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Leitura e Interpretação

de Desenho
5

1 3

4
2

“Aprender a desenhar é realmente uma questão de aprender


a ver - ver corretamente, o que implica muito mais que ver
apenas com os olhos.” (Kimon, 1941)
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE DESENHO

Para projetar um produto são necessários conhecimentos sobre desenho técnico.


Ele é uma forma de expressão gráfica, que tem por finalidade a representação da
forma, dimensão e posição de objetos de acordo com as diferentes necessidades
requeridas. Utilizando-se de um conjunto constituído por linhas, números, símbolos
e indicações escritas normalizadas internacionalmente, o desenho técnico é definido
como uma linguagem gráfica universal da engenharia e da arquitetura.

A execução e a interpretação da linguagem gráfica do desenho técnico exige


treinamento específico, porque são utilizadas figuras planas (bidimensionais) para
representar formas espaciais. Conhecendo-se a metodologia utilizada para
elaboração do desenho bidimensional, é possível entender e conceber mentalmente
a forma espacial representada na figura plana, isto quer dizer que, para interpretar
um desenho técnico, é necessário enxergar o que não é visível. A capacidade de
entender uma forma espacial a partir de uma figura plana é chamada visão espacial,
ou seja, ela permite o entendimento de formas espaciais, sem estar vendo
fisicamente os objetos. A habilidade de percepção das formas espaciais a partir das
figuras planas pode ser desenvolvida a partir de exercícios progressivos e
sistematizados.

Com base nisso, o objetivo deste módulo é proporcionar os conhecimentos básicos


necessários para o desenvolvimento da percepção das formas espaciais, permitindo
ler e interpretar corretamente o desenho técnico, além de proporcionar os meios
necessários para executá-lo de forma clara e precisa.
01

Material utilizado para desenho técnico

Lapiseira 0,3 e 0,5


Caneta borracha
Grafite 0,3 e 0,5 HB

Mesa de desenho
com régua paralela

Transferidor 180º

Escalímetro nº 1 (Escala Prismática)

60º

90º 30º

Esquadro 30/60º

Computador com o uso de programas


como: AutoCAD, SOLIDWORKS, SOLIDWEDGE,
CorelDRAW, RHINOCEROS, etc.
45º

90º 45º Material complementar:


gabaritos de elipse, circunferência e curva francesa.
Esquadro 45º
02

Ângulos

Ângulo é a figura geométrica formada por duas semi-retas que tenham a mesma
origem.

Na figura abaixo, a origem comum das duas semi-retas é o vértice do ângulo (O).
As semi-retas são os lados do ângulo (A e B).

0
B

No desenho geométrico, a todo momento se está aplicando os ângulos dos


esquadros. Então, tem-se de imediato ângulos de 30º, 60º, 45º e 90º. Com exceção
do ângulo de 90º, chamado ângulo reto, os demais ângulos dos esquadros são
agudos.

Comparem-se os ângulos figurados abaixo com os ângulos dos esquadros.

90º
45º 60º
30º

Pode-se obter graficamente outros ângulos, de imediato, com o uso dos esquadros,
pois é possível somar, subtrair e dividir ângulos.

Veja outros ângulos que se pode traçar com o auxílio dos esquadros.

150º 135º
120º

15º

75º
75º
15º
15º
105º 90º
105º
03

Exercícios utilizando os ângulos dos esquadros

a) Utilize a régua paralela e um dos esquadros. Conserve o mesmo afastamento


entre as linhas, medindo-as com a régua.

b) Verifique as inclinações com que foram traçadas as linhas abaixo, conservando o


mesmo afastamento e inclinação das linhas indicadas.

c) Complete o exercício, utilizando o esquadro com ângulos de 30º/60º e a régua


paralela.
04

Transferidor - Medição de ângulos

O transferidor é um instrumento que permite a construção ou a medição de ângulos


com determinada grandeza. Tem forma semicircular ou circular, e está com o arco
dividido em 180 ou 360 partes iguais chamadas "graus". Assim como os esquadros,
é preferível que seja de material transparente. Analise o transferidor de 180º, que é
o mais usado.

Escala em graus
80 100 1
700 100 90 80 10
11 70 12
6020 060 13
1
50 50 0
0
13

1 4 40
40
0

0
14

1530
1500
3

0
16200
20
160

170 180
10
170

10
180
0

A escala do transferidor é numerada da direita para a esquerda e da esquerda para a


direita, a fim de facilitar a leitura do ângulo.

Veja o desenho do transferidor e observe a linha vertical e a linha horizontal.

Linha vertical

80 100 1
700 100 90 80 10
11 70 12
6020 6
0
0 13
1
50 50 0
0
13

1 4 40
40
0

0
14

1530
30
150

0
16200
20
160

170 180
10
170

10

Linha base horizontal


180
0

Para medir um ângulo com um transferidor, faz-se assim:

Coloque o transferidor sobre o ângulo, de modo que a linha-base fique sobre um


lado do ângulo e a linha vertical encontre o vértice do mesmo ângulo.

700
80
100 90
100 1
80 10
A
11 70 12
6020 60
0
13
1
50 50 0
0
13

14 40
40
0

0
14

1530
1500
3

0
16200
20
160

170 180
10
170

B
10
180
0

Coloque a linha-base sobre o lado OB, fazendo a linha vertical encontrar o vértice O.
05

Verifique, na escala graduada do transferidor, o grau que coincide com o outro lado
do ângulo. No exemplo, verificamos que o lado OA do ângulo coincide com 45º da
escala, que vai da direita para a esquerda do transferidor.

700
80
100 90
100 1
80 10
A
11 70 12
6020 60
0
13
1
50 50 0

0
13

1 4 40
14 0
4
0

0
1530
1500
3

0
16200 10 0
20
160

170 180
10
170
180
B
0

O
Então, o ângulo AOB mede 45º.

Meça o ângulo MPN:


P
M

Repare na posição do ângulo. Para medir, inverta a folha ou o transferidor. Faça o


que for mais prático para você.

Neste exemplo meça o ângulo invertendo o transferidor. Coloque a linha-base sobre


o lado PM, fazendo a linha vertical encontrar o vértice P.
180
0

P
10
170
160
20

M
180

150
17100 0

30
140
40
1620
0

13
50
0
1530

12
0

60
0

1
40 0 7010
14 50 1
60 130 90 8000
80 70
100 110 120

Verifique na escala graduada do transferidor o grau que coincide com o lado PN do


ângulo.

Neste caso, o lado PN coincidiu com 115º na escala que vai da direita para
a esquerda.
06

Pode acontecer que os lados do ângulo a serem medidos sejam pequenos


em relação ao transferidor.

Veja o exemplo abaixo:

80 100 1
700 100 90 80 10
11 70 12
6020 60
0
13
1
50 50 0
X

0
13

1 4 40
14 0
4
0

0
15
1500
3

30
0
16200
20
160

170 180
10
170

10
180
0

0
O

Como o tamanho dos lados não altera a medida do ângulo, se forem prolongados os
seus lados, a medida do ângulo continuará a mesma. Por isso, quando não é possível
medir um ângulo com o transferidor, prolonga-se seus lados até alcançarem a escala
graduada do tranferidor. Veja o exemplo:

80 100 1
700 100 90 80 10
11 70 12
6020 60
0
13
1
50 50 0
X
0
13

14 40
40
0

0
14

1530
1500
3

0
16200
20
160

170 180
10
170

Z
10
180
0

Se você encontrou 70º, sua resposta está correta. Isto porque o prolongamento dos
lados do ângulo não alterou a sua medida.
07

Exercícios

a) Construa ângulos de acordo com o solicitado, a partir do vértice A.

A A A
ângulo 60º ângulo 30º ângulo 45º

A A
ângulo 75º ângulo 120º

ângulo 105º

b) Trace ângulos de 82º e de 135º empregando o transferidor.

ângulo 135º

ângulo 82º
08

c) Agora meça o ângulo JLM.

L
M

d) Prolongue os lados do ângulo AOB e meça com o transferidor.

O
B

e) Meça o ângulo TEL com o transferidor e escreva a resposta no traço abaixo.

L
09

f) Agora meça os ângulos, escrevendo-os nos traços abaixo.

R S T

Z
Y
10

g) Complete o desenho abaixo de acordo com o modelo apresentado. Observe que o


desenho que você vai completar é o dobro do modelo.
11

Tipo e Emprego das Linhas Convencionais

Ao analisar um desenho técnico, nota-se que ele apresenta linhas diferenciadas


em tipo e espessura. O conhecimento destas linhas é indispensável para a
execução e interpretação do desenho.

a) Linhas para arestas e contornos visíveis: são largas e de traço contínuo.

Ex.:

b) Linhas para arestas e contornos não visíveis: são largas ou estreitas e tracejadas.

Ex.:

c) Linhas de cota: são estreitas, traço contínuo e limitadas por setas nas extremidades.

25

Ex.:
20
13

50

linhas de cotas

d) Linhas auxiliares ou de extensão: são estreitas e de traço contínuo.


OBS.: Não devem tocar o contorno do desenho e prolongam-se além da última linha
de cota que limitam.
25

Ex.:
20
13

50 linhas auxiliares ou de extensão

e) Linhas de corte: são formadas por traço e ponto, estreitas, porém largas nas
extremidades e na mudança de direção.
A
. . .
.
.

.
.

. . . . . . . . . . . . . .
.
.

. . .
.

Corte AA A
12

f) Linhas de centro ou eixo de simetria: são estreitas e formadas por traços e pontos.

Ex.:

g) Linhas de ruptura curta: são estreitas, traço contínuo e sinuoso. Usadas para
indicar rupturas e cortes parciais à mão livre.

Ex.:

h) Linhas de ruptura longa: são estreitas, traço contínuo e com zigue-zague.

Ex.:

i) Linhas para hachuras: são estreitas, traço contínuo ou tracejadas e geralmente


inclinadas a 45º. Servem também para indicar o material de que a peça é feita, de
acordo com as convenções recomendadas pela ABNT.

Na representação geral de qualquer material, deve ser usada a hachura


representada pelo desenho abaixo, com a identificação do material na legenda.

HACHURA GERAL
13

Nos desenhos de conjunto, peças adjacentes devem figurar com hachuras diferindo
pela direção ou pelo espaçamento.

De acordo com a ABNT, as hachuras específicas para os materiais são as seguintes:

Líquido Elastômeros, Terra Concreto Madeira


vidro, cerâmica
e rochas

1.12 Exercícios

Desenhe os tipos de linha, conforme solicitado (observe a largura de cada linha).

Linha de contorno visível:

Linha para contorno invisível:

Linha de cota:

Linha de extensão:

Linha de corte:

Linha de centro:

Linha de ruptura curta:

Linha de ruptura longa:

Hachura para uso geral:


14

Folha Técnica

As folhas para desenho técnico obedecem a formatos pré-estabelecidos em norma,


com as denominações e dimensões constantes na tabela abaixo.

Formato Dimensões Margens Margem


dir./sup. e inf. esquerda

AO 841 x 1189 10 25

A1 594 x 841 10 25

A2 420 x 594 7 25

A3 297 x 420 7 25

A4 210 x 297 7 25
Fonte: NBR 10068

A6
A5
A4
A3

A2

A1

A0
15

A folha técnica, também conhecida como folha de engenharia, deve ter na parte
inferior uma legenda com os dados da empresa e os dados técnicos do produto,
como: escala, data, nome da empresa, desenhista, unidade de medida, referência
do produto, lista de peças, relação de materiais, descrição de modificações, etc.

Esta legenda pode ser adaptada conforme a necessidade da empresa, visto que não
existe uma regra geral para seu uso.

Dimensões da legenda: 178 x 30 mm

Legenda

Folha A4
7

25 7

Legenda
7

Folha A3
16

Exemplo de legenda:

Produto Referência

logotipo Data Escala Projetista


empresa
Material Arquivo

Dobramento de cópia para formato A3 (NBR 13142)

420

297

Legenda

130 105 185


17

Projeções

Os métodos de representação de um objeto num plano são fundamentalmente


três:projeção ortogonal, projeção axonométrica e perspectiva cônica.

a) Projeção ortogonal - Vistas essenciais

Vistas essenciais são a transcrição das formas tridimensionais do objeto para o


plano do papel, onde as diferentes vistas do objeto - vista frontal, superior e lateral -
são arranjadas de uma maneira convencionada para a interpretação do objeto
representado.

Esta representação das vistas é feita através das projeções ortogonais. Os princípios
das projeções ortogonais são aplicados através de quatro sistemas: primeiro,
segundo, terceiro e quarto diedros. As normas de desenho técnico (NBR 10067)
fixaram a utilização das projeções ortogonais somente pelos 1º e 3º diedros.

O uso de um ou outro sistema dependerá das normas adotadas por cada país. No
Brasil, é mais utilizado o 1º diedro, porém nas indústrias oriundas dos Estados
Unidos, da Inglaterra e do Japão poderão aparecer desenhos representados no 3º
diedro. Na maioria dos países europeus é mais difundido o uso do 1º diedro.

b) Projeções axonométricas (Axon=eixo e Metron=medida):

Permitem colocar em evidência, em apenas uma vista, as três dimensões do objeto.


Isto ocorre porque suas superfícies são observadas a partir de um certo ângulo e não
perpendicularmente, como na projeção ortogonal. Elas representam graficamente
três dimensões de um objeto em um único plano, de maneira a transmitir a idéia de
altura, profundidade e relevo.

Dentro destas projeções serão estudadas a projeção axonométrica isométrica e a


cavaleira.

c) Perspectiva cônica (ponto de fuga)

A perspectiva cônica, assim como a fotografia, mostra um objeto do mesmo modo


como ele é visto pelo olho humano, pois transmite a idéia de três dimensões:
comprimento, largura e altura. As partes que estão mais próximas parecem
maiores, e as partes mais distantes aparentam ser menores. Isto acontece quando a
observação se dá a partir de um ponto (centro óptico) colocado à distância finita do
objeto, ou seja, o chamado ponto de fuga.
18

Projeção Ortogonal - Vistas Essenciais

Observe nos desenhos abaixo como é feita a projeção de objetos tridimensionais


para o plano do papel.

Esta figura representa a projeção


vertical ou vista de frente das peças.

Neste caso, tem-se a projeção


vertical ou vista superior das
peças.

Através deste processo pode-se desenhar as vistas frontal, superior e lateral de


qualquer peça.
19

Escolha das vistas essenciais (NBR 10067)

a) Vista principal
A vista mais importante de uma peça deve ser utilizada como vista frontal ou
principal. Geralmente representa a peça na sua posição de utilização.

b) Outras vistas
Quando outras vistas forem necessárias, incluisve cortes e/ou seções, elas devem
ser selecionadas conforme os seguintes critérios:
a) usar o menor número de vistas;
b) evitar repetição de detalhes;
c) evitar linhas tracejadas desnecessárias.

c) Determinação do número de vistas


Devem ser executadas tantas vistas quantas forem necessárias à caracterização da
forma da peça, sendo preferíveis vistas, cortes ou seções ao emprego de grande
quantidade de linhas tracejadas.

d) Vistas fora de posição


Não sendo possível ou conveniente representar uma ou mais vistas na posição
determinada pelo método de projeção, pode-se localizá-las em outras posições,
com exceção da vista principal.

e) Vista auxiliar
São projeções parciais, representadas em planos auxiliares para evitar deformações
e facilitar a interpretação.

f) Detalhes ampliados
Quando a escala utilizada não permite demonstrar detalhe ou cotagem de uma parte
da peça, este é circundado com linha estreita contínua, conforme a NBR 8403, e
designado com letra maiúscula, conforme a NBR 8402. O detalhe correspondente é
desenhado em escala ampliada e identificada.

NOTAS

Na maioria dos casos, a vista de frente (frontal), a vista superior e


uma das vistas laterais é suficiente para representar o objeto
desenhado.

A vista frontal será a primeira a ser desenhada. A partir dela, e


alinhadas a ela, surgem as demais vistas.

Não importa o número de vistas; o que importa é que o desenho fique


claro e objetivo.

O desenho de qualquer peça, em hipótese alguma, pode dar margem


a dupla interpretação.
20

Projeção Ortogonal - Vistas Essenciais - 1º DIEDRO

A padronização dos sentidos de rebatimentos dos planos de projeção garante que no


1º diedro as vistas sempre terão as mesmas posições relativas. Ou seja, os
rebatimentos para o 1º diedro mantêm, em relação à vista frontal, as seguintes
posições:
- a vista de cima fica posicionada abaixo;
- a vista de baixo fica posicionada acima;
- a vista da esquerda fica posicionada à direita;
- a vista da direita fica posicionada à esquerda.

NOTA:
No 1º diedro é mais difundido o uso da vista lateral esquerda (que fica
à direita).

Observe os planos de projeção da figura:


5 PLANO 1 - Vista de frente ou elevação:
projeção frontal do objeto
PLANO 2 - Vista superior ou planta:
mostra o objeto visto por cima.
1 3 PLANO 3 - Vista lateral esquerda:
mostra o objeto visto pelo lado esquerdo.
6 PLANO 4 - Vista lateral direita:
mostra o objeto visto pelo lado direito.
PLANO 5 - Vista inferior:
4 mostra o objeto visto pelo lado de baixo.
2
PLANO 6 - Vista posterior:
mostra o objeto sendo visto por trás.

Veja nos desenhos abaixo como fica a representação em 1º DIEDRO, a partir dos
planos de projeção.

1 3 6
4

Símbolo do método de projeção ortográfica do


2 1º DIEDRO - NBR 10067
21

Veja o exemplo da caixa de fósforo:

Perspectiva
(3 dimensões)

Vistas
(2 dimensões - 1º diedro)

inferior

lateral direita frontal lateral esquerda posterior

superior

I
REGRA
DO 1º DIEDRO D F E P
S
22

Projeção Ortogonal - Vistas Essenciais - 3º DIEDRO

A padronização dos sentidos de rebatimentos dos planos de projeção garante que no


1º diedro as vistas sempre terão as mesmas posições relativas. Ou seja, os
rebatimentos para o 1º diedro mantêm, em relação à vista frontal, as seguintes
posições:
- a vista de cima fica posicionada acima;
- a vista de baixo fica posicionada abaixo;
- a vista da esquerda fica posicionada à esquerda;
- a vista da direita fica posicionada à direita.

2 Observe os planos de projeção da figura:

PLANO 1 - Vista de frente ou elevação:


projeção frontal do objeto
PLANO 2 - Vista superior ou planta:
1 3 mostra o objeto visto por cima.
PLANO 3 - Vista lateral direita:
6 mostra o objeto visto pelo lado esquerdo.
PLANO 4 - Vista lateral esquerda:
mostra o objeto visto pelo lado direito.
PLANO 5 - Vista inferior:
4 mostra o objeto visto pelo lado de baixo.
5
PLANO 6 - Vista posterior:
mostra o objeto sendo visto por trás.

Veja nos desenhos abaixo como fica a representação em 3º DIEDRO, a partir dos
planos de projeção.

1 3 6
4

Símbolo do método de projeção ortográfica do


5 3º DIEDRO - NBR 10067
23

Veja novamente o exemplo da caixa de fósforo:

Perspectiva
(3 dimensões)

Vistas
(2 dimensões - 3º diedro)
superior

posterior lateral esquerda frontal lateral direita

inferior

S
REGRA
DO 3º DIEDRO P E F D
I
24

Projeção - Vista auxiliar

A vista auxiliar é empregada para obter a forma real de partes que estão fora das
posições horizontal e vertical.

Obtém-se a vista auxiliar projetando a parte inclinada paralelamente à sua


inclinação, conforme exemplo abaixo.

Representação Representação indicada


desaconselhável

NOTA:
Observe que as vistas auxiliares são parciais. Elas mostram apenas
detalhes que seriam representados deformados.
25

Representação das Cotas (NBR 10126/87)

Para a execução de uma peça, torna-se necessário colocar no desenho,


além das projeções que dão idéia da forma da peça, também suas medidas e
outras informações complementares. A isto se chama dimensionamento ou
cotagem.
A cotagem dos desenhos tem por objetivos principais determinar o tamanho e
localizar exatamente os detalhes da peça. Por exemplo: para a execução da peça
abaixo, é preciso saber suas dimensões e a exata localização do furo.

Esp. 8

19
9 7

10
Obs.: A anotação “Esp. 8” refere-se
43 à espessura da peça.

Para a cotagem de um desenho são necessários três elementos:


1. linhas de cota
2. linhas auxiliares
3. cota

25
20
13

50 linhas auxiliares

cota linhas de cotas

Linhas auxiliares
São estreitas, traço contínuo, não devem tocar o contorno da peça e prolongam-se
um pouco além da última linha de cota que abrangem.

Linhas de cota
São estreitas, traço contínuo e auxiliada por setas nas extremidades.

Cota
É o valor numérico, ou seja, o dimensional da peça.
26

Regras de Cotagem

Normalmente, a unidade de medida do desenho técnico é o milímetro, sendo


dispensada a colocação do símbolo junto ao valor numérico da cota.

Se houver o emprego de outra unidade, coloca-se o respectivo símbolo ao lado do


valor numérico, conforme desenho abaixo.

19
2 cm

011,5
37

As linhas auxiliares não devem tocar as linhas de contorno e devem ultrapassar as


linhas de cota com medida não maior que 2 mm.

2 mm
NÃO NÃO SIM

Entre a linha de cota e a linha de contorno da peça, e também entre as linhas de


cota, deve-se deixar um espaço uniforme (mais ou menos 7 mm).

NÃO SIM

Deve-se evitar o cruzamento das linhas auxiliares com as linhas de cota.

NÃO SIM
27

A cota pode ser escrita:

- acima da linha de cota, eqüidistante dos extremos.


12

12

12
30 30
30
NÃO NÃO NÃO

12

30

SIM
- em intervalo aberto pela interrupção da linha de cota.

12 12

30
30
NÃO SIM

NOTA:
No mesmo desenho deve-se empregar apenas uma das duas maneiras.

As cotas devem ser colocadas de modo que o desenho seja lido da direita para a
esquerda e de baixo para cima, paralelamente à dimensão cotada.

27 26 10
10
15

22

4
6

23
esp. 4
80

Os limites da linha de cota são feitos por meio de setas ou traços oblíquos. Somente
uma das formas deve ser usada no desenho.
28

Cada cota deve ser indicada na vista que mais claramente representar a forma do
elemento cotado. Deve-se evitar a repetição de cotas e, também, na medida do
possível, evitar que as linhas de extensão cortem as linhas do desenho.

36 36
20 20
3 3
11

11
5 5 5

08

08
23

23
36 23 23

NÃO SIM

As cotas podem ser colocadas dentro ou fora dos elementos que representam,
atendendo aos melhores requisitos de clareza e facilidade de execução.

10 10

6
20
16
6

6 23
esp. 3
35

As linhas auxiliares devem ser traçadas perpendicularmente à dimensão cotada ou,


em caso de necessidade, obliquamente, porém paralelas entre si.
0 20

Evitar cotar elementos invisíveis. A cotagem deverá ser feita onde o elemento
aparecer visível.
5

5
25

25
5

NÃO SIM
29

Exercícios

a) Localize as cotas necessárias para a execução das peças abaixo:


30

b) Faça a cotagem completa dos desenhos abaixo.

25
30 0
2
15

20
60
13

10

7
35
21
5
7
20

17
10

15 60
25 5
31

Cotagem de Detalhes

As linhas de cota de raios de arcos levam setas apenas na extremidade que toca o
arco.

7
7

20
14
8
28 28

Conforme o espaço disponível no desenho, os ângulos podem ser cotados assim:

15
º 30º 12

A cotagem de chanfros é feita conforme indicação das figuras a seguir. Quando o


chanfro for de 45º, pode-se simplificar a cotagem usando um dos sistemas
apresentados nas figuras.
8 8
5
30º
30º
5

0 10
27

A cotagem de círculos é feita pela indicação do valor de seu diâmetro por meio dos
recursos apresentados nas figuras a seguir, que são adotados conforme o espaço
disponível no desenho.

8 8
20 20 30
26

4 furos de 0 4
espaçados igualmente

Para cotar os espaços reduzidos, colocam-se as cotas como nas figuras abaixo.
2 2,5

3
2
32

A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), em suas normas NB-8 e NB-13,


recomenda a utilização dos símbolos abaixo, que devem ser colocados sempre antes
dos valores numéricos.

0 indicativo de diâmetro
indicativo de quadrado
R indicativo de raio
0 16

0 32

20
0 32
0 20

30
R

Estas linhas estreitas cruzadas


indicam que se trata de
superfície plana.

NOTA
Quando na vista cotada for evidente que se trata de diâmetro ou
quadrado, os respectivos símbolos podem ser dispensados.

7
85

10
5

25

8
33

Exercícios

Localize as cotas necessárias para a execução das peças abaixo representadas.

peça cilíndrica peça cilíndrica

Esp. 4

Esp. 2

Esp. 10
34

Escala

Escala é uma forma de representação que mantém as proporções das medidas


lineares do objeto representado. A interpretação de uma escala em relação à razão
numérica é feita da seguinte forma: usam-se dois números, onde o primeiro se
refere ao desenho, e o segundo, à peça.

desenho peça

ESC 1 : 1
ESC 2 : 1
ESC 1 : 2

De acordo com o exemplo acima:

- A escala 1 por 1 quer dizer que 1 mm da peça corresponde a 1 mm do desenho.


Esta é uma escala natural.

- A escala 2 por 1 quer dizer que 1 mm da peça corresponde a 2 mm do desenho.


Esta é uma escala de ampliação.

- A escala 1 por 2 quer dizer que 2 mm da peça corresponde a 1 mm do desenho.


Esta é uma escala de redução.

NOTAS

A escala é aplicada somente ao desenho. As cotas (dimensões)


permanecem com os números reais do objeto.

As medidas angulares não sofrem redução ou ampliação. Seja qual for


a escala empregada, o ângulo será representado com o mesmo grau.

Quando for necessário o uso de mais de uma escala na folha de desenho,


além da escala geral, estas devem estar indicadas junto à identificação do
detalhe ou vista a que se referem, e na legenda deve constar apenas a
escala geral.
35

Escalas recomendadas pela ABNT, através da norma técnica NBR 8196.

a) Escala natural: 1:1


É aquela em que o tamanho do desenho técnico é igual ao tamanho real da peça.
Observe o exemplo do parafuso abaixo.

3,5
30
ESC 1:1

b) Escala de redução: 1:2 - 1:5 - 1:10


É aquela em que o tamanho do desenho técnico é menor que o tamanho real da
peça. Observe que o desenho da prateleira está 7,5 vezes menor que o tamanho
real.

700
40
232
290

ESC 1:7,5

c) Escala de ampliação: 10:1 - 2:1 - 5:1


É aquela em que o tamanho do desenho técnico é maior que o tamanho real da peça.
O desenho abaixo é a vista frontal de um suporte de prateleira. Se fosse desenhado
em tamanho natural, seria praticamente impossível fazer a cotagem.
07

08

7 10

ESC 2:1

d) Outras escalas utilizadas:


1:7,5 - 1:20 - 1:100 - 1:200 - 1:500 - 1:1000

NOTA
Observe que as medidas angulares não sofrem redução. Seja qual for a
escala empregada, o ângulo será representado com o mesmo grau.
36

Exercícios

a) Coloque os valores numéricos nas linhas de cota, de acordo com a escala


indicada.

Escala 2:1

b) Determine as escalas em que foram executados os desenhos abaixo e coloque, ao


lado das letras, os valores das cotas correspondentes.

Escala________
E

A________
C B________
D

C________
D________
E________

200 B

125 D C

Escala________
A________
B________
A C________
E

D________
E________

B
37

Cortes

Cortes são a representação seccionada de um móvel, de uma esquadria, de uma


peça ou um conjunto mecânico, que permitem visualizar elementos não perceptíveis
em sua representação pelas vistas.

Através da representação dos cortes, que "atravessam" um móvel em uma


determinada direção, pode-se então visualizar os elementos em sua espessura no
material, além de seus sistemas de construção e montagem.

O corte é indicado numa vista e representado em outra. Na vista de indicação, o


PLANO DE CORTE deve ser marcado na posição onde ele a corta, através da LINHA
DE CORTE representada por traço e ponto, largas nas extremidades e na mudança
de direção, ou seja, no sentido em que está sendo visto o corte. O nome do corte é
representado através de uma letra maiúscula, repetidas em cada extremidade junto
à seta.

PLANO DE CORTE

CORTE AA

A A

LINHA DE CORTE

Os móveis, geralmente, são mostrados em corte transversal, longitudinal ou de


topo.

C C

corte transversal - corte AA

A A

corte de topo - corte CC

B corte longitudinal - corte BB


38

Corte total

O corte total é utilizado para cortar imaginariamente a peça em toda a sua extensão.
Pode ser obtido por um plano de corte único ou em desvio para atingir os detalhes
que se precisa mostrar.

A A

B VISTA LATERAL ESQUERDA


CORTE BB

VISTA SUPERIOR
CORTE AA
39

Corte parcial

O corte parcial é utilizado para mostrar apenas uma parte interna do objeto ou peça,
possibilitando esclarecer pequenos detalhes internos sem necessidade de recorrer
ao corte total ou ao meio corte. A parte cortada é limitada por uma linha de ruptura e
pelo contorno do desenho da peça.

Na vista de frente do móvel abaixo desenhado aparecem dois cortes parciais que
mostram os detalhes de construção das gavetas e caixa.
40

Detalhes de construção do corte parcial

Nas vistas em cortes aparecem os detalhes internos de construção; mas quando a


escala é de redução, torna-se difícil interpretá-los. Neste caso, desenham-se esses
detalhes em escala natural ou de ampliação. Veja o exemplo abaixo.

det. A

30

30
detalhe A
esc. 2:1
41

Exercício

Desenhe o detalhe de construção assinalado no corte parcial do desenho abaixo. Use escala
natural 1:1.

346
173
42

Ø3x12
152
64

Ø6x12 Ø6x12
4 4
45
33

30 286 30 det. A

(dados da ranhura: 4 mm de altura e 5 mm profundidade)


42

Meio corte

Quando uma peça é simétrica, não há necessidade de empregar o corte total para
mostrar seus detalhes internos. Pode-se utilizar o meio corte, mostrando a metade
da peça em corte com seus detalhes internos, e a outra metade em vista externa,
conforme o exemplo abaixo.

CORTE AA
43

Rupturas

Quando se necessita representar, em vista, peças de grande extensão e/ou seção


reduzida, pode-se utilizar o sistema de rupturas.

Rupturas são particularmente bem empregadas na representação de tubos e barras


metálicas, adotando-se as convenções a seguir, de acordo com o tipo e a seção da
peça.

barras cilíndricas barras de seção


peças maciças retangular

tubos cilíndricos tubos de seção


peças ocas retangular

NOTA
Rupturas caracterizam vistas interrompidas, que não devem ser
confundidas com cortes parciais.

Para rupturas de peças em geral, são adotadas as seguintes convenções, de acordo


com o material.

300 300
barras - chapas eixos - barras redondas

1000 1000
madeira tubos

90 70
peças trapezoidais peças cônicas
44

Projeção Axonométrica - Isométrica

Iso quer dizer "mesma" e métrica quer dizer "medida". A perspectiva isométrica
mantém as mesmas proporções do comprimento, da largura e da altura do objeto
representado.

A perspectiva, por ser desenho ilustrativo, auxilia a interpretação de peças, embora,


em muitos casos, não possa mostrar todos os detalhes. Veja abaixo uma peça
desenhada em perspectiva isométrica.

A perspectiva isométrica é das mais simples e eficientes. Parte de três eixos a 120º
(isométricos) sobre os quais são marcadas as medidas da peça. As arestas paralelas
da peça são traçadas na perspectiva isométrica por linhas também paralelas.

120º

30º 0º 30º
12

12

Os quadros de 1 a 6 mostram a sequência do traçado da perspectiva isométrica.

1 2 3 4

5 6
45

Os elementos cilíndricos e os arcos são traçados em perspectiva isométrica,


conforme os desenhos abaixo.

30º
30º 30º 30º

Para circunferências pequenas usa-se o gabarito de elipse 30º. Para circunferências


maiores aplica-se a técnica da elipse desenvolvida com o auxílio do compasso,
conforme etapas abaixo.
D

D
A C

J I
A C
B

Régua paralela
B
1. Trace o tamanho da circunferência desejada, 2. Com o auxílio do esquadro com ângulo de 60º
usando a perspectiva isométrica (30º), localizando os trace duas linha a partir do ponto D, localizando os
pontos A, B, C e D. pontos I e J.

D D

G H G H

A C A E F C

J I J I
B B

3. Com o auxílio do esquadro com ângulo de 60º 4. Localize os pontos E e F.


trace duas linha a partir do ponto B, localizando os
pontos G e H.
D D

G H G H

A E F C A E F C

J I J I
B B

5. Ponta do compasso no ponto E e abertura em G, 5. Ponta do compasso no ponto B e abertura em G,


feche o arco até o ponto J. feche o arco até o ponto H.
Ponta do compasso no ponto F e abertura em H, Ponta do compasso no ponto D e abertura em J,
feche o arco até o ponto I. feche o arco até o ponto I.
46

Exercícios

a) Desenhe as perspectivas isométricas das peças abaixo:


47

e) Desenhe a perspectiva isométrica da peça abaixo.


48

f) Desenhe a perspectiva isométrica da peça abaixo.


49

Projeção Axonométrica - Cavaleira

Outro tipo de perspectiva empregado em desenho técnico, para auxiliar a


representação e visualização de peças, é a Perspectiva Cavaleira. Esta
perspectiva caracteriza-se por sempre representar a peça como vista de frente.
L

L
L L
L

As medidas horizontais e verticais, na perspectiva cavaleira, não sofrem redução. O


ângulo, na perspectiva cavaleira, pode ser de 30º, 45º ou 60º. Observa-se que a
medida marcada nesta linha inclinada sofrerá redução de 1/3 quando o ângulo for de
30º, 1/2 quando o ângulo for de 45º e 2/3 quando for de 60º.

O cubo abaixo possui tamanho de 30 mm. A vista frontal permanece com seu
tamanho real, porém observa-se como fica a profundidade de acordo com o grau
escolhido:
1. 30º = 20 mm
2. 45º = 15 mm
3. 60º = 10 mm

60
4 5°
3 0°

NOTA:
Este tipo de perspectiva é empregado com vantagem quando a peça
apresenta superfícies curvas.

Veja o exemplo do cilindro abaixo pelos dois tipos de perspectiva.


Na cavaleira, o círculo é representado de forma real (desenho 1).
Na isométrica, o círculo é representado por uma elipse (desenho 2).
3 0°
3 0°

(1) (2)
50

Exercícios

Desenhe a perspectiva cavaleira das peças abaixo.

INCLINAÇÃO 30º

INCLINAÇÃO 45º

INCLINAÇÃO 60º

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