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A primeira noção importante para compreender um lme é a forma como as imagens e os O que é cinema?
sons estão organizados dentro do todo. Quando os primeiros lmes foram produzidos, tanto
os irmãos Lumiére, na França, quanto Thomas Edison, nos Estados Unidos, utilizaram a A turma e a importância do
trabalho coletivo
linguagem cinematográ ca em seu nível mais simples.
Chamamos de TOMADA (em inglês, “TAKE”) tudo que é registrado pela câmera desde o
momento em que ela é ligada (REC) até o momento em que ela é desligada (PAUSE ou STOP).
Chamamos de PLANO (em inglês, “SHOT”) tudo que é mostrado para o espectador de forma
contínua, isto é, como uma sucessão de imagens em movimento sem interrupção de qualquer
tipo.
* Cada vez que um plano é repetido, dizemos que trata-se de uma nova tomada. Isso ca
registrado na claquete da seguinte forma: Plano 27 / Tomada 1; Plano 27 / Tomada 2; Plano 27
/ Tomada 3…; e as repetições acontecem até que o plano esteja corretamente lmado (na
opinião do diretor).
Chamamos de CENA (em inglês, “SCENE”), um conjunto de planos que acontecem no mesmo
lugar e no mesmo momento.
Chamamos de FILME um espetáculo de imagens em movimento (mais tarde acompanhadas
por som), formado por uma ou mais cenas, que tem começo, meio e m, e “mostra” alguma
coisa acontecendo numa sucessão temporal.
Nos lmes dos irmãos Lumiére, essas quatro noções se fundem. O FILME se constitui de uma
única CENA, formada por um único PLANO, que é exatamente a TOMADA registrada pela
câmera.
(2) lmar (apenas uma vez) a chegada do trem na estação, com o operário recebendo o amigo.
ATENÇÃO – não é preciso lmar nessa ordem! Você poderia começar lmando a estação, e
depois lmar a fábrica.
(3) juntar (com durex, por exemplo) as duas tomadas, colocando antes a saída da fábrica e
depois a chegada do trem.
(4) projetar o resultado como um lme único, que conta a história de um operário que sai da
fábrica e vai receber um amigo que está chegando de trem na estação.
Na sua produção, temos DUAS TOMADAS, que são utilizadas inteiras como os DOIS PLANOS (e
também as DUAS CENAS) de UM FILME. A articulação entre os dois planos é feita pelo CORTE.
Pronto: você acaba de criar a MONTAGEM CINEMATOGRÁFICA, pela manipulação de dois
planos diferentes, unidos pelo corte, que agora constituem uma única narrativa.
Agora imagine que você, ao ver o lme, percebe que o começo da tomada da fábrica tem um
defeito qualquer (o operário demora a abrir a porta e sair, por exemplo). O mesmo acontece
com a tomada do trem (o operário e o amigo já estão juntos, apertam as mãos e nada mais de
interessante acontece; tá chato). O que você pode fazer para tornar seu lme mais
interessante? Continuar montando.
Você pega a tomada da fábrica e retira (corta fora) os cinco primeiros segundos. Você pega a
tomada da estação e retira os últimos cinco segundos. Assiste de novo ao lme. Ficou melhor!
Mas agora você percebe que também pode melhorar o nal da tomada da fábrica e o começo
da tomada da estação. Novos cortes. O durex (ou a ilha de edição) volta a funcionar. Pronto:
você acaba de criar a manipulação do ritmo cinematográ co, uma das principais tarefas da
montagem. E, no nal das contas, você acaba de criar também os rudimentos da linguagem
cinematográ ca.
PLANO – é tudo que está entre dois cortes. Previsto no roteiro, adquire sua constituição nal
na montagem.
TOMADA – é tudo que a câmera registra, desde o momento em que é ligada até o momento
em que é desligada. É uma noção de lmagem. Um mesmo plano pode ser lmado várias
vezes, gerando, assim, várias tomadas.
CENA – conjunto de planos que acontecem no mesmo lugar. Sempre que a ação muda de
lugar, troca a cena.
Poderíamos dizer, por exemplo, que o seu lme tem duas cenas (a cena da fábrica e a cena da
estação), mas uma única sequencia (a sequencia em que o operário sai da fábrica e recebe
seu amigo na estação).