoiar-se no estilo " clássico" e ao deixar de lado mu itos d~-
estreito espírito escolástico - com Boécio, Cassiodoro e Beda o Venerável. queles elementos "bárbaros" que haviam feito a selvagem beleza_ das bas1-
11·~as merovmg1as
/ • , esta renascença d e1xou
·
e ª obra em que Marciano Capella compilara o Sonho de Cipião e as Me- que se perdessem munas forças
tdam~r(oses de Ovídio desempenhou o papel de um verdadeiro manual pe- vivas da arte arquitetônica .
430 agog1co . ·
Não possuímos muitos testemunhos da arquitetura do reinado carolín- 431

A IGREJA DOS TEMPOS BÁ RBAR os O E O N O VO IMP ÉRI O DO OCIDENTE


U pAPAD

gio. Depois que a capela de Sankr Gherion de Colônia foi destruída em


fl rescimento do mosaico devia se r breve
1940, e depois que a av iação ali ada danificou mutto gravemente a encanta. O o d . . , mas ao mesmo te
, a começava a ar os se us prtmciros passos p . . mpo a
dora ca pela de São Mi guel de Fulda em 194 5,. restam apenas du as gra nd es scml tt1' rfi E . . , nnc1pa 1men te em b
e b lhos de ma I m . co n ttn uan a a crescer e a d c-
obras carolíngias . Uma é a célebre capela palauna de A1x, transformada no ios tra a , . esenvo Ive r-se na mcs-
1• ha em qu e se lanço u nesta epoca : 0 hteratismo ,
coro da atu al ca tedral , um poderoso co njunto octogo nal coberto por um ,na in, um legado carolrng1 , •0. romano do sec ulo
cúpul a so b a qual a lu z difusa brinca nobremente co m as formas atarracada: x,~ra .
das esculturas e co m os arcos so li_damente calculados. A_ outra é Gerrnig. H , uma outra arte medi eval qu e ficou a dever muic , R
a . . . o a enasce nça
ny-des-Pró, essa deli cada obra-prima cuias massas perfe itas, de equilíbrio de Aix : a da zlu-,_nznura e da -r:,znzatura. I~?onada,_ao menos em grande
mosteiros anglo-saxonicos, · ..
onde Ja flo rescia há cen to e cinquen-
seguro, escoram co m absidíolos e cape las urn a bela torre central, que er- parte , dos .
gue a sua silhu eta es tran hamente: exótica so b o céu francês de Orléans . ta anos, incorporou d1vers?s elementos decorativos novos , que foi buscar
na Antigüidade ou no Onente . Os famosos Evangcliários de Viena mos-
Parece qu e as mais belas obras arquitetônicas deste tempo tiveram
0 tram até que grau de perfeição ch egaram os pintores desta época, e conhe-
traç ado de base em fo rm a de cru z grega, ao passo que outras maiores com-
cem-se poucas páginas mais encantadoras em toda a arte religiosa que es-
port ava m um a nave longa, naves late rais , dois transeptos - um à entra-
sa miniatura do Breviário de Carlos Magno em que se vé a Igreja, sob a
da da nave e ouuo di ante do coro -, conforme o modelo da igreja aba-
forma de uma fonte, acolher todos os se res da cerra que lhe vêm pedir a
cia l de Sceinbach . co nstruída por Eginhard, e que as igrejas renanas copia-
"água viva". Os miniaturistas e os ilum inadores carolíngios fo ram os ante-
rão. Nesta arqunecura do Impéri o já se anuncia o estilo românico, pressen-
tido na época merovíngia, mas qu e se encontra agora em pleno desabro- passados diretos das notáveis escolas de pintura que a Renânia possuirá a
char. E se a rusticidade das formas ainda é pesada, embora comovente , partir do século X; por meio del as, a sua influência sobre o estilo artísti -
já se p reparam fut uras audácias: é nos dias de Carlos Magno e dos seus co da Idade Média foi_capital. Neste aspecto, como em ramos outros. o
grande imperador modelou profundamente o fu turo .
fiéis que se impõe a ideia da abóbada em lugar do vig-;mento , ~ idéia
que os arqu itetos merovíngios tinham ido buscar a Roma, mas que agora
se vai tornar lei , sob repujando todas as dificuldades técnicas e abrindo
um f ucuro infi ni to à arre de co nstruir.
Lenda e cerdade
A es ta arquüetura, cuja nova nobreza impressionava os contemporâneos,
0
mosaico conunuava a acresce ntar o se u brilho maravilhoso. Como já se A 28 de janeiro de 814, às 9 horas da manhã. em co nseqüência de
fize ra anteno~mente repetidas vezes, fo i tomado de empréstimo a Bizâncio uma pleuresia fulminante, Carlos Magno entregou a alma a Deus. ,-\inda
e a R_avena ; l1tcralmenre "tomado de empréstimo" , pois sabe-se que, com na madrugada desse dia, com um braço já qu ase imobili zado pela agonia .
autom ação do papa Adriano I , Carl os Magno mandou extrair da capital tentou fazer o sinal da cruz . "E quando Carlos morreu - escreve Eg,-
do exa rcado _mármores, esmaltes e outros materiais para ornamentar as nhard - , o mundo perdeu o se u pai'' . Foi cenamenre ma a opirnão de
5t todos os contemporâneos .
suas co n ru çoes. Com a sua técnica rígida , a sua fixid ez e a sua diversida-
P · · · co nt-1ªd 0 ao mármo-
de: de cores, a arre do mosaico afagava os olh os e exaltava as almas . Te- or isso, mal o corpo do Senhor do Oc1dence e
10 1 .
mos a sonc de co nhecer ,. · l' · · rc de um sarcófago antigo, sob a cúpu la da capela palatina . a glória que
, . o mosaico caro in g10, quand o o dos merovíng10s
nos_ e praucamente descon hecido . No coro de Ge rmigny à luz dourad a tanto 0 1·1 ummara
• .
em vida acabou de n1m - b:u a sua, 1·ronce com traços de
que sohc: das pequ enas ~cnda.s a . - - h ' b'l , . . . . .
fogo . Teceu-se uma dupla coniuraçao _ esponranea , para co loca r Carlos Mag -
d. , que·1 umah mao a 1 res tttum os v1tra1s 1
e alahastro es ta arte· L 'lh· .
no ern P1ena lenda : a de todos esses milhares d e homen 5 que. lhe ficaram
.
o s1n0p , ur· u_n a dem dmi l'c amas,
lc:. e ·o purp . em que dominam o azu ,
dcvend . século de estabilidade. de ord em e de pr os peridade. . d massa
0
.
CUJ OS corpos de sposam ,
a, Jun ca, osd 'b e .d ag nm as de prata e de ouro; anjos, . • . meio
, d . · . ª curva a a si e , pend em so bre a Arca da Alian - anon ima aos olhos da qual o homem prov1denci e sem. ·a1 , pre maior Ih o fique_
ça as anugas fidelidad es b'L 1 l' qu e as suas grand es a natur . d artJStas que e ica
. .
asas se entrecruzam cm l · D icas,
: S ao mesmo tempo , . r· eza; e a dos intelectuais , dos escnrores e os · dispostos
d -d d e qu e escavam
cm Ra ve.na , nos pode dar P cno • u.
um c<: ·
0 mcntc o mausoléu de Gala Plac1d1 a,
- · • aªlll. de ven o as melhores das suas oporruni ª es de nascer
432 1
arnpJ'fj ue aca 6ava ·
· ·
de fulgor re 11g10s0. ª impressao similar de di screto esplendor . e As . icar cm obras duradouras a lenda popu ar q I eras " gestas''
sim d. R /and e as ou
vie ' mesmo antes de que a Chanson e O d orno personagem 433
ssern consagrar definitivamente o po d eroso 1·mpera or c
de epopéia , três séculos mais tarde surgiam d~ fu n~o. d a co11 ,( iê n cia co le.
tiva do Ocidente os dados da su a rransfi guraçao poenca.
Aureus Carolus!, dirá o bispo Jonas de Orléans: . .'' Ele tinh a O ful gor
do ouro " . Tudo o que fez, tu do o qu e tocou I 1um111ou -se m a rav ilhosa. VIU . A IGREJA DIANTE DE NOVOS PERIGOS
mente . Os traços da sua vida passaram a ser acompanhados de milagres ,
copiados daqueles que se lêem nos Livros santos. Em breve se transfo rm ou
no ''Imperador da barba florida '', que sobreviveria em todas as mem órias.
Evocar-se-á a sua voz forte como o trovão, os sessenta mil clarins que pre-
cediam o seu cavalo, os milhares de cadáveres amontoados sob a su a espa-
da , conhecida por joyeuse , "a alegre"; citar-se-ão como exemplo O seu
espírito de eqüidade , as suas justas cóleras, os seus ditos espirituosos e 0 s
seus gestos de cavalheirismo. Tudo isso se ordenará num co nju n ro de da-
dos complexos, donde algum artista de grande talento extrairá mais tard e
a Chanson de geste imortal. Um triste amanhecer após a glória
A história, evidentemente, sofreu graças a esta transposição p ara a len-
da. A verdadeira personagem eclipsou-se por detrás d a imagem p oérica . A morte de Carlos Magno abriu na história do Ocidente um período
O casto, sá bio e razoável herói da gesta n ão tem muirns traços comuns extremamente doloroso de violências , deso rder.s e degrad ação. Ao meio
com o verdadeiro chefe franco e com a realid ade . Um a esca ramu ça d e re- século de luz que o vigoroso gênio do grande imperador soubera dar à
tag~~rd a, como ~oncesva ll es, transforma- se num admirável exe mpl o de sa - Europa, sucede ram-se duzentos anos de imersão na noite . Talvez o espet~-
crifü10 ; um oficia l obscu ro , Rolando , proclamado o ' 'be lo sob rinh o " do culo mais escremecedor dõs tempos bárbaros seja este desabamento vem-
rei, p assa a ser considerado uma espéc ie de sa n ro. No enca n ro. no mei o cal, este desmoronamento total de um a iniciativa que a cultura. a coragem
de toda est a fabulaçã o , há uma verdade que su bsiste: o tesremunh o cri s- e a fé pareciam ter consagrado para durar. Quatro sécu los antes, no mo-
t~o dado p or este grande reinad o impressionará d e tal fo rm a os co ncempo- mento em que o Império Romano cedia so b os golpes das hordas , essa
ran_e~s que ser~ o próprio eixo da lenda. Me lh or aind a: desta tran sp osição ruína reria podido parecer lógica e represe ntar uma justa sanção de carên-
poetica d a realidade carolíngia , nasce rá um determinad o esril o de vida cris- cias demasiado evidentes· a derrocad a do sécul o IX, porém. deixa-nos des-
'
tã, um est ilo que se há de impor aos homen s da Cruzada e que fa rá de co ncertados , pelo menos à primeira vista. No enta nto, as razões que a ex-
um Godofredo de Bulh ões o herdeiro direro d os Bravos d o g rand e impera- plicam apontam-se sem dificuldades, e identificam-se facilmente através
dor. da aura de glória que envolvia o prestigioso reinad o .
um milagre da poesi a, CUJa · , · profunda sob revi ve no cora-
· ex1gencia O problema que se levantaria da forma mais uágica diante dos desce~-
_ Eis
dentes de Carlos p odia parecer resolvido , mas, de fato , não o _esrav~ senao
çao do. homem ., ' apesar das li çoes os faros e d as desilusões.
- - d · · am
Ma10r · da
e mais admlfavel pareceu o imperador Carlos Mag no àqueles que mediran- na aparência: era o da ameaça bárbara , o do recomeço das mvasoes. Os
d o a sua figura no recuo dos , 1 . . , . golpes desferidos para o norte, para leste e para o su l tinham ndo , eviden-
sec u os, eng iram a sua escá ru a sobre o m s-
te pe d esta] dos seus in dig . temente, o resultado de manter em respei to os eventuais agressores. Mas
, nos sucessores. A Europa cristã da Idade Média
ve nerara uma espécie de m 0 d 1O . nem por isso tanto estes como as suas ambições deixavam de eS t ar. prese_n -
- e nesta sociedade ideal que seg undo se
pensava , o poderoso chefe c d . ' tes. "Uma espécie de halo envolve o próprio corpo das terras _imp~nais ,
realidad e no on uzira para a luz durante meio séc ul o. A · a sua fron reira • e os limnes 1mpe-
' entanto, era me b 'lh .
·
um cinrurao ,
- de pa1ses protegi·d os ro d eia
nos fl ante e mais modesta , e o fururo parte
im ediato h · d
avena e mostrar até .
·
· d escobrem ou tornam a cobnr, con1otme
r·iais r as d aras • o todo1 ou
uma cri standade 'd que ponto esta tentativa de estabelecer • · , j'' A vaga
d essas zonas com uma profundidade essencialm ente msta~e . .• ',
oci ental se reve lar · •fi'
1ª e emera, e como a grandwsa•
trução do gen ial fm d cons- q ue O punho do chefe pudera repelir . · b·1·I para alem do halo
e imo izar
pera or oc ulta va um a secreta fragilidade.
/434 194 5·
435
( 1) J. Calmettc, Charlemagne, 1a vie, son oeuvre. Paris.
QUADRO CRONOLÓGICO
Q qrg.m: l ,UJ'

\ JI(
4"""''"'" ">r-'111""'
'I nirt1<· •mi"• r•.-4,.,,
,,.~ AOQ
' •ntn Al?,...' lllhr, tw.-,-... (J< hr.- rli,..~ ,.m, f r.un p1n 51io ~ .io I M.urno. p:1p~ .
\O} ,i . • rl( H ,r,,.n2 ,~4 4l fl
l ,-.,mr-r-rr ,1 1 IJ ~ I

,,n,,. An a_~, ,('º l' tr,1


WQ 4 n1 O.-rr,:,•1 ,i.- .\• 1l.1 "'~
( 1mpn ( .ir.1 tiun1r(>«
\f,1 rr•.1rn pnrrtc tro
rrnpc,idnr <:ágr.Jdc, ,v~
r<mcfün de C,ilccdóm:1 .
"'<-IJ m ( ('il(l{~ n
pd,{ l ll' rc i .1 , ~o .n i
tnn •i • .;, f. arl~ t•v o, 1 ,-ndm ,. 1 li 1mf'('"11 \a.oro I nO{ 1'- m m I p1_p, '" 11-
1TlOOOfo1.-m n \

hilt" ;1.n- dnr ol OJ, if \ O 40 1 4 1 •


i c .io , 1m~r,1dür ~mo Hi.lino p~pa. 46 1.
\ ;. ,...;,. l,v , tn<"! i,u.--,.... G-- nv n(n ~ ~ v1nd , lnc 1;- a•i 1(,l,
• ½ 'l"' Mtr'< ,,, ,-; .-. .qun,m, Rl'lm.1 V'"
d~ ~ l ,iJ•i, olO, d1" 1c ow, 1,Ul-0 lf J .S !$<"5•
,mui.~ 1,1

1 •~~-s ( ~Q~ ó< "'" Santo A~onmho ctc r~c 4·0 Morte do <IK•..., R1c1mcr Zcn.,í,1 ,mpcr:KIN -;.._~ )1 rr,p l1<e.o ::>.1p1
"t;. P,Y M,.n., a Cu'4de de O e11J 4-2 1--! Í '}! •thi - ~ l
41 3-426
Ú • "'1-MJ~ m
' . . (
~~\J l! à
São Z6s1mo . papa , 4 17-
•4 l 8
Cx pocJ '\ ~ d e R.6mu1o
/u,gúu ulo úlumo
1mper.ado r do OI:,
dcoic 1- 6
Sl o Bon1fino. papa ,
41 8-422 Reinado de Od()Q( m n.i.
lti11:. 4 "6-49}

\ av,.ut::....-,_.. l.J L.'Tlpt', 2 D cscnvo lv11ncn1 0 mo -


o,,- ( . • .,(·· nú11co de l.inns Svi 480 Cooqu13u cu Galt:i por Cmlll Jo ~ t:-ta!c.i '\+Ã.-'lt_ ' memv de '5-ao ~n-
10 Ho no n11 0 . San to Cló-v ~ m do~ rtl0- \ ~;a ~ 1::1 1 ~ d to 18ú
•~~ ,.,. ~ .,;~ • hsr\ ...JJ. ,. Hilino c06 481
H \; ;.J(.-."" ~ ,u.., i,IJO./,t.._, ~ ~ilet Ili p :.l):il . ~il \.
(. ., ~ .. ~1tl Cc lcm no I pa pa -l'-P:
412 431
Monc de OJ.uJ.1. ro R.c, \ n~ u.uu :mpcra ' .l<> 1.sci.Uh) Í ",1..& pi_ -t •l 2 ·
n..Jv J,J ~uüg.."1,_, J0, .;,1 l ' . i
, .., . *'19 6< rt,f_..,. _. ~xi.. Mvnc dr !) ,11 110 ligwu 1• ~
l eu..lon1.o 11,. lu lu
... ... e&./.J~ r. hu • l ls d e ,gu,tu Jr -.-H, !o '\ ,iJ lLlt \ . UlU.. ll> U ~ .i p .1
4 ~0
l•>t, l <l ij
t.,,,ci:111 •.u .,, f J1 , • ,.., .,,.
B.. t .,,u.., Jc 1.. li.l1oi., l )!j
e.._ ,,,, 1hu de f fr.., til· ..,.., 1-1•1 W.c 111>4J,., Jc
-.i,., ..,!....,,.,;c j. ') J l) ~un... ,_. p.tp-1 . " )~
e, u1n ti"'"''" ' ~'•"' l l•h l > n .. 1..., i h.,. -1'-ltt
, ,.., 1 ~ ~ 1 ,t l
H l

\ l.J P.111, 1u ••• tr1. uJ, L,m-.c".I~ du,t butgún


H, .L U 'I

:,i. ., :.,. l\; Ili ,, .. ,, . i ~' , •J


, , !t)
li.. n t,11.J ,mp~n .1..ir '\-..nu> H,.,rmu.:b., . ~p~ .
.it,)
'I ,; )~,
L_ __ _ _ _ !!.___ ,1 ~ ,H
_ _ _ __ __ _ _
+ A

" l('; RF.IA nos TPMPOS MRfll\Rn~ n ( p. r,r-tnI { >r ,rrn


(J I fAí1 P
----.--- - - -

520
OcroFNTE ÜRTFNTT

Morte de Teodorico , 526 Justiniano , impera-


dor . 52 7- 56 5
IGREJA

--
São João I, papa e márti r
--DMA
(Jr,ro FNTF
_1_
---.. 1. - ------- -
ÜRfENTP IGREJA

Eleição de São Gregório


Magno , papa .
523 -526 '
590-604
São Félix IV , papa , 526- São Columbano na Gi-
-530 lia ; fu ndação de Lu -
xeuíl. cm 590
São Bento funda Monte
Cassino, 529 Evangelização da Ingla-
terra por Santo Agos-
530 Desaparição do reino Sedição de Nilca, 532 Bonifácio II, papa, 530- tinho de Canterbury ,
burgúndio, 534 -532 596
Retomada da África
aos vândalos, 533 João II, papa, 532-535 Conversão de Ethelberto .
rei de Kem, 597. Fun-
Construção de Santa Santo Agapito I, 535-536 dação de Camerbury
Sofia, consagrada
cm 537 São Silvério, papa e már- Morte de São Gregório
tir, 536-537 600 O Senado de Roma deixa
de reunir-se, 603 Magno , 604
Vígilio , papa, 537-555
São Bonifácio IV , papa.
2° Concílio de Constanti- 608-615
nopla, Vº ecum .
610 Restabelecimento da uni- Reinado de Heráclio , Fundação da abadia de
Morte de São Bento, 547 dade do reino franco 610-641. Westminster. 610
por Clotário II, 613
Tomada de Jerusalém Prinápio da crise mono-
550 Vitória dos Bizantinos so- A indústria da seda é Pelágio I, papa, 555-560
pelos Persas, 614 telita
bre os osuogodos no trazida para a Eu-
Vesúvio, 553 ropa, 552
620 Reinado de Dagoberto na A Hégira, início da Honório , papa , 621-638
Reinado de Clotário I na França, 628-638 era islâmica, 622
França , 558-561
Queda do Império
persa e morte de
560 Invasão cu Itilia pelos Nascimento de Mao- São Colomba funda lo- Cósrocs II, 628
lombardos, 568 mé, entre 570 e na, na Escócia, por
580 volta de 565 630 Morte de Maomé, a
Conversão dos suevos, 8 de junho de 632
por volta de 570
Os quatro primeiros
580 califas, 632-667
Aguilulfo, rei dos lom- Maurício, imperador, Martírio de Santo Her-
bardos, desposa a ca- 582-602 menegildo na Espa- Conquista da Síria, da
tólica Tcodclinda, nha, 585 Palestina , da Pér-
582
sia e do Egito pelo
Conversão dos visigodos, Islão , 633-643
Reinadi:i do visigodo Re-
589
caredo na Espanha,
586-601 Tomada de Jerusalém
622 pelos ánbcs, 638
623
+

---
A ICREJ/\ llOS ·rn MPOS llJiRflAR() ~
CRONO LÓG ICO
QU AOR O

--
ÜH A Ü CIDENTE ÜRIENTI' IGRl;JA
Ü CIDENTE ÜRJENTE IGREJA
DAT ...
640 Constante li. impera- São ~aninho 1. papa e
Carlos Marte! , 7 14-741 Conquista da Espa- São Gregório n, papa ,
dor. 64 1-668 rnarur. 649-658 710 nha pelos árabes, 715-732
711
Conversão dos lombar- São Bonifácio evangeliza
dos , 653 Dinastia isáurica ; a Germânia , 716-7 54
Leão III , impera-
Santo Eugênio I, papa, dor, 717-741
654-65 7
Segunda derrota dos
muçulmanos dian-
São Teodoro de Canter- te de Constantino-
bury; segunda missão pia , 7 17-7 18
pontifícia à Inglater-
ra, 657 A querela das ima-
gens , a panir de
726
660 Dinastia omíada, Santo Agatão, papa, 678-
661-750 -681 730 Poitiers, vitória cristã que Desmembramento do São Gregório Ill , papa,
detém o avanço dos império muçulma- 732-741
Constantino IV, im- muçulmanos no Oci- no ; início da di-
perador, 668-685 dente, 732 nascia abássida em São Zacarias. papa . 74 1-
Bagdá, 750 -7 52
Pepino o Breve, 741-768
Primeira derrota do Constantino V Coprô-
Islão por Constan- nimo , imperador.
tinopla, 67 3-678 740-775

Conquista da África
pelos árabes, 750 Reinado de Pepino o Bre- Concílio iconoclasta Estêvão II, papa, 752-757
669- 708 . Tomada ve na França; início reunido por Cons-
de Cartago, 698 da dinastia carolíngia tantino V, 754 Nascimento do Estado
pontifício, 756
Pepino bate os lombar-
dos, 756 São Paulo I, papa, 757-
680 Vitória de Pepino d 'Hé- -767
Justiniano II "do na- 3 ° Concílio de Constanti-
rimJ em Tescry , 687 riz cortado", 685- nopla, VIº ecum .,
-695 e 705-711 680-681; fim do monote- 760 Reinado de Carlos Magno Estêvão Ill, papa, 768-
!ismo na França, 768-814 -772

Concílio in /rui/o, 691 770 Destruição do reino lom- Restabelecimento do Adriano I, papa, 772-795
bardo, 774 culto das imagens
pela imperatriz 2° Concílio de Nicéia,
700 Anexação da Baviera ao Irene, 780-802 VIIº ecum . , 787; res-
São Sérgio I, papa, 687- reino franco, 788 tabelecimento do cul-
-701 Harun-al-Raschid , to das imagens
Derrota da Saxônia, 793- califa de Bagdt
São Constantino, papa. -803 São Leão Ill, papa, 795-
785-809
624 708-715 -816
Vitória sobre os ávaros,
796
625
O cllONOLÓGICO
A IGREJA DOS TEMPOS BÁRBAR.os QUAD Jl

OCIDENTE ÜRIENTI IGREJA


- DATA
ÜCIDENTE ÜRJENTE IGREJA
DATA
- Lotário II, imperador, Fim da dinastia isáuri- Adriano II, papa, 867-
860 ca. Princípio da -872
867
dinastia macedô-
Sagração de Carlos Mag- Reinado de Alfredo o nia, 867 João VIII , papa , 872-
800
no e restabelecimento Grande , na Inglater- -882
do Império do Oci- ra, 871-899 Basílio I, imperador,
dente 867-886 Estêvão V, papa, 885-891
Cerco de Paris pelos nor-
mandos, 885-886 Simeão, czar da Bul- Formoso, papa, 891-896
gária, 893-927
810 Mone de Carlos Magno , Recomeça a querela Estevão IV, papa, 816- Aumenta a freqüência Cinco papas em quatro
814 das imagens em -817 das invasões norman- anos, 896-900
Bizâncio das, 890-900
Luís o Piedoso, impera- São Pascal I, papa, 817- Sérgio III , papa , 904-911
dor, 814-840 -824
Fundação de Cluny, 910
Invasões normandas e Eugênio II , papa, 824-
árabes, de 820 em -827
diante
910 Insta.lação dos norman- Constantino VII, 913- João X, papa, 914-928
Valentim I, papa, 827 -95 7, e Romano
dos na Normandia,
911 Lecapene , 919- Reforma de Cluny por
Gregório IV, papa, 828- -944, imperadores Santo Odão , 926-942
-844
Fim da dinastia carolín-
gia na Germânia, 911

Invasão húngara, 910-


840 Lotário I, imperador, Teodora, regente no O antipapa João, 844
-955
840-855 lugar de Miguel
III, 842 Sérgio II, papa, 844-847
Casa da Saxônia na Ger-
Carlos o Calvo, rei da
mânia . Reinado de
França, 840-877 F~ da querela das São Leão IV, papa, 847-
unagens Henrique o Passari-
-855 nheiro , 919-936
Tratado de Verdun, 843
O antipapa Anástacio,
Saque de São Pedro de 855 930 Batismo da grão-prin- São Mai"eul, abade de
Roma pelos árabes, Fundação do reino de
Arles, 933 cesa Olga na Rús- Cluny, 952-994
846 Bento III, papa, 855-858
sia, 945
Reinado de Otão I na O triste papa João XII,
Germânia, 939-973 955-964

850 Luís II da Itália é associa- Princípio do caso Fó- São Nicolau II Magno,
do ao trono imperial papa, 858-867 Numerosas invasões sar-
cio, 858
racenas e normandas
Batismo do rei Boris Evangelização da Morá-
da Bulgária, 863 via por São Cirilo Ütão I detém os húnga-
e São Metódio, 862- ros sobre o Lutz, 955
-884 627
626 -
----
CRONOLÓGICO
A IGREJA DOS TEMPOS BÁRBAROS QV/.DRO

- DATA --
ÜCJDENTI : ÜRIENTE IGREJA

OCIDENTE
ORIENTE IGREJA _;:;-
DATA
- Henrique III. imperador , Primeiros avanços dos Instituição da trégua de
turcos seldjúcidas, Deus pelo concílio de
Fundação do Santo Im- Creta é retomada aos João XJII , papa, 965. 972 1° 30 1039-1056
960 1040 Nice , 1041
pério Romano Ger- muçulmanos
mânico, 962
Nicéforo II Focas, im- Zoé, imperatriz , São Leão IX, papa, 1049-
pecador, 963-969 1042-1055 -1054

Antioquia é retomada Miguel Cerulário, pa-


aos árabes, 969 triarca de Constan-
tinopla, 1043-
João Tzimiscés , impe- -1058
rador, 969-976
O cisma grego, 1054 Ação reformadora de São
1050 Pedro Damião, bispo-
Extinção da dinastia -cardeal, em 1057
970 Otão II, imperador, 973- Basílio II, imperador, São Romualdo funda Ca-
macedônia , 1056
-983 976-1025 maldoli, 982
O Cardeal Humberto pu-
Os turcos no Oriente blica Contra os simo-
Próximo, por volta níacos , 1057
de 1050
980 Otão III, 983-1002 Conversão do prínci- O concilio de Charroux- Nicolau II decide que, no
pe russo Vladimir, -en-Poitou, 989, e o futuro , os papas serão
Aparecimento dos cape- 987 de Puy-en-Vellay, eleitos pelo Colégio
tos na França: Hugo 990. reclamam a paz
dos Cardeais, 1059
Capeto, rei, 987-996 Reinado de Boleslau de Deus
o Valente, funda-
dor da Polônia, João XV , papa, 985-996 ;
992-1025 lança em 990 a idéia
da trégua de Deus
Reinado de Santo Es-
tevão I, na Hun- Santo Odilão, abade de
gria, 997-1038 Cluny, 994-1049

Silvestre II, papa, 999-


-1003

1000 São Henrique II, impera- Jeroslav, príncipe de Sérgio IV, papa, 1009-
dor, 1003-1024 Kiev, 1019-1054 -1012

Knut o Grande na Ingla- Destruição da Basílica do


terra, 1017-1035 Santo Sepulcro pelos
árabes, 1010

Sínodo de Verdun-sur-
-Saône, 1016, que
instituiu o juramento
de paz
628
629
ÍNDICE BIBLIOGRÁFICO

Como no tomo precedente desta coleção, lim itamo-nos a indicar aqu i algumas obras es.scncíais
ue permitirão ao leitor informar-se com mais detalhe sobre os assuntos aqu i tratados . Não se trata ,
~nanto, de estabelecer uma bibli?grafia completa , nem mesmo de fornecer a lista de todas as obras
que nos serviram para o desenvolv1mento deste ou daquele assunto .

OBRAS DE CARÁTER GERAL

A História da Igreja é o ramo das ciências históricas que tem realizado maiores progressos nos
últimos cinqüenta anos , para o que: concorreu, em primeiro lugar , o impulso de: Leão XIII. Está lon-
ge o tempo em que: os Rohrbacher e os Darras levantavam enormes pilhas com as suas prolixas com-
pilações, cujo aspecto bastava para afastar do assunto quaisquer almas de: boa vontade . As coleções
que se vem publicando honram os editores atuais e a sua autoridade é reconhecida em todos os
~ci_os, porque são obras de sábios, homens nos quais a fé não prejudica a ciência nem a ciência pre-
1ud1ca a fé .
Obras de interesse: histórico geral são: Louis Ha.lphen, Le1 &rbareJ dei grantÚJ in11a1iom aux
;nquête1 turque1 du XI' 11êcle, Paris, 5' edição , 1948, da coleção Peuplu el Civili.Jatiom . dirigi-
/ por Halphen e Sagnac , excelente . Lot , Píistc:r e &.i.nshof, Le1 dutiniu de /'Empire en Occident.
t
i:
15 1
•. 935-1937, vols . I e II ; A. Flichc: , L 'Europe occidentale , Paris, 1929 ; Diehl e Marsai.s , Le
onental, ~aris , 1936, todos os ues da col. L 'Hútoire gini rale, dirigida por G . Glotz. R. l.acouche .
Mon-
1 nd 1
,. gra e zn11a1ion1 et la criJe de / 'Occident au vc11êcle , Pari.s , 1946 . Pierre: Courcdk. L 'hútoire
11ttéra1re. dei granueJ
exuaord·mar1amc:nre
· · de textos ra-
J · • .
zn11a11om germanzque1 •
, Paris, ·
1948 , mina nca
renn H' vezes trad uz1'dos pela pnmc:ira
ros, muitas . • ParIS. 4
vez . J. Calmette , Le Moyen Age. . 19 8. e Henn. p·1·
e, llloire de1 invaliom au XVI' 11êcle , Paris e Bruxelas, 1936.
ção Duasb obras ·
. • que visam menos expor fatos do que por • em ev1dênoa
· · correntes e temas de me di ta-
Jacq:/~ -ª hIStória, são especialmente interessantes: Cristopher Dawson , The malúng o/ Europe, e
trenne , Le1 grand1 couran/J de l'húloire univerielle Neuchâcd e Paris, I. 1945 , li , 1946.
Sobr tt·
~briolle ,'i: .1st6ria _da Igreja , cfr . em A . Fliche e V. Mania,· Hi.Jloir~ ;'e tÉglise , vo~. IV: G . Bardy,
Paris , l .
937 uis Bréhiet e R~né A1grain, De la mort de Thioda1e ii. I e1emon de Gregotre le Gran_d,
arabe , p • vol. V: L. Bréh1er e René Aigrain, Grigoire /e Grand, les Éla/J barbam el la conquete
e A. ou%~ 19,38 ; vol. VI : Émile Amann , L 'ipoq1u carolingienne , Paris, 1937;_ voL VII: E. Amann
me , Paris, }/gllJe au pouvo_ir de1 lai'cJ, Paris, 1942 . _Cfr. também Poulet, Huloire du chn.r/,an~-
19
Jacqu1n, Hist . • Duc~c:sn_e , H11101re anczenne de / 'Églue , Pans. 1910'. vols. III: e IV ._} 925, A_- . -:
da l>Or G. deº'~' de I Églue, Paris, vol. I, 1929; vol. II, 1936 ; e Hutoire illuslree _de I Eglue , dmgi
rei , A. Dufo!~inval e Romain Pittet , Genebra e Paris, 1945-1947; e os manuw classtcos de F. Mour-
Mcrcce q e A· Boulenger. .
liay,..ard Hm d~stªquc : G . Schnilner Kirche und Kultur im Mille/alter. Paderbor?, 1926 • Fernaid
1'·lcc1,r; 11~0 '~
~eJ P11pe1 , Paris, 1942 ; Charles Pichon. Hi.Jtoire du Valican , Pans, 1947 ; J- He c-
ri,, 193t ·qR, L Hwo1re de1 Co,.ciles 22 vols Paris 1907-1950· J. Tixeronr, Huloire tÚJ dogmu, _Pa- 631
• tné Dragu tt. · . '
et, Wozre d11 dogme· • calholtque,
•. . •
Paris, 1946 ,
. Fulbcn Cayré La Patrolog,e el
·
" ,. t,r:.1< ~r tfli ~ ,,h r,. ,, "'"')"'·''' -i'l< ,...~,--.~7., i tr,... ~•,.. < .-f,.. x fmr1r1 ...,rA,-m- :?rn~,t
1.., ..,,,.,.,.,,,1, 1.,, t,f"!U' ;,f ,, ç ,J'-.
A1t,n ,1, ri. (la r flm/)tr' Rr1.r,,h~ ),i') • :>-r'1 n')n,i "'" A -,,
1 1

~,rin , Jf, 1/nl~" .ÂJ(I' P, ri< 1?7 / ' f <"J~ <" •~mh-'m -ir rr , "''"''r,-,,•
,,.,..,,,,,,,n.,,, ~,,,,
')~ 11-
J IJ M n•1('n  ó (' /r r~✓t11ç;ir, fr1nr,s~ ' am ')'- r, :hr<1v :Ía/,, " .. ! ' f J, r
L,,IJ rl11 1,foy , n r, , a; ~
,, /,11 natrrtl , ' ~
:>~ rrs l) <o
ll Mo<>• . . p, is 194P. r I.lo n f-fomr, fN 111 Pr,m,. /J""-11"' " , <t Rrmi, ' hr•tt,nn,
º'" fi - · hl ✓-r. -l '
:,nnrro~lm r nrr :,,.hrrnll r .a 'P.IJC-
;1irr• mm r " r:ln· p~~ani smo . cfr 1n-i1rr ht '"~•~T trr, '> mi
Sobrc" '~ris . 19 30 . r E Mg Je , QjJ til
do, d1vU<<" napftuln,
, ,. r ock tl(nora , 0 •mrnso
"º" P11! en,,e , rosas m r, no grafi~-• sobre de term tn~ •fos p,-r,;()n~ge n< " \farr mvr
',eménc P1rrs
030· \fa rcel Brron
SobtT esr,, martna . a h1<1nnognifi ~ n20 •e l1m11a a sínrcsc, e n~n f-1: ~~;e F. Ga u t ie r, Cen_ s t' rü . ? ,ri~. 1932 ~
- arrr-1 8mm ,-ilarz~ ~'.lcns
balh0 d1sJ)('™' em 1TV1<ta> cm bnk,rn, e na, soc1.-dad c, .-n.iduas Trara -sc de um trahall10 0 1· Ira . n .'13 t uzeranc1 1etius Paris
h Ih • iscu, 0 1907 - 19\ Paris. 1935 ; G . Pfe il~lc h1frer Theodenc n Paderbor
os ma rc rrar s ,·om que se ro nstroc · Pans 'Ji')
que fu pro11red ir" nosso conhenm entn ,srorr.-~. e qu e r pre!'ar:i 111 Thfodortb · os hunos, cfr . Re né Groussc t . l e
. .
m p,re de r rli!/J/)l!r
._
Lova ,na ; a Revu d 'H
l9 JO Sobre as questões que _interessam ao cnswrn 1sm o edn t re oRs opa rbaros , fr J Revlllout De :·Jna-
sennd o. ve1a -<c a Ret111r a H1.rto1re eccle.rzasti que. · so re
o< con1umos Nesrr - . W otre
Eclesiásric a de Fra nça. a revista d e ,~- a 1anque ed le , hrrm an,rme et ia
. d. p uples germamq ues , Pa ris , 1850 ; e a o 6 ra e 1
Sociedade
tk l'Églue tk France ÓrJ<iind da d h . . d de História
. d r. ISto na ceie
entre as quais a Revue d 'histo,: t barbare Paris . l94 5 cfr também
s1ásu:" _sulça, e a.s revisra.s e esru os _,sróncos as or cns re 1g1osas. fundou -se msme eI Je antique, Lyon , 194 3. e Le christiamsm e et l 'Occ,den
En rre_ as duas guerras !e Grand Pam . l910: P. Ba-
re ber,e~u:ti,u e a Revue Mah,1/on , vinculadas a~s bencd,~m os. ª fi~duCmon ni un·ns. Saint-Wa ndrille , 1946 ; A. Régnier , Saint léon
.
revista de história diocesana D - . , -" , r - d , p ans .
Re11,u d huto1re des Murron1 Algum as dioceses tem cambem uma [.éon nsua ' , 1920. e '. dem . arugo _sobre
J .
tiffol, Le Siege apostoliq ue ue sarni am:zse a samt u:on ,e VT'an
Leckrcq . D,ctionna ire d 'Archéolo gie et de Liturgie ; e Dictionai re d'h . _ 6. 2 18-30 1; e também :\ . Baudnllan .
_ Acre~ eo cem -sc Ca.brol e O
IS São Leão MJJgno no Dzcttonna rre de theologie catolrque , IX .
tozre ecdenaJlt que . nonque, Pans , 1908.
Saint Séverin, apôtre du

1. O SANTO DOS TEMPOS NOVOS


JII. BIZÂNCIO DOS AUTOC RATAS E DOS TEÓLO GOS

A bibliogru ia sobre Santo Agostinho é: literalmen te, inesgotáv


el; ter-se-á uma idéia da sua imen- , Le monde b-jzanltn . vols .
. do em 1930, por ocasião O essencial sobre Bizâncio encontra- se resumido em Diehl e Marsais
sidade folh_eando o livro de Nebreda . B,bltografia augustini ana, publicado I: Vie et mort de Byzance, Paris, 1947; II: Le1 imtitutio m de
l 'Emp,re byzantin , Paris. 1949; Ill :
Esta bibliograf ia está já incomple ta, por causa dos livros publicados Théodora , impératr iu tk Byzance , Pa-
XV centeoano do santo (1930). La civtiisation byzantine , Paris, 1953 . Ver também C. Diehl.
das obras mais úteis: Recueils collectifs publiés en 1930, ; idem . Histoire de /'Emp,re byzan -
depois lodi~os aqui somente algu~as ris, 1914; idem,Jus tinien et la civilisatio n byzantin e , Paris . 1901
joumée, Paris, 1930; Miscella-
edição especw de Vte Spmtuell e . Pans , 1930; Cahier de la nouvelle tin, Paris, 1919. Veja-se ainda A . A . Vasiliev, Histoire de l 'Empire byzanttn . Paris . 1932 : N. Iorga.
neo-scolastica, Milão , 1931; e
nea i1gos1tr,,an,z , Ro_m a , 1930; _Santo Agostino , in Rivista di filosofia Hútoire de la vie byzantin e, Bucarest, 1934 ; Charles de Clercq . Dix 1iecles d 'histoire byza111t11e . Pa-
A monumen t to Sam/ Augu11tne , Londres . . 1949.
os de Saint-Ma ur, reproduzi- ris, Bruxelas, 1946; Ernest Stein , Histoire du Bas-Empi re , Bruxelas
Textos de Santo Agostinho : a.s grandes edições são a dos Beneditin Sobre os contactos e conflitos de Bizâncio e do Oriente , cfr. R.
Grousset , l'hu101re tk la ques-
Migne , e a do Corpu1 scnptoru m ecclesiast icorum de Viena. As edições Dcscléc bizantina . C. Diehl . Manuel
da 02 Patrologuz de vol. 1: L 'Empire du Levant, Paris, 1946 . Sobre a arte
o em volumes práticos . As Confissõe s são a única obra tion d'Oni:nt,
de Brouwer empreend eram _uma vasta publicaçã
d 'art byzantin , Paris, 1910; Luís Bréhier, L 'art byzantin . Paris , 1934 . e J. Ebersolt , Saznt-Sophie tk
de Labriolle, Paris , 1925-1926 ,
do Santo que se reed ita fre_q uentemen te ; veia-se principal mente ·a edição - , · ·1 Constantinople , Paris, 191 O.
· ào d e cooJunto · muno exata e-nos fornecida pela compi a-
e a de L. Monda.do o • Pam , 1947 . • Uma vis -se cra_tada.s na.s histórus
belle1 pages de Saint Augustin . Paris, Todas as questões religiosas que dizem respeito a Bizáncio enconuam
ção de textos do miw organizada por L. Bertrand . Le1 plus citar e ocupam a maior pane de Fliche e Mania , Histoire de l'Eglue . vol. IV ; cfr.
acabamos de
l9 l9. e pela pequena obra de fürd y com o mesmo titulo, Paris , 1941. que
: Paris . l 950; A. Puech . Un riforma-
verdadeir amente completa também C. Lagier, L'Oni:nt chrétien, vol. I: Paris . 1935 ; vol. 11
_O~ras de c:a.ráter ~era.! : não existe nenhuma obra que dê uma idéia siecle: Saint Jean ChrysoJlo me el les m oeun de son temp1 . Pa-
, Paris, 1919, ardente e colorida, leur de la Iociété chrétienn e au IVº
da.d riqutss,ma perso~id ade do santo . A biografia de Luís Bertrand 18_9l ; M. Jugie, Neston'us et la controver1e nestorien ne , Paris . 19 12 ; P. Barriffol. l'Empere ur
espreza mu,w o teologo
G Bard
o fil o',~ro - ·
. · , · = 1· e O ,m 1s1ico, e o mesmo se pode dizer da de Giovanni
· · · Papim · ·. ys, . s . 1926 .
Y, S1J1nl ltuguJltn , I homme ·el I oeuvre . Paris · 1940 · é extremam
ente sólida mas pouco VI· US/tnten et le Iiege apostoliq ue. in Recherch es de scien ces religieuse
·
' · '
va· o arug<, de p a.1 I·é no D tUt0nna1r e de théologie catholiqu e de Vacaot et Mangeno t Paris, 1909.
. _ orr ' '
vo1· 1 pags 2268 · 2272 · é J'•mpi-d O e bastante completo , mas seco; a obra de Étienne Gilsoo , lntro -
d .' !J 1:
"'''°" étude de Saint l'lug U I , 111 · • p am · , 19 29•, é d e pnmetra . . ordem mas analisa . mais . o pensamen - IV. A IGREJA CONVERTE OS BÁRBAROS
to do q ue o hornem · é u lvez e p- J M • • '• · · h ' ·
ne , Paris , 1922 , vols· VI · m •u onceaux , na grande _H11to1re ltttérarre de l'Afnque e retten - au
· e Vil . que se encontra o retra.to mai s completo . VJ< V~ja-se, sobre a história missioná ria • Du Mesnil Les Missior,s. já ci tado: Duchesne . l 'Églue
p h1~0 . ' · - h - · . p_m·s. 1949 _·
e grande escritor cfr . f . Ca yré /nitiation iJ la P
ara estud ar Sanw Ag om·n h como f,llosofo ·
Jf)phíe d. 5 , 11 . ° , ·
As b
Itcc/e pans,
· 1925 . Sobre as sagrações reais , Jean de Pange . Le Ror rreH
retren

anltque , ,:Pa~~"\ 9 ;:ui,~


i
Pms. ,9 1 47 : Henri -Jrenée Marrou , Saint
lfam , l évr;/utl(,n tnle/lectu elle de saint Augu1tin , Paris, 19 18 ;
Augu1tin ;, la finde la culture
P. Boyer ,
cita~ ras gera~ de história monástic a. e especialm eme as que
~0 bno cap1tu_lo V. Por último , Duchesn e ' Fastes ipiscopau x de· /'ancienn
se referem à Ordem benedmo a . serao
e Gi1ule . vols . LI e 111 ·
ChriJtMni, me ·et é, ' st · al mente e · Bayet · C · Pfister.
el la culture ,l,,,rn op aptonnme dani la /ormatúm de Saint Augu1tin ·· G . Combcs , Saint Augu "' re o bau smo_ e d CI ' ·
ov1s, e a conversão dos francos. ver pnnnp .,
r ., 3;. F. Lot. _Nawance_ de la France ~!~
b d . A. Kleinc)
rque , aru , 1927 e 0 ra.,, e R. J olive t , G randgeorge . etc. , li , uvisse . Paris . l 90
O s aspectos propriam r' . < tvers:.i, ritado; J. ;us, Hwo,re gt'nérale , vol. col.
~ido menos escudados . Ve1a-SC oyau, HtSIOrre religieuse de la Fran ce , Paris. 1942 ; Gnffe . OngtneI chretunne s en G
~obretudo F Cayré , _ ente ri.e ,gtOSili de~ta personali dade não 1~m · . .. ., Jatnf 1• . Tou(
· . u, contem/;
ltugu11in , Pari_, 1920 . p G· .11 ouxun fauguuin,
ª'" enne, Prns, l '.127 ; P. fütiffol, /,e catholms me ue
, .. chantt
, • ouse,
Par,s. 193 . f 1948 · b .
• e as 10grtli;is de Clóvis. como as de G . Kurr
h B
,
1 1923 e a _de Gorce
ruxe as . . . · . . _
,
, . u1 _ · · 'á~ne ue ., . . b' 6 1111lua1ron merovmgr en
, . ·
telf,n la,nt lt ugusltn . Pari~ . 1934 1am1 llug u slm , Paris , 192 1; G . Com es , ,.,,,
i'
" • · Paris. ~~ - também Barroux . Dagober t . Paris . l 938 ; Édouard
9
Salin . Ld c
. · 27 · e
f:. prernv> dcsu.tar o estudo de G e,>mb6, f.4doctnn epr,/1tique d eSain1A ugu1tm . Paris . 19 1, ' b<: A Propósit~ d . h -1 e Paris 1906; Gou-
U. A. Puhva.n, , /4 r.,114 c1, 0 ·
'fi' . rt . l, 'EJfJag,,e b ª convenão dos outrns povos: H . Leckrcq
. L Espagne e re ie;:,.,~e de ia Medite"a -
t ua . e: J· espeua.l.• Rom~ 19•0 'º·
e · "lt:o/o/!,ta • .
e nf) r.·, .r; _ , 11
n 111 o1r,11a ue11a 1tona . ni Rt:v11ta ,
. r;
dt 110 11!1 1ª n eo -
· 110 . Estes
r~o aJ·
ira- "'•· lllaio-i·u h 'YZant,ne ;LJules Ro uss1er , L 'aventure lombarde enfia/se . in R Largi. 11 iere. ._ Le Jaints
• e , ,ust~v S<J nu - - , . . p · 1911 · I
b-, lh r~m
°" "7 , · '
r>crn cm e,11 di'r,fi, ' rcr, ,,;1. e,/ , . ra.p11ulo so bre Sant o Agos11n ,,,, . n ode 104L
. ~ o ; . Gougaud , LeJ chreltens ce 1ttques . ans. · · S • t Co/omba n ef 633
. orga., 11111 . 1
• '' ~ nwJ,, <fa rnncepç:I.CJ a~ost inian~ eh história da hurn3nid adc ton Pnm,úve de l 'Amzon·q ue bretonne , Reones. 1925 : J . Rousse
· arn
uoGRÁFICO
A IGREJA DOS 11:MPOs BÁR8ARos fr,/V,cE ª'ª
, ~ t1e dt1 Nord, Paris , 1937 ; R. Dozy , Hútoire lki,,, ,
Hiltoire de l 'E,p11gne chrélunne , Paris 19~ 0 " " 1ma,ri ,i,EJpagne, Lciden
1
1942 . e M M Dubou. 5.;_,,t Colomb111 . Puis . 1950 · p C b .,,/ Je I Íil"'lla
, , __ , _ _ L _ _ _ _ ,.__ ..,....,,
/ 'tpopu .,,.,,..,,,..._.~- - ~---.-·· · . 1,1 P"' pesco , . · · '
: · a rol, . eJcW 'da.de dos úlumos Padres gregos é cstud.a.da nos grandc:5 m . ., . .
L 'A.,,gk- &W1:1e1tru - 1 k i worm6"d1. Paru . 1908. G. Kunh . ~"""t & ,,,face , Par u ,
1913_ E
de Morca.u . 1 'buwtrt IÚ f'qlue d, & lgtl{•t . op . cu .. e ,obre Greg6no Magoo . cfr . a obra de B~tif.
32
l 9 ~ espiritual• /. gie de p. Lavré . Textos de Joio Moschus e de Máximo :~ª~t •
ndi ca.dos, princi-
~1r11c:ntc: na Patro5 oourceI chrllienne1 ; ver t.a.mbém Jugie , Saínt Jean Dafl14sc' n cssor J>Odhcm encon-
foi, Pans. 1928 1'- lc:çã.O .E · ·d. p · . " e, cm P.chos d'Orie
.~r-!C na ~o · J Strasbourg , 1863, rmoni , 1 • • aru , 1904 ; e Marim , Saint Thé, do S . nt,
u- . pc:rr1er, 111 , • 0 re t1'd1te, Pa-
4
192 '..vv:
· lyvv · M ·1 .
... nsão cristã, ver Du csn1 • op . ett . • e 01 · h
te on, íd.
V. CRISTÃOS DOS TEMPOS OBSCUROS rlJ , 5obre a ClCy- -

A vida cnsà 02 tpoca que vai du iovasõcs ª'.é à rcnascen~ carolíngia encontra-se estudada cm
todu a.s obr.u g~s. e por wo remetem<» _espcoa.lmente o lciror para_a de Poulet, ~ue pinta essa ADO E O NOVO IMPÉRIO DO OCIDENTE
vida d2 focm.a. rru.u pormenonz.a.da e 1n:1press1on.a.mc . Complet.a.remos a.s md1ca.çõcs bibliográficas refc - VII. OPA P
riodo-OOl a.pc~ a algum pontos pa.mcul.a.res . e Carlos Magno e a obra carolíngia , veja-s:e L. Halphen , ChiZT/e1114gne ~t l'Empire c.arolin-
A origem du par6quw rurw provocou numerosos trabalh<». O ponto de pa.nida foi O estud Sobr_ 1947 . J . Ca.lmette , Char/em4gne, 111 vu, 1o-n oeuVTe , Paris, 1945; R. Groll55Ct Fig.,,
de lmba.n de la Tour. UI ptUOuu1 nmJ/u d11 fV< a11 IX e 1iede , Puis, 1900 . resumido cm Vaissih 0 . paru • . A KI . 1 L 'E . , • es
gterl, e Paris 1949_ Mais anugos são . emc ausz , . mp,re cmo,ingíe,r, ui origines, ses frans -
C11 ,EJ IÚ umpag"e de f'li ,,ae,r,,e Fra,ru ; depois , o anigo de Chaume , U mode de conititution ;; de P'°" ' Par~ 1902; e de I.avisse, Bayet , Pfi.ncr, Klcmdausz , l 'Hisroire de Franu , vol.11 , Paris
de de1,mil4Jío,r des paroú us n,ra/ei , na Rev11e Mabillon . P:uis. 193 7, vol. XXVII. e a interessante for11141f::J.:is este; livros falam mu_i~o da Igreja, _à q_ual sil.o consagradas duas obras fund.a.men tais: Pli'.
controvérsia. de Boulard . Lc P1card e Lc Bras , 511, les anciennes paroisses , no Bulletin des anciens é/e. 19 11 · M •n op. cit., vol. II : L époque carolmg~nne , de E. Amann ; e Glou . HisfOtre gi,,irale
,es de 5m,,,.5,,Jpice , Limogt:5 . 1946. Enconcru-sc-á também a cvocaçil.o deste problema nas Histórias che ea c:i:o~ação de H . ~ - ~rquillierc . Cfr. t.a.mbém_: Duchcsnc , Les_premierr_ temps de l'Elat p 0,,:
rcgion.a.is . como a de Morcau pua a Bélgica , de Gain para a Lorena, etc. c~~ Paris 1911; L. Lev1llam, La dyna11~ carolmgienne e/ lei ong,,,es de I État pontifoal, Paris.
Sobre Sil.o Bento, basta citar a.sobras de C.a.brol , Paris, 1933. de Herwegen, Paris, 1935, do car- tifo .' de 'Pange, Le Roi 1re1-chrétien . Por fim , para. compreender a " filosofia. " dC5tc pctíodo. é
deal Schuster . Paris. 1950. a obra de Dom C. Butlcr so bre U mona&hisme bénédictin, Paris, 1924 1935• \
r H. x. Arquillierc, L 'a11g111tinÍlme polilique , Paris, 1934, e R. Bonnaud-Ddamarc , L'idie
e indicar. entre as numerosas edições da Regra , a de Filiben Schmitz, Marcdsous, 1945. Cfr. també~
a H,úorre de f'ordre de 5. Benoít . do mesmo autor.
:e;: iJ /'époque carolingienne, Paris, 1939. Também BreS50lcs, Saint Agobard, Paris , 1949.
A propósito da influfocia da Igreja sobre a sociedade. e principalmente da sua atitude perante
o problema d<» servos, veja-se Marc Bloch, Comment et pourquoifinit l'e1c/1111age antique, cm An-
uks d 'his1oire socúúe, 1945 . e C. de Clcrcq , La légisíation religieu1e franque de Clovis iJ Charíemag- VJII. A IGREJA DIANTE DE NOVOS PERIGOS
,re , Paris. 19 36 .
No que se rdcre ~ lcuas. a obra clássica é Labriollc, Histoire de 111 lifférature íatine chrétienne, Quanto ao século IX, são numerosas as monografias sobre pormcno:es, m.a.s raros os trabalhos
Paris , 1942 ; cfr. t.a.mbém M. Rogcr, L 'enieignement des Íeffres cla11ique1 d'Au1one iJ Alcuin, Paris, de conjunto. Além das obras gerais, cfr. a respeito de todo o período: L. Halphcn , ChlZT!ernagne et
1905 . e Henri-lrcnéc Marrou , Histoire de l'éducation dans í'11ntiquité. /'Empire carolingien; e Klcinclausz, L 'effondrement d 'un Empire et la nainance d 'une E11rope , Pa-
Sobre o e.a.mo gregoriano. as principais obras são: G . Morin , Le111éritable1 ongines du chant gré- ris , 1941. Sobre as origens do feudalismo, ver Marc Bloch , La 1ocüté féodale : la formaJio,r de lie'1s
gorien . Marcd.sous , 1890; P. Wagner, Ongine et déveíoppement du chant grégorien , Tournai , 1904; de fidélité, Paris, 1939. Sobre as últimas invasões, o essencial está cm F. Lot, u r Ín11tID011s barbl11'er
A . Gast0ué. U s ongines du &hant romain; l'antiphonaire grégonen , Pau, 1907 , e R. Aigrain , La et le pe"plement de l 'Europe, Paris, 1939. Sobre os normandos. Prcntout, D11rlcn de 5mt-Q,unti'1,
m11siq11e relig,euse . Paris . 1929. Paris, 1916; T. D. Kcndrick, A hútory of vikings, Londres, 1933 . Veja-~ também o artigo de Lccha.n-
. Por último, sobre a arre, L. Bréhicr, L 'arf chrétien; 10n développement iconographique tcur, La mentalité de1 vikings, nos Archi11e1 de /11 Manche, 1951, pág . 58 . Pouco mais há sobre as
111sq11 'iJ "º s jo11rs , Paris , 1928; H. Lcclcrcq, Manuel d'11rchéoíogie chrétienne depuis /e1 origines ju- graodcs personalidades religiosas do tempo: sobre Hincma.r, H . Schrõrs. 1884 ; sobre Nicolau 1, cm
sq 'au VJ/1< sude , Paris , 1907; E. Mâlc , op. cit. ; e os trabalhos de Jean Hubert e Robert Rey sobre ligação com o Pseudo-Isidoro, a obra de Haller; além disso, A . Lapôuc .Jean Vlll. Paris , 1895 ; Mo-
as origens do estilo ronúníco .
rcau, Saint Ansch11ire, m1úion11ire de Sc11ndin1111ie, Lovaina, 1929; e Henri Pirennc . Mahomet et Ch111'-
. Enue a monografi.a.s de santos , mencionamos especialmente René Aigrain, 511inte Radegonde , lemagne, Bruxelas e Paris, 1937, com muitas teses discuúvcis .
Par1S, 1916 .

Vl . DRAMAS E DILACERAÇÕES DO ORIENTE CRISTÃO IX. BIZÂNCIO RECOMPÕE-SE, MAS SEPARA-SE DE ROMA

. . Para tudo o que se refere à história de Bizáncio neste segundo período, consulrcm-sc a.s obras
As obras indicadas para os capítulos III e VI são evidentemente indispensáveis. Sobre vários dos
grande ·
J; Les su~peradorcs maced~nios, existem divcrs_os estudos já antigos. como os de Vogt sobre . ~ili ~
B
indicadas nas notas bibliográficas do capítulo III, cm especial Flichc e Martin , vol. V, G. Schnürer
e C. Dawson . re Pho~ Ire manages de Leon le Sage, em C. D1chl , Figures byZllfltt,reJ; G. Schlumbcrger. Nictpho
Sobre as questões propriamente bizantinas, assinalemos também: J. Pargoirc, L 'Église byzanti- g•• .r.,,, llJ, 1923,Jean Tzimúces 1896 e º -·i/.e li 1900· por fim A Rambaud, Constanttn Porphyro-
ete 1870
ne de 5!7 ª.847 , Pam, 1905 ; L. Bréhicr, La querei/e des im11ge1 , Paris, 1904; e Drapcyron, L'empe - s0'b 'eJ . Gay, L'Italie' mén'dionale
' I.JUJ , ' '
et l 'Empire by=tt·n, Parts, 1901.
. .

rellr Heraclz11s , Pans, 1869. obra superada mas vivaz . ga, 1926· L U
re a convc àO d .
rs . os cs1avos, cfr. F. Dvornik, Ler Sla11es, Byzance el R u IX' necle Pra-
. ome ª I .' p _
Sobre O Islão e os ásabcs, a melhor exposição é G . Marçais e C. Dichl , le monde onental de ris, 1913' p. gcr, Cirilo e Metódio , Paris, 1868 , já antiquado ; Guérin, Huto,re de la B11 gr:m , ª
395 1081 · ara a Rúss·ia, ve1am-se
· . . desse ,
ª . , Paris, 1936 , na Histoire générale de Glotz; como introduções gerais à civilização islãmi- ou de F. PI as htstónas pa.ts, como a de M . Bnan· · Chanmov
. ' .Pa.ns.L1929.
'É /i-
ca, .vqa-sc H · Massé , l 'Js,am,
, pans,· 1930 ; Gaudcfroy-Dcmombyncs Les . . •
tnsfttuftons mu1u/ m anes'
s•
• 'Us1e p atonov · ehrettenne
• ú, Rus11e ,. . H u/01re
' . uu monu,Je , e Bnan-Chanmov,
Par1s, 1921 · e H Lamm . cm Cava.1gnac J
. . . gJ
l 'Js/,am, croyances et msfttuftons
. . . /,11 • ans, 1928 V · ' ' . L •1finira,re re1,gieux ue
Maomé cfr E D· · cns. . '
Beirute 1926 . Sobre a b'iogra fia de conscienc · eia-se também o excelente ensa.10 de J. M. Dangas ,
· · crmeng hcn , V.e· de Mahomet, Paris 1929 . Sobre
Éd ouar d' Montei
' '
o Alcorão, ver as antologias· d_e S0 b e nme, Juvisy 1935
re o cism
' Pans. ' 192•, • e ª de Chares ª grego, 'os trabalhos
· , · f scllffi as obras ante•
1 Lcd11. ' o manual • • de J · Cha1 - r' ..
ne e R G para Lifférature re/1g1eu1e . tores, espec· de F Dvornik que reab1htarllffi Focio, 0 u L-'m Mo
· roussct, Pans. 1949. rc ta1ment le h • · . ' , • d y e ngar·' ver tllffi= ·
A propósito das grandes ct p d · , . • · J /, nafion _au, lJ, réhahü. •. e se ume de Pholi1's, Pans, 1950, prcfac 10 e ·. 0 São mais an-
634 égyptie,,ne vols III IV p . ª as ª conquma acabe, ve,a-se G . Hanotaux, H,s/o,re ue a
· · e · ans , 1933 ; C. Dichl , l'A/n'q ue byzantine, Paris, 1898 ; E. F. Gauuer,
. ;•:os: Jugie , le
99.
'ti;" de Photius, na No1111elle Re11ue Théologique '. fevereiro
se 11 me hyz11ntin, Paris, 1941, e L. Bréhicr, Le rch,rme onent
;l ) XI950
e riecle, Paris,
u 635
_, e monte Atho, vcr Varilk . l'o 1'ª>:' 0 11 f>a1•1 dr, mn,1,111r rc , hv,n., ,
So b rc os mong,, O ·· hl p l l)4A · "" 1y
1935 . e Rando lf Cone~ . u monl l1 1hor . Greno . e e an< , . '"'
l 'an mtll~ • que crnun o< adiante . h~ um tex to d co .ma1s 1ad,, 11 Bi 1 ft n'1\1 rt o tr
Em E, . Pog nOn .
de Nicc.'foro F= . qu e d§ uma d~ cri 1 íl o elirre mamen 1r <a 11 oro~a a vid a 01ir nrnl 11 11 , 6 ul u X. Po
111 ÍNDICE ANALÍTICO

X . O DOLOROSO ALVORECER D O AN O MIL

As obr.u indicad as no capírulo VIII 1nrc r<'ssam também aqui . Acrescentem os : Léon Horno Ru
. l. li p . 1 4 1 • d
me médi/ 1111/e . Pam . 193 4; e E. Pogno n . an mt e. ans ._ 9 7, co etanca e textos bem aprcs~nta -
Mil mas t
dos que não somente enfoc a com clare za a fam osa questao dos terro
· . res do An o · ~ z um
quad.ro extremamente vivo de quase todo o período . Sobre o nasomcnto do feudalismo, lcmbranios
05 trabalhos de Marc Bl och .
Sobre o Papado desta €poca: &.i.y . u s Papes d11 X / < siecle el la chrétre nlé, Paris, 1926 · F p·
vet . Gerbert , ParÍ.I . 1897. meigo mas aind a vivo e útil; Martin . Saint Léon IX, Paris, 1904 :' e ·Sit:~;;
e Stimz i, St. U on IX . Colma.r, 19~0
Sobre a expansão u istã . veja- se E. Ho rn . Saint Étienne, Paris , 1899, e as histórias da Polô ·
principalmcnre as de Halecki e de H . de Moncfon . n,a,
Tudo quwto se refere à refo rma encontra-se (com bibliografias completas) nos trabalhos de A
F!Jchc , prinâpalmcn rc cm La réforme grégorienne . Lovaina-Paris, 1924. Por outro lado, todas as his: o seu gênio. 24 ; as suas obras . 25 : bispo
Abássidas, 354 .
tôrias monásticas estudam o nascimento de Cluny e a sua obra; muitas obras particulares lhe têm si- de Hipona , 29 ; a sua '· regra''. 31 ; con-
do consagrad as por P1gnot. Lctonnelier. Besse . sobretudo A. Chagny, Cluny et son empire , Paris Abbon de Fleury, 352, 598,
tra as heresias , 33 ; A cidade de Deus,
1949. e Gu y de VaJous. Le mo1111Chmne clunisien , Paris , 1936. Ver também R. Biron, PterTe Damien' Abd-er-Rhaman, 354, 390, 500.
Pari5 , 1908 . ' 46 ; a sua política. 52; a sua mone , 12;
Abu Bekr, 332.
Sobre a.s origens cnstãs dos capccos , veja-se por exemplo F. Lot, La naissance de la France, já ci- Acácio, patriarca cismático, 139; o seu CIS· a sua influência, 52 e scgs . 87. 89. 90.
ud~ . Sobre o nascimento do Samo Imp~rio germânico , cfr. os trabalhos já amigos de Bryte e de 94 . 96 , 98 , 108, 109 , 112 . 118. 253, 254.
ma, 162, 182 .
Klemclausz ; L. Hamp<- . u HauJ Moyen Age , Paris, 1943 ; e H. Lcsêcre, Saint Henn·; Paris, 1901. 345 ; o agostinismo , 59: o agostinismo
Sobre a situação im clcctual , cfr. J. Ldlon , Gerbert, humanisme et chrétienté au x< siecle, Pa- Acemetas, monges orientais, 136, 284 .
Adalberão, arcebispo de Reims, 564, 582, poücico , 379 .
ri5 . 1946 . Sobre as origens da ane românica no s€culo X e em princípios do século XI, cfr. L. Bré-
hicr . L 'art en France, dei invaiions barbares à l'époque romane, Paris, 1930; R. de Lasteyrie, L 'archi- 587, 604. Agostinho (Santo) de Cantuária. 238 .
Jecture relzgieuse en France à l'époque romane , Pasis , 1912 ; F. Deshoulieres, Au début de l'art ro - Adalbeno (Santo) de Boêmia, bispo de Pra- Ainon (Santo), bispo. 90 . 105. 106.
man: les églises du XI < Iiecle en France , Paris , 1929; Puigi Cadafalch, Le premier art roman , Paris,
ga, 563, 566, 568. Aix-la-Chapelle . capital , 42 8.
1928 ; ). Hubcn , L'art pré-roman , Paris, 1938 ; R. Rey , L 'art roman et seI ongines, Toulouse e Paris,
1945 . Adalbeno (Santo), bispo de Hamburgo , Alamanos . 63, 65 . 67. 97 (nota ).
Sobre • vida intelccruaJ , na época inseparável da vida religiosa , ler-se-á M. M. Dubois, Aelfric, 566 . Alanos. 64 , 67. iO. - 1. 97. 100 .
s~rmonna,re, docJeur et grammain'en , Paris, 1942 . Por fim , cfr. Jean Rupp, L '1dée de chrétienté, Pa- Adelaide (Santa), mãe de Santo Estêvão da Alarico , rei visigodo . 65 . 68 . 103 : tomada
m , 1939.
Hungria, 566. de Roma. 7 1, i3 , -; 7, 97. l08 .
Adeodato, filho de Santo Agostinho, 20 , Alarico II , rei visigodo . 210 .
29.
Alberico . principe romano. 549
· ·
Adopcion1smo, heresia, 425 .
A'.
Alcorão . 334 .
ecio, general, 103 e segs 114
Ad · ., · Alcuíno , 251. -í05. 40- . 4 l 6. -í29. 430
nano 1 (Santo), papa, 366 , 402, 403,
42 4, 432, 462 , Alexandria (cornada de ). 340.
Adriano II Alfredo o Grande , rei inglês , 486. 606 -
_ 'papa, 474,475,477,496,49 7 .
513 Ali. 33 7.
Afonso I -, Alípio (Sanro). amigo de Samo Agostinho ,
Agatão o catohco, rei de Aragão, 354 .
A 1 . (Santo), papa, 327 . 20, 29.
g abaas din · - Amalário , 45 6 . -í67, 469 .
Agob d ' asua arabe da Tunísia 47 3
ar o (Sant ) b , . Amando (Santo) , 242 .
442
443
°• arce ispo de Lyon, 440.
._
Ambrósio (Santo). arcebispo de Mila_o, _~n-
Ago . ' , 4n, 469.
Stinho (San ) • contra Santo Agostinho , 17; suas ideias ,
12; em ~1'1 to • nascimento e juventude,
636 1 50, 143, 254 . 637
to en, C ~o. l6; a conversão, 19; reti-
assicíaco, 20; As confissões, 21 ; Anastácio , o bibliocecário, 475.
A ll ; RfiJA l)()S ITiMPns li ,\ ,>. N/1 ,JTJCO
1( ll ,\ t< o s
íNDfCll
178 , n5 , 256 , 310 . Decretais (falsas ), 460.
Berta , mãe d e Carlos Mag no, Jl)7 40
Anastácio l. imperado r bizantino . 129. U 4 . d ro 126>, 6 D iádoco de fó uca .
· • Pad ,e oriental
B~n a, ra mha d r Kent , 21,, 2 38 _' l. c~sio_: /(São), p ap a , 58 , 109 , 1 1, 218 . . . 13 5
142. 202 . ) de Arles, arce b ispo , 195 . 200 , , rei l ombardo , 402, 403 . .
Bispos, seu papel, 30, 32, g9 e s , c clcsllíl Des~dfoo
Anastácio 11, papa . l 15. 143. 163 . 270 , 444, 572. -eRs., 195 Cesário (São D1gems o A.em a (canção de). 504 .
Anastácio. patriarca de Constant inopla, 363 . )43 159 , 36 5 , 50 5, 51 5, D1gesto , 172.
Bizâncio , capital, 128 e segs.; sede . . 216, 3l_J.
Ande€ (Santo) de Creta. 357 . 1srno, ·
cal , 160 . P,ltrtar. c csaropa P Diodoro de Tarso , 152.
Anglos, 67, 75. 23 7. 5~9 · (São) mártir , 11 , 89, 177 . Dionísio o Areop;igita, 13 5 _
Boécio , 125, 126, 255 , 310.
Anscário (Santo), apóstolo da Escandinávia, ' d · Dióscoro de Alexandria , 156 .
Boleslau o Valente, 568 . CIP nano• ) bispo de Alexan na , 15 5.
·
455, 569. C1·rilo (Sao ' , · d Esl avos, 495 e Dízimo , 422 .
Bon~~c~o. conde de África, 11, 70 , 73 _ • ) missiona no os
Apolinário e o apolinarismo , 1)2, 153 , 156. Cirilo (Sao , Doação de Constantino (falsa), 39 5 _
Bonifac10 (São), pai da Germânia CflStà ·
Arcádio, imperado r bizantino , 76 , 81, 141 , Dombrow ska (Santa), 568 .
242 , 244 e segs . , 25 7, 391 , 4 13 , 455 : segs. ver Acácio, Fócio, Miguel Ce -
147, 148. Cisrna grego, Donato e o donatismo , 30 ; combatido por
reformad or, 302, 393, 459 . ' ,, . . consuma do em 1054 , 520 e segs .
Arialdo (Santo), 599 , 601.
512 111,arto, Santo Agostinho, 34 5.
Bóris , rei dos Búlgaros , 462, 497 ,
Arianismo godo , 118 e segs ., 192 . · Citas , 68 . Dormição da Virgem, 35 7.
Boson, rei da Provença, 480, 484. Climaco (São João), 368 .
Arles, sede primaz da Gália, 288 . Drogon , bispo de Metz , 445 .
Braço secular (recurso ao), segundo Santo Clódion, chefe franco, 7 3 , 19 3.
Armagh, sé primacial da Irlanda, 219 . Duelo judiciário , 260 .
Agostinh o, 55, 82 . Clotilde (Santa) , mulher de Clóvis , 196.
Amoul, bispo de Orléans , 546, 549 , 606 . Ebbon, bispo de Reims , 443 , 455 .
Brendan (São) o Navegad or, 221. 206 .
Amulfo de Caríntia , imperado r, 485 . Éctese, 326, 340 .
Bretanha (atual), 75 . Cloud (São), 283 .
Árpad, chefe húngaro, 540. Edessa (Escola de) , 324 .
Bretanha (atual Inglaterr a) evacuada por Clóvis , 117, 121, 189 e segs . , 206 ; seu ba-
Atanásio (Santo) de Laura, 526 . Roma, 73 . Eduardo (Santo) o Confessor , rei da Ingla-
tismo, 189; suas guerras, 197.
Ataulfo , rei visigodo, 73, 75 , 77 , 124, 210. Brígida (Santa) , 284 . terra, 607.
Cluny , abadia na Borgonh a, 591 e segs .
Átila , 69 (nota), 75 , 101, 103 , 104 , 106, Eduíno, rei de Northhum berland, 205 .
Bruno (São) de Querfurt , 567. Código de Justinian o, 171.
107. Éfeso, banditism o de , 139: Concílio de,
Búlgaros , 377 , 490; a sua conversão, 496, Colomba (São), 220 .
Athos (monte), 526. 155 .
513 . Columbano (São), missioná rio , 222 e segs .,
Atton, bispo de Vereei) , 546 . Burgúndi os, 65, 67 , 71, 73, 75, 97 ; a sua Eginhard (Santo), 398, 409 , 428, 429 .
257 ; reformad or, 302.
Ávaros, 321. Elói (Santo) , 274 , 312 .
conversão, 208 . Constâncio, chefe rebelde na Gália, 71, 77.
Avito (Santo), bispo de Vienne , 195 , 199, Caedmon (São), 241. Engelber ga , esposa de Luís II , 478, 479.
Constante II, imperado r bizantino , 327,
208 , 311. Calcedôn ia, concílio de, 158,161, 183 , 190. 480 .
342 , 346.
Baradai Uacó) , monofisit a da Síria , 159 , Enódio de Pavia , 125 , 311.
Camaldu lenses, 599. Constantino V Coprônim o, imperado r bi-
185, 328 , 373 . Campos Cataláun icos , 104. Epifânio (Santo), 148.
zantino , 362, 394.
Barbárie, 69 . Cânon 28 (Concílio de Calcedónia), 162 . Erik o Vermelho , 570.
Constantino VII, imperado r bizantino , 489 ,
Basílio I o Macedônio , imperado r bizantino , Canto da Providência , 88 . 502, 505, 530, 532 . Escolástica (Santa), irmã de São Bento , 277.
477, 489, 502 . Canto gregorian o , 313 . Eslavos, ver Vênedos e Rwsos.
Const~tin o IX Monôma co, imperado r bi-
Basrlio II ' ' chacinado r dos Búlgaros ' ' , 489, Capetos, suas origens, 604. zanuno , 520, 534 . Esmaragd o, abade de Saim-Mihiel, 430 ,
496 , 499 , 505, 533 . Cardeais, suas origens , 5 76 . Constantino , papa , 328, 384 . 440 .
Barilde (Santa), 306 (nota) . Carlos Magno , 396; sua personali dade, 398; Estado Pontifício , 394 , 404.
Const ªntino, patriarca de Constant inopla
Beda o Venerável , 241, 313 . seu cristianis mo, 400; vencedor dos Lom· 363 . ' Estêvão (Santo), rei da Hungria, 548 , 566
Belisário, general bizantino , 177 e segs ., bardos , 401; coroado imperado r, 406 ; Corvey' abadia alemã , 468 . e segs .
182 . suas guerras , 411 ; os Lugares Santos, 417; c· Estêvão II, papa , 247 , 394 , 395,401.
26 C~sroes I, rei persa, 182 .
Bento (São), 275 ; sua vida, 275 e segs.; a sua política religiosa, 419 ; ensino, 4 ; o_sr~es II, rei persa 320 3 74 Estêvão IV, papa , 441.
sua Regra, 279 ; a expansão beneditin a, renascença carolíngi a, 427 ; sua morte , Cnsuan 0 d ' ' ·
Estilicão , 65, 71, 73, 76 .
281. C. e Stavelot 469
433 ; sua lenda , 433 ; "São " Carlos Mag· flstandad . ' .
Estilitas (ascetas) , 137 .
e, senudo da palavra ideal da,
Bento (São) de Aniana, 423 , 467 . no(?) , 427 (nota) . C 4~l e segs . , 614 , Estrasburgo ouramentOS de): 445,467.
Bento VII, papa, 547, 553. Carlos Manel, 389 , 391, 392, 393. un1beno . · Ethelbúrg ia, esposa de Aldumo, 205, 215 .
449 ' c· , re, lombard a 385
Bérenger de Friul, imperado r, 4 84 , 608 _ Carlos o Calvo, imperado r , 443, 445 , upula (concT d • . Eudes, conde, antepassado dos capetos , 454,
110
Berengário, "rei da Itália", 54 5 _ Cuthben (S a, ou quinisex to), 353 .
458, 463, 475, 480 . 604.
Berengário de Tours, teólogo , 576 _ 8 Dagob ão), 241.
Carlos o Gordo, imperado r, 454, 4 1. ena .f Eudóxia, esposa de Teodósio II, 157 .
Bernão (São) , fundador de Cluny, 591. Cartago tomada pelos Árabes, 348 . D,... ' rc, ranco , 261 , 387 , 389 . 92
-"asceno (S Euquério (bispo de Lyon), SO, ·
638 Bernardo , vice-rei de Itália , 44 2 _ David (Sã ) ão João), vcr]oào, 370. 117 • 210 ·
639
Casimiro I, rei da Polônia, 568. o , 218. Eurico, rei visigodo, 114 •
A lCREJA DOS TEMP .
OS BAl( B
AR o~ . ver f,ntJgefli .
Knut o G rande, re i da J 1
dinávia , 569 ' 607. ng ate rra e da Escan-
G regório Mag no (São) , noela5ta5 ,I da.se querelas d as , 36 1, 492 .
Eusébio de Doriléia, t H . 15 7. t 58 . l 0 cu t0 . ·
e segs. , 266 3 11 3, lp3apa, 25 7, 205 22 imagens, aoo-GerrnânJCO , sua.s o rigens , Lactânc io , 85.
Eu tiques. roonofisita, l 57. , · ' ' , 380 ' 9
Gregono ll {São), papa 24 · bio RorTl Landulfo (São) , 599_
Exupério (Santo), 90. 384. ' 5,2 50 , 362,366 JroP
609 · . a de Constantinopla , 464 , úzu1 perennú , oração pe ,
Fatimidas, dinastia árabe da África , 501.
, . patnarc Leandro (São), arcebisporetuseª · ·11h36, 284 .
Fausto de Milevo. maniqueu , 17. Greg~r!o III (São), papa, 246 38 , 1..e- M
Félix III (São) , papa, 115 . 125 , 162 . Greg~r'.o IV, papa , 443, 444 ,44 4, 39 1. 'ºª''º'
511- conversão da , 237 .
ao agno (São), papa 106
v1 a 211
, .
7 158 , 161 , 254. ' e ~ gs. ; l l5 ,
Filibeno, suas relíquias , 452 . Gregono V, papa , 54 7 . ' · Inglitcrra, osa de Hermenegildo, 215 .
Gregório de Tours ' bisp h º onda, esp 160 Leão III (São), papa, 404 , 407 425
Filioq11e, questãodo , 424, 515,51 7.524. .
º • 1stonad Ing • . (Santo), papa , 109, .
194 (nota), 206 , 207 ( Inocenc10 1 . 363 . Leão IV, papa. 448. 461 , 474 _, 477.·
) or, 189, . pcratriz bizanuna,
Filipe I. rei capeto, 597. 311. nota ' 257 , 262 , frene, iro...,cno impera d or b 1zanuno
. · , 52 1 . Leão IX , papa , 51 8, 602 .
Flaviano, patriarca de Constantinopla, 139 ,
Grego (fogo) , 343 . e
Isaac º"' ' Leão I o Trácio , imperador b1zanuno 111
158 . Isenção , 247 , 575 . 142 , 143 , 177 .
Guilherme o Piedoso du d .d (Santo) de Sevilha, 213 , 312 , 380. '
Focas, imperador bizantino, 319 , 346. 560, 591. ' que ª Aquitânia, fsi oro Leão III o Isáurico , imperador bizantino
Fócio, 366, 464, 482, 495 , 497 , 488 , 509 Isidorus tdercator, 460 .
Guiscard (Roberto) chefe n 344 , 356, 361 , 384 . '
e segs ., 524. 539 . d
' orman o, 534 , Islão, 329 e segs. . , . LeovigiJdo , rei visigodo, 211.
Formow, bispo de Porto e depois papa, 485 . Jacobitas, monofis1tas da Sma, 159, 185 ,
H~n-aJ-Raschid , 410,417,418 , 473 Léger (São), arcebispo de Aurun , 305 , 388 ,
FouJques Nerra , conde de Anjou, 552, 56 2. 328.
Hegua, era muçulmana, 322. . Jerónimo (São), relações com Santo Agosti- 389.
Francos, 63 , 65 , 68 , 71, 97 (nota), 119, 193 .
Henótico, 162, 191. Leôncio, bispo de Bordeaux , 314.
Fredegário, crônica chamada de, 312 _ nho, 58.
Henrique I o Passarinheiro imperador g Lérins , mosteiro provençal . 93 , 21 6.
Frederico de Lorena, futuro Estêvão IX, 520 _ Jerusalém, tomada pelos Árabes, 339 .
mânico, 608. ' er- Lyon , primaz das Gáfü.s , 288.
Fulda, grande mosteiro alemão, 247 . Joana (lenda da papisa) , 541 (nota).
Henrique II (Santo), imperador germânico João I (São), papa e mánir, 126, 164 (nota} . _Lioba (Santa), 24 7, 284 .
Fulgêncio de Ruspe (São), 123 _
560, 563, 610 . ' João VIII, papa, 478 e segs . , 496, 501, 503, Liutprando , bispo e cronista , 546 .
Fulrado (São), abade de s. Dinis , 395 , 40 1.
Hen_ri~ue !II, imperador germânico, 518. Liutprando, rei lombardo . 385 .
Gala Placídia , imperatriz, 64 (nota), 77 513, 547, 567.
Heracho, unperador bizantino , 321 , 347, João X, papa, 542, 547 . Livros carolinos, 42 7.
103 , 110, 124 . '
351. Lobo (São), bispo, 90 , 191, 218 .
Gaza, os 60 mánires de, 338. João XIII, papa, 547 .
Hermenegildo (Santo), mártir espanhol, Lombardos , 65 , 225 e segs.; sua conversão .
Gelásio I (São) , papa, 115, 163, 164, 229. João XV, papa, iniciador da Trégua de
211, 215 , 352 . Deus, 585 . 226 , 385 , 392 .
Genoveva (Santa) , 91 , 214; salva Paris dos Hilário (Santo), bispo de Arles, 90 , 92 , 93, João CrisóScomo (São}, 109, 120, 143 e Lotaríngia, 446 .
hunos, 106 .
94, 111. segs., 254 (nota) . Lotário , imperador, 442. 44 5. -í48.
Genserico, rei vândalo, 9, 70, 73 , 97, 102 Lotário II, 448, 463 . 464. 4i 5. 478. 512 ,
Hilário (Santo), papa, 115 . Jo~o Damasceno (São}, 341, 370 , 499.
112 , 113, 122. '
Hilda (Santa), 284 . Joao de Fécam P, escntor . , . , 563 . 513 .
Jo- m1suco
Geoffroy Manel, conde de Anjou, 552.
Geraldo , conde de Toulouse, 560.
Hildebrando, futuro Gregório VII, 602 .
Hincmar, bispo de Reims, 423 , 425 (nota) ,
. :º Escoro Erígena, 469. Ludmila (Santa) , 567.
Luís o Germânico , 44 5. 475. 478. 479.
Jo:o Gualbeno (São) , 599.
Geraldo de Brogne ' 560. 440 , 447,449,457,46 4,465,468 , 476, Joao Gorze, 589. Luís o Piedoso ou o Bonacheirão, impe rad or
Gerberto , ver Silvestre II 453
481, 482 . João de Ravena, arcebispo 465 do Ocidente , 44 1, 442. 444 . 455. ·
Ger;;:.io (São) de Auxe~re , 91 , 106, 191 , Hipácia, 83 (nota), 91, 155 . Jonas bº ' .
Jouat' IS~o de Orléans , 434 , 440 . 466 , 560. 448
Hipona, 9, 12 (nota) , 14 ; S. Agostinho ,
. re, cnpta de 315 Luís II, rei da Icália e depois impe rad or, ·
Germano (São) de Paris , 273 . 461. 463 , 46 5. 474, 475, 476 e SCgs .,
bispo de, 29 . J ud1te, espo d , , . .
Germano (São) ' pamarca · de Constantino- Juliano sa e Luis o Piedoso 443 .
Honorato (Santo) , 93 . exa d , ' 501, 51 4.
p 1a, 362 , 370. Honória , princesa, 64 (nota), 102 . Justini;no rca a Mrica, 348, 349 .
Luxeuil (ver São Colt1mbano).
Germanos
bard. ' 63 ' 69·' ver godo1 , Jaxões , lom- Honório, imperador do Ocidente, 76, 77, Nik ' imperador, 164 e segs.; sedição
a, 169· o C'd. Madaura, 13 .
. OI , anglos , francos .
80, 82 , 97 . Sanca S r. ' 0 igo e o Digesto
, 171 ; 1
G . o ia, 173· as Maieul (São) , abade deOuny, 59 ~oA os-
G ildas (São) , 217 . Honório, papa, 326, 327 . Ju/: 11giosa, ,
6 1·
guerras, 17 ; a 1ga
odos, 67 68 ·' ve r tam bem
' 01trogodos e 229 183 Maniqueus , 15 ; comba21;s ra~i:anos.g
· · J ' Hormisdas (Santo) , papa , 164, 184 , · '.'.n1a.no II, . .
vmgoaos. . tinho , 34 : cfr. talllLJ<.
Hugo (Santo), abade de Cluny, 591. Justino · imperador bizantino 342.
Gondebaud o, rei• bo rgonhês 117 Jttino 'II, 1mperad ' Maomé, 330 e scgs . • 2
Hugo Capeto , 542 , 604 . 6 2 im e or do ?riente, 142, 163 . b. de Par!S 9 ·
G Ottschalk ' . Marcelo (S~o), 15Po do Orie~tc, 102 , 134 ..
. ' monge saxão 456 Humberto (Cardeal) , 520, 522, 60l. ~ · ahena, p rador bizantino , 227 , 319. 641
Gozltn b.15 0 d
, '.
'
P e Paris , 453 .
·
Húngaros, 483, 540; sua conversão, 5 ·
6
l<. hadid • 348 · Marciano , unpe rad or
640 Gregono, exarca da M ' rica,
. Ja, espo d !42, 143. 158, 162 ·
346. Hunos , 67 , 70, 71 , 99, 119 , 170- sa e Maomé, 332 .
A IGREJA DOS TEMPOS BÁRB
ARos E ANALÍTICO
fND IC
Maron (São), 329. Nithard , 467,471.
. II papa 232 , 386 . Rufino , chefe político , 70 , 73, _
Maronitas , 328 . Normandos, 436 , 450 e segs ., 4 . pelágio 76
79 483 • , 10 ch• e1,re cristão na Espanha , 354 , 570 . Rufino , historiador , 13 7. 36 7 .
Marózia, duas princesas italianas, 545 . . 534 , 539 , 612 . Pe 1ag _ ' tagianismo, 38 ; combatido por Rufino de Aquiléia, 87 .
Maninho (São) de Tours, suas relíquias, Notker , 468 . pdág10 e o pe .
Santo Agosunho , 39 . Russos , 377 , 494 ; a sua conversão , 497 .
452 . Odão, abade de Cluny , 5 75. 591 . . d ' Héristal , 389. 391.
Pepino Rutílio Numantino, 86 , 118 .
Maninho I, papa, 327, 384 . Odilão (Santo), abade de Cluny , 571 . . o o Breve , 387. 392 . Sabas (São), 134. 185 .
Maninho (São) de Braga , 209 . Odila (Santa), 306 (nota) . Pe~i_n itória sobre os muçulmanos, 391.
Maurício , imperador bizantino, 319 , 357 . p0mers, v Salviano , escritor cristão , 67. 79, 87, 88 , 98 ,
Odoacro, 114, 115 , 117 , 120, 190 . abade de Stavelot, 589 .
Mauro (São), discípulo de São Bento, 278 , Poppon , ., . 256. 257, 310 .
Olavo o Santo , rei da Noruegua, 439 , 569. 'd' · aluno e bwgrafo de Santo Agost1-
285. Poss1 10, Saint-Gall , abadia da Suíça, 468 .
Olga (Santa), princesa russa, 498 . nho , 30, 60 (nota} .
Máximo (São) o Confessor , 327 , 346, 356, São João de Poitiers (batistério), 315 .
Olíbrio , imperador, 113, 125 . Predestinacionismo, 425 (nota) .
369. São Lourenço de Grenoble , 315 .
Omar, 327, 339, 346. Pretextato (São), bispo ~e R~uen • 305 .
Medina, cidade de Maomé, 332 . Sármatas , 68 , 70.
Omíadas, dinastia árabe, 354, 501. Procópio, historiador b1zantmo , 75. 167 .
Melâcio (São), 272 . Sarracenos, 436. 463, 473. 478, 483. 501.
Opas, 349, 354 .
Melquitas , 328 , 336 , 341. 171. 539 .
Orânio (Santo), bispo de Auch, 86 . Próspero de Aquitân~a (S~o ), 218 , 311.
Meroveu, 193 . Saxões , 65 , 67.
Ordálios, 260. Psellos, historiador b1zanuno, 532 .
Metódio (São), missionário , 370 , 495 e Semipelagianismo , 40 (nota).
Orestes , pai de Rômulo Augústulo , 114 . Qujiderico, 193 .
segs . , 513 . Sérgio I, papa , 113 , 298 , 328.
Orígenes e o origenismo, 148. Quodvultdeus, bispo africano, 123.
Miguel III o Gago , imperador bizantino , Sérgio II . papa , 448. 463.
Orósio, escritor, 58, 79 , 88, 98 , 118, 120. Rábano Mauro, 445 , 456 , 468 .
489. 495, 510 , 513 . Sérgio IV , papa, 547.
Ostrogodos, 67, 70, 97, 114, 118, 178, 188. Radagaiso, 71, 77 , 129 .
Miguel IV, imperador bizantino, 521, 533 . Sérgio, patriarca de Constantinopla , 322,
Otão I, imperador germânico, 498,545 , 608 Radegunda, Santa , 266 .
Miguel Cerulário, patriarca de Constantino- 326, 338 , 368 .
e segs . Rathier, bispo de Liege, 576, 60 l.
pla , 517 e scgs . Severino (São) . missionário no Danúbio .
Moçárabe (igreja), 353 . Otão iI, imperador germânico , 547. Raul Glaber, cronista borgonhês , 550, 551,
Otão III, imperador germânico , '.>60, 568, 120 .
Monaquismo, 29 , 31 (nota), 93, 135 (nota), 554 (nota), 556, 55 7, 5 76.
Severino (São) , papa, 384 .
215,258,421 ,470 , 525 , 588. 610 . Ravena, capital imperial, 77, 78; de Teodo-
Othman, 337 . Siágrio, 114 , 194.
Mônica, mãe de Santo Agostinho, 13 ; visão rico, 125 ; centro religioso, 184.
Ouen (Santo), 247, 312 . Sidónio Apolinário (São) . 86 . 92. 11 4, 115 ,
de Óstia, 21. Recaredo, rei visigodo , 212 e segs., 352.
Paládio, cronista, 136. Reconquista da Espanha, 5 71 . 191, 310 .
Monofisismo , 156, 161, 373.
Papado , sua primazia e autoridade, 108, Sigismundo, rei burgúndio , 208, 260.
Monotelismo, 326, 346, 347 . Regime feudal, 78 , 438 e segs . , 484, 540 .
225, 290 , 372,382,456 ,460,465 , 515 · Reichenau, abadia alemã, 468 . Silvério (São), papa. 186 .
Morávia (Grande), 436, 494; sua conversão ,
518, 575, 602. Silvesue II (São), papa. 547 e segs .. 587.
495 . Remígio (São), arcebispo de Reims, 163, 189
Paróquias sentido da palavra, 267 • (nota), 194, 198 , 206 . Símaco , um dos últimos pagãos. 16 .
Moschus Ooão), 357 .
Mouros, 483, 539; ver também Samueno . Pascásio Radbeno (São) , 425 (nota) , 443 • Ricardo, abade de Saint-Vanne , 589. Símaco (São), papa. 163.
Muçulmano (sentido desta palavra), 334 . 456, 469 . Ricimer, 113 . Simeão , czar búlgaro , 490 .. 502.
Narsés, 132 , 179, 373 . Páscoa, festa da, 111 (nota). Robeno o Fone, antepassado dos capetos , Simeão Metafrasto, 532.
Nestório e o ncstorianismo, 15 3 e segs.; igre- Pataria, movimento popular, 599 - 452 , 604 . Simplício (São). papa. 115 , 16 2 .
jas nestorianas, 328 ; missões nestorianas, Patriarcados, 138, 324 . Rb · · Sinésio de Cirene , bispo . 91.
Ro e_n o o Piedoso , rei da França, 559 , 606 .
341, 373 . Patrício pai de Santo Agostinho, 13 · Rodngo, rei da Espanha, 349, 350. Sofia (Santa Sofia de Constantinopla) , 173.
Nicácio (São) , bispo , 90 , 191. Patrício: apóstolo da Irlanda, 94 , 109 · 218 " olando, 414 ; a sua lenda 434 Sofrônio. patriarca de Jerusalém . 339, 35 7,
Nice (concílio de), 585 . R 11 ' .
Paulicianos, hereges, 49 2 -_ o, Ro on , duque normando , 539 , 612 (nota) . 368.
Nicéforo Focas, general, depois imperador Paulino de Nota (São), bispo, 57 • 88 · 9 0
mano '=capene,
- •
impera d or b 1zanuno,
' • Suevos, 62 . 71.. a sua conversão , 209.
bizantino, 482, 489 , 502, 503, 508. 94, 125 , 310 . 502 . Tagaste , 13 .
Nicetas de Remesiana, 120 . Rornan . Tarik, chefe muçulmano , 348, 350.
Paulino de Pela, 99 . d 226, Ro o o Melód10, 35 7 .
Nicolau (São) 1, papa, 440,461 e scgs., 473, Paulo Diácono, historiador lombar 0 ' Rtualdo (São), 560, 598 . Teocracia , 380.
474,478,480, 482,496 , 497 , 509,511. 429. rnulo Augu·st u t·o, u• tumo. .
impera d or ro- r
od d rainha lombarda, 215. 235 .
Nilo (São), místico oriental, 135 . Paz de Deús , 584 . R mano, 114. TTe de m mª·ulher de Justiniano , 164 e segs.
eo ora,
Nilo (São), monge grego instalado na Itália, Pedro de Antioquia (São), 5 22 · oncesvaJes, 414.
642 601 .
(ver Justiniano ).
563 . Rothade b ' 643
Pedro Damião (São), 553, 587 , 600 • ' ispo de Soissons, 465 .
·-
Teodora, viuva do imperador Teófilo, 364 .
A IGREJ A DOS TEMPOS B ,
ARBARos
Teodora, duas princesas italianas, 545 . Valombrosa, 599 .
Teodoreto, historiador, 13 7 · Vândalos, 62, 67 , 71, 75, 86,
97 103
Teodorico, rei ostrogodo, 114, 124 e segs ., 117, 119, 176 . ' , li5,
l63, 164 (nota) , 190, 192, 196. Venâncio Fonunato, 297, 310 .
Teodoro de Mopsuéstia, 152, 186 . Venceslau (São), 567.
Teodoro (São) , missionário na Inglaterra, venedos, 67 .
241. Veneza, fundação de, 106 (nota) .
Teodoro Estudita (São), 136, 364 , 371, 372 Verdun, tratado de, 445.
(nota). Vicente de Lérins (São), 94 .
Teodósio, imperador, 134, 146; a sua mor-
Vigílio, papa, 186, 229, 386.
te, 63 , 76, 141.
Virgilius Maro Grarnmaticus, 312 .
Teodósio II o Calígrafo, imperador do
Vikings (ver normandos) .
Oriente, 102, 110, 111, 129, 134, 141,
171. Visigodos, 67 , 70 , 86 , 97, 99 , 117,119,120;
Teodulfo, bispo carolíngio, 425 . sua conversão, 210.
Teofilacto (família italiana), 54 5. Vladimir (São), 498 .
Teófilo, patriarca de Alexandria, 148. Waasta (São), eremita , 198, 206 .
Terrores do Ano Mil, 557. Wala, abade de Corbia, 442, 443., 458 .
Theótokos (Maria, Mãe de Deus) , 154, 156 . Walafredo Estrabão, 468 .
Thiou (São), 286 . Waldrada, concubina de Lotário Il, 458,
464. ESTE LIVRO ACABOU DE SE IMPRIMIR
Tibério Constantino, imperador bizantino,
A 30 DE SETEMBRO DE 1991 , NAS OFI-
319. Wamba , rei visigodo, 213, 351, 352, 393 .
CINAS GRÁFICAS DA EDITORA SAN-
Tipodafé, 327,369. Wolfred (São), missionário e mánir, 569.
TUÁRIO LIDA., À RUA PADRE CLA-
Toledo (concílios de), 212; primaz da Espa- Willibrod (São) , 244, 391. RO MONTEIRO, 342, EM APARECIDA,
nha, 288. Wehrgeld, 260. SÃO PAULO.
Tomasistas (cristãos de São Tomé), 375. Westminster (fundação de), 240 .
Tótila, rei ostrogodo, 179, 188, 279 (nota) . Wilfrid (São), 240.
Trégua de Deus, 584. Witikind (chefe saxão), 412, 436.
Turcos , 319, 535 . Zacarias (São), papa, 247, 384, 393, 406,
Tzimiscés Goão), imperador bizantino, 503. 575 .
Úlfilas, godo ariano, 119, 192 , 214 . Zenão, imperador bizantino , 114, 122, 142,
Urso (Santo), 126 . 190, 324 .
Valentiniano III, imperador do Ocidente, Zoé , imperatriz bizantina, 508 , 533 .
77, 103, 105, 107, 109, 112, 113, 193 . Zózimo, padre oriental, 135, 162 .

644

Você também pode gostar