Definem-se como gases combustíveis siderúrgicos aqueles gerados como subprodutos pelo
próprio processo em siderúrgicas integradas. O mais interessante deles, sob o ponto de vista
do poder calorífico, é o gás de coqueria (“coke oven gas” ou “COG” em inglês).
Apesar de ser um gás de poder calorífico médio, como o antigo gás de rua ou gás
manufaturado reformado distribuído pela Comgás e pela CEG, o uso do gás de coqueria está
geograficamente limitado à própria planta siderúrgica e sua vizinhança. Suas principais
aplicações são aquecimento de fornos de reaquecimento para laminação, panelas e “tundish”
na própria siderúrgica, além da geração própria de energia elétrica.
O gás de coqueria também costuma ser misturado aos outros gases siderúrgicos de poderes
caloríficos inferiores de forma a enriquecê-los, possibilitando sua aplicação em processos que
não aceitem um gás muito pobre.
Já o gás de alto forno (“blast furnace gas” ou “BFG” em inglês) é o gás siderúrgico que
apresenta o poder calorífico inferior mais baixo, da ordem de 3.300 kJ/m³ ou 800 kcal/m³. Sua
composição típica varia significativamente nas seguintes faixas [1] [3] [4]:
Nitrogênio 50 – 60%
Misturar o gás de alto forno com gases de poderes caloríficos mais elevados como gás
de coqueria, gás natural, GLP ou até mesmo biometano se disponível.
Enriquecer o ar de combustão com oxigênio (23 a 30%) ou até mesmo queimar o gás
com elevado teor de oxigênio (acima de 92%), em um processo conhecido como oxi-
queima.
E o último gás combustível siderúrgico a ser descrito é o gás de aciaria, também chamado de
gás de conversor, BOFG (“bottom oxygen furnace gas”) ou “LD gas” (“Linz-Donawitz gas”). Seu
poder calorífico inferior está por volta de 8.000 kJ/Nm³ ou 1.900 kcal/Nm³ [2]. Sua composição
volumétrica média é [3] [4]:
Nitrogênio: 15 – 21%
Hidrogênio: 0 – 3%
Concluindo, fica clara a importância desses gases combustíveis no âmbito siderúrgico por suas
múltiplas aplicações, muito embora sua distribuição por gasoduto fora das vizinhas da planta
seja pouco viável economicamente, embora seu excedente seja queimado em “flares”.
REFERÊNCIAS
[1] Costa, F.C., Handbook of Combustion, volume 3, chapter 9, Fuel Gas Application in Industry,
edited by Lackner, Winter and Agarwal, WILEY-VCH, Germany, 2010.
[2] Fonseca, M., Steelmaking Process Gases Utilization, ILVA – Roma 25.10.2017.
[3] Hou, Chen et alli, Firing blast furnace gas without support fuel in steel mill boilers, Energy
Conversion and Management, Elsevier, 2011
[4] Turetta, L; Costa, E,; Costa, A., Estudo da influência do excesso de ar na composição de
saída de fornalha siderúrgica real empregando conceitos termodinâmicos e modelagem
matemática, Engevista, v.19, n.1, p. 109-121, UFF, 2017.
Nome do autor: Fernando Cörner da Costa