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A utilização do hormônio na produção de frangos de corte é
mito ou verdade?
Liz Coimbra ♦ Jessica Martins Oliveira ♦ Sofia Veloso Prado
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FRANGO TEM HORMÔNIO?


INTRODUÇÃO
O mercado e a criação de aves para consumo no Brasil não é muito conhecido pela população em O QUE A POPULAÇÃO ACREDITA
geral e, por isso, algumas informações emitidas pela mídia e alguns agentes da saúde acabam sendo
facilmente mal interpretados ou divergentes a realidade da avicultura. Isso acabou gerando um Já ouviu dizer alguma vez Você acredita que a carne Se sim, por que você acredita que frangos são criados
que frango tem hormônio? de frango tenha hormônios? com hormônio?
grande mito e debate ao redor do consumo da carne de frango e algumas pessoas passaram a achar que estavam de
 
fato consumindo frangos hormonizados e que haviam consequências desencadeadas por isso, como por exemplo, 
as crianças estarem crescendo mais rapidamente. Porém, o bom desenvolvimento das aves não está relacionado ao  

uso de hormônios exógenos, mas ao avanço das técnicas de bem-estar animal e melhoramento genético, manejo  

  
adequado a espécie e evolução da zootecnia. Esse mito acabou sendo infiltrado no pensamento popular e passado  
de boca-a-boca.
Algumas pessoas até pararam de comer o frango criado de forma convencional para consumirem o frango
Sim Nunca pensei nisso
orgânico ou mesmo caipira. Algumas empresas ainda se aproveitaram do mito e focaram em selos e propagandas Sim
ou pesquisei sobre
Devido ao crescimento acelerado Porque um profissional da
dos animais, que parecem mais saúde me informou sobre.
que afirmavam não conter hormônios na carne. Não Não
Indiferente musculosos. Porque eu pesquisei sobre
Pelo impacto do consumo de
Esse trabalho tem como objetivo a conscientização do público em geral sobre a busca de informações científicas Não sei dizer
carne no crescimento das
isso na internet.
Não acredito no uso de
a respeito do processos de criação do frango de corte. Saber distinguir uma informação concisa e científica, de uma crianças. hormônios em frangos.
porque ouvi sobre isso na TV.
informação pessoal e sem embasamento é fundamental para quebrarmos o estigma que a carne de frango está
sujeita até os dias de hoje.
Você acredita que o uso de hormônios Você acredita que é ilegal o tratamento Você acredita que o frango caipira,
gera lucro e tem custo-benefício para de hormônios para crescimento em criado em fundo de quintal, é mais

MATERIAL E MÉTODOS as empresas? frangos de corte no Brasil? saudável do que o frango


industrializado?

A abordagem metodológica da pesquisa consiste na realização de uma pesquisa de campo online através de um  
questionário da google composto por 26 perguntas. Foram entrevistadas 332 pessoas entre 14 a 60 anos de idade,  
que responderam à perguntas estruturadas com respostas objetivas, pré definidas, e também respostas abertas e  
92,8
 
dissertativas para se entender melhor o perfil do entrevistado, os seus hábitos de consumo e opinião sobre o assunto
abordado.
Sim Sim Sim

RESULTADO E DISCUSSÃO
Não Não Não
Não sei Indiferente

RESUL
Com relação à faixa etária, grande parte dos entrevistados TADOS
(46,1%) encontram-se entre 18 a 25 anos, 25,3% entre
30 e 45, e 14,8% entre 26 e 30 anos. 7,2% representam a faixa de 51 anos, enquanto a menor parcela dos Você compraria carne de frango Você já deixou de consumir frango por Você acredita que o uso de hormônios
com a embalagem informando acreditar que todos são tratados com em frangos podem trazer impactos
entrevistados, de 3,3%, encontram-se na idade entre 13 a 17 anos. O gênero feminino predominou com 66% entre que NÃO há adição de hormônios? hormônio? negativos para o organismo humano?
os entrevistados, enquanto 32,5% são do sexo masculino e 1,5% consideram-se não binário. Entre a população
pesquisada, quase a metade dos entrevistados já possuem o ensino superior completo, equivalendo a 43,1%. 

Enquanto 36,7% possuem ensino superior incompleto, 15,1% possuem apenas o ensino médio completo, 3,9% o  
ensino médio incompleto e 1,2% estão cursando ou já completaram o ensino fundamental. A pesquisa mostrou que 
 
70,5% dos entrevistados não são da área da saúde e 29,5% são da área da saúde. A média salarial mensal foi bastante
variante, sendo predominantemente entre 1000 e 3000 reais (35,2%). 19% entre 3.000 a 6.000 reais, 6% recebe
menos de 1.000 reais, 27,4% não possui renda e apenas 7,8% recebe mais de 9.000 reais. 63,9% dos entrevistados Sim Sim Sim

não são os responsáveis financeiros da casa e 36,1% são responsáveis financeiros. O responsável pelas compras da Não Não Não
Indiferente
casa variou muito, 36,7% responderam que quem faz compras na casa é ele próprio. 16,9% disse que os pais fazem
as compras, 4,5% disse que o patriarca faz as compras, 26,5% respondeu que a mãe faz as compras, 5,7% respondeu
Em relação à transmissão de doenças pelo consumo de carne de frango 76,5% acreditam que sim (devido ao risco de
que só o marido está responsabilizado por tal tarefa, 3% disse que apenas a esposa realiza essa função, 2,7% já
contaminação da carne e não somente por acreditarem na injeção de hormônios) e 23,5% não acreditam que o
respondeu que são os avós. 4% já divide a tarefa entre todos da casa ou com o parceiro.
consumo de carne frango possa transmitir doenças (porém, pode ser que tenha ficado alguma incerteza quanto a
Quanto ao consumo da carne, 91,6% dos entrevistados responderam que comem carne de frango. 5,4% não
questão, já que alguns disseram não acreditar que possuía hormônio).
consumem produtos de origem animal e 3% dos entrevistados não comem frango.
Existem diversos locais recorridos para a compra da carne do frango. Dos entrevistados, 71,4% compram em
hipermercados ou mercado de bairro. 17,8% no açougue e 8,4% não compram. 1,8% comem em estabelecimentos  
   
            
   

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de comida como boteco, restaurantes, etc. 0,6% escolheu a opção “outros locais”. A maneira como os entrevistados

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compram a carne de frango varia muito de acordo com o gosto pessoal, mas em sua maioria prefere comprar
embaladas e com a marca de alguma empresa conhecia (56,6%). 4,5% prefere embaladas, mas apenas aquelas que    €

possuem no rótulo "carne de frango sem hormônios". 19,9% não se importa com a marca, prefere 200     
 
comprar a mais barata. 1,5% compra já prontas em restaurantes, botecos ou padarias e 9,3% não compra. 6,3%
compra no açougue, embaladas na hora, sem saber o nome da marca ou sua procedência. 1,6% respondeu que 
  


  
   

150
   

depende ou não soube responder e 0,3% disse que in natura.


   €

Quando foi perguntado se elas teve alguma fonte de informação sobre o assunto, 22,6% das pessoas 100   

responderam que tiraram suas próprias conclusões. 41,6% tirou essas informações da Internet. 22,3% soube através
da televisão; 8,4% por revistas, 21% por livros ou artigos; 22% através de amigos, 13,6% soube pelos parentes, 4,2% 50
escutou de funcionários do mercado;18,4% soube por profissionais da saúde, 2,7% soube disso na faculdade ou em
 

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curso técnico e 0,6% disse que não teve essa informação. 17,2% acredita nas informações publicadas sobre frangos     
0
na internet, 4,8% não acredita, 70,2% diz que depende, e para 7,8% isso é indiferente. Em relação às informações
divulgadas em emissoras de televisão sobre frangos terem hormônios, 45,2% respondeu que acredita, 35,8% disse
que é indiferente e 19% não acredita. Em relação a repassar esse tipo de informação, 59,9% das pessoas disseram não
contar para outras pessoas que o frango possui hormônio (mesmo a maioria acreditando que sim). E 40,1% das           
               
 
   




  
pessoas já disseram para alguém que frango tem hormônio.     

   
   
        
    
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O responsável pelas compras geralmente é mulher - e muitas vezes, a mãe - o que indica que o produtor pode
tomar interesse em voltar suas propagandas para o público feminino, mas sempre com respeito e cuidado. acreditam que causa desbalanço hormonal,
Mulheres de altos níveis de escolaridade e profissionais da saúde mostraram preferir realizar suas compras no alterações metabólicas e endócrinas.
açougue, por acreditarem serem mais higiênicos e confiáveis do que produtos de marcas mais populares. Por outro acreditam que causa câncer, distúrbios nas células,
lado, os hipermercados e mercados de bairro ainda somam a preferência de grande parcela dos entrevistados, nos músculos e órgãos em geral.
geralmente de renda mais básica. Este contraste aponta como o mercado de frangos industrializados se sustenta nas acreditam que causa amadurecimento/puberdade
Respo

classes mais populares, mas mesmo assim não mobiliza esforços para desmentir mitos sobre a qualidade ou a precoce, aceleração do crescimento alteração
produção de seus produtos. Isso se dá ao fato de que as grandes marcas de comercialização de frango apostam mais de comportamental e estruturais do corpo.
n

no preço acessível de seu produto para vender do que em garantir sua qualidade. un não souberam informar
ão
No ato da compra, marca conhecida e preço são as variáveis mais relevantes. O brasileiro possui uma certa acreditam que causa doenças, infecções, alergias,
lealdade quanto as marcas dos produtos que compram. Por mais que ache legal a ideia de uma marca com bem estar intolerâncias, resistência a medicamentos
registrado e certificado, quando chega no caixa ele vai permanecer fiel a marca mais econômica com a qual está 15,9% 12% 5,7% 5,4% 2,1%

acostumado. E tais marcas contam com essa fidelidade para promover suas vendas, desconsiderando os boatos
populares sobre a qualidade de seus produtos.
Entre as pessoas que dizem acreditar que o frango tenha hormônios, não há distinção significativa entre gênero,
idade, renda ou nível de escolaridade, o que aponta que se trata de um crença extremamente comum, que CONCLUSÃO
cresceu ao correr de boca em boca pela população e não encontrou resistência ou embasamento científico. Até
A população brasileira num geral acredita fielmente que os frangos possuem hormônios exógenos. Esse mito foi
profissionais de saúde se incluem entre os que declaram acreditar na aplicação exógena de hormônios no frango.
divulgado e é perpetuado até os dias de hoje através da população, que mesmo sem embasamento dissipa
Isso denuncia o grau de influência que o boca-a-boca tem na formação da opinião pública.
erroneamente a informação. Isso poderia ser um problema para a indústria de frango se o produto não fosse
Está vindo ao conhecimento do brasileiro o quão fácil é acreditar em uma notícias ou em uma crença geral sem
acessível e barato. Porém, a importância de buscarmos divulgar informação de qualidade é nítida e para isso é
contestá-la ou correr atrás de embasamento para tal. É muito mais fácil levar como verdade absoluta, e se defender
necessário investirmos em um diálogo mais aberto e que abranja diferentes faixas etárias a respeito do método
através do argumento “não tenho conhecimento mas tenho convicção”. Não há embasamento científico para muitas
como as aves são criadas.
das opiniões sobre o assunto, pois muitos se contradizem no que questionava a fonte da informação que eles
obtinham. Uns diziam que leram na internet mas que não acreditavam em tudo que liam, outros que escutaram na
televisão, mas não sabiam diferenciar o uso de hormônio exógeno com antibióticos. Se trata de uma crença popular REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
que deve ser fortemente combatida. CFMV, Portal. Uso de hormônios na criação de aves é mito, 2016. < http://portal.cfmv.gov.br/noticia/index/id/4954 >
Nosso pesquisa indicou que a televisão é o meio com maior nível de credibilidade para divulgação de fatos. Unip. Utilização de hormônios na produção de frangos: mito ou realidade?, 2016.
Caso desejemos quebrar esta crença, devemos investir em canais conhecidos e criar uma campanha de < https://www.unip.br/presencial/comunicacao/publicacoes/ics/edicoes/2015/01_jan-mar/V33_n1_2015_p94a99.pdf >
conscientização que possa ser divulgada pela televisão. AviSite. Desmitificando hormônio em frangos de corte. <https://www.avisite.com.br/clipping/imprimir.php?codclipping=26933 >

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