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O pioneirismo britânico

Coalbrookdale, cidade britânica considerada um dos berços da Revolução Industrial.


O Reino Unido foi pioneiro no processo da Revolução Industrial por
diversos fatores:

 Pela aplicação de uma política econômica liberal desde meados do século XVIII.


Antes da liberalização econômica, as atividades industriais e comerciais estavam
cartelizadas pelo rígido sistema de guildas, razão pela qual a entrada de novos
competidores e a inovação tecnológica eram muito limitados. Com a liberação da indústria
e do comércio ocorreu um enorme progresso tecnológico e um grande aumento da
produtividade em um curto espaço de tempo.
 O processo de enriquecimento britânico adquiriu maior impulso após a Revolução
Inglesa, que forneceu ao seu capitalismo a estabilidade que faltava para expandir os
investimentos e ampliar os lucros.
 A Grã-Bretanha firmou vários acordos comerciais vantajosos com outros países. Um
desses acordos foi o Tratado de Methuen, celebrado com a decadência
da monarquia absoluta portuguesa, em 1703, por meio do qual conseguiu taxas
preferenciais para os seus produtos no mercado português.
 A Grã-Bretanha possuía grandes reservas de ferro e de carvão mineral em seu
subsolo, principais matérias-primas utilizadas neste período. Dispunham de mão-de-
obra em abundância desde a Lei dos Cercamentos de Terras, que provocou o êxodo rural.
Os trabalhadores dirigiram-se para os centros urbanos em busca de trabalho nas
manufaturas.
 A burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar as fábricas, adquirir
matérias-primas e máquinas e contratar empregados.
Para ilustrar a relativa abundância do capital que existia na Inglaterra, pode
se constatar que a taxa de juros no final do século XVIII era de cerca de 5%
ao ano; já na China, onde praticamente não existia progresso econômico, a
taxa de juros era de cerca de 30% ao ano.
O liberalismo de Adam Smith

Adam Smith.
As novidades da Revolução Industrial trouxeram muitas dúvidas. O pensador
escocês Adam Smith procurou responder racionalmente às perguntas da
época. Seu livro A Riqueza das Nações (1776) é considerado uma das obras
fundadoras da ciência econômica. Ele dizia que o individualismo é útil para a
sociedade. Seu raciocínio era este: quando uma pessoa busca o melhor para
si, toda a sociedade é beneficiada. Exemplo: quando uma cozinheira prepara
uma deliciosa carne assada, você saberia explicar quais os motivos dela?
Será porque ama o seu patrão e quer vê-lo feliz ou porque está pensando,
em primeiro lugar, nela mesma ou no pagamento que receberá no final do
mês? De qualquer maneira, se a cozinheira pensa no salário dela, seu
individualismo será benéfico para ela e para seu patrão. E por que um
açougueiro vende uma carne muito boa para uma pessoa que nunca viu
antes? Porque deseja que ela se alimente bem ou porque está olhando para
o lucro que terá com futuras vendas? Graças ao individualismo dele o freguês
pode comprar boa carne. Do mesmo jeito, os trabalhadores pensam neles
mesmos. Trabalham bem para poder garantir seu salário e emprego.
Nesta perspectiva, portanto, é correto afirmar que os capitalistas só pensam
em seus lucros. No entanto, como para lucrar precisariam vender produtos
bons e baratos, no fim, acabaria contribuindo com a sociedade.Como o
individualismo seria bom para toda a sociedade, as pessoas deveriam viver
de modo que pudessem atender livremente a seus interesses individuais.
Para Adam Smith, o Estado é quem atrapalhava a liberdade dos indivíduos.
Para o autor escocês, "o Estado deveria intervir o mínimo possível sobre a
economia". Se as forças do mercado agissem livremente, a economia poderia
crescer com vigor. Desse modo, cada empresário faria o que bem
entendesse com seu capital, sem ter de obedecer a nenhum regulamento
criado pelo governo. Os investimentos e o comércio seriam totalmente
liberados. Sem a intervenção do Estado, o mercado funcionaria
automaticamente, como se houvesse uma "mão invisível" ajeitando tudo. Ou
seja, o capitalismo e a liberdade individual promoveriam o progresso de
forma harmoniosa.
Avanços tecnológicos

Um modelo da máquina de fiar hidráulica no Museu do Início da Industrialização,


em Wuppertal, Alemanha.
O início da Revolução Industrial está intimamente ligado a um pequeno
número de inovações,[16] a partir da segunda metade do século XVIII. Na
década de 1830, os seguintes ganhos foram obtidos em tecnologias
importantes:

 Têxteis - a fiação mecanizada de algodão alimentada por vapor ou água aumentou a


produção de um trabalhador por um fator de cerca de 500. O tear elétrico aumentou a
produção de um trabalhador em um fator de mais de 40. [17] O descaroçador de algodão
aumentou a produtividade de remover sementes de algodão por um fator de 50. [18]
[19] Grandes ganhos de produtividade também ocorreram na fiação e tecelagem de lã e
linho, mas não eram tão grandes quanto no algodão. [20]
 Máquina a vapor - a eficiência dos motores a vapor aumentou, de modo que eles
usaram entre um quinto e um décimo do combustível. A adaptação de motores a vapor
estacionários ao movimento rotativo os tornou adequados para usos industriais. [20]:82 O
motor de alta pressão tinha uma alta relação potência / peso, tornando-o adequado para o
transporte.[21] A energia do vapor sofreu uma rápida expansão após 1800.
 Fabricação de ferro - a substituição de coque por carvão reduziu bastante o custo
de combustível da produção de ferro gusa e ferro forjado.[20]:89–93 O uso de coque
também permitiu a produção de altos fornos,[22][23] resultando em economias de escala.
O motor a vapor começou a ser usado para bombear água e para propulsionar o ar de
combustão em meados da década de 1750, permitindo um grande aumento na produção
de ferro, superando a limitação da potência da água. [24] O cilindro de sopro de ferro
fundido foi usado pela primeira vez em 1760. Mais tarde foi aprimorado, tornando-o de
dupla ação, o que permitiu temperaturas mais altas do alto-forno. O processo de formação
de poças produziu um ferro de qualidade estrutural a um custo menor do que a forno de
fundição.[25] O laminador era quinze vezes mais rápido que martelar ferro forjado. O sopro
quente (1828) aumentou consideravelmente a eficiência de combustível na produção de
ferro nas décadas seguintes.
 Invenção de máquinas-ferramentas - As primeiras máquinas-ferramentas foram
inventadas. Estas incluíam o torno de corte de parafuso, a máquina de perfuração de
cilindros e a máquina de fresagem. As máquinas-ferramentas possibilitaram a fabricação
econômica de peças metálicas de precisão, embora tenham sido necessárias várias
décadas para desenvolver técnicas eficazes.[26]

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