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Fala, pessoal!

Neste vídeo, vamos estudar uma figura de linguagem chamada metáfora.

Agora, o que significa uma “figura” de linguagem?

O sentido figurado é um uso das palavras e da ordem entre elas em formas e sentidos
com uma finalidade de expressar as coisas de maneira poética ou de produzir um
discurso retórico, claro e convincente. Esse é o uso figurativo da linguagem.

Mas existem vários tipos de figura de linguagem. Um modo de classifica-las é dividi-las


em três tipos:

As figuras de sintaxe: que indica a omissão, acréscimo, repetição de uma palavra ou


expressão numa frase, ou a redução, ampliação ou alteração da ordem frasal para gerar efeitos
retóricos ou expressivos, para dar ênfase a uma ideia ou tornar mais clara a frase. Mas hoje não
entraremos no detalhe sobre isso.

Há também as Figuras sonoras que são o uso de palavras e expressões e mesmo a


modificação da ordem frasal para gerar um efeito sonoro, um ritmo, uma cadência, uma
harmonia etc

Por fim, o tipo de figura que nos interessa hoje, a figuras de sentido. As figuras de
sentido indicam justamente a alteração, o deslocamento do sentido mais geral de uma
palavra para um novo sentido, indicado pelo contexto.

Vimos no vídeo anterior com o professor Fábio, o tema dos sentidos que uma palavra
pode adquirir pelo contexto, e compreender isso vai nos ajudar muito a entender a
metáfora. Se você não viu esse vídeo, recomendo muito que você veja, basta clicar aqui
do lado ou no link que deixamos na legenda do vídeo. (deixar link com o vídeo na
imagem)

Na metáfora, o que ocorre é uma alteração ou ampliação do sentido comum de uma


palavra por meio de uma comparação. A própria palavra, “μεταφορά” de origem grega,
indica o transferir algo para outro lugar.

Essa comparação ocorre entre o sentido geral daquela palavra e o sentido de outra,
buscando entre elas um elemento comum, compartilhado.

Esse elemento comum é o que permite a comparação entre as palavras e, portanto, a


metáfora.

Então vamos ver dois exemplos para entender isso melhor isso:

Nas frases:

A bola está ao lado do pé de mesa.


Evidente que uma mesa não tem pé como uma pessoa tem. Isto é, o pé de uma pessoa
não pode ser a mesma coisa que o pé de uma mesa.

O que queremos dizer, então? Estamos evidenciando aqui uma semelhança entre essas
duas realidades.

Tanto o pé de um homem, quanto o pé de uma mesa têm uma função em relação ao


todo, a de contato com o chão e sustento do todo.
É por esse elemento comum, essa função comum no caso, que atribuímos à mesa um pé.
O detalhe é que essa metáfora está bem consolidada e é o nome comum atribuído a essa
parte da mesa.

Outro exemplo:

A notícia que o jornalista publicou é quente.

Aqui, estamos atribuindo a qualidade quente à notícia.


Mas é evidente que uma notícia não pode ser quente no sentido de quantidade de calor,
certo? Então o que estamos querendo dizer aqui? Imaginemos algo que possui essa
qualidade de calor, como, por ex., uma chama de uma vela. Percebam que em qualquer
ambiente, a chama exige atenção e cuidado, além disso, a chama é algo bastante
destacado, chamativo, tem uma certa beleza atraente.

Então, aqui já temos uma pista sobre o que queremos dizer com quente na frase inicial.
A semelhança que a comparação entre o “quente” da notícia e o “quente” comum de
uma chama possuem é justamente essa necessidade de atenção e poder de atração.

Em outras palavras, quando dizemos que uma notícia é quente, queremos dizer que é
uma notícia importante e atraente.

Com esses dois exemplos, podemos aprofundar um pouquinho mais o conceito:

Percebam que esse elemento comum entre os objetos comparados não está presente da
mesma maneira nos dois. O quente da notícia e o quente da chama existem nos dois sob
modos diferentes. No pé da mesa, a função é comparável ao pé humano, mas apenas sob
algum aspecto, já que o pé humano tem uma função orgânica, viva, muito diferente da
função que o pé da mesa tem.

DEFINIÇÃO:
A metáfora é uma:
1) Figura de sentido
2) Que amplia o significado de uma palavra pela comparação com outra,
3) Por meio de um elemento comum
4) Que não se dá sob o mesmo modo nas duas.

Agora que temos uma definição, podemos ver mais dois exemplos, dessa vez na nossa
literatura:

Vamos pegar um primeiro exemplo, uma frase da obra Memórias Póstumas de Brás
Cubas, de Machado de Assis:

Escrevia-a com a pena da galhofa e a tinta da melancolia.

Ela toma aspectos próprios da pena (leve, colorida, graciosa) e da tinta (preta, densa,
úmida) para analogar com a galhofa e a melancolia.

Numa oração d’Os Lusíadas, de Luís de Camões, temos:

E aqueles, que por obras valorosas se vão da lei da morte libertando;

Lei da morte: esquecimento.


Lei como ordem que determina como se devem dar as relações entre as pessoas

Lei da morte: efeito natural de como se dão as coisas após a morte, as pessoas que
morreram, por deixarem de agir sobre as outras, acabam esquecidas, deixam de ser
lembradas.

Agora, por que usamos a metáfora? Podem ser várias as motivações: para indicar algo
para o qual não temos um termo próprio, para tornar mais viva, mais clara uma ideia,
para tratar de maneira mais íntima, familiar uma situação, dentre outros motivos.

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