Para Vygotsky, o professor é figura essencial do saber por representar um elo intermediário entre o
aluno e o conhecimento disponível no ambiente "O aprendizado adequadamente organizado resulta
em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de
outra forma, seriam impossíveis de acontecer."
Lev Vygotsky no livro A Formação Social da Mente: O Desenvolvimento dos Processos
Psicológicos Superiores
Para gerar desenvolvimento, que o aprendizado precisa ser organizado - pelo professor, por
exemplo, que na interação com os alunos tem o conhecimento específico para mediar o acesso a
diferentes saberes. Os estudantes, por sua vez, devem construir suas próprias ideias baseados no que
foi trabalhado em aula com os colegas e o docente.
De acordo com a teoria sociocultural de Vygotsky, as interações são a base para que o indivíduo
consiga compreender (por meio da internalização) as representações mentais de seu grupo social -
aprendendo, portanto. A construção do conhecimento ocorre primeiro no plano externo e social
(com outras pessoas) para depois ocorrer no plano interno e individual. Nesse processo, a sociedade
e, principalmente, seus integrantes mais experientes (adultos, em geral, e professores, em particular)
são parte fundamental para a estruturação de que e como aprender.
Aprendizagem mediada
Elaborador: Lev Vygotsky (1896-1934)
É a aquisição de conhecimentos realizada por meio de um elo intermediário entre o ser humano e o
ambiente. Para Vygotsky, há dois tipos de elementos mediadores: os instrumentos e os signos -
representações mentais que substituem objetos do mundo real. Segundo ele, o desenvolvimento
dessas representações se dá sobretudo pelas interações, que levam ao aprendizado.
BIBLIOGRAFIA
A Formação Social da Mente: O Desenvolvimento dos Processos Psicológicos Superiores, Lev
Vygotsky, 224 págs., Ed. Martins Fontes, tel. (11) 3116-0000 (edição esgotada)
O Pensamento de Vygotsky e Bakhtin no Brasil, Maria Teresa de Assunção Freitas, 192 págs., Ed.
Papirus, tel. (19) 3272-4500 (edição esgotada)
Vygotsky: Aprendizado e Desenvolvimento, um Processo Sócio-Histórico, Marta Kohl de Oliveira,
112 págs., Ed. Scipione, tel. 0800-161-700, 30,90 reais
https://novaescola.org.br/conteudo/274/vygotsky-e-o-conceito-de-aprendizagem-mediada
Lev Vygotsky, o teórico do ensino como processo social
A obra do psicólogo ressalta o papel da escola no desenvolvimento mental das crianças e é uma das
mais estudadas pela pedagogia contemporânea
Vygotsky atribuía um papel preponderante às relações sociais nesse processo, tanto que a corrente
pedagógica que se originou de seu pensamento é chamada de socioconstrutivismo ou
sociointeracionismo.
Surge da ênfase no social uma oposição teórica em relação ao biólogo suíço Jean Piaget (1896-
1980), que também se dedicou ao tema da evolução da capacidade de aquisição de conhecimento
pelo ser humano e chegou a conclusões que atribuem bem mais importância aos processos internos
do que aos interpessoais. Vygotsky, que, embora discordasse de Piaget, admirava seu trabalho,
publicou críticas ao suíço em 1932. Piaget só tomaria contato com elas nos anos 1960 e lamentou
não ter podido conhecer Vygotsky em vida.
Os estudos de Vygotsky sobre aprendizado decorrem da compreensão do homem como um ser que
se forma em contato com a sociedade. "Na ausência do outro, o homem não se constrói homem",
escreveu o psicólogo. Ele rejeitava tanto as teorias inatistas, segundo as quais o ser humano já
carrega ao nascer as características que desenvolverá ao longo da vida, quanto as empiristas e
comportamentais, que vêem o ser humano como um produto dos estímulos externos. Para
Vygotsky, a formação se dá numa relação dialética entre o sujeito e a sociedade a seu redor - ou
seja, o homem modifica o ambiente e o ambiente modifica o homem. Essa relação não é passível de
muita generalização; o que interessa para a teoria de Vygotsky é a interação que cada pessoa
estabelece com determinado ambiente, a chamada experiência pessoalmente significativa.
O papel do adulto
Todo aprendizado é necessariamente mediado - e isso torna o papel do ensino e do professor mais
ativo e determinante do que o previsto por Piaget e outros pensadores da educação, para quem cabe
à escola facilitar um processo que só pode ser conduzido pelo própria aluno. Segundo Vygotsky, ao
contrário, o primeiro contato da criança com novas atividades, habilidades ou informações deve ter
a participação de um adulto. Ao internalizar um procedimento, a criança "se apropria" dele,
tornando-o voluntário e independente.
Como Piaget, Vygotsky não formulou uma teoria pedagógica, embora o pensamento do psicólogo
bielo-russo, com sua ênfase no aprendizado, ressalte a importância da instituição escolar na
formação do conhecimento. Para ele, a intervenção pedagógica provoca avanços que não
ocorreriam espontaneamente. Ao formular o conceito de zona proximal, Vygotsky mostrou que o
bom ensino é aquele que estimula a criança a atingir um nível de compreensão e habilidade que
ainda não domina completamente, "puxando" dela um novo conhecimento. "Ensinar o que a criança
já sabe desmotiva o aluno e ir além de sua capacidade é inútil", diz Teresa Rego. O psicólogo
considerava ainda que todo aprendizado amplia o universo mental do aluno. O ensino de um novo
conteúdo não se resume à aquisição de uma habilidade ou de um conjunto de informações, mas
amplia as estruturas cognitivas da criança. Assim, por exemplo, com o domínio da escrita, o aluno
adquire também capacidades de reflexão e controle do próprio funcionamento psicológico.
Biografia
Lev Semenovitch Vygotsky nasceu em 1896 em Orsha, pequena cidade perto de Minsk, a capital da
Bielo-Rússia, região então dominada pela Rússia (e que só se tornou independente em 1991, com a
desintegração da União Soviética, adotando o nome de Belarus). Seus pais eram de uma família
judaica culta e com boas condições econômicas, o que permitiu a Vygotsky uma formação sólida
desde criança. Ele teve um tutor particular até entrar no curso secundário e se dedicou desde cedo a
muitas leituras. Aos 18 anos, matriculou-se no curso de medicina em Moscou, mas acabou cursando
a faculdade de direito. Formado, voltou a Gomel, na Bielo-Rússia, em 1917, ano da revolução
bolchevique, que ele apoiou. Lecionou literatura, estética e história da arte e fundou um laboratório
de psicologia - área em que rapidamente ganhou destaque, graças a sua cultura enciclopédica, seu
pensamento inovador e sua intensa atividade, tendo produzido mais de 200 trabalhos científicos.
Em 1925, já sofrendo da tuberculose que o mataria em 1934, publicou A Psicologia da Arte, um
estudo sobre Hamlet, de William Shakespeare, cuja origem é sua tese de mestrado.
A Formação Social da Mente, Lev S. Vygotsky, 224 págs., Ed. Martins Fontes, tel. (11) 3241-3677,
39,80 reais
Vygotsky - Aprendizado e Desenvolvimento, Marta Kohl de Oliveira, 112 págs., Ed. Scipione, tel.
0800-161-700, 37,90 reais
Vygotsky - Uma Perspectiva Histórico-Cultural da Educação, Teresa Cristina Rego, 140 págs., Ed.
Vozes, tel. (24) 2246-5552, 20 reais
Vygotsky - Uma Síntese, René van der Veer e Jaan Valsiner, 480 págs., Ed. Loyola, tel. (11) 6914-
1922, 70,70 reais
https://novaescola.org.br/conteudo/382/lev-vygotsky-o-teorico-do-ensino-como-processo-social
A gênese da inteligência, para Wallon, é genética e organicamente social, ou seja, “O ser humano é
organicamente social, e sua estrutura orgânica supõe a intervenção da cultura para se atualizar”
(Dantas, 1992). Nesse sentido, a teoria do desenvolvimento cognitivo de Wallon é centrada na
psicogênese da pessoa completa.
Wallon realiza um estudo que é centrado na criança contextualizada, em que o ritmo no qual se
sucedem as etapas do desenvolvimento é descontínuo, marcado por rupturas, retrocessos e
reviravoltas, provocando, em cada etapa, profundas mudanças nas anteriores.
Nesse sentido, a passagem dos estágios de desenvolvimento não se dá linearmente, por ampliação,
mas por reformulação, instalando-se, no momento da passagem de uma etapa a outra, crises que
afetam a conduta da criança.
Conflitos se instalam nesse processo e são de origem exógena, quando resultantes dos desencontros
entre as ações da criança e o ambiente exterior, estruturado pelos adultos e pela cultura; e
endógenas, quando gerados pelos efeitos da maturação nervosa (Galvão, 1995). Esses conflitos são
propulsores do desenvolvimento.
Os cinco estágios de desenvolvimento do ser humano, apresentados por Galvão (1995), sucedem-se
em fases com predominância afetiva e cognitiva:
1. Impulsivo-emocional, que ocorre no primeiro ano de vida. A predominância da afetividade
orienta as primeiras reações do bebê às pessoas, as quais intermedeiam sua relação com o mundo
físico.
2. Sensório-motor e projetivo, que vai até os três anos. A aquisição da marcha e da prensão dá à
criança maior autonomia na manipulação de objetos e na exploração dos espaços. Também, nesse
estágio, ocorre o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem. O termo projetivo refere-se
ao fato de a ação do pensamento precisar dos gestos para se exteriorizar. O ato mental “projeta-se”
em atos motores. Como diz Dantas (1992), para Wallon o ato mental se desenvolve a partir do ato
motor.
3. Personalismo, ocorre dos três aos seis anos. Nesse estágio, desenvolve-se a construção da
consciência de si, mediante as interações sociais, reorientando o interesse das crianças pelas
pessoas.
Wallon nos deixou uma nova concepção da motricidade, da emotividade, da inteligência humana e,
sobretudo, de uma maneira original de pensar a Psicologia Infantil e reformular os seus problemas.
Psicologia Genética
A Psicologia Genética estuda os processos psíquicos em sua origem, parte da análise dos processos
primeiros e mais simples, pelos quais cronologicamente passa o sujeito. Para Wallon, essa é a única
forma de não dissolver em elementos separados e abstratos a totalidade da vida psíquica.
Considera que não é possível selecionar um único aspecto do ser humano e vê o desenvolvimento
nos vários campos funcionais nos quais se distribui a atividade infantil (afetivo, motor e cognitivo).
Para Wallon, o estudo do desenvolvimento humano deve considerar o sujeito como “geneticamente
social” e estudar a criança contextualizada nas relações com o meio. Ele recorreu a outros campos
de conhecimento para aprofundar a explicação dos fatores de desenvolvimento (Neurologia,
Psicopatologia, Antropologia, Psicologia Animal).
Segundo Henri Wallon, a atividade do homem é inconcebível sem o meio social; porém as
sociedades não poderiam existir sem indivíduos que possuíssem aptidões como a da linguagem, que
pressupõe uma conformação determinada do cérebro, haja vista que certas perturbações de sua
integridade privam o indivíduo da palavra. Vemos então que, para ele, não é possível dissociar o
biológico do social no homem. Esta é uma das características básicas da sua Teoria do
Desenvolvimento.
De acordo com Dantas (1992), Wallon concebe o homem como sendo genética e organicamente
social e a sua existência se realiza entre as exigências da sociedade e as do organismo.
Com a psicanálise de Freud, manteve uma atitude de interesse e, ao mesmo tempo, de reserva.
Embora com formação similar (Neurologia e Medicina), ambos tinham uma prática de atuação que
os levou a caminhos distintos. Freud abandonando a Neurologia para dedicar-se à terapia das
neuroses, e Wallon mantendo-se ligado a esta, devido ao seu trabalho com crianças com distúrbios
de comportamento.
O método adotado por Wallon é o da observação pura. Considera que esta metodologia permite
conhecer a criança em seu contexto: “Só podemos entender as atitudes da criança se entendermos a
trama do ambiente no qual está inserida”.
https://www.construirnoticias.com.br/a-abordagem-de-henri-wallon/