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dossiê

vale a leitura porque...


... as empresas brasileiras têm um problema crônico de produtividade,
que só piorou nos recentes anos de bonança econômica.
... a crise aumenta as chances de ter sucesso no combate ao problema, o que depende de
aumentar a eficiência em quatro campos – organizacional, operacional, comercial e de capital.
... a baixa produtividade corporativa é o fator que mais derruba a
produtividade do Brasil, na visão de alguns economistas.

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produtividade:
como fazer
mais (e melhor)
com menos
Desorganização, retrabalho, perda não mensurada de tempo e esforço em obter recursos são
apenas os sintomas leves da baixa produtividade das empresas brasileiras. Entre os piores estão
a rejeição do consumidor e os prejuízos.Segundo o consultor Bob Fifer, autor de Dobre Seus
Lucros, a crise é uma ótima oportunidade de atacar o problema e chegar a uma solução sustentável,
e os líderes precisam aproveitá-la. Neste Dossiê, além de Fifer, especialistas do Insper e das
consultorias BCG, PwC, Deloitte e KPMG, entre outras, ensinam a fazer isso alavancando a
eficiência organizacional, a eficiência operacional, a eficiência comercial e a eficiência de capital.

18 28 38
“Nunca eficiência eficiência
desperdice operacional de capital
uma boa deve ir além de leva a
crise” cortar custos crescer
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eficiência eficiência bob fifer:
organizacional comercial o líder deve
começa por faz agir em focar custos
desburocratizar três fronts e lucros

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ÉRICA MENIN

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“Nunca
desperdice
uma boa crise”
O cenário econômico brasileiro deteriorou-se rapidamente, mas o modelo de
crescimento das empresas já não era adequado antes; com a recessão, elas podem
reaprender a crescer, agora criando valor por meio do aumento da produtividade

A
palavra “produtividade” entrou no vocabulário do cas gerenciais atrasadas que permeiam todos os setores. “Pes-
brasileiro nos últimos cinco anos. Entre os diversos quisas mostram que a gestão na indústria brasileira está entre
indicadores a considerar, o mais divulgado deles, as mais antiquadas do mundo; nossas empresas só sobrevi-
que é a produtividade do trabalho, mostra núme- vem porque não há concorrência internacional.”
ros alarmantes. Segundo o The Conference Board, em le- Os próprios especialistas em gestão concordam. Em artigo
vantamento de 2013, o trabalhador brasileiro tem só 17,2% publicado na HSM Management em 2014, a professora
da produtividade do norte-americano e cerca de metade da Carmen Migueles, da FGV-RJ, declarou que a receita de
do argentino e da do mexicano (na América Latina, só sería- gestão brasileira é a mesma há mais de 25 anos – buscar resul-
mos mais produtivos do que os vizinhos bolivianos). tado por pressão, por comando e controle, em vez de investir
Outro estudo, realizado pela Confederação Nacional da em inteligência de gestão. “Vemos grandes quantidades de
Indústria, revela que o índice de produção por hora traba- pessoas sobrecarregadas de tarefas competindo por tempo
lhada aumentou 6,6% no Brasil em dez anos, entre 2002 e escasso; Taylor já provou que é isso que reduz a produtivida-
2012, enquanto, na Coreia do Sul, sobe em média 6,7% e, de”, escreveu. Em vez de fazerem mais com menos, nossas
na economia madura dos EUA, 4,4% anuais. companhias “fazem muito menos com menos”.
O problema costuma ser atribuído, em coro, às deficiên- Para Masao Ukon, sócio do Boston Consulting Group no
cias da educação brasileira e ao chamado custo Brasil – o Brasil, dez anos de bonança agravaram a situação, levando
conjunto de dificuldades estruturais, tributárias e econômi- nossas companhias a se apoiarem em um confortável mode-
cas que encarece qualquer investimento no País. Mas serão lo de crescimento impulsionado por vendas fáceis, quando
esses mesmos os culpados? deveriam basear-se em criação de valor por meio de aumen-
to de produtividade.
GESTÃO ANTIQUADA NAS EMPRESAS
A explicação pode ser mais complexa. Por exemplo, o eco- SIMPLIFICAR É A ORDEM
nomista do Insper Naércio Menezes já argumentou, em uma Os economistas costumam apontar seis passos fundamen-
entrevista à revista CEO Brasil, que o grande nó está nas práti- tais para um governo aumentar a produtividade de seu país,

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A CHAVE DA DIGITALIZAÇÃO
A tecnologia e a automação têm Este é o momento de repensar os disponibilidade de novas tecnologias
sido bastante usaadas na revisão modelos de negócio, estabelecendo para aumentar sua satisfação, gerar
dos formatos de interação das diferentes formas de se relacionar mais oportunidades de receita e
empresas com os clientes e na e atender a uma crescente geração reduzir custos operacionais.
padronização de seus processos “conectada” – que pratica uma Resultados desses novos modelos já
administrativos e de controle. nova dinâmica de avaliação, busca e são observados em uma série de casos.
Porém, ao analisarmos os aquisição de produtos e serviços.
avanços, percebemos as empresas As empresas podem criar modelos
“digitalizadas”automatizando as de negócio realmente digitais,
por Nelson Gramacho,
funções segundo paradigmas antigos aproveitando a expectativa dos diretor da PwC
de relacionamento e execução. clientes de viver experiências e a Strategy&

e três deles têm a ver com a evolução das empresas: (1) pro- prazos. Vieira vai além: é preciso que, para isso, adotem pro-
mover maior concorrência entre elas nos mercados internos, gramas de eficiência que possam “ser desenvolvidos de ma-
(2) incentivá-las a ganhar mercados externos e (3) estimular neira que os ganhos obtidos nas iniciativas de curto prazo
sua capacidade de inovar, aproximando-as das universida- sejam reinvestidos no desenvolvimento de capacitações que
des. (Outros passos incluem promover a pesquisa de modo reforçarão os diferenciais competitivos no longo prazo”.
geral, melhorar a qualidade da educação pública e investir
em infraestrutura.) ENGAJAMENTO DA LIDERANÇA
Sem o direcionamento do governo, no entanto, o que as Embora todos os entrevistados e colaboradores deste Dos-
empresas podem fazer para ser mais produtivas? No Bra- siê destaquem o papel da liderança na mudança em prol da
sil, muitas têm iniciado processos de cortes de custos com produtividade, é o norte-americano Bob Fifer que o defende
demissões. Ivar Berntz, sócio da área de consultoria da com maior veemência. O autor do best-seller Dobre Seus Lucros
Deloitte, alerta que essas “podem estar desperdiçando re- – conhecido como o “livro de cabeceira” dos produtivos exe-
cursos investidos em capacitação de profissionais que farão cutivos do fundo 3G – afirma que, sem a participação ativa
falta no momento da retomada do crescimento”. O que ele da liderança máxima da organização e de seus subordinados
sugere é trocar a simplória abordagem da redução de custos diretos, a virada simplesmente não se concretiza. “Isso expli-
por uma nova perspectiva de gestão – a da simplificação. ca por que empresas que focam os lucros e os custos ainda são
De fato, várias metodologias do mercado recomendadas relativamente raras, apesar de o processo de foco ser muito
para aumentar a produtividade empresarial visam simplifi- simples”, argumenta ele.
car as corporações nas áreas organizacional, operacional, Envolver-se pessoalmente é um desafio e tanto para os
comercial e de capital, desde a matriz das quatro eficiências líderes, porque, se permite lidar com algo tão sofisticado
do Boston Consulting Group [veja figura na página ao lado] até o como a digitalização, uma das prioridades da busca da pro-
framework Fit for Growth, da PwC Strategy&. dutividade [veja quadro acima] , também implica contato com
As abordagens propostas neste Dossiê, segmentadas tam- atividades pouco charmosas. O leitor imagina executivos
bém conforme essas quatro eficiências, têm em comum, do alto escalão precisarem importar-se com a consolidação
além da simplificação, uma visão de longo prazo e o foco de atividades que tenham redundância ou sobreposição, ou
no valor gerado. Como diz Luiz Vieira, sócio da PwC Stra- ter de eliminar capacidade ociosa e desperdícios em geral?
tegy&, é necessário que as empresas entendam suas capaci- Não parece um movimento típico de quem faz microgeren-
tações críticas e seus diferenciais competitivos por meio das ciamento? Talvez pareça, porém ø fato é que constitui uma
contribuições que fazem à geração de valor no médio e longo iniciativa-chave para mudar a cultura da empresa.

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O CEO e seus reports também devem ser BOAS NOTÍCIAS
persistentes, “abraçando” processos traba- O jogo da produtividade tem várias arma-
lhosos e demorados, como tende a ser, por dilhas, mas há boas notícias. A primeira é que
exemplo, uma transformação na forma de não faltam medidas eficazes para deixar a
comprar e contratar insumos e materiais. empresa mais produtiva, e este Dossiê é pró-
Vieira, da PwC Strategy&, oferece uma de- digo nelas. Mais ainda, as próximas páginas
gustação de uma longa lista do que precisa orientam o leitor em sua implantação. Afinal,
ser feito: “gerenciamento proativo dos gas- o mesmo reajuste de preços de 5% pode gerar
tos discricionários, definição clara do papel um aumento de 50% no lucro ou repelir com-
das áreas de negócios e das de compras, pradores – tudo depende de como for feito.
maior centralização (e controle) de com- A segunda boa notícia paradoxalmente se
pras estratégicas, gerenciamento e revisão liga à crise. Recessões tornam muito mais fá-
da demanda interna de compras e das es- ceis as mudanças e os ganhos de eficiência; a
pecificações técnicas requeridas, rediscus- resistência diminui, as negociações fluem. A
são da base de fornecedores etc.”. experiência de Bob Fifer na crise norte-ameri-
Detalhe: não basta passar a comprar pelo cana de 2008 comprova isso. Como recomen-
menor preço; é necessário buscar o fornece- da uma frase atribuída a Winston Churchill na
dor correto e confirmar se o item em questão internet (que virou um meme digital),“nunca
é necessário de fato e em qual especificação. se desperdiça uma boa crise”.

matriz de aumento
de eficiência
• Simplificação • Eficácia da força
organizacional de vendas
• Redução de EFICIÊNCIA • Otimização
sobreposição de EFICIÊNCIA de gastos de
ORGANI-
trabalho COMERCIAL marketing
• Revisão de níveis de ZACIONAL • Estratégias
serviço e escopo de preços
• Empacotamento • Otimização da
e terceirização rede de distribuição
De cima para baixo, Luiz
Vieira, da PwC Strategy&,
Masao Ukon, do Boston • Otimização • Redução de
Consulting Group, e Ivar de compras capital de giro
Berntz, da Deloitte
• Redesenho de • Otimização de
processos (com o lean) Capex (gastos com
• Otimização
EFICIÊNCIA EFICIÊNCIA bens de capital)
da cadeia de OPERA- DE • Otimização de
fornecimento CIONAL CAPITAL ativos fixos
• Automação
• Revisão de footprint

Fonte: Boston Consulting Group.

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Jean Le Corre e Christian Orglmeister


são sócios seniores e diretores-executivos do escritório da consultoria
Boston Consulting Group em São Paulo, e Yves Morieux, sócio
ÉRICA MENIN

sênior e diretor-executivo do escritório de Washington.

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Eficiência
organizacional
começa por
desburocratizar
Executivos desperdiçam 70% de seu tempo em atividades de reporte e reuniões
improdutivas, gerenciando suas equipes só 30% do tempo; a oportunidade para ganhos
nessa frente é enorme | por JEAN LE CORRE, CHRISTIAN ORGLMEISTER e YVES MORIEUX

O
Brasil é conhecido por sua intensa burocracia na es- Burocracia corporativa é um fenômeno amplo, que afeta
fera pública. Costumamos reclamar dos impactos e empresas do mundo inteiro. Em nossa experiência, não é raro
das restrições impostas por essa ineficiência a nossa ver executivos desperdiçarem 40% de seu tempo em ativida-
capacidade empreendedora, como leis trabalhistas des de reporte e outros 30% em reuniões de coordenação rela-
complicadas ou sistema tributário incompreensível. tivamente improdutivas. Ao final, apenas 30% do tempo está
Porém, se olharmos para dentro de nossas empresas, en- disponível para, de fato, gerenciarem suas equipes.
contraremos também muita burocracia. Alguns de seus sin- Seria apenas engraçado, se não fosse lamentável: o acú-
tomas mais comuns são: mulo de regras, processos, métricas e controles corporati-
• Processos desnecessários ou mais lentos do que o habitual vos tem graves impactos negativos. Primeiramente (e de
para produzir resultados. maneira mais visível micro e macroeconomicamente), esse
• Fragmentação de responsabilidades, hierarquias densas. acúmulo drena a produtividade. No entanto, ele também
• Formalidade excessiva, fazendo com que decisões de apa- cria desengajamento, sofrimento dos funcionários e frus-
rência simples exijam múltiplas aprovações. tração dos clientes ou fornecedores (isso se você ainda tiver
• Avalanche de pedidos de informação (geralmente não tempo para ouvi-los).
coordenados).
• Clientes (internos ou externos) frustrados. COMO NASCE A BUROCRACIA
• Equipes desmotivadas, sem legítima convicção de que É importante reconhecer que muitos vícios burocráticos
contribuem de fato com algo útil – o que frequentemente nascem de boas intenções. Uma pessoa tenta resolver ques-
é interpretado por funcionários recém-contratados como tões práticas sobre “como fazer as coisas” maximizando a
um “choque de culturas” . objetividade dos processos e minimizando os riscos associa-
Se você observa alguns desses sintomas em sua organiza- dos à variação das respostas dos envolvidos e, de repente,
ção, tenha certeza de que não é um caso isolado! essas regras viram uma burocracia.

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TERCEIRIZAÇÃO
DO BACK-OFFICE
No mundo todo, aproximadamente duas em
cada cinco empresas recorrem ao outsourcing
de processos internos (back-office), a fim de
reduzir seus custos, aumentar sua eficiência e
garantir conformidades em seus processos.
Uma pesquisa publicada pela Grant Thornton
em 2015, com mais de 2 mil empresários em 36
setores de atividade, revelou que, no Brasil, 49%
dos empresários já terceirizaram algum processo

ISTOCK.COM
de back-office em suas empresas, com destaque
para a terceirização em áreas como a contábil, a
financeira, a fiscal e a de folha de pagamento.
Em um cenário econômico de incerteza, em
que os investimentos estão retidos e a otimização Para tanto, usam-se “técnicas de gestão” tradi-
de custo é fator fundamental para sustentar o cionalmente apoiadas em estruturas, processos, re-
crescimento das organizações, a tendência ao gras, métricas, scorecards etc.
outsourcing deve só se ampliar. O apelo é grande: O problema é que o mundo atual está cada vez
experiência mostra que a economia gerada logo mais complexo e requer crescente adaptação –
na fase inicial de implantação chega a 25%. Em isto é, resposta a demandas contraditórias, como
termos de eficiência operacional, é possível uma compliance versus velocidade, escala versus customi-
melhoria de 15%, também nas primeiras etapas. zação, custo inicial versus valor ao longo do tempo
Um departamento contábil interno, por exemplo, e sustentabilidade.
tem alto custo de manutenção, pois requer Para integrar tais demandas e corrigir as insufi-
investimento constante em mão de obra qualificada, ciências observadas no funcionamento cotidiano, a
tecnologia e atualização profissional da equipe. tentação de criar mais regras e indicadores é enor-
Além disso, a estrutura fica comprometida em caso me. E, ao fazermos isso, levamos a organização a
de absenteísmo de profissionais da área.Também é evoluir, aos poucos, com base em suas restrições in-
muito suscetível a uma série de riscos, já que erros em ternas, e não mais em sua missão. Pronto: nascem
entregas fiscais, contábeis e trabalhistas podem gerar os vários “círculos viciosos” da burocracia.
graves complicações com os órgãos competentes. A proliferação de regras e a fragmentação da em-
Há dois modelos de terceirização: o de presa tendem a diminuir a responsabilidade dos
contratar serviços de outsourcing e o que é funcionários; torna-se mais fácil esconder-se atrás
conhecido pela sigla BPO. O primeiro trata da de uma regra ou culpar outras “caixinhas” da or-
completa terceirização contábil, e o segundo, ganização por uma falha ou demora de processo.
apenas da automatização do processo contábil. Regras também reduzem o espaço de manobra e
Com o parceiro adequado em qualquer modelo, a tiram o poder da hierarquia: como tomar decisões
empresa fica mais leve, mantém-se em compliance com suas de real valor agregado se existe sempre o risco de
obrigações e pode focar a atividade-fim para voltar a crescer. não cumprir uma das múltiplas (e às vezes contradi-
tórias) regras? No limite, cria-se uma situação de “de-
por ANTONIEL SILVA, pendência invertida” dos gestores em relação a suas
líder da área de BPO da Grant equipes, que podem sempre invocar alguma regra
Thornton Brasil.
ou processo para justificar suas ações (ou falta de).

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Por fim, regras removem os incentivos da verda-
deira cooperação entre os agentes, já que cooperar REVERTENDO O
exige que olhemos além de nossos objetivos e res-
trições e nos coloquemos no lugar do outro para
realmente ajudá-lo.
OVERMANAGEMENT
Para compensar a queda de responsabilidade Com a ascendente demanda durante os anos
e engajamento e contornar a falta de coopera- de alto crescimento do Brasil, muitas empresas
ção, consomem-se mais recursos (pessoas, tempo, contrataram gestores e outros profissionais sem se
equipamentos, estoque ou capital de giro) a fim de preocupar muito com a forma como eles estavam
obter os mesmos resultados, se não piores. organizados. Prestaram atenção insuficiente a
Às vezes, pretende-se combater o mal por seus suas estruturas de gestão, resultando em camadas
sintomas, com iniciativas de “mudança cultural” redundantes e qualidade inferior de controle.
e motivação para reverter a produtividade baixa. Um quadro de funcionários ideal depende da
Não funciona. Elas são recebidas – merecidamen- função e da presença geográfica da empresa, entre
te – com desconfiança. É preciso atacar a causa da outros fatores, mas, em uma organização eficiente, o
ineficiência organizacional: a burocracia. gerente típico pode ter de seis a dez subordinados
– ou até mais. No entanto, em um número
COMO ACABAR COM A BUROCRACIA? surpreendente de casos no Brasil, os gestores
Em nossa experiência, quatro medidas redu- possuem menos de três funcionários subordinados
zem significativamente a burocracia, com efei- a eles. Em um departamento de recursos humanos,
tos visíveis em produtividade e engajamento. São por exemplo, a única responsabilidade de um gerente
transformações que exigem mudança na forma pode ser supervisionar um funcionário responsável
de olhar a organização e o “desaprendizado” de por remuneração, enquanto outro gerente
técnicas de gestão tradicionais: supervisiona um funcionário que processa benefícios.
Esse tipo de arranjo não só é custoso, como
1. É necessário entender o problema. Quais são os também prejudica a iniciativa pessoal que uma
principais sintomas de burocracia, que penali- organização dinâmica requer. No atual ambiente,
zam a produtividade e desengajam as pessoas? as empresas precisam podar a ineficiência de
Quais são suas causas nos comportamentos suas estruturas de gestão se elas pretendem
(emergentes das diversas partes da organização alcançar ganhos sustentáveis de produtividade.
e individuais dos agentes)? É necessário enten- Um bom exemplo disso é de uma grande empresa
der o que as pessoas realmente fazem em seu dia brasileira de bens de consumo que aproveitou a crise
a dia e quais elementos do contexto (objetivos, para analisar sua estrutura organizacional e descobriu
recursos, restrições) as levam a agir assim. que, de seus 650 gestores, mais de 50% tinham quatro
2. É necessário resgatar a missão da empresa. ou menos subordinados respondendo a eles – um
Como podemos focar o que realmente importa, nível comumente referido como overmanagement;
com esforço mínimo, para de fato agregar valor? mais de 90 tinham apenas um subordinado.
Deve-se recorrer a um pensamento “base zero”, Vendo esse cenário, a empresa realizou uma
e não apenas marginal. É preciso ancorar-se em extensa reorganização. Reduziu as camadas de
algumas (poucas, mas importantes) metas es- gerenciamento de onze para sete e as equipes com
senciais, holísticas e ambiciosas, em dimensões quatro funcionários ou menos se limitaram a 23%
como segurança e sustentabilidade, satisfação do todo. Em resultado, os custos foram cortados
dos clientes e funcionários, valor aos acionistas. e a eficiência organizacional melhorou muito.
3. É necessário aumentar o poder dos gestores, o
que se faz de quatro maneiras:
por MASAO UKON,
• Simplificando as estruturas, reduzindo ca- sócio do Boston Consulting Group
madas organizacionais e aumentando o nú- (BCG) no Brasil.

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mero de reportes (span of control) – ou seja, • Adotando princípios de funcionamento


restaurando o papel do gestor. virtuosos e conhecidos por todos no dia a
• Integrando, sempre que possível, as de- dia, como a melhor condução de reuniões,
mandas contraditórias do mercado nos a tomada de decisão e a gestão de proje-
níveis mais baixos da organização e remo- tos eficientes – sem deixar que esses princí-
vendo as restrições que elas induzem no pios se tornem regras burocráticas.(Exem-
dia a dia dos gestores. plos comuns são não convidar mais que sete
• Aumentando constantemente o poder das pessoas para uma reunião ou não ter mais
estruturas existentes (em vez de criar outras). que dois responsáveis pelo mesmo projeto.)
• Identificando e reforçando (sem compli-
car a estrutura) figuras de integradores: O “JEITINHO” BRASILEIRO
agentes que tenham poder e interesse para Em um ambiente de estagnação ou crise, re-
fazer a cooperação acontecer, sem adicio- duzir a burocracia é uma das alavancas mais
nar mais burocracia. poderosas que os gestores têm para ganhar
4. É necessário criar mecanismos de feedback, produtividade e criar valor. No Brasil, muitas
para que a autonomia reconquistada se trans- empresas possuem uma cultura de controle e
forme em comportamentos valiosos. Como? burocracia – em parte, espelhando seu am-
• Estendendo efeitos de reciprocidade entre biente externo (esfera pública, particularmen-
os agentes – criando sistemas de feedbacks te o sistema tributário e os reguladores); em
imediatos que façam as pessoas coopera- parte, por preocupação com compliance.
rem, ao perseguirem “objetivos ricos” (in- Porém a mesma cultura brasileira também
dividuais, coletivos e mistos). apresenta alguns traços muito favoráveis à sim-
• Desdobrando a “sombra do futuro”, expon- plificação dos processos e das organizações: fle-
do as pessoas já às futuras consequências de xibilidade e capacidade de ajuste, empatia e faci-
suas ações (por exemplo, por meio de reu- lidade para cooperar, tolerância à ambiguidade
niões de avanço, planos de carreira, remu- etc. O “jeitinho” brasileiro, apesar de suas cono-
neração ou promoções). tações negativas, pode ser uma poderosa vanta-
• Recompensando a cooperação. Como Jor- gem para evitar que a crescente complexidade
gen Vig Knudstorp, CEO da Lego, costu- do ambiente externo das empresas se traduza
ma dizer, “a culpa não está em fracassar; em complicação em seu ambiente interno.
está em não ajudar ou não pedir ajuda”. Muitos exemplos nos mostram que burocra-
5. É necessário usar símbolos – visíveis e exem- cia não é uma fatalidade: algumas companhias
plares – no topo da organização. brasileiras operam com nível baixo de burocra-
• Rejeitando soluções complicadas e hie- cia, apesar de atuarem em setores em que nor-
rarquias excessivas, cortando sinais de mas e regras são essenciais por questões de segu-
burocracia. rança. Temos outros casos de empresas multi-
• Pondo ostensivamente metas primordiais nacionais pouco burocráticas, mesmo lidando
como critérios-chave de decisão no topo. com complexas matrizes de produtos, marcas,
mercados e canais. O portfólio diversificado de
negócios não impede que muitos grupos fami-

o “jeitinho” pode ser liares mantenham uma cultura pouco burocrá-


tica também, incluindo os profissionalizados.
FOTO: ISTOCK.COM/ IVANASTAR

uma arma contra


Certamente há muito a fazer, até para me-
lhorar o ambiente externo. Mas temos manei-
ras de começar essa revolução “de dentro para

a burocracia fora” nas empresas e aos poucos ir vencendo o


monstro burocrático.
dossiê

Maurício Angelo é repórter,


ÉRICA MENIN

colaborador de HSM Management.

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Eficiência
operacional
deve ir além de
cortar custos
Cortar gastos e enxugar a folha de pagamento podem ser
importantes, porém o planejamento estratégico e as ferramentas
certas causam muito mais impacto | por MAURÍCIO ANGELO

É
preciso pensar no longo prazo. Para um uma cultura de excelência operacional, o que en-
ganho real de eficiência operacional, essa volve melhorar a qualidade do produto e atender
é a regra de ouro que muitos costumam melhor o cliente ao mesmo tempo que os proces-
esquecer, segundo os especialistas ouvi- sos são redesenhados, os insumos básicos são re-
dos por HSM Management. André Duarte, pensados e a estratégia organizacional é revisada
professor e pesquisador do Insper com experiên- – e fazê-lo de maneira continuada.
cia como executivo e consultor no tema, vai além: Para o professor do Insper, algumas empresas bra-
“O foco não pode ser só em reduzir custos, porque sileiras já querem de fato criar essa cultura de exce-
isso não necessariamente traz ganho de produti- lência, mas têm falhado em implementá-la, sobre-
vidade no longo prazo e pode haver uma solução Acima, André Duarte, tudo por não focarem todos os departamentos de
professor do Insper;
melhor”. Esse tipo de foco faz a empresa errar, abaixo, Marcelo forma isonômica. “É raríssimo ver uma empresa
tomando medidas muitas vezes desnecessárias. Minharro, consultor que dê ao marketing, ao RH e às áreas administrati-
de lean da Lectra
As organizações podem aproveitar o momento vas a mesma atenção que dá às produtivas”, avalia.
para um ganho de competitividade efetivo, segun- Uma das consequências disso é a falta de pes-
do Duarte – por exemplo, fazendo uso inteligente soas qualificadas para interpretar a enorme
do “inchaço” derivado de muitos anos de fusões e quantidade de dados e informações dos negócios
aquisições. “Vale a pena sacrificar os resultados de da maneira adequada, a fim de transformá-los
curto prazo para ter um ganho consistente lá na em boas decisões, segundo Duarte. Essa ausên-
frente”, diz, reforçando que gestores e acionistas cia de qualificação, que só aumenta o risco de a
devem ter isso em mente. organização inteira operar com base em tentati-
O que significa “ganho de competitividade efe- va e erro e, portanto, de ter baixa produtividade,
tivo”? Conforme Duarte, trata-se de construir quase nunca é enfrentada nas empresas.

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o lean tem maior eficácia se


implantado com um tempo maior
O PROBLEMA SÃO OS GESTORES A Lectra, líder mundial em soluções de software de dese-
As pesquisas que Duarte tem coordenado mostram que os nho e máquinas de corte, é uma das que têm consultor de
gestores tomadores das decisões estão na raiz da ineficiência lean contratado no Brasil – Marcelo Minharro. O lean é uma
operacional. “Em geral, os executivos sabem o que precisa fórmula tradicional para tempos de muita oferta e pouca de-
ser feito, mas fazem o oposto.” manda no mundo todo por promover a cultura antidesper-
Ele continua: “Quando perguntamos o que alavanca a pro- dício, porque permite reduzir a quantidade de processos e o
dutividade, eles falam em treinar os funcionários, investir nos número de pessoas que trabalham em um produto e, assim,
fornecedores e conhecer melhor os clientes. Porém a verba de seu lead time e os preços. “Com o lean, descobrimos tudo o que
treinamento é uma das primeiras a serem cortadas quando há embute desperdício no fluxo de valor da empresa e elimina-
dificuldades, o investimento nos fornecedores é mínimo e o mos. Estatisticamente, sabemos que metade do que fazemos
esforço para entender melhor o que o cliente quer e obter dele não precisaria ser feito”, afirma o consultor.
informações que possam ser úteis para a empresa é irrisório”. O lean ainda tem como vantagens o fato de induzir a ges-
Como isso é explicado nas pesquisas? “Quase sempre, a tão a diagnosticar os problemas da empresa – esse ponto
alta direção alega que não consegue fazer o que sabe ser de partida é obrigatório; a colocação do foco no clien-
necessário por falta de tempo e de recursos ou por não ter te, que é o maior impulsionador de competitividade; e a
achado a melhor forma de fazê-lo”, explica o professor do promoção de um olhar voltado para o longo prazo, cuja
Insper. Isso se torna um círculo vicioso – baixa produtivi- importância já foi enfatizada. “Embora possa ser usado
dade faz os recursos faltarem – e só pode ser rompido pelos em situações emergenciais, o lean tem mais eficácia se for
próprios gestores. implantado com um tempo maior; se você promove uma
mudança de processos de forma atropelada, aumenta a
7 MEDIDAS ESSENCIAIS chance de pôr tudo a perder em dois ou três meses”, ex-
Aumentar a eficiência operacional requer sete medidas, plica Minharro.
como aparece nas pesquisas de Duarte: Para o consultor da Lectra, no entanto, quem quiser
1. Olhar para o longo prazo, não para o curto. implantar o lean precisa estar disposto a desafiar a cultura
2. Ter indicadores de produtividade claros. nacional e a hierarquia. É necessário superar o fato de o
3. Fazer uma gestão baseada em evidências. brasileiro “só querer fazer aquilo que está acostumado a
4. Cuidar da cadeia de fornecimento. fazer” e convencer o alto escalão da empresa a envolver-
5. Cortar o excesso de projetos que não necessariamente -se. “Lean não se faz sentado na cadeira do escritório.”
trarão resultados. Quanto às metodologias ágeis, elas são várias, como Ex-
6. Compartilhar recursos, de máquinas e funcionalidades treme Programming (XP), Feature-Driven Development
a colaboradores e conhecimento. (FDD), RUP, OpenUP e até o método de visualização kan-
7. Digitalizar e automatizar processos. ban, porém a mais usada, de longe, é o scrum, pelo qual os
projetos são divididos em ciclos chamados sprints (de duas
DUAS FERRAMENTAS a quatro semanas), dentro dos quais um conjunto de ativi-
Duas ferramentas gerenciais têm sido cada vez mais utiliza- dades deve ser executado. Conforme o especialista norte-
das para ganhos de eficiência operacional. Uma é o lean ma- -americano Kenneth Rubin,o scrum aumenta a produtivi-
nufacturing, que remonta ao Japão do pós-guerra e se guia pelo dade porque define objetivos claros, trabalha com equipes
princípio de “fazer mais com menos”. Outra é composta pelas autodirigidas e comprometidas, melhora a comunicação
metodologias ágeis inspiradas na indústria de software e consi- e facilita a adaptação dos processos sempre que necessá-
dera que os indivíduos e as interações entre eles importam mais rio. Faz também os clientes cocriarem com a empresa.
do que processos e ferramentas, priorizando por um produto André Duarte, no entanto, faz um alerta: “As organiza-
no mercado em detrimento, talvez, das documentações. ções adotam cada vez mais métodos ágeis para gestão de

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projetos, mas muitas querem simplificar demais, jogando ideal de recorrer a uma solução integrada. “No longo
fora a gestão de projetos tradicional; o ideal é usar as duas”. prazo, o trabalho sai muito mais barato e é muito mais efe-
tivo, porque conseguimos bastante sinergia”, diz Gomes
REVISÃO DE FOOTPRINT Pinto. Ele traduz em números: se cinco soluções de efi-
Apostar na melhoria da eficiência energética e hídrica é ciência energética isoladas podem reduzir em 20% a 25%
um bom caminho para ganhar eficiência operacional. É o os custos da empresa, uma solução integrada, em que uma
que garante João Marcello Gomes Pinto, diretor da Sus- ação impacta a outra, representará até 50% de redução.
tentech, especializada em promover o uso mais eficaz e sus- O mesmo vale para a água.
tentável de água, energia e outros elementos. “Prova disso O Brasil ainda está bastante atrasado em relação à revi-
é que antes falávamos com gerentes ou coordenadores nas são de footprint, quando comparado aos Estados Unidos
empresas, e hoje é o CFO ou o próprio CEO que lidera isso. e à Europa, mas a diferença começou a diminuir. O mo-
A importância estratégica é outra”, afirma. vimento é liderado pelas multinacionais instaladas aqui,
Descobrir a “pegada” que a empresa deixa no planeta que importam a mentalidade avançada de suas matrizes,
ficou mais fácil, porque os softwares que mostram as neces- e é seguido pelas empresas familiares, donas da vantagem
sidades de, por exemplo, uma planta industrial em termos da celeridade no processo de implementação de mudan-
de água, energia, sistema de ar, uso de vidro e demais ele- ças. “As empresas nacionais grandes é que muitas vezes
mentos em cada cenário evoluíram muito, e ferramentas mostram uma mentalidade ultrapassada, só se limitando
de simulação computacional são usadas até para modelar a atender à legislação”, observa Gomes Pinto.
cenários de investimentos em bens de capital (Capex) e de
despesas operacionais (Opex), auxiliando o cliente a tomar CAMINHO SEM VOLTA
a decisão final a respeito desses gastos. Embora a eficiência operacional possa ser mudada só na
O problema é que as empresas ainda optam por ações crise, o recado é claro: os gestores devem entendê-la como
de revisão de footprint isoladas e rápidas, indo contra o um caminho sem volta, ou só adiarão a improdutividade.

um caso brasileiro na china


É comum associarmos toda a cultura oriental acompanhado de grandes transformações: otimização de
a produtividade, mas a China, vista de dentro, não processos, mudança de estratégia de produção e supply chain,
faz jus à fama, que é derivada do Japão. Fomos aumento da flexibilidade da operação e muita gestão de chão
chamados a realizar um turnaround operacional de fábrica. Ou seja, uma mudança completa, o que chamamos
na fábrica de uma empresa brasileira da cadeia de operational turnaround, com foco na fábrica em si.
de eletrodomésticos instalada nos arredores de A unidade aumentou em cerca de 30% sua produtividade,
Pequim e encontramos baixíssima produtividade. com ganhos ainda maiores em indicadores de qualidade e
Os gestores precisavam decidir se, para atender à prazo de entrega e com um claro início de mudança cultural.
demanda crescente, expandiriam o parque fabril ou só A consequência foi sentida rapidamente na geração de caixa.
aumentariam a eficiência. Começamos por um diagnóstico Mais entrega, menos custos e, claro, menos investimentos.
operacional, e as limitações da mão de obra local se Se é possível do outro lado do mundo, é possível aqui.
destacaram – anos de excesso de oferta de trabalhadores
tinham feito com que métodos pró-eficiência não fossem
muito usados. Em 18 meses, aumentamos a produtividade por Matheus Munford,
drasticamente, não automatizando (um investimento inviável sócio-fundador da Steinbock
Consulting, consultoria focada
naquele contexto), mas capacitando sobretudo as lideranças, em resultados por meio da
inspirando-as a usar processos enxutos e confiáveis. Isso foi excelência operacional.

edição 116 31
dossiê

Este texto é composto de artigos de três autores:


Javier Rodriguez,
gerente da consultoria KPMG no Brasil;
Rubens Pimentel,
ÉRICA MENIN

sócio-diretor da Ynner Treinamentos; e


Frederico Zornig,
CEO da Quantiz Pricing Solutions.

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Eficiência
comercial faz agir
em três fronts
As companhias precisarão aprender a usar o marketing para vender melhor (não
só vender mais), alavancar a equipe de vendas e praticar um pricing consistente
no mercado dos produtos e serviços e treinar pessoas

“D
urante os anos dourados do ciclo das commodities, as mais inteligentes na estruturação de suas opera-
empresas brasileiras se acostumaram a vender facil- ções de marketing e comerciais.
mente, em uma dinâmica de apenas tomar os pedi- A nova postura consiste, em primeiro lugar, em
dos dos clientes em vez de, proativamente, procurar passar a acompanhar bem de perto a negociação de
maneiras mais eficientes e eficazes de negociar seus produtos seus produtos e serviços no mercado. Em segundo,
e serviços, garantindo a maximização das vendas com o míni- é imprescindível buscar otimizar todo o processo de
mo de custo possível. A nova realidade da economia brasileira comercialização a fim de garantir uma experiência
exige uma nova postura, que não é apenas reduzir os preços e de compra mais conveniente para os clientes e, ao
os investimentos em marketing e promoção.” mesmo tempo, a maior eficiência possível para a
Quem faz essa análise é Javier Rodriguez, especialista da organização [veja quadro na próxima página].
consultoria KPMG. A nova postura se traduz em eficiência Em terceiro, especificamente sobre o investimen-
comercial, em três fronts: maior eficiência do investimento to em marketing, deve-se entender que as decisões
de marketing, maior capacidade de venda e maior eficácia de orientadas pela recente recessão são insustentáveis
preços. A seguir, o próprio Rodriguez, o especialista em trei- daqui em diante e priorizar dois campos:
namento de vendas Rubens Pimentel e o consultor de pricing 1. Compreensão do que o cliente real-
Frederico Zornig detalham as medidas para isso. mente valoriza no produto e de como o
valor percebido se reflete na venda. Em

nova postura
geral, falta tal compreensão, assim como falta a
comparação disso com o preço praticado.
2. Cases de negócios que apoiam as de-
por JAVIER RODRIGUEZ cisões de investimento. Esses cases costumam
ser mal preparados, até por uma compreensão li-
O marketing e a capacidade comercial são frequentemente mitada de como as iniciativas históricas realmente
mal geridos por nossas empresas. Estão ainda em estágio pouco impactam as vendas e o resultado final.
avançado no País, especialmente em comparação com a inte-
ligência de compra dos clientes. As duas atividades costumam Vender melhor é importante para melhorar a po-
ser consideradas apenas uma alavanca para fechar negócios e sição de mercado das empresas e ampliar sua lucra-
atingir metas de venda. tividade, especialmente na recessão. Se os gestores
Se quiserem garantir sua sobrevivência de curto e longo pra- repensarem as atividades comerciais e o Brasil virar
zos, as empresas têm de mudar essa postura agora, tornando-se um vendedor melhor, temos um caminho a seguir.

edição 116 33
dossiê

MAIS PARCERIAS ENTRE MARCAS Tatianna Oliva,


da Cross
Em 2012, a marca de café 3 Corações de tais iniciativas vão além do Networking:
queria estar mais presente no dia a compartilhamento de ativos: parcerias
dia dos consumidores e a divisão de otimização ou redução de podem virar
balas ButterToffees, da Arcor, estudava investimentos na ação, ampliação hábito
que novo sabor lançaria naquele da visibilidade, abertura de novas
ano. A Cross Networking, agência oportunidades e até de negócios
especializada em parcerias estratégicas, inteiros.“Há ainda o ganho de fazer
casou as duas necessidades e, os gestores pensarem diferente”, diz
poucos meses depois, chegou ao Oliva. O gerente do grupo de inovação
mercado a ButterToffees Cappuccino da 3 Corações em 2012, Daniel
3 Corações. Era para ser uma edição Machado Campos, confirma: a parceria
promocional, mas se tornou um dos não só aumentou a visibilidade do
sabores mais vendidos no Brasil. sabor cappuccino da 3 Corações; fez
Uma parceria entre marcas a empresa olhar para categorias de
como essa é a versão do marketing produtos até então impensáveis.
para um dos princípios-chave dos Para Oliva, tudo pode ser
especialistas em produtividade: o solucionado com parcerias
compartilhamento de recursos. entre empresas, da entrega de

DIVULGAÇAO
SegundoTatianna Oliva, diretora-geral mercadorias em regiões distantes
da Cross Networking, os benefícios com um caminhão que volte vazio

vendas mais
gada à estratégia de abordagem. Quanto mais
raros os negócios, mais inteligência é necessária
para abordar clientes com potencial, para fazer

eficientes
avaliações geográficas de atuação dos profissio-
nais e para envolver todas as áreas da empresa
nos processos de vendas.
por RUBENS PIMENTEL Assim, utilizar as desgastadas táticas de pressão
não trará os resultados desejados. É preciso olhar
para as estruturas da empresa e mudar com rapidez
A primeira área a sentir os efeitos de uma crise é a a forma de remuneração e a estrutura da equipe no
de vendas. E a primeira providência em geral é au- campo, eliminar processos que emperram a atua-
mentar a pressão sobre seus profissionais, exigindo- ção do comercial e colocar toda a equipe de back-of-
-lhes maior velocidade na realização dos negócios. fice a serviço dos vendedores. Vale lembrar a todos
Mas como eles podem entregar isso se a estrutura, que só há dois tipos de profissionais em uma empre-
os processos, os incentivos e as estratégias de ataque sa: os que vendem e os que ajudam os que vendem.
ao mercado não estiverem ajustados ao momento? A liderança tende a fazer toda a diferença nesse
Em qualquer tempo, especialmente nos difí- aspecto. Ela tem de trabalhar forte e velozmente
ceis, a eficiência comercial está diretamente li- para alterar processos, engajar equipes de apoio e

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O tempo pode ser o principal ponto de ganho
de eficiência, e a atuação conjunta com a liderança
nesse aspecto é fundamental. O líder precisa traba-
lhar para proporcionar tempo aos profissionais de
vendas, a fim de que eles façam o que sabem fazer
melhor, que é estar com o cliente. As priorizações e
os controles de atividades também devem ser mais
de algum lugar a um evento que combine rigorosos, e a eliminação de tarefas, implacável – e
fornecedores de alimentos e bebidas, apoiada pela organização.
passando por um ponto de venda de uma
grande rede varejista com alto fluxo de • Abertura de novos negócios. Tanto
consumidores que sirva de palco a alguma em relação a novos clientes como a novos negócios
iniciativa beneficiando todos os envolvidos. com clientes atuais, em momentos de crise, a equi-
Entre outras parcerias da Cross figuram pe de vendas (e toda a empresa, na verdade) neces-
Danoninho/Faber-Castell, Nike/Brahma, sita estar atenta às oportunidades que aparecem e
Kimberly-Clark/Hope e Unilever/Hering. aproveitá-las rápida e eficientemente.
Se bem planejadas, tais soluções geram Para que isso aconteça, a empresa deve criar for-
ganho de eficiência comercial e oferecem a mas de incentivo para indicações, apontamentos e
vantagem de não envolverem pagamento de iniciativas que concretizem novos faturamentos ou
royalties entre as parceiras.“Nosso mercado novas formas de faturar.
não tem cultura de fazer junto, mas, depois Insistir em velhas estratégias de vendas costuma
da primeira vez, isso pode virar hábito”, representar um risco enorme para os resultados
diz Oliva. (Sandra Regina da Silva) imediatos e futuros, já que toda crise carrega mu-
danças de paradigmas que muitas vezes aniquilam
antigas fórmulas de sucesso.

• Contorno de objeções. A maioria dos


processos de vendas perde velocidade no momen-
to do tratamento de objeções. Porém o aspecto
motivar os profissionais de vendas. Se o líder não mais incrível nisso é que a maior parte das obje-
conseguir gerenciar isso e não inovar na forma de ções é facilmente previsível durante a negociação.
a empresa abordar o mercado, todo o time o senti- Eficiência comercial pressupõe ser muito hábil
rá e os resultados virão devagar e com dificuldade. no tratamento de objeções. Diga-se, antes de mais
Vale dizer que a alta gestão não pode concentrar nada, que pressionar o vendedor para que feche o
as decisões a fim de proteger a empresa; isso atrapa- negócio não resolve objeções de clientes. Levantar
lhará o ganho de eficiência comercial. as objeções mais frequentes e previsíveis, estrutu-
Então, se a estrutura se adaptar e o líder fizer sua rar estratégias de negociação e reciprocidade para
parte, a empresa dependerá principalmente da efi- cada uma, autorizar e dar alçada de decisão no
ciência do profissional de vendas no campo, e três campo para os vendedores, isso, sim, funciona e
pontos vão impulsioná-la: aumenta a velocidade de fechamento de negócios.

• Gestão do tempo. O mau uso desse recur- Em prol da eficiência comercial, há medidas a
so impacta os resultados diretamente. Portanto, re- serem tomadas pela empresa, pelo líder e pelo pro-
correr a técnicas de organização das tarefas e priori- fissional de vendas. Não esqueçamos o que o visio-
zação, eliminar distrações do foco estrito nas metas nário Charles Darwin nos ensinou: “Não é o forte
e organizar as atividades de prospecção, follow-up e nem o inteligente que sobrevive, mas aquele que se
manutenção de clientes é vital. adapta mais rapidamente”.

edição 116 35
dossiê

nos preços,
e confiança no mercado. Negociações de preços
muito excepcionais, fora da regra, até podem au-
xiliar no fechamento da meta do mês, mas podem

vale a coerência
destruir o potencial de vendas e lucros no longo
prazo e minar a credibilidade nessa área.
Outro ponto fundamental para a eficiência
comercial está na capacitação da força de ven-
por FREDERICO ZORNIG
das no que tange à liberdade de definir preços.
Os seres humanos, como sabemos, são criatu-
Se sua empresa buscou eficiência comercial, ela ras de hábito. Se uma equipe comercial sempre
começou por colocar o foco nos clientes e no en- pôde negociar preços com muita flexibilidade,
tendimento de suas necessidades, para desenvol- seus integrantes precisarão passar por um es-
ver produtos, serviços e políticas comerciais que forço de gestão de mudança para pararem de
atendessem às expectativas deles. Na sequência, fazer isso e se adaptarem a um novo modelo de
deve ter-se ajustado ao mercado de atuação, com coerência em preços.
novos lançamentos, alterando os preços e o mix de Não me refiro a uma camisa de força, é claro, mas
produtos, uma vez que os consumidores mudam a um sistema que determine com clareza quais des-
de preferência com alguma frequência e a concor- contos podem ser oferecidos a cada cliente, que
rência nunca fica parada. ensine os vendedores a usar ferramentas como si-
Apoiou tudo isso com ações de marketing que muladores de pedidos e que os remunere por um
reforçaram o posicionamento da empresa e ge- desempenho definido de acordo com a estratégia.
raram, no trade e nos canais de vendas, ações ali-

para negociar
nhadas com sua estratégia, garantindo uma exe-
cução exemplar na distribuição, disponibilida-

descontos, é preciso
de, exposição, comunicação no ponto de venda
e preços sugeridos ao consumidor.
Agora, entramos na minha área. Você não atingi-
rá essa eficiência comercial se sua empresa realizou
tudo isso, mas não fez a gestão dos preços com base
haver limites
em uma lista de preços coerente e com políticas co-
merciais que tivessem os incentivos corretos para Mesmo que sejam consistentes no pricing, no en-
cada canal (ou seja, que não limitassem as vendas tanto, as empresas não alcançarão eficiência co-
ao fechamento de negócios pontuais pela equipe de mercial se não finalizarem o processo com chave
vendas recompensada no curto prazo). de ouro: serviço ao cliente exemplar e atenção ao
Pricing, ou gestão de preços, tem papel primor- pós-venda. Nenhuma venda estará 100% con-
dial em estruturar o mercado para garantir a so- cluída se a companhia negligenciar o que ocorre
brevivência de um programa de eficiência comer- depois de ela ser concretizada; um descuido nesse
cial. Só com políticas comerciais que incluam um momento pode colocar a perder todo o trabalho
pricing consistente e coerente é possível influenciar executado nas fases anteriores.
o comportamento de compra dos clientes, posi- A eficiência comercial depende de uma série de
cionar cada canal para que realmente cumpra seu atividades simultâneas apoiadas por uma equipe
papel estratégico com os produtos da empresa e preparada para aplicar uma gestão de preços estra-
garantir um posicionamento de preços adequado tégica, que vise gerar credibilidade e confiança no
ao consumidor final. mercado. Sem isso, dificilmente uma empresa terá
Uma política de preços coerente e consistente capacidade de sobreviver por muito tempo em um
pode ser definida como a que gera credibilidade mercado cada vez mais dinâmico e concorrido.

36 | edição 116
dossiê

Luiz Vieira
é sócio da consultoria PwC
ÉRICA MENIN

Strategy&; Nelson Gramacho,


diretor da mesma empresa.

38 | edição 116
eficiência orçamento
base zero

de capital
ajuda a
simplificar

leva a
Mais do que uma simples
abordagem de redução
de custos, as empresas
podem se valer, neste

crescer
momento, de uma nova
perspectiva de gestão – a da
simplificação. Uma valiosa
ferramenta de simplificação
é o orçamento base zero,
com a análise de cada
Com esse objetivo, as empresas devem aperfeiçoar suas linha do demonstrativo de
despesas, a verificação da
estruturas de utilização de capital e fiscais, com medidas real necessidade daquele
para projetos novos e em curso, e fazer a gestão ativa gasto e a reflexão: se fosse
do capital de giro | por LUIZ VIEIRA e NELSON GRAMACHO começar o negócio do zero,
quanto gastaria naquele
item especificamente?

O
Esse caminho passa
cenário econômico brasileiro deteriorou-se rapidamente e é bastan- pelo investimento na
te preocupante, traduzindo-se em um período desafiador para as geração de informações
empresas. Neste momento, muitas delas estão adotando uma série mensuráveis sobre todas
de medidas para atravessar esta fase de turbulência, como revisão de as áreas da empresa.
seus projetos de investimento, cortes de despesas, renegociação de dívidas e Com um fluxo adequado
gestão de sua capacidade de honrar seus compromissos no curto prazo. sobre esses dados, é
Também as companhias bem-sucedidas devem aproveitar o período como possível estabelecer um
uma oportunidade, pois não precisarão crescer a qualquer custo para acom- programa de simplificação
panhar o ritmo da economia e poderão rever suas estratégias e modelos de e excelência das operações,
negócio, preparando-se melhor para um novo ciclo de expansão e saindo à o que otimiza os recursos
frente dos concorrentes em um momento de retomada. sem necessariamente exigir
Nossa metodologia Fit for Growth, testada em inúmeras companhias no cortes mais agressivos
Brasil e no mundo, possibilita a captura de resultados sustentáveis no curto na própria operação.
prazo e, ao mesmo tempo, mantém a capacidade de diferenciação das orga-
nizações e seu potencial de emergir da crise ainda mais fortalecidas. Ela se por Ivar Berntz,
baseia em oito premissas, uma das quais é a otimização fiscal e de capital [veja sócio da área
quadro na próxima página]. de consultoria
da Deloitte e
Ante as restrições ao desempenho superior e ao acesso a recursos, nossa re-
líder de projetos
comendação é que as empresas aperfeiçoem suas estruturas de utilização de para a indústria
capital e fiscais, reduzindo riscos e aumentando a eficiência (de capital e fiscal). automobilística.

edição 116 39
dossiê

A otimização fiscal e de capital na metodologia Fit for Growth

1 2 3 4 5 6 7 8

Foco no Sustenta­ Comparti­ Simplifica­ Digitalização Segmen­ Otimiza­ Sourcing


valor bilidade lhamento ção opera­ tação e ção fiscal e diretos e
econômi­ de recursos cional de eficiência de capital indiretos
ca, social e footprint e comercial
ambiental da cadeia
de valor
Fonte: PwC Strategy&

No caso dos novos projetos, precisam aumentar o rigor nas cessárias para implementar e finalizar os projetos com su-
escolhas de investimentos de capital, o que significa submetê- cesso, promovendo interações efetivas das diferentes áreas
-los a escrutínio para otimizar seus retornos. envolvidas e o fluxo de informações adequado.
No que se refere aos projetos em curso, devem gerenciá- Além disso, uma gestão ativa do capital de giro permite a
-los com um modelo que inclua eficiência e efetividade em: liberação rápida de caixa – por meio da otimização dos esto-
• Processos – Sugerimos seguir a metodologia Front End ques, da excelência nos processos de contas a pagar e receber
Loading (FEL) para planejamento dos projetos, evitando e da renegociação dos termos de pagamento e recebimento.
mudanças complexas e custosas ao longo deles. É prevista Como em todo período desafiador, as empresas devem
uma avaliação disciplinada dos projetos após cada um de enxergar no atual momento uma chance de serem bem-
seus estágios – há gates[portas] para analisar seu progresso -sucedidas. Trata-se de uma oportunidade para que se
–, a fim de replanejar recursos, estrutura de gestão e apoio reinventem e fiquem prontas para um novo ciclo de cres-
dos executivos e rever o retorno estimado. cimento futuro, investindo em suas capacitações críticas
• Governança – Propomos garantir a existência de uma para se diferenciar da concorrência e para estabelecer um
estrutura que permita tomar rapidamente as decisões ne- novo paradigma de eficiência.

PARA CONTER DESPESAS


É possível reduzir custos com diz Ivar Berntz, sócio da área de A nova modalidade é popular
medidas como a adoção de parques consultoria da Deloitte. O especialista entre as plantas industriais dos
logísticos com infraestrutura cita o built-to-suit, por exemplo. Estados Unidos e da Europa,
compartilhada e acesso mais barato Consiste em um contrato pelo qual porque reduz custos operacionais
aos principais centros de produção e a empresa conta com um investidor e também leva à centralização e
consumo. Mas também há modelos para viabilizar um empreendimento otimização de operações em
inovadores para ajudar na contenção imobiliário que ele ocupará por um único imóvel sem precisar
de despesas das empresas, como um período preestabelecido. investir em sua concepção.

40 | edição 116
dossiê

ÉRICA MENIN

Ticiana Werneck é repórter,


colaboradora de HSM Management.

42 | edição 116
O líder deve focar
lucros e custos
Em entrevista exclusiva, o consultor Bob Fifer, autor do best-seller
Dobre Seus Lucros, compartilha sua receita para a maior produtividade
possível; para ele, a liderança focada e firme é peça fundamental para a
maximização dos lucros e a minimização dos custos | por TICIANA WERNECK

N
ão passa semana sem que Bob Fifer receba um sas. Entre nossas clientes, percebemos que é mais fácil fazer
e-mail ou telefonema de um leitor de seu livro Dobre acontecer nas pequenas e médias: 15 minutos depois de ser
Seus Lucros, lançado em 1993. Gestores brasileiros informado sobre onde está o lucro, o CEO já consegue agir.
estão entre os interlocutores mais frequentes e a Nas maiores, o percurso político das aprovações é mais com-
maioria entra em contato para contar de sua surpresa com plicado, então pode demorar um pouco, porém não muito.
a simplicidade. “Maximizar o lucro requer bom senso; é só
estar disposto a focar o lucro e permanecer focado”, ressalta Todo custo também continua podendo ser minimi-
Fifer, com objetividade cortante. zado em tempos complexos, como sustenta o livro?
O fundo brasileiro 3G Capital é famoso por estimular seus Sim. É possível ter grandes resultados apenas aprenden-
colaboradores a seguir a cartilha de Fifer. “Sempre que o do a pensar diferente em relação a custos estratégicos e não
3G anuncia a compra de uma empresa, eu vendo muitos estratégicos. Separe custos estratégicos (tudo o que produz
livros”, brinca o autor. Da mesma forma, diz-se que Jack negócios e gera lucro, como publicidade, P&D, vendedores)
Welch comprou milhares de cópias para distribuir entre os dos não estratégicos (necessários ao funcionamento da em-
colaboradores da General Electric. presa, mas que não produzem negócio, como os adminis-
Fifer, à frente de sua consultoria Fifer Associates, fez car- trativos). A empresa tem de gastar mais que os concorrentes
reira ajudando empresas a crescer e maximizar lucros – 20% em custos estratégicos (nos tempos bons e ruins) e reduzir ao
das 500 maiores da Fortune são ou foram suas clientes. Há mínimo possível os não estratégicos.
mais de 30 anos ele se dedica a formar líderes focados em oti- Nenhum custo é tão pequeno que não mereça análise. O
mizar seus negócios, reduzindo custos e melhorando resul- colaborador, ao perceber que a empresa se preocupa em
tados. Nesta entrevista exclusiva, destaca suas principais pro- poupar dinheiro quando a despesa é pequena, vai se esfor-
postas para aumentar a produtividade, que, sinteticamente, çar mais para poupar quando a despesa for grande. Quer um
concentram-se em eliminar desperdícios, fazer ajustes com dado curioso? As despesas com suprimentos de escritório são
fornecedores e na precificação e motivar os colaboradores. 40% menores nas empresas que se preocupam com o lucro.

Em seu best-seller de 1993, o sr. escreve que é possí- Como um líder sabe que se gasta além do necessário?
vel reduzir custos e maximizar lucros em seis meses. Nunca conheci uma empresa que não tivesse um custo
Isso continua valendo no complexo mundo atual? para ser cortado. Como saber qual? Basta desconfiar
Se após 23 anos o livro ainda vende em todo o mundo, isso de algum excesso e o gestor já deve se fazer três pergun-
mostra que ele é totalmente aplicável, e em todas as empre- tas: (1) “Es­sa atividade adiciona valor ao consumidor?”;

edição 116 43
dossiê

(2) “Seu processo está organizado da forma mais eficiente


possível?”; (3) “As pessoas envolvidas são excelentes?”. Se a
resposta for “não” para duas delas, a empresa está gastando
além do que deveria. Trata-se de bom senso.

Se agir é simples, por que tantos líderes não agem?


Todo líder faz alguma dessas coisas que pregamos; o difícil
é fazerem tudo. Não conseguem seguir mais recomendações
porque estão entulhados de decisões para tomar, sufocados
por responsabilidades, o que os impede de enxergar com cla-
reza seus objetivos e de entender quão simples é fazer aqui-
lo que alavanca a lucratividade. Os executivos precisam de-
sembaçar sua visão sobre a empresa e entender os conceitos,
universais e simples, que defendemos e, então, decidir mudar.
Uma vez decididos, basta que se mantenham focados.
É importante entender a questão do foco. Certos gestores
não têm como motivação principal o lucro, e sim o crescimen-
to da organização ou o bom relacionamento com os funcio-
nários. Entusiasmam-se mais com o gerenciamento da ope-
ração do que com a manutenção da sanidade financeira da
empresa, só que lucratividade é onde tudo começa e termina.
A comunicação também é crucial. Alguns gestores acham
que o lucro deve ser um segredo; eles nem o medem com fre-
quência. Como querer que os funcionários maximizem o lucro
se não entendem como suas decisões o influenciam? É engra-
çado: as empresas compartilham muitas métricas de desem-
penho por volume [de vendas, produção], porém escondem a
métrica mais precisa, que mais deve ser comunicada – o lucro.

Então, o sr. diria que, mais que qualquer outra coisa,


esse foco no lucro depende da liderança?
Exato, esse é o requisito mais importante. Mas o segundo
SAIBA MAIS SOBRE requisito é o líder se cercar de pessoas talentosas. Dependen-
BOB FIFER do do tamanho da empresa, de seis a oito pessoas abaixo do
líder precisam ser, além de excelentes, similarmente firmes
Quem é: Conferencista, consultor nesse propósito, conseguir se comunicar muito bem e estar
e gestor de treinamento empresarial, na mesma página que ele.
é diretor-presidente da empresa Nos casos de fracasso na implementação de nossas regras,
a principal razão é o líder [CEO] não estar focado no propó-
de consultoria Fifer Associates. É
sito ou não ser firme para tomar as decisões necessárias para
formado em gestão pela Harvard
dar andamento a sua implementação. Aí ele não consegue se
Business School e em economia pelo comunicar da maneira adequada com o time, nem é claro o
Harvard College. suficiente sobre os passos a seguir; não motiva o time nem lhe
Livros: Dobre Seus Lucros e The passa confiança. A segunda principal razão dos fracassos é
Enlightened CEO: How to Succeed at que as pessoas abaixo do líder não são tão boas como de-
the Toughest Job in Business. veriam e não estão tão focadas assim no objetivo de maxi-
mizar lucro e minimizar custos.

44 | edição 116
O sr. defende a meritocracia; nela é mais fácil aplicar Muitas vezes, demissões são reduções de custos em
suas regras. No entanto, o sr. não acha que muitas uma crise. Uma empresa que não reduz custos per-
empresas dizem trabalhar assim, mas não trabalham? manentemente tem mais dificuldade de fazê-lo bem?
Se a empresa não criar uma meritocracia verdadeira, Sim, é mais difícil para ela, embora seja possível. Se uma
os funcionários jamais acreditarão que leva a sério o de- empresa não tem a cultura de olhar os custos de forma crí-
sempenho e o lucro. É fácil criar – e reconhecer – uma tica, sua equipe terá mais dificuldade de fazer isso na hora
verdadeira meritocracia; nela, o líder toma decisões que da crise e provavelmente cortará os custos errados. Minha
desagradam a certas pessoas e diz cara a cara por que as consultoria está trabalhando para uma empresa agora que
tomou. As condições são claras e comunicadas a todos, se encontra nessa situação: vem tentando cortar custos por
assim como as recompensas. Firmeza e competência causa da crise, mas está cortando o que não deve.
geram respeito; não geram ressentimento. Então, foi preciso interromper o processo de busca de lu-
Pessoas talentosas entregam três vezes mais do que as me- cratividade em curso e fazê-la entender que não se trata só
díocres; prefiro pagá-las – profissionais excelentes custam de sair cortando. Cortar custo é, essencialmente, pensar em
menos que os medíocres. A regra de ouro nesse caso é: con- qual dinheiro deve ser gasto e qual não deve ser. Sempre é
trate melhor. Em vez de contratar mais rápido, demore mais possível cortar custo, mas sempre é preciso perguntar: nisso
e contrate a pessoa certa. que deve ser cortado, o que a empresa sentirá mais falta? O
corte é para deixar a empresa mais forte, e não mais fraca.
O sr. fala em contratar? Muitos pensam principalmente
no verbo “demitir” quando se trata de reduzir custos... Suas ideias requerem muito treinamento para serem
Você não torna sua empresa mais lucrativa demitindo; implementadas?
você precisa contratar bem e inspirar os funcionários a Não acredito muito no treinamento formal; acredito em
serem excelentes. Ao contratar pessoas talentosas, deve liderança e comunicação. Obviamente, bons líderes trei-
ajudá-las a se desenvolver e recompensá-las conforme o nam, e boa comunicação ensina. Se a empresa conta com
atingimento da excelência. Agora, se todos esses passos um bom líder, que se comunica com naturalidade, compar-
foram seguidos e mesmo assim o funcionário não conse- tilha decisões, o treinamento se faz assim.
gue chegar lá, aí, sim, é preciso substituí-lo. Ao menos, é
nisso que acredito. Quais as fases que uma empresa obrigatoriamente
deve seguir no processo de se tornar mais lucrativa?
Não há um único jeito de fazer. Precisa ser flexível e usar
bom senso. Um líder terá uma prioridade e elegerá uma fase

segundo fifer, para iniciar; ele pode deixar as outras para depois. Outro
líder escolherá um ponto de partida diferente e pode ter

um grande líder tanto sucesso quanto o primeiro.

precisa de... O sr. tem frases polêmicas, como a de que “maximi-


zar a satisfação do cliente pode levar à falência”. O que
• uma lógica de negócios sólida e atraente; acontece com o “foco no cliente acima de tudo”?
• pureza e honestidade; Veja bem: acredito absolutamente que é preciso satisfazer
• comunicação aberta, frequente, seu cliente. Só que isso não significa dar tudo a ele, pois torna
clara e consistente; sua operação cara. O melhor para os lucros da empresa é
• boa vontade para tomar decisões distinguir entre o tipo de diferenciação pela qual o cliente
difíceis e para ser seletivo em relação quer pagar e aquelas outras que “é bom ter, mas o cliente não
a investimentos e pessoas; banca”. É muito fácil fazer seu consumidor se apaixonar por
• fidelidade a esses princípios, você; dê-lhe mil dólares e ele ficará satisfeitíssimo. Para ma-
mesmo em face das prioridades ximizar a satisfação, é preciso fazer duas coisas:
que surgirem no dia a dia. 1. Entender quais serviços satisfazem seu consumidor.
2. Fazer isso da maneira o mais eficiente possível.

edição 116 45
dossiê

A resposta à primeira questão é diferente em cada seg- O sr. teve alguma dificuldade cultural em aplicar um
mento de mercado, mas, ao operar dessa maneira, a empre- método originalmente usado nos EUA aqui no Brasil?
sa certamente será lucrativa. Os Estados Unidos são um país empreendedor por natu-
reza, que acredita que “sucesso é bom”. No Brasil, não há
Essa onda de startups, de empreendedorismo inovador resistência cultural a essa ideia nem dificuldade em colocar
e de agir em alta velocidade não desafia a eficiência? as coisas em prática; ao contrário, percebo muita receptivi-
Aprendi lá atrás na faculdade que “você é melhor toman- dade. O Brasil, assim como o México, admira a cultura de
do dez decisões rápidas e acertando oito do que tomando negócios norte-americana. Aliás, o país em que vendo mais
dez decisões devagar e acertando nove”. Quanto mais rápi- livros per capita é o Brasil.
do você se move e decide, menor o custo. Ao ir devagar, tudo Onde encontrei dificuldade foi em partes da Europa,
é decidido após inúmeras reuniões e aprovações, estimula- em que existe um tom implícito mais socialista e leis tra-
-se a burocracia. balhistas restritivas. Trabalhei com empresas europeias
Acho incrível essa cultura do empreendedorismo das durante décadas e era frustrante tentar mudar princípios;
startups – passo muito tempo em San Francisco, aliás. O conseguimos transformações em muitas delas, mas não
que eu adoro nesses empreendedores é que se movimen- em seu total potencial.
tam tão rápido que não dão espaço para a burocracia.
Empresários brasileiros do 3G Capital, donos da AB
O sr. tem clientes no Brasil? Como é seu trabalho? InBev e da Heinz, entre outras empresas, são fãs de
Sim, tenho. As empresas que mais ajudei em minha car- seu livro. O sr. conhece o trabalho deles?
reira foram as em que o CEO sabe o que quer fazer, mas Conheci alguns executivos da empresa há muito tempo,
não como, e me chamam. Primeiro entendemos a em- mas nunca trabalhei com eles diretamente. Eu sei que con-
presa conversando com seu pessoal e identificamos quais cordam com os princípios do livro e que estimulam seus fun-
elementos-chave serão capazes de melhorar o lucro. E aí cionários a lê-lo. Sempre que o 3G anuncia a compra de
propomos um plano. uma empresa, eu vendo muitos livros [risos].
Em um de nossos clientes brasileiros atuais, elenca- Assim como Warren Buffett, posso dizer que também sou
mos seis elementos-chave que teriam mais impacto e fã do 3G. Empresas tradicionais norte-americanas, como
os focamos – não dá para fazer tudo de uma vez. Nós Heinz e Burger King, perderam o foco, e o 3G lhes restau-
ajudamos a direcionar prioridades e fizemos coaching rou foco e eficiência, o que é bom para todos. Seus resulta-
com o CEO, e ele mobilizou a equipe na direção da dos são fantásticos e o capitalismo funciona dessa forma.
implementação das mudanças necessárias. Também
fizemos testes de cenários e recomendações caso algo No princípio de minimizar custos e maximizar lucros,
não desse certo . vocês são parecidos; o sr. é mais ou menos agressivo
O principal esforço em nosso trabalho é mudar a cultura que os executivos do 3G?
da empresa: fazer os colaboradores entenderem que o foco Embora eu os acompanhe de longe, pelo que leio nos jor-
é lucro, que, para ter lucro, a empresa precisa operar com nais, acho que temos estilos diferentes. Talvez eu não seja tão
excelência. As pessoas têm relevância total no processo. agressivo quanto eles nas mudanças; prefiro ir trabalhando
com as pessoas e ir descobrindo como atingir o objetivo.
O que pode não dar certo? Há áreas que erram mais?
Trata-se, com frequência, de deslizes, como precifica-
ção não inteligente. Em alguns casos, a inteligência manda
abaixar o preço para atrair mais clientes e, em outros, é é fácil uma
preciso aumentá-lo para ter mais lucro. Deve-se saber dis-
tinguir qual é cada caso. Os custos também podem não empresa cortar
estar sendo manejados da melhor forma.
Na maioria das empresas, as áreas de vendas e marketing 10% de seus custos
são extremamente ineficientes. Então, eu gosto de começar
o trabalho por elas, por exemplo. desnecessários
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A seu ver, os executivos do Brasil devem mesmo ter Lucro/eficiência e ética não são excludentes; ter um não
medo na crise atual? requer jogar fora o outro. Eu nunca destrataria um funcio-
Quando o ambiente macroeconômico está ótimo, é pos- nário – ou fornecedor, ou cliente –, nunca poluiria um rio.
sível seguir adiante com uma empresa medíocre, mas, em É preciso levar uma vida de princípios e trabalhar em uma
uma crise, não; crise é, de fato, oportunidade. Toda empresa empresa de princípios. Garanto ser perfeitamente possível
tem custos desnecessários, e é fácil cortar, no mínimo,10% maximizar lucro tendo princípios. Aliás, a empresa com
deles na crise, se aproveitar o momento para implementar princípios atrai gente boa, o que facilita maximizar lucro.
as ideias de meu livro. Foi o que aconteceu em massa com as
companhias na crise econômica de 2008 nos EUA. Agora, É possível aplicar suas ideias a governos e ONGs?
a boa liderança, focada e firme, é ainda mais crucial na crise. O setor público talvez precise mais de nossos conceitos do
que o privado – no governo dos EUA, por exemplo, é tudo
Há contradição entre responsabilidade socioambien- muito ineficiente –, mas é difícil aplicar as ideias ali, por não
tal empresarial (RSE) e a filosofia do lucro e eficiência? haver o lucro como objetivo. Para ONGs, fiz muitos traba-
Quanto mais envelheço, mais fácil essa resposta fica. lhos como voluntário, porém as barreiras são enormes.

ganhe produtividade com bob fifer


FORNECEDORES SENSO DE URGÊNCIA ruim estimula os outros a produzir
“O modo mais indolor de reduzir “Elimine reuniões desnecessárias, mais em benefício da empresa que
custos é gerir rigorosamente os formulários a preencher e outras é realmente uma meritocracia.
preços pagos aos fornecedores. Para atividades que sejam distrações Mantenha escassos os recursos
negociar por sua empresa, escolha sem resultado. Foque o que possa humanos. Um funcionário
um ‘vilão’. Seu papel será examinar aumentar receita ou eliminar custos.” ocupado é forçado a priorizar e
minuciosamente o custo de cada item fazer apenas o importante.”
da compra e impor limites rígidos. SALÁRIOS
Envie uma circular a todos os “Tenha diferenças salariais marcantes PERSISTÊNCIA
fornecedores dizendo que os tempos na empresa, vinculadas a diferenças “A parte mais difícil do trabalho
andam ruins e que nos próximos 12 ou demonstráveis de desempenho e é a resistência à mudança por
18 meses você não aceitará aumento de contribuição para a lucratividade. parte dos funcionários. Mas, se
de preços. Outra circular poderá Estabeleça um nível salarial elevado persistir, o líder observará que,
decretar uma redução geral de 3%. e dê aquilo que cada um merece – só após um tempo, as pessoas terão
Uma vez ao ano, promova uma ofereça poucos e valorizados benefícios. ajustado suas expectativas.
concorrência de fornecedores. Ao Assim, muitos dos elementos da Nada dará um retorno tão grande
menos, diga que a promoverá.” cultura da empresa ficarão claros: quanto o investimento na equipe de
o foco no lucro e eficiência, não em vendas. Empregue vendedores que
DADOS desperdício; o trabalho com afinco, saibam como vender e como gerar
“Eu eliminaria 80% dos recursos mas sem hora extra; a meritocracia. lucros, não que ‘conheçam o produto’
humanos dedicados a fazer previsões Pessoas acima da média adorarão – qualquer um aprende isso.”
e malabarismos com números. trabalhar em uma empresa assim.”
Um bom gerente é instintivo: EXEMPLO
toma a decisão certa baseado REDUÇÃO DE PESSOAL “Não tenho sala na firma; quando
em poucos dados. Ninguém deve “Quem nunca demite ninguém não estou viajando, uso a de alguém
perder tempo quantificando um nunca terá uma empresa exemplar. que esteja. Isso me dá credibilidade
problema cuja solução já conhece.” A demissão de um funcionário quando recuso um pedido de despesa.”
Fonte: Dobre Seus Lucros (resumido).

edição 116 47
dossiê

MERGULHE NA PRODUTIVIDADE
A busca por mais produtividade tem A metamorfose organizacional (e a Investimento direto estrangeiro
sido alvo da maioria das empresas. Por fábula da barata na lata). HSM Mana- e produtividade nos setores da in-
isso, há uma extensa quantidade de in- gement, 2012. bit.ly/1S82TJz dústria brasileira. Insper, 2013. bit.
formações em livros, estudos, reporta- Para fazer mais e melhor: os es- ly/244cPgf
gens e vídeos. forços pela produtividade na nova Produtividade = gestão + educação.
era da eficiência. Deloitte, 2013. Exame CEO, 2014. bit.ly/1VVVzVt
bit.ly/1WqQl2Z
Inovação revolucionária e cresci-
mento. PwC, 2013. pwc.to/1N0NDje
LIVROS O ambiente empresarial no Bra-
VÍDEOS
sil: reflexões sobre a transformação
Collins, Jim. Empresas Feitas para nos últimos 25 anos e questões para a Inovação: o motor de crescimento
Vencer. HSM, 2013. próxima década. McKinsey, 2013. bit. da produtividade, com o reitor do
Fifer, Bob. Dobre Seus Lucros. ly/1VTllds Instituto Tecnológico da Aeronáuti-
Agir, 2012. Como aumentar a produtividade da ca (ITA), Carlos Américo Pacheco.
De Negri, Fernanda; Caval- equipe. Loupe, 2016. bit.ly/1T5B6He Endeavor, 2013. bit.ly/1pHuN5f
cante, Luiz Ricardo (orgs.). Pro- Produtividade e inovação no Bra- Empresas feitas para vencer, pales-
dutividade no Brasil: Desempenho e sil. Fundação Dom Cabral, 2016. bit. tra de Jim Collins (com legenda em
Determinantes, v. 2. Agência Brasi- ly/1pHupDS português). bit.ly/1Stou0B
leira de Desenvolvimento Indus-
trial (ABDI) e Ipea , 2015.
Schwartsman, Alexandre; Giam-
biagi, Fábio. Complacência. Campus/
Elsevier, 2014.
Rubin, Kenneth S. Essential
você aplica quando toma 15 iniciativas
Scrum. Addison-Wesley Pro, 2012. 1. Digitaliza realmente a organização, incorporando paradigmas digitais de
Liker, Jeffrey. The Toyota Way. relacionamento e execução.
McGraw-Hill, 2004.
2. Combate ferozmente a burocracia, mudando a forma de olhar a organização e
Duhigg, Charles. Mais Rápido e
Melhor. Objetiva, 2016. desaprendendo certas técnicas de gestão.
3. Reverte o overmanagement, tendo pelo menos seis subordinados por gerente.
4. Terceiriza o que não for core business, especialmente o chamado back office.
5. Olha para o longo prazo nas decisões operacionais e investe em qualificar gestores.
6. Cuida especialmente da cadeia de fornecimento.
ESTUDOS E 7. Dispõe-se a compartilhar recursos com outras empresas.
REPORTAGENS 8. Utiliza ferramentas adequadas à eficiência operacional, como lean e métodos ágeis.
9. Cria uma inteligência de marketing e vendas à altura da inteligência de compra
Dossiê +Lean – As novas frontei- dos clientes.
ras do lean. HSM Management,
2014. bit.ly/1VTkPfH
10. Revisa a área comercial, tornando a estrutura de apoio mais adequada e a
Gerando valor no ambiente de es- liderança, proativa, e preparando melhor os profissionais de vendas.
tagnação do Brasil. Boston Consul- 11. Pratica uma política de preços consistente e coerente, que lhe dê credibilidade.
ting Group, 2015. bit.ly/1rAxTtP 12. Revê as estruturas de utilização de capital e fiscal, tomando as medidas adequadas de
É preciso falar sério sobre produti- escrutínio para novos projetos e de processos e governança para aqueles em curso.
vidade. HSM Management, 2014.
13. Faz uma gestão ativa de capital de giro, providenciando rápida liberação de caixa.
bit.ly/1pHImlf
Turnaround com método. 14. Como líder, dispõe-se a ser firme e permanentemente focado em busca de
HSM Management, 2013. bit. maximizar lucros e minimizar custos, e exige o mesmo de seus subordinados.
ly/1SBU7BT 15. Implementa a meritocracia.

IDIOMAS: Inglês Português Todos os links citados foram acessados em 28 de abril de 2016.

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