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Estrutura Metálica - Manual de Construção em Aço - Transporte e Montagem
Estrutura Metálica - Manual de Construção em Aço - Transporte e Montagem
MONTAGEM
Série “Manual de Construção em Aço”
• Galpões para usos gerais
• Ligações em estruturas metálicas
• Edifícios de pequeno porte estruturados em aço
• Alvenarias
• Painéis de vedação
• Resistência ao fogo das estruturas de aço
• Tratamento de superfície e pintura
• Transporte e montagem
MAURO OTTOBONI PINHO
TRANSPORTE E
MONTAGEM
RIO DE JANEIRO
2005
© 2005 INSTITUTO BRASILEIRO DE SIDERURGIA/CENTRO BRASILEIRO DA CONSTRUÇÃO EM AÇO
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por quaisquer meio, sem a prévia autorização desta Enti-
dade.
Bibliografia
ISBN 85-89819-08-6
CDU 624.014.2:656.025.4(035)
Capítulo 2
Transporte de estruturas 25
2.1 Introdução 26
2.2 Planejamento de transporte 26
2.3 Transporte rodoviário 27
2.3.1 Tipos de veículos 28
2.3.2 Pesos e dimensões máximas 29
2.3.3 Cargas indivisíveis 30
2.4 Transporte ferroviário 32
2.4.1 Plataforma de piso metálico 32
2.4.2 Gôndola com bordas tombantes 32
2.5 Transporte marítimo 33
2.6 Transporte fluvial 34
2.7 Transporte aéreo 35
Capítulo 3
Equipamentos de montagem 37
3.1 Introdução 38
3.2 Equipamentos de içamento vertical 38
3.3 Equipamentos de transporte horizontal 44
3.4 Equipamentos auxiliares 44
Capítulo 4
Técnicas de içamento 47
4.1 Introdução 48
4.2 Cálculo da carga 48
4.3 Cálculo do centro de gravidade 48
4.4 Acessórios de içamento 49
4.5 Composição de forças 52
4.6 Roldanas e redução de cargas 54
4.7 Considerações sobre içamento de peças 55
Capítulo 5
Ligações soldadas e parafusadas 59
5.1 Generalidades 60
5.2 Ligações Soldadas 61
5.2.1 Introdução 61
5.2.2 Processos de soldagem 62
5.2.3 Máquinas de solda 65
5.2.4 Características das ligações soldadas 67
5.2.5 Controle e garantia da qualidade 68
5.2.6 Ensaios não destrutivos 69
5.3 Ligações parafusadas 72
5.3.1 Generalidades 72
5.3.2 Tipos de parafusos 73
5.3.3 Modalidades de ligações 73
5.3.4 Controle de torque 74
5.3.5 Métodos de protensão dos parafusos de alta resistência 76
5.4 Corte à maçarico 78
5.4.1 Generalidades 78
5.4.2 O aparelho de maçarico 78
Capítulo 6
Montagem de edifícios e galpões 81
6.1 Introdução 82
6.2 Tipos de edifícios 82
6.3 Montagem de edifícios de múltiplos andares 82
6.3.1 Verificação das fundações 83
6.3.2 Alinhamento 83
6.3.3 Nivelamento 84
6.3.4 Esquadro 84
6.3.5 Prumo 84
6.3.6 Montagem 85
6.3.7 Plano de “rigging” 87
6.4 Montagem de galpões 89
6.5 Medidas e tolerâncias 92
Capítulo 7
Montagem de pontes, viadutos e passarelas 95
7.1 Introdução 96
7.2 Classificação quanto ao tipo de estrutura suporte 96
7.2.1 Pontes com longarinas de perfis de alma cheia 96
7.2.2 Pontes aporticadas com longarinas de perfis de alma cheia 96
7.2.3 Pontes com longarinas tipo caixão 96
7.2.4 Pontes com longarinas treliçadas 97
7.2.5 Pontes em arco 97
7.2.6 Pontes estaiadas 97
7.2.7 Pontes pênseis 98
7.3 Classificação quanto ao tipo de tabuleiro 98
7.3.1 Pontes com tabuleiro em concreto armado 98
7.3.2 Pontes com tabuleiro em concreto protendido 98
7.3.3 Pontes com tabuleiro em placa ortotrópica 99
7.3.4 Pontes com tabuleiro em madeira 99
7.4 Classificação quanto a posição relativa do tabuleiro 99
7.4.1 Pontes com tabuleiro superior 99
7.4.2 Pontes com tabuleiro intermediário 99
7.4.3 Pontes com tabuleiro inferior 99
7.5 Montagem de pontes 99
7.6 Processos de montagem de pontes 100
7.6.1 Montagem pelo solo 100
7.6.2 Montagem por balsa 100
7.6.3 Montagem de pontes por lançamento 101
7.6.4 Montagem por balanços sucessivos 108
7.7 Equipamentos utilizados na montagem de pontes 109
7.7.1 Introdução 109
7.7.2 “Derricks” 110
7.7.3 “Travellers” 110
7.7.4 Treliça lançadeira 111
7.7.5 Guinchos 111
7.7.6 Macacos trepadores 111
7.8 Montagem de passarelas 111
7.8.1 Generalidades 111
7.8.2 Recomendações 112
Capítulo 8
Outros tipos de estrutura 113
8.1 Introdução 114
8.2 Montagem de torres 114
8.3 Montagem de tanques e reservatórios 116
8.4 Montagem de esferas 118
8.5 Montagem de chaminés e vasos de pressão 118
8.6 Montagem de estruturas espaciais 119
Capítulo 9
Planejamento e orçamento de montagem 121
9.1 Introdução 122
9.2 Definição do processo de montagem 123
9.3 Planejamento de montagem 124
9.4 Recursos 126
9.5 Cronogramas 128
9.6 Orçamento 128
9.7 Cálculo do preço de venda e proposta 132
9.8 Contrato 134
Anexos 141
Apresentação
Na construção em aço cada peça possui seu lugar específico na estrutura e desempenha um
papel na constituição da obra. O ato de se unirem as peças no canteiro de obras para formar
o conjunto da estrutura chama-se montagem. Porém, antes disso é necessário transportar a
estrutura do local onde foi produzida até o canteiro de obras, onde será montada. Este manual
abordará estas duas fases na produção das estruturas em aço: o transporte e a montagem.
O setor siderúrgico, através do Centro Brasileiro da Construção em Aço - CBCA, tem a satisfa-
ção de tornar disponível para o universo de profissionais envolvidos com o emprego do aço na
construção civil, este manual, o oitavo de uma série relacionada à construção em aço.
Centro dinâmico de serviços, com foco exclusivamente técnico e capacitado para conduzir uma
política de promoção do uso do aço na construção, o CBCA está seguro de que este manual
enquadra-se no objetivo de contribuir para a difusão de competência técnica e empresarial no
País.
Capítulo 1
Introdução
Introdução
16
em uma escolha final, que pode ser uma mes- chamado marca de detalhe.
cla de duas ou mais hipóteses analisadas.
Alguns elementos podem constar em lis-
O arquiteto, ao projetar uma edificação tas separadas, como os parafusos, telhas e
objetivando a adoção da estrutura de aço, re- acessórios que normalmente não constam no
presenta o aspecto desejado para estrutura, peso da obra. Eventualmente, a área da super-
ainda que sem preocupação com o dimensio- fície a ser pintada também será fornecida nos
namento das peças. Este tipo de projeto de ar- desenhos.
quitetura trata-se de um projeto básico.
d) Diagramas de montagem
b) Projeto estrutural Projetos apresentados na forma de dese-
Este item inclui toda a análise estrutural nhos, que em tudo lembram o projeto estru-
com o dimensionamento de todos os elemen- tural, mas diferem destes por não mostrarem
tos, geração das cargas nas fundações e a necessariamente os materiais utilizados. O ob-
definição geométrica dos eixos, dimensões e jetivo destes desenhos é mostrar a localização
níveis da estrutura, a partir do projeto arquite- das peças na estrutura para orientação dos
tônico. Para obter estes elementos, o calculis- serviços de montagem, assinalando as marcas
ta fará o cálculo estrutural no qual levará em de detalhe de cada peça.
conta todos os esforços que serão aplicados à
estrutura, suas combinações possíveis e dará 1.2.3 Fabricação
aos seus elementos as dimensões necessárias Antes de iniciar a fabricação, o fornece-
para oferecer a resistência adequada. dor das estruturas deve providenciar a maté-
ria-prima e os consumíveis de aplicação direta
Além disso, também devem constar do a partir das listas de materiais. Os materiais
projeto o tipo de ligação a ser adotado entre estruturais como chapas e perfis poderão ser
as peças, os perfis e outros materiais, o aço a adquiridos pelo próprio fabricante ou mesmo
ser adotado, a classe dos parafusos e eletro- pelo cliente. Neste caso, este solicitará aos
dos de solda e os ensaios necessários para a fornecedores que entreguem os materiais na
garantia da qualidade da execução. fábrica da empresa responsável pela fabrica-
ção.
Os documentos resultantes do projeto es-
trutural são as listas de materiais, as memórias Pode ocorrer que o fabricante não rece-
de cálculo e os desenhos de projeto. ba os desenhos de detalhamento. Um projeto
estrutural mais detalhado pode dispensar a ne-
c) Projeto detalhado cessidade do detalhamento. Caberá ao fabri-
Também chamado de projeto de fabrica- cante analisar o nível de informações contidas
ção ou desenhos de detalhe, mostram o deta- no projeto e contratar o detalhamento caso jul-
lhamento do projeto estrutural, visando dotar a gue necessário.
fábrica de todas as informações para proceder
a fabricação da estrutura. São desenhos de Listas de materiais elaboradas a partir
cada peça constituinte da estrutura, o dimen- dos desenhos de detalhe são mais exatas que
sionamento das ligações entre elas, os mate- aquelas feitas somente a partir do projeto es-
riais básicos utilizados e as listas de materiais trutural. No momento do aprovisionamento dos
com os pesos. Nestes projetos todas as peças materiais para fabricação, será utilizada a últi-
e partes de peças individuais são detalhadas a ma lista disponível. Caso esta seja uma lista
partir dos materiais encontrados no mercado. imprecisa, isto poderá acarretar falta de deter-
Cada peça e parte de peça receberá um nome minados materiais ou sobra de outros durante
17
Introdução
18
será tratada mais detalhadamente no Capítulo arco, shed, uma água, duas águas, etc. As co-
3 e seguintes. lunas e vigas de pórtico podem ser em perfis
de alma cheia, treliçados, ou ainda uma combi-
1.3 Tipos de estruturas nação entre estes. Os outros elementos, como
terças, tirantes, vigas de tapamento, contra-
a) Estruturas de edifícios múltiplos an- ventamentos, etc. são formados por perfis le-
dares - Este tipo de estrutura é característi- ves laminados ou dobrados. A exemplo do tipo
co de edifícios de múltiplos andares como os anterior, a montagem de galpões será detalha-
destinados a apartamentos, a escritórios ou da no Capítulo 6.
salas comerciais. Também são exemplos al-
guns edifícios industriais constituídos de diver-
sos níveis, nos quais se apoiarão utilidades,
equipamentos de produção e plataformas de
manutenção. A constituição típica destas es-
truturas é aquela formada por colunas verticais
e vigas horizontais, contidas por estruturas de
contraventamento, que promovem a estabilida-
de lateral do conjunto. É essencialmente uma
estrutura verticalizada constituída de perfis de
alma cheia.
21
Introdução
22
As obras serão exitosas na medida em
que possuírem características de durabilida-
de, segurança, estéticas e de utilização per-
cebidas pelos usuários de forma a atender os
objetivos para os quais foram concebidas. O
trabalho dos profissionais envolvidos com a
concepção e a construção da estrutura será
percebido pelo usuário leigo à partir de seus
resultados palpáveis: uma obra durável, segu-
ra, bonita e útil. Porém, para os profissionais o
sucesso da obra não se limitará à percepção
da boa receptividade por parte da sociedade.
Para os protagonistas o sucesso dependerá
também dos resultados técnicos relacionados
com os desafios vencidos, o desempenho das
equipes envolvidas dentro dos prazos previs-
tos, o resultado econômico obtido no empre-
endimento e a satisfação de ter participado de
uma obra reconhecida como excelente pelos
seus pares.
23
Capítulo 2
Transporte de Estruturas
25
Transporte de Estruturas
26
limitações dimensionais e de peso. Portanto, o canteiro de obras não possa receber maior
pode-se enumerar o aspectos mais relevantes quantidade de peças e a fábrica não consiga
para o planejamento e execução do transporte armazenar as excedentes, deverá ser criado
das peças da estrutura: um pátio intermediário de estocagem no traje-
to. É conveniente que este entreposto fique o
1.Escolha da modalidade de transporte mais próximo possível do local da obra, para
mais adequada para vencer a distância entre a que o próprio pessoal do canteiro execute as
fábrica e a obra. Para esta escolha devem ser operações de transbordo, otimizando a utiliza-
analisadas a disponibilidade de meios e vias ção de equipamentos e veículos de transpor-
de transporte no trajeto. te.
27
Transporte de Estruturas
28
• Lotação (L) : peso útil máximo permiti-
do para o veículo; é a sua capacidade de
carga;
30
uma determinada peça não pode ser subdivi- tipo de cargas, o DNER em sua resolução n.º
dida ou é formada por vários elementos que 2264/81 de 07.12.81 determinou os seguintes
não podem ser separados, constitui uma carga limites máximos de peso por eixo ou conjunto
indivisível. Para regulamentar o trânsito deste de eixos:
31
Transporte de Estruturas
Segundo a ANTT (Agência Nacional de Estes vagões são formados por uma
Transportes Terrestres), a malha ferroviária plataforma plana horizontal dotada de barras
brasileira atinge 29.706 km de extensão, o verticais espaçadas em toda a volta (fueiros).
que representa menos de 10% da malha nor- Principais características:
te-americana, cujo território é equivalente ao • Tara – 16t
brasileiro. Ou ainda, é igual a malha japone- • Lotação Nominal – 64t
sa cuja extensão territorial é 22 vezes menor • Largura Útil– 2,497m
que o Brasil (Guia Log). No final da década • Comprimento Útil – 13,850m
de 1950, a malha ferroviária do Brasil atingia • Altura do piso ao trilho – 0,951m
38.000 km (ANTF). Mesmo assim, o sistema • Altura Útil sobre a plataforma
ferroviário brasileiro responde por 21% do to- – 1,300m.
tal da carga transportada no país, representa o
maior sistema da América Latina e o sétimo do
mundo em volume de carga (ANTT).
Figura 2.9 – Vagão Plataforma
A matéria prima das estruturas, as cha-
pas e perfis de aço, são transportados em 2.4.2 Gôndola com bordas
grande parte por ferrovias a partir das usinas tombantes
siderúrgicas. Entretanto, isso não significa ne-
cessariamente que esta modalidade será a Estes vagões são formados por um piso
mais adequada para o transporte das estru- plano cercado de laterais móveis. Principais
turas produzidas a partir daqueles materiais. características:
Uma característica do transporte ferroviário é • Tara – 14,2t
a formação das composições, ou seja, o car- • Lotação Nominal – 49,8t
regamento dos diferentes vagões em conjunto • Largura Útil– 2,40m
com uma ou mais locomotivas. O tempo des- • Comprimento Útil – 12,00m
pendido nesta operação pode variar bastante • Altura do piso ao trilho – 0,996m
e atrasar o transporte das peças. • Altura Útil da caçamba – 0,804m.
33
Transporte de Estruturas
proporcionalmente maiores, pelas dificuldades peças são firmemente amarradas umas as ou-
que representa. Outro aspecto a ser conside- tras, formando uma unidade solidária, onde a
rado na adoção do transporte marítimo são as resistência do conjunto protege cada elemento
avarias passíveis de ocorrer nas peças mais que o constitui.
delicadas, principalmente arranhões na pintura
e empenamentos. 2.6 Transporte fluvial
34
dendo do acesso ao oceano, do calado permi- treposto de pré-montagem em um ponto es-
tido no trajeto e nos portos de destino. Outra tratégico, o mais próximo possível dos locais
característica do transporte por hidrovia é a de montagem de algumas torres. As torres ou
baixa velocidade, associada entretanto, com partes de torres serão içadas no entreposto,
elevada capacidade de carga (1.500 toneladas transportadas até o ponto onde estão suas
em algumas barcaças) por um baixo custo. fundações e então montadas pelo próprio heli-
cóptero especial de alta capacidade.
Algumas hidrovias dependem do volume
de água da estação das chuvas para se torna-
rem navegáveis, o que não permite o transpor-
te em qualquer época do ano.
35
Capítulo 3
Equipamentos de Montagem
37
Equipamentos de Montagem
Estão entre os principais equipamentos Grua Fixa - Este é o tipo mais comum de
de qualquer obra de montagem. Sua utilização grua, onde a lança gira sobre a torre que é fi-
permite que as peças sejam deslocadas verti- xada no solo sobre um bloco de fundação de
calmente, atingindo sua posição na estrutura. concreto dotado de chumbadores para anco-
Entretanto, exigem cuidados em sua operação, ragem. Dependendo da altura, a grua poderá
pois erros podem levar ao colapso da estrutu- operar livre, sem travamentos laterais. A par-
ra, ou mesmo a morte de operários. tir de uma determinada altura, a torre neces-
sitará de travamentos laterais em pontos que
Os dois tipos mais comuns de equipa- garantam a sua estabilidade. Este travamento
mentos de içamento vertical são as gruas e os pode ser feito na própria estrutura do edifício
guindastes. As gruas se caracterizam por pos- ou por meio de estais de cabos de aço ligados
suírem uma torre vertical na qual se apóia uma ao solo. A torre pode ser formada de diversos
lança horizontal. Os guindastes mais comuns estágios, que são instalados à medida das ne-
são formados por um veículo de deslocamento cessidades da montagem, variando sua altura
sobre o solo, do qual parte uma lança que se (ver figura 3.1).
projeta para cima formando variados ângulos
com a horizontal. São apresentadas abaixo as A lança é dividida em duas partes opos-
principais variantes destes dois tipos de equi- tas, com a cabina do operador no centro. Na
pamentos: porção mais longa da lança é instalado um tro-
le, que desliza ao longo de seu comprimento. O
gancho de levantamento das cargas está sus-
penso pelo trole por duas ou mais pernas de
cabo de aço. Outro conjunto de cabos de aço é
responsável pela translação do trole ao longo
da lança. A outra parte da lança é mais curta
onde fica o contrapeso e o guincho. Este con-
trapeso está instalado diametralmente oposto
à carga em relação à torre para proporcionar
Figura 3.1 – Grua de torre
equilíbrio ao conjunto.
38
As capacidades das gruas são forneci- Grua automontante - Esta grua tem a
das pelos fabricantes em momento máximo base da sua torre instalada sobre um chassis
de tombamento, que é o produto do raio pelo dotado de pneus ou patolas. A torre é formada
valor carga, expresso em t x m, ou fornecendo por estágios telescópicos ou treliçados dobrá-
a carga máxima na ponta da lança em cada veis, que acionados pelo guincho passam a ter
comprimento de lança. As gruas possuem o comprimento final. A lança, da mesma forma,
grande versatilidade pois operam em um raio é formada por dois estágios articulados entre si
de 360º. (telescópicos em alguns modelos) que quando
desdobrados, resultam no comprimento final.
Grua Ascensional - A grua é montada As gruas de menor capacidade são montadas
dentro do edifício. Sua torre de pequeno com- por acionamento remoto. A base da torre gira
primento é apoiada em alguns pontos dos úl- sobre o chassis, permitindo a operação em
timos pavimentos montados. À medida que 360°. A lança não gira em relação à torre, e o
o edifício progride na vertical, a grua é içada contrapeso fica localizado na base.
mais um pavimento por um mecanismo teles-
cópico que envolve a torre. Grua sobre pórtico - A base da torre é fi-
xada sobre um pórtico duplo, que desliza so-
Grua de lança móvel (Luffing) - A lança bre trilhos, normalmente utilizada em portos ou
parte da mesa giratória e assemelha-se a de grandes pátios de manipulação de cargas.
um guindaste treliçado. Não há trole, pois a
carga pende da ponta da lança, que varia de Grua sobre caminhão - É montada sobre
inclinação. chassis de caminhão, possuindo também o
giro da base da torre sobre o mesmo.
39
Equipamentos de Montagem
40
guindaste sobre o solo. O primeiro do centro
de gravidade do contrapeso, e o segundo do
centro de gravidade da carga.
42
peso de todos os acessórios de içamen- de cada equipamento. Entretanto, tais valores
to como moitão, cabos de aço, ganchos, são admitidos em condições ideais de opera-
manilhas, etc. ; ção, sem a ocorrência de forças laterais ou im-
c) Escolher a melhor posição para o guin- pactos. Existem diversas situações que podem
daste levando-se em conta as condições influir na estabilidade e, conseqüentemente, na
de acesso, o menor raio possível nas po- capacidade de um guindaste. Estas situações
sições inicial e final da peça; podem ocorrer por imperícia da operação ou
por forças externas, como por exemplo:
d) Anotar os valores do maior raio no tra-
jeto, carga bruta e da altura de montagem a) Solo incapaz de resistir o peso do equi-
considerando os acessórios; pamento nos pontos de aplicação das pa-
tolas e pneus. Para se promover um alí-
e) Levar estes parâmetros para diversas vio desta pressão, colocam-se peças de
tabelas de guindastes e escolher aquele madeira sob as patolas para aumento da
que atende com uma folga de pelo me- superfície de contato com o solo;
nos 20%. O coeficiente de segurança do
equipamento não deve ser levado em b) solo desnivelado aumentando o raio
conta nesta margem; de operação e causando forças laterais;
44
b) Máquinas de torque – utilizadas para
promover o aperto e o torque adequado
aos parafusos estruturais.
c) Agulheiros - Utilizada para remover es-
córias de juntas soldadas;
Ferramentas Elétricas:
a) Esmerilhadeiras – Utilizadas para pro-
Figura 3.9 – Compressor de ar a diesel mover o acabamento de rebarbas e ares-
Ferramentas de Montagem tas em peças;
b) Furadeiras manuais – utilizadas para
Serão utilizadas principalmente na exe- furação de chapas finas (telhas, rufos,
cução das ligações da estrutura, na fixação decks);
de elementos de vedação e outros serviços c) Parafusadeiras manuais – Emprega-
auxiliares nos canteiros de obra. Existem fer- das na fixação de parafusos autobrocan-
ramentas manuais, pneumáticas ou ainda as tes, auto perfurantes em elementos de
movidas por motores elétricos. vedação;
Ferramentas Manuais: d) Furadeiras de base magnética – utili-
zadas para furação de peças;
a) Chaves de boca, de estria ou combi-
nadas- utilizadas para pré-aperto de pa- e) Marteletes – utilizados para furação de
rafusos; concreto para introdução de chumbado-
res de expansão;
b) Espinas - Utilizadas para fazer coinci-
dir por impacto os furos de duas peças a f) Máquinas de torque (chave de impacto)
serem parafusadas; – utilizadas para promover o aperto e o
torque adequado aos parafusos estrutu-
c) Nível de precisão– utilizado para auxi- rais.
liar o nivelamento de bases e vigas;
d) Prumo – Utilizado para auxiliar no apru-
mamento de colunas;
e) Nível e teodolito – utilizados para de-
terminar o nivelamento, prumo, alinha-
mento e dimensões;
f)Talha de alavanca – Utilizada para apro-
ximar duas peças.
g) Talha de cabo de aço (“tirfor”) – Utiliza-
da para içamentos, aproximação de pe-
ças, estaiamentos e contraventamentos
provisórios.
Ferramentas Pneumáticas:
a) Esmerilhadeiras – Utilizadas para pro-
mover o acabamento de rebarbas e ares-
Figura 3.10 – Furadeira de base magnética
tas em peças.
45
Capítulo 4
Técnicas de Içamento
47
Técnicas de içamento
48
Todo içamento deve ser o mais estável 4.4 Acessórios de içamento
possível, ou seja, antes que a peça descole do
solo até a sua posição final na estrutura, de- Para o içamento de peças são necessá-
vem ser evitados choques e movimentos brus- rios diversos acessórios. A operação de mon-
cos, tanto laterais quanto verticalmente. Isto tagem se apresenta como o ato de dependurar
quer dizer que o sistema guindaste-peça deve peças no gancho do equipamento por meio de
ser estático o quanto possível, preservando a elementos esbeltos dotados de grande resis-
segurança da operação. tência à tração como cabos de aço, correntes
e cintas.
O modo mais fácil de se determinar à po- Para que a peça seja levantada do solo
sição do centro de gravidade das peças é es- é necessário que se fixe firmemente o cabo
colhendo a figura geométrica a qual elas mais de aço ou outro acessório tanto ao gancho do
se assemelham. Por exemplo, uma tesoura de equipamento quanto na peça. A seguir, o guin-
cobertura se assemelha a um triângulo isósce- daste irá levantar o gancho, que tracionará o
le. Sabe-se que o CG do triângulo se encontra cabo, e este içará a peça do solo.
no seu eixo de simetria a um terço da altura.
Caso as peças que compõem a tesoura sejam Feito o cálculo do peso da peça a ser
de mesma ordem de grandeza, ou seja, a cor- içada, deve-se determinar os acessórios ne-
da inferior compatível com a superior, e as dia- cessários, e calcular seu peso. Pode-se dividir
gonais e montantes iguais nas duas metades, estes acessórios em três tipos:
pode-se afirmar com razoável aproximação
que o CG está no seu eixo de simetria a um • Acessórios de içamento (rigging)
terço da altura. • Acessórios do equipamento
• Estruturas auxiliares de içamento
Por outro lado, a peça poderá ser compos-
ta por mais de uma figura geométrica conheci- Estes três itens, se presentes, devem ser
da. Neste caso, deve-se calcular o momento somados ao peso da peça para a determina-
estático das figuras planas. Por exemplo: ção da carga bruta a ser içada:
A1 é a área do triângulo superior e A2 a
área do retângulo inferior na figura abaixo. Acessórios de içamento (rigging) - Como
acessórios de içamento entende-se os cabos
de aço, manilhas, clipes, olhais e outros itens
que promovem a interligação entre a peça e os
outros aparatos de içamento.
Os acessórios apresentados a seguir se
prestam principalmente a promover a união
segura entre o equipamento e a peça. Esta
união deve apresentar algumas característi-
cas principais: a) serem capazes de resistir aos
esforços de içamento com uma margem de se-
gurança; b) serem desmontáveis; c) serem se-
guras quanto a choques laterais; d) permitirem
certos graus de liberdade. São exemplos:
49
Técnicas de içamento
51
Técnicas de içamento
53
Técnicas de içamento
55
Técnicas de içamento
Em algumas ocasiões pode ser necessá- As peças tridimensionais devem ser iça-
rio ou até mesmo desejável que a peça seja das com 3 ou 4 cabos. Deve-se calcular o iça-
içada inclinada, como por exemplo: mento, entretanto, como se estivesse sendo
realizado com apenas dois cabos, pois peque-
nas diferenças de comprimento e conexão po-
dem aliviar até dois cabos. Ex.:
Vem:
Peso total = 6,56m X 35,00 kg/m = 229,6
~ 230 kg
kg =
56
Marca Material Comprimento Largura Quantidade Área Peso unitário Peso
(mm) (mm) (UN) (m²) (Kg) Total
(Kg)
1a W360X110 – Perfil principal 10.238 - 01 - 110,00 1.126,18
1b Chapa 22,2mm 400 500 01 0,200 175,84 35,17
1c Chapa 6,3mm 100 145 02 0,029 49,39 1,43
1d Chapa 12,5mm 122 320 03 0,117 98,00 11,47
1e Chapa 12,5mm 122 320 05 0,195 98,00 19,11
1f Chapa 8,0mm 122 320 02 0,078 62,72 4,89
1h Chapa 8,0mm 122 320 02 0,078 62,72 4,89
1k Chapa 8,0mm 100 295 03 0,089 62,72 5,55
1m Chapa 6,3mm 100 220 06 0,132 49,39 6,52
TOTAL 1.215,25
57
Capítulo 5
Ligações soldadas e
parafusadas
59
Ligações soldadas e parafusadas
60
5.2 Ligações soldadas de grande resistência no local a ser trabalha-
do. O calor gerado funde simultaneamente o
5.2.1 Introdução eletrodo e a peça a ser soldada. O metal uti-
Um método de ligação das estruturas é lizado no eletrodo deve ser compatível com
a execução de emendas estruturais por sol- as características do metal-base da peça, de
dagem. O método consiste em transformar a acordo com a tabela abaixo:
energia elétrica em calor, por meio de um arco
Processo de Soldagem Consumíveis ASTM A36 USI-SAC-300
(Classe AWS) ASTM A572-50-1 USI-CIVIL-350 USI-SAC-350
Como fonte de energia, a solda utiliza a los da máquina estará interligado a um cabo
energia elétrica comercialmente fornecida por elétrico flexível fortemente isolado em cuja ex-
concessionárias ou geradores (quando não es- tremidade está instalada uma tenaz, (no caso
tiver disponível a energia de concessionárias), dos eletrodos revestidos) na qual será preso o
podendo estes serem movidos à gasolina ou a eletrodo de solda. Ao outro pólo estará conec-
óleo diesel. A energia elétrica fornecida pelas tado outro cabo, chamado de cabo-terra, que
concessionárias é a corrente alternada, onde possui o grampo de aterramento na outra ex-
a direção do fluxo elétrico se reverte 60 vezes tremidade a ser ligada ao corpo da estrutura. O
por segundo. circuito seria fechado caso se tocasse a peça
com a ponta do eletrodo, mas antes disso será
A corrente alternada é utilizada em má- gerado um arco elétrico na forma de um fluxo
quinas de solda conhecidas como transforma- luminoso entre a ponta do eletrodo e a peça
dores, retificadores ou inversoras. A corrente é no local em que estiverem próximo o suficiente
fornecida para soldagem por terminais locali- para a ocorrência do fenômeno.
zados na parte externa da máquina de solda: o
terminal positivo e o negativo. Estas designa-
ções indicam que a direção do fluxo elétrico é
para fora no terminal positivo e para dentro da
máquina no pólo negativo. A direção do fluxo
elétrico durante a soldagem poderá ser modifi-
cada pela troca dos terminais.
62
derados de grande versatilidade e de uso A umidade em excesso no revestimento
geral. dos eletrodos (principalmente os básicos), é de
Exemplos: E7014, E7024 e E6013. uma forma geral, prejudicial à soldagem. Ela
pode levar a instabilidade do arco, formação
• Revestimento Básico: Estes eletrodos de respingos e porosidades principalmente no
são mais utilizados em aços de alta resis- início do cordão e também provocar a fragiliza-
tência mecânica, devido à característica ção e fissuração pelo Hidrogênio.
fornecida pelo baixo teor de hidrogênio
no arame. Seu revestimento contém pó Para se conservar os eletrodos revesti-
de ferro, proporcionando uma produtivi- dos sem a presença de umidade, existem dois
dade superior aos outros eletrodos. São tipos de providências que deverão ser toma-
indicados para aplicações de alta respon- das:
sabilidade, para soldagens de grandes • Ressecagem – Eliminação da umidade
espessuras e para estruturas de elevado existente nos eletrodos, pela armazena-
grau de rigidez. Este é o revestimento gem em estufas apropriadas a tempera-
mais higroscópico de todos, o que requer turas que podem chegar a 350°C, com
o armazenamento em estufas logo após uma permanência de até 2 horas;
a abertura das embalagens.
Exemplos: E7018, E7018-G, E8018 e • Manutenção – Para a manutenção dos
E9018. níveis de secagem adequados os eletro-
dos básicos e rutílicos, por exemplo, de-
Manutenção e Cuidados com os Eletro- vem ser armazenados em estufas antes
dos de serem distribuídos aos soldadores.
Caso não sejam tomados os adequados Estes, por sua vez, logo que recebam os
cuidados no armazenamento e manuseio, os eletrodos, os manterão em estufas portá-
eletrodos revestidos podem se danificar. Parte teis (cochichos) até sua utilização final.
ou todo o revestimento pode se quebrar, prin-
cipalmente nos casos de dobra ou choque do A ressecagem deve ser adotada obriga-
eletrodo. Sempre que se observar qualquer al- toriamente para os eletrodos básicos, é dese-
teração no estado do eletrodo, este não deve jável nos rutílicos e proibida nos celulósicos.
ser utilizado em operações de responsabilida-
de.
63
Ligações soldadas e parafusadas
64
Realmente, os dois processos são bem seme-
lhantes. As maiores diferenças são: o proces-
so MIG/MAG utiliza um arame sólido cobreado
(ou não) e não deixa uma quantidade apreci-
ável de escória. Outra diferença é o preço re-
lativamente inferior ao do arame tubular, ain-
da que seja obrigatória a utilização de gás de
proteção. Os arames são fabricados de acordo
com as especificações da AWS A5.18 e AWS
A5.28. Figura 5.3 – Máquina de solda para processo MIG
Estes processos são utilizados predomi- Conforme abordado no item 5.2.1, a sol-
nantemente na fabricação das estruturas, com dagem por arco elétrico depende de uma fonte
ótimos resultados, principalmente quanto à de energia para a realização do processo. Es-
produtividade em comparação com os eletro- tes equipamentos são genericamente denomi-
dos revestidos. Entretanto, a obrigatoriedade nados de máquinas de solda. Existem diversos
da proteção gasosa dificulta a soldagem em tipos de máquinas de solda disponíveis no mer-
presença de ventos fortes, o que torna sua cado, sendo que cada modelo objetiva a aten-
utilização na montagem das estruturas menos der uma cerca faixa de utilizações dentro de
prática que o processo manual de eletrodo re- cada processo de soldagem. Os tipos mais co-
vestido. muns utilizados na soldagem de estruturas em
aço são os Transformadores; os Retificadores;
as Fontes Inversoras eletrônicas dentre outros
derivados destes. A variedade de fabricantes,
modelos e tipos de máquinas de solda é mui-
65
Ligações soldadas e parafusadas
to grande e torna-se tarefa difícil definir tipos turas, tendendo a superar o processo de
de processos mais ou menos adequados de eletrodo revestido pelos ganhos de pro-
forma genérica. Entretanto, em linhas gerais, dutividade que representa. Alimentados
sem a pretensão de classificações rígidas, são por rede trifásica;
apresentadas abaixo as características mais • Fonte Retificadora de tensão constante
marcantes de cada tipo de fonte de energia: para soldas automatizadas, destinadas
principalmente à soldagem pelo processo
a) Retificadores – De modo geral os re- de arco submerso. São utilizadas exclu-
tificadores se dividem em três modelos princi- sivamente na fabricação de estruturas.
pais, conforme o processo de soldagem a que Alimentada por rede trifásica;
se destinam:
b) Transformadores – São máquinas de
• Retificadores de corrente constante des- solda geralmente de menor porte que os reti-
tinados à soldagem por eletrodo revestido ficadores. Se destinam a soldagem pelo pro-
e a goivagem por eletrodo de grafite. São cesso de eletrodo revestido e normalmente
os mais utilizados para a montagem das não possuem ventilação forçada. Os modelos
estruturas. Isto se deve a sua robustez e menores, que não chegam a operar com um
facilidade de instalação, além de se des- fator de trabalho de 100%, são muito utiliza-
tinarem ao processo dos eletrodos reves- dos em serralherias com eletrodos de peque-
tidos. Sua finalidade dupla de realizar a no diâmetro e baixa amperagem. Os transfor-
goivagem é outra vantagem suplementar. madores maiores são utilizados na fabricação
Normalmente são alimentados por rede e na montagem de estruturas. A alimentação
elétrica trifásica 220/380/440 - 60; elétrica normalmente é a dois condutores fase,
mais o aterramento.
66
5.2.4 Características das ligações mente a capacidade de operar com 100% de
soldadas fator de trabalho é atingida com amperagens
menores que a máxima.
Apesar da habilidade requerida para sua
execução, a soldagem possui reais vantagens. b) Posições de Soldagem
Uma viga projetada para ser engastada em uma Na figura 5.6 abaixo estão mostradas al-
coluna pode ser soldada de maneira contínua gumas posições de trabalho ou teste. A nomen-
ao outro membro sem necessidade de peças clatura segue a adotada pela Norma ASME IX,
acessórias na ligação. Treliças formadas por em que a posição e o tipo de solda são iden-
membros soldados entre si, possuem menor tificados respectivamente por um algarismo e
peso em aço, pois as peças soldadas não per- uma letra. A letra F corresponde a solda de file-
dem parte de suas seções transversais, como te e a letra G (groove) a solda de entalhe.
é o caso dos furos necessários nas ligações
parafusadas. Juntas onde a estanqueidade é O primeiro tipo de solda é na posição pla-
essencial como no caso de tanques e esferas, na, que usa polaridade direta, onde a maior
a solda não só promove a ligação entre as cha- parte do calor e o metal fundido estão abaixo,
pas como também garante a impermeabilidade na poça de fusão, onde é mais fácil controlar
do conjunto. devido ao efeito da gravidade. As soldas nas
posições horizontal, vertical e sobre-cabeça
A abertura entre as peças a serem unidas, são progressivamente mais difíceis de serem
a existência dos entalhes e a posição destes, executadas. Quando a polaridade reversa é
variam de acordo com a espessura e a posição usada na solda sobre-cabeça, a maior parte do
relativa das peças. Para completar a união en- calor é formada na ponta do eletrodo, abaixo
tre os dois elementos pode ser necessário so- do local da solda. Este método tem a vanta-
mente um passe ou diversos passes de solda, gem de aproveitar a tendência do material de
em camadas sucessivas. Cada passe possui fusão ser carreado para cima de encontro ao
aproximadamente 3 mm de espessura por 6 metal de base sob a influência do fluxo da cor-
mm de largura. Antes de cada passe seguinte rente elétrica naquela direção.
ser iniciado, o anterior deverá estar totalmente
livre de escórias, o que se obtém por meio de
impactos com a picadeira manual ou outra fer-
ramenta mecânica.
a) Fator de Trabalho
O fator de trabalho de um equipamento
de soldagem significa que a máquina pode for-
necer a sua corrente de soldagem máxima du-
rante um determinado período, devendo este
ser seguido de um período de descanso. Isto
pode ser repetido sem que a temperatura dos
componentes internos ultrapasse os limites
previstos por projeto. Um fator de 40% signifi- Figura 5.6 – Algumas posições de solda de topo
ca um período de 4 minutos de trabalho segui-
do de 6 minutos de pausa. O fator de trabalho c) Proteção do operador de solda
de 100% significa que a máquina pode forne- O arco elétrico da solda emite um clarão
cer uma determinada corrente de soldagem que pode lesar os olhos do soldador. A radia-
ininterruptamente durante 10 minutos. Normal- ção produzida e partículas incandescentes
67
Ligações soldadas e parafusadas
que são projetadas à distância podem provo- devem garantir as características necessárias
car queimaduras na pele durante o processo. ao trabalho de soldagem.
Desta forma, torna-se necessário utilizar uma Entretanto, a maneira de soldar, a técni-
máscara de solda dotada de uma lente escu- ca empregada, o equipamento e a amperagem
ra, que não só proteja a face como permita utilizadas devem estar em harmonia com o
somente uma parcela da luz atingir o olho do consumível utilizado e este com o metal-base
operador. Além disso, para prevenir queimadu- a ser unido. Estas e outras variáveis caracte-
ras, o soldador deverá vestir avental, paletó, rísticas farão parte de uma Especificação de
luvas longas e perneira de raspa de couro. Procedimento de Soldagem (EPS). As EPS’s
indicarão o número de passes de solda, a vol-
d) Distorções tagem e amperagem de cada passe, o tipo de
O metal se expande em todas as direções junta, a posição em que será executada, a es-
quando aquecido e reassume seu tamanho pessura e o tipo do eletrodo. As normas AWS
original quando resfriado. Se as extremidades (American Welding Society), da ASME (Ame-
estiverem unidas a dois elementos, quando es- rican Society of Mechanical Engineers) ou as
friada a peça, haverá uma tendência a puxá-los especificações da API (American Petroleum
para dentro. Quando a peça for aquecida em Institute) são as mais conhecidas e aceitas
somente um lado, este irá se expandir e ten- mundialmente no que prescrevem para a qua-
derá a se contrair quando resfriado. Em peças lificação de procedimentos de soldagem.
soltas, a peça irá apresentar contração, após o
resfriamento, sempre para o lado onde houver A responsabilidade sobre a qualidade da
maior aquecimento. Para combater as distor- solda será sempre do fabricante ou do mon-
ções pode-se utilizar alguns métodos: alternar tador, embora haja inspetor ou empresa cre-
a solda de ambos os lados; executar filetes al- dencia pelo contratante para a fiscalização.
ternados por espaços livres que serão preen- Quando exigido, o fabricante deve fornecer
chidos após o resfriamento dos anteriores; co- uma EPS completa, que descreva todas as
locar membros provisórios de contenção para variáveis essenciais, não essenciais e, quando
impedir que a peça se feche ou se expanda forem requeridas, as variáveis suplementares
com o calor desenvolvido na soldagem. para cada processo de soldagem, como por
exemplo:
a) Processo de soldagem (Manual, arco-
submerso, etc.);
b) Tipo de junta e sua configuração;
c) Especificação e espessura do material
base;
d) Especificação e classe do material de
deposição;
Figura 5.7 – Distorção de solda de topo e) Temperatura de pré-aquecimento (mí-
nima);
5.2.5 Controle e garantia da qualidade f) Temperatura entre passes (máxima);
Antes de serem executadas, as soldas g) Número aproximado de passes;
de responsabilidade nas estruturas em aço h) Parâmetros de soldagem (voltagem,
devem possuir garantias sobre a sua qualida- amperagem, velocidade);
de. Os materiais utilizados nos eletrodos, nos i) Controle do material de solda.
fluxos e arames devem estar de acordo com
as normas citadas. A embalagem, transporte, As informações acima (que podem estar
armazenagem e conservação dos eletrodos em formato escrito ou na forma de tabela) po-
68
dem constar em um Registro de Qualificação de baseados nas prescrições da AWS B2.1 ou da
Procedimento (RQP). Este será o documento ASME seção IX. Os soldadores qualificados
onde estarão consolidadas as características possuirão um certificado que especificará as
da solda. Também devem ser registrados no posições e tipos de junta nas quais está qua-
RQP os tipos de ensaios, o número de testes lificado e o prazo de validade do documento.
de cada tipo e os resultados dos mesmos. Para qualificar um soldador utiliza-se um pro-
cedimento qualificado, no qual se especifica
a) Qualificação dos Procedimentos de quais corpos de prova devem ser preparados
Soldagem e executados e as posições de teste exigidas
Para que possam ser utilizados, os EPS pelo trabalho a ser realizado. A seguir os cor-
devem ter sua adequação e qualidade avalia- pos de prova serão fatiados e submetidos a en-
dos por testes específicos. Para a qualificação saios visuais macrográficos, de raios-X, tração
dos procedimentos os testes mais comumen- ou dobramento, conforme o caso. Estes testes
te usados são os de tração e dobramento de serão realizados e analisados em laboratórios
face, dobramento de raiz, dobramento lateral credenciados. Quando está qualificado para as
além do teste de impacto. posições mais complexas (5G e 6G, por exem-
plo), normalmente o soldador se qualifica para
Existem procedimentos de soldagem que as posições mais simples automaticamente
são considerados pré-qualificados desde que (1G, por exemplo).
atendam as exigências da norma AWS D1.1.
Estes procedimentos são aqueles em se jul- c) Inspeção de Soldas
gou existir um histórico de aceitabilidade e de A inspeção das soldas deve ser feita de
desempenho, não estando sujeitos aos testes acordo com os requisitos da AWS D1.1. A ins-
de qualificação impostos as outras EPS. De peção visual que for necessária deverá ser es-
qualquer maneira, sempre que exigidos, serão pecificada nos documentos de licitação e do
efetuados testes não-destrutivos mesmo nas projeto. Quando forem necessários ensaios
juntas pré-qualificadas procurando-se seguir não destrutivos (END’s), o processo, a exten-
as orientações da norma. são, a técnica e os padrões de aceitação deve-
A norma AWS D1.1, cobre os requisitos rão ser claramente definidos nos documentos
de soldagem aplicáveis a estruturas soldadas de licitação e do projeto.
de aço carbono e aços de baixa liga. Mesmo
quando o procedimento for aprovado pela enti- 5.2.6 Ensaios não destrutivos
dade competente, continua sendo unicamente Todas as soldas possuem descontinuida-
do fabricante a responsabilidade pela qualida- des, pois não existem soldas perfeitas. O que
de da junta soldada. Os cortes e entalhes que existem são descontinuidades que são aceitá-
receberão deposição de solda, não devem ter veis e outras que não são aceitáveis. Os En-
estrias que permitam inclusões de impurezas. saios Não Destrutivos (END) são realizados
nas soldas das estruturas em aço para verificar
b) Qualificação dos Soldadores a qualidade das mesmas, detectando a presen-
Não basta entretanto os procedimentos e ça, posição e extensão das descontinuidades.
materiais corretos se a execução for deficien- São chamados de não destrutivos porque são
te. As vantagens da soldagem só podem ser ensaios que não alteram as características das
obtidas com pessoal treinado. Alguns testes soldas ensaiadas. Isto permite que a qualida-
de qualificação são exigidos dos operadores, de da solda seja averiguada conforme padrões
conforme a complexidade dos procedimentos estabelecidos que classificam os defeitos, sua
de solda, de acordo com as normas nacionais localização e extensão, bem como os critérios
e internacionais. Geralmente estes testes são de aceitação pertinentes. Caso as exigências
69
Ligações soldadas e parafusadas
de qualidade sejam atingidas, a solda será por outro lado, o que será inaceitável e deverá
aceita; caso contrário, serão indicados os lo- obrigatoriamente ser removido e refeito.
cais e a extensão dos reparos necessários.
a) Ensaio visual
Os critérios de aceitação devem estar A inspeção visual é sem dúvida o mais
definidos no contrato de fornecimento e mon- poderoso método de inspeção disponível. Por
tagem das estruturas, em harmonia com a causa de sua relativa simplicidade e ausência
complexidade da obra. Serão delimitados le- de equipamento sofisticado, algumas pesso-
vando-se em consideração qual nível apropria- as menosprezam sua importância. Porém, é o
do de qualidade se requer para o tipo de junta, único método de inspeção que realmente pode
sua responsabilidade, a finalidade da estrutu- melhorar a qualidade de fabricação e monta-
ra e suas condições de utilização durante sua gem reduzindo a ocorrência de defeitos de sol-
vida útil. Não se deve esquecer que o objetivo dagem. É o primeiro a ser realizado.
dos ensaios é determinar a qualidade da solda,
para que se possa avaliar se a mesma possui A inspeção visual começa muito antes do
características que garantam a transmissão arco ser aberto. Todas as juntas de ligações
dos esforços de projeto e que não levem a a serem soldadas serão previamente inspe-
ocorrência de defeitos futuros que comprome- cionadas, visando a limpeza da junta, posicio-
tam a durabilidade da estrutura. Os efeitos de namento das peças entre si, pré-aquecimento
fadiga causados por esforços alternados exi- do metal base, seqüência de soldagem, trata-
gem mais robustez do que seria exigível sim- mento da raiz, ponteamento para fixações dos
plesmente pela transmissão momentânea dos elementos, etc.
esforços mecânicos.
A menos que haja outra especificação, as
Os métodos de inspeção não destrutiva superfícies a serem soldadas no campo, numa
mais utilizados nas estruturas em aço são: faixa de 50 mm de cada lado da solda, de-
• Ensaio visual; vem estar isentas de materiais que impeçam
• Ensaio por líquidos penetrantes; a soldagem adequada ou que produzam ga-
• Ensaio por ultra-som; ses tóxicos durante a operação de soldagem.
• Ensaios radiográficos; A pintura destas áreas deve ser evitada. Após
• Ensaios por partículas magnéticas; a soldagem tais superfícies deverão receber a
• Ensaios de estanqueidade. mesma limpeza e proteção previstas para toda
a estrutura.
A exemplo dos processos de soldagem e
dos operadores de solda, os ensaios não des- O ensaio visual analisará os seguintes
trutivos deverão ser realizados por pessoas quesitos da solda, dentre outros:
qualificadas e de acordo com procedimentos • Aspecto externo geral da solda;
normalizados. Os equipamentos de medição e • Porosidades superficiais;
detecção dos defeitos de solda deverão estar • Presença de escória na superfície;
aferidos e calibrados. • Mordeduras;
• Respingos excessivos;
Um aspecto importantíssimo a ser defini- • Trincas visíveis;
do a respeito dos END’s é a amostragem, ou • Falta de penetração quando visíveis
seja, a extensão de solda que será objeto dos pelo lado oposto;
ensaios. Devem também estar definidos, após • Desalinhamentos;
os resultados dos ensaios, quais e quantos de- • Entalhe sem reforço ou mal
feitos serão aceitáveis, e em qual extensão. E, preenchido;
70
• Comprimento ou garganta de solda em dicular ao eixo da solda. O ensaio é realizado
desacordo com o projeto. com a criação de um campo magnético através
de um equipamento portátil com duas pontas
b) Líquido Penetrante articuladas que são ligadas a peça, chamado
Ensaio de Líquido Penetrante envolve a “Yoke”.
aplicação de um líquido que por sua ação capi-
lar revela através da superfície possíveis des- d) Ensaios Radiográficos
continuidades, como trincas ou porosidade. A inspeção por ensaios radiográficos utili-
Quando o excesso de líquido penetrante for za raios-x ou raios gama que atravessam a sol-
cuidadosamente removido da superfície, um da e sensibilizam um filme fotográfico exposto
revelador é aplicado, que absorverá o líquido no lado oposto da junta. Radiografias são pro-
penetrante contido na descontinuidade. Isto re- duzidas por geradores de alta voltagem, en-
sulta em uma mancha no revelador, mostrando quanto as gamagrafias são produzidas por de-
que uma descontinuidade está presente. Este sintegração atômica de isótopos radioativos.
ensaio é limitado a detectar descontinuidades
superficiais. Não tem nenhuma capacidade de Sempre que radiografia é usada, precau-
descobrir descontinuidades mais profundas, ções devem ser tomadas para proteger os ope-
mas é altamente efetivo em identificar as con- radores do excesso de exposição à radiação.
tinuidades que podem ser omitidas ou serem
muito pequenas para serem identificadas com Os ensaios radiográficos contam com a
inspeção visual. É o ensaio seguinte a ser es- capacidade dos materiais de reterem parte da
pecificado quando a inspeção visual não é su- energia dos raios em seu interior quando são
ficiente para garantir um nível mínimo de qua- atravessados por eles. Diferentes materiais
lidade. possuem taxas de absorção diferentes e mate-
riais finos absorvem menos radiação que ma-
c) Partículas Magnéticas teriais espessos. Quanto mais alta a densidade
A inspeção de partícula magnética (MT) do material, maior a taxa de absorção. Como
utiliza a mudança em fluxo magnético que níveis diferentes de radiação atravessam os
acontece quando um campo magnético cruza materiais, o filme será exposto em diferentes
com uma descontinuidade. Esta mudança na regiões em maior ou menor grau. Quando o fil-
densidade de fluxo magnético aparecerá como me é revelado, o resultado da radiografa mos-
um padrão diferente quando um pó magnético trará uma imagem projetada no plano do filme,
for aplicado na superfície da solda. O processo mostrando a estrutura interna da peça.
é efetivo em localizar descontinuidades, tan-
to na superfície quanto sub-superficiais. Para Uma radiografia é na realidade um nega-
estruturas em aço, a inspeção por partícula tivo. As descontinuidades, que representam as
magnética é mais efetiva que a de líquido pe- regiões onde os raios foram menos absorvidos,
netrante, e conseqüentemente, é preferida na aparecerão mais escuras que o restante da sol-
maioria das aplicações. A inspeção por partí- da. Partes mais finas aparecerão mais escuras
cula magnética pode revelar trincas próximas nas radiografias. A porosidade será revelada
à superfície, inclusões de escória, e porosida- como pontos pequenos, escuros e circulares.
de. A escória também é geralmente mais escura, e
parecerá semelhante a porosidade, mas será
A inspeção por partícula magnética é irregular em sua forma. As trincas aparecem
mais efetiva quando a região é inspecionada como linhas escuras. Falta de fusão aparece-
duas vezes: uma vez com o campo localizado rá como lugares escuros e o reforço excessivo
paralelamente, e outra com o campo perpen- resultará em uma região mais clara.
71
Ligações soldadas e parafusadas
Os ensaios radiográficos são mais aplicá- uma peça única maior, a ser içada para sua
veis a soldas de entalhe de penetração total, posição final na estrutura. Esta treliça por sua
não sendo muito adequados a soldas de pene- vez poderá ser interligada às colunas ou outro
tração parcial ou de filete. Ensaio aplicado em tipo de apoio, também por meio de parafusos.
soldas de grande responsabilidade devido ao
alto custo. As ligações parafusadas são obtidas
pela execução de furos nas duas peças a se-
e) Ultra-Som rem unidas. Estas peças serão aproximadas
A inspeção por ultra-som conta com a durante a montagem de tal forma que uma se
transmissão de ondas sonoras de alta freqüên- alinhe a outra, conforme previsto no projeto.
cia através dos materiais. Os materiais livres Prossegue-se com a aproximação até que se
de descontinuidade transmitirão o som ao lon- toquem e sejam ajustadas de forma que cada
go de sua espessura de um modo ininterrupto. furo da ligação numa peça coincida com o seu
Um transdutor “ouve” o som refletido na face correspondente na outra peça. Este ajuste po-
oposta da peça que está sendo inspecionada. derá ser auxiliado por meio de uma espina ou
Se uma descontinuidade existir entre o trans- chave de ponta.
dutor e o lado de trás da peça, uma resposta
diferente do nível de referência será enviada
para o receptor indicando a presença desta
descontinuidade. Os pulsos são convertidos
em sinais eletrônicos e mostrados na tela LCD
ou em um tubo de raios catódicos do apare-
lho. A magnitude da perturbação recebida da
descontinuidade é proporcional a quantidade
de som refletido. O aparelho de ultra-som é um
dispositivo sofisticado e muito efetivo em loca-
lizar até pequenas descontinuidades.
72
resistência e aperto necessários para a trans- mente ser instalados com torque controlado.
ferência dos esforços de uma peça para ou- O aperto normal poderá ser aplicado nas liga-
tra serão encargos do projetista. Cabe ao res- ções por contato nas quais o escorregamen-
ponsável pela montagem dotar o canteiro dos to é permitido ou quando estiverem sujeitos à
equipamentos necessários para a colocação e tração ou tração e corte, quando não houver
aperto dos parafusos, e executar o torque dos flutuações de carga que causem afrouxamento
parafusos conforme especificado em projeto. ou fadiga dos parafusos;
3. Parafusos de alta resistência de aço-
Um trabalho por vezes negligenciado liga tipo A-490, possuem resistência superior
na montagem é a separação precisa dos pa- mas são menos utilizados que os anteriores.
rafusos por tipo, diâmetro e comprimento. É Devem ser instalados com controle de torque
bastante comum a ocorrência na mesma obra nos tipos de ligação por atrito ou por contato.
de parafusos de mesmo tipo e diâmetro, com
comprimentos ligeiramente diferentes. Se não 5.3.3 Modalidades de Ligações
houver uma separação e aplicação dos para- Parafusos de alta resistência em ligações
fusos criteriosamente nos lugares corretos, po- por contato ou parafusos comuns não podem
dem ocorrer grandes atrasos simplesmente por ser considerados trabalhando em conjunto
aplicar o parafuso mais longo no lugar do mais com soldas. Por exemplo, em uma ligação a
curto. Quando chegar o momento de montar momento de uma viga com uma coluna em
as peças onde seriam exigidos os mais longos, que as mesas da viga estiverem soldadas e a
só restarão os mais curtos que possivelmente alma parafusada, estes parafusos somente se-
não atenderão as condições mínimas de aper- rão considerados se forem de alta resistência
to. com torque controlado em ligação por atrito.
Caso contrário, as soldas das mesas resistirão
A preparação das superfícies para a co- sozinhas ao total das solicitações da ligação,
locação dos parafusos de alta resistência (tipo sendo os parafusos desprezados.
fricção) deverá ser cuidadosa, de maneira que
as superfícies em contato na montagem, in- a) Solda das mesas e parafusos na alma
cluindo cabeças de parafuso e arruelas, este- Conta-se com o fácil posiciomanento pro-
jam todas completamente livres de tinta, óleo, porcionado pelos parafusos na alma e com a
sujeira, ferrugem, carepa, rebarbas, etc. , que simplicidade representada pela solda das me-
poderão impedir o contato perfeito das partes. sas diretamente ao corpo da coluna, sem ne-
cessidade de elementos de ligação. O fato de
5.3.2 Tipos de parafusos se desprezarem ou não os parafusos nos cál-
Existem três tipos de parafusos estrutu- culos depende da capacidade das soldas das
rais utilizados nas ligações: mesas de resistirem também aos esforços de
1. Parafusos Comuns ou A-307, utiliza- cisalhamento e da conveniência ou não de se
dos nas ligações secundárias das estruturas. aplicar torque controlado nos parafusos.
Não requerem processo de torque controlado b) Solda de mesas e alma
e funcionam sempre por cisalhamento entre a
superfície do parafuso e as laterais dos furos,
em ligações por contato;
2. Parafusos de alta resistência tipo A-
325, utilizados na maioria das estruturas em
ligações principais. São aplicados tanto nas li-
gações por atrito quanto nas ligações por con-
tato; nas ligações por atrito devem obrigatoria-
Figura 5.9 – Solda das mesas e parafusos na alma
73
Ligações soldadas e parafusadas
Figura 5.10 – Solda das mesas e alma Os parafusos de alta resistência devem
ser apertados de forma a se obter uma força
c) Parafusos em mesas e alma mínima de tração (Tm) adequada a cada diâ-
Ligação de fácil posicionamento, liberan- metro e tipo de parafuso usado. Quando a por-
do rapidamente o guindaste. Entretanto, as li- ca é apertada, ela tende a aproximar as peças
gações parafusadas das mesas são complexas entre si até que se toquem. À partir do momen-
e dependem de solda de fábrica em chapas de to que as peças se encontram coladas uma
ligação e calços para serem confeccionadas. à outra, qualquer aperto na porca provocará
Em última análise, acabam por se tornarem li- um esforço de tração no corpo do parafuso,
gações mistas com parafusos e solda; alongando-o. Portanto, a tração no corpo do
parafuso e a conseqüente força de atrito entre
as peças dependem da intensidade do torque
aplicado no conjunto parafuso-porca. Este tor-
que e a força de tração mínima é fornecida na
tabela 5.3 para os parafusos ASTM e equivale
a aproximadamente 70% da resistência carac-
terística à tração do parafuso.
74
Diâmetro do A 325 A 490
Parafuso
Ap Fu Ft Tração mínima Tm Tração Recomendada Torque Fu Ft Tração Tração Recomendada Torque
para calibragem Aproximado mínima Tm para calibragem Aproximado
pol. cm cm2 kN/cm² kN tf kN tf kN kgm Nm kN/cm² kN tf kN tf kN kgm Nm
½ 1,27 1,27 82,5 59 5,4 53 5,7 56 14 135 103,5 74 6,7 66 7,1 69 17,9 176
5/8 1,59 1,98 82,5 92 8,7 85 9,1 89 28 270 103,5 115 10,8 106 11,3 111 36,0 353
1,60 2,01 82,5 93 9,3 91 9,7 96 30 291 103,5 117 11,6 114 12,2 120 39,0 383
¾ 1,91 2,85 82,5 132 12,7 125 13,4 131 49 476 103,5 166 15,9 156 16,7 164 63,3 624
2,00 3,14 82,5 146 14,5 142 15,2 149 58 568 103,5 183 18,2 179 19,2 188 76,6 752
2,20 3,80 82,5 176 17,9 176 18,8 185 79 774 103,5 221 22,5 221 23,7 232 104,1 1021
7/8 2,22 3,88 82,5 180 17,6 173 18,5 182 78 769 103,5 226 22,0 216 23,1 227 102,8 1008
2,40 4,52 82,5 210 20,9 205 21,9 215 100 984 103,5 263 26,2 257 27,5 270 132,0 1295
1 2,54 5,07 82,5 235 23,1 227 24,3 238 118 1153 103,5 295 28,8 283 30,3 297 153,9 1510
2,70 5,73 72,5 233 27,2 267 28,6 280 147 1442 103,5 333 34,0 334 35,7 351 193,0 1894
1 1/8 2,86 6,41 72,5 262 25,5 250 26,8 263 146 1429 103,5 373 36,4 357 38,2 375 218,4 2142
3,00 7,07 72,5 288 33,2 326 34,9 342 199 1956 103,5 412 41,6 408 43,7 428 262,0 2570
1¼ 3,18 7,92 72,5 323 32,3 317 33,9 333 205 2013 103,5 461 46,2 453 48,5 476 307,9 3020
1 3/8 3,49 9,58 72,5 391 38,7 380 40,7 399 271 2654 103,5 558 54,8 538 57,6 565 402,2 3946
3,60 10,18 72,5 415 48,4 475 50,8 499 349 3420 103,5 593 60,7 595 63,7 625 458,5 4498
1½ 3,81 11,40 72,5 465 46,9 460 49,2 483 357 3505 103,5 659 67,2 659 70,5 692 537,5 5273
75
Ligações soldadas e parafusadas
5.3.5 Métodos de protensão dos para- À seguir uma marca será feita na face da
fusos de alta resistência porca e na haste do parafuso para indicar o
ponto de início do giro adicional, a fim de mos-
Existem três processos principais de tor- trar as posições relativas entre eles. Os para-
que para se atingir a força de tração adequa- fusos receberão então o aperto adicional atra-
da: vés do giro da porca, especificado conforme a
tabela 5.4 abaixo. Esta operação deverá co-
a) Aperto pelo método da rotação da meçar na parte interna da ligação e prosseguir
porca; em direção às bordas livres.
Comprimento do parafuso
(medido da parte inferior da Disposição das faces externas das partes parafusadas
cabeça à extremidade)
Ambas as faces inclinadas
Uma das faces normal ao eixo
em relação ao plano normal
Ambas as faces normais ao do parafuso e a outra face
ao eixo do parafuso não
eixo do parafuso inclinada não mais que 1:20
mais que l:20 (sem arruelas
(sem arruela biselada)
biseladas)
Inferior ou igual a 4 diâmetros 1/3 de volta 1/2 volta 2/3 de volta
Acima de 4 diâmetros até no 1/2 volta 2/3 de volta 5/6 de volta
máximo 8 diâmetros, inclusive.
Acima de 8 diâmetros até no 2/3 de volta 5/6 de volta 1 volta
máximo 12 diâmetros. 2)
NOTAS: 1) A rotação da porca é considerada em relação ao parafuso, sem levar em conta o elemento que está sendo girado (porca ou
pa� -
dos com 2/3 de volta ou mais, a tolerância na rotação é de mais ou menos 45°.
2) Nenhuma pesquisa foi feita para estabelecer o procedimento a ser usado para aperto pelo método da rotação da porca, para com-
p� -
tivo adequado que meça a tração. simulando as condições reais.
76
b) Método de torque controlado c) Método indicador de carga
Neste caso o aperto será dado pelo uso Através de um dispositivo conhecido
de uma chave de impacto (torque) que aperta como arruela indicadora de carga ou pela apli-
o parafuso até obter a tensão pré-determinada. cação de um tipo específico de parafuso com
As chaves de impacto (elétricas ou pneumáti- controle de tensão. No primeiro caso, o torque
cas) devem ser calibráveis de forma a aplica- é atingido quando pequenas protuberâncias
rem a força de torque especificada. indicadoras de carga na superfície da arruela
sofrem esmagamento. A folga resultante deve
ser aferida por um calibre apalpador introduzi-
do entre as saliências. Em todos os casos, a
folga deverá ser previamente especificada. A
arruela comum continua sendo utilizada. Ou-
tro tipo de arruela indicadora de carga utiliza
material plástico colorido em sua superfície. O
plástico extravasa da arruela, indicando quan-
do foi atingido o nível de aperto desejado.
Figura 5.13 – “Skidmore” para aferição de máquinas de tor- No segundo caso, sabe-se que o torque
que necessário foi atingido quando ocorre a rup-
As chaves serão calibradas em um dispo- tura da espiga ranhurada na extremidade do
sitivo tipo “skidmore” capaz de aferir o torque parafuso, pela aplicação de uma parafusadeira
produzido, que deve ser pelo menos 5% supe- elétrica especial. Após encostar manualmente
rior à protensão mínima dada na tabela 5.3. As a porca e a arruela, encaixa-se o soquete inter-
chaves devem ser calibradas pelo menos uma no da máquina na espiga e o soquete externo
vez por dia de trabalho, para cada diâmetro de na porca. Acionando-se a máquina, o soque-
parafuso a instalar. te externo apertará a porca até seja atingido
o torque necessário, o que será indicado pelo
A calibração deve ser feita através do rompimento da espiga da ponta do parafuso,
aperto de três parafusos típicos de cada diâ- por cisalhamento.
metro, retirados do lote de parafusos a serem
instalados, em um dispositivo capaz de indicar
a tração real no parafuso.
77
Ligações soldadas e parafusadas
78
O aparelho de corte tem outros elemen- Para limpeza dos bicos existem os agu-
tos complementares além da caneta que é o lheiros, que são um conjunto de agulhas de
maçarico propriamente dito: para que funcione diversos diâmetros utilizadas para a desobs-
adequadamente haverá um cilindro de oxigê- trução dos orifícios do bico.
nio e um outro cilindro de gás combustível, que
pode ser o acetileno, o gás liquefeito de petró- Os cilindros de oxigênio são altos e nor-
leo (GLP) ou ainda uma mistura de gases. malmente pintados de preto. Os cilindros de
acetileno são pintados em vermelho, e os de
Na parte superior de cada cilindro exis- GLP em prata ou dourado. Os cilindros mais
tirá um regulador de pressão, dotado de ma- utilizados são os de 10 m³ de oxigênio; de 9 kg
nômetros que indicam a pressão interna do de acetileno e o de 45 kg de GLP.
fluido e a pressão de saída para a mangueira.
Esta pressão de saída deverá ser regulada de- Este conjunto formado por dois cilindros,
pendendo da intensidade do corte. A pressão mangueiras e maçarico é instalado em um car-
interna é importante para determinar a quanti- rinho, que promove a proteção dos cilindros, o
dade de gás ainda existente no interior do ci- acondicionamento das mangueiras e da cane-
lindro. Normalmente na saída do regulador de ta quando não utilizadas, e facilita o desloca-
pressão é instalada uma válvula de segurança mento para próximo do local de trabalho. Estas
para evitar o refluxo das chamas para dentro pequenas unidades de corte a maçarico são
do cilindro, com riscos de explosão. Na saída bastante usuais principalmente na montagem
do dispositivo de segurança serão instaladas de campo, onde não compensa a instalação
as mangueiras de oxigênio e do cilindro de gás de unidades fixas e tubulações permanentes
combustível, formando um par geminado, na para a execução do trabalho. Estas centrais de
cor verde para o oxigênio e na cor vermelha gases são viáveis somente dentro das fábricas
para o gás. para prover o suprimento de gases para cortes
manuais e cortes múltiplos realizados em má-
Estas mangueiras encaminham os gases quinas pantográficas.
até o maçarico. Tanto na entrada do oxigênio
quanto na entrada de gás são instaladas vál-
vulas de retenção para evitar o refluxo das
chamas para o interior das mangueiras. As
mangueiras são afixadas por braçadeiras ao
dispositivo de segurança do cilindro.
81
Montagem de edifícios e galpões
82
ao lado do detalhamento e da fabricação das
estruturas. Chumbadores, insertos ou outros
aparelhos de fixação das colunas às bases
podem ser instalados por terceiros, mas de-
vem ser verificados pelo montador antes deste
iniciar a montagem. As fundações são execu-
tadas em concreto armado, normalmente por
pessoal não familiarizado com a precisão re-
querida pelas estruturas de aço. Daí serem co-
muns os erros de alinhamento, nível, esquadro
e distâncias nas bases de concreto. O melhor
procedimento é orientar o construtor antes que
ele execute as fundações, chamando a aten-
Figura 6.1 – Estrutura de Edifício em aço ção para a precisão necessária.
83
Montagem de edifícios e galpões
Estes gabaritos dever estar fixados na parte Corrigidos os erros mais graves, o mon-
superior das formas, e estas firmemente con- tador irá então providenciar calços de nivela-
tidas de modo a não se deslocarem antes ou mento a serem assentados sobre o concreto
durante a concretagem. Para se garantir que bruto de cada base, de forma que suas faces
dos chumbadores não saiam do prumo, as ex- superiores correspondam ao plano de referên-
tremidades inferiores (mergulhadas no concre- cia. As placas de base das colunas ao serem
to) devem manter a distância correta entre si montadas sobre estes calços, teoricamente es-
e em relação as formas. Isto se obtém pela in- tarão partindo de um mesmo plano de referên-
trodução de barras de vergalhão, por exemplo, cia, evitando-se assim problemas de ajustes
no interior do bloco, de forma que estejam tra- entre as peças da estrutura e de nivelamento
vadas de encontro às faces internas da forma das lajes.
e entre os chumbadores, fixadas por pontos de
solda. Quando no projeto for especificado o
grauteamento (entre a placa de base e o con-
creto bruto), este serviço só deverá ser feito
depois do alinhamento corrigido e o aperto fi-
nal dos chumbadores
6.3.3 Nivelamento
As estruturas devem ser montadas a Figura 6.3 – Base grauteada
partir de um mesmo plano horizontal de refe-
rência. As fundações devem ser verificadas 6.3.4 Esquadro
topograficamente antes de iniciada a monta- Sugere-se uma verificação geral do es-
gem, preferencialmente antes da mobilização quadro entre os blocos de fundação. Isto pode
do canteiro. O nivelamento das bases é feito ser verificado topograficamente com o auxílio
em termos da diferença de nível medida, de de distanciômetros que verifiquem se duas
cada base no nível do concreto bruto, em re- diagonais possuem a mesma medida. Peque-
lação ao plano de referência. Se a diferença nas distâncias podem ser verificadas com tre-
da base mais alta para a mais baixa exceder nas metálicas de precisão. Poços de elevador
a uns 90mm, pode ser necessária alguma in- devem ser examinados com precisão de cima
tervenção, seja para complementar as bases a abaixo para assegurar as limitações de tole-
mais baixas, seja para reduzir a altura das rância.
mais altas. Ainda assim deve ser verificado se
os chumbadores das bases mais baixas ainda 6.3.5 Prumo
estarão em condições de fixar as porcas das Cada base pode receber dois ou mais cal-
placas de base levando-se em conta sua per- ços, que devem estar perfeitamente nivelados
da de comprimento. entre si para não introduzir erros de prumo nas
colunas. Entretanto, a despeito das precau-
84
ções, as colunas podem ficar fora de prumo ser examinada levando-se em conta que a pró-
após o aperto dos chumbadores. Para a corre- pria coluna muitas vezes possui maior inércia
ção de pequenos erros nos calços, cunhas de e rigidez justamente nesta direção em que é
aço podem ser confeccionadas e introduzidas rotulada.
entre a placa de base e o concreto bruto até
que se obtenha o aprumamento da coluna. Outra possibilidade de tombamento da
coluna seria o colapso da solda entre o per-
6.3.6 Montagem fil da coluna e sua placa de base, o que é di-
fícil de ocorrer, pois esta solda é equivalente
As primeiras peças a serem montadas aquela das colunas engastadas na maioria dos
são as colunas. Existem dois tipos principais projetos, ou seja: é superdimensionada para li-
de ligações das colunas com as fundações: a gação rotulada. Isto quer dizer que as colunas
esgastada e a rotulada. Na ligação engasta- rotuladas poderão ser liberadas do guindaste
da a coluna está transmitindo os esforços de durante a montagem, sem que para isso seja
flexão da estrutura para a fundação; trata-se obrigatória a instalação de estais nas duas di-
portanto de uma ligação de grande rigidez. reções. Entretanto, devem ser impostos certos
No outro tipo, ligação rotulada, pretende-se limites a este procedimento.
um vínculo entre a coluna e a fundação sem
a transmissão de momento; é uma ligação de Para que não ocorram excessos perigo-
menor rigidez. O que ocorre na prática, entre- sos a segurança da montagem, enumeram-se
tanto, é que a maioria das ligações rotuladas abaixo algumas recomendações a título de
não constituem numa rótula perfeita. Assim orientação:
como as ligações engastadas, as rotuladas • Iniciar a montagem da estrutura pelo nú-
suportam certa ordem de grandeza de carga cleo de contraventamento, progredindo a
momento, de valor bem menor que a coluna montagem a partir deste módulo estável;
engastada equivalente. Uma rótula perfeita se-
ria uma articulação pinada, como dobradiça, o • Caso não seja possível iniciar a monta-
que é raro de se encontrar nas estruturas mais gem pelo módulo contraventado, criar es-
comuns de edifícios. truturas provisórias de contraventamento
na primeira parte da estrutura a ser mon-
Uma coluna rotulada poderá funcionar tada;
(durante a montagem), provisoriamente, como • O índice de esbeltez da coluna “rotula-
engastada e livre. Isto permite que se libere a da”, considerada engastada e livre (du-
coluna sem o risco de que a mesma venha a rante a montagem), com comprimento
tombar. O tipo mais comum de ligação rotula- efetivo de flambagem igual ao dobro do
da, formada por placa de base e dois chumba- comprimento real, não deve ultrapassar a
dores, constitui na verdade, uma ligação semi- 360; caso ameace ultrapassar este limite,
engastada em uma direção (com um pequeno montar a coluna com comprimento menor
braço de alavanca proporcionado pelos chum- (menos pavimentos de altura) ou instalar
badores) e rotulada na outra. Entretanto, para estais nas duas direções;
que esta “rotula” funcione como tal, a placa de
• Imediatamente após a montagem da
base deverá sofrer uma rotação em torno dos
coluna, providenciar a montagem das vi-
chumbadores, o que somente será possível
gas que a interligam a outras colunas nas
pelo esmagamento do concreto da base na
duas direções, formando pórticos mais
região comprimida pelo momento, conjugada
estáveis, e que reduzem o comprimento
com o escoamento dos chumbadores por tra-
de flambagem; iniciar pelas vigas inferio-
ção. A possibilidade deste tipo de colapso deve
res;
85
Montagem de edifícios e galpões
88
• Cordas de segurança, cabos de estaia- rios para promover a sua estabilidade. Isto pode
mento, contraventamentos provisórios, parecer banal, mas pode exigir um segundo
andaimes, etc.; guindaste na montagem do travamento estru-
• Pessoal e localização dos profissionais tural, enquanto o primeiro sustenta a tesoura
envolvidos; principal. Cabos de aço de estaiamento podem
ser instalados em pequenos galpões, mas são
• Recomendações quanto à segurança inviáveis em grandes alturas. Outra caracterís-
da operação e dos operários; tica dos galpões é o possível colapso de toda
a estrutura pelo “efeito dominó”: pela formação
linear das naves dos galpões, a ocorrência de
tombamento de um pórtico podem fazer ruir
toda a estrutura naquele sentido.
Estabilidade Lateral
O primeiro problema descrito acima in-
voca a necessidade da estabilidade lateral. A
estabilidade lateral é a capacidade da peça
permanecer alinhada quando submetida tanto
ao seu peso próprio quanto ao carregamento
de outras peças. Certas peças não resistem
nem sequer ao seu próprio peso sem que se
Figura 6.8 – Plano de rigging dobrem ao meio, com o risco de acidentes e
danos permanentes a peça. Isto se deve as
forças de compressão que surgem em certas
6.4 Montagem de galpões regiões ou elementos de peças submetidas a
flexão. As forças resultantes de compressão e
As estruturas de galpões possuem, den- tração dependem da ordem de grandeza e da
tre outras, uma característica peculiar: alguns configuração do momento fletor atuante. Os
de seus elementos dependem de outros para elementos comprimidos, se possuírem gran-
permanecerem estáveis durante e após a de esbeltez, poderão apresentar flambagem
montagem. Certas tesouras de cobertura são lateral como se fosse uma coluna subdimen-
totalmente instáveis se abandonadas sobre os sionada. Quando estas peças (tesouras, por
pilares sem um eficiente travamento da corda exemplo) estão integradas ao conjunto da es-
superior. Da mesma forma algumas vigas de trutura, possuem diversos elementos (como
pórtico dependem de travamentos intermediá- terças, contraventamentos, mãos-francesas,
89
Montagem de edifícios e galpões
treliças longitudinais, etc.) que lhe fornecem A mudança dos apoios pode ser obtida
a estabilidade lateral necessária. Quando fal- por apoios provisórios (torres, por exemplo)
tam estes travamentos laterais, a peça tende situados em pontos determinados. Durante o
a flambar lateralmente. Isto pode ocorrer logo içamento, a solução pode ser apenas a utiliza-
no içamento da peça, caso os pontos de pega ção de vigas equalizadoras ou balancins, afas-
introduzam uma configuração de momentos tando ou aproximando os pontos de pega.
suficiente.
91
Montagem de edifícios e galpões
Segundo Colin Taylor (in TAYLOR, apud Steel Designer’s Manual), “comparando-se com ou-
tros materiais estruturais, as estruturas em aço podem ser feitas economicamente com tolerâncias
bem mais rigorosas. E comparadas com peças mecânicas, entretanto, não é nem econômico nem
necessário alcançar exatidão tão extrema.
Há inúmeras razões para que tolerâncias devam ser consideradas. É importante ficar bem
claro quais tolerâncias devem ser realmente aplicadas em cada caso, particularmente quando se
decidem os valores a serem especificados, ou o que fazer quando não atingidos.
As várias razões para especificar tolerâncias são delineadas na Tabela. Em todo caso, ne-
nhuma tolerância mais rigorosa que as realmente necessárias devem ser especificadas, ainda que
a exatidão adicional possa ser alcançada, pois geralmente aumentam os custos desproporcional-
mente.
Terminologia
‘Tolerância’ de forma geral significa um intervalo permitido de valores. Outros termos que ne-
cessitam definição são dados na Tabela abaixo
92
As Classes de Tolerância
Tolerâncias normais Limites que são geralmente necessários para todos os edifícios. Pertencem a
esta classe os necessários para segurança estrutural, juntamente com tolerân-
cias estruturais de montagem.
Tolerâncias particula- Tolerâncias que são mais rigorosas que tolerâncias normais, mas que se apli-
res cam só a certos componentes ou só a certas dimensões. Podem ser necessári-
os em casos específicos por razões de ajustes, interferências ou para respeitar
folgas ou divisas.
Tolerâncias especiais Mais rigorosas que tolerâncias normais, e que se aplicam a uma determinada
estrutura ou a um projeto. Podem ser necessários em casos específicos por
razões de utilização ou aparência, ou possivelmente por razões estruturais es-
peciais (tais como carga dinâmica ou cíclica, ou ainda critério crítico de projeto),
ou para requisitos especiais de montagem.
94
Capítulo 7
Montagem de pontes,
viadutos e passarelas
95
Montagem de pontes, viadutos e passarelas
96
feriores das longarinas, formando uma seção principalmente a corda superior. Uma tendên-
transversal fechada. O fechamento superior da cia que tem tido aceitação é a utilização de
seção caixão é feito pela laje do tabuleiro. Esta tubos na formação das treliças, dotando os el-
seção fechada se presta bem a absorção de es- ementos comprimidos de maior resistência à
forços de torção em pontes e viadutos curvos, flambagem.
apesar de existirem estruturas retas deste tipo.
As superestruturas de pontes pênseis e estaia-
das adotam também o caixão, desta feita com
uma concepção mais aerodinâmica. Quando o
tabuleiro é também em aço, chamar-se-á placa
ortotrópica. Este tipo de seção possui bom de-
sempenho em vigas contínuas, tanto de inércia
constante quanto de inércia variável.
97
Montagem de pontes, viadutos e passarelas
dos. Resultam daí a necessidade de grandes dade de vencer grandes vãos sobre rios, baías
vãos, apoiados em poucos pilares. A carac- ou canais. A concepção estrutural é semel-
terística mais marcante das pontes estaiadas hante as estaiadas: grandes vãos ladeados
é possuírem grandes torres, de onde partem por torres altas que sustentam o tabuleiro por
os cabos ou estais de sustentação do tabu- meio de cabos de aço. Entretanto, este tipo
leiro. Ao contrário das pontes pênseis, os ca- de ponte necessita de imensos blocos para
bos possuem um trajeto retilíneo, ancorados à ancoragem dos cabos principais que pendem
torre e inclinados. A concepção estrutural das de uma torre à outra. Isto leva a outra carac-
pontes estaiadas é bastante inteligente, visto terística freqüente destas pontes: a existência
que procura aproveitar as características dos de somente um vão entre duas únicas torres,
materiais com grande eficiência. As torres são visto a predominância dos blocos de ancora-
equilibradas, por sustentarem dois vãos viz- gem serem localizados em terra firme. As pon-
inhos da ponte, um de cada lado, dispensan- tes estaiadas, ao contrário, freqüentemente
do grandes blocos de ancoragem. O esforço possuem vãos sucessivos. Dos cabos princi-
resultante é de compressão sobre torres em pais das pontes pênseis pendem os tirantes
sua maioria construídas em concreto armado, verticais de sustentação das longarinas. Uma
material que se presta muito bem a este tipo preocupação nestas pontes é o efeito da carga
de solicitação. Os estais são cabos de aço tra- lateral devida ao vento, o que leva a tabuleiros
cionados, que são materiais muito singelos e com formatos aerodinâmicos resultantes de
de alta resistência à tração. O tabuleiro será análises em túneis de vento.
sustentado por longarinas ou seções caixão de
pequena inércia, pois vencerão os pequenos
vãos existentes entre um estai e outro. Isto re-
sulta em estruturas capazes de vencer longos
vãos livres sem grande consumo de materiais.
No ponto de ancoragem dos cabos sempre ex-
istirão transversinas, que completam o apoio
para a laje do tabuleiro ou transferem o apoio
dos estais as longarinas.
98
Possibilita a utilização de maiores vãos na integridade da estrutura durante a montagem,
laje do tabuleiro sem aumento do peso próprio visto que normalmente ocorrem nesta fase es-
da estrutura. Viabiliza a construção de pontes forços bem diferentes daqueles previstos no
com somente duas longarinas. Este tipo de projeto da estrutura.
tabuleiro vem substituindo progressivamente o
concreto armado convencional. Um problema típico da montagem de pon-
tes é a necessidade de estruturas auxiliares de
7.3.3 Pontes com tabuleiro em Placa custo relativamente elevado, e que devem ser
ortotrópica padronizadas de modo a poderem ser utiliza-
Possui esta denominação devido a sua dos em outras obras. Em alguns casos são ne-
constituição com uma chapa de aço fina for- cessárias verdadeiras estruturas secundárias
mando o piso. Esta chapa deve ser enrijecida para viabilizar a montagem da estrutura prin-
na face inferior nas duas direções, longitudi- cipal. Certas pontes exigirão inclusive funda-
nal e transversalmente ao eixo da ponte. Este ções provisórias entre dois pilares da mesoes-
tipo de tabuleiro é utilizado em grandes vãos, trutura.
em pontes levadiças, estaiadas e pênseis para
redução do peso próprio da estrutura. A capacidade da estrutura de suportar
as sobrecargas durante a montagem depende
7.3.4 Pontes com tabuleiro em Madei- antes de tudo da diferença entre os esque-
ra mas estáticos de montagem e o da estrutura
Estes tabuleiros são utilizados em pon- em serviço, bem como a proporção do peso
tilhões, pontes provisórias desmontáveis de próprio em relação às cargas acidentais e per-
emergência, passarelas e pontes ferroviárias. manentes (ex: veículos, tabuleiro, etc.), inexis-
tentes durante a montagem.
99
Montagem de pontes, viadutos e passarelas
100
outra balsa. Existem equipamentos marítimos 7.6.3 Montagem de pontes por lança-
flutuantes fabricados exclusivamente para as mento
operações de içamento no mar: as cábreas. A montagem por lançamento consiste em
Uma atenção suplementar deve ser dada ao pré-montar as longarinas da ponte sobre o ter-
equilíbrio da chata quando o guindaste estiver reno em uma das margens, e fazer a ponte in-
com a carga içada. Algumas balsas especiais teira se deslocar sobre apoios deslizantes até
possuem compartimentos estanques no casco sua posição final sobre o rio. Normalmente é
que são lastreados com água para manterem o necessário um bico de lançamento que é usa-
equilíbrio em qualquer situação de distribuição do como prolongamento provisório da ponte,
de cargas. A água será bombeada para dentro, em conjunto com um contrapeso para evitar o
para fora ou de um compartimento para outro tombamento da ponte sobre a água. O tabu-
em função da necessidade. Em balsas mais leiro, normalmente de concreto, será instalado
sofisticadas este processo é feito automatica- após o lançamento da ponte.
mente. Existem diversos processos de lança-
mento:
• A ponte desliza sobre roletes esta-
cionários - para a utilização deste proces-
so de lançamento, as longarinas deverão
possuir a superfície da mesa ou da corda
inferior isentas de quaisquer saliências.
• A ponte é dotada de rodas e desloca
sobre trilhos; pontes com vigas de inér-
cia variável ou com parafusos salientes
na corda inferior serão lançadas por este
método. Nestes casos irão necessitar de
peças agregadas as longarinas para pro-
Figura 7.8 – Montagem por balsa
mover o nivelamento dos troles com as
rodas. Os trilhos chegam somente até a
A montagem por balsa quase sempre se primeira margem, sendo este um proces-
faz em locais onde há ondas ou correnteza. so utilizado para vencer somente um vão
Nesta situação as balsas devem ser ancoradas por vez;
às margens ou a base da ponte para manter- • A ponte é dotada de roletes e estes
em a posição e a estabilidade, principalmente deslizam sobre canaletas – Semelhante
quando a peça da ponte estiver para ser de- ao anterior.
positada sobre os pilares. Qualquer movimen-
to imprevisto neste momento pode representar
grave risco para os montadores. Estes mes-
mos cabos de contensão e ancoragem muitas
vezes são também utilizados para rebocar as
balsas mais simples que não possuem propul-
são própria desde a margem de um rio, por ex-
emplo, até a posição de montagem. Os cabos
serão puxados por guinchos localizados nas
margens. Quando o trajeto a ser percorrido
pela balsa for longitudinal ao curso d’água, um
rebocador será necessário.
Figura 7.9 – Montagem de ponte por lançamento
101
Montagem de pontes, viadutos e passarelas
O processo de montagem por lançamento livre e dos esforços sobre as longarinas. Ora
apresenta diversas vantagens, sendo a princi- Dependendo da altura da estrutura ao solo
pal o fato de exigir equipamentos de pequeno (ou à superfície da água), estes apoios inter-
porte para o içamento das peças, pois a pré- mediários encarecerão muito este processo. O
montagem se faz junto a uma das margens do ideal é que a ponte seja projetada pensando-
curso d’água. A descarga das peças da estru- se no processo de montagem, evitando-se que
tura será feita nesta mesma margem, elimi- se descubra tardiamente a necessidade de
nando a necessidade de transportar as peças apoios ou outras estruturas provisórias.
sobre a água.
O princípio fundamental do lançamento é
Isto significa uma grande economia, o equilíbrio da viga sobre dois ou mais pon-
devido à concentração na área de pré-monta- tos de apoio. Para haver estabilidade durante
gem de todas as operações que envolvem a o lançamento, o peso sobre a margem deve
execução das soldas de emendas e do lança- ser superior ao peso sobre o vazio, mais um
mento, com a instalação de guindastes, má- coeficiente de segurança que garanta a não
quinas de solda, compressores, guinchos e ocorrência do tombamento sobre o vazio. Isto
geradores, num mesmo local. Além disso, o fa- se calcula pela determinação dos momentos
tor segurança é excepcional, pois os operários de tombamento em torno da última lagarta ou
trabalham sobre terra firme, ao contrário de rolete localizado na margem. Para que o mo-
outros processos. mento de tombamento sobre o vazio seja bem
menor que o momento de tombamento sobre
Apesar destas facilidades, se fazem ne- o terreno da área de pré-montagem, o peso
cessárias diversas verificações da estrutura do bico de lançamento deve ser menor que o
frente aos esforços que agirão sobre a mesma peso da estrutura, e um contrapeso deverá ser
durante o lançamento. Quando a ponte é au- instalado à ré da ponte.
toportante durante o lançamento, é indiferente
a altura dos pilares e consequentemente das Qualquer ponte contínua com mais de um
longarinas ao solo. Entretanto, se as estrutu- vão pode ser lançada sem contrapeso e com
ras não resistirem ao lançamento, serão ne- um pequeno bico de lançamento. Basta que o
cessários reforços estruturais, apoios inter- peso das longarinas sobre a margem seja bem
mediários ou ambos ao mesmo tempo. Estes superior ao peso das estruturas projetadas so-
apoios serão localizados entre os pilares da bre o vazio. Tudo vai depender dos estudos do
ponte de forma a promover a redução do vão tombamento feitos para cada caso específico.
FASE 1
102
FASE 2
FASE 3
FASE 4
103
Montagem de pontes, viadutos e passarelas
FASE 5
FASE 6
FASE 7
104
FASE 8
FASE 9
Aparentemente, a ponte e o bico poderão cução das soldas das emendas. Após, instala-
ser montados sobre a margem e deslocados se o aparato de tração da ponte, que pode ser
de uma só vez para a outra margem. No entan- um dos seguintes:
to, a operação de lançamento exige uma série
de providências preparatórias para que a mes- • Guinchos instalados à frente, ou como
ma tenha sucesso. é mais freqüente, instalados à ré. O tipo
de guincho mais utilizado são os movidos
A montagem por lançamento se inicia por motor a diesel, que estão entre os de
pela instalação de um freio eficiente à ré da maior capacidade. Os cabos de tração
ponte, para evitar que a mesma deslize aci- devem ser instalados com redução ded
dentalmente. Em seguida, procedem-se à re- diversas roldanas, permitindo o arraste
moção dos skids provisórios utilizados para o de cargas maiores e reduzindo a veloci-
apoio das partes de longarinas antes da exe- dade de arraste. A instalação do guincho
105
Montagem de pontes, viadutos e passarelas
106
apoios simultâneos em lançamentos de da. Caso haja desconformidade na mon-
pontes de um só vão. Caso seja uma tagem, reconferir as medidas e o com-
ponte com diversos vãos, deve-se evi- primento das peças problemáticas, bem
tar a ocorrência de um vão entre roletes como os vãos nos quais serão montadas
maior que o próprio vão da ponte. Se as longarinas.
isso ocorrer, o bico poderá não resistir e
a ponte tombar dentro do rio. Caso parte • Os serviços topográficos deverão ser
da carga descansar sobre outros roletes anotados em caderneta para posterior
da primeira margem, além de diminuir a apresentação de relatórios, contendo
compensação do contrapeso e o braço croquis da vista superior das longarinas e
de alavanca, o vão fica aumentado. A li- detalhes dos mesmos.
berdade da cauda se obtém pela coloca-
ção elevada dos berços de lançamento • Amarrar os eixos longitudinais e trans-
antes da montagem ou removendo-se os versais da obra, com pontos topográficos
roletes de ré. e bandeirolas nos blocos de apoio das
longarinas. Posicionar corretamente as
• Se a extremidade da ponte estiver to- torres e roletes, de acordo com o alinha-
cando no chão, é necessário cavar sob mento do eixo central longitudinal da obra
ambos os lados da ponte um sulco de de tal forma que sua posição não coinci-
profundidade e comprimento tal que evi- da com o local de emenda da solda da
te o arrastamento dos flanges. É o últi- longarina.
mo recurso para garantir a condição de
liberdade de toda a cauda da ponte. Nes- • Os roletes deverão estar alinhados, es-
te momento, o bico suporta, na margem paçados e nivelados de acordo com o pla-
oposta, cada vez mais peso da ponte que nejamento do lançamento. Normalmente
se aproxima. os roletes são colocados em nível perfei-
tamente horizontal, a despeito da contra-
• Fazer as amarrações dos eixos longitu- flecha. Durante o estudo do lançamento
dinais e transversais de cada base, com deve, por isso, ser estudada cuidadosa-
pontos e bandeirolas, facilitando o posi- mente a possibilidade de o vão entre os
cionamento correto das placas de base pontos apoiados ser maior que o vão da
nas colunas. Todas as medidas deverão ponte. O que ocorre é que, com a contra-
ser exatas de acordo com as medidas flecha, a ponte descolará de algum rolete
contidas no desenho da obra. Assentar por não estar submetida a esforços sufi-
corretamente os calços de apoio das pla- cientes para abaixar a longarina, anulan-
cas de base (caso existam), dentro da do a contra-flecha.
cota do projeto. Os Skids que servirão de
apoio para as longarinas, deverão estar • Verificar se o cabo do guincho está posi-
alinhados, esquadrejados e nivelados já cionado no eixo central, tanto no conjunto
com a contra-flecha, de tal forma a não a ser deslocado, quanto na roldana guia
coincidir com as emendas soldadas da do cabo, instalada no lado aposto ao lan-
viga. çamento. Instalar o aparelho topográfico
no eixo central da obra e em lugar segu-
• As longarinas deverão ser alinhadas, ro, para acompanhar o lançamento, veri-
niveladas, esquadrejadas de acordo com ficando se o conjunto está se deslocando
sua contra-flecha, antes da solda das no eixo. Caso ocorra desvio, posicionar
emendas e serem conferidas após a sol- novamente o conjunto no eixo central.
107
Montagem de pontes, viadutos e passarelas
108
trole desta operação se desenvolvem na bos que sustentarão a ponte servem de cabos
extremidade do balanço. Isto represen- mensageiros para os trolleys, que são dotados
ta uma grande parte dos trabalhos de de mecanismos de içamento e se movimentam
campo, executados freqüentemente em sobre os cabos. Assim, as peças são alimen-
condições difíceis (sobretudo para se tadas por balsas e “pescadas” pelo trolley, que
resguardar da ação dos ventos), pondo as ligam às peças já montadas.
como prioritário o problema da segurança
do pessoal envolvido.
7.7 Equipamentos utilizados na
• A área de trabalho é limitada ao perí- montagem de pontes
metro das seções a serem ligadas. A
montagem se desenvolve em ciclos, com
grande interdependência entre as fases: 7.7.1 Introdução
uma só inicia quando a anterior for exe- Para a execução da montagem de pon-
cutada por completo. Por isso, procura- tes e viadutos, são necessários equipamentos
se multiplicar as frentes de avanço para especiais para o içamento das peças que com-
se minimizar o prazo da obra, o que vem põem as estruturas. Sem estes equipamen-
a onerar os custos finais de montagem. tos, torna-se impossível qualquer operação de
montagem, devido às elevadas cargas envol-
Pode-se enumerar algumas modalidades vidas.
de montagem por balanços sucessivos, sem
no entanto pretender esgotar o assunto : Entre os principais equipamentos de mon-
tagem destacam-se os guindastes, os derricks,
a) Balanços sucessivos montados por as gruas e os guinchos, estes utilizados quase
meio de guindastes ou de derricks sobre o pró- sempre como tracionadores em montagens
prio tabuleiro da ponte. A alimentação das pe- por lançamento. Nos últimos 40 anos houve
ças pode ser feita sobre o tabuleiro já monta- uma extraordinária evolução dos equipamen-
do, sendo transportadas a partir das margens tos de montagem. Ao tradicional Derrick foram
através de cavalos mecânicos; ou transpor- se somando outras máquinas, com maior mo-
tadas por balsa sobre a água na projeção do bilidade, capacidade portante e sistemas com-
vão. Neste caso as longarinas são “pescadas” putadorizados de comando.
pelo equipamento de içamento.
A partir de um estudo aprofundado quan-
b) Balanços sucessivos montados por to aos custos e prazos envolvidos, ao desem-
meio de guindaste situado sobre uma balsa. penho de cada equipamento, ao peso próprio
As peças estarão sobre a mesma balsa e serão e reações máximas, às situações específicas
içadas até a extremidade do balanço. Algumas durante a obra; chega-se à conclusão que
limitações desta modalidade são a capacida- equipamentos atendem satisfatoriamente ao
de portante das balsas disponíveis, a lança do problema.
guindaste em função da altura de içamento, a
profundidade do curso d’água e a presença de Os equipamentos mais comuns como
correntezas fortes. gruas e guindastes são apresentados no Ca-
pítulo 3. Descrevem-se abaixo os equipamen-
c) A montagem por balanços sucessi- tos de içamento mais específicos utilizados na
vos por meio de troles suspensos em cabos montagem de pontes e não apresentados na-
de aço que atravessam todo o rio é aplicada quele capítulo.
nos casos de pontes pênseis. Os próprios ca-
109
Montagem de pontes, viadutos e passarelas
7.7.3 Travellers
São estruturas provisórias deslizantes
utilizadas em montagens por balanços su-
cessivos. São utilizadas para o içamento e
sustentação das novas peças, além de pro-
porcionarem uma plataforma de trabalho aos
montadores. O traveller se apoia sobre a ex-
tremidade já montada da ponte e se projeta em
parte sobre o vazio para o início do próximo
Figura 7.12 – Derrick estaiado (guy derrick) ciclo. A vantagem sobre os derricks é sua sim-
plicidade, além de servir de sustentação às for-
Stiffleg Derrick mas do tabuleiro quando este for em concreto
O mastro é mantido na posição vertical moldado no local.
por um par de hastes que formam em planta
um ângulo de 90°. Este mastro e a lança são
em tudo similares aos de um derrick estaiado
(guy derrick), mas não existem mais os proble-
mas de interferências da lança com os estais,
e nem tampouco as limitações quanto à mobi-
lidade, visto que os stiffleg derricks são estru-
Figura 7.14 – Traveler
110
7.7.4 Treliça lançadeira elétricos, a diesel ou por ar comprimido.
As treliças lançadeiras são equipamen-
tos na forma de grandes treliças, que operam Geralmente os guinchos movidos a diesel
sobre apoios deslizantes, ocupando o vão no são os que possuem as maiores capacidades,
qual a estrutura será montada. Essas treliças sendo por isso os preferidos na montagem de
são mais utilizadas na montagem de estrutu- pontes por lançamento, devido às grandes car-
ras de concreto protendido devido ao grande gas envolvidas. Para se tirar maior proveito do
peso próprio das vigas. Caso não se disponha equipamento, é usual a utilização de jogos de
de treliça lançadeira, a montagem de vigas de roldanas para se reduzir a força de tração no
concreto protendido exigirá guindastes de al- cabo de acionamento, e consequentemente, a
tas capacidades, mesmo assim limitado à hi- capacidade necessária do guincho.
pótese de montagem sobre o solo, no caso de 7.7.6 Macacos trepadores
viadutos. Estes equipamentos são utilizados como
auxiliares da montagem de grandes cargas,
Por outro lado, a montagem por lança- exclusivamente na vertical. Por isso, se pres-
mento convencional de vigas de concreto é tam ao içamento de vãos inteiros de pontes, à
proibitiva pela inversão de momentos durante partir das extremidades.
o processo, incompatível com este tipo de es-
truturas. Daí o fato de a treliça lançadeira ser 7.8 Montagem de passarelas
praticamente a única solução de montagem de
estruturas de concreto protendido, sendo uma 7.8.1 Generalidades
alternativa para as estruturas em aço em cer- A montagem de passarelas é bastante
tos casos. semelhante à montagem das pontes, mas com
a ocorrência de peças muito mais leves e equi-
Na parte superior da treliça e transversal- pamentos consequentemente menores. Todas
mente a ela, existem duas pontes rolantes mu- as técnicas descritas acima para as pontes e
nidas de guinchos, dimensionadas para sus- viadutos se aplicam às passarelas. A possibili-
penderem e transladarem as vigas. O conjunto dade de realizar a montagem de grandes vãos
destas duas pontes rolantes e mais a cabine da estrutura de uma só vez, é real no caso das
onde estão o gerador, o quadro de comando passarelas. Como as peças possuem peso re-
e o motor, deslocam-se longitudinalmente, em duzido, será possível transportar a passarela
cima da treliça transportando a viga. quase pronta de fábrica para o local da mon-
tagem. Com uma rápida pré-montagem, iça-se
Cada conjunto de apoio da treliça é cons- uma grande parte da estrutura com equipa-
tituído de dois carrinhos com balancins, sobre mento de custo relativamente baixo num curto
os quais deslizam os trilhos dos banzos infe- espaço de tempo. Esta característica permite a
riores da treliça. Estes carrinhos, por sua vez, utilização de passarelas de estruturas de aço
deslizam transversalmente à treliça, em cima sobre movimentadas avenidas quase sem in-
de trilhos, permitindo o deslocamento transver- terrupção do trânsito.
sal das vigas.
7.7.5 Guinchos
Os guinchos são equipamentos de tra-
ção, utilizados para puxar cargas na horizon-
tal. Com o auxílio de roldanas, também podem
ser utilizados para içamentos na vertical. Os
guinchos podem ser acionados por motores
Figura 7.15 – Passarela de pedestres em aço
111
Montagem de pontes, viadutos e passarelas
112
Capítulo 8
Outros tipos de estrutura
113
Outros tipos de estrutura
114
será passado por diversas polias de mudan- metros. As seções serão interligadas entre si
ça de direção até que esteja alinhado com o por meio de conexões de encaixe, flangeadas
equipamento de tração. Para a tração poderá ou parafusadas. Este tipo de torre é eminente-
ser utilizado um trator ou outro veículo adequa- mente urbano, facilitando a utilização de guin-
do ao terreno. O içamento é feito afastando-se dastes na montagem. A torre poderá ser pré-
lentamente o trator da torre. No içamento de montada na horizontal e verticalizada por um
peças ou conjuntos maiores serão necessários guindaste desde que suporte bem este tipo de
dois ou mais cabos de içamento. Para isto deve solicitação. Outro processo de montagem será
ser instalado um pau-de-carga para cada linha pelo içamento seção por seção. Neste caso,
de içamento, interligando cada um ao veículo pode ser utilizado um pau-de-carga colocado
trator através de olhais e manilhas. entre torres de andaimes montadas em tor-
no da torre. Os postes treliçados poderão ser
montados pelos mesmos processos.
115
Outros tipos de estrutura
116
do costado, o pau-de-carga poderá ficar
estacionário junto ao primeiro anel para o
içamento das demais chapas. As chapas
do segundo anel serão içadas uma a uma
e deslocadas para sua posição por meio
de roletes que deslizam sobre o topo e a
lateral das chapas do anel inferior.
• Derrick situado no centro do tanque,
apoiado sobre o fundo. A lança deste der-
rick terá comprimento suficiente para al-
cançar as chapas estocadas e içar uma a
Figura 8.6 – Montagem de tanque de armazenamento
uma sobre o anel inferior. O mastro verti-
cal do derrrick poderá ser a própria colu-
na central da estrutura do teto.
A fabricação dos tanques cilíndricos se li-
mita a calandragem do costado, a preparação • Utilização de um guindaste para o iça-
das bordas das chapas, bocais flangeados, es- mento das chapas do costado.
trutura do teto e acessórios. As demais ativida-
des se desenvolvem no campo durante a mon- Devem ser instalados previamente ba-
tagem. As fundações são formadas por uma toques metálicos no fundo para o posiciona-
cinta cincunferencial em concreto armado sob mento do primeiro anel do costado. As chapas
o costado. Normalmente a carga do fundo se vizinhas são ajustadas umas as outras por
distribui diretamente sobre o terreno compacta- cunhas de atracação antes do primeiro passe
do e impermeabilizado. Inicia-se a distribuição de solda. Após o posicionamento e soldagem
das chapas do fundo sobre a base. As soldas do primeiro anel, se faz o içamento das cha-
do fundo serão normalmente por justaposição pas do segundo anel do costado de forma a
com traspasse de uma chapa sobre a outra, não coincidir as juntas verticais com as juntas
com soldas de filete na espessura da chapa do anel inferior. As chapas do segundo anel
superior. O fundo possui um anel de chapas serão atracadas de topo sobre as chapas do
sob o costado, que deve estar bem nivelado primeiro. Após a soldagem das juntas verticais
para um perfeito assentamento das chapas e complementação da atracação de um anel
do costado . Chama-se anel anular. As juntas sobre o outro, será feita a solda circunferen-
transversais são executadas por primeiro, for- cial horizontal. Esta solda poderá ser executa-
mando tiras de chapas. As juntas longitudinais da por equipamento automático pelo proces-
devem ser executadas de forma a se evitarem so de arco submerso, de grande rendimento,
as deformações provenientes das contrações que desliza sobre as chapas do segundo anel.
de soldagem. A montagem do costado se faz Para os demais anéis do costado o método se
pelo içamento das chapas horizontalmente e repete. Para a montagem do teto, é necessá-
posicionadas sobre o anel do fundo. Para o ria a montagem prévia da estrutura suporte.
içamento das chapas do costado podem ser Após, as chapas são içadas sobre a estrutura
utilizados os seguintes processos: do teto.
• Pau-de-carga situado em um ponto pró-
Tanques de teto flutuante – São reser-
ximo do costado, que levanta uma chapa
vatórios de derivados de petróleo de alta vola-
por vez. Durante a montagem do primeiro
tilidade como a gasolina. O fundo e o costado
anel o pau-de-carga será deslocado para
são similares aos de tanques de teto fixo. A ca-
o centro de cada chapa a ser verticaliza-
racterística principal deste tipo de tanque é o
da. Após o fechamento do primeiro anel
117
Outros tipos de estrutura
118
reforçadas internamente por “aranhas” para 8.6 Montagem de estruturas
manterem a circularidade. Devido a grande al- espaciais
tura destas estruturas e as dificuldades de sol-
dagem anel por anel, é preferível a fabricação As estruturas espaciais se caracterizam
de alguns trechos formados por vários anéis por seu baixo peso se comparadas com as
de chapas calandradas, resultando em com- estruturas planas. São formadas normalmen-
primento adequado para o posterior transporte te por tubos e nós padronizados que se entre-
para o campo. Os segmentos maiores forma- laçam em um reticulado espacial segundo um
dos pela união dos trechos menores deverão padrão definido. Pode se definir as estruturas
ser verticalizados antes do posicionamento so- espaciais como uma placa composta destes
bre as bases e também sobre os segmentos elementos, cuja a dispersão lateral e a loca-
já previamente montados. As chaminés são lização estratégica dos apoios leva a uma oti-
construídas em chapas mais finas e são rela- mização de sua resistência e a um aproveita-
tivamente mais altas e esbeltas que os vasos mento ótimo do material.
de pressão e não suportariam a verticalização A montagem das estruturas espaciais em
completas. Esta verticalização dos segmen- si é bastante simples, bastando unir-se os vá-
tos deverá ser feita com dois guindastes. Um rios elementos a cada nó da estrutura, forman-
primeiro equipamento faz o içamento da parte do os módulos básicos que se repetirão con-
superior, enquanto um segundo, capaz de se forme a região da cobertura. Entretanto, seria
deslocar com a carga, faz o arraste da parte dispendioso a montagem de cada pequeno
inferior até o aprumamento do conjunto. Tam- tubo por meio de guindaste, já na posição que
bém os vasos de pressão são fabricados em ocuparia na estrutura. No caso das estruturas
segmentos menores a serem transportados espaciais os elementos e nós possuem peque-
para o canteiro. Após a chegada no canteiro, no peso e poderão ser montados manualmen-
executa-se a soldagem dos trechos entre si te ou por pequenos guinchos, formando toda
com o eixo do vaso de pressão na horizontal, a estrutura sobre cavaletes ao nível do solo.
junto ao solo. Neste caso poderá ser viável a Após a montagem de toda a estrutura em tor-
verticalização de toda a peça completa, o que no dos pilares, na sua projeção, faz-se o iça-
deverá ser estruturalmente verificado. O pro- mento de todo o conjunto por meio de talhas
cesso de verticalização poderá ser o mesmo e paus-de-carga localizadas nas regiões dos
aplicado aos segmentos das chaminés ou ain- pilares. Somente as diagonais principais, que
da outro: Torres situadas em ambos os lados descarregam as cargas da estrutura sobre os
promovem o içamento da parte superior por pilares, serão montadas no alto. O restante da
meio de macacos trepadores enquanto a infe- montagem se fará ao nível do piso.
rior desliza sobre trilhos ou é deslocada por um
guindaste sobre esteiras.
121
Planejamento e orçamento de montagem
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Planejamento e orçamento de montagem
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Planejamento e orçamento de montagem
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1) Identificar os recursos necessários diretamente na execução dos serviços,
para completar cada atividade. Listar os ma- como: montadores, maçariqueiros, sol-
teriais, equipamentos, mão de obra e outros dadores, topógrafos, ajudantes, eletricis-
recursos necessários. tas, etc.
2) Estimar os quantitativos básicos de • Equipamentos : Guindastes, guindastes
cada atividade (toneladas, m2, peças). veiculares, gruas, guinchos, compresso-
3) Qualificar a razão entre as quantida- res, geradores, máquinas de solda, an-
des de unidades de recursos serão necessá- daimes, etc.
rios por unidade de cada atividade (ex.: Hh/t).
4) Quantificar os recursos necessários • Ferramental : estropos, esticadores,
para a execução de cada atividade. manilhas, patescas, talhas-catraca, ta-
5) Comparar os recursos necessários lhas-tirfor, chaves manuais, máquinas de
com os recursos disponíveis. torque, cordas e cabos de aço, porta-ele-
6) Determinar o prazo da atividade e alo- trodos, conjunto oxi-acetileno, estufas, li-
car recursos em função deste prazo ou vice- xadeiras, cabos de solda, extensões elé-
versa. tricas, etc.
• Canteiro de obras : Transformadores,
Estabelecendo Recursos barracões, conteineres, escritórios, refei-
O primeiro passo para a alocação de re- tório, alojamentos, banheiros e sanitários,
cursos é a identificação de quais serão neces- ferramentaria e almoxarifado, guarita, te-
sários e estabelecer o custo por unidade ou lefones, móveis, materiais de expediente,
equipe para a conclusão da atividade. A seguir, cercas, tapumes, etc.
considerar o número máximo de unidades dis-
• Veículos : automóveis, caminhonetes,
poníveis de cada recurso. Após se estabelecer
caminhão-carroceria, ambulância, etc.
as necessidades e limites dos recursos neces-
sários, compara-se a demanda com a disponi- • Materiais e consumíveis : eletrodos de
bilidade. É provável que existam períodos onde solda, eletrodos de grafite, discos de cor-
as necessidades excedem a disponibilidade e te e de desbaste, bicos de corte, cilindros
em outros ocorra capacidade ociosa. Haverá a de oxigênio, GLP ou acetileno, tintas e
necessidade de nivelamento dos recursos ao solventes, rolos e trinchas, equipamentos
longo do tempo de forma a se utilizar o máximo de proteção individual, material de expe-
possível a disponibilidade. diente, óleo diesel, gasolina, etc.
127
Planejamento e orçamento de montagem
dias. A grua estará a disposição até que se Os histogramas são muito úteis para o
possa desmobilizá-la definitivamente. Até que nivelamento de recursos, facilitando a visua-
isso seja possível, os custos de aluguel da lização de janelas e superposições. Também
grua serão contínuos, devendo permanecer no para a elaboração dos orçamentos são im-
planejamento e no orçamento todo o período a portantes, tanto para a listagem dos recursos
disposição da obra. Desta forma, os recursos quanto para cálculo do tempo de permanência
devem ser alocados sem janelas que, na práti- de cada um.
ca, não ocorrerão.
9.6 Orçamento
9.5 Cronogramas
Cada orçamentista cria o seu próprio mé-
Para que se possa analisar as ativida- todo de trabalho. A empresa montadora de es-
des graficamente ao longo do tempo e em ter- truturas decide de que maneira irá apropriar os
mos de inter-relações entre si, apresenta-se o custos das obras e este fato determina o modo
planejamento físico na forma de cronograma, como os mesmos serão calculados na fase de
onde no eixo das ordenadas apresentam-se orçamento.
as tarefas e no eixo das abscissas a linha do
tempo. O orçamento deve ser abrangente, não
desprezando nada de relevante e ser isento
Geralmente os cronogramas são apre- de contingenciamentos. A forma dada ao or-
sentados na forma de diagrama de barras ou çamento deve em tudo ser compatível com a
gráfico de GANTT, como é conhecido. Cada maneira e a característica do controle a ser
atividade parcial é listada normalmente na or- exercido após o início da obra.
dem cronológica de execução, de cima para
baixo e à direita, indica-se por unidade de tem- Outro aspecto relevante é a qualidade e a
po, a duração da atividade por meio de uma quantidade das informações disponíveis a res-
barra horizontal. peito da obra na ocasião do orçamento. A su-
(ver figura 9.2 - Exemplo de cronograma) perficialidade nas informações é a responsável
por muitos insucessos.
Histograma de mão-de-obra
O objetivo do Histograma de mão-de- São apresentados abaixo alguns métodos
obra é propiciar a visualização das funções e o de elaboração do orçamento de montagem:
número de profissionais de cada uma por uni-
dade de tempo. Geralmente é apresentado na 1. O orçamento poderá ser elaborado
forma de planilha, onde constam as especiali- detalhadamente, contemplando todos os itens
dades à esquerda e o número de cada uma à necessários à sua realização, baseando-se as
direita. quantidades adotadas em dados históricos da
(ver Figura 9.3 - Exemplos de histogramas) empresa, e os custos unitários de mão-de-obra
e equipamentos levantados junto ao mercado.
Histograma de equipamentos Deve-se estimar a duração de cada atividade,
O Histograma de equipamentos é se- somando-se as horas trabalhadas de todos
melhante ao de mão-de-obra e o objetivo é os trabalhadores envolvidos diretamente bem
descrever ao longo do tempo a quantidade de como os custos de todos os demais recursos
cada equipamento. Logicamente, um e outro necessários.
são frutos do planejamento da obra, que por
sua vez devem ser compatíveis com o orça-
mento.
128
Figura 9.2 - Exemplo de cronograma
Figura 9.3 - Exemplos de histogramas
2. Baseando-se no peso estimado para pintura das estruturas, preparação de tintas,
a estrutura e de posse do valor de mercado, limpeza de superfícies e lixamento.
arbitrar um custo unitário por tonelada (dedu- 10. Soldador – também chamado de ope-
zindo-se o BDI) que deverá ser obtido quando rador de solda, executará a soldagem das pe-
da execução da obra. ças entre si utilizando máquinas retificadoras/
3. Adotar uma produtividade em Hh/t con- transformadoras de solda.
forme o tipo de obra e calcular o consumo total 11. Ajudante – auxilia todos os demais.
de Hh baseado no peso da estrutura. Obter um
custo do Hh que contemple a mão-de-obra di- Para a elaboração do orçamento detalha-
reta, indireta, canteiro, equipamentos, consu- do apresenta-se abaixo um listagem dos itens
míveis, taxas, etc. Multiplicar o total de Hh pelo a serem apropriados na montagem de estru-
custo unitário obtido. turas:
131
Planejamento e orçamento de montagem
A obtenção dos preços de venda das A proposta poderá ser dividida em duas:
obras é resultante de todo o trabalho dos di- Proposta comercial, onde a proponente irá
versos profissionais envolvidos no orçamento apresentar os preços dos serviços, e a propos-
de custos e na solução técnica de montagem. ta técnica onde informará as especificações
Seu objetivo é o de ser apresentado para a dos serviços e produtos ofertados.
apreciação do cliente visando a contratação
da montagem. Na formação do preço de ven- • BDI
da estarão todos os custos apurados no orça- O preço de venda será ainda formado pe-
mento, além dos impostos incidentes, lucro e los custos apurados no orçamento e pelo cha-
despesas administrativas. mado BDI, benefícios e despesas indiretas. Em
algumas empresas os impostos fazem parte do
• Preços de Serviços BDI, em outras não. Neste exemplo o BDI será
Os contratos de prestação de serviços apresentado sendo formado apenas pelo lucro
são aqueles fornecimentos que não se limitam e as despesas administrativas. Concebemos o
ao fornecimento de materiais, nos quais existe BDI composto de duas partes principais:
o fornecimento de mão-de-obra. A prestação
de serviços de montagem fica patente sobretu- I. Lucro
do quando as estruturas de aço são fornecidas II. Despesas administrativas
por terceiros ou mesmo quando a matéria pri-
ma é adquirida pelo cliente. O lucro é a remuneração que a empresa,
como pessoa jurídica, obterá com a execução
Por exemplo, na montagem de estrutu- da obra. Este montante de recursos irá para o
ras, eventualmente a montadora irá executar caixa da empresa e servirá para o seu cresci-
as juntas soldadas utilizando eletrodos de sol- mento, para remunerar o capital investido pe-
da de seu fornecimento. Mas a incidência des- los acionistas e seus colaboradores.
tes materiais é minoritária em relação ao obje-
to principal, ou seja a prestadora de serviços As despesas administrativas são os cus-
não está vendendo eletrodos, mas sim servi- tos indiretos decorrentes do funcionamento da
ços de montagem. Os eletrodos não constarão empresa e que não estão diretamente envolvi-
sequer em uma nota fiscal discriminados como dos nos trabalhos de campo durante a monta-
tal. Assim, ainda que possam envolver o con- gem. De certa forma, estas despesas podem
sumo de materiais, a prestação de serviços é ser interpretadas como os custos fixos que a
uma atividade eminentemente de fornecimen- empresa incorre ao longo do mês e que não au-
to de mão-de-obra. mentam nem diminuem necessariamente com
a produção. Estes custos administrativos em
• Proposta muitos casos são os custos daqueles depar-
Após a elaboração do orçamento, o de- tamentos de apoio às atividades de produção,
partamento de vendas irá elaborar uma pro- sem os quais não seria possível realizá-los:
132
I. Salários de pessoal de escritório; Ainda que o recolhimento dos impostos
II. Encargos sociais obrigatórios; não ocorra simultaneamente com o faturamen-
III. Encargos financeiros; to, o fato de embuti-los nos preços funciona
IV. Tarifas bancárias; como um aprovisionamento de verbas a serem
V. Retiradas dos sócios e remuneração utilizadas no futuro. Entretanto, o número de
da diretoria; retenções efetuadas no ato da emissão das
VI. Honorários diversos; notas fiscais já está tão elevado, que a parcela
VII. Materiais de limpeza, expediente, a ser recolhida futuramente está cada vez me-
manutenção, café, etc. nor. Para estes tributos, a empresa cria uma
VIII. Aluguéis de imóveis; reserva financeira que deverá existir na opor-
IX. Despesas com veículos; tunidade em que efetivamente fizer o recolhi-
X. Propaganda, feiras e eventos; mento.
XI. Despesas de viagens;
XII. Despesas de elaboração de propos- Existem tributos e contribuições inciden-
tas e de vendas; tes sobre o faturamento e outros que depen-
XIII. Empresas terceirizadas; dem dos lucros auferidos no futuro e devem
XIV. Despesas com vale-transporte, re- ser estimados.
feições, planos de saúde, exames admis-
sionais do pessoal da administração. Proposta Técnica
A segunda parte da proposta possui um
Estes custos deverão ser reembolsados conteúdo técnico. Nestes documentos a pro-
pelas obras executadas, pois caso contrário, ponente irá demonstrar sobretudo conheci-
os lucros destes contratos estarão prejudi- mento sobre as características técnicas da
cados. Ainda que os custos de execução da obra, apresentando:
montagem estejam dentro dos orçamentos
previstos, se as despesas administrativas não a) Lista dos equipamentos a serem utili-
forem apropriadas adequadamente, as obras zados;
poderão dar prejuízo. Há duas maneiras mais b) Histograma dos equipamentos;
comuns de apropriação das despesas admi- c) Histogramas de mão de obra;
nistrativas: d) Lay-out do canteiro de obras;
e) Cronograma físico das fases da obra;
• Levantamento de um percentual a ser f)Descritivo do processo construtivo;
considerado por dentro dos preços de g) Organograma do canteiro de obras;
venda dos serviços; h) Currículos dos profissionais alocados
no organograma;
• Reembolso destas despesas por fora i) Certificado de visita técnica;
dos custos de comercialização, como
verba prevista de um rateio previamente Qualificações
definido. Com o intuito de se prevenir contra pro-
blemas futuros com maus fornecedores, os
Impostos clientes exigem uma série de qualificações
prévias das proponentes. Poderíamos classifi-
Existe em nosso país um considerável car estas qualificações em três grupos:
aparato tributário e fiscal, de aplicação obriga- • Qualificação Fiscal;
tória. Os impostos devem ser embutidos nos • Qualificação jurídica;
preços pois certamente significam menos re- • Qualificação técnica.
cursos a ingressarem nos cofres da empresa. • Qualificação Fiscal
133
Planejamento e orçamento de montagem
134
(b) Preço Global com Itemização da obra sabemos que será necessário um perí-
Semelhante ao anterior mas com os itens odo de tempo, e que em cada dia a empreiteira
que formam o preço global listados de forma irá aplicar recursos seus para realizá-la.
clara quanto às especificações, quantidades e
preços unitários. Desta forma, continua existin- Alguns custos da montadora serão pa-
do uma previsão do preço total, mas com maior gos ao final do mês civil, como os salários dos
facilidade de negociação de quantidades dife- funcionários; outros, ao final de um período de
rentes das contratuais. 15 ou 30 dias, independentemente do calendá-
rio civil. Outros custos serão quase aleatórios
(c) Preços Unitários como despesas do canteiro de obras; alguns
O contrato é complementado por uma custos serão necessários antes do início da
planilha de preços unitários na qual se itemi- obra; outros custos ocorrerão após seu térmi-
zará toda a obra, com uma descrição resumida no.
e a quantidade prevista de cada item, o preço
unitário e o subtotal resultante. Assim, a montadora terá de elaborar um
Neste tipo de contrato existe uma grande cronograma físico-financeiro com os gastos
liberdade de alteração das quantidades origi- distribuídos ao longo do tempo, para que pos-
nais, visto que os preços unitários são os va- sa avaliar um adequado cronograma de fatu-
lores que comandam o contrato. Antes do iní- ramento, ou forma de pagamento do contrato.
cio da obra, obviamente, existem quantidades Afinal, em todos os preços ofertados ao clien-
previstas para cada item que, dependendo da te, devem estar embutidos os seus custos e o
exatidão inicial, pouco vão variar até o final do lucro. Se acaso durante algum período o fatu-
contrato. Semelhante ao anterior. ramento não cobrir os custos, o construtor terá
que lançar mão de empréstimos bancários,
No caso das estruturas em aço, as quan- sob o risco de não honrar seus compromissos
tidades são medidas em peso, por quilogra- e comprometer faturamentos futuros.
ma ou por tonelada. Ainda que de aplicação
e acompanhamento muito facilitados, estas Formas de medição da Montagem
quantidades expressas em peso não fazem Como a montagem é executada no local
parte dos parâmetros comuns aos empreen- da obra, é extremamente simples constatar ou
dedores, que costumam raciocinar em termos não a execução da montagem das estruturas
de custos por metro quadrado. É conveniente para a elaboração das medições. Os pagamen-
sempre expressar a obra de estruturas de aço tos da montagem serão baseados nas quanti-
para edifícios também em quantidades relati- dades efetivamente montadas à partir de me-
vas por metro quadrado, ou seja, kg/m². dições a cada 15 ou 30 dias, por exemplo.
135
Planejamento e orçamento de montagem
• Fiscalização
136
Bibliografia
Bibliografia
138
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139
Bibliografia
140
Anexos
Anexos
• do Cabo de • do Cabo de
Aço Aço
pol mm kN kN kN kN kN kN
3/16" 4,8 2,7 2,0 5,4 4,8 3,9 2,7
1/4" 6,4 5,0 3,7 10,0 8,6 7,0 5,0
5/16" 8,0 7,5 5,7 15,0 12,9 10,7 7,5
3/8" 9,5 10,9 8,2 21,8 18,8 15,4 10,9
7/16" 11,1 14,5 10,9 29,0 25,2 20,4 14,5
1/2" 13,0 20,0 15,0 39,9 34,5 28,1 20,0
9/16" 14,3 24,0 18,1 48,1 41,7 34,0 24,0
5/8" 16,0 29,9 22,5 59,9 51,7 42,4 29,9
3/4" 19,0 43,1 32,2 86,2 74,8 60,8 43,1
7/8" 22,0 58,1 43,5 116,1 100,7 82,1 58,1
1" 26,0 75,8 56,7 151,5 131,1 107,0 75,8
1 1/8" 29,0 96,2 72,1 192,3 166,5 136,1 96,2
1 1/4" 32,0 118,8 89,4 237,7 205,9 167,8 118,8
1 3/8" 35,0 147,0 110,2 293,9 254,5 207,7 147,0
1 1/2" 38,0 174,2 130,6 348,4 301,6 246,3 174,2
1 5/8" 41,0 205,0 153,8 410,1 355,2 289,9 205,0
1 3/4" 45,0 235,9 176,9 471,7 408,2 333,4 235,9
1 7/8" 48,0 275,8 206,8 551,6 477,6 390,1 275,8
2" 52,0 306,6 230,0 613,3 531,2 433,6 306,6
2 1/4" 57,0 381,0 285,8 762,0 660,0 538,9 381,0
2 1/2" 64,0 471,7 353,8 943,5 816,9 666,8 471,7
2 3/4" 70,0 553,4 415,0 1106,8 958,5 782,5 553,4
Nota: Os valores tabelados são válidos para laços dotados de sapatilhas nas duas extremidades, trançado flamengo com presilhas
de aço. Consultar tabelas dos fabricantes para valores exatos.
142
2 - MANILHAS
Tabela A.3
• da Alça • do Pino Capacidade Peso
pol. pol. kN Kg
1/4" 5/16" 2,5 0,04
5/16" 3/8" 4 0,09
3/8" 7/16" 6 0,17
1/2" 5/8" 10 0,37
5/8" 3/4" 16 0,76
3/4" 7/8" 25 1
7/8" 1" 32 1,9
1" 1 1/8" 40 2,5
1 1/8" 1 1/4" 50 2,900
1 1/4" 1 3/8" 63 4,000
1 3/8" 1 1/2" 80 5,500
1 1/2" 1 5/8" 100 8
1 3/4" 2" 125 13,000
2" 2 1/4" 160 19,000
2 1/4" 2 5/8" 200 28,000
2 1/2" 2 3/4" 250 36,000
2 3/4" 3" 320 50,000
3" 3 3/8" 400 62,000
143
Anexos
NÚMERO DE
TRAÇÃO NO CABO
ROLDANAS
CABO DE AÇO SUSPENSÃO MULTIPLICAÇÃO
n N t F R P
t
1
P
1 2,05 1,05 0,95 1,05
C 0
t
1
P
1 2 1,55 1,10 1,81 0,55
C
t
2
P
1 3 1,39 1,16 2,59 0,39
C
t
2
P
2 4 1,30 1,22 3,29 0,30
C
t
3
P
2 5 1,26 1,28 3,92 0,26
C
t
3
P
3 6 1,22 1,34 4,48 0,22
C
t
4
P
3 7 1,20 1,41 4,97 0,20
C
t
4
P
4 8 1,18 1,48 5,41 0,18
C
OBSERVAÇÕES:
1- Coeficiente de atrito de 5% para utilização de cabo de aço e roldanas com buchas de bronze.
2- Carga suspensa C considerada unitária.
3- Para cargas C diferentes da unidade, multiplicar pelos valores da tabela.
144