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Análise Musical

Profº. Me. Wesley Higino


Carlos Alexandre Kelert
Bacharelado em Música – Habilitação em Canto Erudito
Trabalho 1

Suíte

Suíte é como se chama o conjunto de movimentos instrumentais dispostos com


algum elemento de unidade para serem tocados sem interrupções.

Os compositores renascentistas (século XIV) usavam o estilo de emparelhar danças,


tais como a pavana e a galharda, que foi ampliado pela inclusão de novas peças no
período barroco (século XVI). Assim, a suíte assume um caráter "molde", constituído
por: uma allemande, uma courante francesa (ou corrente italiana), uma sarabanda e
uma giga.

Na França, a suíte aparece com uma abertura e na Alemanha é introduzida uma


nova dança entre a sarabanda e a giga, podendo ser também um par de danças,
dentre elas, o minueto, a bourrée, a gavota e o passepied.

Com o passar dos séculos, a suíte passou a significar uma seleção orquestral de


uma obra maior. Além disso, vários compositores utilizam o nome pra designar
apenas uma coleção de peças do mesmo estilo tematicamente, às vezes usadas
como música incidental, como é o caso da suíte Peer Gynt, de Edvard Grieg.

No século XX, a suíte musical foi reaproveitada por gêneros distantes da música
erudita. Com o desejo de ir além do formato padrão do rock e da música pop dos
anos 60 numa tentativa de elevar o gênero a níveis mais altos de credibilidade
artística, muitas bandas começaram a amalgamar os elementos daquilo que no final
dos anos 60 e toda a década de 70 dominaria a cena musical, o rock progressivo.
Uma de suas principais características era a composição de canções-suítes em
formato épico, que não raro ultrapassava vinte minutos, com todos os seus
movimentos interligados em si (seja em sonoridade ou um tema em comum) tendo
referências explícitas da música erudita.

Suíte Barroca

As peças pertencentes à suíte "barroca" eram sempre da mesma tonalidade e todas


em forma binária, isto é, têm uma seção A, que termina com
uma cadência imperfeita, e uma seção B, que resolve a seção A numa cadência
perfeita. As principais danças eram:

Análise Musical II
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Bacharelado em Música – Habilitação em Canto Erudito
Trabalho 1

 Allemande: originalmente uma dança alemã em compasso binário


moderado, passa por modificações pelos autores franceses e se
transforma numa dança em quaternário com o primeiro tempo curto e
fraco.
 Courante: a italiana era em 3/4 ou 3/8 rápido, enquanto a francesa era em
3/2 moderado.
 Sarabande: dança latino-americana e espanhola, adotada na Itália e
modificada na França, com andamento mais lento e em 3/2.
 Giga: dança inglesa, com duas variantes, a francesa e a italiana. Tem um
andamento de moderado a rápido e é em binário composto (6/8, 6/4), ou
ainda ternário (3/4) ou quaternário composto (12/8), como é o caso da
vertente italiana

J.S. Bach: Suíte para Violoncelo Nº1 - BWV 1007


As Seis Suítes para Violoncelo Solo compostas por Bach são uma das composições
solo mais frequentemente tocadas e reconhecidas para violoncelo. Foram mais
provavelmente compostas durante o período de 1717-1723, quando Bach serviu
como Kapellmeister em Köthen.
Nas suítes de Bach, o Prelúdio serve como pórtico para um grupo de danças e
costuma ser a peça mais longa. Sua estrutura é livre e pode adotar qualquer tipo de
textura, forma ou estilo.

A suíte nº 1 em Sol maior - BWV 1007 abre com um prelúdio de estilo moto perpétuo


(movimento perpétuo). O ritmo mecânico contínuo das semicolcheias unifica toda a
peça.

Análise da peça:
Análise Musical II
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 Peça Binária AB, Tonalidade principal Sol, tendo modulação para a


dominante (ré maior), o que a torna então modulante.

Seção A,

 Se estende do início ao meio do compasso 22, a nota ré com uma fermata.


 A principal característica da seção A são os arpejos ascendentes.
 O padrão introduzido são as 8 semicolcheias, E isso é repetido na segunda
metade dos compassos, às vezes incluindo uma nota de ponte para o
próximo acorde. As transições ocorrem na quarto tempo nos compassos 4, 5,
7, 12
 Ocorre também algumas alternâncias entre compassos de arpejo um
compasso de uma linha melódica usando acordes e partes de escalas, que
são usados como transições entre harmonias. Esses pares de compassos
alternando arpejos e melodias encontramos nos compassos 4 e 5, 6 e 7, 8 e
9, 11 e 12, 13 e 14.
 Frases: 1-4 , 5 – 10 (metade), 10 – 14, 15-19, 19 – 22 (metade)
 Seção A Termina com uma semicadência.

Seção B

 Se estende estruturalmente a partir do lá (depois do ré com fermata) até o


final.
 A principal característica da seção B são escalas
 Os arpejos aparecem, mas são raros os momentos. Quando aparecem, eles
geralmente declaram resumidamente a harmonia/acorde, que é então
seguido pela escala correspondente -
 Na primeira metade da seção B, encontramos escalas diretas ou partes de
escalas (compasso 22 - 30/31), enquanto na segunda metade Bach usa
consistentemente uma nota pedal alternando com a linha melódica.

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 Os últimos 4 compassos estão levando de volta aos arpejos repetidos no


estilo da parte 1, um pouco como uma recapitulação na forma Sonata, que se
desenvolveu mais tarde.
 Harmonicamente, o acorde D e D7 domina toda a seção B, do início até o
penúltimo compasso. Esse domínio do Ré dominante aparece como pedal,
acorde ou escala e também é a base das melodias e sequências curtas.
 As escalas descendentes do compasso 29 a 31 conduzem a uma grande
seção com o a nota pedal ré, estendendo-se até o final, exceto o último
acorde.
 Do compasso 31 a 37, a notal pedal ré é ofuscada por uma segunda notal
pedal: o dominante lá,
 A seção B termina em uma cadência perfeita

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