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Introdução

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Ayurveda
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Nutrologia e Autocuidado

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Esp. Ana Paula Malinauskas

Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
Nutrologia e Autocuidado

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Introdução; • Virya;
• Rasa; • Vipaka;
• Características dos 6 Sabores; • Prabhava;
• Relação Alimento versus Dosha;

Fonte: iStock/Getty Images


• Efeito dos Sabores na Fisiologia;
• Pontos Positivos e Negativos dos • Interação Homem e Natureza;
Efeitos dos Sabores; • Dinacharya - Rotina Diária;
• Gunas; • Anexos.

Objetivos
• Introduzir a nutrologia ayurvédica e seus principais conceitos;
• Identificar as propriedades dos alimentos e os tipos de alimentos;
• Relacionar os sabores aos 5 grandes elementos, bem como relacionar os doshas, com-
preendendo os seus efeitos e consequências;
• Identificar o alimento ideal para cada dosha;
• Estudar os ciclos biológicos e os ciclos da natureza no Ayurveda;
• Compreender a rotina diária para cada dosha.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Nutrologia e Autocuidado

Contextualização
Um dos pilares da medicina ayurvédica é a alimentação. Através da alimentação
adequada podemos manter o equilíbrio dos doshas (biotipos).

No entanto, para a Medicina Ayurvédica, alimentar-se corretamente não é apenas


observar o valor nutricional de um alimento. Antes de escolher um alimento devemos
nos perguntar:
1. Somos capazes de digeri-lo?
2. Ele contém atributos prejudiciais a meu corpo e minha mente?
3. Foi preparado de acordo com a estação do ano e o lugar onde vivo?
4. Corresponde às necessidades dos meus tecidos, de acordo com o meu metabo-
lismo e a minha idade?
5. Este alimento é compatível para o meu dosha?

Esses e mais outros detalhes são sistematicamente avaliados dentro da doutrina nu-
tricional do Ayurveda.

Uma vez que conhecemos o nosso dosha de essência, devemos manter uma ali-
mentação equilibrada, ingerindo alimentos puros e naturais, próprios da estação e em
horários adequados, evitando assim a formação de ama (toxinas) no organismo o que
segundo o Ayurveda é o grande causador das doenças.

Para o Ayurveda, o alimento é sagrado e seguimos rigorosamente o princípio de que


o alimento deve ser o nosso principal remédio.

Além da alimentação, o Ayurveda determina uma rotina diária adequada, desde o


momento de acordar até o momento de se deitar, respeitando nossos ritmos biológicos,
nos integrando e nos conectando aos ritmos da natureza.

Para iniciarmos esta unidade, convido você a assistir uma pequena palestra do médi-
co ayurvédico Dr. Danilo Maciel Carneiro falando sobre a importância da alimentação
no Ayurveda.

Ayurveda e Alimentação | Entrevista com Dr. Danilo Carneiro para Power Escola de Susten-
tabilidade – https://youtu.be/XXIp90D2hrA

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Introdução
DravyaGuna Vjanana
Conhecido como dravyaguna vjanana, a farmacologia ayurvédica estuda as qualida-
des das substâncias e a composição dos remédios, que da mesma forma que os doshas
nos seres humanos, também são compostas pelos cinco elementos (pancha mahabhutas).

Para a medicina ayurvédica o alimento é um remédio. Segundo o Charaka Samhita,


tudo que existe na natureza é terapêutico – em todos os reinos.

A farmacologia e a nutrologia ayurvédica são baseadas no fato de que as substân-


cias simples ou compostas podem possuir até 5 propriedades, que são:

· Rasa - são os sabores presentes nas substâncias terapêuticas;

· Gunas - são as qualidades físicas das substâncias;

· Virya - é potência de ação;

· Vipaka - é o efeito pós-digestivo ou sabores que emergem após a digestão;

· Prabhava - são ações específicas e individuais de algumas substâncias.

Rasa
Rasa significa sabor, que é a essência da vida. Na teoria ayurvédica, existem 6
sabores básicos na natureza: doce, ácido (muitas vezes chamados de ácido ou acre),
salgado, picante, amargo e adstringente (CARNEIRO, 2009). O sabor menos conheci-
do é o adstringente, correspondente ao sabor que “amarra a boca”, geralmente temos
essa sensação quando comemos uma fruta que ainda não está totalmente madura
como por exemplo o caju, caqui, banana verde etc.

Para ter a experiência sensorial do sabor, a língua deve estar limpa e úmida. Quan-
do uma substância é colocada na língua, a primeira sensação que temos é de Rasa.
Os seis sabores são formados a partir da combinação dos cinco elementos (Quadro 1):

Quadro 1 – Associação dos Sabores aos 5 Elementos


RASA PANCHAMAHABUTAS
Madhura (doce) Água e Terra
Amla (ácido) Fogo e Terra
Lavana (salgado) Fogo e Água
Katu (picante) Fogo e Ar
Tikta (amargo) Ar e Espaço
Kashaya (adstringente) Ar e Terra
Fonte: elaborada pela autora

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UNIDADE
Nutrologia e Autocuidado

De modo geral:
· Doce: encontrado nas proteínas, gorduras, amidos e nos açúcares em geral;
· Ácido: encontrado nos ácidos orgânicos, frutas e vitamina C;
· Salgado: encontrado no reino mineral. Exemplo: sal de rocha, sal marinho,
sal negro;
· Picante: encontrado nos óleos essenciais e compostos voláteis;
· Amargo: encontrado em grupos químicos muito utilizados em medicamen-
tos. Ex.: alcaloides e glicosídeos;
· Adstringente: encontrado no grupo químico dos taninos que estão nas fru-
tas, cascas das uvas, bananas, goiaba, caqui, caju (não maduro) e maçã – pro-
vocando a secura das mucosas.

Características dos 6 Sabores


· Doce: promove a sensação de prazer ao corpo e conforta os órgãos dos sen-
tidos. Ajuda na construção de tecidos com a predominância de Água e Terra.
Fortificante, agradável, contribui para a preservação da vida e também para
o aumento de peso e a oleosidade do corpo (LAD, 2006);
· Ácido: produz salivação, transpiração e sensação de queimação na boca e na
garganta. Aumenta a percepção do gosto da comida, abre o apetite (LAD, 2006).
· Salgado: também abre o apetite, produz sensação de queimação na boca e
na garganta, amacia os tecidos e retém água. Tem virtudes corretivas, ajuda
a reequilibrar o meio intra e extracelular (LAD, 2006);
· Picante: promove salivação, lacrimação, secura na boca, dor de cabeça,
formigamento. Ajuda a reduzir a gordura e as toxinas (ama) no corpo
(LAD, 2006);
· Amargo: abre o apetite, limpa e seca a boca, grande agente purificador. Como
é composto por Água + Espaço, é muito secante, reduz o pus, gordura, muco
e limpa as úlceras. O sabor amargo aumenta o apetite, reduz ama e aumenta o
agni (LAD, 2006);
· Adstringente: seca as mucosas, dá secura na boca, diminui a percepção do
paladar e causa dificuldade de passagem através da garganta (LAD, 2006).

Efeito dos Sabores na Fisiologia


Doshas
Com respeito aos seis sabores, os alimentos podem conter um ou mais deles. Os
doshas podem ser agravadores ou pacificadores (CARNEIRO,2009). As pessoas de

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constituição Vata devem evitar substâncias amargas, picantes e adstringentes em ex-
cesso, pois aumentam o ar e tendem a causar gases. As pessoas de constituição Pitta
devem evitar substâncias salgadas, ácidas e picantes que agravam o fogo corporal e
as pessoas de constituição Kapha devem evitar paladares doces, ácidos, salgados e
adstringente, pois aumentam a água corporal. (Quadro 2)

Quadro 2 – Efeito dos Sabores nos Doshas


DOCE k VATA k PITTA AA KAPHA
ÁCIDO k VATA A PITTA A KAPHA
SALGADO kVATA AAPITTA A KAPHA
PICANTE AVATA A PITTA k KAPHA
AMARGO AAVATA k PITTA k KAPHA
ADSTRINGENTE AVATA k PITTA AKAPHA
Fonte: elaborada pela autora

Agni (o fogo metabólico)


Há um aumento no agni com os sabores ácido, salgado, picante e amargo. Há a
diminuição com o sabor doce, devido ao seu peso e sua viscosidade.

Dhatus (tecidos)
O sabor doce estimula a produção de força aos tecidos, sendo muito valioso para
crianças e idosos. Os sabores com o elemento Fogo (ácido, salgado e picante) tendem
a reduzir os tecidos com elemento Água tais como: Rasa Dhatu (plasma), Medha
Dhatu (gordura) e Majja Dhatu (medula e sistema nervoso).

Srotas (canais)
O sabor doce é tônico, melhora o fluxo nos canais, porém em excesso tende a obs-
truí-los. Os sabores ácidos e adstringentes não os afetam. Os sabores salgado, picante
e amargo fazem a limpeza dos canais e dos poros obstruídos do corpo.

Malas (excreções)
Sabores doces, ácidos e salgados promovem a dureza na evacuação e na elimina-
ção de gases. Os outros sabores promovem o efeito oposto.

Pontos Positivos e Negativos


dos Efeitos dos Sabores
Doce
• No corpo: aumenta o peso, é vitalizante, tônico, laxante e diurético. Em excesso:
obesidade, distúrbios respiratórios, diabetes, parasitoses.

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UNIDADE
Nutrologia e Autocuidado

• Na mente: promove a satisfação e a saciedade. No entanto, em excesso, provoca


letargia, preguiça e complacência. O doce conforta o medo de Vata, esfria a raiva
de Pitta e aumenta a preguiça de Kapha.

Ácido
• No corpo: estimula o apetite, é carminativo, anticoagulante. Em excesso provoca
distúrbios do sangue, inflamações, doenças de pele, tendência à anemia, produz
defeitos na visão, sensação de queimação do corpo.

• Na mente: estimula os apetites mentais tais como: posse, criticismo, inveja, ciúmes
e depreciação do objeto desejado. Aumenta a inveja de Kapha, aumenta o ciúme
de Pitta e ajuda Vata a deixar a mente menos difusa.

Salgado
• No corpo: digestivo, estimula o apetite, é expectorante, diurético, estimula a
produção de saliva. Em excesso: doenças de pele, gastrite, inflamações dos vasos,
hemorragias, impotência sexual, redução do sêmen, queda de cabelos, cabelos
brancos precoces.

• Na mente: aumenta o hedonismo (felicidade e prazeres na vida). Aumenta a com-


placência de Kapha, o calor de Pitta e apazigua os medos de Vata.

Picante
• No corpo: aumenta o apetite, ajuda na digestão, estimula o SNC, é antivermífu-
go, ajuda na perda de peso e mantém a boca limpa. Em excesso: produz queima-
ção, impotência sexual, fraqueza mental e vertigem.

• Na mente: promove extroversão, excitação, desejo por coisas intensas. Em ex-


cesso: impaciência, irritabilidade e raiva. Aumenta a raiva de Pitta, diminui a
autossatisfação de Kapha e ajuda Vata a vencer a timidez.

Amargo
• No corpo: purifica e seca todas as secreções, tonifica o organismo, ajuda a resti-
tuir o equilíbrio dos 6 sabores, aumenta o apetite, controla as doenças de pele e as
febres, ajuda a direcionar a mente para a realidade. Em excesso: doenças neuroló-
gicas, cefaleia, tremores, dores, rigidez, desnutrição e tontura.

• Na mente: promove a insatisfação, o desejo de vingança e força a pessoa para a


realidade. O amargo é o melhor dos 6 sabores do ponto de vista curativo. Pequena
quantidade ajuda a harmonizar os outros sabores, buscando a evolução. Capaz de
reduzir o ego em Pitta, o “bebezão” de Kapha e não é indicado para Vata (devido
à composição de ar + espaço).

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Adstringente
• No corpo: bom para limpar, curar e reduzir secreções. Em excesso: reduz a libido,
aumenta a ansiedade e a insegurança.

• Na mente: promove a introversão e reduz a excitação. Reduz o conformismo de


Kapha, reduz o egocentrismo de Pitta e aumenta o medo de Vata.

Gunas
Existem nos remédios dez pares de opostos de atributos ou qualidades. Assim, no
total são 20 qualidades (Quadro 3):

Quadro 3 – Pares de Opostos


1 – Pesado X Leve
2 – Embotado (insidioso, ação lenta) X Agudo
3 – Frio X Quente
4 – Untuoso X Não untuoso
5 – Liso X Áspero
6 – Denso X Líquido
7 – Macio X Duro
8 – Estável X Fluido
9 – Sutil X Grosseiro
10 – Não delgado X Delgado
Fonte: elaborada pela autora

Quanto às qualidades, os alimentos leves, secos e agudos agravam vata e pitta


(doshas de qualidades semelhantes) e pacificam kapha (qualidades opostas). Os ali-
mentos pesados, untuosos e letárgicos agravam kapha (qualidades idênticas ao dosha)
e pacificam vata e pitta (qualidades opostas).

Virya
Significa potência. Quando uma substância é engolida e entra no estômago, a
sensação de quente e frio sentida de imediato ou um pouco mais tarde é chamada de
virya (CARNEIRO, 2009).

Uma substância possui muitos atributos (gunas), porém o mais ativo, o que auxilia
diretamente na cura e na prevenção de doenças é chamado de virya. A substância é
dividida em 2 grupos, conforme sua potência:

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Nutrologia e Autocuidado

· Potência Quente (ushna): que produzem calor no corpo;

· Potência Fria (sita): que produzem resfriamento no corpo.

O virya age através do jatharagni e dos dhatuagnis, ou seja, atua diretamente no


fogo digestivo e influência do metabolismo.

Assim, os alimentos de potência quente agravam o dosha Pitta e pacificam Vata e


Kapha. De modos opostos, os alimentos de virya frio agravam Vata e Kapha e paci-
ficam Pitta (Quadro 4).
Quadro 4 – Relação RASA vs. VIRYA
RASA VIRYA
Doce Frio (3)
Salgado Quente (2)
Ácido Quente (1)
Picante Quente (3)
Amargo Frio (2)
Adstringente Frio (1)
Nota: (3) ação mais forte, (2) ação média e (1) ação fraca.
Fonte: elaborada pela autora

Vipaka
Significa sabor pós-digestivo e é um conceito único do Ayurveda. Durante o pro-
cesso de digestão, as substâncias ingeridas se transformam, preservando ou não o seu
sabor original (LAD, 2006).

Existem 3 vipakas (sabores pós-digestivos): doce, ácido e picante. Os diferentes


vipakas das substâncias atuam sobre os doshas da seguinte maneira (Quadro 5):

Quadro 5 – Associação dos Sabores (Rasa) e seus efeitos pós-digestivo (Vipaka) e nos Doshas
RASA VIPAKA EFEITOS NOS DOSHAS
Doce, Salgado Doce AKapha
Ácido Ácido APitta
Picante, Amargo e Adstringente Picante AVata
Fonte: elaborada pela autora

Prabhava
Algumas substâncias agem com base em seus sabores (rasa), outras com base em
seus atributos (gunas), outras com base na sua potência (virya) e outras ainda com
base no seu sabor pós-digestivo (vipaka). No entanto, há certas substâncias cuja ação

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não é específica e não se relaciona com nenhuma dessas categorias. Tal ação especí-
fica é chamada de prabhava (LAD, 2006).

Em decorrência desta ação, duas substâncias podem ser similares em seus sabo-
res, atributos, potências, sabores pós-digestivos e ter ações diferentes. Um exemplo
é o ghee e o leite, que são idênticos em relação às suas qualidades, todavia, no as-
pecto de ignição do processo digestivo, o ghee aciona a digestão, ao passo que o
leite não o faz.

Relação Alimento versus Dosha


O quadro 6 é um resumo da relação do alimento versus o dosha, os alimentos de
preferência e aqueles que devem ser evitados.

Quadro 6 – Relação Alimento vs. Dosha


Dosha Preferir Evitar
Alimentos de sabor e aroma marcantes.
Alimentos frios, secos, crus, de sabor amar-
Vata Condimentos, alimentos substanciosos,
go e adstringente.
quentes, oleosos e úmidos.
Alimentos mais frescos, leves e adocica-
Alimentos ácidos, salgados, carnes ver-
Pitta dos. Sabor suave e refeições com alimen-
melhas e álcool.
tos variados.
Alimentação variada e leve, de sabor pi-
cante, frutas secas, legumes, saladas co- Alimentos pesados, oleosos, salgados ou
Kapha
zidas. Consumir o alimento mais quente excessivamente doces.
e com condimentos.
Fonte: Ayurveda: O caminho da saúde (2004)

Dicas Gerais de Alimentação


O Ayurveda postula que uma alimentação inadequada desequilibra os doshas, po-
dendo gerar uma série de desequilíbrios, posteriormente o adoecimento e enfim a
patologia instalada. Por outro lado, uma dieta adequada e bem orientada é capaz
de promover o reequilíbrio do sistema tridosha e reconduzir o organismo ao estado
de saúde.

O Ayurveda recomenda uma dieta baseada em alimentos que mantenham o equi-


líbrio constante dos doshas predominantes no corpo, ou seja, a dieta de pessoas com
constituição vata é diferente de pitta e kapha e assim por diante.

A seguir, algumas recomendações gerais de como se alimentar adequadamente:

· Não se alimentar quando não estiver com fome. A fome é o sinal da atividade
do agni, sem fome o agni não está ativo;

· Não comer quando sentir raiva, tristeza, irritação, quando estiver chatea-
do ou excessivamente preocupado. Todas essas emoções competem com a
energia da digestão, não tendo assim vitalidade para digerir o alimento físico;

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Nutrologia e Autocuidado

· Não comer logo após exercícios físicos;


· É importante que a alimentação esteja de acordo com a época do ano, local
onde se vive e com o clima (tema a ser introduzido nesta unidade). Também
é importante que a alimentação corresponda à sua constituição;
· A comida deve atender a todos os nossos sentidos: deve ser visualmente bo-
nita, aromática, agradável ao paladar, ao tato e o som de seu preparo e da
mastigação deve ser ouvido atentamente;
· O ambiente deve ser apropriado: limpo, calmo, iluminado;
· Devem comer em boa companhia, pais, parentes, amigos (pessoas de confiança);
· Antes da refeição, deve-se cuidar e estimular o agni. Tomar chá de gengibre com
ervas digestivas ou mastigar o gengibre fresco ou ainda tomar metade de um limão
espremido uns 30 minutos antes da refeição. Se estiver fora de casa, comprimir a
narina esquerda e respirar somente pela direita, para estimular ainda mais o agni,
pela predominância da narina solar;
· Antes de comer, lavar as mãos, rosto, enxaguar a boca, eliminando os malas;
· Fazer um agradecimento à natureza, às divindades de devoção e à disponibilidade
do alimento;
· No momento da ingestão do alimento, nenhuma outra atividade deve distrair a
atenção: desligue a televisão, rádio, computador, celular, evite conversar e dê pre-
ferência para alimentar-se em silêncio;
· O alimento deve ser apropriadamente mastigado (nem tão rápido, nem tão devagar);
· A quantidade de alimento a ser consumido é de um anjali: metade do estômago
deve ser preenchido com o alimento sólido, ¼ de líquido, ¼ vazio (ar). Se for co-
mer algo mais pesado, comer metade do que está acostumado.
· Não deve misturar frutas com a refeição;
· Ao final da comida, agradeça novamente o alimento. Lave os olhos, limpe a boca
e os dentes. Faça uma caminha de 100 a 200 metros e descanse por 10 minutos;
· Intervalo entre as refeições, nunca inferior à 2h e nunca superior às 6h;
· O número de refeições está relacionado à constituição de cada um. Vata, peque-
nas refeições 5x por dia em intervalos de 3 horas. Pitta 4 refeições por dia com
intervalo de 4 horas, e Kapha 3 refeições por dia com 6 horas de intervalo (pela
manhã o ideal é que Kapha tome apenas um chá digestivo);
· O Ayurveda recomenda que os horários das refeições sejam regulares e adequados
ao processo digestivo, dessa forma criando um ritmo de digestão mais eficiente;
· Coma sempre comidas frescas e preparadas no momento da alimentação;
· Evite comer após as 20 horas.

*O anjali é um mudrá (gesto com as mãos). As palmas das mãos voltam-se para cima com
os dedos juntos, em forma de cálice. O nome se traduz como taça ou mãos cheias de flores.

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Interação Homem e Natureza
As fases da vida, os horários do dia e as estações do ano são fatores externos
cíclicos que interferem no equilíbrio dos doshas e, consequentemente, na saúde do
indivíduo. Estar consciente dessas mudanças dos doshas nos ajuda a entrar em contato
com o fluxo de energia do meio interno e externo.

Ayu – As 3 fases da vida do homem


O Ayurveda ensina que há 3 importantes marcos no decorrer da vida humana:
infância, idade adulta e a terceira idade.

A infância é a fase Kapha. O momento onde toda a parte estrutural está se for-
mando e consolidando. As crianças nessa fase podem sofrer muitas desordens de
Kapha, como infecções nas vias aéreas, faringites, bronquites, secreções respira-
tórias excessivas (muco). O período de tempo de Kapha vai do nascimento até os
20 anos.

A idade adulta, entre 20 e 60 anos, é a fase Pitta, quando o indivíduo está ativo
e cheio de vitalidade. As características do fogo estão mais presentes, seja no corpo,
seja na mente, manifestando-se em forma de transformações interiores e exterio-
res, impulsos de mudança, vitalidade ígnea e agudeza de pensamentos e ações. As
desordens de Pitta são comuns nessa época, tais como gastrites, colites, doenças
autoimunes, aumento súbito de pressão arterial etc.

A terceira idade, que se dá após os 60 anos para os homens e na menopausa para


as mulheres, é a fase Vata. Nesta fase, as qualidades de Vata se manifestam com
maior nitidez no corpo humano, conferindo-lhe características de secura, rigidez,
déficit das percepções sensoriais, distúrbios do movimento etc. Nessa fase predomi-
nam doenças relacionadas a esse dosha, tais como reumatismos, dores, limitação
de movimento, desidratação da pele, ressecamento e perda de cabelos, déficit de
memória etc.

As horas do dia
O Ayurveda determina uma relação entre o horário do dia e noite com os doshas,
de acordo com a tabela abaixo (Quadro 7):

Quadro 7 – Relação Dosha/Horário do dia


Dosha Horário
Kapha 6h às 10h / 18h às 22h
Pitta 10h às 14h / 22h às 2h
Vata 14h às 18h / 2h às 6h
Fonte: Ayurveda: O caminho da saúde (2004)

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Nutrologia e Autocuidado

Horário Kapha
Este horário é hipometabólico e, pelas características do dosha, um período em
que a resistência física é intensa, portanto, ideal para exercícios físicos, esportes etc.
As atividades físicas e corporais favorecem muito a estrutura óssea e muscular, assim,
o tratamento de doenças relacionadas ao sistema musculoesquelético se beneficia in-
tensamente de sessões de fisioterapia realizadas neste período (MARINO, 2004).

O horário Kapha é o momento da higiene corporal, do cuidado consigo mesmo,


um momento que deve ser mais pessoal, de contato com o que nos cerca, com o
nosso ambiente, um momento de análises, de observações, de ouvir, sentir, ponderar,
para ter experiências que servem de preparação para o próximo momento, que será
o Pitta, o momento da ação (MARINO, 2004).

O horário de transição de Vata para Kapha é ideal para meditação, já que há tran-
sição da intensa atividade mental de Vata para a contemplação de Kapha.

Horário Pitta
É o horário de maior atividade metabólica, quando a nossa energia de trabalho e
ação está em seu pico. É o melhor momento para a maior refeição do dia (almoço),
mas é o momento em que ficamos mais sujeitos a desgastes físicos e fadiga e devemos
evitar esportes e exercícios físicos (MARINO, 2004).

O horário Pitta noturno é fundamental para que no nosso organismo ele exerça a
sua função de regeneração celular.

Horário Vata
É o horário de maior atividade mental, é o momento da mente ativa e aguçada, da
criatividade e das ideias. O horário Vata é o momento ideal para trabalhos que exijam
ligação da mente e corpo como coordenação motora, propriocepção, esquema cor-
poral (MARINO, 2004).

À noite, durante o sono, o horário Vata é de regeneração mental, fundamental a


ser preservado em quem sofre dos males do estresse, tanto que é o momento caracte-
rístico em que os insones despertam com intensa atividade mental e inquietação. A au-
sência de sono neste período leva ao desgaste e à exaustão mental (MARINO, 2004).

O horário Vata é mais apropriado para o aprimoramento mental, ideal para medi-
tação, psicanálise e estudos que exijam reflexão.

Estações do Ano
Da mesma forma que os doshas possuem os cinco elementos em sua composição,
as estações do ano também apresentam propriedades de acordo com os elementos.
Cada uma das estações do ano está relacionada com as qualidades de Vata, Pitta e
Kapha (Quadro 8):

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Quadro 8 – Relação Dosha/Estações do Ano
Dosha Estação Características
Vata Outono e início do inverno Tempo frio, seco e com vento
Pitta Final da Primavera e verão Tempo quente e úmido
Kapha Inverno e início da primavera Tempo frio e úmido
Fonte: Ayurveda: O caminho da saúde (2004)

Compreendendo as qualidades de cada estação, podem-se reduzir seus efeitos ne-


gativos, evitando que sejam incorporados à vida do indivíduo.

Um dosha é naturalmente aumentado durante uma estação com qualidades se-


melhantes. Para manter o equilíbrio, deve-se estar atento às alterações de estação e
adequação da alimentação, da rotina diária e da atividade física (MARINO, 2004).

Uma recomendação quanto aos hábitos alimentares é sempre consumir alimentos


regionais, frescos e da época, uma vez que eles tendem a evitar que o dosha predomi-
nante se agrave naquela estação.

Dinacharya - Rotina Diária


É a primeira forma de tratamento no Ayurveda. O nosso organismo tem ritmo,
propósito e direção, assim nossas ações podem interferir no ritmo do nosso orga-
nismo. As nossas ações benéficas contribuem para a manutenção desse ritmo. Já as
ações não benéficas prejudicam este equilíbrio.

Ao definir a saúde, Sushruta diz que ela não significa apenas a ausência de doen-
ças, mas inclui também a felicidade da mente e do espírito. Ou seja, para atingir a saú-
de ampla e perfeita, é necessário preservar tanto o aspecto físico quanto o psicológico
em seu estado natural e condição de equilíbrio.

Dessa forma, cada constituição (Vata, Pitta e Kapha) possui uma rotina adequada
para favorecer o respectivo organismo: Vata tem dificuldade de aderir a rotinas, já
Pitta é rotineiro por natureza e usa sempre o discernimento nas suas escolhas e
Kapha adora rotina, mas tem dificuldade de abandonar maus hábitos.

O Ayurveda coloca ênfase no modo adequado de vida durante o dia e noite, duran-
te as estações do ano, prescrevendo rotinas específicas, boa conduta e comportamen-
tos apropriados. A rotina diária abrange o que devemos fazer e o que devemos evitar
desde a hora de se levantar da cama até a hora de voltar a dormir. Segue a rotina diária
descrita pelo Ayurveda:

Ao despertar
· acorde cedo, de preferência das 3h até o momento de nascer do sol, para
entrar no horário Kapha já em atividade;
· desperte sem o despertador. Após despertar, agradeça o dia, faça orações
a Deus, de acordo com a sua religião ou fé. O ato de agradecimento é o

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UNIDADE
Nutrologia e Autocuidado

mais humanizador que podemos realizar. Podemos fazê-lo voltados para o


leste (sol) ou para o norte (ponto cardial da consciência). Deve ser feito com
profundo sentimento de reverência, com expansão do desejo da felicidade de
todos os seres – harmonia, paz e realização.

Limpeza e Purificação
Para poder receber um alimento tanto físico como mental, temos que nos limpar,
pois caso contrário o novo nutriente vira ama. Em jejum, após levantar, tome um pou-
co de água morna para ajudar no peristaltismo. Logo em seguida vá urinar, defecar e
consequentemente limpar todos os malas (excreções) dos órgãos dos sentidos: olhos,
nariz, língua, ouvido e pele.

Boca
Inspecione a língua, verificando a presença de cobertura – ama. Raspe a língua. O
raspador deve ser de metal, cobre ou inox. Ao raspar a língua, o indivíduo elimina ama
e ao se alimentar percebe o sabor dos alimentos sem a necessidade de condimentá-los.
De acordo com o Charaka Samhita, a limpeza da língua remove o mau hálito e as
bactérias (PIRES, 2016), estimula o agni, psicologicamente deixa o indivíduo de bom
humor e alivia as emoções reprimidas.

Dentes
Antigamente os indianos limpavam os dentes com pó dental (substâncias com o
elemento fogo: sal de rocha, pimenta do reino, gengibre, açafrão da terra, óleo de
gergelim ou cânfora) utilizando os dedos, aplicando nos dentes e massageando as gen-
givas. Hoje em dia, utilizamos a escova e a pasta dental. Dê preferência às escovas de
sardas macias.

Após a escovação, fazer o gandoosha diariamente. A técnica de gandoosha é basi-


camente reter o óleo de gergelim prensado a frio (temperatura ambiente) na boca por
5 a 10 minutos e depois cuspir. O gandoosha fortalece os dentes, evita a retração da
gengiva, é indicado para a ronquidão e para a voz. Aumenta o agni, previne a gargan-
ta seca e lábios rachados.

Olhos
Lave o rosto com água fria ou morna. Depois disso, seque bem os olhos e tome as
seguintes atitudes de acordo com seu dosha:
· Vata – deve pingar uma gota de óleo de mamona (rícino);
· Pitta – deve pingar uma gota de ghee (manteiga indiana);
· Kapha – deve pingar uma gota de mel.

Nariz
Na raiz das narinas nascem os canais de percepção sutil – equilibrando a energia
vital. Faça jalaneti e após assoe e seque. Uma vez limpo, aplique uma gota de óleo de
gergelim prensado a frio (principalmente para indivíduos com sinusite e rinite). Após a
aplicação, massageie a raiz das narinas e assoe o nariz.

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De acordo com os textos ayurvédicos, a prática rotineira de jalaneti traz benefícios
aos olhos, nariz e ouvidos. A barba do homem permanece preta e cresce na juventude.
Trata a dor de cabeça, a insônia, à enxaqueca, a voz fica agradável, e os órgãos da
cabeça ficam saudáveis e o corpo livre de doenças.

A técnica de jalaneti é um processo de


limpeza da Hatha Yoga, sendo o objetivo
de purificar os nadis (canais) que circulam
o prana (energia vital). A técnica utiliza da
lota (uma jarrinha) onde são colocados
água e sal ou soro fisiológico morno. Depois
de introduzido em uma das narinas, deixe
o líquido passar pelas cavidades da cabeça
até sair pela outra narina. O mesmo é feito Figura 1 – Técnica Jalaneti
para o outro lado. Fonte: ARB Formation

Orelhas
Lave as orelhas com água e depois aplique 2 a 3 gotas de óleo de gergelim no ou-
vido (principalmente se houver problemas nos ouvidos).

Pele
A auto-abhyanga (automassagem) deve ser feita de acordo com a constituição.
O óleo regula as condições de hidratação e maciez da pele (Quadro 9):
· Vata – aqueles de constituição Vata ou que estejam na fase Vata da vida de-
vem usar o óleo de gergelim (prensado a frio) todos os dias da semana, pois
neutraliza a secura da pele e diminui a ansiedade;
· Pitta – o óleo mais indicado é o óleo de coco (prensado a frio), já que esfria,
sendo melhor que gergelim. No entanto, o óleo de gergelim não agrava Pitta
e nem Kapha;
· Kapha, que já é naturalmente oleoso, deve preferir óleos mais finos (como
mostarda e girassol) e usá-los com moderação.

Quadro 9 – Frequência e indicação de Automassagem por Dosha


Constituição Frequência Óleo mais indicado
Vata Todos os dias Óleo gergelim
Pitta 2 a 3x por semana Mais indicado é o óleo de coco. Poden-
do usar também gergelim ou girassol
Kapha 1x por semana Óleos finos: mostarda e girassol, mas
na falta pode utilizar gergelim
Fonte: Ayurveda: O caminho da saúde (2004)

Qualquer óleo deve ser prensado a frio. Não utilizar óleos de cozinha. Utiliza-se o
óleo sempre levemente aquecido (morno) e a aplicação se inicia na cabeça, sempre do
centro para a periferia e desce para o tronco, membros superiores e inferiores. Fazer
um breve relaxamento (5 a 10 minutos) e depois tomar banho.

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UNIDADE
Nutrologia e Autocuidado

Banho
Para Kapha e Vata, o banho deve ser quente, enquanto que para Pitta o banho
deve ser morno. No entanto, ao lavar a cabeça, a água deve ser morna para fria para
qualquer dosha.

Usar sabonete de boa qualidade e o mais natural possível e usar bucha vegetal com
pouca intensidade.

Vestimentas
Usar sempre roupas limpas, leves e arejadas, feitas de fibras naturais. Não se re-
comenda usar roupas de outras pessoas, especialmente os sapatos – uma vez que
retêm energia vibracional e isso perturba quem o utiliza. De acordo com o Charaka
Samhita, roupas limpas promovem o charme, aumentam a gentileza de quem usa,
preservam a paz mental, promovem a longevidade e dissolvem a tristeza. O momen-
to de se vestir é um momento para se enfeitar e se perfumar, utilizando acessórios e
amuletos que trazem sorte e prolongam a vida (vide item Gemoterapia, Aromaterapia
e Cromoterapia).

Atividade Física
Todos os doshas devem praticar atividades físicas, como forma de manutenção da
saúde, entretanto essas atividades variam de acordo com as características de cada dosha:

· Vata – Os exercícios indicados devem dar ênfase ao equilíbrio e ao alon-


gamento, deve-se evitar exercícios aeróbios como a corrida e todos os que
sobrecarreguem as articulações, já que estas estão particularmente vulnerá-
veis na pessoa em que esse dosha predomina. Atividades mais indicadas:
caminhada, alongamentos suaves, passear de bicicleta, dançar e nadar (1 a
2x por semana);

· Pitta - Os exercícios indicados devem ter ênfase na interiorização, na harmo-


nização e não na competitividade. Os alongamentos pré e pós são essenciais
para Pitta. Indicados: marcha acelerada, andar de bicicleta, jogging, mon-
tanhismo, esportes aquáticos, natação em piscina fria. Os exercícios físicos
devem ser suaves, moderados, com ventilação ou ao ar livre, mas sem expo-
sição ao sol (2 a 3 x por semana);

· Kapha - Os exercícios indicados devem ter ênfase em práticas aeróbicas e de


longa duração (de 30 a 50 minutos), complementados com exercícios de re-
sistência e força. Indicados: caminhada, corrida, bicicleta, ginástica aeróbica
e localizada e musculação. Os exercícios físicos devem ser vigorosos (5 a 7x
por semana).

Yoga
Vide outra unidade no tópico Yoga e Ayurveda.

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Alimentação
Vide seção Nutrologia (nesta unidade).

Trabalho
O trabalho é o meio pelo qual percebemos a nossa existência. A insatisfação é a
fonte de grandes desequilíbrios. Viver sob tensão em uma atividade que não lhe dá
satisfação é um convite para a mudança. O trabalho deve ser algo criativo e que lhe
dê contentamento:
· Vata - deve escolher um trabalho que evite gasto de energia (pois Vata gasta
energia facilmente) e deve ter rotina, mas não muito rígida. Os indivíduos
Vata são pensadores, então atividades profissionais ligadas à dança, artes cê-
nicas e plásticas, literatura, publicidade entre outras, permitem que expresse
suas qualidades, porém se elas geram fortes emoções, tensões e tomadas de
decisão, Vata se perturba. Vata deve controlar a sensação de querer fazer
tudo ao mesmo tempo. O maior desafio de Vata é um trabalho com rotina;
· Pitta - planejador por natureza. Pega as ideias de Vata e faz acontecer. Idealista,
agressivo, vaidoso, experimenta tudo como desafio. Precisa estar à frente de qualquer
atividade. Quando faz algo, exige que seja bem feito. Obsessão pela eficiência e resultado.
Por causa dessas características, se cansa demais. Nas atividades profissionais ligadas
à política, educação, cargos executivos, cirurgia, direito e finanças, entre outras, Pitta
expressa suas qualidades de eficiência, competência e determinação. O maior desafio
de Pitta é um trabalho que não tenha competição severa. Pitta precisa aprender
a relaxar;
· Kapha - são observadores, conciliadores e muito pacientes. As atividades que
vão de encontro à suas características são: administração, culinária, enferma-
gem, consultoria, artesanato etc. O maior desafio de Kapha é ser autoestimu-
lar a mudanças. Deve evitar: rotina, acomodação e trabalhos sem desafios.

Sono
Este é o momento de inércia. Deve-se criar uma atmosfera favorável para o sono
(um ritual):
· desligue todo o estimulo sensorial da casa;
· tome banho morno;
· se estiver difícil para dormir, faça automassagem na sola dos pés com óleo morno;
· não coma nada pesado pelo menos 2 horas antes de dormir;
· medite 10 minutos;
· tome uma xícara de leite morno;
· tome um fitoterápico (valeriana, passiflora) ou chá de ervas (camomila, erva-
-doce, cidreira);
· dormir sempre no horário pitta, a partir das 22h para passar as 0h dormindo
– esse período é favorável para digerir as impressões mentais transformando
as impressões do dia.

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UNIDADE
Nutrologia e Autocuidado

De acordo com os textos, a posição da cama deve ser com a cabeça voltada para o
leste e pés para o oeste. Para que o sono seja relaxante, o indivíduo deve se deitar em
decúbito lateral direito, pois esfria o corpo, uma vez que a narina esquerda (lunar) se
abre. Já o decúbito lateral esquerdo, esquenta o corpo estimulando mais o apetite e o
sexo (pois abre a narina solar, a direita). Deitar-se na posição de bruços, desequilibra
todos os doshas. E de costas perturba Vata.

A quantidade de horas dormidas deve ser:


· Vata precisa dormir mais cedo e acordar mais tarde – 8 horas de sono é o
suficiente (das 22h às 6h);
· Pitta precisa dormir 7 horas (das 22h 30 às 5h 30);
· Kapha precisa dormir menos, 5 horas são suficientes.

Mantenha relações sociais e fraternas com outros seres humanos


Todas as atividades humanas destinam-se a promover a felicidade dos seres vivos.
Esta felicidade está fundamentada na conduta moral (dharma) de modo que todos os
seres vivos devem seguir sempre a justiça e a retidão. Os amigos devem ser servidos
com afeto e as pessoas perversas mantidas à distância. Adotar a retidão significa evitar
os atos pecaminosos que se encontram relacionados ao corpo (kaya), à fala (vak) e à
mente (manas).

Os atos relacionados com o corpo são violência (causar sofrimento, promover torturas,
matar etc.), roubo (furtos, ciladas) e desejos não naturais (desejos sexuais imorais ou ilegais).

Os atos relacionados à fala são: ferir pelas costas (mentir, caluniar a reputação
de pessoas ausentes), falar abusiva ou cruelmente (emitir palavras duras enquanto
se discute com alguém), mentir, falar asperamente (causando discussões, separa-
ções, inimizades).

Os atos ligados à mente são: manifestar a intenção de ofender, causar danos ou


discórdia, sentir ciúmes, inveja e intolerância.

A retidão implica em uma série de condutas: procurar ser sempre útil e bom para
os outros seres, reverenciar a Deus e respeitar os mestres espirituais (padres, pastores,
anciãos, diáconos etc.) e os mais velhos, não desapontar, menosprezar ou repudiar,
desejar sempre o bem-estar de todos, manter a mente equilibrada nos momentos de
infortúnio, procurar falar adequadamente, de acordo com a ocasião, mas sempre com
palavras boas, breves, verdadeiras e agradáveis.

Gemoterapia, Aromaterapia, Cromoterapia


Gemoterapia
É a terapia que utiliza pedras preciosas e gemas especiais, principalmente no sen-
tindo preventivo, auxiliando no equilíbrio dos doshas:
· Vata: pedras quentes e frias: safira amarela;
· Pitta: pedras mais frias: pérola, coral, esmeralda, diamante e quartzo;
· Kapha: com tonalidade vermelho/marrom: rubi, gometa, olho de tigre
(MARINO, 2004).

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Aromaterapia
O aroma é todo o odor que sensibiliza ou estimula o olfato do indivíduo. As carac-
terísticas do aroma e da planta que o originam vão de encontro com o perfil do dosha
e desencadeiam respostas de estímulo, sedação ou equilíbrio de um dosha especifico
(MARINO, 2004) (Quadro 10).

Quadro 10 – Relação Doshas / Aromas


Dosha Aromas Fonte Natural
Vata Aromas quentes, ácidos e doces. Laranja, tangerina, limão, camomila, melissa, cravo-da-
índia, gerânio rosa, erva-doce.
Pitta Aromas frios e doces. Lavanda, menta, rosa, sândalo, jasmim, canela, lótus.
Kapha Aromas quentes e amadeirados, condimentados. Eucalipto, cânfora, alecrim, gengibre, arruda, manje-
ricão, cardamomo.
Fonte: Ayurveda: O caminho da saúde (2004)

O aroma é aplicado e associado aos óleos de massagem (gergelim, amêndoa, oliva,


girassol, coco etc.). Pode ser também veiculado de outras formas, no banho colocando
algumas gotas na água ou no próprio azulejo, no travesseiro, na roupa de cama, aroma-
tizando o quarto durante a noite.

Cromoterapia

Diferentes qualidades são associadas a diferentes cores. Pode-se usar a cor para
agir sobre o bem-estar de Vata, Pitta e Kapha, através da escolha das roupas, decora-
ção da casa e do local de trabalho:
· Vata: dourado, vermelho, laranja, amarelo, mescladas com branco, rosa,
azul celeste, tons brilhantes;
· Pitta: tons mais suaves, branco, verdes, azulados, violetas, prateado, tons pastéis;

· Kapha: tons fortes, vermelho, dourado, laranja (MARINO, 2004).

Anexos
Material Extra De Nutrologia – Dietas (Carneiro, 2009)
Dieta para Pacificação de Vata
Dicas Gerais
· Refeições frequentes, em pequena quantidade e com regularidade (não ficar
muito tempo de estômago vazio);
· Dê preferência para alimentos cozidos (quentes) e bem temperados;
· Evite combinar muitos alimentos em uma refeição;
· Evite fast-food, alimentos instantâneos, congelados e sobras;

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UNIDADE
Nutrologia e Autocuidado

· Coma tranquilamente, longe da TV, livros e preocupações;


· Cuidado com alimentos como batata, tomate, berinjela e pimentas, que po-
dem causar alergias. Utilize-os com ervas digestivas.

Frutas
· Recomendadas: frutas ácidas e doces em geral são boas para vata. Abacate,
abacaxi, ameixas (frescas), amoras, bananas, cereja, coco, damasco (fresco e
doce), figo (fresco), framboesa, laranja, limão, maçã (cozida), mamão, man-
ga, melão doce, mexerica, morango, papaia, pêssego, purê de maçã, tâmara
fresca, uvas. Todas as frutas cozidas são indicadas.
· Evite: maça verde, maça crua, caqui com o predomínio do sabor adstringen-
te, goiaba, melão ou melancia que não estejam bem doces e maduros, romã.
Evitar em geral, frutas secas, frutas imaturas, e frutas adstringentes, evitar
também comer, ao natural, frutas leves e secas, como pera, frutas vermelhas,
kiwi, lima. Figo (seco), ameixa (seca), uva passa, amora verde, tâmara (seca).

Vegetais
· São muito leves, devem ser comidos cozidos com óleo e temperos acompa-
nhados de grãos integrais. Vegetais crus e saladas podem ser consumidos
moderadamente no verão, temperados com óleo.
» Recomendados: vegetais cozidos al dente: abóbora verde (abobrinha),
abóbora, agrião, alho poro, alho, aspargos, azeitonas pretas, batata doce,
beterraba, cará, cebola (cozida), cenoura, couve-flor (pequena quantidade
e sempre cozida), ervilha cozida, espinafre, feijão verde, inhame, man-
dioca, mostarda, nabo, pepino, pimentão verde, quiabo, rabanete, raiz
forte (ocasionalmente), repolho (ocasionalmente), tomate cozido (ocasio-
nalmente), vagem. Quanto às verduras folhosas, só devem ser consumidas
quando regadas com azeite e de preferência passadas ao vapor.
» Evite: os alimentos de sabor picante, amargo e adstringente, hortaliças
e folhas cruas em geral aumentam Vata.Brócolis, aipo, pimentão, couve,
berinjela, moranga, cogumelos, batata-inglesa, alcachofra, azeitonas ver-
des, brotos crus, cebola crua, couve-de-bruxelas, couve-flor (crua), couve
rábano, ervilhas secas, espinafre cru, folhas de beterraba, folha de dente-
-de-leão, folhas de nabo, folhas verdes em geral, nabo. Pimentas verme-
lhas, rabanete (cru), raiz de bardana, repolho (cru), tomate em excesso.

Cereais
· São nutritivos e pesados, portanto, bons para o tipo Vata. Evite pães, pois
formam gases.
» Recomendados: arroz integral, arroz bem cozido, aveia cozida, milho
cozido, quinua cozida, trigo integral;
» Evite: milho seco, milhete, farinha de milho, cevada, aveia seca, farinha
de aveia, centeio, farinha de centeio, trigo-sarraceno, farinha de trigo refi-
nada, painço, massas refinadas, polentas, centeio, soja (seca), farinhas de
cereais, granola seca crua, tapioca, cuscuz, musli.

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Grãos
· Os feijões de maneira geral agravam Vata porque são diuréticos (secam),
causam constipação e formam gases. Quando for comer feijões, usá-los com
temperos quentes como cominho, para melhorar a digestão.
» Recomendados: feijão azuki, feijão mung, mung dhal, lentilhas.
» Evite: feijões secos em geral: feijão preto, feijão fradinho, feijão comum,
feijão verde seco, feijão branco, feijão mulatinho. Grão-de-bico, lentilha
(marrom), ervilha (seca), ervilha amarela e outros grãos secos em geral.
Farinha de soja, farelo de soja, feijão soja (seco), “carne de soja”.

Sementes
· Prefira as cruas e levemente torradas com sal. Nutrem os pulmões, sistema
reprodutor e os nervos. Coma pequenas quantidades, pois são indigestas.
» Recomendadas: de gergelim, de mostarda, de girassol, de abóbora, de
linhaça e semente de aipo. Halewa (doce de gergelim) e tahine (pasta
de gergelim).

Laticínios
· Prefira os fermentados, pois são mais fáceis de digerir. Use o leite aquecido
com especiarias (condimentos quentes ou picantes como cúrcuma, pimenta
do reino, canela ou gengibre).
» Recomendados: leite de vaca integral ou leite de cabra, sempre morno
e separado das refeições; soro de leite. Coalhada caseira nova. Iogurte
natural preparado com especiarias (lassi). Ghee, nata, manteiga de
leite, queijo cottage ou ricota, queijo de cabra, creme de leite azedo
(pouca quantidade).
» Evite: leite em pó de vaca ou de cabra; queijos curados, duros e enve-
lhecidos; iogurtes industrializados ou iogurtes naturais gelados ou com
frutas; margarinas.

Castanhas
· Recomendadas: amêndoas, avelãs, castanha-do-pará, castanha-de-caju, no-
zes, noz preta, noz-de-macadâmia, noz-pecã, pinha/pinhão, pistache (todas
com moderação).
» Evite: castanhas envelhecidas ou ressecadas.

Carnes e Ovos
· São bons para nutrir e ancorar.
» Recomendados: carnes vermelhas, carnes brancas, ovos. Peixe de água
doce, búfalo, pato, frango e peru (partes escuras). Salmão, sardinha, fru-
tos do mar, camarão e atum.
» Evite: carnes secas ou envelhecidas, carnes em conservas; carnes de cor-
deiro, carneiro, cervo, porco, coelho, veado.

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UNIDADE
Nutrologia e Autocuidado

Óleos
· São bons para o tipo vata, pois aquecem e são úmidos. Mas por serem de
difícil digestão, é melhor usá-los externamente em massagens.

» Recomendados: azeites, óleo em geral (especialmente gergelim e rícino).

Adoçantes
· São bons, pois fortalecem os tecidos e aumentam os fluídos corporais. Não
abuse de massas e de doces.

» Recomendados: açúcar mascavo, mel, rapadura, frutose e estévia.

» Evite: açúcar branco.

Ervas e Temperos
· Como regulam o apetite, eliminam os gases e ajudam na digestão de ali-
mentos doces ou pesados, são recomendados para o tipo vata. Mostarda e
pimenta são muito secas e estimulantes. Use-as somente no inverno.

» Recomendados: alecrim, alga marinha, assafétida, basílico, canela, car-


damomo, cebola e alho cozidos, coentro (sementes), coentro (folhas fres-
cas), cominho, cravo-da-índia, cúrcuma (açafrão – pequenas quantidades),
erva-doce, feno-grego, funcho, gengibre fresco, gergelim com sal (gersal),
lima, limão, manjericão, molho agridoce de manga, noz-moscada, oréga-
no, picles de manga, pimenta preta (pimenta do reino), pimenta-cumari,
pimenta-da-jamaica, sal marinho.

» Evite: pimentas vermelhas, temperos picantes em excesso. Açafrão


em excesso.

Bebidas
· Tome bastante água, mas nunca fria ou gelada. Chás com as ervas acima são
recomendados e podem ser misturados com leite e adoçantes naturais.

» Recomendadas: leite de amêndoas, suco de Aloe, néctar de pêssego na-


tural, lassi, suco de cenoura, leite de soja quente e condimentado. Leite de
vaca fervido com canela, gengibre e uma pitada de açafrão. Suco de manga,
suco de frutas doces, suco natural de frutas vermelhas. Chai (bebida indiana
feita com leite misturado com chá de gengibre, canela e cardamomo) sem
o chá preto.

» Evite: chá-preto, chá-mate, refrigerantes em geral, cafés, achocolatados,


chás gelados ou estimulantes em geral. Suco de maça, alfarroba, bebidas
lácteas geladas e industrializadas. Sucos feitos de frutas que agravem Vata.

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Dieta para pacificação de Pitta
Dicas Gerais
· A dieta dever ser fria, levemente seca e um pouco pesada;
· Dar preferência a alimentos crus;
· Evite comidas muito saborosas e com muitos temperos fortes;
· Não coma quando estiver irritado, com raiva ou deprimido;
· Três refeições por dia são suficientes;
· Não coma tarde da noite;
· Abandonar frituras, temperos e alimentos muito cozidos.

Frutas
» Recomendadas: frutas doces e adstringentes em geral são boas para
Pitta. Abacate, abacaxi doce, ameixa doce, ameixa seca, bananas, cereja
fresca, coco, damasco doce, figo fresco, frutas vermelhas doces, goiaba,
laranja doce, laranja-da-ilha, lima, maçã doce, mamão, manga (madura),
melancia, melão, pera, pêssego, romã doce, tâmara, uvas doces (vermelha,
preta e roxa), uvas passas.

» Evite: frutas de sabor ácido. Abacaxi ácido, ameixa ácida, amora, banana,
caqui ácido, damasco ácido, framboesa, frutas vermelhas ácidas, kiwi, la-
ranjas ácidas, limão, maçã verde (ácida), mamão comum, mamão papaia,
manga (imatura), mexerica (tangerina) ácida, morangos, pêssego ácido,
tamarindo, uvas ácidas, uvas verdes e brancas.

Vegetais
· São melhores crus, a não ser no inverno ou quando estiver com pouca ener-
gia. Prefira os feitos no vapor e com ghee, nunca fritos.

» Recomendados: vegetais doces, amargos e adstringentes em geral são


bons para Pitta. Abóbora verde (abobrinha), agrião, aipo, alcachofra, alfa-
ce, almeirão, aspargos, azeitonas pretas, batatas doce e inglesa, beterraba
cozida, brócolis, brotos e germinados em geral, cebolas cozidas, cenoura
cozida, chuchu, cogumelos, couve, couve-de-bruxelas, couve-flor, dente-
-de-leão, ervilha, espinafre (folhas cozidas), folhas verdes em geral (de
preferência amargas), mostarda, nabo japonês, pepino, pimentão verde,
pimentas doces, quiabo, rabanete (cozido), repolho.

» Evite: vegetais de sabor ácido, salgado e picante em geral agravam pitta.


Azeitonas verdes, cenouras cruas, espinafre cru, folha de beterraba crua,
folha de mostarda crua, folhas de nabo cruas, nabo comum (ácido), pimen-
tão, rabanete (cru), rúcula, tomate.

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UNIDADE
Nutrologia e Autocuidado

Cereais
· Embora cereais sejam bons para o tipo Pitta, não os use como base alimen-
tar. Pães e massas integrais são permitidos.
» Recomendados: arroz branco, arroz basmati, aveia cozida, cevada cozi-
da, trigo cozido. Cereais secos, granola, farelo de aveia, farelo de trigo,
massas integrais, pão essênio, tapioca.
» Evite: arroz integral, aveia seca, centeio, milhete, milho, musli, pães com
fermento, painço, polenta, quinoa, trigo-sarraceno.

Grãos
· São bons para o tipo Pitta, mas devem ser usados com condimentos diges-
tivos como o cominho.
» Recomendados: feijão comum, feijão mung, feijão-branco, feijão-mulati-
nho, feijão-de-corda (feijão-verde), feijão-azuki, feijão-preto, grão-de-bico,
ervilha, lentilha (marrom ou vermelha), feijão-de-soja, queijo de soja (tofu),
farinha de soja, leite de soja, soja em pó, carne de soja.
» Evite: lentilhas, amendoim. Missô (pasta de soja), molho de soja, salsicha
vegetal (de soja).

Sementes
· Por serem oleosas e quentes, devem ser usadas somente quando precisar de
alimentos fortes e nutritivos. Elas são melhores que carnes para o tipo Pitta.
» Recomendadas: semente de abóbora, de girassol e de linho.
» Evite: gergelim, tahine.

Laticínios
· Podem ser usados, pois o tipo Pitta digere bem as proteínas do leite. Evite,
porém os laticínios ácidos. Um jejum de leite é excelente para harmonizar
corpo e mente.
» Recomendados: leite de vaca ou de cabra (levemente mornos e com er-
vas indicadas para Pitta), ghee, queijo fresco (de minas, frescal), queijo de
leite de cabra (macio e sem sal), ricota, manteiga de leite sem sal (mode-
radamente), manteiga (do leite de búfala). Coalhada caseira fresca diluída
com água e temperada com ervas indicadas – lassi.
» Evite: queijos, leite fermentado, coalhadas ácidas, iogurte com frutas, io-
gurte industrializados, manteigas salgadas, creme de leite azedo, queijos
envelhecidos (curados, duros), queijos amarelos, soro de leite.

Castanhas
» Recomendadas: amêndoas, coco e castanha-do-pará em pequena quantidade.

» Evite: amendoim, avelã, castanha-de-caju, macadâmia, noz pecã, noz


preta, nozes, pinha (pinhão), pistache.

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Carnes e Ovos
· Esses alimentos são Pitta na sua natureza e produzem raiva e agressividade.
Evite-os ao máximo.

» Recomendados: carnes brancas, coelhos, frango ou peru (partes brancas),


peixe de escamas, peixe (de água doce). Clara de ovo. Carne de búfalo, cer-
vo, camarão (fresco, em pequenas quantidades).

» Evite: carnes vermelhas (boi, porco), carneiro, cordeiro, peixes de couro,


peixes marinhos (salmão, sardinha, atum), frutos do mar, gema de ovos,
frango (carne escura), pato, peru (parte escura).

Óleos
· São muito quentes, principalmente os de origem animal e de sementes.

» Recomendados: óleo de coco, de soja e de girassol. Azeite de oliva. Ghee.


Óleo de prímula.

» Evite: óleo de gergelim, de milho e de açafrão.

Adoçantes
· São indicados, pois refrescam, acalmam e harmonizam as emoções. O mel
deve ser consumido fresco, pois após 6 meses ele se torna Pitta.

» Recomendados: estévia natural, frutose natural e açúcar mascavo fino,


mel fresco.

» Evite: rapadura, mel, melado.

Ervas e Temperos
· Usar com comidas pesadas para facilitar a digestão. Evite o sal, embora ele
possa ser usado moderadamente no verão.

» Recomendados: todas as especiarias alcalinas, de potência fria e que criam


frescor: alho-poró (cozido em pequena quantidade), baunilha, folhas de cane-
la (pequena quantidade), cardamomo, casca de laranja ralada, cebola cozida,
coentro fresco, cominho (fresco), endro, erva-doce, funcho, gengibre fresco
(pequena quantidade), hortelã, salsa.

» Evite: condimentos picantes, ácidos e fermentados em geral. Açafrão, ale-


crim, alho, alho-poró (cru), assafétida, cebola crua, cebolinha, cravo-da-índia,
feno-grego, gengibre seco, limão, manjerona, molha de soja, mostarda, noz-
-moscada, páprica, picles em geral, pimentas em geral – todas, raiz forte, sal
em excesso, sálvia, segurelha, semente de mostarda, semente de papoula,
tomilho, vinagres.

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29
UNIDADE
Nutrologia e Autocuidado

Bebidas
» Recomendados: água de coco, suco de uva doce, de manga, suco de aloé
e maçã. Sucos verdes feitos com frutas e verduras permitidas para Pitta.
Chás amargos e não tão quentes. Suco de damasco, suco de frutas doces,
néctar de pêssego, suco de pera, suco de romã, suco de ameixa, leite de
arroz, leite de soja.

» Evite: café, bebidas com cafeína, limonada, suco de tomate. Suco de


frutas vermelhas (de sabor ácido), suco de cenoura, de cereja (de sabor
ácido), de amora, de laranja, de mamão, de abacaxi (sabor ácido), sucos
ácidos de forma geral. Chás gelados, bebidas geladas, bebidas gasosas.
Sopa de missô. Sucos de frutas que agravem o dosha Pitta. Todas bebidas
alcoólicas agravam Pitta.

Dieta para pacificação de Kapha

Dicas Gerais
· Evite comidas frias, pesadas e oleosas. Prefira alimentos secos;

· Como a maioria dos alimentos que são doces, o tipo Kapha deve comer me-
nos, com menor frequência e tomar mais chás de ervas;

· Três refeições são suficientes, sendo o almoço às 12h e o jantar não ultra-
passando às 18h;

· O jejum frequente é importante para o tipo Kapha, bem como eliminar o


café da manhã de vez em quando;

· Cuidado para não comer por carência ou hábito;

· Não dormir após comer.

Frutas
· Aumentam a quantidade de água e incrementam a formação de muco.
As frutas diminuem o fogo digestivo, mas como são leves, podem ser usadas
com parcimônia.

» Recomendadas: frutas secas e adstringentes. Ameixa seca, caqui, amora,


cereja, damasco, figo seco, framboesa, frutas vermelhas, limão, maça,
purê de maçã, morango, pera, pêssego, romã, uva-passa.

» Evite: frutas de sabor doce ou ácido. Frutas de característica oleosa e pe-


sada. Abacate, abacaxi, ameixa, banana, coco, figo fresco, kiwi, laranjas,
limão, mamão, manga, melancia, melão, papaia, tâmara, uva.

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Vegetais
· São bons, pois são secos e leves. A cenoura e o aipo são diuréticos, mas de-
vem ser preparados no vapor. Use óleo para preparar os vegetais. Verduras
de sabor amargo, adstringente ou picante.
» Recomendados: abobrinha, agrião, aipo, alcachofra, alho, alho-poró, aspar-
go, batata branca, berinjela, brócolis, brotos de trigo, brotos e germinados em
geral, cebola, cenoura, chuchu, cogumelos, couve, couve-de-bruxelas, couve-
-flor, espinafre, folhas em geral (folhas de beterraba, de coentro, de dente-
-de-leão, de nabo), grãos de mostarda, milho, nabo sueco, nabo, pimenta,
pimentão, rabanete, repolho, salsa, tomate cozido, vagem.
» Evite: vegetais muito ácidos ou suculentos. Vegetais de característica pe-
sada e fria. Azeitonas verdes ou pretas, batata-doce, cará, inhame, man-
dioca, pepino, quiabo, tomate cru.

Cereais
· São pesados e engordam, portanto, prefira grãos com propriedades expectoran-
tes e diuréticas. Os pães aumentam a formação de muco e devem ser evitados.
» Recomendados: os cereais em geral, secos ou hidratados, desde que usa-
dos com pouco sal. Aveia seca, farelo de aveia, cevada, centeio, painço,
milho, milhete, pipoca ou cuscuz (sem sal ou manteiga). Granola, musli,
polenta, pão essênio, farelo de trigo. Pequena quantidade de arroz selva-
gem ou basmati, tapioca, trigo-sarraceno.
» Evite: arroz (integral ou branco), aveia cozida, quinua, trigo novo. Macar-
rão e massas. Pães com fermento, bolo de arroz.

Grãos
· Equilibram Kapha, pois são secos e aumentam Vata (ar). Tofu é uma boa fonte
de proteínas para o tipo Kapha, embora aumente levemente esse humor. Ele
é melhor que laticínios, carnes e sementes.
» Recomendados: ervilhas, feijão-azuki, feijão-preto, lentilha (vermelha e
marrom), missô (pasta feita de soja), leite de soja, proteína texturizada de
soja (carne de soja). O queijo de soja (tofu) pode ser usado em forma de
patês preparados com tempero picantes.
» Evite: feijão-roxo, feijão-comum, feijão-mung, lentilha preta, feijão-de-so-
ja, grão-de-bico, amendoim. Queijo de soja (tofu) frio e sem condimentos,
farinha de soja, soja em pó, molha de soja.

Sementes
· São pesadas e aumentam a produção de muco, porém são melhores que
laticínios e carnes como fonte de proteínas.
» Recomendadas: de abóbora, girassol, linhaça, mostarda, papoula.
» Evite: gergelim, tahine.

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UNIDADE
Nutrologia e Autocuidado

Laticínios
· Produzem muco e são de difícil digestão, podem produzir alergias alimentares.
» Recomendados: leite de cabra em pequenas quantidades. Leite de vaca,
somente em pequena quantidade e quando o dosha kapha estiver em har-
monia, sempre quente fervido com gengibre e/ou cúrcuma (açafrão). Io-
gurte caseiro diluído e temperado com ervas permitidas para kapha (lassi).
Queijo cottage de cabra, buttermilk (soro de leite com especiarias).
» Evite: ghee, leite frio, coalhada, iogurtes, queijos e manteiga em geral.
Sorvetes, soro de leite puro, queijos em geral (macios ou duros), creme
de leite, iogurte puro (congelado ou com frutas), iogurtes industrializados.

Castanhas
» Recomendados: amêndoas (descascadas e moídas).
» Evite: todas as outras.

Carnes e Ovos
· O tipo Kapha não necessita comer carne, pois tem os tecidos firmes e bem
nutridos. O frango é melhor do que o consumo do queijo, mas não deve ser
frequente. Escolha carnes magras e brancas;
» Recomendados: peru, frango, coelho (partes brancas), cervo, frutos do
mar; peixes de escamas e camarão. Clara de ovos cozidas (nem fritas e
nem mexidas).
» Evite: porco, carne bovina, carneiro, peixe, marisco e ovos.

Óleos
· Usar o mínimo possível.
» Recomendados: apenas pequenas quantidades de azeite de oliva cru ou
mínimas quantidades de óleo de girassol, de milho ou de mostarda.
» Evite: excesso de óleos em geral. Óleo de gergelim, azeite de oliva cozido
ou frito, canola e soja.

Adoçantes
· É o fator que mais agrava Kapha. O mel é expectorante e consumido com
constância auxilia a eliminação de líquidos.
» Recomendados: mel puro e natural (não deve ser cozido, o calor o trans-
forma em substância difícil de ser ingerida pelo corpo). Estévia natural.
Sucos de frutas concentrados.
» Evite: rapaduras, açúcares, xaropes, melado.

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Ervas e Temperos
· São muito positivas para o tipo Kapha, pois aumentam o metabolismo, me-
lhoram a digestão e previnem contra o acumulo de gordura. Evite o sal, a não
ser uma pequena quantidade no verão.
» Recomendados: açafrão (cúrcuma), alecrim, alfavaca, alho, assafétida,
canela, cardamomo, casca de laranja ralada, cebola, cebolinha, coentro
(folhas ou sementes), cominho, cravo-da-índia, endro, erva doce, estra-
gão, funcho, gengibre, hortelã, louro, manjericão, manjerona, menta,
mostarda (sem vinagre), noz-moscada, orégano, páprica, pimenta cumari,
pimenta-da-jamaica, pimenta-caiena, pimenta-do-reino, pimenta-mala-
gueta, pimenta-verde, raiz-forte, salsa, sálvia, tomilho.
· Evite: catchup, lima, limão, maionese, molha de soja, picles em geral, sal, vinagre.

Bebidas
· Recomendados: sucos de aloé e vera, cenoura, uva, pera, romã, ameixa,
maçã, damasco, pêssego, amora. Chá verde, branco, vermelho e preto com
especiarias; chás quentes e estimulantes. Café sem açúcar. Sucos verdes de ve-
getais. Leite de soja (com temperos picantes). Caldo de vegetais com temperos
picantes, sem óleo e com pouco sal. Vinho tinto de boa qualidade, no máximo
uma taça pequena.
· Evitar: achocolatados e café com açúcar ou com leite, refrigerantes, bebidas
lácteas em geral, laticínios gelados, leite de soja gelado, leite se vaca, suco de
laranja, limonada, suco de mamão, suco de abacaxi, sucos ácidos em geral.
Bebidas gasosas ou geladas em geral. Sopa de missô (pasta de soja), leite de
arroz, suco de tomate, sucos feitos de frutas que agravem o dosha kapha.
Bebidas alcoólicas: cerveja, bebidas fortes, vinho doce.

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UNIDADE
Nutrologia e Autocuidado

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Yoga e Ayurveda: Self-Healing and Self-Realization
FRAWLEY, David. Yoga e Ayurveda: Self-Healing and Self-Realization. United States:
Lotus Press, 2009.

Uma visão ayurvédica da mente


FRAWLEY, David. Uma visão ayurvédica da mente. São Paulo: Editora Pensamento, 2007.

Ayurveda – The Science of Self-Healing: a practical guide


LAD, Vasant. Ayurveda – The Science of Self-Healing: a practical guide. United
States: Lotus Press, 2004.

A Ciência Da Autocura: Um Guia Prático


LAD, Vasant. Ayurveda - A Ciência Da Autocura: Um Guia Prático. São Paulo: Editora
Ground, 2007.

Vídeos
“Desequilíbrio, alimentação e ayurveda”
Palestra com Dr. Ruguê. 2017.
https://youtu.be/kFSvDDJ3URo
“Ayurveda para o dia a dia”
Palestra com a terapeuta Laura Pires e o Prof. Matheus H. Macedo. Parte 1,2,3,4 e 5 . 2017.
https://youtu.be/ekv7VN0Iyi4
https://youtu.be/4PS9Tz1vrBA
https://youtu.be/sNP3zmpAhxs
https://youtu.be/K01UHgdZNwA
https://youtu.be/SlRp3uH9N4o

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Referências
CARNEIRO, Danilo Maciel. Ayurveda: Saúde e Longevidade na Tradição Milenar da
Índia. São Paulo: Editora Pensamento, 2009.

LAD, Vasant. Textbook of Ayurveda – Fundamental Principles, Volume 1. United


States: The Ayurvedic Press, 2006.

LAD, Vasant. Textbook of Ayurveda – Fundamental Principles, Volume 2. United


States: The Ayurvedic Press, 2006.

MARINO, Maria Inês. DAMBRY, Walkyria A. Giusti. Ayurveda: O caminho da saúde.


São Paulo: Editora Gaia, 2004.

NINIVAGGI, Frank John. Saúde Integral Para Medicina Ayurvédica. São Paulo:
Editora Pensamento, 2015.

PIRES, Laura. Nutrindo os seus sentidos: Receitas Ayurvédicas para encontrar o


equilíbrio. Rio de Janeiro: Bicicleta Amarela, 2016.

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