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VIABILIDADE ECONÔMICA

Série “Manual de Construção em Aço”

• Galpões para Usos Gerais


• Ligações em Estruturas Metálicas
• Edifícios de Pequeno Porte Estruturados em Aço
• Alvenarias
• Painéis de Vedação
• Resistência ao Fogo das Estruturas de Aço
• Tratamento de Superfície e Pintura
• Transporte e Montagem
• Steel Framing: Arquitetura
• Interfaces Aço-Concreto
• Steel Framing: Engenharia
• Pontes e viadutos em vigas mistas
• Treliças tipo Steel Joist
• Viabilidade Econômica
FERNANDO OTTOBONI PINHO
FERNANDO PENNA

VIABILIDADE ECONÔMICA

INSTITUTO BRASILEIRO DE SIDERURGIA


CENTRO BRASILEIRO DA CONSTRUÇÃO EM AÇO

RIO DE JANEIRO
2008
SUMÁRIO

Capítulo 1
Introdução 11
1.1 Os paradigmas das estruturas de aço 12
1.2 As verdades das estruturas de aço 13
1.3 A melhor solução estrutural 13
1.4 Objetivos deste manual 13

Capítulo 2
Quando construir em aço? 17
2.1 A pergunta correta 18
2.2 O tipo de estrutura mais adequado 18
2.2.1 O momento da escolha 18
2.2.2 Análise das características da obra 19
2.2.3 Conhecimento de cada sistema 19
2.3 Escolha do sistema estrutural 20
2.4 Classificação das características da obra 21
2.4.1 Tipos de fundação 21
2.4.2 Tempo de construção 22
2.4.3 Tipo de ocupação 22
2.4.4 Disponibilidade e custo dos materiais 24
2.4.5 Recursos do construtor 24
2.4.6 Local da obra e acessos 24
2.4.7 Previsão de adaptações e ampliações 25
2.4.8 Compatibilidade com sistemas complementares 25
2.4.9 Manutenção e reparos 25
2.4.10 Vãos livres e altura da edificação 26
2.4.11 Proteção contra a corrosão 26
2.4.12 Proteção contra fogo 27
2.4.13 Estética 27
2.4.14 Desperdício de materiais e mão de obra 28
2.4.15 Segurança do trabalhador 28
2.4.16 Custos financeiros 28
2.4.17 Adequação ambiental 29
2.4.18 Qualidade e durabilidade 29
2.4.19 Desempenho 30
2.4.20 Incômodos para áreas próximas 30

Capítulo 3
Como construir em aço 33
3.1 Introdução 34
3.2 Configurando um sistema estrutural de aço 34
3.2.1 Tipo de aço 35
3.2.2 Tipo de perfil 36
3.2.3 Modulação e vãos livres 36
3.2.4 Tipos de laje 36
3.2.5 Tipo de vedação 38
3.2.6 Estabilidade horizontal 39
3.2.7 Tipos de ligação 39
3.2.8 Vigas e pilares mistos 40
3.2.9 Tipo de proteção contra a corrosão 41
3.2.10 Tipo de proteção contra fogo 41
3.2.11 Durabilidade 42
3.2.12 Esquema de transporte e montagem 42
3.3 Resultado final da configuração 42

Capítulo 4
Viabilidade econômica do empreendimento 45
4.1 Introdução 46
4.2 Formação do custo em uma obra 46
4.2.1 Custos diretos 46
4.2.1.1 Custo dos materiais 47
4.2.1.2 Custo da mão de obra 47
4.2.1.3 Custo dos equipamentos 48
4.2.2 Relação tempo x custo 49
4.2.3 Despesas indiretas 51
4.2.3.1 Mobilização da obra 51
4.2.3.2 Administração local 51
4.2.3.3 Administração central 51
4.2.3.4 Despesas financeiras 51
4.2.4 Formação do preço de venda / definição do BDI 51
4.2.5 Orçamento sumário 52
4.3 Estudo de massa 52
4.4 Estudo da viabilidade econômica 53
4.4.1 Investimento 53
4.4.1.1 Custo do terreno 53
4.4.1.2 Custo da construção 53
4.4.2 Despesas diversas 53
4.4.2.1 Impostos 53
4.4.2.2 Corretagem 53
4.4.2.3 Publicidade 53
4.4.3 VGV – valor geral de venda 53
4.4.4 Receita líquida 53
4.4.5 Resultado 53
4.4.6 Fluxo de caixa 53
4.5 Viabilidade econômica do empreendimento 53

Capítulo 5
Análise do empreendimento em aço - planilhas interativas 57
Capítulo 6
Estudos de caso 69
6.1 Introdução 70
6.2 Estudo de caso no 1 – edifício comercial de 8 pavimentos 70
6.3 Estudo de caso no 2 – edifício residencial de 5 pavimentos 72

Referências Bibliográficas 83
Apresentação

O CBCA – Centro Brasileiro da Construção em Aço tem a satisfação de oferecer aos


profissionais envolvidos com o emprego do aço na construção civil o décimo quarto manual de uma
série cujo objetivo é a disseminação de informações técnicas e melhores práticas.

Na análise da qualidade/viabilidade de um investimento, a escolha do tipo de estrutura tem


grande influência no desempenho de toda a obra, quase sempre muito maior do que a sua participação
nos custos.

Propõe-se neste manual um processo de escolha que seja ao mesmo tempo confiável e rápido
para permitir as decisões corretas dos investidores. Está organizado numa seqüência de capítulos
que permitirá orientar desde a escolha dos sistemas estruturais até a análise de viabilidade econômica
do investimento.

O manual inclui um CD-ROM, contendo planilhas interativas que possibilitam a fácil simulação
dos resultados de um empreendimento com estruturas de aço, comparando com outras soluções
estruturais.

Finalizando o manual, são apresentados dois estudos de caso de obras, edifício comercial e
edifício residencial, nas quais foram utilizadas estruturas de aço. São demonstradas as razões dessa
escolha e os resultados obtidos, simulados nas planilhas interativas disponibilizadas.

Trata-se de uma publicação de referência que deverá suprir lacuna na literatura disponível e
contribuir para a análise econômica mais técnica e completa por parte dos profissionais envolvidos
na construção em aço.

Centro dinâmico de serviços, capacitado para conduzir e fomentar uma política de promoção
do uso do aço na construção com foco exclusivamente técnico, o CBCA está seguro de que este
manual enquadra-se no objetivo de contribuir para a difusão de competência técnica e empresarial
no País.

9
Capítulo 1
Introdução

11
Introdução

1.1 Os paradigmas das estruturas de Para as patologias nas interfaces, como


aço trincas e aberturas em função das diferentes
movimentações dos materiais de vedação e da
Existem vários paradigmas relacionados estrutura, existem muitos estudos a respeito,
com as estruturas de aço que podem estar im- como os resumidos nos seguintes manuais do
pedindo uma análise correta desta alternativa CBCA:
de sistema estrutural nos estudos de análise da
qualidade/viabilidade dos investimentos. - Alvenarias – para soluções e recomen-
dações relativas às interfaces da estrutura com
Os mais comuns são: todos os tipos de alvenaria e revestimentos de
vedação ou estruturais.
- a estrutura de aço é cara...
- Painéis de Vedação – para soluções e
- o aço enferruja.... recomendações relativas às interfaces da es-
trutura com todos os tipos de painéis de
- existem dificuldades com as interfaces... vedação, como concreto, GRC, gesso
acartonado e metálicos.
- o aço precisa de proteção contra fogo...
- Interfaces Aço-Concreto – para solu-
ções e recomendações, inclusive
Em relação ao custo das estruturas de aço, dimensionamento dos elementos de ligação em
é fato que em alguns casos o seu custo é maior interfaces horizontais e verticais entre o aço e o
do que o de outros sistemas, principalmente os concreto.
sistemas ditos convencionais. Mas nem sem-
pre um produto mais caro é menos adequado. A resistência do aço e de outros materiais
em situação de incêndio é assunto já amplamen-
Os produtos industrializados ou semi-in- te estudado e objeto de importantes normas
dustrializados como as estruturas de aço, são ABNT, e do Manual do CBCA - Resistência ao
concebidos para que, se empregados correta- Fogo das Estruturas de Aço – que trata da
mente, tragam uma série de vantagens para o aplicação das normas. Hoje, da mesma forma
conjunto da obra, que podem facilmente rever- que se sabe que as estruturas precisam de pintu-
ter o custo final, mesmo com um custo específi- ra se expostas às intempéries, sabe-se que
co maior. quando os elementos de aço não se enquadram
nas isenções da norma e não têm resistência
Quanto a característica do aço de oxidar intrínseca, será necessário uma proteção adici-
ou enferrujar, há muito tempo já se sabe que, onal contra fogo, com custos conhecidos e mui-
para o aço assim como para outros materiais, a to próximos dos padrões internacionais e não
decisão de qual será a sua durabilidade e o deve inviabilizar nenhuma estrutura.
controle do processo de deterioração é uma
decisão do engenheiro e existem processos e Finalmente, podemos afirmar que os
produtos de proteção para todas as situações paradigmas ainda existentes no meio técnico
e ambientes, como os tratados no Manual do não se sustentam e não devem impedir que se
CBCA - Tratamento de Superfície e Pintura, faça uma análise correta das potencialidades
que se bem aplicados, são econômicos e ga- das estruturas de aço.
rantem a vida útil esperada para a estrutura den-
tro das condições de manutenção previstas.

12
1.2 As verdades das estruturas de - o aço tem alta resistência
aço Mesmo quem só trabalha com estruturas
em concreto armado, conhece a alta resistên-
Da mesma forma que ainda existem vári- cia mecânica dos aços. Nas estruturas de aço
os paradigmas negativos em relação as estru- esta característica possibilita elementos estru-
turas de aço, existe uma série de verdades que turais com menores dimensões e a capacidade
são facilmente aceitas. de vencer grandes vãos.

As mais comuns são: - o aço é 100% reciclável


- a estrutura de aço é muito rápida Hoje a consciência ecológica entende as
É talvez a característica mais visível das vantagens de se utilizar um material que é um
estruturas de aço e a que normalmente impres- dos mais reciclados do mundo, podendo ser
siona mais as pessoas. Na fase de montagem 100% reciclável.
a estrutura de aço chega a ser muito mais efici-
ente, se comparada com outros tipos de estru- 1.3 A melhor solução estrutural
turas. Esta mesma característica viabiliza um
retorno mais rápido do capital investido e em Podemos concluir que a melhor solução
alguns tipos de empreendimentos o atraso do estrutural deve ser escolhida com base no co-
início das obras para se postergar o desembol- nhecimento dos sistemas e suas características
so nas atividades da obra e poder trabalhar com e não deve ser influenciada por paradigmas,
o maior volume de capital dos clientes e mes- preconceitos e desconhecimentos. Com uma
mo assim atender aos prazos contratados. análise incompleta e distorcida podemos per-
der os benefícios de uma boa solução.
- a estrutura de aço tem grande flexibi-
lidade O que se pretende não é encontrar a solu-
Quem já precisou fazer algum reforço, al- ção estrutural ótima, mas poder escolher o sis-
teração ou ainda executar uma abertura não tema estrutural, não pela intuição, mas de forma
prevista, conhece bem a grande flexibilidade das racional e estruturada que leve em conta todos
estruturas de aço. Esta grande flexibilidade é a os aspectos que podem influenciar o desempe-
chave para a grande utilização das estruturas nho de uma estrutura e decidir por uma boa so-
de aço na indústria, onde os processos são lução para o conjunto da obra.
muito dinâmicos e as alterações são constan-
tes.
1.4 Objetivos deste manual
- a estrutura de aço tem grande preci-
são Para não abandonar a análise da estrutu-
Como as estruturas de aço nascem com a ra de aço ficando limitado a “a estrutura de aço
precisão em milímetros, as interfaces com equi- é cara...”, ou ainda fazer comparações erradas,
pamentos e outros elementos industrializados comparando um sistema estrutural bem confi-
ligados à estrutura ficam muito mais fáceis. Em gurado com outros sem a configuração adequa-
muitos casos se utiliza a grande precisão das da, organizamos uma seqüência de capítulos
estruturas de aço, utilizando-a também como que irá orientar na escolha da estrutura através
gabarito para níveis, prumos e alinhamentos, de uma análise da qualidade/viabilidade do in-
aumentando bastante o desempenho de outras vestimento ou na determinação dos indicado-
atividades na obra. res dos ganhos e riscos de um empreendimen-
to:

13
Introdução

No capítulo 2 4.2 Estudo de massa


Quando construir em aço? - Tipologias
- Área Bruta / Área Líquida / Área Privativa
Vamos examinar todo o processo de es- / Área Equivalente;
colha de um sistema estrutural, que envolverá - Número máximo de unidades,
uma série de variáveis ligadas à estrutura e à - Coeficiente de Aproveitamento Legal;
própria obra e organizaremos uma proposta - Coeficiente de Aproveitamento Real.
simples e racional para o processo de escolha
do sistema estrutural mais adequado.
4.3 Estudo de Viabilidade
No capítulo 3 - Investimento (custo do terreno, custo da
Como construir em aço obra, custo da área comum);
- Despesas diversas (Impostos, Correta-
A competitividade de um sistema estrutu- gem, Propaganda);
ral está ligada a características próprias de cada - Receita total (VGV – Valor Geral de Ven-
sistema e também a uma configuração correta da);
do sistema, adotando as escolhas certas para - Receita líquida;
o melhor desempenho do sistema na obra em - Resultado;
análise. - Fluxo de caixa.

O objetivo deste capítulo é capacitar os No capítulo 5


diversos profissionais (Consultores, Arquitetos, Análise do empreendimento em aço
Engenheiros, Construtores e Investidores), en-
volvidos com empreendimentos que Neste capítulo, apresenta-se o fechamento
notadamente possam ser edificados em aço a na análise de viabilidade do empreendimento,
configurarem corretamente a alternativa em es- com a aplicação do roteiro proposto em planilhas
trutura de aço. interativas, preenchidas com base nos custos
conhecidos do empreendimento e introduzindo
No capítulo 4 os custos de uma obra com estrutura de aço,
Viabilidade econômica do empreendi- através da qual se poderá simular o resultado
mento do empreendimento pretendido, comparando-
o com outras soluções estruturais, notadamente
Neste capítulo serão apresentados e dis- com o concreto armado.
cutidos os conceitos básicos dos estudos de
viabilidade econômica de empreendimen-
tos, comparando as particularidades das obras No capítulo 6
em aço com as das obras executadas em ou- Estudos de caso
tros sistemas construtivos, fundamentado nos
seguintes itens: Neste capítulo serão apresentados estu-
dos de caso reais de obras nas quais se optou
4.1 Formação do custo de uma obra pelas estruturas de aço, demonstrando as ra-
- Custos Diretos; zões pela escolha e os resultados obtidos si-
- Relação Tempo x Custo; mulados nas planilhas disponibilizadas no capí-
- Despesas Indiretas; tulo 5.
- Definição do BDI do Empreendimento;
- Preço de Venda.

14
Serão apresentados exemplos relativos a
dois tipos de obras:

- Edifício comercial de 8 pavimentos;


- Edifício residencial de 5 pavimentos;

15
Capítulo 2
Quando construir em aço ?

17
Quando construir em aço ?

2.1 A pergunta correta em condições comparáveis, levando em conta


aspectos importantes desde diferentes qualida-
A pergunta “Quando construir em aço?” des e desempenhos até a influência das estru-
é freqüentemente repetida. E as respostas es- turas nos demais serviços, incluindo as transfe-
tão quase sempre apoiadas em uma extensa rências de ganhos que podem beneficiar o cus-
lista de vantagens do uso das estruturas de aço to total da obra.
( que não fornecem informações suficientes para
uma avaliação correta da influência de cada uma
delas) e em estudos comparativos de custos, 2.2 O tipo de estrutura mais
que nada mais são que casos particulares, que adequado
não podem ser aplicados como regra.
Uma metodologia de avaliação que iden-
Em alguns casos, a simples afirmação de tifica a alternativa de estrutura mais adequada
que a estrutura em aço ficaria mais cara encer- passará pelo conhecimento de todas as carac-
ra uma análise sem maior aprofundamento. Em terísticas de cada sistema estrutural, pelas ex-
outras situações, a opção por sistemas ditos periências e cultura da própria construtora e, é
convencionais, pelos simples desconhecimen- claro, pelo tipo da obra em análise.
to de outros sistemas, mesmo que o resultado
seja uma estrutura mais barata, não garante que Na escolha correta do sistema estrutural
a decisão tenha sido a mais adequada. existem portanto alguns pontos importantes que
ajudam a organizar o processo de escolha com
A escolha do sistema construtivo não deve foco no melhor resultado para a obra:
ser uma competição entre os diferentes tipos
de estrutura, mas uma decisão com base nas a) Existe um momento ideal para a es-
necessidades da obra e nas características de colha.
cada sistema. E a decisão de qual é o mais
adequado, deve passar pela análise do maior b) Análise das características da obra.
número possível de aspectos representativos da
obra, priorizando as características mais impor- c) Base no conhecimento de cada sis-
tantes e também as desejáveis. tema.

Portanto, a pergunta que deve ser feita


pelos profissionais, construtores ou investidores 2.2.1 O momento da escolha
– sem qualquer tipo de tendência ou preferên-
cia, e preocupados com o melhor resultado para Examinando o gráfico a seguir observa-
o conjunto da obra, é: mos que durante o estudo de viabilidade e a de-
finição da concepção a possibilidade de inter-
“Que tipo de estrutura é mais adequa- ferência é alta e os custos acumulados são ain-
da para a minha obra?” da muito baixos. Este poderá ser o momento
ideal para a escolha do sistema estrutural.
A maior dificuldade para identificar o tipo
de estrutura mais adequada para uma obra é a Quanto mais cedo for feita a escolha, mai-
falta de uma metodologia de avaliação mais or será o tempo para a otimização do sistema
abrangente do que um simples comparativo de escolhido, obtendo assim o melhor resultado
custos. E que coloque também todos os fato- para a obra.
res limitantes e condicionantes das alternativas

18
- Custos financeiros
- Adequação ambiental
- Qualidade e durabilidade
- Desempenho
- Incômodo de áreas próximas

2.2.3 Conhecimento de cada sistema

Todo sistema estrutural tem sempre vári-


as alternativas de solução para os seus compo-
nentes (materiais, perfis, etc.), seus elementos
(vigas, pilares, etc.), seus subsistemas (módulos,
pórticos, contraventamentos, etc.) e seus siste-
mas complementares (pisos, vedações, prote-
Figura 2.1
ções, etc.).

2.2.2 Análise das características da A escolha das alternativas corretas para


obra cada item irá configurar o sistema estrutural para
produzir o comportamento esperado e o melhor
O primeiro passo será o levantamento das desempenho para as características importan-
características da obra em análise que possam tes da obra.
interferir na escolha do sistema estrutural, iden-
tificando sempre as mais importantes para os Como exemplo listamos a seguir alguns
objetivos do empreendimento. itens que irão configurar um Sistema em Aço:

Como exemplo listamos a seguir algumas - Tipos de aço


características de obra que podem ter alguma - Tipos de perfil
influência na escolha do sistema estrutural: - Modulação / vãos
- Tipo de fundação - Tipos de laje
- Tempo de construção - Tipos de vedação
- Tipo de ocupação - Estabilidade horizontal
- Disponibilidade e custo dos materiais - Tipos de ligação
- Recursos da construtora - Vigas e pilares mistos
- Local da obra e acessos - Tipo de proteção contra a corrosão
- Possibilidade de adaptações - Tipo de proteção contra incêndio
- Compatibilidade c/ sist. complementares - Durabilidade
- Manutenção e reparos - Esquema de montagem
- Vãos livres
- Espaço livre para a estrutura Como exemplo listamos a seguir alguns
- Espaço livre para utilidades itens que irão configurar um Sistema em Con-
- Altura da edificação creto:
- Proteção contra a corrosão
- Proteção contra fogo - Resistência do concreto
- Estética - Tipos de seções/protensão
- Desperdício materiais/mão-de-obra - Modulação / vãos
- Segurança do trabalhador - Tipos de laje

19
Quando construir em aço ?

- Tipos de vedação Quando um sistema estrutural tem um mé-


- Estabilidade horizontal rito alto (de nota alta) para uma característica
- Tipos de formas que é muito importante para a obra (de peso
- Traço, adensamento alto) o sistema se potencializa favoravelmente
- Detalhe da armadura na comparação.
- Proteção contra incêndio
- Durabilidade
- Sequência de concretagem

2.3 Escolha do sistema estrutural

Como uma metodologia para a escolha do


sistema estrutural mais adequado, propomos o
cruzamento das características mais importan-
tes da obra com os diversos sistemas estrutu-
rais compatíveis com o tipo de obra. Para uma
comparação correta, cada sistema deve estar
devidamente configurado para o seu melhor
desempenho na obra.

Figura 2.3

Muitas das características podem ser de


difícil interpretação e quantificação, e, muitas
vezes, vão existir itens conflitantes (casos em
que uma característica favorável de um item im-
plica em uma situação desfavorável para outro).
Mas a análise Característica x Sistema será
sempre melhor do que a simples intuição.
Figura 2.2
A planilha ao lado é um exemplo de como
Das características levantadas da obra, organizar os pesos das diversas características
vão existir sempre as mais importantes. A idéia da obra e as notas dos sistemas estruturais ana-
é então hierarquizar as características lisados.
identificadas, definindo um peso para cada uma
delas, de acordo com a sua importância para o Ao final calculam-se as médias aritméticas
empreendimento e, em seguida, estabelecer ponderadas para cada sistema e as maiores
notas para os sistemas estruturais que repre- médias devem indicar os sistemas mais ade-
sentem o seu mérito para responder a cada uma quados para a obra. Com base nestes resulta-
das características analisadas, independente da dos, torna-se mais fácil a decisão de qual siste-
importância que cada uma possa ter para a ma estrutural deve ser adotado.
obra.

20
Uma escolha bem estruturada agrega va- Pressupõe-se o conhecimento das carac-
lor ao processo e, certamente, conduz a uma terísticas semelhantes para outros sistemas es-
decisão final mais acertada. truturais.
Essa metodologia deve ser desenvolvida
pela própria empresa, ser a mais impessoal Não é aceitável uma escolha errada do
possível e aperfeiçoada continuamente pelo sistema estrutural pela não avaliação de todos
exercício de identificação das características os tipos de estruturas ou pela avaliação com
mais importantes para a obra e sua ordenação parâmetros errados, incompletos e/ou
e pontuação, baseando-se sempre que possível desatualizados.
em experiências anteriores.
2.4.1 Tipos de fundação

A influência da redução das cargas devi-


do ao menor peso das estruturas de aço nas
fundações de uma pequena estrutura, em um
solo muito resistente, pode ser pequena.
Entretanto, a redução das cargas em uma
grande estrutura, em um solo muito ruim, pode
viabilizar a própria construção.

Portanto, o custo das fundações em alguns


casos será um importante fator de decisão so-
bre o tipo de estrutura a ser usada em uma obra.

As estruturas de aço pesam de 6 a 10 ve-


zes menos que as estruturas de concreto (sem
as lajes), mas como as estruturas de concreto
representam em média 40% do peso próprio e
o peso próprio representa aproximadamente
70% da carga total (incluindo as cargas aciden-
tais ou sobrecarga), podemos esperar reduções
nas cargas verticais da ordem de 20%. Essa
diferença pode representar, por exemplo, uma
estaca a menos por base e reduzir significativa-
mente os custos das fundações. Em algumas
bases a influência das ações horizontais (ven-
2.4 Classificação das características tos, etc.) é tão grande que leva a vantagem da
da obra carga final a valores bem menores. Em casos
raros onde existe carga de arrancamento, a re-
De forma a ajudar na pontuação das ca- dução pode ser até desfavorável.
racterísticas (pesos - importância) e dos siste-
mas (notas - mérito), comentaremos a seguir al- Devemos ainda examinar os custos das
gumas das principais características das obras, fundações profundas com as estacas com per-
que devem ser analisadas, isoladamente e em fis metálicos que, junto com as estruturas de aço
conjunto para um sistema estrutural em aço. ou mesmo com as estruturas de concreto, re-
presentam uma alternativa interessante quando

21
Quando construir em aço ?

comparadas com as estacas de trilhos ou as de Se a decisão é por estrutura de aço po-


pré-moldados de concreto. Principalmente dem-se executar as fundações enquanto as es-
quando a estaca tem grande comprimento, ou truturas estão sendo fabricadas. E a possibili-
se quer minimizar as dificuldades com o trans- dade de abertura de diversas frentes de serviço
porte e manuseio das estacas no canteiro e tam- simultâneas (lajes, paredes, instalações, etc.)
bém reduzir as indesejáveis vibrações para as pode, em um cronograma bem elaborado, re-
edificações vizinhas. duzir o tempo de obra em até 40%, se compa-
rado com os sistemas convencionais.
Orientação para pontuação:
Orientação para pontuação do item:
Peso da característica – O maior peso
deve ser dado para solos com pouco suporte, Peso da característica – O maior peso
com subsolos e edificações vizinhas; e o me- quando o prazo da obra é pequeno e crítico; e
nor peso para solos com muito suporte, cargas o menor peso quando o prazo não é relevante
baixas, sem subsolo e sem vizinhos. ou pode até atropelar a entrada dos recursos.

Nota do sistema – O maior valor para o Nota do sistema – O maior valor para o
sistema que gera as menores cargas e/ou a sistema estrutural mais rápido e que possibili-
menor quantidade de pontos de fundação; e o ta várias frentes de serviço na obra; e o menor
menor para o sistema que gera as maiores para o sistema mais lento e caminho crítico na
cargas e/ou maior número de pontos de funda- obra.
ção.
2.4.3 Tipo de ocupação
2.4.2 Tempo de construção
Dependendo do tipo de ocupação e de
Em princípio, quanto menor for o tempo de algumas características da obra, como o siste-
construção melhor. Entretanto, para algumas ma de comercialização, um determinado siste-
obras, como os condomínios residenciais, o tem- ma estrutural pode ser mais ou menos adequa-
po de construção deve estar compatibilizado do. Portanto, é importante conhecer bem a lo-
com a capacidade de desembolso dos calização, a arquitetura e a utilização prevista
condôminos e não seria interessante atropelar para a edificação.
este ritmo. Já para uma obra comercial, qual-
quer antecipação representa redução do tem- Descrevemos a seguir algumas caracte-
po de amortização do investimento e é bem vin- rísticas gerais dos diversos tipos de ocupação
da. Existe ainda a obra política ou estratégica, das edificações:
onde o tempo de construção é determinado por
um evento fixo, independente de eventuais cus- Edifícios Comerciais: Terreno caro, pou-
tos adicionais que uma obra mais rápida possa co canteiro de obra, modulação fácil, estacio-
representar. namento nos andares inferiores, instalações de
arranjo simples, fachadas simples. A rapidez da
Sem dúvida a mais forte característica das obra significa o retorno mais rápido do investi-
estruturas de aço é a rapidez, diferentemente mento e pode ser decisiva.
da construção convencional que normalmente
tem o caminho crítico na fase da estrutura e aca- Edifícios Residenciais: Pavimento tipo,
ba por limitar a velocidade da obra. estacionamento nos andares inferiores, pouca
modulação, pequenos vãos, instalações e facha-

22
das mais elaboradas (varandas, etc.). A rapidez, muitos tipos de edifícios garagem. A rapidez sig-
neste caso, significa possibilidade de venda nifica o retorno imediato do investimento.
mais rápida. Alguns edifícios residenciais mo-
dernos empregam paredes internas leves, tor- Universidades e Escolas: Datas de en-
nando a modulação/vãos quase tão fácil quanto trega rígidas, construção mais horizontal, boa
a dos edifícios comerciais. Importante lembrar modulação, poucas instalações, fachadas pa-
que para implantações com um grande número dronizadas. A rapidez significa a viabilidade e o
de unidades, o efeito de escala na produção das retorno imediato do investimento.
estruturas pode ser mais importante e favorável
do que qualquer outra dificuldade. A estrutura de aço tem muitas característi-
cas que são favoráveis para alguns tipos de
Edifícios Sede e Agências: Terreno mui- edificações, tais como, facilidade para constru-
to caro, nenhum canteiro de obra, arquitetura ções mais altas, melhor aproveitamento do ter-
original e atraente. A rapidez significa o retorno reno, maior área útil, menor necessidade de
mais rápido do investimento. canteiro, liberação de muitos andares simulta-
neamente, modulação com melhor desempenho
Hotéis: Grande modulação (apartamen- na fabricação e montagem, precisão favorecen-
tos), alta densidade de instalações, grandes do a utilização de outros componentes industri-
vãos livres nas áreas comuns, fachadas simples alizados de vedação e fachadas. A facilidade
ou elaboradas e repetitivas. A rapidez significa de executar vãos maiores e ocupar menos es-
o retorno mais rápido do investimento e pode paço estrutural são fatores que explicam, por
ser decisiva. exemplo, porque nos edifícios comerciais e nas
universidades a solução com estruturas de aço
Hospitais: Modulação parcial (apartamen- se encaixa mais naturalmente do que nos edifí-
tos), instalações complexas, fachadas simples cios residenciais.
ou elaboradas e repetitivas, necessidade de
ampliações e adaptações constantes sem in- Orientação para pontuação do item:
terferência com as áreas já construídas. A rapi-
dez significa, além do retorno mais rápido do Peso da característica – O maior peso
investimento, um tempo menor de interferência para as estruturas comerciais ou escolas, onde
no funcionamento e nas edificações existentes. o tipo da estrutura pode ser decisivo para o
andamento previsto para a obra; e o menor peso
Shoppings: Datas de entrega rígidas, para as edificações residenciais, onde o tipo
construção mais horizontal, grandes vãos, ter- de estrutura não é tão importante e não favore-
reno caro, algumas vezes pouco canteiro de ce a modulação.
obra, modulação fácil, instalações concentradas
nas áreas de circulação, fachadas simples e Nota do sistema – O maior valor para o
coberturas elaboradas. A rapidez significa o re- sistema estrutural que atende melhor ao maior
torno imediato do investimento, principalmente número de características do tipo de estrutura;
se otimizada com o calendário do comércio. e o menor valor quando a estrutura não contri-
bui e até prejudica algumas necessidades do
Edifícios Garagem: Possibilidade de tipo de obra.
desmontagem, bastante modulado, grandes
vãos, pavimentos tipo, rampas, poucas instala-
ções, fachadas simples ou inexistentes. Obser-
var que a norma de proteção contra fogo isenta

23
Quando construir em aço ?

2.4.4 Disponibilidade e custo dos ma- colha do sistema estrutural para uma obra. Se o
teriais construtor possui alguns equipamentos já amor-
É importante acompanhar sempre a dis- tizados, há uma tendência de utilizá-los para re-
ponibilidade e o custo dos materiais básicos duzir custos, assim como poderia utilizar sua
usados para as estruturas e para os sistemas mão de obra já treinada para a construção.
complementares porque mudanças ocorrem
constantemente e podem alterar a situação da Os recursos do construtor podem ajudar a
oferta de um determinado material e sua definir o sistema estrutural mas não devem ini-
competitividade. Algumas regiões oferecem bir a utilização de novas tecnologias, com o ris-
determinados materiais de forma abundante, e co de deixar a construtora pouco competitiva
outras, por dificuldade de transporte e/ou para alguns tipos de obra. Existe, portanto, o
processamento, praticamente inviabilizam a uti- momento certo para testar o desempenho e in-
lização de alguns materiais. No caso de existi- vestir em novos materiais e equipamentos.
rem sucedâneos, verificar sempre a relação de
custo e as condições de fornecimento. Orientação para pontuação do item:

Principais materiais das estruturas de aço são: Peso da característica – O maior peso
Chapas (finas, grossas, etc.); quando o construtor possui algum equipamento
Perfis (laminados, soldados, dobrados, ou mão de obra decisiva para a escolha do sis-
etc.); tema estrutural; e o menor quando existe pou-
Parafusos (comuns, alta resistência, etc.); ca influência dos recursos do construtor na es-
Eletrodos e arames de solda. colha.

Orientação para pontuação do item: Nota do sistema – O maior valor para o


sistema estrutural que se adapta melhor aos
Peso da característica – O maior peso equipamentos do construtor; e a menor nota
para os materiais com ampla oferta, pronta para o sistema estrutural que não teria bom
entrega, qualidade garantida e com a melhor rendimento ou não se adapta aos equipamen-
relação custo/benefício; e o menor peso para tos do construtor.
os materiais de qualidade variável, maiores
prazos de entrega e custos mais altos. 2.4.6 Local da obra e acessos

Nota do sistema – O maior valor para o É sempre muito importante conhecer bem
sistema estrutural que utiliza materiais com o local da obra e seus acessos. As condições
ampla oferta de fornecimento e com a melhor das estradas de acesso e as restrições ao trân-
relação qualidade/custo e com o menor núme- sito, as distâncias a serem vencidas, os materi-
ro de itens para controlar; e a menor nota para ais disponíveis na região, as condições topo-
o sistema utiliza materiais que não dispõem de gráficas do terreno e seu entorno, a disponibili-
oferta garantida e que atendam as condições dade de energia para a obra e outras interfe-
e os prazos do projeto e que tenha um grande rências, podem definir o sistema estrutural.
número de itens para controlar.
A simples falta de observação de uma li-
2.4.5 Recursos do construtor nha aérea eletrificada na entrada de uma obra,
por exemplo, pode exigir o desligamento tem-
Muitas vezes os equipamentos e outros porário ou a remoção/deslocamento da linha,
recursos do construtor podem influenciar na es- demandando em aumento de prazos e custos,

24
além de, em alguns casos, inviabilizar a entrada Nota do sistema – O maior valor para o
ou a operação de um determinado equipamen- sistema estrutural que melhor se adapta a mo-
to e vir a exigir outro bem mais caro. dificações, garantindo menos transtornos e um
menor custo para as mudanças; e o menor va-
Orientação para pontuação do item: lor para o sistema que teria grandes dificulda-
des e ocasionaria muitos transtornos durante
Peso da característica – O maior peso as modificações.
para os locais distantes e de difícil acesso; e o
menor peso para os locais próximos da base 2.4.8 Compatibilidade com sistemas
da construtora e sem problemas de acesso e complementares
de fornecimento dos materiais e energia.
A maior precisão das estruturas de aço,
Nota do sistema – O maior valor para o com tolerâncias em milímetros, associada à
sistema estrutural que melhor se ajusta as con- característica de quase sempre conduzir para
dições verificadas no local da obra; e o menor estruturas mais moduladas, tem viabilizado cada
valor para o sistema que pode vir a ter sérios vez mais a indústria dos sistemas complemen-
problemas no local da obra. tares que necessitam de padronização, como
as lajes pré-fabricadas e as vedações internas
e externas.
2.4.7 Previsão de adaptações e ampli-
ações Observa-se também que a industrialização
da construção é um processo irreversível e aque-
Identificar se uma obra tem ou não possi- les que primeiro se adaptarem poderão obter
bilidade de vir a necessitar em curto ou médio as vantagens do pioneirismo.
prazo de adaptações, ampliações e até de
desmontagem, pode ser importante para a de- Orientação para pontuação do item:
finição de um sistema estrutural que acompa-
nhe essas modificações com poucos transtor- Peso da característica – O maior peso
nos operacionais e menores custos a longo pra- para o item quando a obra utiliza componen-
zo. tes industrializados; e o menor peso quando
todos os sistemas complementares são
Isto ocorre principalmente com as artesanais.
edificações industriais, onde são muito freqüen-
tes as mudanças, tais como o aumento das car- Nota do sistema – O maior valor para o
gas de projeto, retirada de elementos estrutu- sistema estrutural que favorece a interface dos
rais que passam a interferir com novos equipa- sistemas complementares industrializados pela
mentos e ainda modificações mais drásticas, precisão e modulação; e o menor valor para o
como a colocação de um novo nível de piso. sistema que não tem exigência de precisão
dimensional e não favorece a modulação.
Orientação para pontuação do item:
2.4.9 Manutenção e reparos
Peso da característica – O maior peso
para o item, quando existe a previsão real de A vida útil das estruturas envolve uma aná-
modificações em uma obra; e o menor peso lise abrangente de todas as etapas do proces-
quando não existe nenhuma previsão de alte- so construtivo e os engenheiros que já pensam
rações para a obra. normalmente no ciclo de vida das estruturas,

25
Quando construir em aço ?

estão cada vez mais conscientes da necessi- 2.4.10 Vãos livres e altura da edificação
dade de manutenção e se preparando para fa-
zer o monitoramento e a manutenção preventi- Projetos podem exigir grandes vãos livres
va e corretiva das estruturas. e/ou grandes alturas e, portanto, conduzir para
um sistema estrutural com componentes mais
Tem sido constatado nos últimos anos que leves e mais resistentes. O sistema mais ade-
o concreto armado, embora sendo um material quado deve vencer os grandes vãos e as gran-
de construção muito versátil, não é eterno e exi- des alturas ocupando o menor espaço estrutu-
ge cuidados no projeto, na execução e uma ral e liberando áreas para a ocupação útil da
manutenção programada para que seja durável edificação.
e atenda as necessidades de resistência duran-
te a vida útil prevista para a obra. E a As vigas de aço, quando travadas lateral-
constatação de que as patologias em estrutu- mente pelo sistema de lajes, trabalhando isola-
ras de concreto têm custos dos reparos sempre damente ou como viga mista em conjunto com
muito altos, principalmente devido a dificulda- a própria laje (sistema muito eficiente que utili-
des de acesso, equilibrou os sistemas de cons- za as melhores características do aço e do con-
trução do ponto de vista da manutenção e repa- creto), podem alcançar grandes vãos livres, sem-
ros. pre com as menores alturas finais. Observa-se
que alguns tipos de lajes pré-fabricadas não
Hoje, é fato conhecido que cada sistema permitem ou não podem contribuir adequada-
tem suas características e seus cuidados espe- mente com as vigas de aço.
cíficos. A durabilidade das estruturas depende
basicamente do cuidado com os detalhes no Orientação para pontuação do item:
projeto, do nível de exposição da estrutura e de
uma proteção adequada à agressividade do Peso da característica – O maior peso
ambiente. Os problemas com as estruturas de para o item quando a arquitetura exige gran-
aço são mais facilmente identificáveis e têm, des vãos livres e/ou grandes alturas livres; e o
normalmente, baixo custo de reparo. menor peso para os projetos com vãos peque-
nos e médios.
Orientação para pontuação do item:
Nota do sistema – O maior valor para o
Peso da característica – O maior peso sistema estrutural que vence com mais facili-
para o item quando as condições de exposi- dade os grandes vãos, ocupando o menor es-
ção da estrutura são mais críticas ou quando paço estrutural; e o menor valor para o sistema
se necessita de uma vida útil maior; e o menor que exige grandes dimensões de vigas e pila-
peso quando o ambiente não é agressivo e o res.
monitoramento é mais fácil.
2.4.11 Proteção contra a corrosão
Nota do sistema – O maior valor para o
sistema estrutural que em função das condi- Todos os sistemas estruturais necessitam
ções de exposição e pela facilidade de inspe- de proteção contra a corrosão para garantir um
ção atende as expectativas de vida útil com o desempenho adequado durante a vida útil pre-
menor custo de manutenção; e o menor valor vista para a obra. Esta proteção pode ser intrín-
para o sistema com a menor vida útil e/ou mai- seca do próprio material e/ou obtida através de
or custo de manutenção. revestimentos protetores, como a pintura e os
revestimentos metálicos. É aceito também que

26
toda a proteção precisa de manutenção perió- Peso da característica – O maior peso
dica que demanda eventuais interrupções para para o item quando o TRRF em função do tipo
os usuários e envolve custos. de utilização é muito alto; e o menor peso quan-
do a estrutura está isenta de proteção contra
Portanto, um cuidado especial deve ser fogo.
dado na escolha dos materiais e seus respecti-
vos sistemas de proteção. Se os tipos de pato- Nota do sistema – O maior valor para o
logias conhecidas exigirem altos custos de re- sistema estrutural que tem resistência intrínse-
paros durante a vida da obra, deve-se analisar ca ou resistência baseada apenas no aumen-
se um material que requeira uma proteção inici- to do recobrimento natural; e a menor nota para
al maior pode representar uma escolha de me- o sistema que não necessita de revestimento
nor custo a longo prazo, levando-se em conta de proteção adicional de difícil aplicação e/ou
os reflexos das interrupções necessárias e os muito cara.
custos de execução dos reparos.
2.4.13 Estética
Orientação para pontuação do item:
A estética de uma obra é sempre impor-
Peso da característica – O maior peso tante, mas para alguns tipos de edificações ela
para o item quando o material e as condições pode ser um dos aspectos primordiais, como
de exposição exigem proteção pesada; e o nos edifícios sede e alguns tipos de obras pú-
menor peso quando as condições de exposi- blicas.
ção não exigem proteção.
A estética das estruturas de aço inspira
Nota do sistema – O maior valor para o normalmente uma característica de
sistema estrutural com resistência intrínseca ou modernidade nas obras e por isto mesmo exis-
menor custo de proteção; e o menor valor para te uma tendência de expor a estrutura como
o sistema que exige alto custo de proteção. parte principal da arquitetura, com seus elemen-
tos retilíneos, inclinados, grandes vãos, balan-
2.4.12 Proteção contra fogo ços, etc.

Todas as estruturas devem ser analisadas Mas é importante lembrar que estrutura
quanto a sua resistência frente ao fogo em caso exposta é estrutura com maiores custos de pro-
de um incêndio. As normas estabelecem, para teção e manutenção. Portanto, deve-se dosar o
cada tipo de utilização o tempo requerido de nível de exposição ao mínimo necessário para
resistência ao figo (TRRF). Alguns elementos garantir uma estética compatível com cada tipo
estruturais podem necessitar de revestimentos de edificação. Na arquitetura do aço, quando
protetores para completar a resistência neces- se tira partido estético de elementos estruturais,
sária. Estes revestimentos podem ser argamas- tudo parece bem, mas se os elementos estéti-
sas projetadas, tintas intumescentes ou ainda o cos são apenas adereços, sem função estrutu-
aumento do seu recobrimento normal. Em alguns ral, o resultado estético quase sempre não é
casos os revestimentos para a proteção contra bom.
fogo podem ter também a função de proteção
contra a corrosão. Orientação para pontuação do item:

Orientação para pontuação do item: Peso da característica – O maior peso


para o item quando a estética comanda o par-

27
Quando construir em aço ?

tido arquitetônico; e o menor valor quando a Nota do sistema – O maior valor para o
estética não é relevante para o resultado da sistema estrutural que consegue os mais bai-
obra. xos índices de desperdício.

Nota do sistema – O maior valor para o 2.4.15 Segurança do trabalhador


sistema estrutural que atende as exigências
estéticas da arquitetura com melhores resulta- As estruturas em aço, assim como toda
dos e menores custos; e o menor valor para o construção industrializada, incorporaram nos úl-
sistema que não atende ao partido timos anos muitas das conquistas da indústria
arquitetônico ou só consegue com altos cus- e talvez a mais importante seja a redução dos
tos. índices de acidentes nas obras pelos esforços
de conscientização associados à utilização de
2.4.14 Desperdício de materiais e mão equipamentos modernos de proteção individu-
de obra al.
Como o processo de construção das es-
Sabe-se que é muito grande o desperdí- truturas de aço é totalmente controlado, desde
cio de materiais e de mão de obra na constru- a fabricação até a montagem final, atinge-se
ção convencional artesanal e que a solução para para o trabalhador níveis de segurança seme-
reduzir este desperdício nas obras aponta para lhantes aos alcançados pela indústria, tanto para
a racionalização da estrutura e o emprego de o ambiente de fábrica como para os canteiros
materiais pré-fabricados, conseguindo assim de obra.
otimizar todo o processo de produção, fazendo
um melhor aproveitamento dos materiais e ser- Orientação para pontuação do item:
viços e reduzindo os índices de desperdícios a
praticamente zero. Peso da característica – O maior peso
para o item quando se valoriza a segurança do
A construção em aço é industrializada por trabalhador, mesmo com algum custo adicio-
natureza, o que garante níveis mínimos de per- nal.
das. Entretanto a chave para uma obra sem des-
perdícios é o planejamento, otimizando cada Nota do sistema – O maior valor para o
material e suas interfaces, de forma a garantir o sistema estrutural que dá a maior garantia de
melhor resultado para o conjunto da obra. segurança para o trabalhador, comprovada
através de observações e índices estatísticos.
Uma estrutura mais padronizada pode não
ser a solução isolada mais econômica. Entre- 2.4.16 Custos financeiros
tanto, se a padronização da estrutura ajuda a
otimizar outros subsistemas, o resultado final Conhecer os custos financeiros de qual-
pode ser muito compensador. quer empreendimento pode ser a chave de uma
escolha. Por exemplo, os ganhos financeiros
Orientação para pontuação do item: com a antecipação do cronograma de um edifí-
cio comercial podem ser de mesma grandeza
Peso da característica – O maior peso que o custo das próprias estruturas. O que im-
para o item quando se busca reduzir os des- porta é constatar que, independentemente da
perdícios por razões econômicas e/ou de cons- estrutura ter custos mais altos, ela pode estar
ciência ecológica. viabilizando o melhor resultado para o empre-
endimento. Outro custo financeiro que deve ser

28
levado em conta é o valor presente dos diver- para o item quando a adequação ambiental é
sos sistemas estruturais, considerando os cus- considerada importante para o empreendedor
tos previstos de manutenção e reparos. ou para atender legislação ambiental.

Cada empreendimento tem uma equação Nota do sistema – O maior valor para o
financeira a ser resolvida, e a análise da taxa sistema estrutural que melhor atende a legis-
de retorno poderá conduzir para um sistema lação ambiental.
estrutural mais rápido como as estruturas de
aço. 2.4.18 Qualidade e durabilidade

Orientação para pontuação do item: Na comparação entre sistemas não deve-


mos levar em conta apenas os custos relativos,
Peso da característica – O maior peso mas também a qualidade e a durabilidade de
quando se trata de um empreendimento onde cada um deles. A durabilidade das estruturas é
os ganhos financeiros com a redução do prazo a sua capacidade de manter ao longo do tempo
da obra podem ser contabilizados e avaliados um desempenho compatível com a utilização
junto com os custos de construção; e o menor prevista e depende do projeto, da execução e
peso quando não existe ganho financeiro ou do controle dos mecanismos de deterioração
este não pode ser avaliado corretamente. que podem gerar patologias a médio e longo
prazo.
Nota do sistema – O maior valor para o
sistema estrutural que consegue a maior redu- Nas estruturas de aço, como o aço é pro-
ção no cronograma da obra, pela rapidez da duzido em usinas com a qualidade garantida e
própria estrutura e/ou pela possibilidade da a fabricação é quase totalmente executada em
execução paralela dos diversos subsistemas. indústrias sob condições controladas, temos um
número muito pequeno de variáveis a controlar
(basicamente o tipo de aço e o sistema de pro-
2.4.17 Adequação ambiental teção), fazendo com que as estimativas da du-
rabilidade sejam muito mais fáceis e confiáveis
A construção em aço é o método de cons- do que para outros sistemas mais complexos e
trução mais rápido e limpo. Racionalidade no com um maior número de mecanismos de dete-
uso dos materiais e baixo nível de desperdícios rioração.
(a precisão é milimétrica) são características
que favorecem o aço quanto ao impacto no meio Sistemas mais caros e com melhor quali-
ambiente. dade podem portanto apresentar algumas van-
tagens importantes, mesmo que a diferença só
Esgotada a vida útil da edificação, o aço apareça a médio ou longo prazo.
pode retornar sob forma de sucata aos fornos
das usinas siderúrgicas para ser re-processa- Orientação para pontuação do item:
do, sem perda de qualidade. O aço é o material
mais reciclável do mundo. Pode ser continua- Peso da característica – O maior peso
mente reciclado sem perda de qualidade. para o item quando o ambiente é mais agres-
sivo e a manutenção preventiva é de difícil exe-
Orientação para pontuação do item: cução, a qualidade é importante e aceita even-
tuais custos maiores; e o menor peso quando
Peso da característica – O maior peso o ambiente é menos agressivo, a manutenção
é fácil e somente os custos iniciais importam.
29
Quando construir em aço ?

Nota do sistema – O maior valor para o 2.4.20 Incômodos para áreas próximas
sistema estrutural que tem resistência intrínse-
ca aos mecanismos de deterioração ou resis- A construção em aço pode reduzir drama-
tência baseada em um sistema de proteção ticamente o impacto das atividades da obra nas
garantido com um menor número de variáveis áreas vizinhas, principalmente nos locais próxi-
críticas para a qualidade ; e a menor nota para mos a áreas residenciais, hospitais e escolas.
o sistema que não pode apresentar garantia A construção em aço, além do menor prazo, pro-
efetiva de durabilidade. duz muito menos ruídos e poeira, além de qua-
se não gerar lixo e entulhos. A montagem pode
2.4.19 Desempenho ser programada para os horários mais favorá-
veis de tráfego, minimizando as interferências
Os sistemas estruturais podem ter diferen- nas vias de acesso e mantendo em níveis míni-
tes desempenhos em função dos requisitos es- mos os incômodos para as áreas vizinhas co-
pecíficos para cada obra. As estruturas de aço, muns a toda obra.
por exemplo, tem comportamento constante,
mas podem apresentar maiores deformações Orientação para pontuação do item:
e são sempre mais elásticas para responder às
ações dinâmicas. Já as estruturas de concreto Peso do item – O maior peso para o item
podem apresentar mudanças de comportamen- quando a obra está próxima de áreas
to ao longo do tempo, são mais rígidas e por residenciais, hospitais ou escolas; e o menor
isso podem não responder bem quando peso quando não existam edificações vizinhas
submetidas às ações dinâmicas. O importante sensíveis aos incômodos da obra.
é dimensionar corretamente cada sistema, den- Nota do sistema – O maior valor para o
tro dos limites das normas e observando as ca- sistema estrutural que consegue incomodar
racterísticas de cada um. Em alguns casos o menos as áreas próximas da obra.
desempenho de um sistema em relação a al-
gum requisito pode influenciar a escolha, como EXEMPLO:
já acontece nas obras industriais e outras Para demonstrar o método proposto, va-
edificações. mos simular a aplicação fase a fase em um edi-
fício comercial de múltiplos andares.
Orientação para pontuação do item:
Fase 1 – Levantamento das característi-
Peso da característica – O maior peso cas relevantes para a obra.
para o item quando algum requisito de desem-
penho pode influenciar na escolha do sistema Fase 2 – Classificação das características
estrutural; e o menor peso quando qualquer relevantes para a obra em função da sua impor-
sistema, desde que dimensionado corretamen- tância para a obra. Foi estabelecido para cada
te pode atender a todas as exigências da obra. característica um peso (entre 1 e 5) em função
da sua importância para a obra.
Nota do sistema – O maior valor para o
sistema estrutural que melhor atende a requi- Fase 3 – Identificação dos sistemas es-
sitos de desempenho importantes; e o menor truturais compatíveis com a obra, no exemplo:
valor quando o sistema não consegue respon- - sistema A - aço
der adequadamente ao desempenho previsto. - sistema B – concreto

30
Fase 4 – Configuração dos sistemas es- Planilha exemplo preenchida
truturais para o melhor desempenho em função
das características classificadas da obra (ver
Cap. 3).

Fase 5 – Classificação dos sistemas es-


truturais para as características da obra. Foi
estabelecido para cada característica uma nota
(entre 1 e 10) em função do mérito do sistema
para atender a cada característica, que pode ser
baseada nas análises de custos e/ou simples
comparativos.

Fase 6 – Cruzamento dos pesos das ca-


racterísticas com as notas de cada sistema atra-
vés de uma média ponderada para cada siste-
ma. A maior média indica o sistema mais ade-
quado para a obra.

A planilha a seguir mostra as característi-


cas e seus respectivos pesos, e para cada sis-
tema estrutural analisado (A e B) as notas que
identificam os méritos para as mesmas carac-
terísticas.

A maior média ponderada apresentada na Em casos de mais de dois sistemas em


tabela, identifica com clareza que o sistema A análise, médias muito próximas podem indicar
deverá apresentar o melhor resultado para o que mais de um sistema estrutural pode aten-
conjunto da obra e portanto é o sistema estru- der bem as necessidades da obra.
tural mais adequado.
Lembrando ainda que quanto mais cedo
se identifica o sistema que será usado, mais
tempo teremos para otimizar este sistema e
assim obter um desempenho ainda melhor.

31
Capítulo 3
Como construir em aço

33
Como construir em aço ?

3.1 Introdução estruturais de concreto trabalhando de forma


independente na mesma estrutura.
No capítulo anterior vimos que um sistema
estrutural precisa ser devidamente configurado Entendemos que os profissionais que par-
para um melhor desempenho em uma obra e ticipam de um processo de escolha do sistema
que um sistema bem configurado não é neces- estrutural devem estar preparados para desen-
sariamente o sistema de menor peso ou de volver as configurações para todos os sistemas
menor custo. estruturais que venham a ser examinados ou
então envolvam um consultor que tenha experi-
Se um sistema estrutural não foi devida- ência no sistema.
mente configurado para as características da
obra, ele pode aparecer como não adequado
para aquela obra. 3.2 Configurando um sistema
estrutural de aço
A configuração de um sistema estrutural é
o conjunto das escolhas feitas para cada uma Um sistema estrutural todo de aço ou um
das opções que formam o sistema (componen- sistema misto aço/concreto pode ser configura-
tes, elementos e sub-sistemas). Observando do pelas escolhas feitas para cada um dos se-
que cada escolha pode ter influência positiva ou guintes itens:
negativa para várias características da obra.
1. Tipo de aço
Quando a configuração de um sistema é
feita para atender as características mais im- 2. Tipo de perfil
portantes de uma obra (previamente
hierarquizadas) e uma característica forte do sis- 3. Modulação e vãos livres
tema coincide com uma necessidade muito im-
portante para a obra, teremos potencializadas 4. Tipo de laje
as suas vantagens e, é claro, o seu melhor de-
sempenho. 5. Tipo de vedação

Somente após a melhor configuração o 6. Estabilidade horizontal


sistema estará pronto para ser comparado com
outros sistemas no processo de escolha do sis- 7. Tipo de ligação
tema mais adequado.
8. Vigas e pilares mistos
Neste capítulo vamos orientar para as con-
figurações dos seguintes sistemas estruturais: 9. Tipo de proteção contra a corrosão

- Sistema todo de aço – quando a estru- 10. Tipo de proteção contra incêndio
tura é totalmente de aço sem nenhuma interação
com componentes de concreto. 11. Durabilidade

- Sistema misto aço/concreto – quando 12. Esquema de transporte e montagem


a estrutura é parcialmente de aço ou quando ele-
mentos de aço interagem com elementos de
concreto ou ainda quando existem elementos

34
3.2.1 Tipo de aço mento acima de 275 MPa e atingem a sua re-
sistência durante o processo de laminação a
Aços estruturais são todos os aços que quente, independentemente de tratamento tér-
devido à sua resistência mecânica, resistência mico. Como esses aços oferecem maior resis-
à corrosão, dutilidade, soldabilidade e outras tência, com custo um pouco maior que os aços
propriedades, são adequados para uso em ele- carbono, são bastante competitivos para diver-
mentos que suportam cargas. sas aplicações estruturais.

Os aços estruturais podem ser resumidos O aço ASTM A572 G50 é o principal aço,
em três grupos: desse grupo, com um limite de escoamento mí-
nimo de 345 MPa.
· aços com baixo teor de carbono;
Aços com baixo teor de carbono de alta
· aços com baixo teor de carbono de alta resistência e baixa liga, resistentes à corrosão
resistência mecânica e baixa liga; atmosférica

· aços com baixo teor de carbono de alta A adição de alguns elementos de liga,
resistência mecânica e baixa liga, resistentes à como o cobre, o níquel e o cromo, reduzem o
corrosão atmosférica. efeito da corrosão, quando os aços são expos-
tos à atmosfera. A película de óxido formada,
Existem diversas normas nacionais e es- denominada “pátina”, se desenvolve de forma
trangeiras que especificam os aços usados no aderente, protegendo o aço e reduzindo a velo-
Brasil e as siderúrgicas criaram, para alguns cidade de ataque dos agentes corrosivos pre-
aços, denominações comerciais próprias. sentes no meio ambiente.

Aços com baixo teor de carbono Os aços NBR 5921 e NBR 5008, com li-
mites de escoamento mínimo de 250, 300 e 350
O aço pode ser classificado como baixo MPa e o aço ASTM A588, com limite de escoa-
teor de carbono se: mento mínimo de 350 MPa, todos conhecidos
· os teores máximos especificados dos como “aços patináveis”, são os principais aços
elementos de liga não excedam o seguinte: desse grupo.
manganês (1,65%), silício (0,60%), cobre
(0,40%); Além da resistência e de outras proprie-
· não sejam especificados limites mínimos dades, é importante observar a disponibilidade
para outros elementos adicionados para obter- e o custo relativo dos aços.
se o efeito desejado da liga.
Algumas informações importantes para a
O aço ASTM A36 é o principal aço desse escolha do tipo de aço:
grupo, com limite de escoamento mínimo de 250
MPa. - O custo relativo pode variar em função
do peso/m e da quantidade.
Aços com baixo teor de carbono de alta
resistência e baixa liga - Aços de alta resistência, mesmo de cus-
to mais alto, pode significar elementos mais del-
Aços com baixo teor de carbono, alta re- gados, mais leves e mais econômicos.
sistência e baixa liga possuem limite de escoa-

35
Como construir em aço ?

- Quando o limite de deformação coman- alguns pequenos cuidados podem ajudar a es-
da o dimensionamento, não haverá ganhos em trutura, principalmente em relação ao melhor
peso com aços de alta resistência. aproveitamento e menor volume de perdas.

3.2.2 Tipo de perfil

Os perfis estruturais consistem na forma


como o aço se apresenta para uso estrutural. O
desempenho de um perfil estrutural depende de
muitos fatores, como a sua forma, a resistência
do aço de que é produzido, o processo de fabri-
cação, etc. Em vista disso, a escolha do perfil
estrutural mais adequado deve passar por uma
análise de diversas características do perfil. Figura 3.1

Algumas das características dos perfis são: - Como os comprimentos padrão (de me-
- Homogeneidade estrutural nor custo na usina e na rede de distribuição) para
- Número de bitolas os perfis e chapas são normalmente de 6 e 12m,
- Bitolas sob medida quando o projeto consegue que as vigas tenham
- Prazo de entrega dimensões iguais ao comprimento padrão ou
- Comprimento padrão e sob medida seus múltiplos e sub-múltiplos (4, 8, 9, 15, 18m),
- Acabamento superficial teremos o melhor aproveitamento.

Os principais tipos de perfis estruturais são: - A disposição do vigamento secundário


- Perfis eletro-soldados depende normalmente das lajes e o vigamento
- Perfis formados à frio principal do sistema estrutural do edifício.
- Perfis laminados de abas inclinadas
- Perfis laminados de abas paralelas - A altura do vigamento afeta a altura total
- Perfis soldados da construção com implicações nas ligações e
- Perfis tubulares com costura nos acabamentos.
- Perfis tubulares sem costura
- A passagem de dutos, principalmente os
Algumas informações importantes para a de ar condicionado, tem grande influência nes-
escolha do tipo de perfil: ta dimensão.

- Podemos utilizar vários tipos de perfis - De uma maneira genérica pode se dizer
em uma obra, explorando as melhores caracte- que o vigamento do piso é tanto mais econômi-
rísticas para cada componente da estrutura. co quanto menor for o percurso da carga até a
- Para perfis em aços diferentes do pa- coluna.
drão prever um tempo maior para a aquisição.
3.2.4 Tipos de laje
3.2.3 Modulação e vãos livres
A escolha do tipo de laje tem uma grande
Os vãos livres devem ser determinados influência no desempenho de qualquer tipo de
em função das necessidades do tipo de ocupa- estrutura. A escolha é normalmente orientada por
ção que se pretende para os pavimentos, mas diversos fatores, tais como: a velocidade na

36
obra, o vão livre dos vigamentos secundários, escoramentos durante a concretagem.
os recursos da construtora, a necessidade de - Necessidade na maioria dos casos de
operações simultâneas para cumprir o revestimento inferior.
cronograma, a existência de vigas mistas que
exigem uma determinada espessura de concre-
to moldado no local, etc.

São os seguintes os tipos de lajes mais


empregados no Brasil:

Laje moldada no local

Algumas características das lajes molda-


das no local: Figura 3.3 - Laje pré-moldada de vigotas e lajotas
- Necessita de forma, que pode ter um
Laje pré-moldada treliçada com isopor
reaproveitamento melhor dependendo da mo-
dulação da estrutura,
Algumas características das lajes pré-mol-
- Permite a utilização de vigas mistas com
dadas treliçadas com isopor:
a participação da espessura total,
- Não necessitam de forma
- Confecção mais demorada necessitan-
- Podem ser utilizadas na viga mista, des-
do sempre de escoramento durante a
contada a espessura da placa da pré-laje.
concretagem, embora no caso de vigas metáli-
- Dependendo da espessura e do vão a
cas o escoramento possa ser feito nas próprias
vencer, quase sempre necessitam de
vigas sem interferir no andamento da obra.
escoramento.

Figura 3.4 - Laje pré-moldada treliçada com isopor

Laje pré-moldada alveolar protendida


Figura 3.2 - Laje pré-moldada no local

Laje pré-moldada de vigotas e lajotas Algumas características das lajes pré-mol-


dadas alveolares protendidas:
Algumas características das lajes pré-mol- - As lajes pré-moldadas alveolares
dadas de vigotas e lajotas: protendidas são lajes próprias para grandes
- Não necessita de formas vãos.
- Bastante difundida em todos os estados - Não necessitam de forma e escoramento.
- Preços convidativos - Normalmente não permitem a utilização
- Não permite a utilização de vigas vistas de vigas mistas.
-Necessita quase sempre de

37
Como construir em aço ?

importantes para a estética da edificação, du-


rabilidade da estrutura, custo e facilidade de
manutenções/reparos, velocidade da obra, etc.

Em alguns casos ainda são feitas de alve-


naria, e as interfaces com a estrutura devem ser
cuidadas para o melhor desempenho (ver Ma-
nual do CBCA sobre Alvenarias)

Figura 3.5 - Laje pré-moldada alveolar protendida Em uma edificação para uso comercial, as
fachadas são normalmente bem padronizadas
Laje mista (steel deck) e simples, facilitando a utilização de componen-
tes pré-fabricados que podem apoiar diretamen-
Algumas características das lajes mistas te nos pilares com a utilização de inserts metáli-
(steel deck): cos (ver Manual do CBCA sobre Painéis de
- Não necessitam de forma Vedação).
- Servem como plataforma de trabalho para
a obra, funciona como armadura da laje
(necessita apenas de uma armadura em
tela soldada para controle da fissuração)
- Permitem utilizar vigas mistas
- Em muitos casos necessitam de um for-
ro para completar o acabamento

Figura 3.7 - Painel de concreto maciço

São os seguintes os tipos de vedação


mais empregados no Brasil:
Figura 3.6 - Laje mista (steel deck)
Painéis de concreto maciço
- Em geral o vão livre máximo sem
escoramento é em torno de 3,0m. Para vãos - Peso grande (180 a 400 kg/m2)
maiores há necessidade de apoio intermediá- - Acabamentos variados
rio durante a concretagem e/ou maiores espes- - Grande durabilidade
suras (consultar sempre o catálogo do fabrican- - Excelente isolamento térmico e acústico
te). - Espessuras de 7,5 a 15 cm
- Comprimento máximo em torno de 6 m
3.2.5 Tipo de vedação
Painéis de concreto sanduíche
Vedações externas (fachadas)
- Peso médio (140 a 200 kg/m2)
As vedações externas são sempre muito - Acabamentos variados

38
- Bom isolamento térmico e acústico
- Espessuras totais de 12 a 20 cm
- Comprimento máximo em torno de 11 m

Painéis de concreto alveolar

- Peso grande (220 a 350 kg/m2)


- Acabamentos variados
Figura 3.8
- Bom isolamento térmico e acústico
- Espessuras totais de 15 a 26 cm Contraventamentos verticais (elementos
- Comprimento máximo em torno de 15 m formando triângulos indeformáveis).
Painéis de GRC

- Peso baixo (120 kg/m2)


- Acabamentos cores e texturas variadas
- Bom isolamento térmico e acústico
- Espessuras totais de 1,3 a 2,0 cm
enrijecido
- Comprimento máximo em torno de 6 m
Figura 3.9
- Cuidados com o empenamento
Os pórticos rígidos são mais deformáveis,
Divisórias Internas (paredes) respondem às solicitações através de esforços
de flexão e pedem elementos mais robustos e
Assim como as vedações externas, as ligações rígidas que são bem mais trabalhosas.
paredes internas em muitos casos ainda são Já os contraventamentos, quando podem ser
feitas de alvenaria mas um edifício de escritório empregados sem criar nenhum obstáculo à ocu-
exige poucas divisórias internas, devendo-se pação, possibilitam elementos mais delgados
apenas prever possíveis paredes futuras não e ligações simples.
previstas na arquitetura. Deve-se observar a uti-
lização de paredes tipo gesso acartonado (dry- Desta forma, sempre que a ocupação e a
wall), que além de rápidas e limpas, garantem arquitetura permitir, devemos privilegiar os
um menor peso próprio, aliviando consideravel- contraventamentos, podendo também misturar
mente a carga nas vigas (ver Manual do CBCA os sistemas de estabilidade horizontal se for
sobre Painéis de Vedação) conveniente.

3.2.6 Estabilidade horizontal 3.2.7 Tipos de ligação

Para responder às cargas horizontais de- Pelo exposto no item anterior, fica claro
vidas aos ventos nas estruturas de aço, pode- que as ligações simples (só de alma) são bem
mos empregar: mais baratas, considerando os custos de fabri-
cação e montagem. No caso de ligações rígi-
- Pórticos rígidos (com ligações rígidas, das (de abas e alma), dar preferência a liga-
semelhantes as ligações monolíticas obtidas nas ções mistas com parafusos na alma e soldas
estruturas de concreto) nas abas, que além de permitir uma boa evolu-
ção da montagem, não cria interferências para
as lajes.
39
Como construir em aço ?

Portanto, dependendo do tipo de ligação, Quando se emprega um tipo de laje que


podemos ter ligações flexíveis ou ligações rígi- oferece uma espessura razoável para a partici-
das. pação na seção composta, quando a logística
de colocação dos conectores de cisalhamento
Nos sistemas contraventados (Indeslo- é favorável e quando a grandeza do vão e espa-
cáveis) as ligações são flexíveis, transmitindo ço estrutural (altura viga + laje) conduzem o
apenas as solicitações de cortante. dimensionamento das vigas pelo limite de de-
formação, a utilização de vigas mistas traz enor-
As ligações flexíveis, com ligações apenas mes vantagens.
de alma, são de execução mais simples e
consequentemente os custos de produção e Portanto, como normalmente as vigas de
montagem são bem mais baixos. aço suportam lajes de concreto e quando soli-
darizamos a viga com a laje através da coloca-
ção dos conectores de cisalhamento, temos a
chamada viga mista com grande eficiência es-
trutural, e uma redução na massa da viga em
até 30%.

Nos sistemas em pórticos (deslocáveis)


as ligações são rígidas, transmitindo solicita-
ções de momento e cortante.

As ligações rígidas, com ligações nas


abas e na alma, são de execução mais traba-
lhosa e com custos de produção e montagem
mais altos.

Pilares Mistos

A solução com pilares mistos, embora re-


duza o ritmo da obra, pode ser muito econômi-
ca quando temos um pé direito muito grande.

3.2.8 Vigas e pilares mistos A utilização de pilares mistos reduz tam-


bém a necessidade de proteção contra incên-
As soluções mistas, são sempre a melhor dio.
solução do ponto de vista estrutural, porque uti-
lizam as melhores características de cada ma- O sistema pode propiciar uma redução de
terial. até 40% na massa dos pilares.

Vigas Mistas Os tipos de sessões transversais de


pilares mistos previstos na norma brasileira
Entretanto, no caso das vigas, alguns ou- estão apresentados na figura 3.10.
tros aspectos devem ser observados, como: tipo
de laje, custo dos conectores, interferências com
outros elementos.

40
3.2.10 Tipo de proteção contra fogo

A proteção contra fogo é sempre um custo


importante nas estruturas de aço, entretanto se
bem coordenada com outros partidos adotados
para o projeto e o uso de engenharia na
minimização da quantidade de materiais utili-
zados na proteção, este custo pode ser consi-
deravelmente reduzido. Assim, uma estrutura
enclausurada pode empregar uma proteção em
argamassa projetada (de menor custo) e não
necessita de pintura anticorrosiva. Deste modo
conseguiremos uma estrutura durável e com o
menor custo de proteção contra a corrosão e o
Figura 3.10 - Tipos de seções transversais de pilares fogo (ver Manual do CBCA sobre Resistên-
mistos cia ao Fogo das Estruturas de Aço)
3.2.9 Tipo de proteção contra a corro-
são

A proteção contra a corrosão na realidade


é um sistema composto de:
- limpeza de superfície;
- pintura de base que tem a necessária
aderência na superfície do aço;
- pintura de acabamento que tem aderên-
cia na pintura de base, completa a espessura
necessária para a proteção e dá a cor do aca-
bamento final. Figura 3.11 - Proteção contra fogo

As normas estabelecem, para cada tipo


É sempre bom lembrar que uma boa pro-
de utilização, o tempo requerido de resistência
teção começa no projeto, evitando detalhes que
ao fogo (TRRF).
possam criar empoçamento ou acúmulo de su-
jeira junto a estrutura.
Alguns elementos estruturais de aço po-
dem necessitar de revestimentos protetores
Outro aspecto importante é que uma boa
para completar a resistência necessária. Estes
limpeza de superfície é melhor do uma boa tin-
revestimentos podem ser argamassas
ta, porque se a base é boa, uma tinta de menor
projetadas, placas rígidas e tintas intumescentes
qualidade ou de menor espessura final vai exi-
ou ainda o aumento do seu recobrimento nor-
gir repinturas a intervalos de tempo menores,
mal.
enquanto que uma limpeza mal feita não pode-
rá mais ser refeita. O Manual de Tratamento
A tabela a seguir mostra as principais ca-
de Superfície e Pintura do CBCA é uma boa
racterísticas dos sistemas de proteção:
referência para uma especificação correta de
um sistema de pintura.

41
Como construir em aço ?

3.2.12 Esquema de transporte e mon-


tagem

As estruturas de aço são de montagem


rápida e de 3 em 3 pavimentos em cada lance
(considerando colunas de 12 m).

Em cada caso, é fundamental um estudo,


ou estudos, até se encontrar a melhor solução
para a seqüência da obra (estruturas sendo
fabricadas enquanto as fundações são execu-
tadas), de forma a propiciar um cronograma
onde as etapas se superponham ao máximo,
podendo reduzir o prazo da obra e
consequentemente os custos do canteiro.
3.2.11 Durabilidade
O Manual de Transporte e Montagem
Na comparação entre sistemas não deve- do CBCA é uma boa referência para uma aná-
mos levar em conta apenas os custos relativos, lise das boas técnicas de transporte e monta-
mas também a qualidade e a durabilidade de gem.
cada um deles. A durabilidade das estruturas é
a sua capacidade de manter ao longo do tempo 3.3 Resultado final da configuração
um desempenho compatível com a utilização
prevista e depende do projeto, da execução e O objetivo final da configuração de um sis-
do controle dos mecanismos de deterioração tema estrutural para uma obra é ter um sistema
que podem gerar patologias a médio e longo que participe da melhor forma quando compa-
prazo. rado com outros sistemas.

Nas estruturas de aço, como o aço é pro- Portanto:


duzido em usinas com a qualidade garantida e
a fabricação é quase totalmente executada em - Com a análise correta de todos os as-
indústrias sob condições controladas, temos um pectos relevantes para o conjunto da obra.
número muito pequeno de variáveis a controlar
(basicamente o tipo de aço e o sistema de pro- - Com a visão completa de todas as eta-
teção) fazendo com que as estimativas da du- pas de produção das estruturas.
rabilidade sejam muito mais fáceis e confiáveis
do que para outros sistemas mais complexos e - Com a utilização no projeto de todos os
com um maior número de mecanismos de dete- partidos que ajudam ao melhor desempenho
rioração. dos aspectos relevantes da obra e da própria
estrutura.
Sistemas mais caros e melhor qualidade
podem portanto apresentar algumas vantagens - Com um tempo de maturação apropria-
importantes, mesmo que a diferença só apare- do para todos os projetos e suas interfaces.
ça a médio ou longo prazo.

42
43
Capítulo 4
Viabilidade econômica do
empreendimento

45
Viabilidade econômica do empreendimento

4.1 Introdução A seguir, serão detalhados estes diversos


componentes da formação do custo de uma
No capítulo 1 já vimos que um dos obra.
paradigmas relacionados com as estruturas de
aço diz respeito ao seu custo, muitas vezes con- 4.2.1 Custos diretos
siderado caro em relação a outros sistemas
estruturais. Os Custos Diretos de um empreendi-
mento ou obra podem ser definidos como a soma
Esta percepção, muitas vezes equivoca- de todos os Insumos que a ele se incorporam,
da, está relacionada ao fato de, na maioria das de maneira proporcional à quantidade de servi-
vezes, se verificar apenas o custo específico das ço realizadas.
estruturas metálicas, ou seja, o seu Custo Di-
reto (CD), não se levando em consideração, Eles representam, portanto, os custos do
conforme citado no Capítulo 1, as vantagens em Materiais, da Mão de Obra e dos Equipamen-
relação às Despesas Indiretas (DI) decorren- tos utilizados:
tes da utilização de estruturas industrializadas
tais como as estruturas em aço. CUSTO DIRETO: MATERIAIS + MÃO DE
OBRA + EQUIPAMENTOS
Em linhas gerais, neste Capítulo serão
apresentados conceitos relacionados à Viabili-
Os ditos Insumos são, portanto, os Mate-
dade Econômica do Empreendimento, funda-
riais, a Mão de Obra e os Equipamentos utili-
mentada nos seguintes componentes: Forma-
zados e diz-se que eles são proporcionais às
ção do Custo em uma Obra, Estudo de Mas-
quantidades de serviços realizadas porque, ao
sa e Estudo da Viabilidade Econômica.
se aumentar a quantidade de um determinado
serviço (por exemplo, a execução de 1 m³ de
4.2 Formação do custo em uma obra
concreto), aumenta-se, proporcionalmente, as
quantidades do Insumos utilizados, quer sejam
O Custo Total (CT) de uma obra é repre-
os Materiais (cimento, areia, brita), a Mão de
sentado pela soma entre os Custos Diretos
Obra necessária para execução do concreto,
(CD) e as Despesas Indiretas (DI) do empre-
(Hh de oficiais e ajudantes para confecção do
endimento (CT=CD + D). Ao se associar o re-
concreto) e os Equipamentos, representados
sultado esperado (B) às Despesas Indiretas
pelo custo horário da betoneira.
(DI), determina-se o seu Preço de Venda (PV),
ou seja, PV = CD + BDI.
A definição dos custo unitários de cada um
destes insumos fundamentais (Materiais, Mão
É importante ressaltar que, para a deter-
de Obra e Equipamentos) proporcionará a
minação do PV a ser adotado em um empreen-
elaboração da CPU – Composição de Preços
dimento, além dos componentes de formação
Unitários, onde são indicadas, para a unidade
de custos citados, não se pode deixar de consi-
da atividade a ser executada (por exemplo, exe-
derar o Preço de Mercado no local do empre-
cução de 1m³ de concreto), a quantidade de
endimento, representado pelo valor máximo por
cada insumo, seja ele relacionado aos Materi-
m² de Área Privativa de Construção que se
ais (quantidade de cimento, brita e areia, acres-
consegue comercializar a unidade autônoma na
cidas das respectivas perdas, para a elabora-
região do empreendimento. Por Área Privati-
ção de 1 m³ do concreto), à Mão de Obra (re-
va de Construção, entenda-se a área interna
presentada pela produtividade de execução de
à unidade autônima que está sendo
cada item, por exemplo, quantos Hh de serven-
comercializada.
46
te são necessários para a elaboração do 1m³ valor este que será inserido na respectiva CPU.
do concreto) e aos Equipamentos (represen-
tada, por exemplo, por quantas horas de utiliza- 4.2.1.2 Custo da mão de obra
ção de betoneira serão necessárias para a con-
fecção de 1m³ de concreto). A definição destes O custo da mão de obra para execução
custos será detalhada nos itens seguintes sen- de uma determinada atividade em uma obra está
do apresentada, sob a forma de tabelas. relacionado a dois componentes: à produtivi-
dade de execução de uma atividade e ao cus-
4.2.1.1 Custo dos materiais to específico para a realização de cada ativida-
de.
Os custos dos materiais são obtidos a
partir das quantidades e das especificações dos A produtividade da mão de obra pode ser
materiais utilizados, acrescidos dos encargos definida como a quantidade de mão de obra
inerentes a cada um, tais como os impostos e (Homens-hora) gasta para se executar uma uni-
taxas específicos para determinados materiais, dade de serviço, sendo largamente difundida
tais como o IPI, as perdas por manuseio, os fre- pela literatura técnica especializada em orça-
tes, despesas de armazenamento, etc. Com mento, como índice na elaboração da unidade
exceção das perdas por manuseio, todos os de cada atividade.
demais encargos relacionado são de fácil de-
terminação. O custo mão de obra é representado pelo
Já as perdas são inerentes a cada tipo de valor do salário de cada tipo de profissional que
material e são relacionadas a sua forma e às executa a mão de obra direta do empreendimen-
dimensões comerciais adotadas pelas indústri- to (Oficial, Ajudante, etc.) e é representado pelo
as. A seguir é apresentado um quadro com su- seu valor horário + encargos. O valor horá-
gestões de perdas médias a serem acrescidas rio da mão de obra relaciona-se com o salário-
aos cálculos teóricos de gastos de alguns itens hora efetivamente pago aos trabalhadores, va-
de uma obra, para fins de orçamentação dos lor este que deve ser acrescido dos encargos
materiais empregados. que podem ser representados por valores
percentuais do salário-hora pago, que em mé-
dia podem ser adotados como na tabela abai-
xo, variável de acordo com a realidade e a loca-
lização de cada empresa:

Após a determinação dos quantitativos de


cada material, acrescidos das respectivas per-
das, procede-se à Coleta de Preços, para de-
terminação dos Custos Unitários de cada item,

47
Viabilidade econômica do empreendimento

tativos de um enfoque que relaciona os dias


pagos com os dias efetivamente trabalha-
dos.

Exemplificando, temos:

DIAS PAGOS NO ANO : 365 dias do ano


+ Férias (30 dias, considerando a contratação
de um profissional substituto) + 1/3 Férias (10
dias) + 13º salário (30 dias) = 435 dias.

DIAS NÃO TRABALHADOS : Férias (30


dias) + Repouso Semanal Remunerado (48 dias
=52 domingos no ano – 4 domingos nas férias)
+ Feriados (11,5 dias) + Auxílio Enfermidade (1
dia) + Acidente de Trabalho (1 dia) + Licença
Paternidade (0,5 dias, na média geral dos ho-
mens) = 92 dias.

DIAS TRABALHADOS = 365 dias do ano


– 92 dias não trabalhados = 273 dias.

ENCARGOS = DIAS PAGOS (435) / DIAS


TRABALHADOS (273) = 1,59 (59%)

Como sobre estes encargos incidem os


ENCARGOS BÁSICOS (38,3%), eles podem
Estes % foram definidos segundo as se-
ser considerados como aproximadamente 80
guintes premissas:
% em relação à Folha de Pagamento.
- Jornada de trabalho de 44 h semanais
- Rotatividade do pessoal (turn-over) : 10%
Os valores da Mão de Obra, acrescidos
ao mês;
dos citados encargos são, portanto, inseridos
- Feriados no ano: 12
nas CPU‘s (Composições de Preços Unitários)
- Depósito do FGTS por despedida forma-
de cada atividade orçada.
do mês a mês;
- Férias gozadas;
4.2.1.3 Custo dos equipamentos
- Aviso Prévio indenizado;
- Não considerados: horas-extras, adicio-
Na determinação dos custos a serem im-
nal noturno, vale transporte, cesta básica.
putados aos equipamentos é usual se definir
como custo horário a soma do custo de proprie-
Os ENCARGOS BÁSICOS, são aqueles
dade com o custo de operação, ou seja:
efetivamente recolhidos todo mês pelas empre-
sas, representados pelos percentuais indicados
em relação à Folha de Pagamento. Já os ditos CUSTO HORÁRIO = CUSTO DE PROPRIE-
ENCARGOS SOCIAIS COM INCIDÊNCIA DADE + CUSTO DE OPERAÇÃO
DOS BÁSICOS têm uma conceituação mais
estatística sendo, de uma certa forma, represen-

48
Onde: ao seu tempo de execução para uma finalização
mais rápida que pode ser representada por dois
Custo de Propriedade : Depreciação + tipos de fatores:
Juros - recuperação do capital investido em me-
Ou seja, é o valor horário que reembolsa nor tempo, por geração de receita (caso típico
ao proprietário o quanto lhe custa ser dono da- de Edifícios Comerciais, como Hotéis e
quele equipamento, valor este representado por: Shoppings Centers) e das Unidades Industriais,
Depreciação: diminuição do valor do equipa- pela antecipação do início do seu funcionamen-
mento no decorrer da sua vida útil. Geralmente to;
se calcula a depreciação considerando uma
vida útil de 10.000 horas, equivalentes a 2000 - postergação do desembolso na obra,
horas trabalhadas durante 5 anos e se define possível se obter ao se adiar o início de constru-
um valor residual para o equipamento, que re- ção de uma obra vendida para entrega futura, o
presenta por quanto se venderá tal equipamen- que possibilita melhora no Fluxo de Caixa do
to no final da sua vida útil. Este valor oscila entre empreendimento.
10% e 20% do seu custo de aquisição e a par-
cela da depreciação é calculada a partir da di- Para melhor entendimento de como é fun-
visão entre (Valor de aquisição – valor residual) damental a relação Tempo X Custo para a via-
/ Vida útil = 10.000 h. bilidade econômica de um empreendimento em
aço, é importante estabelecer-se alguns concei-
Juros: esta parcela representa o quanto tos a respeito do tema.
o equipamento deverá proporcionar por hora ao
seu proprietário para compensar o fato dele ter Todo processo de produção possui cus-
comprado o equipamento ao invés de aplicar o tos fixos e custos variáveis. Os custos variáveis
valor no mercado financeiro. são função da produção, ou seja, em uma obra,
caso se produza mais em um mês, gastam-se
Já o Custo de operação é representado os insumos proporcionalmente a esta produção
pelos custos horários do operador (salário + mensal aumentada. Já os custos fixos, repre-
encargos), do consumo de combustíveis / ener- sentados, por exemplo, pelos custos de manu-
gia elétrica, lubrificantes, tenção do canteiro de obra, são independentes
filtros, pneus e manutenção. da quantidade produzida, ou seja, do volume
adicional de produção na obra executado na-
Para completar o custo de um equipamen- quele mês. Mas existe, também, uma correla-
to, também devem ser considerados os custos ção entre estes dois conceitos, que não pode
da sua hora parada e da sua mobilização, defi- ser deixada de lado: caso sejam utilizadas mui-
nidos como: tas horas extras para se adiantar uma obra, es-
Hora parada: Custo de Propriedade + tendendo o horário de trabalho, o custo variável
Mão de Obra de Operação. da mão de obra aumentará, não só pelo gasto
Mobilização: Custo do deslocamento do em si de horas de trabalho, como pela incidên-
equipamento e sua instalação no canteiro de cia maior de encargos trabalhistas sobre estas
obras. horas extras. Em compensação, se deste fato
decorrer uma diminuição no tempo da obra, os
4.2.2 Relação Tempo x Custo custos fixos diminuirão proporcionalmente.

Conforme já citado, um dos grandes A conjunção entre os custos fixos e os cus-


diferenciais das estruturas em aço diz respeito tos variáveis leva a se obter, para cada tipo de

49
Viabilidade econômica do empreendimento

empreendimento, um ponto de equilíbrio en- ou uma equipe de 2 pedreiros e 1 ajudante tra-


tre ao aumento dos custos variáveis em função balhando por quatro meses, se considerarmos
da aceleração da obra e a diminuição dos cus- que o salário e a produtividade das equipes são
tos fixos, em função da redução do tempo obti- equivalente, ou seja, os Custos Diretos das
da por esta redução no prazo de execução. duas opções serão iguais, independentemente
do tempo da obra ser 2 ou 4 meses. Mas, ao se
Este ponto de equilíbrio, inerente a cada introduzir o fator Despesas Indiretas, represen-
tipo de empreendimento e solução estrutural, tado pelo encarregado da obra, responsável
define o tempo de custo mínimo para cada obra. pela supervisão dos trabalhos, estaremos nos
deparando com gastos dobrados, no caso da
É neste aspecto que as obras em estrutu- obra em quatro meses, em relação à obra feita
ras metálicas fazem a diferença pois como são em dois meses.
de execução mais rápida, permitem a redução
do tempo da obra sem onerar os custos variá- Como elementos formadores das Despe-
veis comuns entre os diversos sistemas estrutu- sas Indiretas, podemos citar:
rais.
4.2.3.1 Mobilização da Obra :
Quando se introduz o fator tempo na via- a) Mobilização dos Equipamentos
bilidade econômica do empreendimento, a aná- b) Mobilização do Pessoal
lise de custos começa fica interessante para o
aço pois, mesmo a um custo de aquisição su- 4.2.3.2 Administração Local :
perior, a economia gerada pela diminuição das a) Instalações físicas do canteiro de obras
despesas fixas, representadas, por exemplo, - Escritório;
pelas Despesas Indiretas pode gerar uma di- - Almoxarifado / Áreas de estocagem;
minuição tal no custo total do empreendimento, - Instalações elétricas, telefônicas, dados,
que a obra torna-se mais econômica em aço. hidro-sanitárias
No Capítulo 6, onde os conceitos aqui apresen- - Unidades produtivas de concretos, pré-
tados são analisados considerando os aspec- moldados, britagem, extração de areia,
tos inerentes às obras em aço, estes aspectos usinas de asfalto, etc.
ficam bem claros.
b) Mão de obra condutiva (administrativa)
4.2.3 Despesas Indiretas - Engenheiro(s)
- Funcionários Administrativos
Diferentemente dos Custos Diretos, que - Mestre de Obras / Encarregado Geral
representam despesas proporcionais às quan- - Encarregados de setores (forma, arma-
tidades de serviços realizadas, as Despesas ção, alvenaria, acabamento, etc.)
Indiretas independem diretamente do volume - Almoxarife, mecânico, vigia, etc.
de atividades realizadas, sendo muito mais re-
lacionadas com o tempo da obra do que com c) Despesas de manutenção do escritório
os quantitativos de serviços realizados. da obra
- Energia elétrica, telefone, água, etc.
Exemplificando: em relação aos Custos - Material de escritório
Diretos, tanto faz, tanto em termos financeiros, - Alimentação, uniforme e EPI’s dos em-
quanto em relação ao volume de serviços reali- pregados
zados, se for utilizada uma equipe de 4 pedrei- - Segurança do Trabalho
ros e 2 ajudantes trabalhando por dois meses - Viagens e estadias

50
- Veículos clusive, a estrutura organizacional de cada em-
- Equipamentos e pequenas ferramentas presa com as obras em andamento. Porém para
em geral (aquisição e/ou aluguel) efeito didático, para um cálculo rápido, pode-se
- Legalizações, despesas contratuais, se- estimá-los, com base na média das empresas
guros, etc. em geral, que pode ser resumida nos seguintes
% em relação aos Custos Diretos (CD):
4.2.3.3 Administração Central
Despesas Indiretas (DI) % CD
Representa as despesas relativas à ma- Administração Central 5 a 10
nutenção do escritório central da empresa, ou Administração Local 5 a 15
seja: Comercialização 5 a 15
Capital de Giro 2a 5
- Honorários da Diretoria Encargos Financeiros até 15
- Pessoal administrativo
- Aluguéis, impostos e taxas de funciona- A industrialização do processo de produ-
mento ção e a rapidez na sua execução da obra tem
- Etc. fundamental participação nas Despesa Indire-
tas e, consequentemente, na formação do pre-
As empresas, em geral, destinam um ço, viabilizando obras em aço que, mesmo a
percentual da ordem de 8% de cada contrato um custo de aquisição maior que outros siste-
para estas despesas. mas estruturais, tornam-se economicamente vi-
áveis face à diminuição do tempo de obra, em
4.2.3.4 Despesas Financeiras decorrência de aspectos tais como:

a)Capital de giro - Diminuição das Despesas Indiretas rela-


- Prazo de pagamento cionadas à mão de obra condutiva (engenheiro,
- Atraso de pagamento encarregado, almoxarife, vigia, etc.) face ao tem-
- Cauções (retenções) po menor de obra;
- Inflação - Redução das despesas fixas de manu-
tenção do canteiro de obra, tais como água,
b) Despesas Comerciais energia elétrica, telefone, etc.;
-Propostas - Adiamento na geração de receitas relati-
- Divulgações e publicidade vas ao empreendimento pronto em caso de ho-
- Corretores e comissões téis, hospitais, shoppings centers, etc.;
- Postergação no desembolso de obras
Ao contrário dos Custos Diretos, que são comercializadas para entrega futura, fato muito
de definição simples, pois estão relacionados usual no mercado de habitações econômicas,
diretamente ao levantamento de quantitativos e possibilitando adiar o início da obra, mantendo
coleta dos preços de cada material, as Despe- o prazo de entrega face ao tempo menor ne-
sas Indiretas são de quantificação menos exa- cessário para a sua execução propriamente dita.
ta, sendo seus percentuais de incidência em
relação aos Custos Diretos inerentes às carac- 4.2.4 Formação do Preço de Venda /
terísticas de cada obra, variando de acordo com Definição do BDI
a estrutura organizacional de cada empresa. A
definição exata deles passa por uma Considerando que o termo BDI se origina
orçamentação de cada item, relacionando, in- do da conjunção de dois fatores, B + DI

51
Viabilidade econômica do empreendimento

B –Bonificação: % a ser aplicado sobre o 4.2.5 Orçamento Sumário


valor final do contrato a título de resultado proje-
tado ou lucro bruto esperado, usualmente ado- Baseado no CUB (Custo Unitário Básico)
tado entre 5% e 10%. calculado todo mês pelos Sindicatos estaduais
da Construção Civil, segundo os pressupostos
DI – Despesas Indiretas, constituídas pe- da norma NBR 12.721:2006 , pode-se elaborar
los componentes listados no item anterior, um orçamento de maneira mais rápida, utilizan-
do os valores de custo/m² aferidos mensalmen-
se considerarmos uma obra hipotética, te por região do pais e estratificados segundo o
onde os Custos Diretos foram orçados em tipo de utilização e o tipo de acabamento de
R$100.000,00 e as Despesas Indiretas em cada empreendimento. O CUB tem uma outra
R$20.000,00, teremos a seguinte formação do importante utilidade no que diz respeito ao rea-
preço: juste dos custos das obras, pois ele retrata bem
a variação mês a mês dos custos dos diversos
insumos.

4.3 Estudo de Massa

Paralelamente à definição do Custo Uni-


tário de Construção (R$/m²), procede-se o
Estudo de Massa do empreendimento, onde
Considerando uma margem de lucro se define:
de 5% em relação ao custo total = R$ - Tipologia adotada: tipos de unidades
6.000,00 autônomas distintas a serem utilizadas no em-
preendimento;

- Área Real: Área total construída, a partir


da qual se calcula o Custo Total de Construção.

- Área Privativa da Unidade Autônoma:


Área “de venda” de cada unidade, ou seja, área
pela qual se multiplica o Valor de Venda/m² para
Sendo o BDI a soma = DESPESAS INDI- se obter o Valor de Venda de cada unidade.
RETAS + LUCRO, teremos BDI = R$ 26.000,00.
- Área Equivalente de Construção: Área
A relação entre o BDI e os Custos Diretos virtual, representada pela área de construção
define o denominado multiplicador k multiplicada por um fatos de majoração /
minoração, quando o valor do custo/m² de cons-
K = BDI / CUSTO DIRETO trução no local for diferente do custo adotado
= R$ 26.000,00 / R$ 100.000,00 = 0,26 como referência. A Norma NBR 12.721:2006
sugere a adoção dos seguintes fatores médios:
Ou seja, 1+K representa o fator pelo qual Garagem: 0,5 a 0,75 / Área privativa:1,00 / Es-
se multiplica os Custos Diretos para se definir tacionamento sobre terreno:0,05 a 0,10 /
o Preço de Venda. Barrilete: 0,50 a 0,75 / Caixa d’água : 0,50 a
0,75, dentre outros.

52
- Área Líquida: Área de construção ado- 4.4.3 VGV – Valor geral de venda: re-
tada para efeito de aprovação do Projeto sultado do Valor de Venda/m² aplicado em rela-
Arquitetônico, representada pela área bruta to- ção à Área Privativa Total.
tal, subtraídas as áreas a descontar.
4.4.4 Receita líquida = Resultado da
- Coeficiente de Aproveitamento Real: Operação (VGV) – (Despesas Diversas).
relação entre a Área Líquida e a Área do Terre-
no, que deve ser d” Coeficiente de Aproveita- 4.4.5 Resultado = Resultado da Opera-
mento Legal. ção (Receita Líquida) – Investimento.

4.4.6 Fluxo de caixa


4.4 Estudo da Viabilidade Econômica
Além de gerar lucro, um grande desafio em
Para se verificar a Viabilidade Econômi- todos os empreendimentos diz respeito à sua
ca de um Empreendimento, são necessárias as administração financeira no decorrer da obra,
seguintes informações: que deve, na medida do possível, manter um
Fluxo de Caixa compatível com as possibilida-
4.4.1 Investimento: Soma dos seguin- des e reservas financeiras da empresa.
tes componentes de custo: Uma situação ideal seria aquela na qual
se conseguisse manter o Fluxo de Caixa sem-
4.4.4.1 Custo do terreno, preferencial- pre positivo durante o empreendimento.
mente, divido pelo número de unidades deter-
minado pelo Estudo de Massa, definindo o cus- Em algumas obras, principalmente execu-
to da Fração Ideal por Unidade Autônoma. tadas em aço, isso é possível, face à possibili-
dade de se postergar o seu início, mantendo a
4.4.1.2 Custo da construção, represen- mesma data de entrega. Isso ocorre devido à
tado pelo Custo/m² de construção orçado, mul- velocidade das construções em aço, que per-
tiplicado pela Área Equivalente do empreendi- mitem executá-la em um tempo consideravel-
mento. mente menor que em outro sistemas construti-
vos.
4.4.2 Despesas diversas
Com isso, sendo o empreendimento
4.4.2.1 Impostos: em média, represen- comercializado na planta, consegue-se obter
tam aproximadamente 9% dos Custos Totais, mais recursos dos próprios compradores, sem
assim distribuídos: realizar gastos, durante um período maior de
- Imposto de Renda: 2,00%; tempo.
- CSSL: 1,08%;
- PIS: 0,65%; 4.5 Viabilidade econômica do
- COFINS: 3,00%; empreendimento
- ISS: 2,00%.
O adequado arranjo entre estes conceitos
4.4.2.2 Corretagem: até 5% do VGV – nos permite, de maneira rápida e sucinta, verifi-
Valor Geral de Venda. car a Viabilidade Econômica de qualquer em-
preendimento, em particular aqueles em estru-
4.4.2.3 Publicidade: média de 6% do tura metálica, objeto do estudo deste manual.
VGV. Para facilitar esta verificação, foi desenvolvida

53
Viabilidade econômica do empreendimento

uma planilha, que é apresentada no Capítulo 5, - Impostos sobre as vendas


que permite comparar o resultado entre obras
estudadas em aço, comparativamente com RECEITAS DECORRENTES DO SISTE-
obras em concreto armado, considerando as MA CONSTRUTIVO = REPRESENTA OS GAN-
particularidades entre os sistemas construtivos HOS PROPORCIONADOS POR UMA OBRA
e considerando os pontos fortes de cada um. EM AÇO, QUANDO SE CONSIDERA OS RE-
SULTADOS PROVENIENTES DOS SEGUIN-
A planilha que foi utilizada nos dois Estu- TES FATORES :
dos de Caso apresentados no Capítulo 6, foi
desenvolvida segundo os seguintes preceitos: -Fundações mais leves;
-Diminuição das Despesas Indiretas;
NEGÓCIO = VGV -Ganho de capital por postergação de desem-
bolso na obra decorrente de início mais tarde
RESULTADO = (VGV) – (CUSTO TOTAL) em função do menor tempo de construção para
+ (RECEITAS DECORRENTES DO SISTEMA cumprir um mesmo prazo de entrega;
CONSTRUTIVO) -Receita de aluguel e obras comerciais (salas,
hotéis, etc) pelo menor prazo de construção.
CUSTO TOTAL = INVESTIMENTO +
CUSTOS DIVERSOS

INVESTIMENTO = CUSTO DO TERRE-


NO + CUSTO DIRETO DA OBRA (CD)

CUSTO DO TERRENO = PODE SER


UMA VALOR ABSOLUTO OU UM % DO VGV
(PERMUTA)

CUSTO DIRETO DA OBRA = CERCA DE


60% DOS CUSTOS TOTAIS DO EMPREENDI-
MENTO, FORA O CUSTO DO TERRENO.
PODE REPRESENTADOS, POR EXEMPLO,
PELO VALOR DEFINIDO PELO CUB. ESTE %
PODE SER ALTERADO DE ACORDO COM A
REALIDADE DE CADA EMPRESA.

CUSTOS DIVERSOS = OS DEMAIS


40% QUE COMPLETAM OS 100% DOS CUS-
TOS DA OBRA (OU OUTRO %, SE A EMPRE-
SA ALTERAR O % DOS CUSTOS DIRETOS,
DIZEM RESPEITO A:
- Projetos
- Fundações
- Despesas Indiretas (MOI - Mão de Obra Indire-
ta + Equipamentos + Consumos Permanentes)
- Corretagem
- Publicidade

54
55
Capítulo 5
Análise do empreendimento
em aço - Planilhas
interativas

57
Análise do empreendimento em aço - Planilhas Interativas

À partir dos paradigmas e verdades e ba-


seado nos conceitos desenvolvidos nos capítu-
los 2- Quando construir em aço, 3- Como cons-
truir em aço e 4- Viabilidade econômica do em-
preendimento, foram elaboradas planilhas
interativas que ajudam a fazer as escolhas, as
configurações e as análises para um empreen-
dimento empregando estruturas de aço e que
fazem parte deste manual, disponibilizadas em
CD anexo.

O objetivo desta planilha é propiciar aos


empreendedores um método rápido de compa-
ração do resultado econômico de empreendi-
mentos concebidos para serem edificados em
estrutura de concreto armado, quando compa-
rados com opção estrutural em aço.

Ao final, teremos um comparativo entre o


empreendimento concebido inicialmente em
concreto, baseado na experiência dos
As Planilhas “Quando Construir em Aço” e
orçamentistas neste tipo de construção e o mes-
“Como Construir em Aço” são bastante intuiti-
mo empreendimento empregando estuturas de
vas e simplesmente facilitam a utilização dos
aço.
conceitos e roteiros propostos nos capítulos 2 e
3.

A planilha “Empreendimento em Aço” e os


seus gráficos “Custos das Etapas” e “Compa-
rativo Aço x Concreto” foi elaborada para facili-
tar a análise da viabilidade econômica de
edificações utilizando estruturas em aço.

Obs: as estruturas mistas aço x concreto,


não estão contempladas nesta planilha sendo
objeto de planilha específica futuramente.

Para facilitar a análise, vamos separar as


etapas dos custos de um empreendimento em:

58
Em grande parte das edificações o maior DO POR UM % DO VGV, TÍPICO DAS PER-
custo das estruturas metálicas é compensado MUTAS
por reduções importantes nos custos da admi-
nistração e canteiro de obras e nas fundações. Campo 10:
E quando se contabilizam os ganhos devido ao % A SER ADOTADO SOBRE A ÁREA
menor prazo, podemos ter um aumento signifi- REAL PARA SE DEFINIR A ÁREA EQUIVALEN-
cativo da margem sobre a receita, viabilizando TE (AE)
com vantagem o emprego das estruturas de aço
no empreendimento. Campo 11:
% DO CUSTO TOTAL DA OBRA REPRE-
A planilha “Empreendimento em Aço” pos- SENTADO PELO CUB
sui alguns campos que devem ser preenchidos
pelo empreendedor, conforme exemplificado a Campo 12:
seguir: CUSTO UNITÁRIO DA ESTRUTURA DE
CONCRETO ARMADO (R$/m³)
Campo 1:
NOME DO PROJETO Campo 13:
ESPESSURA MÉDIA QUE REPRESEN-
Campo 2: TA A ESTRUTURA DE CONCRETO ARMADO
CLASSIFICAÇÃO DO EMPREENDIMEN- DA EDIFICAÇÃO
TO SEGUNDO NBR 12.721:2006
Campo 14:
Campo 3: % A SER ADOTADO SOBRE A ÁREA
PADRÃO DE CONSTRUÇÃO SEGUNDO REAL PARA SE DEFINIR A ÁREA DAS LAJES
A NBR 12.721:2006
Campo 15:
Campo 4: CUSTO UNITÁRIO DA LAJE DE CON-
MÊS BASE DO CUB CRETO ARMADO (R$/m³)

Campo 5: Campo 16:


VALOR DO CUB ESPESSURA MÉDIA QUE REPRESEN-
TA A LAJE DE CONCRETO ARMADO DA
Campo 6: EDIFICAÇÃO
ÁREA REAL (BRUTA) DA EDIFICAÇÃO
(m²) Campo 17:
TEMPO PREVISTO PARA A OBRA DE
Campo 7: CONCRETO ARMADO
% A SER ADOTADO SOBRE A ÁREA
REAL PARA SE DEFINIR A ÁREA PRIVATIVA Campo 18:
(AP) OU, ÁREA DE VENDA TAXA DE CONSUMO DE AÇO NA ES-
TRUTURA METÁLICA (kg/m²)
Campo 8:
VALOR DE VENDA EM R$/m2 Campo 19:
CUSTO DO AÇO (MATERIAL- R$/kg)
Campo 9:
CUSTO DO TERRENO, REPRESENTA-

59
Análise do empreendimento em aço - Planilhas Interativas

Campo 20: Campo 31:


CUSTO DA MÃO DE OBRA PARA ELA- % MENSAL DO VGV RELATIVO A ADI-
BORAÇÃO DA ESTRUTURA METÁLICA (FA- ANTAMENTO DO PRAZO DE ENTREGA DA
BRICAÇÃO E MONTAGEM R$/kg) OBRA

Campo 21: Campo 32:


% DA ÁREA REAL A SER PROTEGIDA TAXA DE OCUPAÇÃO MÉDIA DA
POR PINTURA CONTRA INCÊNDIO EDIFICAÇÃO COMERCIAL

Campo 22: Campo 33:


CUSTO DOS MATERIAIS PARA PROTE- TAXA DE JUROS (%) DE REMUNERA-
ÇÃO DO AÇO CONTRA INCÊNDIO ÇÃO DO CAPITAL

Campo 23: Campo 34:


CUSTO DOS SERVIÇOS PARA PROTE- OUTRAS REDUÇÕES OU ACRÉSCIMOS
ÇÃO DO AÇO CONTRA INCÊNDIO

Campo 24:
% DA ÁREA DAS LAJES EM RELAÇÃO
À ÁREA TOTAL

Campo 25:
% DO CUSTO DOS MATERIAIS NO CUS-
TO TOTAL DAS LAJES

Campo 26:
% DO CUSTO DOS SERVIÇOS NO CUS-
TO TOTAL DAS LAJES

Campo 27:
% DOS CUSTOS INDIRETOS (ADMINIS-
TRAÇÃO E CANTEIRO) EM RELAÇÃO AOS
CUSTOS DIRETOS

Campo 28:
% DO CUSTO DAS FUNDAÇÕES EM
RELAÇÃO AOS CUTOS DIRETOS

Campo 29:
% DE REDUÇÃO NO CUSTO DAS FUN-
DAÇÕES DA OBRA QUANDO SE UTILIZA AS
ESTRUTURAS EM AÇO

Campo 30:
TEMPO PREVISTO PARA A OBRA EM
AÇO

60
61
Análise do empreendimento em aço - Planilhas Interativas

62
63
Análise do empreendimento em aço - Planilhas Interativas

64
Unidade: R$

65
Análise do empreendimento em aço - Planilhas Interativas

66
67
Capítulo 6
Estudos de caso

69
Estudos de caso

6.1 Introdução Campo 4:


MÊS BASE DO CUB
Neste capítulo serão apresentados dois Exemplo: Maio/2008
Estudos de Caso exemplificativos da utilização
da planilha apresentada no Capítulo 5, relativos Campo 5:
a obras em estrutura metálica nos segmentos VALOR DO CUB CAL-8/PADRÃO NOR-
comercial e residencial, para demonstração da MAL/MAIO 2008
sua aplicabilidade. Exemplo: R$ 892,23 indicado pelo
SindusCon-SP

6.2 Estudo de caso nº 1 - Edifício Campo 6:


comercial de 8 pavimentos ÁREA REAL (BRUTA) DA EDIFICAÇÃO
(m²)
Neste estudo de caso, mostram-se os re- Exemplo: 4392 m²
sultados obtidos ao se comparar a utilização
de Estrutura em Aço X Estrutura em Concreto Campo 7:
Armado em um prédio comercial de andares li- % A SER ADOTADO SOBRE A ÁREA
vres, a ser construído na cidade de São Paulo. REAL PARA SE DEFINIR A ÁREA PRIVA-
TIVA (AP) OU, ÁREA DE VENDA
O empreendimento original, concebido Exemplo: 90%
para ser edificado em Concreto Armado, tinha
como prazo de construção, 18 meses e apre- Campo 8:
sentava resultado final de R$1.494.861,12 ou VALOR DE VENDA EM R$/m2
19% margem sobre a receita, conforme pode Exemplo: 2000,00
ser verificado na Planilha.
Campo 9:
Após a adoção da Estrutura em Aço, ado- CUSTO DO TERRENO, REPRESENTA-
tando-se tempo de construção de 10 meses, a DO POR UM % DO VGV, TÍPICO DAS
planilha foi rodada utilizando-se os seguintes PERMUTAS
parâmetros: Exemplo: 15%

Campo 1: Campo 10:


NOME DO PROJETO % A SER ADOTADO SOBRE A ÁREA
Exemplo: Edifício Comercial de Andares REAL PARA SE DEFINIR A ÁREA EQUI-
Livres – 8 pavimentos VALENTE (AE)
Exemplo: 80%
Campo 2:
CLASSIFICAÇÃO DO EMPREENDIMEN- Campo 11:
TO SEGUNDO NBR 12.721:2006 % DO CUSTO TOTAL DA OBRA REPRE-
Exemplo: CAL-8 SENTADO PELO CUB
Exemplo: 60%
Campo 3:
PADRÃO DE CONSTRUÇÃO SEGUNDO Campo 12:
A NBR 12.721:2006 CUSTO UNITÁRIO DA ESTRUTURA DE
Exemplo: Normal CONCRETO ARMADO (R$/m³)
Exemplo: R$ 1.500,00/m³

70
Campo 13: Campo 22:
ESPESSURA MÉDIA QUE REPRESEN- CUSTO DOS MATERIAIS PARA PROTE-
TA A ESTRUTURA DE CONCRETO AR- ÇÃO DO AÇO CONTRA INCÊNDIO
MADO DA EDIFICAÇÃO Exemplo: R$ 5,00/m²
Exemplo: 13 cm
Campo 23:
Campo 14: CUSTO DOS SERVIÇOS PARA PROTE-
% A SER ADOTADO SOBRE A ÁREA ÇÃO DO AÇO CONTRA INCÊNDIO
REAL PARA SE DEFINIR A ÁREA DAS Exemplo: R$ 12,00/m²
LAJES
Exemplo: 100% Campo 24:
% DA ÁREA DAS LAJES EM RELAÇÃO
Campo 15: À ÁREA TOTAL
CUSTO UNITÁRIO DA LAJE DE CON- Exemplo: 100%
CRETO ARMADO (R$/m³)
Exemplo: R$ 1.000,00/m³ Campo 25:
% DO CUSTO DOS MATERIAIS NO CUS-
Campo 16: TO TOTAL DAS LAJES
ESPESSURA MÉDIA QUE REPRESEN- Exemplo: 70%
TA A LAJE DE CONCRETO ARMADO DA
EDIFICAÇÃO Campo 26:
Exemplo: 9 cm % DO CUSTO DOS SERVIÇOS NO CUS-
TO TOTAL DAS LAJES
Campo 17: Exemplo: 30%
TEMPO PREVISTO PARA A OBRA DE
CONCRETO ARMADO Campo 27:
Exemplo: 18 meses % DOS CUSTOS INDIRETOS (ADMINIS-
TRAÇÃO E CANTEIRO) EM RELAÇÃO
Campo 18: AOS CUSTOS DIRETOS
TAXA DE CONSUMO DE AÇO NA ES- Exemplo: 15%
TRUTURA METÁLICA (kg/m²)
Exemplo: 36 kg/m² Campo 28:
% DO CUSTO DAS FUNDAÇÕES EM
Campo 19: RELAÇÃO AOS CUTOS DIRETOS
CUSTO DO AÇO (MATERIAL- R$/kg) Exemplo: 5%
Exemplo: R$ 3,00/kg
Campo 29:
Campo 20: % DE REDUÇÃO NO CUSTO DAS FUN-
CUSTO DA MÃO DE OBRA PARA ELA- DAÇÕES DA OBRA QUANDO SE UTILI-
BORAÇÃO DA ESTRUTURA METÁLICA ZA AS ESTRUTURAS EM AÇO
(FABRICAÇÃO E MONTAGEM R$/kg) Exemplo: 30%
Exemplo: R$ 5,00/kg
Campo 30:
Campo 21: TEMPO PREVISTO PARA A OBRA EM
% DA ÁREA REAL A SER PROTEGIDA AÇO
POR PINTURA CONTRA INCÊNDIO Exemplo: 10 meses
Exemplo: 90%
71
Estudos de caso

Campo 31: perfis de aço em alma cheia.


% MENSAL DO VGV RELATIVO A ADI-
ANTAMENTO DO PRAZO DE ENTREGA A solução arquitetônica e estrutural propos-
DA OBRA ta procurou tomar partido tanto das característi-
Exemplo: 1,0% cas topográficas do terreno, um lote de dimen-
sões (14 x 30)m e apresentando declive de
Campo 32: aproximadamente 3m para os fundos, quanto
TAXA DE OCUPAÇÃO MÉDIA DA das possibilidades legais em termos de poten-
EDIFICAÇÃO COMERCIAL cial construtivo permitido pela legislação (Códi-
Exemplo: 70% go de Obras e Lei do Uso e Ocupação do Solo)
do Município de Belo Horizonte.
Campo 33:
TAXA DE JUROS (%) DE REMUNERA- A região onde ele se localiza está inserida
ÇÃO DO CAPITAL em um bairro que apresenta Zoneamento deno-
Exemplo: 1,5% minado ZAP (Zona de Adensamento Preferên-
cia) que permite um CA - Coeficiente de Apro-
Campo 34: veitamento de 1.7, do que resulta a possibilida-
OUTRAS REDUÇÕES OU ACRÉSCIMOS de de se ter edificações com até 714 m² de
(R$) área líquida. Outros dois condicionantes legais
Exemplo: 0,00 importantes para a elaboração do Projeto
Arquitetônico neste local são:
Com estas considerações, devido à ocu- -Área permeável mínima: 30%, pois está
pação antecipada do prédio em 6 meses com situado na região da Bacia da Pampulha;
a adoção das estruturas em aço, mesmo a um -Nº máximo de unidades definido pela
custo mais elevado no item estrutura, o resulta- Quota Habitacional do local (25m2/um)=16, ob-
do do empreendimento subiu para tido pela relação Área do terreno/Quota.
R$2.026.766,17 ou 24% de margem sobre a re-
ceita. Isso se dá devido ao fato do prédio poder Em complementação a estas condições
ser ocupado antes, adotando taxa de ocupação de contorno legais, a Construtora, através de
de 70% e rendimento mensal de 1,5% a.m. Pesquisa de Mercado na região, definiu como
produto a ser desenvolvido, um prédio com o
Vale verificar as demais planilhas auxilia- número máximo de andares possível sem utili-
res à principal (Empreendimento em Aço), com- zar elevador, apresentando 4 apartamentos com-
plementares e exemplificadoras do sistema e pactos de 2 quartos por andar, uma vaga de
preenchidas conforme os Capítulos iniciais deste garagem para cada unidade autônoma e siste-
Manual, a saber: ma construtivo de rápida execução e total racio-
- Quando construir em aço; nalização do canteiro de obras, sem perder de
- Como construir em aço; vista os resultados financeiros esperados, que
deveriam ser compatíveis com os obtidos nas
6.3 Estudo de caso nº 2 - Edifício construções a baixo custo executadas em Alve-
residencial de 5 pavimentos naria Estrutural.
O Projeto Arquitetônico apresentou as se-
Este estudo refere-se ao Ed. Embaúba, guintes características:
edificação residencial inserida no segmento das -Edifício residencial de 5 pavimentos, sen-
“Construções Econômicas” executada em Belo do um sub-solo (garagem), um pavimento tér-
Horizonte, MG, utilizando estrutura metálica com reo com garagem e dois apartamentos e quatro

72
pavimentos-tipo, cada um com 4 apartamentos; Campo 6:
- Área privativa dos apartamentos: 50 m²; ÁREA REAL (BRUTA) DA EDIFICAÇÃO
- Estrutura metálica em perfis de alma (m²)
cheia nos pilares e vigas e lajes em concreto Exemplo: 903 m²
armado; Campo 7:
-Sistema de contraventamento em “X” no % A SER ADOTADO SOBRE A ÁREA
sentido longitudinal da edificação, apresentando REAL PARA SE DEFINIR A ÁREA PRIVA-
solução em pórtico no sentido transversal. TIVA (AP) OU, ÁREA DE VENDA
Exemplo: 90%
Esta obra pode ser executada em cerca
de 90 dias, sendo a estrutura em aço montada Campo 8:
em apenas uma semana. A fabricação ocorreu VALOR DE VENDA EM R$/m2
enquanto a construtora executava as fundações Exemplo: 1.200,00
e os blocos de coroamento para receber os pi-
lares. Campo 9:
CUSTO DO TERRENO, REPRESENTA-
Esta obra apresentou os seguintes DO POR UM % DO VGV, TÍPICO DAS
parâmetros para preenchimento da planilha: PERMUTAS
Exemplo: 10%
Campo 1:
NOME DO PROJETO Campo 10:
Exemplo: Edifício Residencial – 5 pavimen- % A SER ADOTADO SOBRE A ÁREA
tos REAL PARA SE DEFINIR A ÁREA EQUI-
VALENTE (AE)
Campo 2: Exemplo: 100%
CLASSIFICAÇÃO DO EMPREENDIMEN-
TO SEGUNDO NBR 12.721:2006 Campo 11:
Exemplo: PP-4 % DO CUSTO TOTAL DA OBRA REPRE-
SENTADO PELO CUB
Campo 3: Exemplo: 80%
PADRÃO DE CONSTRUÇÃO SEGUNDO
A NBR 12.721:2006 Campo 12:
Exemplo: Normal CUSTO UNITÁRIO DA ESTRUTURA DE
CONCRETO ARMADO (R$/m³)
Campo 4: Exemplo: R$ 1.500,00/m³
MÊS BASE DO CUB
Exemplo: Junho/2008 Campo 13:
ESPESSURA MÉDIA QUE REPRESEN-
Campo 5: TA A ESTRUTURA DE CONCRETO AR-
VALOR DO CUB PP-4/PADRÃO NOR- MADO DA EDIFICAÇÃO
MAL/JUNHO 2008 Exemplo: 7 cm
Exemplo: R$ 712,65 indicado pelo
SindusCon-MG Campo 14:
% A SER ADOTADO SOBRE A ÁREA
REAL PARA SE DEFINIR A ÁREA DAS
LAJES
Exemplo: 100%
73
Estudos de caso

Campo 15: Campo 24:


CUSTO UNITÁRIO DA LAJE DE CON- % DA ÁREA DAS LAJES EM RELAÇÃO
CRETO ARMADO (R$/m³) À ÁREA TOTAL
Exemplo: R$ 1.000,00/m³ Exemplo: 100%

Campo 16: Campo 25:


ESPESSURA MÉDIA QUE REPRESEN- % DO CUSTO DOS MATERIAIS NO CUS-
TA A LAJE DE CONCRETO ARMADO DA TO TOTAL DAS LAJES
EDIFICAÇÃO Exemplo: 50%
Exemplo: 8 cm
Campo 26:
Campo 17: % DO CUSTO DOS SERVIÇOS NO CUS-
TEMPO PREVISTO PARA A OBRA DE TO TOTAL DAS LAJES
CONCRETO ARMADO Exemplo: 30%
Exemplo: 6 meses
Campo 27:
Campo 18: % DOS CUSTOS INDIRETOS (ADMINIS-
TAXA DE CONSUMO DE AÇO NA ES- TRAÇÃO E CANTEIRO) EM RELAÇÃO
TRUTURA METÁLICA (kg/m²) AOS CUSTOS DIRETOS
Exemplo: 11 kg/m² Exemplo: 15%

Campo 19: Campo 28:


CUSTO DO AÇO (MATERIAL- R$/kg) % DO CUSTO DAS FUNDAÇÕES EM
Exemplo: R$ 3,70/kg RELAÇÃO AOS CUTOS DIRETOS
Exemplo: 5%
Campo 20:
CUSTO DA MÃO DE OBRA PARA ELA- Campo 29:
BORAÇÃO DA ESTRUTURA METÁLICA % DE REDUÇÃO NO CUSTO DAS FUN-
(FABRICAÇÃO E MONTAGEM R$/kg) DAÇÕES DA OBRA QUANDO SE UTILI-
Exemplo: R$ 6,00/kg ZA AS ESTRUTURAS EM AÇO
Exemplo: 10%
Campo 21:
% DA ÁREA REAL A SER PROTEGIDA Campo 30:
POR PINTURA CONTRA INCÊNDIO TEMPO PREVISTO PARA A OBRA EM
Exemplo: 0% AÇO
Exemplo: 3,0 meses
Campo 22:
CUSTO DOS MATERIAIS PARA PROTE- Campo 31:
ÇÃO DO AÇO CONTRA INCÊNDIO % MENSAL DO VGV RELATIVO A ADI-
Exemplo: R$ 0,00/m² ANTAMENTO DO PRAZO DE ENTREGA
DA OBRA (Postergação de 3 meses no
Campo 23: início da obra e considerando um paga-
CUSTO DOS SERVIÇOS PARA PROTE- mento de 40% do VGV durante a constru-
ÇÃO DO AÇO CONTRA INCÊNDIO ção.
Exemplo: R$ 0,00/m² Exemplo: 1,5%

74
Campo 32:
TAXA DE OCUPAÇÃO MÉDIA DA
EDIFICAÇÃO COMERCIAL (% vendido no
início da obra)
Exemplo: 100%

Campo 33:
TAXA DE JUROS (%) DE REMUNERA-
ÇÃO DO CAPITAL
Exemplo: 1,5%

Campo 34:
OUTRAS REDUÇÕES OU ACRÉSCIMOS
(R$)
Exemplo: 27.075,00

Com estas considerações, devido à


postergação do início das obras do prédio em
5 meses com a adoção das estruturas em aço,
mesmo a um custo mais elevado no item estru-
tura, o resultado do empreendimento subiu para
R$ 153.601,89 ou 15% de margem sobre a re-
ceita.

Vale verificar as demais planilhas auxilia-


res à principal (Empreendimento em Aço), com-
plementares e exemplificadoras do sistema e
preenchidas conforme os Capítulos iniciais deste
Manual, a saber:

- Quando construir em aço;


- Como construir em aço;

75
Estudos de caso

76
Unidade: R$

77
Estudos de caso

78
79
Estudos de caso

Unidade: R$

80
81
Referências
Bibliográficas

83
Referências bibliográficas

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Specification for Carbon Structural Steel . Gomes da. Painéis de vedação. 2.ed. Rio de
Janeiro, IBS/CBCA, 2004. 59p., 29 cm ( Série
ASTM A572 / A572M : 2007 - Standard Manual de Construção em Aço). ISBN 85-
Specification for High-Strength Low-Alloy 89819-04-3.
Columbium-Vanadium Structural Steel.
VARGAS, Mauri Resende, SILVA, Valdir
ASTM A588 / A588M : 2005 - Standard Pignatta. Resistência ao fogo das estruturas
Specification for High-Strength Low-Alloy de aço. Rio de Janeiro, IBS/CBCA, 2003. 78p.,
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Minimum Yield Point to 4-in. [100-mm] Thick. ISBN 85-89819-02-7.

GNECCO, Celso, MARIANO, Roberto,


FERNADES, Fernando. Tratamento de
superfície e pintura. 2. ed. Rio de Janeiro, IBS/
CBCA, 2006. 88p., 29 cm ( Série Manual de
Construção em Aço). ISBN 85-89819-01-9.

NASCIMENTO, Otávio Luiz do.


Alvenarias. 2.ed. Rio de Janeiro, IBS/CBCA,
2004. 54p., 29 cm. (Série Manual de
Construção em Aço). ISBN 85-89819-03-5.

NBR 5008 :1997 - Chapas grossas e


bobinas grossas, de aço de baixa liga,
resistentes à corrosão atmosférica, para uso
estrutural - Requisitos

NBR 5921 :1997 - Chapas finas a quente


e bobinas finas a quente, de aço de baixa liga,
resistentes à corrosão atmosférica, para uso
estrutural - Requisitos.

NBR 12721 : 2006 - Avaliação de custos


unitários de construção para incorporação
imobiliária e outras disposições para
condomínios edilícios - Procedimento.

PINHO, Fernando Ottoboni. Quando


construir em aço - roteiro para escolha do
sistema estrutural mais adequado. São Paulo,
Gerdau Açominas, [200-?]. 5 p.

PINHO, Mauro Ottoboni. Transporte e


montagem. Rio de Janeiro, IBS/CBCA, 2005.
148p., 29 cm (Série Manual de Construção em
Aço). ISBN 85-89819-08-6.
84

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