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Este módulo tem como premissa apresentar as unidades e processos produtivos da unidade
termoelétrica da UNIB 1, bem como os equipamentos que a compõem e seus princípios de
funcionamento, tomando por base o conhecimento adquirido pelo grupo de estagiários de
operação do Programa de Estágio Operador 2020 e do grupo de estagiários de engenharia do
Programa de Estágio 2011/2012, contando com o apoio do técnico de operação Antônio José
de Santana Júnior.
UTA
UTE
TEORIA
Caldeiras são equipamentos que se destinam a gerar vapor através da troca térmica entre a
energia liberada durante a queima de combustíveis e a água. Também chamadas de geradores
de vapor, são constituídas de chapas e tubos que se aquecem, à medida que é promovida a
combustão, fornecendo calor à água e, com isso, provocando a mudança de fase do estado
líquido para vapor. Podem ser classificadas em dois tipos principais:
Flamotubulares, nas quais os
gases de combustão passam
por dentro de tubos, ao redor
dos quais está a água a ser
aquecida;
Aquatubulares, são aquelas
em que a água circula por
dentro dos tubos e os gases
quentes passam ao redor dos
tubos;
Existem, ainda, caldeiras de um
terceiro tipo, o qual apresenta baixa aplicação no setor industrial: as caldeiras elétricas.
Essas caldeiras são constituídas basicamente por um vaso de pressão e, por isso, apresentam
baixas capacidades de geração. Elas não empregam a combustão como fonte de calor, mas
utilizam eletricidade para promover a vaporização da água de duas formas distintas: através
do uso de resistores blindados ou pelo emprego de eletrodos, os quais são aquecidos pela
passagem de corrente elétrica, o que gera calor dentro do vaso com água.
As caldeiras flamotubulares são projetadas para operar com pequenas capacidades e são
usadas quando se deseja produzir vapor saturado e de baixa pressão. Já as caldeiras
aquatubulares são empregadas em instalações de grande porte e na obtenção de vapor
superaquecido a alta pressão.
Figura 3. Caldeira Figura 4. Caldeira Figura 5. Caldeira
flamotubular. aquatubular. elétrica.
“O vapor de água é usado como meio de geração, transporte e utilização de energia desde os
primórdios do desenvolvimento industrial. Inúmeras razões colaboraram para a geração de
energia através do vapor. A água é o composto mais abundante da Terra, de fácil obtenção e
baixo custo. O vapor possui alto conteúdo de energia por unidade de massa e volume. Toda
indústria de processo químico tem vapor como principal fonte de aquecimento a ser utilizado em
reatores químicos, trocadores de calor, evaporadores, secadores e inúmeros processos e
equipamentos térmicos. Mesmo outros setores industriais, como metalúrgico, metal-mecânico e
eletrônica, também podem utilizar o vapor como fonte de aquecimentos em diversos processos.”
(EDUARDO, Antônio, 2004).
PAREDE D’ÁGUA:
É formada pelos “risers”, ou tubos geradores de
vapor, que revestem as paredes da fornalha e
que, por isso, estão em contato direto com o calor
liberado na combustão, na zona de radiação.
SUPERAQUECEDOR:
É um trocador de calor, formado por um Figura 23. Esquema de funcionamento de
conjunto de feixes tubulares lisos ou aletados, um economizador.
dipostos em serpentina, que proporciona a troca
térmica entre o vapor e os gases de combustão,
para promover a elevação da temperatura do
vapor saturado e transformá-lo, assim, em vapor
superaquecido. Pode ser instalado na zona de
radiação ou convecção, conforme o grau de
superaquecimento para o qual a caldeira foi
projetada.
DESSUPERAQUECEDOR:
São bicos de spray de água desmineralizada,
localizados após os superaquecedores, que Figura 24. Foto exibindo os tubos do
promovem o controle e especificação da superaquecedor dentro de uma caldeira.
temperatura do vapor superaquecido na saída da
caldeira;
SOPRADORES DE FULIGEM OU
RAMONADORES:
São tubos providos de orifícios, inseridos em
diversos pontos da caldeira com a finalidade de
remover os depósitos de fuligem acumulados na
superfície externa dos tubos dos
superaquecedores e do economizador, através de
injeções de vapor. Podem apresentar movimento
rotativo ou basculhante, além de serem fixos ou
retráteis;
Figura 25. Esquema de funcionamento de
CINZEIRO: um ramonador.
Localizado na parte mais baixa da zona de
convecção, após os superaquecedores e o
economizador, é a região onde ocorre a
deposição de cinzas e de parte da fuligem que
não é eliminada pela chaminé. Sua limpeza só é
possível durante a parada do equipmamento
para manutenção;
VENTILADORES:
Têm a finalidade de fornecer e movimentar o ar
de combustão dentro da caldeira, ou seja,
promover a tiragem do ar. Existem dois tipos Figura 26. Foto de um ramonador em uma
funcionais de ventiladores: caldeira.
o Ventilador de tiragem forçada ou
soprador: impulsiona o ar atmosférico
através dos dutos de circulação,
fornecendo ar sob pressão para a
combustão e facilitando a remoção dos
gases de combustão;
o Ventilador de tiragem induzida ou
exaustor: instalado na saída dos gases de
combustão, succiona estes gases de
dentro da caldeira para conduzí-los à
chaminé, gerando, assim, uma pressão
ligeiramente negativa. Figura 27. Foto da extremidade de um
Existem ainda dois outros tipos de tiragem: ramonador, com detalhe para a saída de
o Tiragem natural, que não utiliza vapor.
ventiladores, é baseada na pressão
diferencial entre fornalha e chaminé;
o Tiragem balanceada, que combina os dois
tipos funcionais de ventiladores, um
soprador e um exaustor.
Na UTE, somente as caldeiras IHI e CBC,
possuem ventiladores, sendo estes, sempre em
pares: um ventilador acionado a turbina e outro
motorizado. São do tipo centrífugo com dupla
sucção.
INDICADORES DE PRESSÃO:
Também chamados de manômetros, são
instrumentos utilizados para medir a pressão de
líquidos, gases e vapores;
VASOS COLETORES:
São vasos instalados, externamente à caldeira,
para a captação de toda a drenagem e extração
de superfície do equipamento, durante a
operação normal, e principalmente, durante o
acendimento ou retirada de operação; Figura 32. Indicador de pressão.
VÁLVULAS:
São dispositivos cuja finalidade é provocar uma
obstrução, total ou parcial, numa tubulação, com
o objetivo de permitir maior, menor ou nenhuma
passagem de fluido, líquido ou gasoso, por esta.
Em outras palavras, é todo o dispositivo que
através de uma parte móvel abra, obstrua ou
regule uma passagem através de uma tubulação.
Alguns tipos principais são:
o Válvula de retenção: instaladas em
linhas de vapor e óleo para evitar refluxo Figura 33. Visor de nível.
da corrente de fluido;
o Válvula solenóide: comandada
eletricamente, abre ou fecha, permitindo
ou não a passagem de um fluido;
o Válvula de alívio: destinada a remover o
excesso de pressão em linhas de fluido,
como por exemplo, nos headers de V-15 e
V-3,5;
Tubulão
superior
Superaquecedor
Primário
Queimadores
Superaquecedor
Secundário
Economizador
Duto de ar
Duto de Gases
As caldeiras IHI são as aquelas possuem o sistema de controle mais avançado da unidade
termoelétrica, uma vez que:
A GV-5301A possue o sistema BMS (Burner Management System);
As GV-5301B e C possuem o sistemas SCDC (sistema digital de controle distribuído).
4.3. CALDEIRAS CBC
São caldeiras de fabricação brasileira, CBC (Companhia Brasileira de Caldeiras e
Equipamentos Pesados), empresa associada à japonesa MITSUBISHI Heavy Industries, com
tecnologia da Combustion Engineering. Produzidas em 1978, são semelhantes as caldeiras IHI,
já que apesentam tiragem forçada e pressão de fornalha positiva, porém empregam a queima
tangencial. Nelas há um total de doze queimadores, distribuídos quatro a quatro, em três
elevações diferentes, como mostrado a seguir. Possuem três superaquecedores. São caldeiras
deste tipo:
Estas caldeiras possuem um total de seis ramonadores, cada uma, sendo estes:
Três rotativos retráteis, instalados próximos ao superaquecedores;
Um rotativo fixo, localizado entre o superaquecedor primário e o economizador;
Dois basculantes, instalados no lado frio de cada um dos dois pré-aquecedores
regenerativos das caldeiras;
Queimadores
Tangenciais Superaquecedor Superaquecedor Tubulão
Secundário Terciário superior
Tubulão inferior
TANGENCIAIS
QUEIMADORES
TANGENCIAIS
QUEIMADORES
4.4. CIRCUITO DE ÁGUA E VAPOR
A água utilizada para alimentar as caldeiras da UTE é a água desmineralizada, produzida na
UTA e dela transferida via bombeamento. Para esta função, são utilizadas três bombas
centrífugas, sendo duas motorizadas e uma turbinada:
MB-5306A;
TB-5306B:
MB-5306C;
Das bombas 5306, a água é conduzida, por tubulações para dois condensadores, os P-5306A,
localizado no lado IHI, e o P-5306B, no lado CBC. Estes equipamentos são trocadores de calor
que pré-aquecem a água através da troca térmica desta com:
Vapor exausto, oriundo de equipamentos turbinados da UTE, como bombas
turbinadas, compressores, ventiladores turbinados, dentre outros;
Condensado, proveniente dos pré-aquecedores de ar a vapor;
Assim, os condensadores representam um importante fator de ganho de eficiência e economia
de energia, uma vez que promovem o reaproveitamento da energia térmica do vapor exausto
e do condensado, que, a princípio, seriam descartados. A seguir é apresentado um fluxograma
do sistema de alimentação dos condensadores.
MB-5206A
Fabricante do motor General Eletric do Brasil S.A.
Potência (CV) 250
Regime de serviço Contínuo
Rotação da bomba (rpm) 1.759
Vazão (m³/h) 980
Tabela 2. Dados técnicos da bomba MB-5206A.
TB-5206B
Fabricante da turbina Sulzer Weise S.A.
Potência (CV) 250
Rotação (rpm) 1.750
Vazão (m³/h) 980
Tabela 3. Dados técnicos da bomba TB-5206B.
MB-5206C
Fabricante do motor BBE S.A.
Potência (CV) 250
Regime de serviço Contínuo
Rotação da bomba (rpm) 1.750
Vazão (m³/h) 1.176
Tabela 4. Dados técnicos da bomba MB-5206C.
CONDENSADORES (P-5306A/B)
Como citado anteriormente, o sistema de alimentação dos desaeradores é composto por seis
bombas centrífugas verticais, sendo:
Duas bombas acionadas por turbinas:
o TB-5301-A;
o TB-5301-F;
Quatro bombas acionadas por motores elétricos:
o MB-5301-B;
o MB-5301-C;
o MB-5301-D;
o MB-5301-E;
Com representado nos fluxogramas anteriores, essas bombas operam com as suas descargas
interligadas, visto que, as bombas A, B e C (lado IHI) succionam o condensado do P-5306A e
alimentam os desaeradores D-5301A/B, ao passo que, as bombas D, E e F (lado CBC)
succionam o condensado do P-5306B alimentando os desaeradores D-5301C/D/E.
A sucção dessas bombas está conectada à saída dos condensadores por uma linha de, com 20”
de diâmetro, na saída de condensado, que é, posteriomente, reduzida para 14”, no poço de
sucção da bomba, e sua descarga é feita numa linha de 12”. Essas bombas são compostas por
um acionador, motortizado ou turbinado, localizado acima do nível da linha de sucção, e do
corpo da bomba, situado abaixo do nível da linha, num fosso, com profundidade de 7 metros
abaixo do nível do solo.
Como forma de compensar a baixa pressão na sucção, cerca de 0,01 kgf/cm², e para se
conseguir o saldo de pressão positiva de sucção, NPSH, requerido pela bombas 5301, foi
necessário instalá-las 7 metros abaixo do nível solo.
Como estas bombas operam com a finalidade de enviar água para os desaeradores, que estão
cerca de 15 metros acima do solo, necessita-se de uma coluna d’água para favorecer o NPSH
requerido. Além disso, como a pressão nos P’s-5306 é negativa e a temperatura da água é de
cerca de 50ºC, a fim de se evitar o fenômeno da cavitação, estas bomba são verticais, para
garantir que operem sempre escorvadas.
Consistem em grandes vasos de pressão que têm por finalidade remover gases não
condensáveis dissolvidos na água, em especial O2 e CO2. Estes gases são potencialmente
corrosivos e são eliminados da água através da combinação de dois processos:
Um processso físico: o aquecimento da água, utilizando-se vapor de baixa pressão;
Um processo químico: a dosagem de um composto que corrige o pH da água, ao mesmo
tempo em que reage com o CO2, chamado Eliminox. Essa dosagem é, bem antes, nos
condensadores (P-5306A/B) .
O sistema de desaeração é composto de cinco vasos desaerantes, dois no lado IHI, com
capacidade de 880 t/h cada, e três no lado CBC, com 470 t/h de capacidade cada um, como
representado abaixo:
Estes equipamentos recebem água das bombas 5301, a uma pressão de cerca de 10
kgf/cm² e temperatura em torno de 80ºC. São formados por dois vasos de pressão:
Um vaso desaerante, localizado na parte superior, onde ocorre o processo de
desaeração propriamente dito;
Um vaso de armazenamento, localizado na parte inferior;
Os vasos desaerantes apresentam configuração semelhante ao P-5306A, por possuirem
uma estrutura formada por bandejas. Utilizam vapor de 3,5 kgf/cm² e 190ºC e promovem
um ganho de 67ºC a temperatura da água alimentada, já que na saída deste equipamento
a tempertaura da água chega a 147ºC.
Da descarga das bombas 5301, a água é conduzida para o vaso superior, també m
chamado de torre, onde é distribuída em cima das bandejas, assumindo a forma de
gotículas, para, então, entrar em contato direto com o vapor, que sobe em contra
corrente, já que é alimentado pela parte inferior da caixa das bandejas.
Este vapor aquece a água, juntamente com os gases dissolvidos nela, e devido a este
aquecimento e ao arraste provocado pela passagem do vapor, os gases, que são mais
voláteis, tendem a subir para a parte superior da torre, escapando para a atmosfera
através de uma tubulação, chamada "vent".
Durante o processo, o vapor utilizado é condensado, sendo misturado a água desaerada.
No fim, a mistura é conduzida para o vaso inferior onde é armazenada para,
posteriomente, ser enviada, por tubulações à sucção das bombas 5302.
A figura traz uma representação gráfica do processo de desaeração.
Figura 61. Representação do processo de desaeração nos D’s-5301.
De forma semelhante às bombas 5301, existem dois tipos de acionadores para estas bombas:
os motores elétricos e as turbinas. A seguir são apresentadas algumas informções sobre os
acionadores motorizados das MB-5302.
São trocadores de calor, do tipo casco e tubos, que operam em série e utilizam vapor para pré-
aquecer a água de alimentação das caldeiras e, assim, promover aumento da eficiência destes
equipamentos , além de economia de combustível, uma vez que, com a água alimentada a uma
temperatura mais eleveda, uma menor quantidade de combustível será necessária para
fornecer a quantidade de calor suficiente para provocar a vaporização.
Nestes pré-aquecedores de água, o vapor circula pelo casco, ao mesmo tempo em que a água
passa pelos tubos. São utilizados dos tipos de pressão neste equipamentos, como citado
anteriormente:
Nos P-5301, é utilizado vapor de 15 kgf/cm², por isto este trocador é também
conhecido como aquecedor de baixa;
Nos P-5302, é empregado, ou não, o vapor de 42 kgf/cm², por isto este trocador é
também conhecido como aquecedor de alta;
Como a operação dos P’s-5302 das caldeiras IHI e CBC, aumenta a demanda de vapor de 42
kgf/cm², a qual para ser atendida leva a um aumento na carga dos turbogeradores de contra-
pressão, que consomem vapor de 120 kgf/cm² e produzem vapor de 15 e 42 kgf/cm², como
será apresentado mais adiante, provocando um aumento no custo de produção da energia
elétrica, não é viável a operação contínua destes equipamentos; sendo assim, pode haver troca
térmica entre a água que saí pre-aquecida dos P’s-5301 com o V-42, ou não.
A troca térmica provoca a condensação do vapor nestes vasos. O condensado dos P’s-5302 é
enviado para os P’s-5301 e ajuda a manter o nível de condensado nestes vasos. Já o
condensado dos P’s-5301 é enviado para os deaeradores D’s-5301, como representado abaixo.
Figura 69. Visão geral do circuito dos vapores de alta e baixa pressão e da água de
alimentação nos P’s-5301 e P’s-5302.
Créditos: Uberam Barros
Figura 70. Foto do P-5301E e P-5302E.
880ºC
507ºC
Ao ar de combustão deve ser dada bastante atenção durante a operação, pois deve-se a ele e
às suas condições uma boa e eficiente combustão, já que um excesso de ar para a combustão,
além de certo limite, pode significar perdas de energia, redução na eficiência global do
equipamento, que resultam em prejuízo econômico. Já uma alimentação de ar deficiente leva à
combustão incompleta dos combustíveis que resulta em consumo excessivos destes, aliado a
prejuízo econômico, além de dados ao meio ambiente, devido as emissões de fuligem e
monóxido de carbono (CO), características da queima incompleta.
VENTILADORES DE TIRAGEM FORÇADA (MSP’S E TSP’S)
A finalidade destes ventiladores é insuflar o ar, succionado da atmosfera, através dos dutos de
gases para fornalha, onde irá compor a queima e mantê-la pressurizada.
Cada caldeira possui um par de ventiladores, sendo um acionado a turbina e outro a motor
elétrico, como mostrado a seguir:
GV-5301A:
o TSP-5301A;
o MSP-5301B;
GV-5301B:
o TSP-5302A;
o MSP-5302B;
GV-5301C:
o TSP-5303A;
o MSP-5303B;
GV-5301D:
o TSP-5307A;
o MSP-5307B;
GV-5301E:
o TSP-5308A;
o MSP-5308B;
São do tipo centrífugo com dupla sucção, assentados sobre mancais de rolamentos, e possuem
sistema mecânico-pneumático para acionamento dos dampers, que são controladoras da
admissão de ar de combustão.
A sucção dos ventiladores foi elevada para a cota de cinco metros para que não entre sujeira
pela sucção do mesmo, provocando entupimento nos PV’s, bem como reduzir índice de ruído
a nível do solo, a chamada cota zero.
Estão localizados nos dutos de ar, entre a descarga dos ventiladores de tiragem forçada e os
pré-aquecedores regenerativos e, como apresentado anteriormente, são trocadores de calor
que têm a finalidade de pré-aquecer o ar soprado pelos ventiladores, utilizando a energia
térmica do vapor de 3,5 kgf/cm², antes que o mesmo penetre nos pré-aquecedores
regerenativos.
No aspecto funcional, o pré-aquecedor a vapor é necessário para evitar que haja condensação
dos gases no interior dos pré-aquecedores regenerativos, ocasionada pela diferença de
temperatura entre:
O ar alimentado a caldeira, a cerca de 30 ºC;
Os gases de combustão, que deixam os pré-aquecedores regenerativos a uma
temperatura acima de 300ºC;
Desta forma, evita-se uma reação química formando ácido sulfúrico no interior da colméia do
pré-aquecedor regenerativo, o que seria danoso em virtude da corrosão causada por este
ácido.
Os PV’s são constituídos de tubos aletados dispostos de maneira semelhantes a um radiador
automotivo. No interior dos tubos circula o vapor de baixa pressão, cedendo calor ao ar que
passa no lado externo dos tubos. Possuem um sistema de controle de temperatura, no qual o
operador determina a temperatura de saída do ar (set) através de controladores de
temperatura, os TIC’s-038.
Cada caldeira possui um par de pré-aquecedores a vapor, um em cada duto de ar, como
esquematizado a seguir:
GV-5301A:
o PV-5301A;
o PV-5301B;
GV-5301B:
o PV-5302A;
o PV-5302B;
GV-5301C:
o PV-5303A;
o PV-5303B;
GV-5301D:
o PV-5304A;
o PV-5304B; Figura 77. Localização do PV-
GV-5301E: 5305B na GV-5301E.
o PV-5305A;
o PV-5305B;
A tabela a seguir exibe algumas informações técnicas sobre os pré-aquecedores de ar a vapor
das caldeiras da UTE.
Lado CBC:
Figura 85. Representação da circulação dos gases quentes no interior da GV-5301H e dos
componentes desta caldeira.
Figura 86. Foto da GV-5301H. Figura 87. Foto do TG-5301F.
Com construção semelhante a das caldeiras IHI e CBC, a caldeira de recuperação possui
componentes similares as demais caldeiras da unidade, como:
Tubulão;
Economizador;
Superaquecedores, em número de três, como nas caldeiras CBC;
Dessuperaquecedor;
Dutos de ar e gases;
Queimadores;
Porém existe um componente nesta caldeira diferente das demais, o evaporador. Esta
estrutura corresponde à zona de troca térmica onde se processa a passagem da água do
estado líquido para o estado gasoso, ou seja, onde é efetivamente gerado vapor na caldeira.
Ele é constituído de tubos horizontais, aletados, apoiados sobre espelhos de chapa que por
sua vez são suspensos por tirantes ligados aos espelhos do economizador. A circulação da
água no evaporador é forçada por meio de bombas de recirculação, que bombeiam água, no
estado líquido e saturada, do tubulão para os tubos, sendo que o fluxo de água, já em emulsão
com as bolhas de vapor produzido, retorna novamente ao tubulão, onde como nas outras
caldeiras, estão contidos dispositivos para a separação entre a água líquida e o vapor
saturado.
Existe também uma diferença na estrutura do tubulão desta caldeira: ele é composto de:
Um casco externo, em aço especial para vasos de pressão, em chapa grossa, que é o
reservatório propriamente dito, sujeito à pressão;
Um corpo interno, em chapa fina, o qual tem apenas a finalidade de separar
internamente a água em duas camadas, para efeitos de homogeneização de
temperatura sobre o casco externo;
Internamente, o tubulão é provido de separadores de vapor, ou seja, equipamentos que têm o
objetivo de retirar a maior quantidade possível das gotículas de água presentes no vapor, de
forma que este siga o mais "seco" possível para os superaquecedores. Uma representação do
tubulão desta caldeira é exibida abaixo.
Figura 88. Representação do tubulão da GV-5301H. À esquerda, esquema do tubulão em corte; à direita,
representação da circulação de água e vapor.
4.7. SISTEMA DE COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS
O sistema de combustíveis líquidos da UTE é composto por quatro tipos de combustíveis:
Óleo combustível (OC-1A);
Resíduo Aromático de Pirólise (RAP);
Corrente de C-10+ (Gasolina);
Óleo Diesel;
Destes quatro tipos acima, apenas o OC-1A, o RAP e a corrente de C-10+ são queimados nas
caldeiras da UTE. O óleo Diesel é usado apenas na turbina a gás, o TG-5301F.
OC-1A
O óleo combustível, OC-1A, é importado da Petrobrás Distribuidora, unidade BACAM, situada
na Rua Benzeno, ao fundo da CEMAP I. Este óleo, de coloração escura, é uma mistura de
hidrocarbonetos pesados remanescente da destilação das frações do petróleo. Suas principais
propriedades são:
Este óleo é o combustível com maior grau de confiabilidade na UTE, já que, além de possuir
composição fixa e combustão estável, seu fornecimento é garantido pela Petrobrás BACAM.
RESÍDUO AROMÁTICO DE PIRÓLISE
O resíduo aromático de pirólise (RAP) é uma mistura de hidrocarbonetos pesados,
apresentando-se como um óleo mais denso do que a água, de coloração escura e odor
característico. É produzido durante o craqueamento da nafta, nas unidades de olefinas.
Este óleo pode ser transferido diretamente para a UTE, onde será armazenado nos tanques
TQ-5301C e D, ou ser armazenado no FB-1013 pela TIB, para ser vendido a empresa
Columbian, onde é utilizado como matéria-prima para a produção de negro-de-fumo, o
“corante” que dá a cor negra as pneus de automóveis. A tabela a seguir mostra algumas
propriedades deste combustível.
Gasolina de Pirólise
Composição predominante 65,0% de BTX (benzeno, tolueno e xilenos)
Ponto de Fulgor (ºC) 40
Temperatura de ebulição (ºC) 50 (a 760 mmHg)
Densidade de 4 a 20ºC 0,794
Poder calorífico superior (kcal/kg) 11.500
Taxa de inflamabilidade (% volume) 1,4 a 7,6%
Temperatura de auto ignição (ºC) 280
Tabela 24. Índices técnicos da corrente de C-10+.
ÓLEO DIESEL
Recebido na UTE, no parque de óleo, por intermédio de caminhão tanque. É utilizado como
combustível secundário no TG-5301F, para situações de indisponibilidade de gás natural e
para situações de “Black-out”, quando esta turbina opera num modo chamado “Black-start”,
queimando este combustível. A tabela abaixo exibe algumas propriedades deste óleo.
Óleo Diesel
Teor de enxofre (% massa) 0,15
Teor de vanádio (ppm) Menor do que 2
Teor de sódio (ppm) 1
Densidade de 4 a 20ºC 0,837
Poder calorífico superior (kcal/kg) 10.500
Ponto de Fulgor (ºC) 75
Viscosidade a 37,8º C(cst) 2,887
Tabela 25. Índices técnicos do Óleo Diesel.
TANQUES
Os combustíveis líquidos, apresentados anteriormente, são armazenados em seis tanques,
distribuídos da seguinte forma:
OC-1A: TQ-5301A e TQ-5301B;
RAP: TQ-5301C e TQ-5301D;
C-10+: TQ-5303;
Óleo Diesel: TQ-5326;
Da mesma forma que alguns outros equipamentos, como bombas e desaeradores, cada lado da
térmica possui três tanques, segundo a distribuição a seguir:
TQ-5301A/B/C/D
Fabricante MHM Equipamentos Mecânicos S/A
Projeto IHI e CBC
Forma Cilíndrica vertical
Capacidade (m³) 3.000
Dimensões (mm) 17.170 x 147.336
Pressão de projeto Atmosférica
Temperatura de projeto (ºC) 70
Fluido de aquecimento Vapor de 3,5 kgf/cm²
Temperatura do fluido de aquecimento (ºC) 190
Sobre espessura de corrosão (mm) 1,5
Material ASTM-A-36
Norma do material API-STD-650 ABINPNB-89
Tabela 26. Índices técnicos dos TQ’s-5301.
Figura 90. Foto do parque de óleo CBC: TQ-5301C (em preto, à esquerda), TQ-5301D (em
preto, à direita)e TQ-5326 (em cinza, ao centro).
TQ-5303
Este tanque tem a finalidade de receber e armazenar a corrente de C-10+ bombeada pela TIB,
ou diretamente das unidades de aromáticos, para ser utilizado durante a partida das caldeiras,
no seu acendimento parcial, e na queima mantida nas caldeiras IHI e CBC. Possui forma
cilíndrica vertical de paredes metálica e equipamentos auxiliares semelhantes aos TQ’s-5301,
como listado abaixo:
Válvulas de vent: permitem o escape para a atmosfera dos gases e/ou vapores, que
venham a se formar dentro do tanque, como nos TQ’s-5301, porém neste tanque, esta
válvula encontra-se raqueteada (bloqueada), pois existe um sistema de selagem com
N2 (Nitrogênio).
Porta de vista: permite o acesso para inspeção, limpeza e manutenção;
A tabela a seguir traz algumas informações, dimensões e capacidade deste tanque.
TQ-5303
Fabricante MHM Equip. Mecânicos S/A
Projeto IHI
Forma Cilíndrica vertical
Capacidade (m³) 100
Dimensões (mm) 4.830 x 6.150
Pressão de projeto Atmosférica
Temperatura de projeto Ambiente
Sobre espessura de corrosão (mm) 1,5
Norma do material API SID 6501 ABNT-89
Tabela 27. Índices técnicos do TQ-5303.
TQ-5326
Fabricante CODISTIL S/A DEDIEV
Capacidade (m³) 55
Diâmetro nominal (mm) 3.820
Altura nominal (mm) 4.810
Pressão de projeto Atmosférica
Peso específico (kg/cm³) 832
Tabela 28. Índices técnicos do TQ-5326.
B-5305A/B/C
Fabricante Kosaka Laboratory Ltda.
Tipo Parafuso
Potência (kW) 125
Capacidade (t/h) 120
Pressão de sucção (kgf/cm²) 0,1
Pressão de descarga (kgf/cm²) 18,5
Temperatura normal do óleo (ºC) 130
Temperatura máxima do óleo (ºC) 180
Eficiência 65%
NPSH requerido (mm) 4,5
Tabela 29. Índices técnicos das B’s-5305A/B/C.
Figura 93. Foto das bombas 5305 do lado IHI.
Das bombas 5305, o óleo é enviado para os chamados aquecedores de alta, os P-5304A/B/C,
que são trocadores de calor do tipo casco e tubos, que têm a finalidade de elevar a
temperatura do óleo até uma temperatura ideal para a queima.
Esta temperatura ideal é obtida através de cálculo por computador ou carta ASTM, a partir do
resultado de análises de viscosidade realizadas pelo laboratório e não deve exceder a certos
limites a fim de evitar o aparecimento de vapores na linha ou ainda a decomposição parcial do
combustível, reduzindo o seu poder calorífico. Apesar de existirem três destes trocadores, o P-
5304C encontra-se, atualmente, desativado.
Alguns dados de projeto sobre estes trocadores são mostrados na tabela a seguir.
Dos aquecedores de alta, o óleo aquecido passa pelos chamados filtros finais de óleo
combustível, os FT-5302A/B. Estes filtros têm o objetivo de remover impurezas, que
porventura tenham passada pelos FT-5301 e possíveis partículas metálicas, que venha a
provocar o entupimento do bico dos queimadores das caldeiras.
A tabela abaixo exibe algumas informações sobre estes filtros.
FT-5302A/B
Capacidade (t/h) 102
Pressão normal (kgf/cm²) 18,5
Pressão de projeto (kgf/cm²) 21
Pressão de test (kgf/cm²) 32
Temperatura normal de trabalho (ºC) 220
Material filtrante Aço inox
Malha 60 mesh
Tabela 31. Índices técnicos dos FT’s-5302A/B.
Depois de passar pelos FT’s-5302, o OC-1A é enviado para as caldeiras, através de uma linha
principal, conhecida como anel de óleo. No anel, o óleo pode ser enviado para os queimadores
para ser consumido ou não, sendo neste caso enviado de volta aos tanques A e B. Este
processo de retorno é chamado de recirculação e tem a finalidade de promover a
movimentação deste combustível pelas linhas, em situações em que não há consumo deste,
para que não o óleo não se solidifique e, com isso, sejam formados depósitos nas tubulações,
levando a sua obstrução.
Neste sistema, destaca-se o controle de pressão realizado na linha de descarga das bombas
5305. Este controle é realizado por uma válvula controladora de pressão, a PCV-93030 que
modula a pressão na linha, mantendo-a em 18,5 kgf/cm². Esta válvula, auto-operada, abre e
envia parte do óleo para a linha de retorno para os tanques de armazenamento.
O fluxograma a seguir mostra o caminho percorrido pelo OC-1A na UTE.
Figura 96. Fluxograma do sistema de OC-1A.
Créditos: Uberam Barros.
.
SISTEMA DE RAP
É um circuito semelhante ao circuito do OC-1A, envolvendo as seguintes etapas:
Recebimento das unidades de olefinas;
Armazenamento;
Filtração;
Bombeamento;
Aquecimento;
Consumo nas caldeiras;
Este óleo é recebido diretamente das unidades de olefinas I e II através de tubulações que
interligam essas unidades a UTE, onde o óleo recebido é direcionado para os tanques de
armazenamento, os TQ-5301C e D. Da mesma forma que os TQ-5301A/B, os tanques C e D
possuem um par de filtros na sua linha de saída, os FT-5301C1 e FT-5301C2, no TQ-5301C, e
os FT-5301D1 e FT-5301D2, no TQ-5301D, que retém impurezas do combustível e borras
formadas pela solidificação do óleo durante o seu armazenamento.
Após os filtros, as linhas dos dois tanques se encontram e são direcionadas para a sucção de
quatros bombas, as B’s-5305, sendo duas delas turbinadas e duas motorizadas:
MB-5305D;
MB-5305E;
TB-5305F;
TB-5305G;
Da mesma forma que o OC-1A, o RAP, depois de bombeado é aquecido nos aquecedores de
alta, os P-5304D/E, para atingir uma temperatura ideal de queima, como explicado
anteriormente.
Depois de passar pelos P-5304, o RAP é enviado para as caldeiras, através de uma linha de
óleo, onde é direcionado para os queimadores para ser consumido ou não, sendo neste caso
enviado de volta aos tanques C e D, no processo de recirculação, como no sistema de OC-1A.
Neste sistema, destaca-se o controle de pressão realizado na linha que liga a descarga das
bombas 5305 aos aquecedores de alta. Este controle, semelhante ao controle da PCV-93030
no sistema de OC-1A, é realizado por duas válvulas controladoras de pressão, as PCV-
93111A/B, que operam em regime chamado de “split range”. Nesse regime de controle, são
usadas duas válvulas, uma maior e outro menor, que operam a depender do fluxo na linha:
Para baixas vazões, a válvula grande é fechada e a válvula pequena garante o controle
de fluxo;
Para altas vazões, ambas as válvulas são abertas.
O fluxograma a seguir traz uma representação do sistema de RAP da UTE.
Figura 97. Fluxograma do sistema de RAP.
Créditos: Uberam Barros.
.
SISTEMA DE C-10+
Conforme os sistemas de combustíveis líquidos anteriores, é também constituído por alguns
equipamentos, como filtros, tanques, trocadores de calor e linhas, que envolve as seguintes
etapas:
Recebimento da corrente de C-10+;
Armazenamento;
Filtração;
Consumo nas caldeiras;
Este combustível é recebido via bombeio da TIB, através da GA- ou GA-, ou direto da produção
das plantas de aromáticos, sendo direcionado para o tanque de armazenamento, TQ-5303. Na
sua linha de saída, este tanque possui um par de filtros, os FT-5303A e FT-5303B, que retém
impurezas do combustível, partículas metálicas e partículas sólidas, as populares borras,
formadas pela solidificação do combustível durante o seu período de armazenamento.
Dos filtros, a corrente de C-10+ é enviada para a sucção de duas bombas, as B’s-5306, que são
ambas motorizadas:
MB-5306A;
MB-5306B;
Algumas informações técnicas sobre estas bombas e seus acionadores motorizados são
apresentadas abaixo:
B-5306A/B
Fabricante Sulzer
Velocidade (RPM) 3.500
Pressão na sucção (kgf/cm²) 0,5
Pressão na descarga (kgf/cm²) 12
Vazão (m³/h) 18
NPSH requerido (m) 4
NPSH disponível (m) 6
Tabela 33. Dados técnicos das MB-5306A/B.
Este indicador representa a capacidade de carga que se pode incrementar à carga atual das
caldeiras em situações de emergência, em que se aumente a demanda de vapor de 120
kgf/cm².
Como será explicado posteriormente, existe um sistema de gereciamento do V-120 que
envolve a térmica, a elétrica e as unidades de olefinas I e II que contribuem, com uma pequena
parcela, para a geração deste vapor, ao mesmo tempo, em que são grandes consumidoras
deste vapor. Assim, em situações em que alguma das destas unidades, por algum motivo,
interrompeu a sua geração de vapor, mas não deixou de consumi-lo, o déficit gerado no
sistema deverá ser suprido pelas caldeiras, as quais deverão possuir uma capacidade rápida
de aumentar as suas cargas e, assim, aumentar rapidamente a oferta de vapor a fim de não se
provocar impactos no sistema de V-120 e, em especial, nas unidades de olefinas.
Estes indicadores têm como objetivo exibir o perfil de consumo de combustíveis da unidade
termoelétrica, o qual deve:
Priorizar o consumo de gás natural, por ser o combustível mais barato;
Promover o consumo dos combustíveis internos da UNIB 1, que estão constantemente
disponíveis por serem subprodutos das unidades de olefinas e aromáticos;
Reduzir o consumo de óleo combustível, OC-1A, por este ser o combustível mais caro
da UTE, por ser um combustível externo e pesado.
5. ELÉTRICA
A UNIB 1 conta, atualmente, com 5 turbogeradores responsáveis por gerar uma parte da
energia elétrica consumida no Pólo.
No cenário atual, operando em conjunto, esses turbogeradores chegam a gerar um montante
de 80 MW, o que corresponde a aproximadamente 37% da carga ativa total do Polo (cerca de
215 MW).
Os turbogeradores geram energia elétrica a uma tensão de 13,8 kV e conectam-se às barras de
sincronismo (Barras U/V, S1/S2, S3/S4. S5/S6) através de transformadores elevadores de
13,8/69 kV (TF-5302B, TF-5302D, TF-5302E, TF-5302F e TR-2201A), localizados no pátio da
SE Norte.
O conceito de importação de energia elétrica da CHESF foi concebido, nos anos 70, a fim de
atender ao consumo do Polo de maneira complementar. Entretanto, tendo em vista os atuais
níveis de geração, hoje em dia a energia importada da CHESF atende à maior parte da carga
ativa total do Polo (cerca de 135 MW).
A energia importada é entregue ao sistema elétrico da Braskem através de duas linhas de
transmissão (LT-1 e LT-2) de 230 kV. Essas linhas são responsáveis por fazer a interligação
entre a SE Camaçari 2 (CHESF) e a SE Norte (BRASKEM), percorrendo um trecho de 6 km
entre as duas subestações.
Turbogeradores
TAG Tipo Potência nominal Fabricante
TG-5301B Contrapressão 40 MW SIEMENS
TG-5301D Contrapressão 40 MW SIEMENS
TG-5301E Condensante 36 MW AKZ
TG-5301F Turbina a gás 32 MW GE
GI-4101A Turbina a gás 32 MW GE
Tabela 35. Dados técnicos dos turbogeradores da UTE.
Descrição Geral
O vapor vivo (superaquecido) passa através das válvulas de fecho rápido (ESV2-01/02) e de
quatro válvulas de regulagem (FCV-501-1/2/3/4) direcionam o fluxo de vapor através dos 4
grupos de injetores sequencialmente, sendo que as FCV1 e FCV2 abrem ao mesmo tempo. São
16 estágios de reação na turbina e 2 estágios de ação, que proporcionam a queda entálpica do
vapor e a transformação em energia mecânica.
A extração ocorre após o 9° estágio de reação. O vapor extraído (42 kgf/cm² / 399°C) flui da
turbina para o processo da planta ou do cliente. Há ainda a passagem no interior da turbina de
vapor remanescente e dá origem ao vapor de exausto (15 kgf/cm² / 270°C) que flui para o
header de V-15.
É importante ressaltar a existência de um batente mecânico de vapor de exaustão que é de
aproximadamente 40t/h, ou seja, esta é a vazão mínima de vapor exausto que a turbina deve
fornecer.
A turbina de reação do tipo G50E possui as seguintes características:
Válvulas de fecho rápido de admissão (ESVs) estão montadas na entradas de vapor da
turbina. Elas são acionadas por atuadores eletro-hidráulicos independentes.
Quatro válvulas de regulagem de admissão (FCVs) responsáveis pelo controle do
fornecimento de vapor, comandadas pelo controle de velocidade da turbina.
Construção do tipo multi-estágios de reação sendo 9 de alta pressão e 7 de baixa
pressão e ainda um estágio de ação (rodas de regulagem) nossetores de AP e BP.
Dois mancais radiais e um mancal axial com lubrificação forçada.
Sistema de Óleo
TANQUE DE ÓLEO:
A capacidade do tanque de óleo é de 8000 litros e este é construído de tal forma que haja
uma separação das câmaras de recirculação e retorno de óleo (onde as sujeiras são
decantadas). Há uma chave de nível instalada para alarme de nível baixo de óleo.
MOTO-BOMBA DE EMERGÊNCIA:
Opera em casos de incapacidade da moto-bomba auxiliar e é alimentada pelo sistema vital
(corrente contínua fornecida por banco de baterias), o que garante seu funcionamento
mesmo na ausência de energia elétrica da rede (corrente alternada).
ADMISSÃO
O vapor de 120 kg/cm², com temperatura em 538°C, flui das GV- 5301B/D (passando pela
válvula MS-001B/D e pela válvula de retenção MS-002B/D) ou do header (pela MS-004B/D)
para o TG-5301B/D passando pela MS-003B/D que possui dois by-pass manuais. Após a MS-
003 existem as tomadas do transmissor de pressão PT-510 e dos TE – 500B/B2/B3, daí parte
para a MOV-501, que possui duas válvulas de by-pass sendo uma manual e outra motorizada
(MOV-500), passando pelo FT-500 e pelo PT-500. Em seguida, a linha de 16” se divide em
duas de 12”, onde há uma tomada para drenagem de cada linha que direciona o vapor para a
válvula de dreno XCV-513 (pneumática de dreno na linha de V-120) e logo após existe uma
tomada em cada linha para os TE- 537 e 538. Em seguida, estão as válvulas ESV de fecho
rápido (garganta).
O vapor vivo passa através das válvulas garganta e depois cada linha se divide em duas
quando ocorrem as tomadas de drenagem (para as válvulas XCV-506.1) e em seguida vão para
as válvulas parcializadoras que controlam o fluxo para turbina. Antes de adentrar a turbina de
baixa (TB), há uma tomada de drenagem de cada linha, que se unem e seguem a válvula para a
XCV-506.2. Logo na entrada da turbina existe outro dreno (XCV-512) e na parte inferior da
carcaça existe ainda a linha dreno da XCV-505.
O vapor extraido flui por uma linha de 16” com uma pressão de 42 kgf/cm² e uma
temperatura de 390º C e chegam ao coletor depois de passar pelas tomadas dos PT’s – 501
B1/ B2/ B3, TE – 501, pelo dreno pneumático (XCV- 503) e pela ESV3.
EXAUSTÃO
Na exaustão o vapor flui por uma linha de 20”com uma pressão de 15 kgf/cm² e em
temperatura de 290ºC e chega ao coletor depois das tomadas dos PT’s–502 B1/B2/B3, TE-
502, do dreno (XCV-504), do FT- 502 (responsável pelo controle de vazão de V- 15), e do
dreno (XCV- 508). Chegando ao coletor, este vapor será usado no processo.
TURBOGERADOR CONDENSANTE
O TG5301-E também é uma turbina a vapor, porém com outro tipo de funcionamento. Na
Braskem, esta também é controlada pela demanda de vapor, valendo as considerações feitas
para os TGs de contrapressão.
COMPRESSOR
Trata-se de um componente de fluxo axial que trabalha com alta eficiência e possui diversos
estágios sequenciais. Cada um destes é composto por aerofólios (lâminas giratórias) que
aumentm a energia cinética de entrada do ar, pelo aumento da sua velocidade de entrada. Em
seguida, o aumento de pressão é feito por lâminas fixas difusoras. A depender da relação de
pressão que se deseje atingir (razão entre a pressão de descarga do compressor e a na sua
entrada), utilizam-se mais ou menos estágios de compressão. Há ainda, na entrada do
compressor, as Aletas Guias de Entrada (IGV´s – Inlet Guide Vanes) que possibilitam o
direcionamento uniforme do fluxo de ar para o primeiro estágio de rotação e seu movimento é
controlado por ângulo de inclinação.
CÂMARAS DE COMBUSTÃO
O sistema é composto por um total de 14 câmaras de combustão, os bicos injetores de
combustível (seção em corte na figura abaixo), um sistema de vela de ignição por centelha,
detectores de chama e tubos de fogo cruzado. O combustível chega a cada uma das câmaras
através dos cinco bicos injetores que promovem a mistura com a quantidade adequada de ar.
Com a descarga da vela de ignição, uma centelha inflama os gases da câmara correpondente e
as câmaras restantes são inflamadas por fogo cruzado (disposição do sistema de combustão
na figura a seguir). É importante ressaltar a existência dos detectores de chama para
possibilitar ao sistema de controle a aquisição da informação de existência ou não de fogo na
câmara. Os gases quentes oriundos da combustão, fluem para a turbina através das peças de
transição.
Figura 121. Representação de uma das câmaras de combustão do TG-5301F.
TURBINA
É nesta seção que a energia dos gases de alta pressão e temperatura se converte em energia
mecânica. Existem três estágios de bicos injetores (correspondentes a três estágios de pás)
desses gases de alta velocidade que direcionam o fluxo contra as pás da turbina, o que
promove a rotação do eixo. Com vistas a evitar vazamentos e consequentes quedas de pressão
e perdas de energia, todos os estágios são selados interna e externamente. Há ainda artifícios
mecânicos que viabilizam a dilatação dos componentes para suportar as altas temperaturas e
também maneiras de conter o possível deslocamento de partes da turbina oriundo das
vibrações. Nas paredes internas entre os bicos de primeiro e segundo estágios e o rotor, está
preso o diafragma que serve para evitar escape de ar e melhorar a eficiência da turbina.
Operação
SISTEMA DE PARTIDA
Antes de a turbina chegar a firing (momento em que de fato ocorre a combustão), esta deve
ser colocada em modo crank (quando ocorre a purga de gases da turbina por um tempo
predeterminado, geralmente de 5 minutos com máximo de 30 minutos) através dos
componentes auxiliares. O torque de crank é provido pelo conversor de torque que opera
acoplado a um motor diesel de partida. Este conversor é equipado com mecanismo de ratchet
que promove resfriamento do eixo (quando a temperatura entre rodas passa de 60ºC) através
de rotações de 47° da embreagem a cada 3 minutos, evitando assim a formação de flecha.
Normalmente este procedimento é requerido no desacoplamento entre motor de partida e
turbina, que ocorre quando esta chega a 67,6% de rotação. Depois de desacoplar, o motor
diesel permanece em rotação (agora de aproximadamente 700 rpm) para que resfrie.
Durante o procedimento de partida, a turbina é acionada pelo Acessory Gear (conjunto de
equipamentos periféricos ligados ao eixo da turbina que acionam a bomba principal de óleo,
de óleo hidráulico, de combustível líquido, de água de refrigeração e o compressor de ar de
atomização), pelo motor de partida diesel, pelo conversor de torque, engrenagem de saída e
sistema de acoplamento (embreagem).
É importante checar que o motor 88HR do Ratchet esteja desligado no momento em que for
dado o comando de partida, caso contrário, esta será abortada.
Como pode ser verificado na figura acima, as SE’s Norte, Sul e Leste são as maiores e mais
importantes subestações do sistema elétrico da Braskem. Essas subestações são responsáveis
por alimentar clientes externos e internos em 13,8 kV e 69 kV, além de redirecionar o fluxo de
energia para outras subestações menores.
SE Leste SE Sul Linhas de Transmissão
CHESF – 230 kV
BARRAS S5/S6 – 69 kV
S6
S5 TF TF
- -
53 53
01 01
B A
Cobafi Politeno VK-100 Basf
(Futuro)
G
TG-5301F
BARRAS S3/S4 – 69 kV BARRAS S1/S2 – 69 kV BARRAS U/V – 69 kV
S4 S2 V
S2
S1
S2
S3 S1 U
S1
G G G G
TG-5301E TG-5301B TG-5301D GI-4101A
Equipamentos de Transformação
Conforme mostrado na figura, o enrolamento primário dos TC’s deve ser ligado em série com
o circuito e é, normalmente, constituído de poucas espiras (2 ou 3 espiras, por exemplo) feitas
de condutores de cobre de grande seção. Como a relação entre o número de espiras e o valor
da corrente deve ser mantido igual no primário e no secundário, o número de espiras no
secundário deve ser maior, de forma que o valor da corrente no secundário seja menor e
compatível com os equipamentos de medição, proteção ou controle acionados pelo TC.
Conforme mostrado na figura acima, o primário dos TP’s deve ser ligado em paralelo ao
circuito. O secundário do TP deve possuir menos espiras do que o primário, de forma que a
relação entre tensão e o número de espiras seja mantido, reduzindo assim o valor da tensão a
níveis compatíveis com os equipamentos de medição, proteção e controle acionados pelo TP.
No sistema elétrico da Braskem os tipos mais utilizados são os disjuntores a óleo, a vácuo e os
disjuntores a SF6.
Figura 134. Visão frontal (esquerda) e traseira (direita) de um disjuntor a vácuo de média
tensão.
Figura 135. Detalhe típico da câmara de interrupção de um disjuntor a vácuo.
1. Câmara de ruptura
2. Coluna suporte
3. Cárter do mecanismo
4. Cilindro externo
7. Dispositivo de enchimento e
supervisão de gás SF-6
Equipamentos de Proteção
Relés: Os relés tem por finalidade proteger o sistema contra faltas, permitindo, através
da atuação sobre disjuntores, o isolamento dos trechos de localização das faltas.
Este módulo tomou como base o trabalho desenvolvido pelo grupo de estagiários de operação
listado a seguir:
Adeilton Pinheiro
Alan Brito
Ana Paula Santos
Andiara Almeida
Carlos Dalberto
Diogo de Oliveira
Ernildo Parga
Filipe Borges
Leandro Santos
Lorena Ribeiro
Nadson Regis
Renan Ferreira
Thamara Wanderley
Ao trabalho citado acima foram acrescidas informações encontradas nos manuais dos
equipamentos e áreas industriais, em pesquisas na literatura e Internet. A contribuição de
informações por parte da equipe de operadores, engenheiros e técnicos de operação também
foi de fundamental importância para a consolidação deste trabalho.
Pensando sempre no trabalho em equipe aliado a buscar por facilitar a confecção deste
módulo, a unidade termoelétrica foi divida em três partes, cada uma sob responsabilidade de
cada um dos estagiários relacionados a seguir.