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REPRESENTAÇÃO Nº 01/2021
REPRESENTAÇÃO
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I – DA LEGITIMIDADE DO CONSELHO DE ÉTICA
PARA OFERECER REPRESENTAÇÃO
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“Art. 11. São requisitos formais da representação:
I - subscrição de dois quintos dos membros da Câmara Municipal, mais o autor, exceto quando a iniciativa for do
Conselho de Ética e Decoro Parlamentar ou da Mesa Diretora nos casos em que a pena prevista seja a de advertên-
cia;
II – fazer menção através de prova, a fato determinado com temporalidade atual, sendo vedada à representação
apresentada que tenha como fato determinado ação pretérita do representado, exceto as praticadas durante o man-
dato em exercício.”
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De acordo com o laudo de exame de necropsia, a criança apresentava
múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores, infiltração hemorrágica
na região frontal do crânio, na região parietal direita e occipital, ou seja, na parte da
frente, lateral e posterior da cabeça, edemas no encéfalo, grande quantidade de sangue
no abdômen, contusão no rim à direita, trauma com contusão pulmonar, laceração
hepática e hemorragia retroperitoneal. Ainda segundo o documento, a causa mortis do
menor seria “hemorragia interna e laceração hepática provocada por ação contunden-
te”.
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No mesmo sentido, concluiu o laudo pericial complementar de necropsia
que “foram descartadas as hipóteses de acidente doméstico ou morte por lesões
causadas durante manobra de ressuscitaçã ”. O mesmo laudo indicou a presença "de
lesões na região nasal e infra orbital esquerda (...) compatíveis com escoriações
causadas por unha". A perícia indicou, ainda, que as várias lesões encontradas no corpo
de Henry não poderiam ter sido causadas em um único trauma ou acidente, como
sustentam o Representado e sua companheira.
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16:35 – MONIQUE: Pergunta tudo
16:35 – MONIQUE: Pergunta o que o tio falou
16:35 – THAYNA: Então agora não quer ficar na sala sozinho
16:35 – THAYNA: Só quer ficar na cozinha
16:36 – THAYNA: Jairinho falou thayna deixa a mãe dele fazer as
coisas
(...)
16:37 – THAYNA: Ele quer que eu fique sentada ao lado dele só
16:37 – MONIQUE: Coitado do meu filho
16:37 – THAYNA: Jairinho tá arrumando a mala
16:37 – MONIQUE: Se eu soubesse nem tinha saído
16:38 – MONIQUE: Pergunta o que o tio falou
16:38 – MONIQUE: Fala assim: tio Jairinho é tão legal, o que ele
falou com vc?
16:38 – THAYNA: Jairinho tá aqui perto
16:38 – THAYNA: Depois pergunto
16:38 – MONIQUE: Ok
(...)
16:46 – MONIQUE: Da um banho nele
16:46 – MONIQUE: Pra ver se ele relaxa
16:46 – THAYNA: Ele não quer entrar ali no corredor
16:47 – MONIQUE: Pqp
16:47 – MONIQUE: Que merda do caralho
16:47 – THAYNA: imagem* (fotografia de THAYNA, com
HENRY no colo, aparentemente em um sofá)
16:47 – MONIQUE: Coitado
16:47 – THAYNA: Quer ficar assim no meu colo
16:47 – MONIQUE: (emoji)
16:47 – THAYNA: Tá reclamando que o joelho está doendo
(...)
16:50 – MONIQUE: Ele foi pro nosso quarto ou o do Henry?
16:50 – THAYNA: Para o seu quarto
16:51 – MONIQUE: Eu vou colocar microcâmera
16:51 – THAYNA: E sempre no seu quarto
(...)
17:02 – MONIQUE: Alguma coisa estranha mesmo
17:02 – MONIQUE: Jairinho me ligou
17:02 – MONIQUE: Dizendo que chegou agora em casa
17:02 – THAYNA: Po
17:02 – THAYNA: Já chegou um tempão
17:03 – MONIQUE: Estranho demais
(...)
17:16 – THAYNA: Tá eu e Henry em casa só
17:19 – MONIQUE: Veja se ele fala alguma coisa
17:22 – THAYNA: Estou tirando dele
17:22 – MONIQUE: Ok
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17:22 – THAYNA: Pera aí
17:25 – THAYNA: Então me contou que deu uma banda e
chutou ele que toda vez faz isso
17:25 – THAYNA: Que fala que não pode contar
17:25 – THAYNA: Que ele perturba a mãe dele
17:26 – THAYNA: Que tem que obedecer ele
17:26 – THAYNA: Se não vai pegar ele
17:28 – THAYNA: Combinei com ele agora
17:29 – THAYNA: Toda vez que Jairinho chegar e você não tiver
eu vou chamar ele pra brinquedoteca e ele vai aceitar ir
17:29 – THAYNA: Porque estou aqui pra proteger ele
17:29 – THAYNA: Aí eu disse se você confia na tia me da um
abração aí ele me deu
17:30 – THAYNA: imagem* (fotografia de mãos dadas
entrelaçadas, aparentemente de THAYNA e HENRY)
17:30 – THAYNA: Tá assim comigo
17:33 – MONIQUE: Como assim? (se referindo ao trecho “S não
vai pegar ele”)
17:33 – THAYNA: Ele não falou mais
17:49 – THAYNA: imagem* (vídeo focando nas pernas de
HENRY, que está vestindo cueca e calçando chinelo)
17:49 – THAYNA: Tá mancando
17:50 – THAYNA: Mas tô cuidando dele
(...)
17:51 – MONIQUE: A porta do quarto estava aberta ou fechada
qdo Henry entrou no quarto?
17:57 – THAYNA: Quando Henry entrou estava aberta
17:57 – THAYNA: Depois ele fechou
17:57 – THAYNA: E daí ficou até aquela hora com a porta fechada
17:58 – THAYNA: Henry tá reclamando da cabeça
17:58 – THAYNA: Pediu tia não lava não
17:58 – THAYNA: Tá doendo
17:58 – MONIQUE: Meu Deus
17:58 – MONIQUE: Como assim?
17:58 – MONIQUE: Pergunta tudo Thayná
17:58 – MONIQUE: Será que ele bateu a cabeça?
18:03 – THAYNA: imagem* (fotografia do joelho esquerdo de
HENRY, aparentemente com uma equimose)
18:03 – THAYNA: Ele disse que foi quando caiu que a cabeça
ficou doendo” (grifos nossos)
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ainda, ter presenciado por três vezes um comportamento agressivo e violento do
Representado contra o menor. Veja-se:
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momento, apresentada às capturas de tela (“ nt ”) referentes à
troca de mensagens de Whatsapp com MONIQUE, (...) a
declarante prontamente reconhece como sendo parte da referida
conversa, confirmando a veracidade de todo o seu conteúdo; (...)
Que, quando finalmente a porta do quarto se abriu, HENRY saiu
do quarto e foi em direção à declarante, que o pegou no colo e foi
para o sofá da sala; Que Henry ficou “amua nh ”, sem falar nada;
Que HENRY reclamou de dor no joelho e ROSANGELA
perguntou até se HENRY havia machucado o pé; Que HENRY
respondeu que era pela “ban a”, mas não explicou exatamente (...);
Que HENRY falou à declarante que JAIRINHO tinha dado uma
“ban a” nele e chutado; QUE quanto ao “t a vez faz ”, a
declarante afirma que HENRY que relatou isso para ela, ou seja,
que JAIRINHO sempre fazia isso com ele; Que HENRY também
relatou à declarante que JAIRINHO falou que “não podia nta ”,
que “ le perturba a mãe dele”, que “tinha que obeceder ele”, que
“ não ia pegar el ”; (...) Que a declarante perguntou o que havia
acontecido para a cabeça estar doendo, ao que HENRY respondeu
“TIO JAIRINHO”; Que, ao sair do banho, HENRY contou à
declarante que machucou a cabeça ao cair da “ban a” que levou de
JAIRINHO; Que ao retornarem à sala após o banho, a declarante
notou um roxo em um dos joelhos de HENRY, perguntando ao
menino “o que é ”, ao que HENRY respondeu que, ao cair após
levar a “ban a”, machucou o joelho e a cabeça (...)”
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IV - A PRÁTICA DE ATO ATENTATÓRIO AO DECORO PARLAMENTAR
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processo disciplinar respectivo".2 Portanto, a quebra de decoro parlamentar configura
um tipo aberto, que congrega todo e qualquer ato de ruptura do dever de ética e
decência que deve guiar a conduta parlamentar e cuja violação enseja a sanção política
de perda do mandato.
2
BRASIL. Senado Federal. Glossário de termos legislativos.: Grupo de Trabalho Permanente de Integração da
Câmara dos Deputados com o Senado Federal, Subgrupo Glossário Legislativo, 2018. -- 1. ed. - Brasília.
Disponível aqui. p-25.
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no covarde assassínio do pequeno Henry, o que certamente não poderá passar, e não
passará, impune por esta Casa de Leis.
Isto porque o cargo de vereador exige conduta estreita e ilibada por parte
daquele que o exerce. O trabalho desempenhado nesta Casa repercute de forma
inafastável no cotidiano da cidade e depende da confiança dos cidadãos em seus lídimos
representantes para a sua legitimidade. Nessa linha de raciocínio, é inequívoco que,
independente do exaurimento do processo criminal, o Vereador Jairinho perdeu
inteiramente as condições éticas e políticas para integrar esta Casa de Leis.
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CONCLUSÃO
(a) O recebimento da presente representação pela Mesa Diretora desta Casa e o seu
encaminhamento à Comissão de Justiça e Redação para a análise de sua
juridicidade, nos termos do art. 9º, da Resolução nº 1.133/2009, a fim de que, em
sequência, este Conselho de Ética e Decoro Parlamentar proceda a instauração de
processo ético-disciplinar, na forma do art. 12, da Resolução nº 1.133/2009); e
(c) Protesta pela produção de todos os meios de prova admitidos, em especial pela
produção de provas testemunhal e documental complementar.
Vereador ZICO
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