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Universidade Estadual da Paraíba

Campus III – Centro de humanidades


Departamento de história
Componente curricular: história moderna II
Docente: Carlos Adriano
Discente: Maria Cecilia Brito Marques

Capítulo XV – Sobre a punição da covardia


Os ensaios - [Michel Montaigne]

Nesse capitulo o autor vai explicar sobre como os conceitos para a maldade e a covardia
são diferentes, explicando como cada um seria punido e enxergado pela maioria. A maldade,
seria mais criticada que a covardia, mas Montaigne lança uma questão: e se a covardia for
maldade disfarçada?

Montaigne mostra que existe uma grande diferença entre a fraqueza/covardia e a maldade.
Esta iremos praticar de maneira consciente, algo que fugira do conceito de ser uma boa
pessoa. E aquela, iremos colocar a culpa nesse mesmo conceito de ser sempre uma boa
pessoa, usando a desculpa de que não daria para ser sempre perfeito. O autor explica essa
diferença:

“Na verdade, é justo que se faça grande diferença entre os erros que vêm de nossa
fraqueza e os que vêm da nossa maldade. Pois nesse inclinamo-nos cientemente
contra as regras da razão que a natureza imprimiu em nós; e naquele parece que
podemos invocar como desculpa essa mesma natureza por nos ter deixado de tal
modo imperfeitos e falhos” (p.37).

Assim, Montaigne da continuidade a sua fala, narrando o porquê que a opinião de muitos
em relação ao assunto ira se apoiar na ideia de que só podemos ser condenados a punições
duras e criticados pelas coisas que fazemos conscientemente, que irão fugir da essência do ser
humano, ou seja a maldade. Ao passo que, a covardia seria compreensível, tendo que sofrer
punições leves, ele até chega a citar um exemplo, como por exemplo a vergonha, o ato de
envergonhar o outro covarde, sobre isso Montaigne usa um exemplo da Grécia em outros
tempos:

“[...] que antes dele as leis da Grécia castigavam com a morte os que tinham fugido
de uma batalha, ao passo que ele ordenou apenas que ficassem sentados no meio da
praça pública, vestidos de mulher, esperando que, tendo-os feito recuperar a
coragem por essa vergonha ainda pudessem servi-los”. (p.37)

Com isso, percebemos que o mais comum para não se perder um bom soldado para a
covardia, seria a de envergonha-lo devidamente, dando-lhe assim, uma lição. Dessa maneira,
seria totalmente compreensível você “fugir” de algo, de alguma batalha ou situação
importante. Você enfrentaria uma punição, mas seria algo leve, com objetivo de envergonhar
e corrigir para não ser necessário condenar a prisão ou morte.

Entretanto, ao final do ensaio, Montaigne irá trazer um plot twist, que seria: mas, caso
a covardia, ignorância ou fraqueza for algo tão grosseiro, tão absurdo, que você chegara a
duvidar, seria melhor enxerga-la como um protótipo de maldade, e castigar esses da mesma
que forma que punem os malvados, pois seria mais prova suficiente que ali está um indício de
pura malícia.

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