Este resumo aborda uma pequena parte da matéria dada no 12º ano.
Quando aparece a referência ao manual, o manual em questão é o: “Outras expressões 12”
da Porto Editora.
Se encontrarem algum erro ou tiverem alguma dúvida, sinalizem através dos comentários .
Boa sorte para os exames <3 ”
Português 12º
1. Fernando Pessoa:
a. Dados Biográficos (com base no doc.1):
Fernando Pessoa viveu nos séculos XIX e XX (tendo nascido em 1888 e falecido em 1935).
Viveu maioritariamente em Lisboa, contudo, em 1896 foi para a África do Sul devido ao 2º casamento da mãe,
tendo vivido em Durban e na Cidade do Cabo, voltando 9 anos depois para Lisboa.
Apesar de ter tido um ínicio de infância feliz, esta é marcada por acontecimentos trágicos: a morte do pai
devido à tuberculose, a convivência com uma avó doente mental e a morte do seu irmão.
O seu aproveitamento escolar foi brilhante enquanto criança e adolescente, tendo sido um aluno com ótimas
notas e recebido vários prémios. Contudo, o seu percurso universitário foi curto, tenho perdido o interesse no
curso de Letras e desistido do mesmo no 1º ano.
Devido à sua infância trágica, as suas características temperamentais são: isolado, com ataques de
depressão, triste, insatisfeito, instável, imaginativo, tendo um desencanto pela vida.
A sua atividade profissional baseia-se nas traduções ligadas ao comércio de inglês e francês, mais tarde
também participou em várias revistas.
Já a sua atividade literária é muito extensa, tendo deixado milhares de textos, desde a poesia à prosa, e
participou, inclusive, em revistas literárias. Foi um escritor compulsivo. A grande parte das suas obras não
foram publicadas quando se encontrava vivo, à exceção de “Mensagem”, publicado em 1934, um ano antes da
sua morte.
A originalidade de Fernando Pessoa, enquanto escritor, reside na criação de heterônimos com personalidades
e obras próprias.
A sua vida sentimental não foi extensa, sendo conhecida a sua relação com Ofélia Queirós, alimentada através
de cartas e bilhetes (uma relação à antiga) durante 10 anos, até que rompeu com Ofélia sem explicação.
A forma como Portugal reagiu à sua morte tem dois momentos distintos. O primeiro, quando após a sua morte
apenas 50 pessoas se apresentaram no funeral e a notícia foi pouco divulgada, mostrando a falta de
valorização do poeta na época. O segundo, 50 anos depois do seu falecimento, quando transladaram o seu
corpo para perto de Vasco da Gama e Camões e foi lhe dado o devido reconhecimento, tendo sido feitas
várias homenagens: “o maior poeta do século XX”.
b. Contexto em que surge a obra de Fernando Pessoa (pág. 25 e 26 do manual):
- Contexto sociopolítico (ínicio do séc. XX, anos 20 e 30):
Foi um período conturbado de guerras (1ª guerra mundial e preparação da 2º), de
conflitos armados e em que surgiram vários regimes autoritários → linhas 54 a 56.
- Modernismo Português:
Está ligado à literatura e às artes plásticas.
É representado, entre outros, por Fernando Pessoa, Almada Negreiros, Amadeo de Souza-
Cardoso e Mário Sá Carneiro.
Este movimento deu-se a conhecer através de revistas literárias, entre elas, a revista Orpheu
, que teve dois únicos números, publicados em 1915 → linhas 9-19.
O modernismo Português procurou, assim, agitar e transformar o ambiente cultural
estagnado que existia no nosso país.
Tema: A dor que sente por ser consciente e constata que o conhecimento e a reflexão têm um peso mt
grande na sua vida.
Bom servo
das leis
fatais
Que regem
pedras e
gentes,
Que tens
instintos
gerais
E sentes
só o que
sentes.
És feliz
porque és
assim,
Todo o
nada que
és é teu.
Eu vejo-
me e estou
sem mim,
Conheço-
me e não
sou eu.
Fim do sonho
Mas já sonhada se
desvirtua,
Só de pensá-la
cansou pensar;
Sob os palmares, à
luz da lua,
Sente-se o frio de
haver luar
Ah, nesta terra
também, também
O mal não cessa,
não dura o bem.
Conclusão
Não é com ilhas do
fim do mundo,
Nem com
palmares de sonho
ou não,
Que cura a alma
seu mal profundo,
Que o bem nos
entra no coração.
É em nós que é
tudo. É ali, ali,
Que a vida é jovem
e o amor sorri.
Bem sei que há ilha ao sul de tudo → doc. do caderno→ exame 2019/1ª fase
E assim nas
calhas de roda
Gira, a
entreter a
razão,
Esse comboio
de corda
Que se chama
coração.
Dor fingida →
vv 2,3
Dor real → vv 4
Dor lida → vv
6,7,8
D. Heterónimo:
IX - Sou um guardador de rebanhos. Poesia: sensacionista; deambulatória (o pastor anda de um lado para o outro)
Sou um guardador de e bucólica (concentrada na natureza).
rebanhos.
3 metáforas: 1ª Metáfora: identifica-se com um pastor // 2ª Metáfora:
O rebanho é os meus compara o rebanho a pensamentos // 3ª Metáfora: compara os pensamentos a
pensamentos sensações → só conhece a realidade com as sensações
E os meus pensamentos
são todos sensações. Começa por referir os sentidos + importantes para o conhecimento do mundo → são
Penso com os olhos e com hierarquicamente apresentadas
os ouvidos
Pensa com os diferentes sentidos (não reflete) → enumeração dos vários órgãos
E com as mãos e os pés
(valorizar os 5 sentidos) associada à repetição anafórica, ligada a uma escrita simples.
E com o nariz e a boca. → reforçam a valorização das sensações como fonte de saber
Pensar uma flor é vê-la e Utiliza exemplos da natureza, de forma a mostrar que usa os sentidos, ou seja,
conhece a flor, o fruto e a erva, através apenas dos sentidos.
cheirá-la
E comer um fruto é saber- Está a ter consciência de que está contente, então fica triste porque não quer
lhe o sentido. pensar.
Quer uma integração total na Natureza, através das sensações táteis → Há a
Por isso quando num dia afirmação do sensacionismo como única forma de conhecimento autêntico e
de calor como fonte de felicidade. É através do corpo e do seu contacto direto com a
realidade q pudemos aceder à verdade, sem qlqr interferência do pensamento.
Me sinto triste de gozá-lo
tanto,
E me deito ao comprido
na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo
deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.
→ não pensado mas sentindo
II-O meu olhar é nítido como um girassol. Sugere que vê tudo com grande
O meu olhar é nítido como um girassol. Amar é a eterna claridade → noção sensacionista
inocência,
Tenho o costume de andar pelas estradas E a única Só quando os sentidos não
inocência é não pensar... funcionam é que somos obrigados a
Olhando para a direita e para a esquerda, pensar
E de vez em quando olhando para trás...
Caracteristicas formais:
E o que vejo a cada momento +Linguagem simples e objetiva
É aquilo que nunca antes eu tinha visto, +Liberdade estrófica e métrica
E eu sei dar por isso muito bem... +Versos brancos/soltos = sem rima
Sei ter o pasmo essencial +Comparações para concretrizar
ideias abstratas
Que tem uma criança se, ao nascer, +Predomínio da coordenação
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento Caracteristicas presentes:
Para a eterna novidade do Mundo... → poesia sensacionista/poeta
observador:
-olha para todas as direções, em
Creio no Mundo como num malmequer, todos os momentos
Porque o vejo. Mas não penso nele → acredita no mundo -campo lexical relacionado com a
Porque pensar é não compreender... visão = do olhar = olhando,vejo
→ Poeta deambulante
O Mundo não se fez para pensarmos nele
→ Poeta da Natureza: descobre
(Pensar é estar doente dos olhos) sempre as coisas novas e diferentes
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo… que provocam a sua admiração →
Poeta Bucólico
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos... → Poeta anti-metafísico = recusa o
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é, pensamento porque trata a
realidade através dos sentidos.
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia, Um dia deu-me o sono como a qualquer
Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha criança.
Fechei os olhos e dormi.
biografia, Além disso, fui o único
Não há nada mais simples. poeta da Natureza.
Tem só duas datas—a da minha nascença e a da minha
morte. O resto foi tudo simples, logo é como se fosse
dono da sua vida
Entre uma e outra coisa todos os dias são meus.
Toda a vida esteve permanentemente a ver
Sou fácil de definir. → Características que considera essenciais → conselhos que dá:
→
Sem criar afetividade, sem pensar nelas
Vi como um danado.
Amei as coisas sem sentimentalidade nenhuma.
Logo foi sempre feliz
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque
nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um A importância das sensações e a sua felicidade
acompanhamento de ver.
Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes O poeta que recusa o pensamento - poeta
umas das outras; Antimetafísico //O pensamento deturpa a realidade
Compreendi isto com os olhos, nunca com o
pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las
todas iguais.
Gira
ssóis
sem
pre
Fita
ndo
o
Sol,
Da
vida
irem
os
Tran
quil
os,
tend
o
Nem
o
rem
orso
De
ter
vivid
o.
Eh-lá grandes desastres de comboios! Ah não ser eu toda a gente e toda a parte!
Eh-lá desabamentos de galerias de minas!
Eh-lá naufrágios deliciosos dos grandes
transatlânticos!
Eh-lá-hô revoluções aqui, ali, acolá,
Alterações de constituições, guerras,
tratados, invasões,
Ruído, injustiças, violências, e talvez para
breve o fim,
A grande invasão dos bárbaros amarelos
pela Europa,
E outro Sol no novo Horizonte!
Não me venham com conclusões! Titulo → ele vai voltar a Lisboa, onde já esteve
A única conclusão é morrer. → inglês = esteve no estrangeiro
O único viajante com verdadeira alma que conheci era um garoto de escritório que havia numa outra casa, onde
em tempos fui empregado. Este rapazito coleccionava folhetos de propaganda de cidades, países e companhias de
transportes; tinha mapas — uns arrancados de periódicos, outros que pedia aqui e ali —; tinha, recortadas de jornais
e revistas, ilustrações de paisagens, gravuras de costumes exóticos, retratos de barcos e navios. Ia às agências de
turismo, em nome de um escritório hipotético, ou talvez em nome de qualquer escritório existente, possivelmente o
próprio onde estava, e pedia folhetos sobre viagens para a Itália, folhetos de viagens para a Índia, folhetos dando as
ligações entre Portugal e a Austrália.
Não só era o maior viajante, porque o mais verdadeiro, que tenho conhecido: era também uma das pessoas mais
felizes que me tem sido dado encontrar. Tenho pena de não saber o que é feito dele, ou, na verdade, suponho somente
que deveria ter pena; na realidade não a tenho, pois hoje, que passaram dez anos, ou mais, sobre o breve tempo em
que o conheci, deve ser homem, estúpido, cumpridor dos seus deveres, casado talvez, sustentáculo social de
qualquer — morto, enfim, em sua mesma vida. É até capaz de ter viajado com o corpo, ele que tão bem viajava com
a alma.
Recordo-me de repente: ele sabia exactamente por que vias férreas se ia de Paris a Bucareste, por que vias férreas
se percorria a Inglaterra, e, através das pronúncias erradas dos nomes estranhos, havia a certeza aureolada da sua
grandeza de alma. Hoje, sim, deve ter existido para morto, mas talvez um dia, em velho, se lembre, como é não só
melhor, senão mais verdadeiro, o sonhar com Bordéus do que desembarcar em Bordéus.
E, daí, talvez isto tudo tivesse outra explicação qualquer, e ele estivesse somente imitando alguém. Ou... Sim,
julgo às vezes, considerando a diferença hedionda entre a inteligência das crianças e a estupidez dos adultos, que
somos acompanhados na infância por um espírito da guarda, que nos empresta a própria inteligência astral, e que
depois, talvez com pena, mas por uma lei alta, nos abandona, como as mães animais às crias crescidas, ao cevado
que é o nosso destino.
E. A Mensagem:
I. Aspetos temáticos a abordar:
A. o imaginário épico
B. a exaltação patriótica
C. a natureza épico-lírica da obra
D. a dimensão simbólica do herói
E. a estrutura da obra
F. o Sebastianismo
II. O Imaginário épico e a natureza épico-lírica:
“Mensagem” tem características épicas porque apresenta heróis da nossa
história e os seus feitos grandiosos.
No entanto, esta obra tem uma natureza épico-lírica. Os fatos históricos são
interiorizados pelo sujeito poético e são apresentados de forma subjetiva,
recorrendo a imagens simbólicas.
Mais importantes do que os fatos históricos, são a alma de Portugal e a
missão que o pais tem de cumprir (o 5º império)
III. A Estrutura da Obra → A obra “Mensagem” tem três Partes:
A. Brasão:
Contêm 19 poemas que evocam os construtores do império, os que
fizeram com que Portugal se ergue-se como nação independente. (Exemplos: “Dom Dinis”
e “Dom Sebastião, Rei de Portugal”)
Poemas dados:
- Os Campos → “O dos Castelos”
- Os castelos → “Ulisses”:
O mito é o nada que é tudo. Assim 1ª Estrofe → o mito não existe; o mito conta uma
a lenda se escorre história que explica a realidade.
O mesmo sol que abre os céus A
entrar na realidade, 2ª Estrofe → exemplo que comprova a tese:
É um mito brilhante e mudo — Ea - o sujeito poético está em Portugal
fecundá-la decorre. - Ulisse é um mito, MAS torna-se realidade
O corpo morto de Deus, Em - Ulisses em Lisboa
baixo, a vida, metade 3ª Estrofe → conclusão: a vida é incompleta, a vida
Vivo e desnudo. De morre, logo o que a torna mais perfeita é a lenda, que
nada, morre. vem de um plano superior. Ou seja, os mitos tornam a
vida mais perfeita e mais completa.
Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.
Questões:
1. Identifica a tese com que se inicia o poema e explica o paradoxo que contém:
A tese é “o mito é o nada que é tudo”.
Nesta tese, há um paradoxo, uma vez que, por um lado, sr afirma que o mito é “nada” (não tem uma existência
real) mas, por outro lado, diz-se que é tudo: ele é muito importante porque permite explicar a realidade e é
como uma luz que clarifica (“O sol que abre os céus”, “mito brilhante”).
2. Mostra que a segunda estrofe evidencia a origem mítica de Portugal.
Nesta estrofe refere-se o mito de Ulisses. Este, apesar de não ter uma existência real, apesar de ser lendário
(“Não ser”, “Sem existir” e “Não ter vindo”) estará na origem da cidade de Lisboa (“nos criou”).
Segundo a lenda, Ulisses, quando regressava a Ítaca depois da vitória na guerra de Tróia, perdeu-se no
Mediterrâneo e, após uma viagem cheia de atribulações no mar, chegou aos estuário do Tejo, onde fundou
Lisboa.
Assim se explica a vocação marítima dos portugueses, isto é, Ulisses, com o seu exemplo de navegador, terá
inspirado o povo português a explorar os mares.
3. Explica a utilização do presente e do pretérito perfeito do indicativo.
O presente demonstra a permanência do mito e explica as suas características.
O pretérito perfeito refere-se à história de Ulisses num passado distante.
4. Com base na última estrofe, comenta a relação que se estabelece entre mito e realidade.
2ª Estrofe:
- o inicio da literatura em Portugal = o Rei Inovador
- a literatura vai-se desenvolvendo, ou seja, vai ao encontro do ocêano → depois vêm os temas ligados ao mar, aos
descobrimentos
- volta-se a falar do barulhos dos pinhais (que já tinham aparecido na 1ª estrofe) -> a fala dos pinheiros lembra
o mar
- no presente a economia é baseada na Terra
- no futuro o ciclo da Terra mudará para o ciclo do Mar → D. Dinis como profeta
D. Sebastião, Rei de Está na 1ª pessoa → o suj. poético pensa o mesmo que D. Sebastião,
Portugal sendo que quem fala e diz o que sente é D. Sebastião
Louco, sim, louco, - Começa por auto caracterizar-se → é louco porque é ambicioso, a
porque quis grandeza sorte não lhe dá grandeza → é Rei de um país pequenino, então queria
Qual a Sorte a não dá. um país maior
Não coube em mim - Consequências da sua loucura e ambição exagerada = vai morrer no
minha certeza; areal de África → pretérito perfeito
Por isso onde o areal está - MAS não morreu o sonho que tinha → o que há são os seus sonhos
Ficou meu ser que
que se mantêm
houve, não o que há.
- Faz um pedido: que os outros tomem a sua loucura, ou seja, que
Minha loucura, outros ponham em prática os seus sonhos.
que me a tomem - O suj. poético quer que o leitor faça uma reflexão, entãousa a
Com o que nela ia. pergunta retórica de forma a evidenciar a importância da loucura
Sem a loucura que é o e dos sonhos = a nossa vida não tem sentido sem a loucura /
homem sonhos / ambições, não somos mais do que um animal que
Mais que a besta sadia, procria.
Cadáver adiado que
procria?
Resumindo:
● Na primeira estrofe, temos a autocaracterização do sujeito poético (D. Sebastião) que se apresenta como
um louco. Essa loucura é motivada pela insatisfação com que o destino lhe reserva e pelo desejo de
grandeza (versos 1-3). A morte e a destruição física no areal de Alcácer Quibir são a consequência do
espírito sonhador de D. Sebastião (versos 4 e 5).
● Na segunda estrofe, temos o elogio da loucura e o apelo a que outros tomem os seus ideais, uma vez que
eles não morrem (conjuntivo com valor de imperativo - versos 6 e 7). O poema termina com uma reflexão
(pergunta retórica) onde há uma crítica à passividade dos homens, a uma vida sem sonhos, tão
semelhante à dos animais.
● Articulação entre o presente e o passado:
○ O pretérito perfeito (“quis”, “coube”, “ficou” e “houve”) ou o pretérito imperfeito (“ía”) mostram a
dimensão real e histórica do Rei que morrem em Alcácer Quibir.
○ O presente do indicativo (“há”, “dá” e “é”) mostra a dimensão mítica do Rei, a permanência dos
seus sonhos e a reflexão intemporal sobre a “loucura” humana.
B. Mar Português:
Contém 12 poemas inspirados pelo desejo da descoberta do
desconhecido e do esforço da conquista do mar.
O poeta recorda o sonho dos descobrimentos e as tormentas e
glórias a eles associados. (Exemplo: “o Infante”, “o Mostrengo” e
“Mar Português”)
O INFANTE Justificação da sua posição na obra: é o 1º da segunda parte, porque
Deus quer, o homem fala sobre o Infante D. Henrique que foi o primeiro impulsionador dos
sonha, a obra nasce. Descobrimentos.
Deus quis que a terra
fosse toda uma, 1ª Estrofe
Que o mar unisse, já - tripartido: com relação de causalidade
não separasse. 1. um desejo de Deus
Sagrou-te, e foste 2. o sonho do Homem
desvendando a 3. concretização (o nascimento da obra)
espuma.
- Explicita-se o Desejo de Deus: a unificação da Terra através da
E a orla branca foi de
conquista do Mar.
ilha em continente, - O Infante tem um carater mítico e sagrado, sendo o homem escolhido por
Clareou, correndo, até Deus para descobrir/desvendar os mares → nascimento da obra
ao fim do mundo, - Há uma proximidade com o Infante do tratamento por tu
E viu-se a terra inteira,
de repente,
Surgir, redonda, do
azul profundo.
2ª Estrofe
- Os descobrimentos foram graduais:
1. verbos no gerundio
2. ir em vários tempos diferentes (verbo de movimento)
3. gradação (começa por conhecer pouco e acaba a conhecer tudo)
- sensações visuais ( cor, movimento e a forma da Terra) → contribuem para se conhecer as descoberta do Mar
- A concretização da obra → a descoberta dos Mares:
● descoberta gradual (gradação)
● verbos nos gerundio
● verbos de movimento
● as sensações visuais
● expressões adverbiais (de repente)
- Carater lírico:
● discurso de 1ª pessoa
● frases exclamativas
● demonstra os sentimentos do sujeito épico → ele também sente a dor dos descobrimentos
C. O Encoberto:
Contém 13 poemas e tem como figura referencial Dom Sebastião. O Sebastianismo
perdurou ao longo dos séculos da nossa história. a nação, quando o pessimismo se
instala, anseia por uma espécie de messias que venha reconstruir o sonho Português.
Há poemas que retratam o estado de decadência em que Portugal se encontra
(“Noite” e “Tormenta”) e outros que apontam para a necessidade urgente de um futuro
melhor e do Renascimento de Portugal (“Nevoeiro” e “Quinto império”).
Quinto Império 1 estrofe:
Triste de quem - Antítese → contentes com o conforto do seu lar, mas o sujeito poético
vive em casa, acha-as tristes
Contente com o - O sujeito poético explica o porquê de não serem assim tão felizes →nao
seu lar, sonham → faria as pessoas voar, mudar e a brasa teria mais brilho
Sem que um - As pessoas deviam abandonar esse conforto da casa e partir nas
sonho, no erguer asas do sonho
de asa,
Faça até mais 2 estrofe:
rubra a brasa - Mesma perspetiva da estrofe anterior = são tristes porque a “vida dura”,
Da lareira a a vida continua sem sonhos e sem ambições → ideia de passividade em
abandonar! relação à vida
- A vida é comparada à morte
Triste de quem é - Crítica ao conformismo
feliz!
Vive porque a vida 3 estrofe:
dura. - passagem do tempo, vão se somando gerações → os sonhos continuam nas
Nada na alma lhe gerações
diz - Se o mundo avança é porque as pessoas têm sonhos, há insatisfação e
Mais que a lição da ambições → e por isso há mais gerações
raiz — - Desejo\Esperanca de que acabe a passividade e o conformismo
Ter por vida a que deve ser domado pelos sonhos.
sepultura.
4 estrofe: conclusão
Eras sobre eras se - Depois de todos os impérios que houve
somem - Um passado e um presente correspondem à noite metaforicamente,
No tempo que em MAS dessa noite surge futuro como um dia:
eras vem. - Passado e presente = Crise →pais as escura, noite
Ser descontente é - Futuro = época melhor, espera-se que venha algo de positivo da
ser homem.
noite escura → dia que será claro, época mais feliz.
Que as forças
cegas se domem
Pela visão que a
alma tem!
Grécia, Roma,
Cristandade,
Europa — os
quatro se vão
Para onde vai toda
idade.
Quem vem viver a
verdade
Que morreu D.
Sebastião?
5ª Estrofe:
- 4 impérios importantes, materialistas e que já acabaram
- o novo império será espiritual e ligado à cultura → baseado em valores morais, sonhos e na verdade
- os valores morais ficam mas a riqueza não
- D.Sebastião andava à procura da verdade, portanto foi a verdade que matou D. Sebastião → verdade = sonho
2. Miguel torga
a. Majestade
Passa um rei — é o Poeta. --> metáfora Capacidade criativa
Não pela força de mandar,
Mas pela graça mágica e secreta
homenagem a quem é exigido um esforço contínuo e um trabalho paciente
De imaginar.
3. Refere o recurso expressivo que, na última estrofe, contribui para essa caracterização
Na última estrofe há uma antítese que evidencia o poder do poeta e a sua grandiosidade (v. 9 e 12) que contrasta
com o facto de ele estar destinado a ser infeliz (v. 10 e 11).
b. Canção do Semeador
c. Orfeu Rebelde
Orfeu rebelde, canto como sou:
Canto como um possesso 1. Compara a rebeldia de Orfeu com a
Que na casca do tempo, a canivete, rebeldia do suj. poético
Gravasse a fúria de cada momento;
Canto, a ver se o meu canto compromete
A eternidade do meu sofrimento.
Bicho instintivo que adivinha a morte 3. Explica em que medida o “Eu” (v.8) se
No corpo dum poeta que a recusa, diferencia dos “outros” (v.7) poetas.
Canto como quem usa
Os versos em legítima defesa. 4. Justifica a tua respostas à 3.
Canto, sem perguntar à Musa
Se o canto é de terror ou de beleza.
d. Cantiga de Maldizer:
Esta menina que eu sei Fica assustada se alguém a quer namorar
É como a rosa dos ventos: →
comparação
Fica zangada pelo pai a querer fechar num convento.
Ora grita aqui-del-Rei,
Se alguém a vem namorar,
Ora maldiz os conventos A menina é indecisa e inconstante. Assim, ela pede ajuda quando
Onde o pai a quer guardar. alguém procura namorá-la, mas também não aceita ser fechada num
É um riso agradecido convento, tal como o pai pretende. Esta ideia de indecisão é também
E um pranto de se acabar. concretizada pela indefinição do fruto maduro que tem medo de ser
comido mas também receia ficar na árvore.
Parece um fruto maduro, →
comparação - Justifica o título do poema:
Do outro lado do muro, Sátira feita à menina, remetendo para a crítica presente nas cantigas de
Com medo de ser comido Maldizer medievais.
E medo de ali ficar.
Relaciona a métrica utilizada com a tradição literária portuguesa. → é a medida tradicional na poesia medieval e na poesia
popular.
Relaciona este poema com as seguintes linhas temáticas. → o poeta capta da realidade uma figura do quotidiano (uma
rapariga indecisa) e procura retratá-la.