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Licenciado para - Adriana Santos Ladeia - 16060041825 - Protegido por Eduzz.com
Já passava das três da tarde quando aqueles cinco moleques de preto se sentaram
na minha mesa.
Eles me olharam apreensivos e um ar pesado pairou no ambiente por alguns
poucos segundos. Até que eu estendi a mão:
- Fala pessoal, tudo bem? Vocês são a Unreal Day, banda de metal, certo? Eu sou
o Daniel, proprietário da Wolf Productions – Todos retribuíram timidamente os meus
cumprimentos – Bom... vamos começar.
O Shopping não costumava estar cheio naquele horário. O burburinho era
relativamente baixo na praça de alimentação, exceto por algumas crianças que passavam
correndo e gritando esporadicamente. Era um bom horário para uma reunião de vendas.
Eu não consigo precisar exatamente, mas elas costumavam durar pouco tempo.
A banda se sentava e assistia ao meu discurso sobre o porquê eles deveriam
urgentemente tocar no meu show, caso contrário nunca alcançariam o sucesso. Era bem
rápido. Costumavam levantar pouco tempo depois com o contrato assinado e com os
ingressos nas mãos para vender. Com isso, outra banda já chegava e o processo se
repetia. Nessa época, eu devo ter feito umas 10 reuniões de vendas em uma única tarde.
O que me assusta hoje – e que na época era bem natural – é a taxa de conversão.
A cada dez bandas que se sentavam pra ouvir a proposta, nove fechavam comigo. Pra
mim, um moleque de dezessete anos sem vivência do mundo real, era algo natural. Era
fácil pra mim. Nunca esperava uma taxa inferior a essa.
Só pra você entender, o acordo era de que a banda só poderia tocar no show se
vendesse X ingressos (normalmente variava entre 30 e 40). Caso não conseguissem,
tinham duas opções: ou desistir de tocar e ignorar todo e ensaio e preparação, ou tirar o
dinheiro do bolso e bancar os ingressos não vendidos. Era uma proposta arrojada para se
apresentar, principalmente pra moleques de 17, 18 anos sem dinheiro pra comprar nada
que não fosse uma garrafa de vinho de cinco reais pra ficar bêbado num sábado à noite.
Se não vendessem, tirariam o dinheiro de onde? Mas sempre funcionava.
Foi uma época incrível. Comecei a ganhar muito dinheiro fazendo shows e
eventos, enquanto os meus amigos trabalhavam todos os dias em horário comercial pra
ganhar 4x ou 5x menos do que eu. Eu demorei um pouco pra entender por que eu estava
tendo tanto sucesso. Eu não passava muito tempo pensando nisso. Na minha cabeça, era
porque eu era um bom produtor de eventos, e levei esse pensamento comigo por vários
anos.
Até que um dia eu entendi.
Já mais velho, aos 21 anos, eu percebi que não era um grande produtor de
eventos. Eu comecei a mergulhar cada vez mais fundo na profissão e, amparado pela
minha inabalável confiança, tentei organizar shows maiores. Investi em eventos de 30,
40 mil reais esperando que o dinheiro fosse se multiplicar. Eu nem preciso falar o
resultado, né? Foi um grande fracasso e eu perdi tudo o que havia conquistado até ali.
PONTOS FRACOS:
- Desorganizado
- Imediatista
- Ansioso
- Procrastinador
- Desfocado
- Impulsivo
PONTOS FORTES:
Em primeiro momento eu pensei que era um milagre eu ter tido tantos resultados
positivos tendo todos esses pontos fracos. Eu realmente era tudo isso (e ainda sou) em
um nível altíssimo. É impossível alguém ter um sucesso considerável com todos esses
pontos negativos. Imaginei que minha vida seria bater a cabeça na parede e colecionar
fracassos, um atrás do outro, até que eu desistisse e fosse procurar um emprego
qualquer.
No momento seguinte, porém, eu abaixei o olho nos tópicos dos pontos fortes.
Ali, o quebra cabeça começou a se organizar e fazer sentido na minha mente. Era como
se um grande holofote tivesse sido ligado e jogado um clarão repentino em todas as
1. Mentalidade de vendedor
2. Roteiro de vendas
3. Conheça profundamente a sua oferta e produto
4. Estado mental
5. Estado de energia
6. Tom de voz
7. Comunicação gestual
8. Ritmo e ênfase
9. Primeira impressão
10. Venda por mensagem
11. Conexão e carisma
12. Qualificação de cliente
13. Qualificação de oferta
Condução
1. Aumente o desconforto
2. Provoque o assentimento
3. Apresentação poderosa
4. Dramatize e impacte
5. Esteja sempre no controle da conversa
6. Storytelling
7. Prova social
8. Autoridade
9. Oferta
10. Ancoragem
11. Controle da ansiedade
1. Quebra de objeções
2. Negociação
3. Argumentação lógica
4. Argumentação emocional
5. Aplique pressão
A partir dessa linha eu já quero te apresentar o seu melhor amigo nessa jornada:
o não. Ele é um parceiro inseparável. Ele vai estar presente em todos os dias da sua vida.
Quando você estiver feliz, triste, produtivo, ansioso, alegre, estagnado ou quebrando
metas. Se um dia todos te abandonarem, você não precisa se preocupar, porque ele
estará lá para te fazer companhia. O não é o melhor amigo do vendedor.
É muito importante ajustar a sua mentalidade antes de entrar em qualquer tema
mais técnico e prático. Ela servirá como uma fundação que te sustentará pelos dias mais
difíceis da sua jornada e te conduzirá para o sucesso iminente. Vendedores de sucesso
têm uma mentalidade sólida. Eles entendem o processo, sabem quais as são etapas e não
ficam com desânimo perante a qualquer obstáculo que aparece.
Fracassar em uma venda será algo natural do seu dia a dia daqui pra frente. É um
acontecimento corriqueiro que não merece nenhuma atenção emocional especial, a não
ser a indiferença. Você acha que um nutricionista se sente cabisbaixo porque o seu cliente
não está tendo disciplina para seguir a dieta? Ou o engenheiro fica desanimado porque
precisa refazer algum cálculo? Ou, de repente, o advogado se sente inferior porque
esqueceu aquela lei específica dos anos 60 perdida em algum livro de setecentas páginas
por aí? Eles não ficam. Porque isso é da natureza do trabalho. É assim que você deve
encarar o não daqui pra frente.
Você, a partir dessa linha, vai começar a interpretar o não como um degrau que
faz parte de uma enorme escadaria. Toda vez que você recebe um não em alguma venda,
é mais um degrau que você sobe. Simples, certo? Levou três nãos no mesmo dia? Ótimo.
Você subiu mais rapidamente. No dia seguinte foram quatro? Perfeito. Você está indo
bem. Quanto mais isso acontecer, mais rapidamente você chegará ao fim da escada, e o
sim mais prazeroso da sua vida estará lá te esperando com um enorme bônus pra você
colocar no seu bolso. No dia seguinte, você desce e começa a subir tudo de novo.
Essa é a metáfora perfeita para o trabalho que você escolheu. Sua missão é subir
escadas atrás do pote de ouro que se encontra logo ali, depois do último degrau.
Eu estou te falando tudo isso porque eu sei que há uma chance enorme de você
passar duas semanas tentando vender algo, colecionar nãos, e simplesmente desistir.
Você vai pensar: “ah, isso não é pra mim. Não sou bom o suficiente. Aquele idiota do livro
só me enganou e me fez perder tempo”. Eu devo te informar que, se fizer isso, você
estará próximo do fim da escada e a queda livre que te espera até o chão será um pouco
dolorosa. Talvez resulte em alguns ossos quebrados. Portanto, sublinhe essa frase a
seguir: não comece a subir a escada se não estiver disposto a ir até o fim. Eu não quero
que você perca o seu tempo lendo esse livro e falando com meia dúzia de pessoas
achando que, subitamente, ficará rico. Esse não é o tipo de coisa que eu quero que você
acredite.
Você tem uma missão: sempre que se sentir desanimado, triste, inseguro e sem
resultados, releia esse capítulo. Ele será o combustível que te fará continuar. Afinal, essa
é a vida um vendedor, por mais que a escada seja longa, o ouro vai continuar te
esperando logo ali, após o último degrau.
Muitas pessoas consideram a venda como uma arte. Faz parte do imaginário
popular que o ótimo vendedor é aquele sujeito que se senta em uma mesa e é capaz de
convencer qualquer pessoa a respeito de qualquer coisa. Ele simplesmente começa a
vomitar argumentos poderosíssimos e hipnotiza seus ouvintes com toda sua lábia
aguçada. Ele quebra todas as objeções, ali mesmo, sem tempo pra pensar; encanta com
uma história muito bem contada, e quando a pessoa se dá por conta, ela já está com a
caneta na mão assinando o contrato.
Primeiro eu quero te dizer que esse tipo de gente é muito mais real nos filmes do
que na vida. Um vendedor é, acima de tudo, uma pessoa disciplinada. Ele estuda
profundamente sobre seu produto, sua oferta, sobre o cliente, organiza seus
argumentos, lista possíveis objeções e chega no momento da venda preparado. Ele já
sabe o que falar, qual tom usar, como conduzir, quando deixar o cliente argumentar e
qual padrão de palavras e gestos ele deve utilizar. A venda é muito mais técnica e ciência
do que arte e improvisação.
É óbvio que em algum momento as coisas poderão ir pra um lado indesejado e o
poder de adaptação e improvisação do vendedor será crucial. Às vezes algum fato
inesperado muda o rumo da negociação e tudo o que foi planejado simplesmente vai por
água abaixo. É nessa hora em que tudo vira arte. Controle de ansiedade, jogo de cintura,
lábia, improvisação, novas argumentações, gestão de crise, técnicas de persuasão. Todo
o poder de adaptação do vendedor é colocado à prova e ele precisa se virar ali mesmo,
sem nenhum tipo de preparo prévio. Porém, uma vez que a conversa volta para o rumo
certo, o plano segue.
Portanto, você deve desenvolver esse plano minuciosamente e escrever um
roteiro que deverá ser respeitado do início ao fim, salvo em momentos de total crise
como citei acima. Um roteiro eficaz garante que você conduzirá a venda da melhor forma
possível. Sem chances de esquecer argumentos, gaguejar, se perder e falar qualquer
besteira que atrapalhe a venda; além de te deixar mais tranquilo e confiante. Você já sabe
o que falar em cada momento específico e isso cria uma venda muito mais assertiva, sem
espaço para muitas falhas.
Outra vantagem do roteiro é que você consegue prestar mais atenção em
elementos emocionais da conversa. Como seu cérebro não está se esforçando para criar
novos argumentos e nem encontrar as palavras certas, você consegue notar com mais
precisão as reações do seu prospecto. Te ajudando a fazer uma leitura mais completa e
identificar se a pessoa está insegura, em dúvida, confiante, blefando e muito mais.
Eu nem preciso dizer que o roteiro também exige menos do seu cérebro. Ele faz
sua mente trabalhar menos e ter mais resistência para aguentar uma bateria de vendas
em sequência. Qual seria sua produtividade se, após a primeira venda do dia, você já
estivesse esgotado?
- Liste todas as objeções: Agora que você já conhece seu produto e a oferta
profundamente, é a hora de listar todas as possíveis objeções que seu cliente vai
apresentar. “Estou sem dinheiro agora”, “preciso falar com meu sócio”, “já tenho um
fornecedor”, “não serve pra mim”. Liste absolutamente todas que vierem na sua cabeça
e coloque a argumentação correta ao lado de cada uma. Com isso, você estará preparado
para qualquer barreira que o seu cliente possa colocar. Hesitar e gaguejar na hora de
quebrar uma objeção pode ser fatal para a sua venda. Vamos abordar esse assunto com
mais profundidade em um capítulo mais adiante.
- Faça melhorias constantes: Um roteiro nunca está pronto. É o seu papel, após
cada venda, analisar toda a conversa, pontuar o que deu muito certo e o que deu muito
- Crie várias hipóteses: É muita ingenuidade achar que você conduzirá o seu
cliente sem grandes problemas através da sua venda e que todas as palavras escritas ali
no seu roteiro serão suficientes. Lembre-se de que estamos falando de pessoas. Somos
seres imprevisíveis. Portanto, crie variações para cada pergunta e argumentação. Esteja
preparado para receber resposta A, B ou C. Tenha diferentes caminhos traçados,
seguindo diferentes hipóteses e (quase) nunca seja surpreendido. Escrever apenas uma
variação de roteiro é pedir para se frustrar no primeiro minuto de conversa.
- Decore-o de trás pra frente: Eu sei que é um pouco óbvio eu te dizer isso: mas
você não vai aparecer na reunião com um papel no bolso pra consultar caso dê um
branco. Mesmo em conversas por Whatsapp e telefone você não deve estar lendo nada.
O roteiro de vendas deve estar inserido no seu subconsciente. Tudo deve estar
automatizado no seu cérebro de maneira que você não tenha que fazer esforço pra
lembrar. Se durante a venda você ficar se esforçando para achar as palavras certas, o
efeito será contrário. Vai te distrair do que realmente importa e tudo irá por água abaixo.
O segredo é treinar muito. Leia dezenas de vezes, treine com amigos, pratique em vendas
menos importantes. Tudo a se falar deve ser tão óbvio pra você assim como o mar é azul
e o sol é amarelo.
- Esteja pronto para improvisar: Como citei ali em cima, as coisas sempre podem
sair do controle. O cliente pode surgir com uma objeção que você nem imaginava, pode
aparecer uma dúvida jamais citada, ele pode se ofender com algo, ser muito chato e te
tirar do sério, levar a conversa para um caminho fora do seu roteiro, além de dezenas de
outras possibilidades. Tudo isso e mais um pouco pode acontecer durante a venda. Você
deve entender, portanto, que nem sempre será possível ficar dentro do que você
escreveu e está tudo bem. Sua missão é pensar rápido, assumir novamente o controle da
conversa e trazer o cliente de volta pro roteiro.
Encare esse livro como um grande roteiro de vendas. O seu papel, enquanto lê, é
entender como funciona cada fase da venda e como você deve proceder em diferentes
situações. Com isso, página por página, você será capaz de construir o seu próprio
discurso, adaptando a informação para a realidade do seu produto. Pegue seu papel e
caneta e esteja pronto para criar o roteiro que vai mudar a sua vida.
- Tudo gira em torno do produto: Como falei há pouco, tudo começa aqui. Você
deve ser um verdadeiro conhecedor do produto que está vendendo. Se possível, compre-
o para si e faça você mesmo os testes. Liste as dificuldades que teve, como aquilo
melhorou a sua vida em quesitos práticos e emocionais, o que poderia ser melhor, fale
com a empresa e converse com mais pessoas que adquiriram. Procure enxergar o
- Entenda sobre a sua empresa: A não ser que você trabalhe para a Coca-Cola ou
para a Microsoft, em algum momento você vai ter que explicar sobre a sua empresa. O
cliente nunca se sentirá totalmente seguro sem conhecer mais sobre quem está por trás
daquele produto. Ele precisa sentir que é uma organização séria, íntegra, com boa
reputação no mercado e que entrega o que promete. Esteja pronto para contar a história
do fundador, como a empresa cresceu, sobre sua esteira de produtos vitoriosa, os
principais clientes, cases de sucesso, todos os prêmios e certificados que ela pode ter
recebido, os valores e a cultura da organização. Muitos clientes tiveram péssimas
experiências com outras empresas e isso pode ser o seu maior obstáculo durante a venda.
Conhecer todas essas informações e apresentá-las de maneira clara e atrativa pode
quebrar várias objeções e inseguranças do cliente e te aproximar muito do fechamento.
- Estude sobre o mercado: Não é inteligente criar o seu próprio roteiro sem antes
analisar os concorrentes. Não importa o que você fizer, sempre vai existir alguém fazendo
melhor. Liste as principais empresas que vendem o mesmo produto que você e analise
suas estratégias. Qual tipo de comunicação elas usam, como apresentam o produto, qual
oferta construíram, com qual público elas conversam, como fazem anúncios e
prospecção, e tudo mais que for possível descobrir. Você pode entrar em contato
diretamente com um vendedor e estudar o roteiro que ele aplica em você. O mais
importante aqui é juntar todas as informações pertinentes e fazer com que elas te guiem
na construção do seu próprio discurso.
- Conheça o seu público-alvo: O seu cliente NUNCA pode ser uma página em
branco pra você. Iniciar uma conversa com alguém sobre o qual você não sabe
absolutamente nada pode te levar para caminhos perigosos. Eu não digo sobre conhecer
individualmente cada pessoa, mas sim no coletivo. Aqueles que podem se interessar pelo
seu produto normalmente têm quais objetivos? Quais são as principais dores que surgem
quando colocam a cabeça no travesseiro? Quão transformador seria o produto na vida
delas? Quais as principais objeções que podem aparecer durante a conversa? Qual o nível
de consciência dessas pessoas em relação ao seu produto? Existem muitas perguntas. O
que deve ficar claro aqui é que você deve escanear os desejos, interesses, dores,
costumes e sonhos do seu público-alvo para chegar com um discurso personalizado.
Assim você cria um roteiro que caminha exatamente pelos sentimentos daquele lead,
gerando conexão, confiança e conduzindo-o até o fechamento.
Eu mesmo já ignorei muitas vezes o ensinamento desse capítulo. Fui ansioso com
muita sede ao pote e, na esmagadora maioria das vezes, fracassei. Quando você não tem
pleno domínio de tudo o que citei acima, a venda simplesmente não decola. Você se
sente como se estivesse pisando em ovos. Você sempre estará na iminência de falar
alguma completa besteira ou receber alguma pergunta capiciosa que destruirá a sua
conexão com o lead.
Só aplicando o conhecimento desse capítulo, sua taxa de conversão já vai subir.
Mesmo que você feche o livro nesse exato momento e nunca mais volte a colocar os seus
olhos aqui, sua taxa de fechamento já sentirá uma considerável diferença.
Pense agora em dois produtos. Um pelo qual você é apaixonado e outro nem
tanto. Um você conhece todas as especificidades, funções, benefícios; e o outro você
conhece quase nada. Qual seria mais fácil de vender agora mesmo pra mim? Mesmo que
você não se considere um grande vendedor, eu tenho certeza de que um deles teria uma
taxa de conversão muito superior.
Nunca mais inicie uma venda sem ler e executar esse capítulo.
Lá estava eu a caminho de uma reunião. Enquanto dirigia minha Honda Lead preta
pelas ruas movimentadas de Santos, meu pensamento era muito claro: “eu preciso
destruir nessa reunião, muita coisa depende disso. Preciso estar nos meus melhores
momentos”. Estava a caminho de uma casa de shows para negociar o, até então, maior
evento da minha vida. Eu já tinha uns vinte e poucos anos, já era mais experiente com
vendas e já colecionava alguns resultados, mas eu estava nervoso. Muito nervoso.
Um dos motivos era a importância da reunião. Se as coisas acontecessem como
eu previa, estaria prestes a realizar um evento que impulsionaria meu nome na região e
colocaria muito dinheiro no meu bolso. O outro motivo era que eu respeitava demais os
donos da casa de show. Era como se eles fossem muito maiores do que eu, com muito
mais experiência e muito mais inteligentes e afiados para negociar. Eu me sentia como
um peixe entrando no território de um tubarão violento.
Eu cheguei na casa perto das 15 horas. Logo que entrei, a secretária me colocou
em uma salinha suja e mal iluminada para esperar pelos donos. Olhando hoje, eu não sei
quanto tempo fiquei ali sozinho, mas na época, pareceu uma eternidade. A ansiedade
começou a corroer a minha cabeça e as ideias tornaram-se desconexas. Eu fui assaltado
por uma insegurança aterrorizante que pareceu levar minha voz juntamente com todo o
discurso que eu tinha preparado. Quando me dei conta, estava tremendo. Minha boca
estava seca e o meu único pensamento era correr e fingir que nunca tinha estado ali.
Eu não preciso nem falar que a venda foi um total fracasso. Não consegui – nem
de perto - apresentar as ideias como gostaria. Eles tomaram o controle da conversa logo
no início e conduziram toda a negociação para o lado que bem entenderam. Eu saí de lá
devastado. Minha confiança foi tão abalada, que passei um tempo duvidando das minhas
próprias capacidades de venda.
Eu conhecia muito bem o meu produto, tinha um roteiro detalhado na minha
mente, sabia muito sobre a casa de shows, sobre o mercado, o público-alvo, tinha uma
ótima oferta, mas eu falhei vergonhosamente. Por quê? Porque eu não preparei
corretamente o meu estado mental. Eu não ergui as barreiras necessárias para que minha
confiança fosse inabalável, protegida de qualquer estímulo externo. Eu deixei as
circunstâncias forjarem a minha mente.
O primeiro erro foi respeitá-los demais. Eu já entrei na venda me sentindo inferior.
Isso é um erro clássico e extremamente perigoso que destrói todas as suas chances de
chegar a um bom acordo. Quando você olha alguém de baixo pra cima, você diminui sua
voz ativa e se permite ser mais influenciável. Você sente que nada que seja dito será bom
o suficiente, porque a outra pessoa – mais experiente que você – nunca te levará tão a
sério, e sempre terá um argumento melhor para te refutar. É um sentimento totalmente
incapacitante.
Tom de empatia: Esse é o tom seguinte. Nesse momento, você está qualificando
o cliente e colhendo as informações necessárias para fazer sua apresentação. Aqui você
está perguntando sobre os principais problemas da empresa hoje, como isso tem afetado
a vida do cliente, qual a experiência dele com fornecedores antigos, quais são os objetivos
com a compra em questão. Esse é o momento de colher todas as respostas que você
precisa. Para que o cliente se sinta mais seguro em te passar as informações corretas,
sem omitir nada e sem sentir-se desconfortável, o seu tom de voz deve ser de total
empatia. Como alguém que esteja realmente preocupado com os problemas do cliente,
alguém que esteja genuinamente interessado em entender como fazer para ajudá-lo o
máximo que puder, alguém que se coloca sempre no lugar do outro. É como se você
estivesse ali, ouvindo os problemas do seu melhor amigo.
Tom de preocupação: Esse tom entra logo após as perguntas de qualificação. Você
agora tem todas as informações, mas não significa que deve se prontificar imediatamente
a ajudar e sanar aqueles problemas. Antes disso, você precisa aumentar o desconforto.
“Puxa vida, eu entendi. Se você não resolver isso, o prejuízo no curto prazo já é gigante,
né?”, “Esses problemas estão acabando com a sua saúde mental, né?”. Você precisa
amplificar aquele desconforto que foi relatado. Jogar um grande holofote para que a
urgência do cliente seja ainda maior em fechar com você. Ajudá-lo a entender que talvez
aquele problema pode ser algo ainda mais sério. O seu tom aqui é de extrema
preocupação. Como se algo desagradável tivesse acontecido. Como um médico que vai
dar uma péssima notícia a um paciente.
Tom de confiança: É aqui quando você diz: “Bom, você não precisa mais se
preocupar, Paulo. Eu vou resolver isso pra você”, e começa a apresentação do seu
produto. Você fala dos benefícios, das características, cases de sucesso, da autoridade da
empresa. É a hora em que você faz, de fato, a apresentação e convence o cliente de forma
racional. Nesse momento você exala confiança. Todas as palavras que saem da sua boca
devem elevar o nível de certeza do seu cliente em relação ao seu produto. Aqui você fala
firme, olhando no olho, transparecendo que tem absoluta convicção sobre tudo o que
está dizendo.
Tom de sinceridade: Esse tom você vai usar, principalmente, quando estiver
quebrando as objeções do seu cliente. Nesse momento, ele precisa de alguém sincero
para lhe tirar as dúvidas, que vai responder com a verdade acima de tudo, e não alguém
tentando persuadi-lo a fazer algo. Nesse caso, cada objeção será refutada com o tom
mais sincero que puder. Como se estivesse respondendo algo sem margem de dúvidas,
aconselhando uma pessoa a fazer a coisa certa. Isso vai gerar confiança e conexão com
seu lead.
Tom de expectativa: Esse é o tom que você usa para fazer o cliente vislumbrar do
futuro perfeito. Você o faz imaginar como a vida seria melhor com o seu produto em
mãos. “Imagina, Paulo, podendo sair de casa em paz, sem precisar se preocupar com
assalto, podendo curtir com a sua família, sabendo que seu lar tá em segurança.
Realmente, vai dar muito mais qualidade de vida pra vocês.” Sua voz transmite
empolgação, felicidade, gera expectativa. É um tom necessário para fazer o cliente
imaginar e se sentir mais certo sobre a compra.
Tom de urgência: Esse é o tom que você usará ao final da venda para aplicar
pressão e realizar o fechamento. Nesse estágio, sua voz demonstra uma preocupação
com o cliente. O fato dele não se decidir imediatamente pode prejudicar muito mais ele
do que a você, e sua voz transmite esse sentimento. Você atua como um conselheiro que
tenta fazer com que esses problemas sejam evitados e diz, como amigo, que ele precisa
agir naquele momento ou será tarde demais. Esse é um tom perigoso. Você precisa soar
exatamente como eu falei. Se você demonstrar insistência na sua voz, forçando o cliente
a comprar logo, ele pode se sentir pressionado e desistir.
Interprete a venda como uma dança. As palavras que saem da sua boca formam
a letra da música, o tom da sua voz constrói uma bela melodia e o seu corpo acompanha
fazendo a coreografia no momento certo. Os três precisam estar em perfeita comunhão
para que a experiência musical seja bem-sucedida. Na venda acontece exatamente da
mesma forma.
Enquanto você fala, o seu corpo transmite dezenas de impressões para o seu
interlocutor. Qualquer mínimo movimento que você faz pode ser interpretado de
diversas maneiras, tanto negativas quanto positivas. Usar a comunicação gestual da
forma incorreta pode sacrificar a sua venda, invalidando qualquer palavra que esteja
saindo da sua boca.
O principal conceito que você deve entender aqui é que os seus gestos devem
cumprir três funções principais:
Quando você argumenta sem utilizar o seu corpo para acompanhar, suas palavras
ficam vazias. Sem impacto. Elas não soam tão poderosas como deveriam. Se a sua
intenção em determinado momento for, por exemplo, apresentar o produto, e os seus
braços não estiverem gesticulando e transmitindo energia, você terá uma apresentação
fraca, provavelmente sem nenhuma conversão. Se a sua intenção for aplicar pressão ao
final de uma venda e as suas feições não agirem de acordo, o cliente não sentirá dentro
de si essa suposta pressão. Lembre-se: toda palavra que sair da sua boca será
potencializada pela comunicação gestual que você utilizar.
Imagine uma situação em que você entra em uma sala de reunião. Você se
encolhe em sua cadeira, apoia as mãos sobre suas coxas e fica nessa posição até o final
da sua apresentação sobre um produto revolucionário de crescimento de cabelo.
Francamente, mesmo se o produto for a melhor coisa que já apareceu no mercado desde
a máquina de lavar louça, ninguém te dará ouvidos. Vão te interpretar como um menino
tímido, sem autoridade, que não consegue apoiar seus argumentos e que não sabe muito
bem o que está falando. Você será escaneado pela sua comunicação gestual e ninguém
dará muito atenção ao que você tem a dizer.
Outro exemplo é na hora de gerar conexão. Se você não der um bom aperto de
mãos no seu cliente, não olhar diretamente nos seus olhos e não sorrir em momentos
oportunos, ele vai te achar um pé no saco. Talvez alguém arrogante com quem ele não
Gestos como forma de ênfase às palavras: o seu corpo amplifica suas palavras.
Cria uma adesão muito maior na mente do cliente. Faz ele interpretar com maior clareza
Tudo isso depende de muita prática e inibição. Eu não espero que na próxima
venda você destrave toda a sua timidez e domine perfeitamente a comunicação gestual.
Leva algum tempo. Mas você não pode deixar de tentar e praticar. Depois de algumas
dezenas de vendas, tudo se torna muito intuitivo, como qualquer outra lição desse livro.
Pratique em frente ao espelho, treine o movimento dos braços, das mãos, sobrancelhas,
bochecha, lábios, conforme eu disse nesse capítulo, e em algum tempo tudo vai se
encaixar.
Use vírgulas e pontos da forma correta: Não há nada mais agoniante do que ler
um texto de 10 linhas com poucos pontos e vírgulas. As palavras param de fazer sentido
e quem escreveu fica parecendo um analfabeto que nunca saiu da segunda série. Além
de dificultar a leitura e causar distanciamento. Procure sempre escrever o seu texto
respeitando – à risca – as regras de pontuação. Isso é uma das dicas mais importantes
que posso te dar sobre venda escrita.
Vamos falar mais sobre isso em um capítulo futuro chamado “Venda por
mensagem”, mas, por enquanto, essas 2 regras bem aplicadas serão o suficiente para te
fazer não perder a venda por pura incompetência.
Agora, entrando em venda falada, as técnicas ficam um pouco mais complexas e
poderosas. Se, por mensagem, conseguimos pensar e hesitar antes de enviar qualquer
coisa, pessoalmente isso não é possível. Você precisa desenvolver um controle maior.
Faça pausas no momento certo: Uma boa pausa diz mais do que cem palavras.
Saiba o momento certo de, simplesmente, ficar calado. Quando você faz um bom
argumento, ou quebra uma objeção do cliente, é o momento perfeito para deixar o
Um fator importantíssimo que você deve aplicar juntamente com esses princípios
de ritmo, é o da ênfase. No meio de todas as suas frases, existem algumas palavras que
precisam ser destacadas, que são imprescindíveis para fazer com que seu cliente entenda
o valor da oportunidade e tome uma ação imediatamente. Você precisa fazer com que
essas palavras se sobressaiam.
Para isso, nessa hora, você eleva o seu tom de voz, diminui a velocidade da fala,
articula melhor as palavras, arregala os olhos levantando as sobrancelhas, amplifica com
os braços e logo depois usa a técnica da pausa. É uma forma poderosíssima de aplicar a
ênfase, que eu uso frequentemente em todas as minhas vendas e inclusive em lives e
vídeos para as redes sociais. Outras lendas como Steve Jobs e Jordan Belfort fizeram uso
frequente dessa técnica exatamente da mesma forma que eu.
Você pode usar a ênfase para dizer o preço do seu produto, uma promoção
exclusivíssima por tempo limitado, um depoimento de um grande cliente, para citar o seu
principal benefício, entre vários outros motivos. Preocupe-se apenas em não repetir
muitas vezes para não perder impacto e de utilizar somente nos principais argumentos
de toda a venda.
Agora vamos voltar lá pro início. Como seria a venda daquele empresário se ele
dominasse o conhecimento que eu passei nesse capítulo? Ele com certeza não me
bombardearia com textos infinitos sobre a sua banda. Faria alguns poucos parágrafos
curtos, respeitando a pontuação e me convidaria para uma reunião rápida citando apenas
um bom argumento para me convencer, e preservando os outros. Pessoalmente, ele
falaria mais devagar, deixando espaço para que eu também argumentasse e apresentaria
de forma bem distribuída as informações e benefícios do show daquela banda. Daria
ênfase em alguns pontos cruciais e me manteria atento com algumas perguntas. No fim,
me daria uma oferta irresistível com um argumento que ele guardou para o gran finale.
O palco, com certeza, seria deles.
Você precisa despertar simpatia: Uma das principais conquistas em uma venda é
fazer o cliente gostar de você. Vamos abordar isso em um capitulo mais a frente, mas o
que precisa ficar claro desde agora é: essa conexão depende dos primeiros segundos. Se
no momento em que o cliente te encontra, você age de forma errada e passa uma
impressão negativa, é muito difícil de reverter isso no decorrer da venda. Encontre-o
sempre com um sorriso estampado no rosto, demonstrando real felicidade em encontrá-
lo, chame-o pelo nome, agradeça o seu tempo e dê um forte aperto de mão. Faça tudo
soar da forma mais natural possível e deixe o cliente extremamente à vontade para
iniciar.
Eu sei que você pode ter se desesperado um pouco até aqui. “Eu só faço venda
por mensagens, nunca encontro o cliente pessoalmente, não consigo aplicar nada disso
pra minha realidade!”. Eu sei que muitos de vocês se identificaram, e, por isso, eu criei
esse capítulo justamente para adaptar todos os principais conceitos de venda para uma
conversa feita exclusivamente por mensagem.
No ambiente do texto, muitas estratégias poderosíssimas simplesmente deixam
de existir, como a comunicação gestual e o tom de voz. Mas outras como ritmo e primeira
impressão se tornam ainda mais decisivas.
Basta pensar: se o cliente criar uma imagem negativa sobre você nos primeiros
instantes de uma venda presencial, tudo ficará (muito) mais difícil, certo? Mas vocês
ainda estarão ali, frente a frente. Existe uma pequena chance de que você consiga moldar
essa imagem no decorrer da venda e salve o negócio. Quando a conversa é por
mensagem, isso é quase impossível. A pessoa pode simplesmente deixar de te responder
e todo o esforço vai por água abaixo.
O mesmo serve para o ritmo. Quando estamos pessoalmente e a nossa fala
começa a acelerar, cortamos a conexão com o lead e prejudicamos profundamente a
venda. Mas ainda há uma chance. Ainda estamos ali frente a frente. Podemos cadenciar
nosso ritmo e recuperar a venda conforme avançamos. É difícil, mas é possível. Por
mensagem, infelizmente, não temos essa segunda chance. Quando enviamos aqueles
textos enormes, sem vírgula, ponto e quebra de parágrafo, nos quais as palavras se
embaralham e fica muito difícil compreender o que está sendo dito, o cliente pode, mais
uma vez, simplesmente abandonar a conversa.
Conversar por mensagem é estar sempre na iminência de perder a venda por
qualquer motivo bobo que seja. Qualquer palavra errada, argumento desencontrado ou
afirmação mal colocada e o seu cliente some sem dar explicações. Por isso, nesse tipo de
venda, você precisa ter muito mais cautela com o que vai falar e ser muito mais fiel a um
roteiro.
Todos os artifícios emocionais que uma venda presencial proporciona são
perdidos nas mensagens. Você perde muito poder de influência sobre a emoção do seu
cliente. É muito mais difícil criar conexão, o tom de voz não é capaz de criar empatia, os
gestos não amplificam seus argumentos. A venda fica muito menos poderosa e limitada.
O que ganha espaço, então? A argumentação lógica. O puro convencimento por palavras,
apresentação de benefícios e oferta irresistível. A emoção dá muito lugar à razão.
Junto com a ascensão da argumentação, outras técnicas surgem. Elas são
específicas para esse tipo de venda e nunca serão usadas em uma venda presencial. Vou
listar agora todas as principais preocupações que você deve ter ao realizar uma venda
por mensagem. Como iniciar, prender a atenção, argumentar, conduzir e fechar. Preste
Nunca demore para responder: A primeira coisa que você deve colocar na sua
cabeça. Nada fará sentido se você não respeitar essa regra. Esteja sempre com a janela
da conversa aberta e responda imediatamente – nunca demore mais do que alguns
segundos. Muito provavelmente aquela pessoa está fazendo dezenas de coisas ao
mesmo tempo – inclusive conversando com outros vendedores. Cada segundo que passa,
as suas chances de concretizar o negócio diminuem. Foque em uma venda de cada vez,
coloque toda a sua energia nela e só depois passe para a próxima.
Aprenda regras gramaticais: Sinto muito, mas você nunca será um vendedor
decente escrevendo tudo errado. Cada erro gramatical no seu texto é um golpe duro na
sua credibilidade. Dependendo do nível de tolerância do cliente, dois ou três erros podem
ser o suficiente para encerrar a venda. Vá estudar, e estou falando sério. Concordância,
acentuação, ortografia, conjugação de verbos. Todas as mensagens que você enviar
devem ser impecáveis do ponto de vista gramatical. É o mínimo que o cliente espera de
alguém que está tentando lhe vender algo.
Use a linguagem falada: Nunca tente enfeitar as suas mensagens com palavras
difíceis e estruturas rebuscadas. Você não está escrevendo um livro. Você está vendendo.
Nunca escreva uma palavra que você não falaria pessoalmente. Sempre simplifique o seu
discurso. Escrever em linguagem formal só vai causar distanciamento com o cliente e vai
fazer ele te achar um idiota metido.
Seja econômico: Seja sempre objetivo e direto ao ponto. Mesmo que você tenha
uma porção de ótimos argumentos e tenha muito a dizer sobre o produto, você não deve
escrever demais. Enviar textos e mais textos para o cliente pode fazer sua retenção
despencar. Nem todos têm paciência para ler mensagens muito longas (isso serve
também para áudios). Pegue os principais pontos da sua argumentação, liste os
Gere conexão profunda: O Marcelo passava toda a venda tentando encontrar algo
em comum com o cliente. “Torcedor do Santos? Ah, então você é um dos meus”, “Você
já morou ali na Vila Mathias? Morei lá a minha vida inteira junto com minha mãe e depois
com meus filhos. Lugar incrível, né?”, “Você já trabalhou no Itaú? Conhece o Marquinhos,
gerente? Meu amigo de infância, ele é meu parceiro, vou até ligar pra ele”, “você gosta
de tomar uma cervejinha final de tarde? Já foi ali no quiosque do canal 4? Aquela obra ali
é minha. Pode ligar no seu Jorge. Ele amou o resultado”. Ele ficava analisando todas as
palavras que saíam da boca do cliente. Quando algo que pudesse gerar conexão era dito,
ele já criava a narrativa e encantava o prospecto.
Crie laços de amizade: Essa dica pode não te ajudar a fechar uma venda, mas com
certeza ela fará com que o cliente nunca mais pense em te deixar. A verdade é que eu e
o Marcelo nos tornamos amigos muito rápido. Na primeira semana ele já estava
- Quanto mais confiança e conexão, mais fácil será: Eu já falei que esse livro é
construído de forma cronológica. O sucesso das técnicas seguintes depende da boa
execução das técnicas anteriores. Por isso, se você causou uma boa primeira impressão,
conseguiu gerar conexão e transmitiu muita confiança, você terá mais facilidade na fase
de qualificação. O cliente oferecerá menos resistências às suas perguntas e se sentirá
mais à vontade para te passar todas as informações que você precisa.
Uma vez que você aplicou as perguntas de qualificação e identificou que aquela
pessoa se enquadra no seu público-alvo, é a hora de avançar. Mas não muito. Você ainda
precisa de mais informações. Lembrando que o que será passado nesse capítulo se aplica
para venda de serviços e para produtos que têm maleabilidade no preço e na proposta.
Produtos tabelados não se aplicam.
Enquanto o que nós vimos no capítulo anterior serve para definir se vale a pena
iniciar a apresentação para uma determinada pessoa, nesse capítulo nós vamos colher as
informações necessárias para entender DE QUAL FORMA devemos fazer essa
apresentação. Isso mesmo, cada venda será feita de uma maneira levemente diferente
dependendo de algumas características e necessidades específicas do seu cliente. Sua
apresentação deve se moldar a cada situação.
Eu nunca concordei com Jordan Belfort quando ele diz que toda venda é igual.
Você não vende para desconhecidos da mesma forma que vende para amigos e
admiradores. Nem vende para o Google da mesma forma que venderia para o
mercadinho da esquina. Isso seria, em primeiro lugar, muita preguiça mental, e, em
segundo lugar, muita burrice. Sua apresentação deve manter o mesmo argumento
central, mas com alguns ajustes para cada realidade. O seu roteiro deve contemplar essas
possibilidades.
Quais são essas informações que você precisa colher do cliente para qualificar sua
oferta?
Essas são as informações que você precisará captar a partir de agora. Elas vão
moldar a sua oferta de acordo com o caso específico daquele cliente.
Cenário 1: Você nivela o preço pelo cliente menor. Cobra de ambos 5 mil reais.
Para a padaria está ótimo. É o que eles estavam pensando em pagar. Ao mesmo tempo,
para a Rede de Cursos isso é um pouco estranho. Eles começam a enxergar o seu trabalho
com certa desconfiança. É barato demais. Eles passam a ter medo se você realmente
consegue entregar o que promete. Outra possibilidade é eles rirem da sua cara, fecharem
negócio sorrindo e você deixar milhares de reais em cima da mesa.
Cenário 2: Você nivela o preço pelo cliente maior. Cobra de ambos 25 mil reais. A
Rede de Cursos está satisfeita. É exatamente aquilo que eles estavam dispostos a pagar.
Vão assinar o contrato e fazer a transferência. Já a Padaria te chama de maluco, fala três
ou quatro palavrões e te manda pra aquele lugar. Negócio perdido por pura inocência.
Percebeu como não faz sentido? Você precisa adaptar o preço da sua solução para
a realidade de cada um. Clientes grandes suspeitam de coisas muito baratas. Eles têm
receio sobre o resultado final. Eles não hesitam em pagar mais caro por um
produto/serviço de alta qualidade. Ao mesmo tempo, eles te trarão mais
responsabilidade, mais esforço, mais investimento de energia. Vão exigir mais de você.
Eles querem as coisas impecáveis.
Já o cliente menor precisa de uma condição diferenciada. Caso ela seja baixa
demais, encerre a venda na fase de qualificação. Se ela estiver dentro da sua
possibilidade, dê essa opção. Viabilize o fechamento do negócio. Traga o cliente para
dentro da empresa e crie uma relação duradoura. Será um projeto menor, que te ocupará
menos tempo, menos recursos e gerará fluxo de caixa para você.
Portanto, nesse momento, identifique mais a fundo as questões financeiras do
seu cliente. Peça para saber mais sobre a história da empresa, quem eles atendem,
serviços que oferecem, ou, se for uma pessoa física, procure descobrir mais sobre os
hábitos de compra dela. Não qualificar o poder aquisitivo pode te causar grandes
prejuízos.
Cliente 1: Seguidor fiel das suas redes sociais. Comprou todos os seus produtos,
foi nas suas palestras e assiste todas as suas lives.
Cliente 2: Nunca te viu na vida.
Não preciso nem falar que a comunicação será bem diferente nos dois casos, né?
O cliente 1 oferecerá muito menos resistência ao que você tem a dizer. Você pode
resumir a sua argumentação, ir direto aos principais pontos, oferecer outros produtos
complementares, usar um discurso mais voltado ao emocional e não precisará fazer
muitas concessões. Sua autoridade e toda a conexão criada até aquele momento
conduzirão a venda muito mais do que as palavras que sairão da sua boca.
Já com o cliente 2 tudo é diferente. Você precisará se apresentar, falar sobre sua
empresa, mostrar prova social, seus resultados e realizar uma apresentação completa
demonstrando muita integridade e confiança. O discurso do cliente 1 simplesmente não
funcionará. Faltarão informações. Faltará a transmissão de credibilidade. Talvez aqui você
precise realizar mais concessões para fechar o negócio. É sempre muito mais difícil.
Você precisa descobrir qual é a visão sobre você e sua empresa. Pergunte se ele
já te conhece. Se já ouviu falar do seu produto alguma vez. Caso conheça, o que mais ele
sabe? Ele só ouviu falar algum dia ou é familiarizado com toda a sua história e conquistas?
A terceira e última informação é sobre a urgência. O cliente precisa disso pra
ontem? Ou está sem pressa nenhuma? Essa informação será crucial para definir quem
está no lado mais forte da corda e terá mais facilidade para impor condições. Cenários:
Caso 1: Cliente gostou do seu portfólio, quer fechar com você, mas precisa do
serviço pronto em 48 horas. O profissional que estava fazendo para ele abandonou o
barco e o desespero bateu.
Caso 2: Cliente gostou do seu portfólio e quer ouvir uma proposta para, quem
sabe, fechar dali a algumas semanas.
Chegou a hora de entrar em ação. Até esse momento, tudo o que você fez foi
causar impressão e colher informações. Você transmitiu confiança, segurança,
credibilidade, gerou conexão e qualificou seu cliente.
Nenhuma palavra que você disse até esse momento foi na intenção de vender
nada. Você ainda não usou nenhuma técnica de apresentação e sequer citou algum
benefício do seu produto. Você estava até agora preparando o terreno. Estudando as
estratégias minuciosamente e criando o momento perfeito para começar o ataque.
Agora, antes demais nada, eu preciso te alertar sobre algo muito importante: por mais
que você esteja ansioso para começar a argumentar sobre suas soluções e benefícios,
ainda há uma última coisa que você precisa fazer antes disso.
O cliente já abriu o jogo pra você e já passou todas as informações valiosas que
você precisa. Ele já te relevou – com riqueza de detalhes – qual é a sua dor central. O que
você faz agora, então? A grande maioria das pessoas falaria isso: “Pode ficar tranquilo Sr.
Paulo, você encontrou a pessoa certa. Você não precisa se preocupar com mais nada, nós
estamos aqui para resolver absolutamente tudo”.
Veja bem, eu quero te dar um conselho no pé do seu ouvido pra ninguém mais
ouvir: NÃO FAÇA ISSO NUNCA MAIS! Você acabou de dar um tiro no seu pé e
provavelmente colocou em grande risco a sua venda. Você não pode acabar com a dor
do seu cliente tão facilmente assim. Ele não pode ter a impressão de que tudo é muito
simples pra você. Que com algumas palavras bonitas e dois telefonemas você vai receber
aquele pagamento gordo que ele conquistou com anos de trabalho duro. Ao fazer isso,
você está minimizando a dor do cliente. Se ela era gigante na cabeça dele,
automaticamente se transformará em algo pequeno e fácil demais de ser resolvido.
Você precisa, antes de tudo, aumentar o desconforto do cliente e maximizar
aquela dor. Você precisa fazer com que ela se torne ainda maior e mais complexa na
cabeça dele. Ele precisa criar um senso de urgência de que precisa solucionar aquilo o
quanto antes e que, mesmo pra você, que é um expert no assunto, o trabalho não será
fácil.
Vamos voltar ao exemplo da empresa que precisa contratar um desenvolvedor de
sites. Eles já te passaram todas as informações necessárias, e estão prontos para ouvir a
sua proposta. Só que, ao invés de começar a falar sobre seu serviço, você continua com
mais algumas perguntas e afirmações. “Realmente o site do jeito que está hoje, tá muito
amador. Muito mesmo. Isso provavelmente tá afastando muitos clientes potenciais e
prejudicando muito o faturamento da empresa. Vocês conseguem quantificar quanto
dinheiro vocês estão perdendo?”, “Me preocupa muito esse site atual de vocês. Precisa
construir um novo com muita urgência. A empresa que fechar com vocês vai precisar dar
um jeito, remanejar profissionais, mudar agenda, pra conseguir fazer logo uma página
profissional e diminuir o estrago”, “Eu dei uma olhada no site dos concorrentes e
Tudo o que você fez até aqui serviu para construir o ambiente perfeito para iniciar
a sua apresentação. Tudo o que falamos sobre estado de energia, construção de conexão,
aumento de desconforto, assentimento e TODOS os outros assuntos tratados desde o
primeiro capítulo, são cruciais para que você e seu cliente cheguem preparados para o
momento da apresentação.
Muitos livros e cursos tratam apenas do que falarei nesse capítulo, como se isso
fosse a venda em si. Como se nada mais importasse e uma apresentação bem-feita fosse
o suficiente para convencer o cliente a comprar seu produto. Esse é um dos maiores
mitos que existem. As chances de você fechar um negócio sem antes preparar o ambiente
da forma correta são quase nulas. Se o seu cliente entrar na fase de apresentação
inclinado a duvidar e não aceitar suas palavras, dificilmente você conseguirá reverter o
quadro.
Por isso eu reitero aqui que a venda é uma construção, e esse é o motivo pelo
qual eu decidi escrever esse livro de forma totalmente cronológica. Pense como se fosse
uma pirâmide. As fases mais avançadas só podem ser alcançadas com o total
cumprimento das fases anteriores. Dito isso, existe algo que você deve entender antes
de tudo: o primeiro passo para uma apresentação poderosa é a construção de um
ambiente perfeito. Você já deve ter causado uma boa impressão, transmitido
credibilidade, criado conexão, qualificado o cliente e a oferta, já deve ter aumentado o
desconforto e provocado o assentimento. Seu tom de voz e comunicação gestual devem
passar a confiança e segurança necessária, seu estado de energia já deve ter contagiado
o cliente. Quando todos esses fatores são bem atendidos, é muito difícil que a sua
apresentação não alcance o sucesso. Seu cliente estará em um estado mental propício
para te ouvir e logo em seguida sacar o cartão de crédito.
A apresentação é o momento da venda no qual você expõe todos os benefícios e
características da sua solução. É quando você explica ao cliente como aquele produto vai
resolver a dor em questão.
Além da construção do ambiente perfeito, que já citei acima, você precisa ter
outros três cuidados ao começar a sua apresentação de vendas:
1. Conhecer seu produto profundamente: Esse foi um dos primeiros capítulos do
livro. Você nunca fará uma boa apresentação se não conhecer o seu produto de ponta a
ponta. Todas as especificidades, detalhes, funcionamento, modelo, história. Quanto mais
você conhecer, mais fácil será a sua apresentação e menos chances você terá de não ser
claro o suficiente com o cliente ou de ser pego por uma pergunta que você não sabe
responder (o que seria muito prejudicial).
2. Ter um roteiro eficiente: Nessa hora, seu roteiro deve ser muito detalhado e
preparado para qualquer pergunta que possa surgir. Ele vai evitar que você esqueça
- Tenha muita clareza na sua comunicação: Não importa quem seja o cliente: se
você teve que explicar a mesma coisa mais do que duas vezes, a culpa é sua. Se você não
consegue ser didático, claro e explicar de uma forma simples sobre o seu produto, você
construirá barreiras enormes entre o seu cliente e o fechamento. O vendedor que se
embaralha na argumentação, se perde no discurso e não é capaz de organizar as
informações é digno de pena. Não importa quão bom seja o seu produto, se você não é
capaz de fazer o cliente entendê-lo, você não chegará a lugar algum. Se a venda for por
mensagem, pratique a escrita todos os dias. Leia grandes livros e treine diariamente para
que suas palavras sejam claras e sem margem para dúvida. Se a venda for presencial,
pratique a argumentação dezenas de vezes para o seu espelho ou para amigos. Evite
repetir as mesmas informações, gaguejar, falar muito rápido. Use metáforas quando
necessário. Clareza vende muito.
A única exceção para isso é quando você for vender para especialistas no ramo.
Quando você conversa com alguém que entende muito do assunto, eles são muito mais
focados e interessados nas características. Um expert em segurança residencial vai te
perguntar de cara as características das câmeras, assim como uma dona de casa que
possui três versões diferentes de Air Fryer na cozinha.
- Quebre todas as objeções: Essa é uma parte muito importante. É muito difícil
que você conclua a venda sem enfrentar nenhuma objeção. Frases como “estou sem
dinheiro”, “não é o momento certo”, “preciso falar com meu sócio” são muito frequentes
durante uma negociação. Você precisa ter uma resposta pronta, muito bem estruturada
e convincente para que o seu cliente não desista da compra. Vamos abordar esse assunto
mais detalhadamente em um capítulo mais adiante.
- Dramatize e impacte: o próximo capitulo será todo sobre isso. Vamos nos
aprofundar.
DISCURSO EXAGERADO
LINHA DE IMPACTO
DISCURSO ENTEDIANTE
- Ansiedade: 95% das vezes eu estava ansioso demais. Estava tenso com a
situação, não me sentia confiante o suficiente e tinha muito medo de errar e não atingir
o fechamento. Qualquer detalhe que saía do controle o meu cérebro já entrava em
pânico. Eu não tinha calma o suficiente para analisar a situação e pensar em uma nova
estratégia. A ansiedade te inibe e evita que você acesse as suas maiores habilidades.
- Quando eu não acreditava no que estava vendendo: Se você tinha essa dúvida,
eu vou te confirmar aqui e agora: se você não acredita fortemente no resultado daquilo
que está vendendo, você não será capaz de atuar em alta performance. Você não
conseguirá transparecer na sua fala toda a confiança necessária para persuadir o cliente.
Você vai se sentir levemente envergonhado e não conseguirá articular o tom de voz
necessário para elevar a certeza do seu prospecto.
- Quando eu não tinha certeza sobre o que estava falando: Quando você não faz
uma pesquisa eficiente e não domina profundamente tudo o que está no seu roteiro,
você libera brechas para que seu cliente assuma o controle. É preciso conhecer
totalmente o seu produto, seu público-alvo, o cliente (se possível), os dados que você
está passando, as soluções que está prometendo, ter experiência no ramo (se possível).
Todo esse conhecimento te ajuda a dominar a negociação. Você se torna um expert e
sempre estará preparado para qualquer rumo que a conversa tomar.
- Gerar conexão: Você não conseguirá a atenção do seu cliente se ele não se
identificar com a história. A sua narrativa pode ser incrível, com os melhores
personagens, conflitos e reviravoltas. Mas se o seu cliente não encontrar nenhuma
familiaridade com a sua vida, ele não criará conexão e seu interesse pela história
despencará. É recomendável que ele se considere parecido com algum dos personagens.
Seja pelos problemas, pelas crenças, pelas dores, necessidades, objetivos, sonhos. Ele
também precisa se identificar com o conflito. O personagem deve estar passando por
algo que o cliente também está enfrentando em sua vida, e deve estar buscando uma
solução que resolveria aquele problema. Caso você não consiga gerar essa conexão, a
história não surtirá o efeito desejado.
- Emocionar: Toda história de qualidade emociona. Nos faz vibrar com as vitórias
dos personagens, se entristecer com as derrotas, rir das piadas, se indignar com as
reviravoltas. Toda história precisa de proximidade emocional. Um dos pontos que causa
isso é justamente a conexão que citei acima. Se o cliente se identifica com a história, mais
suscetível ele está para se envolver com ela. Mas isso não é tudo. Precisamos ligar os
holofotes nos sentimentos dos personagens. Contar uma história simplesmente
relatando fatos e acontecimentos em sequência não cria empatia. Se você não entende
o que aquele mocinho está sentindo no momento, quais são suas fraquezas, frustrações
e sonhos, você não se afeiçoa. Na história, você precisa dar muito destaque para a carga
emocional que os personagens vivenciam. Qual foi a reação específica que cada um teve
em determinado acontecimento? Como ele se sentia, lá no fundo, ao viver aquela
situação? Quais pensamentos vinham em sua cabeça nos dias mais difíceis? Contar a
história de maneira rasa, sem se aprofundar nos sentimentos, é a maneira mais fácil de
construir uma narrativa sem impacto.
- Ser cativante: Esse princípio está mais relacionado com a maneira como você
conta a sua história. Se você não for capaz de conduzi-la corretamente, de forma atrativa,
dinâmica e cativante, o seu cliente vai cansar. A mente dele vai desligar e suas palavras
entrarão por um ouvido e sairão pelo outro. Com certeza você sabe do que estou falando.
Você deve conhecer alguém péssimo em narrar qualquer acontecimento. Se enrola com
as palavras, fornece detalhes irrelevantes, repete várias vezes a mesma coisa, esquece
informações, não consegue desenvolver a história. Quando nos deparamos com alguém
assim, a nossa atenção se dispersa. Podemos estar diante do acontecimento mais incrível
dos últimos 100 anos, mas se o narrador não for bom o suficiente, a história vai parecer
entediante, engessada e sem graça. Portanto, seja cativante do início ao fim. Não use
palavras demais; tenha linearidade; saiba organizar as informações em ordem
cronológica e conte-as sem as embaralhar; detalhar é importante, mas não exagere, isso
torna a história cansativa; faça pausas nos momentos que pedem maior tensão; faça com
que o seu tom de voz e sua comunicação gestual amplifiquem o sentimento que você
Dito tudo isso, como você pode aplicar o storytelling nas suas vendas? Vamos
falar, primeiramente, sobre a técnica mais usada. Vamos chamá-la de “História
semelhante”.
Para entender, vamos voltar para o exemplo do nosso amigo que está preocupado
com a criminalidade no bairro e precisa de um sistema de segurança. Vamos supor que
ele tem uma reunião marcada com um vendedor mediano. A apresentação desse sujeito
soaria mais ou menos assim:
“O que eu trouxe hoje pro Senhor é algo que realmente vai mudar toda a
segurança da sua casa. Vocês nunca mais vão precisar se preocupar com esses bandidos
que assombram o bairro. O que eu tenho aqui é a MDL 2k Millenium Falcon. Um sistema
com 12 câmeras com visão noturna, ângulo, 360 graus, além de 5 alarmes com ligação
direta com a polícia. E quer saber? Eu vou colocar no pacote esse bipe que te avisa em
tempo real, mesmo se você estiver fora, se alguém está tentando entrar na sua casa.
Esses produtos são de última geração, posso assegurar que você estará tranquilo aqui em
sua casa junto com a sua família. Posso pensar em algum desconto também pra
fecharmos agora, o que acha? Assim acabamos com seus problemas ainda hoje.”
Quais são os problemas desse discurso? Primeiro que ele foca muito em
características e pouco em benefícios, segundo que ele não impacta e nem dramatiza, as
palavras são simples demais e parecem uma lista chata de informações. Mas o principal
erro aqui é, sem dúvidas, a falta um storytelling poderoso para gerar conexão e
autoridade.
Vamos supor que um vendedor que leu esse livro do início ao fim, senta-se na
mesa logo depois para iniciar a mesma venda: (entre aspas vamos relembrar algumas
técnicas já passadas).
“Sr. Carlos! Pelo que o sr. falou as noites por aqui têm sido bem difíceis, né? Uma
preocupação acima do normal, medo de algo acontecer com aqueles que você ama, de
haver algum prejuízo material. Realmente esses assaltos têm atrapalhado muito sua
qualidade de vida, estou certo? (provocando o assentimento). Tudo isso é bem
preocupante e eu te entendo perfeitamente, eu mesmo já passei por isso e sei quão ruim
é viver sempre estado de alerta, quase em paranoia. Isso acaba prejudicando inclusive a
saúde mental e física de todos, né? É algo realmente muito sério e preocupante.
(aumentando o desconforto). Mas quero que o Sr. preste muita atenção no que eu vim
lhe oferecer hoje. É um produto revolucionário, algo totalmente novo no mercado que
está transformando a forma como as pessoas pensam a respeito de segurança residencial
hoje em dia. Algo que até pouco tempo atrás era só um sonho na cabeça de todos. Vim
aqui te dizer que esses dias de preocupação estão oficialmente encerrados. Daqui pra
Deixe-me começar esse capítulo te contando uma verdade meio dura: você é
muito mais influenciável do que pensa. Por mais que você acredite ser uma pessoa
desconfiada, analítica, sempre com um pé atrás e altamente cautelosa para nunca tomar
decisões ruins e nem ser enganado por algum oportunista, eu te afirmo com toda a
certeza mundo: é muito mais fácil te influenciar do que você imagina. Como eu sei disso
mesmo sem te conhecer? Porque todos somos assim. Todos nos fechamos em nossos
casulos e duvidamos de cada palavra que sai da boca de um vendedor, até chegar alguém
que confiamos muito e dizer que já usou e aprova aquele produto. Nesse momento meu
amigo, a nossa mente muda.
Nós, enquanto seres humanos, vivemos em tribo. Somos altamente influenciados
pelas decisões e opiniões da nossa comunidade. A afirmação coletiva sempre tem um
peso muito maior do que o nosso próprio senso crítico. Se várias pessoas do nosso ciclo
estão criticando um produto específico, nós tendemos a criar uma imagem negativa
sobre ele. O mesmo acontece no extremo oposto, se todo mundo está comprando e
falando bem, as chances de seguirmos a opinião alheia são muito altas.
Um bom exemplo disso é o cinema. Você assiste um trailer de um novo
lançamento, e, em primeiro momento, na sua opinião, parece muito entediante. Ele não
foi capaz de te despertar desejo. Porém, nos dias seguintes, todo mundo começa a falar
desse filme. Todos os seus amigos assistiram e amaram, as redes sociais se inundam de
comentários positivos, os sites estão falando bem. Nesse momento um alarme apita na
sua cabeça “porra, eu preciso assistir esse filme. Tá todo mundo falando. Deve ser
sensacional.” E então, mesmo que o trailer tenha sido ruim, e a sinopse não tenha te
atraído, você vai lá e assiste o bendito filme. Esse exemplo pode ser replicado para
música, restaurantes, livros, produtos de casa, serviços em geral, e para praticamente
qualquer coisa à venda no planeta Terra. A opinião alheia é capaz de nos influenciar
fortemente, a ponto de nos fazer experimentar coisas que, em primeiro momento,
pareciam ruins. Chamamos isso de Prova Social.
A Prova Social é muito poderosa, também, na hora em que estamos indecisos.
Pense comigo. Você foi a uma loja e encontrou um produto muito interessante com a
promessa de resolver uma dor latente sua. O vendedor é bom, ele sabe explicar com
muita clareza, usou várias técnicas eficazes de persuasão, mas você continua em dúvida.
Você não consegue ter CERTEZA de que aquilo funciona de verdade e isso está te fazendo
hesitar. Porém, o vendedor, muito esperto, saca o celular e te apresenta uma série de
depoimentos de pessoas que foram beneficiadas por aquele produto. Ele mostra dezenas
de mensagens no WhatsApp de clientes agradecendo, gravações mostrando como aquilo
realmente resolveu a dor em questão e chama outros vendedores da loja para
reforçarem que o produto sempre deu resultado. E, aos poucos, suas dúvidas vão indo
embora. Você começa a se sentir convencido de que está fazendo a escolha certa. Afinal,
- Trabalhe o seu nome. Faça com que as pessoas te conheçam, saibam do seu
trabalho, dos seus resultados, do seu conhecimento. Saiba se posicionar como alguém
de sucesso. A melhor forma de fazer isso atualmente é através de produção de conteúdo.
Os principais nomes do empreendedorismo estão hoje no Instagram ou Youtube
produzindo conteúdo e fazendo com que mais pessoas conheçam sobre seus negócios e
suas ideias. Fazem isso por que são desocupados? De forma nenhuma. Essa ação gera
uma autoridade muito grande. As pessoas começam a te acompanhar todos os dias, se
afeiçoar a você, respeitar seus resultados e te admirar mais. Eu mesmo, quando abri meu
Instagram e comecei a compartilhar meu conhecimento, tive um salto muito grande na
minha carreira. Com meu perfil, além de fazer com que mais pessoas me conhecessem,
eu aumentei a percepção de valor sobre meu nome e meu trabalho.
- Fale sobre suas conquistas. Não enxergue isso como um ato exibicionista. É um
profissional bem-sucedido na sua área? As pessoas precisam saber. Trabalha nesse ramo
há dez anos? Por que não falou isso ao cliente logo no início? Fez cursos e
especializações? Você precisa falar disso (só não transforme em algo repetitivo e chato).
Não hesite em listar suas conquistas, seus resultados, sua experiência no ramo, tanto
antes da venda, quanto no período de negociação. Tudo isso fará o cliente te ver com
outros olhos. Ele sentirá que está em boas mãos e ficará mais tranquilo para fechar com
você.
- Cuide da sua reputação. Fazer com que o cliente chegue na reunião com várias
referências positivas sobre você pode ser crucial para fechar a venda. Assim como, no
- Porte-se como uma autoridade. Visualmente falando, você está de acordo com
a autoridade que deseja passar? A maneira como você se porta é congruente com a
imagem que deseja construir na cabeça do seu cliente? Você precisa estar sempre bem-
vestido, com um visual agradável, com uma linguagem corporal adequada e com seu
ambiente de reuniões transmitindo profissionalismo. Ninguém leva a sério um moleque
que chega de chinelos para um encontro de negócios.
Se você é o tipo de pessoa que lê livros fazendo marcações das citações mais
importantes e das informações mais valiosas, eu vou te dar uma dica: marque com todas
as suas forças a frase que vou escrever abaixo. Imprima-a em uma folha bem grande e
cole-a na parede do seu quarto, para que você nunca mais consiga sair da cama sem lê-
la. Ela é crucial para que você entenda não só o conceito desse capítulo, mas também
toda a lógica por trás de uma venda.
Uma boa oferta é aquela que extrapola o custo-benefício.
Toda oferta que não respeita essa citação acima está fadada ao fracasso. Eu não
me importo com seu roteiro bem elaborado, com suas frases de impacto, com sua
geração de conexão e com sua linguagem corporal. Tudo isso vira pó se você não cumpre
essa lição tão importante do mundo das vendas. Você pode até fazer uma apresentação
memorável, gerar um desejo profundo no cliente, transmitir muita autoridade e prova
social, mas se você chegar na hora H e oferecer uma oferta fraca, tudo o que conseguirá
arrancar do cliente será um grande suspiro de decepção.
Antes de mais nada, para que você consiga entender perfeitamente do que estou
falando, vamos nos aprofundar nesse termo “custo-benefício”. Tenho certeza de que
você tem uma percepção equivocada que prejudica o amplo entendimento desse
conceito tão importante.
Começando pelo custo. O que essa palavra significa pra você? Dinheiro, eu diria.
Acertei? Se sim, você está só parcialmente certo pensando dessa maneira. Precisamos
nos aprofundar no significado do dinheiro para compreender de fato o que quero dizer
aqui.
Diferentemente do que você pode pensar em primeiro momento, dinheiro não é
aquele bolo de notas amassadas que você carrega na sua carteira, ou aquela sequência
de números que você se depara sempre que abre o aplicativo do banco. Dinheiro é
reserva de energia. Para que possa receber qualquer valor monetário (legalmente), você
precisa empenhar esforços, tempo e conhecimento em algo que gere valor para
sociedade. Todo o montante que você adquire é equivalente ao valor que você é capaz
de gerar. Portanto, entenda: quando gasta dinheiro, você está trocando sua energia pela
de outra pessoa. Você está abrindo mão do seu investimento de tempo, esforço e
conhecimento para ter acesso a uma solução específica. Seu cérebro sempre coloca
todos esses fatores na balança. Eu estou fazendo uma troca benéfica? O produto que
estou adquirindo me trará uma vantagem que será superior ao esforço empregado? Se a
resposta for não, o seu cérebro se recusa a investir essa energia.
Quando falamos de benefício, a definição é ainda um pouco mais subjetiva. O que
é, de fato, benefício? É a intensidade com a qual aquele produto vai melhorar a nossa
vida? Também está parcialmente correto. Não é só isso. Existe algo em uma venda que
- A promessa precisa ser transformadora: Como falei acima, você precisa elevar
ao máximo a percepção de valor do cliente. Mostre como o seu produto será capaz de ir
muito além da sua função e proporcionar uma transformação genuína na vida do cliente.
Se voltarmos ao exemplo das câmeras de segurança, o argumento é uma vida mais leve,
mais feliz, com a família resguardada, sem chances de surpresas desagradáveis, com
noites de sono mais tranquilas e sem as crises de ansiedade quando algum barulho da
rua invade o quarto de madrugada. Você ataca sentimentos profundos que o cliente
busca e mostra como seu produto será capaz de proporcionar essa vida dos sonhos. Você
percebe como isso é muito mais transformador do que dizer que a casa estará em
segurança e que os bandidos serão presos se tentarem alguma coisa? Você estará
prometendo uma mudança completa na vida da pessoa. Se estivermos falando de um
curso, o foco não será na função que a pessoa poderá exercer depois de formada, e sim
em como aquilo vai impactar a vida dela. Em como ela será uma pessoa completamente
diferente, com muito mais oportunidades, com mais felicidade, com maior confiança.
Trace um paralelo e mostre que essa única decisão seria capaz de criar um novo caminho
muito mais interessante e próspero para os próximos anos. Todo produto, por mais
simples ou banal que ele possa parecer, pode ser oferecido com uma abordagem mais
- Você precisa provar que funciona: Como já falei algumas vezes nesse livro, o
cliente sempre terá mais motivos para duvidar de você do que para confiar. Toda
afirmação que sair da sua boca será interpretada com certa dúvida até que você prove o
contrário. Por isso, use e abuse das provas – mostre ao cliente depoimentos de pessoas
satisfeitas com a sua solução, reitere a sua autoridade, reputação e tradição da sua
empresa, use dados científicos para provar o seu ponto (quando possível), conte histórias
de clientes similares relatando como eles tiveram suas vidas transformadas. Destrua
todas as dúvidas e inseguranças que possam existir na cabeça do seu prospecto.
- Faça uma ancoragem: Eu vou me aprofundar mais sobre essa técnica no próximo
capítulo, mas, por enquanto, preste atenção: você precisa fazer o seu cliente entender
que o seu produto normalmente é oferecido por um preço muito superior ao da oferta
atual; que ele está tendo acesso a uma oportunidade única para garanti-lo com um
desconto irresistível, que, provavelmente, nunca mais se repetirá. Você com certeza já
entrou em um site e viu: “Notebook de 2.999,00 por 1.999,00” Isso é ancoragem. O
cliente já cria uma percepção de que aquele produto vale 3 mil reais. Ele pensa: “Não é
um Notebook barato, tem várias funcionalidades e é bem moderno. É mais caro do que
vários outros de alta qualidade que existem no mercado, ou seja: deve ser muito bom”.
Esse preço se torna o ponto de partida daquele cliente. Ele já estabelece que isso é
quanto o produto vale. Quando ele olha e descobre que naquele momento consegue
adquirir o Notebook com mil reais de desconto, um alarme apita em sua cabeça: “meu
Deus, tá muito barato hoje. Eles tão com um descontão. Só 2 mil reais, tá valendo muito
a pena”. Você percebe como cria um sentimento de oferta irresistível e a sensação de
estar presenciando uma grande janela de oportunidade? Isso não aconteceria se
estivesse assim: “Notebook por 1.999,00”. Nesse caso, o valor ancorado seria o de 2 mil
reais. O produto já não pareceria tão moderno assim e já não seria visto como um
aparelho muito bom. “É um Notebook mediano”. Além de que – claro – a sensação de
oferta irresistível nunca teria existido. Já não teria mais a sensação de haver um grande
desconto no ar, a oportunidade já não seria tão incrível assim. Busque sempre aplicar
- Fortaleça a confiança através de uma garantia: Por mais que você já tenha
provado com todas as letras que o seu produto funciona, muitas vezes o cliente
conservará sua insegurança. É como eu falei, o cérebro é muito cuidadoso para tomar
essas decisões. Ele quer preservar, ao máximo, aquele estoque de energia conquistado
com tanto esforço. A pessoa continua relutante, com medo de se arrepender, de fazer
um péssimo negócio e por mais que você continue tentando argumentar, pode ser que
ela nunca ceda e continue se apegando fortemente em sua insegurança. É por causa disso
que você oferece uma garantia. Seja 7 dias para reembolso, resultado ou dinheiro de
volta, troca por qualquer outro produto, crédito na loja. Analise qual faz mais sentido
para o seu produto e aplique na sua oferta. Isso prova que você confia no que está
vendendo e que tem certeza de que trará resultados. Com isso, você tira todo o risco das
costas do cliente. Ele simplesmente pensa: “não tenho nada a perder. Não vou ter
prejuízo de dinheiro, tempo, esforço. Se der errado, pego o dinheiro de volta.”
- Aplique pressão: Também vamos falar mais sobre isso em um capítulo adiante,
mas por enquanto, compreenda: você precisa fazer o cliente entender que toda essa
oferta irresistível que foi construída está para acabar. Não há espaço para relutância,
hesitação, procrastinação ou dúvida. Se ele quiser aproveitar essa chance única, precisa
agir ali naquele momento. “Eu já criei uma oferta diferenciada pra você, por isso não
consigo segurar até amanhã. Pra garantir nesses termos, precisamos fechar hoje”,
“Infelizmente hoje é o ultimo dia dessa promoção, amanhã já volta o valor normal que
comentei”, “Essa é a última unidade do meu estoque, se quiser garanti-la precisa ser
agora”. Essa é uma fase importantíssima da sua venda. Nós, enquanto seres humanos,
somos procrastinadores natos. Se tivermos a oportunidade de fazer no dia seguinte,
assim faremos. E isso é extremamente negativo para uma venda. Perdemos o fator “calor
do momento”, que é quando o cliente está totalmente envolvido com você e o seu
produto, e as suas emoções estão à flor da pele. Quando ele volta pra casa e se dedica a
outras atividades, seu desejo esfria e as chances da venda se concretizar despencam.
Sempre utilize essa técnica ao final de toda negociação.
Respeite esses seis princípios e terá construído uma oferta irresistível. Daquelas
que o cliente não consegue nem cogitar em perder e que o faz pensar que está de frente
para uma oportunidade que não se encontra todos os dias. Quando atinge esse nível,
você sabe, lá no fundo, que a venda já é sua.
A ancoragem é um dos conceitos mais importantes para criar uma oferta bem-
sucedida. Já falamos superficialmente sobre isso há pouco, mas nesse capitulo vamos nos
aprofundar para que não restem dúvidas quanto a aplicação dessa técnica tão poderosa.
Antes de tudo, entenda: nenhum número é absoluto, tudo depende do contexto.
Nada é caro ou barato, tudo depende da ancoragem que foi aplicada. Por exemplo, 500
reais é muito dinheiro? Depende, né? Você acha viável pagar quinhentos reais no ifood
de sábado à noite? Bom, provavelmente não. E esse mesmo valor em uma Smart TV 58
polegadas para assistir Netflix todo dia no seu quarto? Parece uma ótima oportunidade.
Consegue compreender? Se te oferecessem um guarda-chuva por vinte mil reais, o que
você falaria? Provavelmente tantos palavrões que eu não poderia nem transcrever aqui.
Afinal, que absurdo é esse? É muito dinheiro! “Eu estou acostumado a pagar 20 reais
perto da minha casa!”. Você pensaria. Mas e se te oferecessem um apartamento duplex
de frente pra praia pelos mesmos vinte mil? Seria um negócio da China, né?
Toda essa percepção distorcida acontece devido a ancoragem. Quando nos
deparamos com um produto de baixo valor agregado como um guarda-chuva, nossa
mente, automaticamente, fixa um valor máximo bem baixo a ser pago por aquilo. Já
quando encontramos um produto de alto valor agregado como um carro de luxo ou um
apartamento, os números se ressignificam e a nossa tolerância a maiores investimentos
aumenta. Portanto, quanto maior a nossa percepção de valor em relação a um produto,
maior será nossa disposição para pagar valores mais altos.
Com isso, podemos concluir que: Não existe produto caro, existe preço
desproporcional ao valor agregado.
Agora que você entendeu todo o conceito por trás disso, eu quero te mostrar a
grande magia por trás da ancoragem. Com ela, nós conseguimos aumentar o valor do
nosso produto sem precisar mexer nas suas funcionalidades. O produto é o mesmo, mas
a percepção é multiplicada.
Veja como a Apple faz isso muito bem. O produto é TÃO superior ao restante do
mercado para justificar os preços astronômicos que são cobrados? Você sabe que não.
Mas eles criam uma mística tão grande em volta das suas criações, desenvolvem um
branding tão poderoso e despertam um desejo tão profundo que, mesmo sem fazer
grandes alterações nos produtos, são capazes de vender cada vez mais caro e em maiores
quantidades. O mesmo serve para qualquer setor da economia. Marcas de vestuário,
alimentação, entretenimento e muitas outras são capazes de vender um produto similar
ao da concorrência – em matéria de qualidade – por preços muito mais elevados. Eles
ancoram o valor das suas criações lá no alto, utilizando técnicas de branding,
posicionamento e fortalecimento de marca. Isso eleva suas margens e os faz lucrar
milhões por ano apenas empregando a comunicação correta.
- Cliente sem objeções. Esse, sem dúvidas, é o mais raro de todos. É fato que uma
vez ou outra temos a sorte de encontrar um cliente muito engajado com nosso produto
e muito inclinado a comprá-lo independente da nossa apresentação. Para isso acontecer,
provavelmente ele já conhece sua empresa, sua reputação, seu produto. Provavelmente
chegou até você por indicação de alguém de muita confiança. Ou, muitas vezes, a
urgência para resolver a dor é tanta que a pessoa não tem muito tempo de pensar ou
pesquisar. Em muitos casos, o cliente simplesmente saca o cartão de crédito e já quer
finalizar a venda ali mesmo. Em outros, algumas perguntas pontuais podem surgir, mas
basta respondê-las com clareza e prontidão que o negócio será fechado. Por mais fácil
que isso tudo possa parecer, não se engane: esse tipo de cliente é como um animal em
extinção. É raro de ser encontrado por aí. Trabalhe muito o seu branding pessoal,
reputação e autoridade para que ele seja cada vez mais frequente. Agora preste muita
atenção nos dois tipos a seguir: são eles que vão preencher o seu dia a dia.
- Cliente com falsas objeções. Você deve estar muito atento a esse tipo de cliente.
Quantas vezes você já disse a um vendedor: “ah, vou falar com meu sócio e depois nos
falamos, tudo bem?”, ou “Eu vou pensar direitinho e entro em contato”, apenas para
dispensá-lo de uma maneira educada sem precisar dizer: “cara, eu não gostei do seu
produto e você não me passa confiança. Eu não vou comprar de você”. Muitas vezes, né?
Isso é bem normal. Nós não queremos magoar as pessoas. Não queremos dizer na cara
que o produto delas é uma merda, que a oferta é ridícula e que não confiamos em uma
palavra que foi dita durante a venda. Preferimos dizer coisas evasivas e inventar
desculpas para fugirmos da situação. Mas por que essas coisas acontecem? Por que
tentamos nos esquivar do vendedor tão logo ouvimos sua apresentação de vendas? O
O cliente diz: “Infelizmente o seu produto não é pra mim. O preço está muito alto
e eu não consigo pagar nesse momento.”
Você responde: “Eu imaginei que você poderia dizer isso, então eu já liguei no
meu gerente e consegui um desconto de 10% + parcelamento em 12x sem juros. Com
isso ele entra na faixa de preço que você havia comentado.”
O cliente rebate: “Entendi. Mas não é nem isso, meu sócio é muito chato com
essas coisas. Tudo eu preciso fazer reunião, avisar com antecedência. Eu realmente vou
ter que declinar dessa vez”.
E você continua: “Sr., fique à vontade para marcar uma reunião com ele. Vou ficar
aqui pela cidade e estou horário livre todos os dias. Só você marcar e corro aqui pro
escritório.”
O cliente segue: “Realmente dessa vez vai ser difícil. A gente pode ver mais pra
frente isso.”
Bom, você não precisa ser um gênio para perceber que esse papo de dinheiro e
sócio é uma grande cortina de fumaça, certo? Você pode rebater com as melhores e mais
convincentes respostas que o cliente continuará na defensiva inventando qualquer
merda que lhe vier à cabeça. O que você deve fazer, nesse caso? Identificar exatamente
qual foi o ponto da apresentação que gerou essa desconfiança e insegurança.
Você pode prosseguir: “Bom, eu entendi o que está acontecendo aqui. Você
provavelmente deduziu que o produto não se encaixa com as suas necessidades e não
vai resolver seu problema em questão. E está tudo bem. Sem problema nenhum. Só
queria entender antes de finalizarmos: a eficácia não ficou muito clara pra você, é isso?
O produto não parece convincente o suficiente? (Preocupe-se para que a resposta do
cliente seja um simples sim ou não. Não espere uma grande dissertação).
Ele pode responder: “Cara, não é isso, o produto é de alta qualidade, pode ficar
tranquilo!”
E você se aprofunda: “Entendi. É mais a parte da empresa, né? Você nunca ouviu
falar de nós, somos novos no mercado, e isso gera uma certa insegurança. Eu te entendo
completamente.”
Objeção 2: Adiamento da decisão. Pode aparecer como: “Vamos deixar mais pra
frente”, “vou pensar e te aviso”, “em tal dia eu volto a falar contigo” ou “vou falar com
meu sócio/minha esposa daqui uns dias e volto a fazer contato”. Isso tem muito a ver
com o que já citei aqui anteriormente: nunca deixe a conversa esfriar. Nunca acredite
nessas histórias de que o cliente retorna o contato em X dias. Ele não vai retornar. Não
porque esteja fazendo uma falsa objeção – ele realmente pode acreditar que não é capaz
de resolver nada ali naquele momento e pede mais tempo pra você. Mas quando passam
os dias e a conversa esfria, a oferta já não parece tão irresistível assim e o interesse
diminui. Para evitar isso, o primeiro passo aqui é perguntar quais pontos não ficaram
claros para o cliente. “No que você precisa pensar, exatamente? O que não ficou muito
claro na minha apresentação?” Tire todas as dúvidas que podem aparecer e, caso ele
permaneça com essa intenção de procrastinar a decisão, aplique urgência ou escassez.
“Eu entendo que você gostaria de pensar melhor, mas, infelizmente, essa condição
especial só dura até hoje. Quando você me ligar, daqui uns dias, a oferta será outra”,
“Tranquilo! O único problema é que eu só tenho mais uma unidade desse produto.
Depois ele demora mais três meses pra chegar do fornecedor. Então se o senhor não
quiser adquirir agora, só podemos nos reencontrar no segundo semestre.”, “Só tenho
mais uma vaga na minha agenda pra esse mês, e amanhã tenho três reuniões de possíveis
fechamentos. Muito provavelmente, depois de hoje, já não conseguirei mais lhe
atender”. Faça com que o cliente perceba que essa é a última oportunidade e aja
imediatamente. Entretanto, existe algo muito importante que você precisa entender
aqui: saiba a hora de parar. Não transforme a reunião em uma venda de alta pressão. Se
notar que a objeção é verdadeira e que a pessoa realmente não pode resolver nada sem
falar com outro alguém, ou que não pode tomar uma decisão naquele momento, ceda,
espere e retorne em no máximo 48 horas.
Objeção 6: Negação. Pode aparecer como: “não gostei do produto”, “não serve
pra mim”, “não preciso disso no momento”. Saiba que se essa objeção surgir, você
provavelmente falhou na sua venda. Um cliente como esse não pode passar da fase de
qualificação. Você já deveria ter identificado ali que o seu produto não seria útil para
aquele cliente ou que ele não precisaria disso naquele momento. Há formas de rebater?
Sim, mas será mais difícil. O primeiro passo é analisar o caso. Se, com todas as
informações que colheu, você notar que o produto pode sim ser benéfico para aquele
cliente, provavelmente o problema foi na sua apresentação. Algo pode não ter ficado
claro. “Pelo que eu analisei, o produto seria MUITO interessante pra você, principalmente
nessa dor específica que citou. Talvez eu não tenha sido muito claro, então deixa eu
reforçar pra que você entenda...”. Com isso você abre uma reapresentação reiterando
alguns pontos específicos de como aquele produto ajudaria sim o cliente. Caso a objeção
específica tenha sido “não gostei do produto”, busque entender os motivos. Ouça
atentamente tudo o que ele tem a dizer. Depois, apresente seus argumentos tentando
descontruir aquelas impressões e reforçando todas as qualidades que seu produto pode
oferecer. Se o motivo dessas objeções for apenas algum problema de comunicação, você
possivelmente conseguirá reverter. Se é algo mais concreto e racional, sua lábia e
improvisação precisarão ser muito boas pra tentar extrair alguma coisa. Na esmagadora
maioria das vezes, você perdeu o seu valioso tempo.
Sempre que fizer uma concessão, peça algo em troca: Nunca – em hipótese
alguma – abra mão de alguma condição sem pedir algo em troca. Quando faz uma
concessão, você transfere um pouco de poder para as mãos do seu cliente. Colocando-o
em uma posição de ligeira vantagem. Isso pode fazer com que ele goste e queira mais,
dificultando a negociação e distanciando a oferta dos seus planos iniciais. Por isso,
simples: vai ceder algo para o cliente? Ótimo, peça algo em troca. Quer desconto? Beleza,
mas precisa pagar hoje. Quer parcelar no cartão? Beleza, mas tem juros. Quer que eu
entregue amanhã? Beleza, mas tem uma taxa de urgência. Isso faz com que você consiga
balancear a negociação. Uma troca assim, na maioria das vezes, parecerá justa para o
Saiba a hora de parar: Os bons negociadores são aqueles que reconhecem a hora
de parar. Existe um momento em que a venda já não está indo para nenhum lugar e
gerando mais nenhum fruto. É quando você percebe que não existe mais nenhum espaço
para cavar. Nem em relação a preço, a entrega, a condições. Você literalmente chegou
ao limite do que o cliente é capaz de ceder. Nesse momento, continuar insistindo,
aplicando técnicas e reiterando argumentos não será capaz de gerar mais nenhum fruto.
E pior, pode causar um desgaste muito intenso entre as duas partes e criar uma péssima
experiência. Portanto, chegou no limite? Vocês já estão há muito tempo nas mesmas
condições e não conseguem evoluir? Já utilizou todas as técnicas que ensinei aqui? O
acordo faz sentido pra você? Vai valer a pena? Se todas as respostas forem sim, aceite a
proposta e finalize a venda. Nunca é positivo tentar impor demais. Há um limite que deve
ser respeitado.
Negociar é uma arte. Quando você a domina, a vida fica mais fácil. Todos os
entraves que enfrentamos passam a ser resolvidos com mais facilidade e eficiência. Seja
em uma venda, em uma discussão de relacionamento, em um obstáculo no seu cotidiano
ou em uma conversa com seu chefe. Afinal, estamos negociando quase o tempo todo.
Estamos sempre convivendo com a divergência de opinião. Toda situação em que há uma
relação entre seres humanos demanda uma boa dose de negociação. Se você não
dominar esse conhecimento, estará sujeito a viver sua vida conforme os termos das
outras pessoas. Elas ditarão seus caminhos e o seu destino. Portanto, esse capítulo não
te ajuda só a vender melhor, mas também a viver melhor.
Fatos concretos não geram brecha para ponto de vista. É muito simples. Quanto
mais você utilizar argumentos lógicos que são pautados puramente na realidade crua,
numeral e absoluta, mais você mina o campo de objeção do seu cliente. Ele começa a
perceber que a sua argumentação é muito bem embasada e que ele não possui nenhum
motivo lógico para tentar contradizê-la. Com isso, você vai criando o seguinte sentimento
na mente do que cliente: “realmente eu não tenho como recusar. Não há sentido dizer
não para essa proposta. Ele já me explicou minuciosamente, por A + B, que essa é a
melhor solução para mim. Estou convencido”.
Vamos colocar um exemplo muito simples e que faz parte da rotina de todos nós:
a comparação entre o cinema e os streamings. Não há motivo LÓGICO para que você
prefira o cinema. Simplesmente não existe. No streaming, por um valor irrisório, você
tem acesso a um catálogo de milhares de filmes dos mais variados gêneros,
nacionalidades e gostos. Você tem uma biblioteca audiovisual à sua disposição 24 horas
por dia, em qualquer lugar que possua acesso a Internet. Você pode pausar, retornar
quando quiser e pular pras melhores cenas. Estou convencido de que se você assistisse a
um filme do catálogo da Netflix todos os dias, demoraria uns 10 anos para zerar o
conteúdo. Enquanto que, por esse mesmo valor, você pode assistir apenas a um filme no
cinema. Sem direito de pausar, de acelerar, sem muita variedade de escola, com horário
marcado (se chegar atrasado perde o início), tendo que se locomover até o local,
aguentando os cochichos e celulares tocando, e pagando valores absurdos em pipoca ou
qualquer snack para petiscar durante a exibição. Não há argumentos lógicos que
favoreçam o cinema em relação ao streaming. Por que, então, eles ainda são relevantes
e continuam atraindo as pessoas frequentemente para acompanhar sua programação e
pagar caro em sua pipoca? Isso já é um fator emocional. Vamos abordá-lo no próximo
capítulo.
Ficou claro até aqui? Por que vários negócios vão se tornando obsoletos e
deixando de existir conforme o avanço da tecnologia? Porque as pessoas não alugam
mais filmes na locadora, compram CDs ou revelam fotos de máquinas fotográficas?
Porque não existem mais argumentos lógicos para fazer isso. O mundo avançou e com
isso foram criadas diversas formas mais fáceis, baratas e eficientes de fazer essas coisas.
Por mais que as pessoas não queiram aceitar, elas acabam cedendo e se adaptando às
novas tecnologias. Essa é a estrutura de argumentação que você precisa utilizar durante
uma negociação. Tudo precisa ser tão lógico e óbvio que o cliente, nem se quisesse, seria
capaz de negar a sua oferta.
Vamos dizer que você venda serviços de copywriting. Você apresentou sua
proposta, falou sobre seus resultados, sobre sua forma de trabalho, sobre sua oferta, mas
o cliente continua colocando empecilhos. “Eu não preciso desse tipo de coisa. Seus
serviços não me ajudariam nesse momento a faturar mais, mas agradeço seu tempo”. O
que acontece aqui é simples: copywriting não é uma questão de opinião, é um fato. Essa
Esteja munido de provas: Além de possuir todo esse conhecimento, você precisa
ser capaz de prová-lo. Crie uma pasta com todas as evidências que você puder coletar.
Cliente não acredita que no seu trabalho? Mande depoimento de 10 clientes
satisfeitíssimos com seus serviços. Cliente não acredita que pode ser ajudado? Mostre
dados de como o seu nicho de atuação está em expansão e como centenas de pessoas
estão se beneficiando. Cliente acha que está caro? Mostre o preço dos principais
concorrentes e prove como o seu está dentro da média. Para cada objeção uma
evidência. Tudo de forma imediata sem pestanejar.
Crie comparações: Com esse conhecimento e todas essas provas, você é capaz de
criar comparações muito interessantes. Por exemplo: “cada dia que passa sem o meu
Você é uma pessoa mais emocional ou racional? Já se fez essa pergunta em algum
momento? Quais são os fatores que te levam a realizar uma compra? Você pega a
calculadora, busca números, faz contas, procura referências e provas? Ou você assiste
vídeos, se empolga com os comerciais, se inflama com as promessas e é invadido por um
forte desejo de compra imediata? Quem é você nessa história toda?
Eu, particularmente, sou mais emocional. Desde a infância, sempre me empolguei
mais por narrativas, grandes histórias, soluções transformadoras e sempre me inflamei
muito pelas sensações que um produto me transmite. Se um cara se senta na minha
frente e me metralha com um monte de dados e afirmações concretas sobre alguma
solução ele dificilmente vê a cor do meu dinheiro. Eu tenho que estar apaixonado pelo
produto e por tudo que ele representa.
Meu pai é o oposto. Ele é uma pessoa extremamente prática e desconfiada. Na
mente dele, todos estão tentando enganá-lo. É muito raro que ele se deixe levar pela
emoção em qualquer compra que seja. Quanto mais bonitinha é a história e quanto mais
incrível o produto parece, mais ele se contrai. As pessoas precisam suar para conseguir
arrancar algo dele. E tem um agravante: se durante a reunião meu pai não gostar do
vendedor, tudo está perdido. Não importa quão bom seja o produto. Ele precisa lhe seja
transmitida muita confiança a todo momento, caso contrário, nada feito.
Para vender pra alguém como meu pai, você vai agir exatamente como eu falei
no capítulo anterior. Priorizando, desde o início, a lógica, a razão e os dados. Mas e para
vender pra alguém como eu? Como despertar um forte desejo e guiar os sentimentos
com precisão através das nuances de uma negociação até o tão esperado fechamento?
Esse é o momento em que você trará um velho amigo de volta. Uma técnica que
te ajudou muito no processo de apresentação e que agora será novamente decisiva para
que o cliente supere a hesitação e saque o cartão de crédito. A técnica mais eficaz para
despertar emoções, encanto, desejos e os mais profundos sentimentos na mente de
qualquer pessoa. Sim, estamos falando do Storytelling. Ao invés de conduzir sua
negociação como uma queda de braços guiada por números, dados e provas, você a
transformará em um espetáculo onde o cliente poderá vislumbrar seus maiores desejos
mais uma vez. Só que com uma pequena diferença: dessa vez eles estão partindo. Estão
dizendo adeus e se preparando para se desmaterializar. Estão alertando que essa é a
última oportunidade para que eles saiam do campo da imaginação e possam alcançar a
realidade, trazendo consigo todas as maravilhas inerentes à sua realização.
Vamos trazer um exemplo. Imagine que o Sr. Roman, um empresário de quarenta
e poucos anos, pai de família, com carreira empresarial em plena ascensão, chegou à
concessionária para comprar um novo carro. Esse é um momento especial pra ele. Depois
de se abster de maiores luxos materiais, com o objetivo de focar todos os seus
investimentos no crescimento de sua empresa, finalmente chegou a hora de viver a vida
Todos somos procrastinadores por natureza. Fazemos tudo o que está ao nosso
alcance para adiar um pouco mais as nossas obrigações. É comum pensar: dá pra fazer
mais tarde? Então por que fazer agora? Na nossa cabeça, o dia de amanhã sempre parece
mais agradável. Criamos uma ilusão de que acordaremos mais dispostos, empolgados,
concentrados e produtivos. O que, claramente, não acontece, alimentando assim um
ciclo vicioso de baixa produtividade, empilhamento de tarefas importantes e estagnação.
Há dias em que temos uma enorme lista de tarefas a serem executadas, mas
continuamos ali, deitados, mexendo no celular, ouvindo música. Nossa mente sabe que
precisamos agir, mas nosso corpo suplica pelo ócio. Nos sentimos paralisados.
Agora que você já se identificou, eu quero te convidar para um exercício. Vamos
refletir nesse comportamento tão comum. Por que as pessoas procrastinam? Por que as
pessoas adiam todas as atividades e decisões que exigem um pouco mais de
comprometimento? Porque temos tempo. Se a prova é daqui a duas semanas, por que
eu vou estudar agora? Se eu tenho até o fim do mês para tomar essa decisão, por que
vou definir agora? A verdade é que o excesso de tempo é o nosso verdadeiro inimigo. Só
agimos quando ele não está mais ao nosso favor. Quando a prova é no dia seguinte, não
pestanejamos em abrir o livro e decorar as informações o mais rápido possível pra evitar
aquela nota vermelha indigesta. A falta de tempo gera urgência. Cria a sensação de que
precisamos agir naquele mesmo momento e que não há espaço para a procrastinação.
Portanto, é muito simples de concluir: a procrastinação provém da
disponibilidade de tempo. Ou seja, dê tempo abundante a alguém e essa pessoa estará
sujeita a adiar as suas obrigações até a última volta do relógio. Em contraposto, limite o
prazo dessa mesma pessoa e ela agirá imediatamente. Fácil de entender, né?
Me diga agora, então, por que você deixa a pessoa “à vontade” para tomar uma
decisão durante a venda? Por que raios você diz: “sem problemas, pode pensar sem
pressa, estou à disposição”? Você, por acaso, não quer vender? Com esse
comportamento, você abastece ilimitadamente o estoque de tempo do seu cliente, o que
afrouxa qualquer sentimento de urgência e o deixa livre para pensar indefinidamente.
Qual é o problema disso? É que as pessoas desistem.
Veja bem, durante uma venda, ali no momento da negociação, o seu cliente está
dominado pelo “calor do momento”, que é quando suas emoções estão à flor da pele e
seu envolvimento com o produto é profundo. Ele está embalado pelo seu discurso,
conectado a você, e suscetível a ouvir novos argumentos e explicações. Esse é o
momento ideal para vender. É quando a esmagadora maioria dos negócios são fechados.
É quando a empolgação eclipsa a hesitação e as objeções desaparecem.
Quando você permite que o cliente vá para casa e tenha tempo de sobra para
refletir sobre o negócio, todos esses fatores positivos desaparecem. A negociação esfria,
- Nunca minta ou venda lixo para o seu cliente: Seus valores devem sempre estar
em primeiro lugar. Não use técnicas de aplicação de pressão para fazer seu cliente
comprar algo no impulso e se arrepender logo depois. Tenha plena convicção de que o
seu produto será útil e que agregará valor na vida do seu cliente. Nunca abra mão dos
seus princípios. Se fizer isso, além de prejudicar a vida de alguém que confiou em você,
também destruirá sua própria carreira. Minha intenção aqui é formar vendedores de alta
performance e não manipuladores filhos da puta.