TOPOGRAFIA II

Cleber de Freitas Floriano

 Planimetria: unidade
de medida angular
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar o sistema de unidade de medida angular.

 Comparar os sistemas de medidas angulares.
 Reconhecer as três unidades de medida de ângulos e arcos possíveis
em topografia.

Introdução
Neste texto, você aprenderá sobre as unidades de medida angular: grau
(sexagesimais), grado (centesimais) e radiano, que são as unidades de
medida dos ângulos e arcos que a topografia utiliza.

Unidade de medida angular

Em topografia, você utiliza unidades de medidas dos ângulos e arcos que
podem ser o grau (sexagesimais), o grado (centesimais) e o radiano.
Imagine que alguém lhe indaga sobre a inclinação da rampa de entrada
de sua casa. Com sua ideia de proporcionalidade angular, você arrisca uma
resposta. Às vezes, é difícil acertar de forma visual, mas você pode usar algu-
mas referências como o ângulo reto, que representa 90º, também chamado de
perpendicular, e algo intermediário, que seria próximo a 45º. Ora, uma rampa
sempre tem menos de 45º, então, de modo bastante aleatório, você arrisca: “a
inclinação da rampa deve ter uns 20º”.
Quem nunca se deparou com um quadro inclinado em uma parede, causando
desconforto? Ou com uma cerca desalinhada? Trata-se de uma percepção
angular também. A percepção angular que temos sobre o ângulo nulo é tão
grande que visualmente temos o poder (embora impreciso) de alinharmos
cercas, muros, ou até mesmo um quadro na parede de sua sala.

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Na Figura 1, você pode ver um observador tentando alinhar visualmente

uma cerca de mourões de madeira. Para ele, está tudo bem alinhado! E para
você, tem algo estranho na figura? (Você deve ter sentido vontade de girar
a moldura!)
Na verdade, simples aparelhos topográficos são extremamente eficientes
para alinhamentos de cercas, ou qualquer objeto materializado em que neces-
sitamos de obtenção de ângulos rasos, ou seja, de 180º.

Figura 1. Alinhamento de uma cerca.

Fonte: Tuler e Saraiva (2014).

Para entender a medida de ângulo, você deve se posicionar como observador.

No instante em que você muda o seu ponto de observação, está demarcando
um ângulo entre a linha de visão inicial, você (o observador) e a linha de
visão atual.
A partir da Figura 2, suponha: um observador se posiciona a uma distância
D1 do prédio e forma um ângulo de visada vertical alfa 1 com a horizontal e
o topo do prédio. O observador atrás dele observa o mesmo ponto, mas a uma
distância D2 do prédio, formando um ângulo alfa 2. Nota-se que, dependendo
da posição do observador, os ângulos de visadas são diferentes. Assim, o
observador à frente precisa inclinar mais a cabeça do que o observador da
retaguarda, formando um ângulo de visada maior.

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Figura 2. A posição do observador modifica o ângulo da observação.

Fonte: Tuler e Saraiva (2014).

Costumamos usar algumas palavras para induzir um raciocínio de medida

angular, como inclinação, declividade, deflexão, entre outras.
Em topografia de campo, esse ângulo pode ser medido por instrumentos
com demarcação de escala, como a escala sexagesimal. No escritório, podemos
medir ângulos com transferidores, que traz uma escala angular, geralmente
em arco. Hoje, com o desenvolvimento tecnológico, os programas de desenho
conseguem, com extrema facilidade, demarcar e calcular os ângulos.
Você percebe que os ângulos podem estar posicionados em qualquer lugar
no espaço. Em outras palavras: você pode medir ângulos horizontais, verti-
cais ou até mesmo inclinados. No entanto, em topografia, os ângulos mais
importantes são os horizontais e os verticais.
Pegue o exemplo de fazer uma medida angular a partir de uma esquina em
direção a outras esquinas. Isso representa a medição de ângulos horizontais.
Rumo ao portão de entrada, a rua Souza Floriano apresenta uma inclinação
(angulação) de 20°. Essa medida angular é uma leitura de ângulo vertical.

Sistema sexagesimal
É o sistema mais utilizado na topografia. No sistema sexagesimal, o círculo
trigonométrico é dividido em 360 partes, tendo como unidade básica o grau
(Figura 3).

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 Círculo: 360°
 Unidade básica: 1°
 Submúltiplos:
■ Minuto: 60’ = 1°
■ Segundo: 3.600” = 1°

Logo: 1° = 60’ = 3.600”

Figura 3. Sistema sexagesimal.

Fonte: Tuler e Saraiva (2016).

Geralmente, a origem da medição é na direção Norte, em sentido horário.

As modalidades de ângulos horizontais e verticais utilizados na topografia
são comentadas na seção “Goniologia”.

30°49’ 32,5” (por extenso, você lê “trinta graus, quarenta e nove minutos e trinta e dois
vírgula cinco segundos”).

De posse dos ângulos, você pode executar as seguintes operações algébricas:

a) Adição
■ Adicionar as unidades comuns.

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Some 50°20’ 30” e 20°45’ 43”.

Solução:
50° 20’ 30”
+ 20° 45’ 43”
70° 65’ 73”
= 71° 06’ 13”

Logo, 70°65’ 73” = 70° 66’ 13” = 71° 06’ 13”.

b) Subtração
■ Subtrair as unidades comuns.

Subtraia 50° 20’ 30” e 10° 42’ 40”.

Solução:
50° 20’ 30” 50° 19’ 90” 49° 79’ 90”
– 10° 42’ 40” 10° 42’ 40” 10° 42’ 40”

39° 37’ 50”

c) Multiplicação
■ Multiplicar apenas por números adimensionais.
■ Não multiplicar ângulos por ângulos.

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Multiplique 20° 20’ 30” por 5.

Solução:

20° 20’ 30”

?? 5
100° 100’ 150”

Corretamente, tem-se 101° 42’ 30”.

d) Divisão
■ Dividir apenas por números adimensionais.
■ Não dividir ângulos por ângulos.

Divida 80° 40’ 20” por 4.

Solução:
80º 40’ 20” / 4 = 20º 10’ 05”

As relações trigonométricas envolvendo unidades de grau, minuto e segundo

devem antes ser transformadas em frações decimais de graus (“decimaliza-
das”), por exemplo:
sen 30° 30’≠ sen 30,30° (erro muito comum em operações trigonométricas);
pois:

 sen 30° 30’ = 0,507538362921

 sen 30,30° = 0,504527623815.

A decimalização já existe na maioria das calculadoras científicas, devendo

ser executada antes de qualquer operação matemática relacionada a ângulos
sexagesimais.

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Decimalize e calcule:
a) 30° 30’
b) 20° 06’ 18”
c) tg (30° 20’ 01,20”)
Solução:
a) 60’ equivalem a 1°, então 30’ equivalem a 0,5°. Logo: 30° 30’ = 30° + 0,5° = 30,5°
b) 60’ equivale a 1°, então 06’ equivalem a 0,1°; e 3.600” equivalem a 1°, então 18”
equivalem a 0,005°. Logo: 20° 06’ 18” = 20° + 0,1° + 0,005° = 20,105°
c) tg (30° 20’ 01,20”) = tg (30,3336666667) = 0,585141328646

Sistema centesimal e radiano

O sistema centesimal já foi empregado na topografia, mas já não é tão comum
na atualidade. No sistema centesimal, o círculo trigonométrico é dividido em
400 partes, tendo como unidade básica o grado (Figura 4).
Círculo: 400gr
Unidade básica: 1gr
Submúltiplos: centígrados e decimiligrados.

Figura 4. Sistema centesimal.

Fonte: Tuler e Saraiva (2016).

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382,4839gr (você lê por extenso trezentos e oitenta e dois grados, quarenta e oito
centígrados e trinta e nove decimiligrados).

O radiano é o ângulo central correspondente a um arco de comprimento

igual ao raio (Figura 5). É muito utilizado na construção de rotinas automa-
tizadas e algoritmos matemáticos.
2 · π · R → 360°
a→α

360º · α
α=
2·π·Ρ

360
Se arco = Raio ∴ = 57,295º ≈ 57º17’45’’
2·π
Logo, 1 radiano ≈ 57º17’45’’ = α

Figura 5. Sistema radiano.

Fonte: Tuler e Saraiva (2016).

No Quadro 1, apresentamos a conversão de sistemas de unidades de medidas

angulares vistos anteriormente.

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Quadro 1. Relação entre sistemas de unidades de medidas angulares.

Graus Grados Radianos

0° 0gr 0 rd

90° 100gr π/2 rd

180° 200gr π rd

270° 300gr 3π/2 rd

360° 400gr 2π rd

Fonte: Tuler e Saraiva (2014, p. 42).

Geralmente, você precisa transformar os valores entre os vários sistemas

angulares, principalmente ao confeccionar um programa de cálculo. Alguns
equipamentos modernos (estações totais, p. ex.) possibilitam a tomada dessas
grandezas em quaisquer dos sistemas mencionados acima.

Transforme:
a) 358° (para grado) = 397,7g
b) 120° (para grado) = 133,3g
c) 76° (para grado) = 84,4g
d) 104g (para grau) = 93,6° = 93° 36’
e) 96g (para grau) = 86° 24’
f) 78g (para grau) = 70° 12’
g) 100° (para radiano) = 1,74 rd
h) 2 rd (para grau) = 114° 36’

O Quadro 2 ilustra outros sistemas de unidades mais utilizados nas me-

dições em geral.

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 72 Planimetria: unidade de medida angular

Quadro 2. Representação esquemática do ciclo celular.

Grandeza Nome Símbolo Definição

Comprimento Metro m “[...] distância percorrida pela

luz no vácuo em 1/299.792.458
do segundo.” (Instituto
Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia, 2012)

Massa Quilograma kg “[...] um protótipo

(determinado cilindro
de platina e irídio) que
corresponde ao peso de 1
litro de água que foi, de 1889
em diante, considerando a
unidade de massa.” (Instituto
Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia, 2012)

Tempo Segundo s “[...] duração de 9.192.631.770

períodos da radiação
correspondente à transição
entre os dois níveis hiperfinos
do estado fundamental do
átomo de césio 133.” (Instituto
Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia, 2012)

Corrente elétrica Ampère A “[...] corrente constante que,

mantida em dois condutores
retilíneos paralelos de
comprimento infinito e
seção circular transversal
desprezível, situados no vácuo
e distantes um do outro
1 metro, produziria entre
esses condutores uma força
igual a 2 x 10 -7 Newton por
metro.” (Instituto Nacional
de Metrologia, Qualidade
e Tecnologia, 2012)

Área Metro m2 –
quadrado

(Continua)

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 Planimetria: unidade de medida angular 73

(Continuação)

Quadro 2. Representação esquemática do ciclo celular.

Grandeza Nome Símbolo Definição

Volume Metro m3 –
cúbico

Frequência Hertz Hz s–1

Densidade Grama por g/cm3 –

centímetro ton/m3
cúbico ou
tonelada
por metro
cúbico

Velocidade Metro por m/s –

segundo

Aceleração Metro por m/s2 –

segundo
quadrado

Força Newton N kg • m/s2

Pressão Pascal Pa N/m2

Trabalho/Energia Joule J N•m

Temperatura Kelvin K –

Potência Watt W J/s

Fonte: Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (2012).

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 74 Planimetria: unidade de medida angular

1. Quanto é 47°30’25” + 70°05’38”? c) 68,0345°

a) 118°35’03” d) 67,578°
b) 117°36’03” e) 67,47°
c) 117°35’63” 4. Quanto é 78 grados em graus?
d) 115°35’03” a) 70°56’
e) 115°36’03” b) 70°10’
2. Quanto é 158°55’39”-114°58’09”? c) 78°12’
a) 43°57’30” d) 78°15’
b) 43°97’30” e) 70°12’
c) 43°07’30” 5. Quanto é r 2 radianos em graus?
d) 45°57’30” a) 114°36’
e) 42°97’30” b) 115°38’
3. Calcule a decimalização de 67°28’45”. c) 110°36
a) 67,5792° d) 182°40’
b) 67,4792° e) 2°34’

Referências

TULER, M.; SARAIVA, S. Fundamentos de topografia. Porto Alegre: Bookman, 2014.

TULER, M.; SARAIVA, S. Fundamentos de topografia. Porto Alegre: SAGAH, 2016.

Leituras recomendadas
BARISON, M. B. Desenho geométrico. [S.l.: s.n., 2000?]. Disponível em: <http://www.
uel.br/cce/mat/geometrica/php/dg/dg_2t.php>. Acesso em: 05 jul. 2016.
BRANDALIZE, M. C. B. Topografia. Porto Alegre: PUCPR, [2000?]. Disponível em: <http://
www.gpeas.ufc.br/disc/topo/apost02.pdf>. Acesso em: 06 jul. 2016.

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