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O Brasil e os brasileiros em relatos de viajantes


- ou representações depreciativas do mestiço e das mestiçagens brasileiras na pena de
*
viajantes estrangeiros entre os séculos XVI e XIX

Alípio de Sousa Filho


- professor Adjunto do Departamento de Ciências Sociais da UFRN. Doutor em Sociologia pela
Sorbonne (Paris V, França)

1. Introdução

Convém de início esclarecer o que chamamos mestiçagens. Ao tratarmos do caso


brasileiro, estamos naturalmente pensando nas misturas étnicas que nos fundaram como tipo
humano e como povo, mas, principalmente, estamos pensando nas práticas culturais de misturas,
fusões, sincretismos, hibridismos, associações, combinações, junções de valores, idéias,
princípios, costumes, códigos etc. que particularizam nossos hábitos, nossos modos de agir e
pensar. Se somos mestiços como tipos antropológicos humanos, o somos também pelas nossas
práticas: misturamos sem pudor, juntamos o que em outras paragens não se junta, fundimos o que
parece impossível associar. Idéias dessemelhantes, regras opostas, valores díspares, crenças
separadas, comidas diversas, gentes diferentes, etc. – para certos paradigmas culturais vistos
como coisas inconciliáveis – associamos, ligamos, fundimos. É isso que chamamos mestiçagens,
as mestiçagens brasileiras.
É evidente que nossas mestiçagens se ligam, de partida, aos frutos do entrelaçamento
entre os três principais grupos étnicos – os indígenas, os europeus e os africanos – presentes no
território brasileiro no curso da colonização entre os séculos XVI e XIX. As mestiçagens
correspondem, pois, a práticas que nunca mais deixaram a sociedade brasileira. Elas são
constituintes da maneira de ser do corpo social brasileiro todo inteiro. Na sociedade brasileira, as
mestiçagens são um elemento estruturante da cultura, uma armadura antropológica das
instituições e das relações sociais. São práticas que concernem a todos na sociedade,
*
Trata-se de assunto com o qual nos ocupamos, de maneira mais alongada, em nosso estudo de doutorado.
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independente de regiões, classes sociais, níveis intelectuais, convicções políticas, etc. Somos
todos praticantes de mestiçagens, seja de um modo ou de outro, e que se tenha maior ou menor
consciência disso.
As mestiçagens constituem ainda a forma da circulação no corpo social brasileiro da
diversidade, do heterogêneo, da ambigüidade e da mobilidade. É esse caráter ambíguo,
heterogêneo, diverso e sua capacidade de criar múltiplas vias, soluções alternativas, que faz com
que as mestiçagens sejam o fator que torna a cultura brasileira uma cultura de códigos e
instituições flexíveis. Engendrando uma socialidade em que todos os códigos são submetidos a
amolecimentos – aspecto das instituições brasileiras já assinalado por Gilberto Freyre -, as
práticas de mestiçagens tornam nossas instituições e códigos realidades híbridas, maleáveis. O
que rende a vida brasileira uma moleza e uma astúcia particulares que aparecem em diversas
práticas e ritos cotidianos, alguns de seus melhores exemplos se situando na religião e na
sexualidade praticadas no Brasil.

É verdadeiro que não é de hoje que se reconhece a sociedade brasileira como uma
sociedade que pratica "sincretismos", "hibridismos", "misturas". Assim, à primeira vista, aceitar-
se-ia facilmente que somos uma cultura de mestiçagens. Entretanto, até aqui, muito variaram as
maneiras como se interpretou e se aceitou esse fato. Em geral, predominou (e continua a fazer
escola) o modelo de interpretação do Brasil que vê nossas mestiçagens com desconfiança,
condenando-as como “anomalias”, “vícios”, “males de origem”. Ainda que, quase sempre, as
referências às mestiçagens tenham sido feitas por evitação, mascaradas em eufemismos, os
termos não deixaram de ser menos depreciativos. O fato é que, com esses próprios termos,
assinava-se a presença dos costumes de mestiçagens como uma estrutura antropológica fundante
da sociedade brasileira.
Assim, mesmo fazendo parte da alma de todo um povo – e isso se mantém por si, que se
queira ou não -, nossas práticas de mestiçagens sempre foram objeto de diversas representações
depreciativas e continuam a ser objeto de interpretações teóricas desconfiadas e pessimistas.
Como veremos adiante, toda uma tradição teórica de interpretação da cultura brasileira condenou
nossas práticas de mestiçagens ao estatuto de uma anomalia antropológica. Nossos costumes
mestiços foram objeto de diversos estigmas e mesmo a miscigenação étnica foi objeto de
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estigmas. No Brasil, os preconceitos relativamente às práticas culturais de mestiçagens sempre


estiveram acompanhados da rejeição do indivíduo mestiço e das misturas étnicas. Pode-se dizer
que os preconceitos relativamente às mestiçagens têm um fundo de racismo implícito ou
explicitamente revelado.
Nosso trabalho de leitura de fontes escritas como o texto do administrador colonial, dos
missionários cristãos ou dos conhecidos diários de viagens dos viajantes estrangeiros que
visitaram ou viveram no Brasil entre os séculos XVI e XIX, permitiu observar que, ao lado da
descrição (quase sempre com espanto) dos traços culturais brasileiros calcados nas práticas de
mestiçagens, desenvolve-se também, na pena desses diversos cronistas, um discurso de
desconfiança e condenação dessas mesmas práticas. O mesmo tornou-se possível observar na
pena do autor brasileiro interpretando o país e sua gente, dentre eles nomes célebres como
Capistrano de Abreu, Paulo Prado, Oliveira Viana, Sérgio Buarque de Holanda, Abelardo
Romero, Caio Prado Júnior, por citar apenas alguns exemplos. Autores que, sem que aqui se
ignore a importância deles para compreender a formação da sociedade, deixaram-nos páginas
lamentando nossas mestiçagens, nossos hábitos, nossas instituições: sorte de prolongamento
intelectualizado do discurso colonizador sobre a nova sociedade que surgia na América. Um
prolongamento que dura até hoje nas análises da sociedade brasileira feitas por cientistas sociais
universitários, com seus ecos no senso comum das boutades e piadas sobre o Brasil e os
brasileiros, sempre dispostas a menosprezar nossas maneiras de ser e fazer e o país.
Com desconfiança em nossos costumes de mestiçagens, essa tradição teórica de
interpretação da cultura brasileira passa a se perguntar de um suposto "atraso nacional": com
freqüência, falou-se de "país sem ordem", "ignorante do progresso", "alheio à civilização" e à
"modernidade"; falou-se de "origem do atraso do país", "origem da imoralidade nacional",
"origem do caráter vicioso nacional", etc.. Interpretando a realidade brasileira com os conceitos e
modelos europeus (incluindo-se aí o racismo destes últimos), nossas elites intelectuais difundem
uma visão pessimista do país e de sua gente.
Como se sabe, tratando da cultura brasileira – ou, como escreveram alguns de nossos
autores, tratando do "caráter nacional” –, as idéias de "vícios", "males", "degenerescência",
"atraso", etc. conduziram alguns intérpretes brasileiros a perseguir, de uma maneira quase
obsessiva, o tema que se tornou um clássico: a causa dos males do Brasil. O que uma leitura
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atenta desses intérpretes permite extrair como conclusão é que, no tratamento do que se
convencionou chamar "os males do Brasil", estão desaprovações às práticas que nos caracterizam
como cultura, entre o que se destacam nossas mestiçagens – embora todo o eufemismo de nossos
autores para se referirem a elas, e ainda que estes autores tenham se abrigado numa crítica à
colonização portuguesa e ao escravismo como sistema social que serviu de base a fundação da
sociedade brasileira. Em alguns, crítica que se fez mais pela recusa à miscigenação e às relações
de classe que a escravidão proporcionou que pela recusa ao sistema como tal. E crítica ao
colonizador português como "menos europeu" que todos os demais: povo já mestiço, misturado
às tradições árabes e africanas.
Torna-se importante destacar aqui o ponto seguinte: as representações depreciativas das
nossas mestiçagens são, no fundo, a longa memória do discurso colonizador no imaginário social
brasileiro e, particularmente, como formações do imaginário das elites brasileiras. Mesmo se em
algumas de suas expressões fortes tenha sido refeito, o discurso colonizador – compondo-se do
discurso do administrador colonial, do missionário cristão, do viajante, entre os séculos XVI e
XIX – reaparece ainda e sempre na maneira como nossas elites políticas e intelectuais encaram
nossas práticas de mestiçagens.
Se antes falávamos de uma tendência inconsciente e coletiva a práticas de mestiçagens na
sociedade brasileira, diga-se já agora que se tratou sempre de uma tendência que provocou
estranhamento em viajantes e cronistas estrangeiros do período colonial (quase sempre
reprovando-a!, é a tônica dos escritos de administradores, missionários cristãos e viajantes
europeus), e tendência objeto da condenação dos primeiros intérpretes brasileiros, tendo sido
também objeto da atenção (não menos reprovadora!) dos cientistas sociais em todo decorrer do
século XX. Em geral, as interpretações destes últimos seguiram a tônica depreciativa e pessimista
dos primeiros relatos e das primeiras interpretações que se fez da cultura brasileira – a exceção
ficando por conta de intérpretes como Manoel Bomfim, Gilberto Freyre, Darcy Ribeiro e Roberto
DaMatta, entre poucos exemplos.

2. O Brasil e os brasileiros nos diários de viajantes: a reprovação dos costumes nacionais


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Os exemplos poderiam se multiplicar, mas que se tenha, por agora, uma pequena mostra
do que chamei uma arqueologia das representações depreciativas de nossas mestiçagens no
processo de colonização do imaginário brasileiro.
A ocupação de certos autores brasileiros com o tema da incapacidade brasileira para a
"ordem", para a "hierarquia", ao que parece, é eco do discurso colonizador quando este disse: "A
língua que se fala ao longo de toda a costa é a mesma (...) Faltam três letras, a saber: o F, o L e
o R, coisa estranha, eles não têm nem Fé, nem Lei, nem Rei, e vivem assim sem ordem, sem peso
nem medida, e sem contar."1 O jesuíta está falando de nossa cultura primitiva, nossos indígenas.
Como se sabe, esse olhar depreciativo sobre os nossos indígenas foi a tônica do discurso dos
missionários cristãos em terras brasileiras. Missionários, católicos e protestantes, representaram a
cultura do homem primitivo brasileiro como "bárbara", "grosseira", cultura a "civilizar" e a
"evangelizar" – para o colonizador cristão europeu, nossos indígenas não tinham "nem lei, nem
culto".2
Passado algum tempo do choque do encontro com os indígenas, o europeu-colonizador
demonstrava seu etnocentrismo julgando assim a sociedade brasileira nascente:
Quando se trata da mesa e do comer: "A ceia constava na usual quantidade de pratos,
colocados sem ordem na mesa." E algumas páginas adiante: "Foi oferecida uma profusão de
iguarias. (...) Nenhuma espécie de ordem é observada."3 Ou ainda, outro viajante: "Todos os
pratos foram misturados e tocados por todas as mãos"4. Às vezes o viajante-colonizador é mais
explícito em seus preconceitos: "tudo o que tem vida e substância é tomado e cozido no interior
do Brasil , ou nas cidades, sem que se tenha a menor atenção às distinções levíticas entre o
limpo e o sujo".5
Mais ainda: "A delicada dona de casa não tem vergonha de se acocorar no chão para
atirar boas porções do seu alimento preferido, o feijão preto, e sua inocência primitiva chega ao
ponto dela se servir de seus dedos delicados como se fossem faca e garfo e a mão como se fora

1
Cf. Gândavo, Pero de Magalhães de. Histoire de la province de Santa Cruz que nous nommons le Brésil, Nantes, Le
Passeur, 1995, p. 90
2
Cf. Gândavo, Pero de Magalhães de. Histoire de...., op. cit., p. 111
3
Cf. Koster, Henry. Viagem ao Nordeste do Brasil. Recife, SEC, 1978, pp. 209, 211
4
Cf. Seidler, Carl. Dez anos no Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo, EdUSP, p. 153
5
Cf. Ewbank, Thomas. Vida no Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo, EdUSP, 1976, p. 106
6

colher. Na Bahia as senhoras (...) tem a particular delicadeza de servir o honrado hóspede
diretamente na boca, como se elas quisessem engordar gansos..."6
O estar junto, nossas misturas!, foi assim representado pelos viajantes estrangeiros, que
nos viram com desprezo: "as cenas, as mais ridículos, têm lugar nas fontes. Gente tagarela,
empurrando roladeiras em direção as fontes, fazem pensar numa pocilga em que porcos
grunhem e em que se comprimem mutuamente, na angústia de morder cada um sua ração."7
A amabilidade do hóspede brasileiro é assim representada na pena do
colonizador-viajante: "A hospitalidade dos brasileiros salientava-se cada vez mais ao passo que
penetrávamos no interior (...). Verifiquei então a verdade da frase russa que 'os povos civilizados
são menos hospitaleiros do que os povos atrasados' "8
O colonizador-viajante critica as mulheres brasileiras. Estas não são, como as européias!,
discretas, reservadas. As mulheres brasileiras que aparecem nos primeiros relatos do
administrador colonial e nos diários de nossos viajantes são “grosseiras”, “mal-educadas”:
"Certos assuntos de conversa não seriam tolerados em uma sociedade como a Inglaterra. A
educação das mulheres é descuidada (...), as mulheres ..., em geral, não são reservadas."9
Ainda de nossas misturas, o comentário da inglesa Maria Graham, a preceptora da
princesa Maria da Glória, soa metafórico: "A rua pela qual entramos através do portão do
arsenal ocupa aqui a largura de toda a cidade baixa da Bahia, e é sem nenhuma exceção o
lugar mais sujo em que eu tenha estado. (...) Nos espaços que deixam livre, ao longo da parede,
estão vendedores de frutas, de salsichas, de chouriços, de peixe frito, de azeite e doces, negros
trançando chapéus ou tapetes, cadeiras ..., cães, porcos e aves domésticas, sem separação nem
distinção..."10
No século XIX, o francês Louis Agassiz oferece sua ciência racista: "Que qualquer um
que duvide dos males dessa mistura de raças, e se inclina, por mal-entendida filantropia, a botar
abaixo todas as barreiras que as separam, venha ao Brasil. Não poderá negar a deterioração
decorrente do amálgama de raças, mais geral aqui do que em qualquer outro país do mundo, e

6
Cf. Seidler, Carl. Dez anos..., op. cit., p. 73
7
CF. Ewbank, Thomas. Vida..., op. cit., p. 156
8
Cf. Freireyss, G.W., Viagem ao interior do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo, EdUSP, 1982, p. 50
9
Cf. Koster, Henry. Viagem..., op. cit., p. 191.
10
Cf. Graham, Maria. Diário de uma viagem ao Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EdUSP, 1990, p. 165
7

que vai apagando rapidamente as melhores qualidades do branco, do negro e do índio, deixando
um tipo indefinido, híbrido, deficiente em energia física e mental."11 Por sua vez, o intérprete
brasileiro, acreditando nas "fontes históricas" do passado, assim escreveu: "Ao contrário dos
Estados Unidos, colonizados por famílias que para a colônia inglesa da América já levava
instrumentos de trabalho, cultura, civilidade, sólidos princípios morais, o Brasil foi colonizado,
na expressão de Gonçalves Dias, pelo rebute de Portugal. Nossos colonos eram, na sua quase
totalidade, solteiros, indolentes e devassos. (...) Além de não trabalhar, nosso colono
amancebou-se, a princípio, com a índia e, mais tarde, com a negra, constituindo-se a família,
entre nós, sem base moral."12

3. O autor brasileiro repete o discurso colonizador

Iniciando a tradição propriamente brasileira de desconfiança e pessimismo quando se trata


de interpretar o país e nossa gente, Capistrano de Abreu lança o desânimo na interpretação das
mestiçagens. O colonizador português não pôde resistir ao meio e foi mais influenciado por este
do que exerceu influência. Tornou-se "moralmente um mestiço"13. Assim escreve: "A anarquia
sobreveio naturalmente, pela volatilização dos instintos sociais dos imigrados, e pela atração da
massa de selvajaria alastrando por todas as regiões acessíveis. As relações com as cunhãs, de
que logo nasceram filhos chamados mamelucos; a presença e ajuda em guerras de umas tribos
contra outras; a assistência aos festins antropófagos marcam o processo regressivo dos
colonos."14
Em Sérgio Buarque de Holanda – maior expoente da tradição teórica desapontada com as
nossas mestiçagens – o tom é o mesmo. Conforme o autor, entre os exemplos que se pode dar da
tendência às misturas na cultura brasileira, o da mistura de classes explicaria muitos de nossos

11
Cf. Agassiz, Louis. apud DaMatta, Roberto. O que faz..., op. cit., p. 40
12
Cf. Romero, Abelardo. Origem da imoralidade no Brasil. Rio de Janeiro, Conquista, 1967,p. 173

13
Cf. Abreu, Capistrano de. O descobrimento do Brasil. São Paulo, Martins Fontes, 1999, p.49
14
Cf. Abreu, Capistrano de. O descobrimemnto..., op. cit., p. 198.
8

hábitos propensos a criar intimidade entre estranhos. Como observa: "Compreende-se, assim, que
já fosse exíguo o sentimento de distância entre os dominadores, aqui, e a massa trabalhadora
constituída de homens de cor. (...) Com freqüência as suas relações com os donos oscilavam da
situação de dependentes para de protegido, e até de solidário a afim. Sua influência penetrava
sinuosamente o recesso doméstico, agindo como dissolvente de qualquer idéia de separação de
castas ou raças, de qualquer disciplina fundada em tal separação."15 Qual de nossos hábitos
revela essa dissolução de toda distinção de classe (e de raça?, como quer o autor!) no caráter
nacional?: "Nossa forma ordinária de convívio social é, no fundo, justamente o contrário da
polidez. (...) A manifestação normal do respeito em outros povos tem aqui sua réplica, em regra
geral, no desejo de estabelecer intimidade. (...) A terminação 'inho', aposto às palavras, serve
para nos familiarizar mais com as pessoas ou os objetos e, ao mesmo tempo, para lhes dar
relevo. (...) À mesma ordem de manifestações pertence certamente a tendência para a omissão do
nome de família no tratamento social. Em regra é o nome individual, de batismo, que prevalece.
Essa tendência, que entre os portugueses resulta de uma tradição com velhas raízes ... acentuou-
se estranhamente entre nós."16
Que se veja mais alguns exemplos do que o intérprete brasileiro disse do seu país e sua
gente, condenando nossas mestiçagens fundadoras. Na pena de Paulo Prado: "No contato da
sensualidade com o desregramento e a dissolução do conquistador europeu, surgiram nossas
primitivas populações mestiças. Terra de todos os vícios e de todos os crimes."17; ou na pena de
Sérgio B. Holanda que, descrevendo as "raízes" de nossos costumes, vê na cultura do colonizador
português a fonte de todos os nossos males: "A falta de coesão em nossa vida social não
representa, assim, um fenômeno moderno."18 Ou como diz ainda: "No fundo, o próprio princípio
de hierarquia nunca chegou a importar de modo cabal entre nós."19 Como o nosso autor explica
o fenômeno brasileiro?: a resposta está no tipo de cultura do colonizador português ("sua
incoercível tendência para o nivelamento das classes"20). Colonizador maldito!, transmitiu-nos

15
Cf. Holanda, Sérgio B. de. Raízes do Brasil, Rio de Janeiro, José Olympio, 1990, p. 24
16
Cf. Holanda, Sérgio B. de. Raízes..., op. cit., pp. 107, 108, 109
17
Cf. Prado, Paulo. Retrato do Brasil: ensaio sobre a tristeza brasileira. São Paulo, D.P.&C., 1928, p. 37
18
Cf. Holanda, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro, José Olympio, 1990, p. 5
19
Cf. Holanda, Sérgio Buarque de. Raízes...., op. cit., p. 6
20
Cf. Holanda, Sérgio Buarque de. Raízes...., op. cit., p. 8
9

uma herança que nos distanciou das “instituições dos povos do Norte”: esse será o lamento de
todo um conjunto de intérpretes brasileiros, sorte de efeito perverso da própria colonização, que
conduz o colonizado a pensar em qual teria sido o "melhor colonizador" para a nação.
Exprimindo seu elitismo e seus preconceitos, escreve Sérgio B. Holanda: "Um dos pesquisadores
mais notáveis da história antiga de Portugal salientou, com apoio em ampla documentação, que
a nobreza, por maior que fosse a sua preponderância em certo tempo, jamais logrou constituir
ali uma aristocracia fechada; a generalização dos mesmos nomes a pessoas das mais diversas
condições – observa – não é um fato novo na sociedade portuguesa; (...) A comida do povo –
declara ainda – não se distinguia muito da dos cavalheiros nobres, por isso que uns e outros
estavam em contínuas relações de intimidade; não só os nobres comiam com os populares, mais
ainda lhes entregavam a criação dos filhos."21 Ou como completa mais adiante: "a ausência
completa, ou praticamente completa, entre eles, de qualquer orgulho de raça. Ao menos do
orgulho obstinado e inimigo de compromissos, que caracteriza os povos do Norte. Essa
modalidade de caráter, que os aproxima das outras nações de estirpe latina e, mais do que delas,
dos muçulmanos da África, explica-se muito pelo fato de serem os portugueses, em parte, e já ao
tempo do descobrimento do Brasil, um povo de mestiços. (...) Neste caso o Brasil não foi teatro
de nenhuma grande novidade. A mistura com gente de cor tinha começado amplamente na
própria metrópole."22 Mesmo autores marxistas não escaparam de dizer coisas não menos
preconceituosas e racistas relativamente aos nossos costumes de mestiçagens. Note-se aqui o que
escreveu Caio Prado Júnior: "Em uma população assim constituída originariamente (...), o
primeiro traço que se espera, e que certamente não nos faltará, é esse da ausência de ordem
moral."23
Associando-os sempre aos nossos costumes de misturas, junções, quebra de hierarquias,
indistinções de “raça” e de “classe”, etc., os temas preferidos desses intérpretes são "a preguiça
do brasileiro", "a falta de ordem em nossa vida social", "nossa incapacidade de organização

21
Cf. Holanda, Sérgio Buarque de. Raízes...., op. cit., pp. 7,8
22
Cf. Holanda, Sérgio Buarque de. Raízes..., op. cit., p. 22
23
Cf. Prado Júnior, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo, Brasiliense, 1981, p. 341
10

sólida", "o gosto brasileiro pela improvisação", "nossa aptidão para a intimidade fácil". O homem
brasileiro que vemos sair das páginas desses intérpretes é um homem “débil”, “preguiçoso”,
“grosseiro”, “incapaz de urbanidade e civilidade”, “incapaz de separar a esfera pública da esfera
privada”. Homem irracional, dado aos vícios das paixões, um degenerado moral. Que se leia com
atenção as obras já citadas "Raízes do Brasil", de Sérgio B. de Holanda; "Retrato do Brasil", de
Paulo Prado24 e "Origem da imoralidade no Brasil", de Abelardo Romero25.
Todos conhecemos o quanto essas teses fizeram escola no Brasil. Ainda hoje se repete
todas essas coisas que se disse do país e sua gente. Inspiração de toda uma tradição teórica, como
vimos, essas são visões da sociedade brasileira e do brasileiro que os intelectuais não cessam de
retomar nas análises que fazem do país. Nossas mestiçagens são, por bom número desses
intelectuais, vistas como o fator que teria mergulhado a sociedade brasileira no dilema de
construção de suas instituições, dividida que estaria entre o modelo de uma sociedade "racional",
"moderna", "civilizada", "séria" e o modelo de nossas misturas "insensatas", "arcaicas",
"irracionais", "atrasadas", um dilema do qual a sociedade brasileira ainda não teria saído. Não é
raro ouvir brasileiros de todas as camadas sociais e níveis intelectuais pronunciarem ditos sobre o
país e o povo para acusar uma inferioridade ou uma incapacidade supostamente inatas. Daí as
tantas boutades no discurso dos intelectuais que não cansam de repetir "este não é um país
sério!". Modos de representar a sociedade brasileira que somente ajudam a perpetuar a baixa
auto-estima que nos legou o colonizador europeu (nas suas diversas versões: administrador,
missionário, viajante) com seu julgamento preconceituoso e racista do homem mestiço nacional e
de nossas mestiçagens. Não se pergunta ainda hoje se o Brasil é viável e se o povo do país é
capaz? E não tivemos nós uma previsão como a que fez Gobineau, o cônsul da França no Brasil
durante o governo do Imperador Pedro II (1831-1889)?: conforme decretou o cônsul, o Brasil
não chegaria a duzentos anos, desapareceria como povo por causa da mistura insensata das
raças.26
Mais recentemente, herdeiros dessa tradição teórica de interpretação do Brasil, Contardo
Calligaris e Jorge Forbes completam o retrato do homem brasileiro descrevendo-o como um
homem sem noção de limite, ignorante do sentido da Lei. A leitura de "Hello Brasil!: notas de um
24
Cf. Prado, Paulo. Retrato..., op. cit.
25
Cf. Romero, Abelardo. Origem da imoralidade no Brasil. Rio de Janeiro, Conquista, 1967
26
Cf. DaMatta, Roberto. O que faz..., op. cit., p. 39
11

psicanalista europeu viajando ao Brasil”, de Contardo Calligaris27 e a de "O homem cordial e a


psicanálise"28, posfácio de Jorge Forbes à edição francesa de "Raízes do Brasil" são
esclarecedoras a esse respeito. Como se fossem os viajantes do século XX, os autores,
lamentando-se de não sermos como os europeus (ou de ignorarmos a "pedagogia européia"29),
atestam a ausência entre nós da "função paterna": além de todos os outros males já assinalados,
sofreríamos também da patologia psíquica da não interdição do gozo ("uma função paterna
normalmente se mede pelo gozo que interdita"30). Para essa psicanálise colonialista, não teríamos
instaurada entre nós a função simbólica do "nome do Pai", a função paterna, pois o colonizador
português não teria sido capaz de realizar essa função. Nosso colonizador “desiste como pai”31,
ele foi uma “caricatura de pai”32. Assim, não sabendo o que é a "interdição", a "castração", a
"Lei", qual é o diagnóstico do brasileiro nesse divã internacional das nações?: seu gozo é "sem
impedimentos", o que "faz do cinismo o modo dominante da relação brasileira com toda
instância simbólica."33 Extensões dessa curiosa análise, atesta-se: "a vida política do país é uma
mombaçada atrás da outra, por necessidade."34 Obra de colonizadores sem orgulho de suas
“fundações”, sem orgulho de seus nomes de família – no Brasil, “o nome, individual e não
herdado, parece contar mais que o sobrenome que é familiar e sempre transmitido. (...) no
costume europeu, além da prevalência do sobrenome, o nome mesmo – embora individual –
parece se justificar na sua referência a uma articulação simbólica: litúrgica, familiar,
histórica”35 –, o homem brasileiro, sem ancestrais a cultuar, é um fracasso, mero efeito do
“fracasso da fundação brasileira.36 Aqui, poderíamos dizer, esse lacanismo torto, empenhado em
condenar o Brasil e os brasileiros (e, por conseguinte, nossas instituições e práticas fundadas nas

27
Cf. Calligaris, Contardo. Hello Brasil! – notas de um psicanalista europeu viajando ao Brasil. São Paulo, Escuta,
1996
28
Cf. Forbes, Jorge. "L'homme cordial et la psychanalyse", in Holanda, Sérgio Buarque de. Racines du Brésil. Paris,
Gallimard, 1998
29
Cf. Calligaris, Cotardo. Hello...op. cit., p. 47
30
Cf. Calligaris, Contardo. Hello..., op. cit., p. 61
31
Cf. Calligaris, Contardo. Hello..., op. cit., p. 48
32
Cf. Calligaris, Contardo. Hello..., op. cit., p.97
33
Cf. Calligaris, Contardo. Hello..., op. cit., p. 61
34
Cf. Calligaris, Contardo. Hello..., op. cit., p. 62
35
Cf. Calligaris, Contardo. Hello..., op. cit., pp. 89, 90
36
Cf. Calligaris, Contardo. Hello..., op. cit., pp. 100 e sgs.
12

mestiçagens), tão somente prossegue a tradição de uma psicologia racista de outrora como a que
se encontra em Nina Rodrigues37 e Oliveira Viana38. Veja-se o que este último escreveu ao tratar
do homem mestiço brasileiro, caracterizando-o como uma criatura psicologicamente dividida na
indefinição por não ser nem branco, nem índio, nem negro: “Daí a sua psicologia estranha e
paradoxal. Essa humilhação social, a que o meio submete, fere-o. Debaixo dessa ofensa
constante, a sua irritabilidade se aviva, a sua sensibilidade se apura; crescem-lhe por igual a
prevenção, a desconfiança, a animosidade, o rancor. Fica, a princípio, irritável, melindroso,
susceptível. Torna-se, depois, arrogante, atrevido, insolente. Acaba agressivo, sarcástico,
truculento, rebelde.”39
É a essa relação com as mestiçagens que chamei de mal-estar identitário de nossas elites
intelectuais, políticas e econômicas, uma vez que se trata de desconforto com a própria cultura a
qual pertencem. Mal-estar que estas mesmas elites tentam transmitir ao conjunto social brasileiro
inteiro e que deu origem, no Brasil, às representações depreciativas do mestiço e das práticas de
mestiçagens. Representações que aparecem sob diversas formas e cujo sentido final é a
reprovação das nossas mestiçagens cotidianas – estas que nos distinguem como povo, como
cultura.
Certo é que toda uma corrente teórica de interpretação da cultura brasileira não faz outra
coisa senão repetir aquilo que o discurso colonizador diz do Brasil e do homem brasileiro.
Continuando a fazer escola na historiografia brasileira de hoje – que se veja trabalhos recentes
como o do historiador Emanuel Araújo, "O teatro dos vícios"40 –, bom número de autores
brasileiros aceita e repete a descrição etnocêntrica e eurocêntrica dos estrangeiros que aqui
estiveram como administrador colonial, sacerdote, militar ou viajante. As representações
preconceituosas, elitistas e racistas do europeu-colonizador são aceitas, sem críticas, como fontes
para a pesquisa histórica e sociológica.

37
Rodrigues, Raimundo Nina. As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil. Salvador, Livraria Progresso
Editora, 1957.
38
Viana, Oliveira. Populações meridionais do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp; Niterói: EdUFF,
1987
39
Viana, Oliveira. Populações..., op. cit., p. 42
40
Cf. Araújo, Emanuel. Teatro dos vícios: transgressão e transigência na sociedade urbana colonial. Rio de Janeiro,
José Olympio, 1983
13

O problema que se põe para essa tradição teórica é que, embora se apresente como
projeto intelectual de crítica de nosso passado colonial e escravista, ela termina por se associar à
mentalidade colonialista. Ao que parece, sem se colocar a questão do olhar pelo qual se observa a
realidade, essa tradição teórica de interpretação da cultura brasileira transmitiu ao mundo das
idéias sua parte de incredulidade e pessimismo vis-à-vis nossa cultura de mestiçagens. Com
efeito, tal fato releva de uma impossibilidade histórica, uma vez que essa mesma tradição – que
se trate de pontos de vistas conservadores ou com propósito críticos, como é o caso dos
marxistas –, sempre observou a sociedade brasileira a partir dos paradigmas do etnocentrismo
europeu, paradigmas incapazes de compreender o homem mestiço e as mestiçagens que nos
constituem como nação.

4. Nossas mestiçagens fundadoras

Da ordem do estrutural, de natureza histórica e antropológica, confundindo-se com o


conjunto social inteiro e atravessando a sociedade de uma ponta a outra, as mestiçagens
brasileiras não podem ser tratadas como "anomalias", "excrescências", "vícios". Na sociedade
brasileira, as mestiçagens são, como já assinalamos, um elemento estruturante da cultura, uma
armadura antropológica das instituições e das relações sociais. São práticas que concernem a
todos na sociedade, independente de regiões, classes sociais, níveis intelectuais, convicções
políticas, etc. Somos todos praticantes de mestiçagens, seja de um modo ou de outro, e que se
tenha maior ou menor consciência disso. Somos todos mestiços, que se queira ou não.
As mestiçagens brasileiras não são uma mentira. Nem a idéia de uma cultura mestiça
pode ser vista como funcionamento de uma ideologia do branqueamento da população negra ou
indígena do país, ou ideologia conciliatória dos conflitos inter-étnicos ou de classe, como crêem
alguns.41 A denúncia do racismo e das desigualdades sociais existentes no Brasil não pode ser

41
Cf. Munanga, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil. Petrópolis, Vozes, 1999 Para este autor, a idéia de
mestiçagem é uma maneira que a sociedade brasileira encontraria de "mitigar o racismo" contra negros, seria uma
idéia chave no projeto de branqueamento da população brasileira. Analisando a produção discursiva da elite
intelectual brasileira e acreditando tratar-se de um projeto da elite nacional, afirma: "A mestiçagem era para ela uma
ponte para o destino final: o branqueamento do povo brasileiro." (op. cit., p. 112) Ora, aqui, demonstramos tratar-se
justamente do contrário. As elites brasileiras nunca aceitaram as mestiçagens que caracterizam a cultura brasileira e o
povo brasileiro. A "ideologia do branqueamento" (conservando aqui uma expressão do próprio autor) é sem
14

praticada ao preço de desmentir a verdade das mestiçagens na vida brasileira. A prática de


mestiçagens entre nós, e por todos nós, não é uma realidade do passado, nem a admissão da
existência destas, como estruturantes da vida social brasileira, pode ser entendida como uma
estratégia das classes dominantes com vistas a dissimular sua dominação (bem ao contrário!,
nossas classes dominantes sempre condenaram às mestiçagens ao lugar do que é "popular",
"grosseiro", "bárbaro", "primitivo", "perigoso", "amoral", etc.).
As mestiçagens correspondem a práticas que nunca mais deixaram a sociedade brasileira.
Se são, sem dúvida, herança de nosso passado escravista, não são por isso menos permanentes e
presentes como constitutivas da maneira de ser do corpo social brasileiro inteiro. Se, para alguns,
essa herança é motivo de vergonha e, para outros, uma razão de pessimismo, parece mais
acertado hoje entender que se trata de uma estrutura antropológica de fundo e mesmo um
verdadeiro estilo de sociabilidade e vida coletiva. Se não se torna possível teoricamente dizer que
a vida brasileira seria impossível sem as mestiçagens que nos singularizam, ao menos podemos
dizer que ela se torna incompreensível se não levarmos nossas mestiçagens em conta. Mesmo
talvez tenha chegado a hora de dizer que, na sociedade brasileira, nada construiremos sem nossas
mestiçagens como base. Assuntos que tanto preocupam nossas elites políticas e intelectuais, a
construção da democracia e a construção da chamada “esfera pública” no Brasil não podem ser
realizadas ignorando-se nossas práticas de mestiçagens e contra elas, como tem sido o caso até
aqui, visto o fantasma identitário das elites do país. Estas que também acreditam ter a missão de
retificar os costumes de mestiçagem que manteriam o povo brasileiro no atraso e na ignorância,
afastado dos padrões da civilização. A política fornece seus exemplos: “A intenção do governo
Fernando Henrique Cardoso é a de remodelar e refiticar o país, aprofundando a ocidentalização

modalizações: somente o branco é aceito: indígenas, negros e mestiços – de todas as nuanças – são discriminados,
assim como são discriminados nossos hábitos de mestiçagens. Nesse sentido, a luta de indígenas e negros contra o
racismo encontra no espírito cultural das mestiçagens um aliado de mais forte fundo antroprológico e não um
obstáculo ideológico.
15

de nossa formação social através de sua aproximação das experiências de vida e padrões
vigentes nos países mais desenvolvidos”.42
Assim, o tema de uma arqueologia de representações depreciativas das mestiçagens e do
mestiço, como aparecem no imaginário brasileiro, leva-nos ao problema do olhar que sempre se
dirigiu à sociedade brasileira e também à questão teórica da reformulação desse olhar nas
interpretações da nossa realidade pelas ciências sociais, notadamente aquelas praticadas pelos
intelectuais universitários.
Diferentemente, estamos aqui propondo uma interpretação para o fenômeno das
mestiçagens brasileiras numa perspectiva que procura compreender essas mestiçagens como
tendência inconsciente e coletiva que regula e anima nossa socialidade de base, nossos modos de
pensar e agir, sem as idéias de que sejam essas práticas a causa de nossos chamamos males – e
mesmo devemos nos perguntar da existência destes como particularidades brasileiras.

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42
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16

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(Inédito)

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