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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


CURSO BACHARELADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

FLAVIA LIVIA RODRIGUES RESENDE

PARTO DISTÓCICO EM BOVINOS - ENFOQUE EM MANOBRAS OBSTÉTRICAS

BOA VISTA-RR
2018
FLAVIA LIVIA RODRIGUES RESENDE

PARTO DISTÓCICO EM BOVINOS - ENFOQUE EM MANOBRAS OBSTÉTRICAS

Trabalho de conclusão de curso apresentado


à Universidade Federal de Roraima como
requisito para obtenção do grau de bacharel
em Medicina Veterinária.
Orientadora: Profª: Drª Fernanda Carlini
Cunha dos Santos

BOA VISTA-RR
2018
Dados Internacionais de Catalogação na publicação (CIP)
Biblioteca Central da Universidade Federal de Roraima
R433p Resende, Flávia Lívia Rodrigues.
Parto distócico em bovinos – enfoque em manobras obstétricas /
Flávia Lívia Rodrigues Resende. – Boa Vista, 2018.
51 f. : il.

Orientadora: Profa. Dra. Fernanda Carlini Cunha dos Santos.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - Universidade Federal


de Roraima, Curso de Medicina Veterinária.

1 - Bezerro. 2 - Estática fetal. 3 - Mau posicionamento. I - Título.


II - Santos, Fernanda Carlini Cunha dos (orientadora).

CDU - 636.2.053:618.5

Ficha Catalográfica elaborada pela:


Bibliotecária/Documentalista: Maria de Fátima Andrade Costa - CRB-11/453-AM
FLAVIA LIVIA RODRIGUES RESENDE

PARTO DISTÓCICO EM BOVINOS - ENFOQUE EM MANOBRAS OBSTÉTRICAS

Trabalho de conclusão de curso apresentado


à Universidade Federal de Roraima como
requisito para obtenção do grau de bacharel
em Medicina Veterinária, defendido e
aprovado em 04 de julho de 2018 e avaliado
pela seguinte banca examinadora:
A Antônio Flávio Veras Resende e a Juscilea
Rodrigues do Carmo meus exemplos de
vida.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por todas as bênçãos que me concedeu.

Ao meu pai Antônio Flávio Veras Resende, queria lhe dizer o quanto você foi
importante na minha vida e na minha formação, obrigada por toda dedicação, por
acreditar em mim e por dividirmos esse sonho. Você é a razão de me fazer chegar
até aqui, te amo muito.

A minha mãe por ser alegria dos meus dias, por todo amor, carinho,
dedicação e paciência, obrigada por me apoiar e estar ao meu lado em todos os
momentos, sem você não seria possível realizar esse sonho.

Ao meu irmão Flávio Resende por ser meu melhor amigo e estar ao meu
lado sempre.

A professora Raimifranca Maria Sales Véras, por seus valiosos


ensinamentos e por sua grande amizade, guardarei em memória e no fundo do
coração.

A professora Fernanda Carlini pela orientação na construção do trabalho.

A todos os professores do curso de Medicina Veterinária da Universidade


Federal de Roraima, que contribuíram para minha formação profissional.

Aos meus grandes amigos Daniela Burégio, Artur Medeiros, Beatriz Leitão
pela grande parceria por todos esses anos. A Antônio Carlos que escondia meus
chinelos em todas as aulas.

A todos os colegas da Universidade Federal de Roraima que partilhei os 5


anos do curso de Medicina Veterinária.
RESUMO

Distocia é uma complicação que ocorre no momento do parto onde o animal não
consegue promover a expulsão do feto, devido diversas causas de origem materna
ou fetal. A conformação anatômica estreita da cavidade pélvica dos bovinos os
predispõe a esta condição, que resulta em perdas econômicas devido ao aumento
da mortalidade de bezerros e vacas, além disso causa problemas reprodutivos que
podem comprometer a fertilidade desses animais. A distocia é uma situação
emergencial onde o veterinário deve possuir conhecimento dos eventos fisiológicos
do parto, incluindo duração, assim como a estática fetal para que esteja atento a
alterações e saiba quando intervir. No presente trabalho será abordado os conceitos
de fisiologia do parto, parto distócico de origem materna ou fetal e como realizar o
exame obstétrico para instituir tratamento apropriado, com o objetivo de explanar as
principais intervenções obstétricas para alterações de estática fetal com enfoque em
manobras corretivas. Alterações na apresentação, posição e atitude do feto
frequentemente causam complicações no parto de bovinos, essa condição possui
etiologia desconhecida, dessa forma não é possível adotar medidas preventivas,
apenas tratamento. As manobras obstétricas são imprescindíveis para correção de
alterações de estática fetal, desse modo é necessário que o médico veterinário
tenha conhecimento de como realizá-las para empregar auxílio obstétrico adequado,
de acordo com a alteração apresentada.

Palavras-chave: Bezerro. Estática fetal. Mau posicionamento.


ABSTRACT

Dystocia is a complication that occurs at the time of birth where the animal fails to
promote expulsion of the fetus due to various causes of maternal or fetal origin. The
narrow anatomic conformation of the pelvic cavity of the bovine predisposes them to
this condition, which results in economic losses due to the increase of calves and
cow mortality, in addition causes reproductive problems that can compromise the
fertility of these animals. Dystocia is an emergency situation where the veterinarian
must have knowledge of the physiological events of labor, including duration, as well
as fetal statics so that he is aware of changes and knows when to intervene. In the
present work the concepts of physiology of childbirth, dystocic parturition of maternal
or fetal origin and how to perform the obstetric examination to institute appropriate
treatment will be addressed, with the objective of explaining the main obstetric
interventions for changes in fetal statics with a focus on corrective maneuvers.
Changes in the presentation, position and attitude of the fetus often cause
complications in the delivery of cattle, this condition has unknown etiology, so it is not
possible to adopt preventive measures, only treatment. Obstetric maneuvers are
essential for correction of changes in fetal statics, so it is necessary for the
veterinarian to know how to perform them to use appropriate obstetric assistance,
according to the alteration presented.

Keywords: Calf. Fetal maldispositions. Static fetal.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estática fetal fisiológica: apresentação longitudinal anterior, posição


superior e atitude estendida......................................................................13
Figura 2 - Causas de distocia em vaca......................................................................17
Figura 3 - Anestesia epidural intercoccígea em bovino..............................................30
Figura 4 - Tração alternada dos membros anteriores................................................31
Figura 5 - Aplicação das cordas obstétricas...............................................................32
Figura 6 - Direção da força de tração para retirada do bezerro.................................33
Figura 7 - Estática fetal: longitudinal anterior dorsal desvio lateral da cabeça..........35
Figura 8 - Estática fetal: longitudinal anterior dorsal com desvio esternal da cabeça
...................................................................................................................38
Figura 9 - Estática fetal: longitudinal anterior flexão do carpo, correção da postura
fetal............................................................................................................39
Figura 10 - Estática fetal: longitudinal anterior flexão da articulação escapulo umeral,
correção da flexão do ombro ....................................................................40
Figura 11 – Estática fetal: longitudinal posterior flexão do tarso, correção................41
Figura 12 – Apresentação transversal........................................................................43
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Principais eventos fisiológicos dos estágios do parto....................15


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 13
2.1 PARTO EUTóCICO ............................................................................................ 13
2.2 PARTO DISTóCICO ........................................................................................... 16
2.3 DISTOCIAS DE ORIGEM MATERNA ................................................................. 17
2.3.1 Inércia uterina ................................................................................................. 17
2.3.2 Falha na contração abdominal ...................................................................... 18
2.3.3 Torção uterina ................................................................................................ 18
2.3.3 Alteração da pelve .......................................................................................... 19
2.3.4 Obesidade ....................................................................................................... 19
2.4 DISTOCIAS DE ORIGEM FETAL ....................................................................... 19
2.4.1 Feto grande ..................................................................................................... 19
2.4.2 Alteração da estática fetal ............................................................................. 20
2.4.2.1 Desvio lateral da cabeça................................................................................20
2.4.2.2 Desvio esternal da cabeça.............................................................................21
2.4.2.3 Flexão do carpo..............................................................................................21
2.4.2.4 Flexão da articulação do ombro.....................................................................21
2.4.2.5 Flexão da articulação do tarso.......................................................................21
2.4.2.6 Flexão da articulação coxo-femural................................................................22
2.4.2.7 Gêmeos..........................................................................................................22
2.5 SINAIS CLÍNICOS DE DISTOCIA EM BOVINOS ............................................... 22
2.6 EXAME OBSTÉTRICO........................................................................................ 22
2.6.1 Anamnese ....................................................................................................... 23
2.6.2 Exame geral da parturiente ........................................................................... 24
2.6.2.1 Estado nutricional...........................................................................................24
2.6.2.2 Funções vitais.................................................................................................24
2.6.3 Exame interno específico .............................................................................. 25
2.6.3.1 Inspeção.........................................................................................................25
2.6.3.2 Avaliação do animal.......................................................................................25
2.6.3.3 Vias fetais.......................................................................................................26
2.6.3.4 Condições dos anexos fetais..........................................................................26
2.6.3.5 Avaliação do feto............................................................................................26
2.6.4 Diagnóstico obstétrico................................................................................... 27
2.7 CUIDADOS PRÉVIOS A INTERVENÇÃO OBSTÉTRICA................................... 27
2.7.1 Contenção química ........................................................................................ 28
2.7.1.1 Sedação ........................................................................................................28
2.7.1.2 Anestesia epidural..........................................................................................29
2.7.2 Instrumentos obstétricos para manobras corretivas .................................. 30
2.8 PRINCIPAIS INTERVENÇÕES OBSTÉTRICAS ................................................. 31
2.8.1 Tração .............................................................................................................. 31
2.8.2 Manobras obstétricas .................................................................................... 33
2.8.2.1 Correção atitudes anormais da cabeça..........................................................35
2.8.2.2 Correção das atitudes anormais dos membros anteriores.............................38
2.8.2.3 Correção das atitudes anormais dos membros pélvicos................................40
2.8.2.4 Alterações na apresentação...........................................................................42
2.8.3 Cesariana e fetotomia .................................................................................... 44
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 46
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 47
12

1 INTRODUÇÃO

O rebanho bovino brasileiro segundo senso do IBGE (2016), é de 218,2


milhões de cabeças de gado e a demanda por proteína de origem animal, leite e
seus derivados vêm crescendo de acordo com o aumento da população. A pecuária
do Brasil é muito importante para a economia do país e o desempenho reprodutivo
dos animais tem influência direta no crescimento do rebanho. Portanto, problemas
reprodutivos como distocias podem interferir de forma negativa no seu crescimento,
acarretando em prejuízos econômicos como perda de bezerros e vacas devido
aumento da mortalidade, problemas reprodutivos e diminuição da produção de leite
(ABDELA; AHMED, 2016).
Distocia é uma complicação desenvolvida no momento do parto onde a
fêmea não consegue promover a expulsão do feto, devido diversas causas de
origem materna ou fetal. Segundo Purohit et al (2011) estudos realizados em
bovinos apontam que o feto é a principal causa de distocia, devido alterações na sua
estática, desproporção feto-pélvica e monstruosidades. A estática fetal descreve o
posicionamento do feto no canal do parto, sendo um fator importante no
desenvolvimento do parto eutócico. Alterações na estática pode resultar em
complicações, prolongando o parto ou até mesmo incapacitando o animal de parir,
representando risco de vida a mãe e ao feto.
Diante disso, é necessário um manejo reprodutivo adequado que adote
medidas preventivas frente a essa problemática, e os casos de distocias devem ser
devidamente gerenciados para minimizar os impactos causados por esta condição
(ABDELA; AHMED, 2016).
Portanto o presente trabalho tem como objetivo abordar os conceitos de
parto eutócico, distócico e os tratamentos corretivos para alterações na estática fetal
por manobras obstétricas.
13

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 PARTO EUTÓCICO

O parto é um processo fisiológico, onde ocorre a expulsão do feto e anexos.


Durante este evento, ocorre a dilatação da via fetal e iniciam-se contrações uterinas
e abdominais que resultam no nascimento do bezerro (PRESTES; ALVARENGA,
2017).
Eutocia ou parto fisiológico é definido como parto espontâneo, que ocorre
dentro dos limites fisiológicos de duração da gestação (MEE, 2008). A gestação em
bovinos zebuínos dura em torno de 286 a 296 dias e nos taurinos 280 a 290 dias
(PRESTES; ALVARENGA 2017).
O parto possui três estágios, no primeiro ocorre a preparação da mãe e do
concepto para o nascimento, sendo denominada de fase prodrômica (BALL;
PETERS, 2006; GRUNERT; BIRGEL ,19829). Onde iniciam-se as contrações
uterinas, a cérvix dilata, e o feto assume sua posição de nascimento (JACKSON,
2005). Em bovinos por volta do oitavo mês gestacional, o bezerro altera a sua
posição, assumindo apresentação longitudinal anterior em 95% dos casos
representada na Figura 1 (GRUNERT; BIRGEL ,1982).

Figura 1 - Estática fetal fisiológica: apresentação longitudinal anterior, posição


superior e atitude estendida

Fonte: GRUNERT; BIRGEL (1982).


14

A descrição da estática fetal é feita através dos termos apresentação,


posição e atitude pela relação do feto com a pelve da mãe. A apresentação é a
relação entre o eixo longo do concepto e o da mãe, podendo ser longitudinal
anterior, onde os membros torácicos se introduzem no canal do parto ou longitudinal
posterior na qual os membros pélvicos insinuam (LOCATELLI; PEREIRA, 2009).
Na apresentação transversal, a coluna do feto está em situação transversal,
em relação ao eixo longitudinal da mãe, e é classificada em dorsal e ventral. Na
apresentação transversal-ventral, o ventre e os membros do feto se direcionam ao
canal do parto, na transversal-dorsal as porções dorsais que se insinuam na via fetal
mole (GRUNERT; BIRGEL,1982; LOCATELLI; PEREIRA, 2009).
Em raros casos, ocorre apresentação vertical, na qual o corpo do feto
repousa verticalmente na entrada pélvica, ou seja, está perpendicular à coluna da
mãe, é classificada em dorsal e ventral de acordo com o ventre ou o dorso do feto,
se dirigem ao canal (GRUNERT; BIRGEL,1982; LOCATELLI; PEREIRA, 2009).
A posição descreve a relação entre o dorso do feto e o dorso da mãe no
momento do parto, podendo ser lateral, dorsal, ou ventral de acordo como a coluna
do feto se relaciona com a pelve e o dorso materno (GRUNERT; BIRGEL, 1982).
A atitude descreve a disposição das partes móveis do feto (membros e
cabeça) se os mesmos se apresentam estendidos ou flexionados (JACKSON, 2005).
Na primeira fase do parto os bovinos apresentam manifestações que
evidenciam o fim da gestação (GRUNERT; BIRGEL ,1982). Os sinais clínicos
apresentados são inquietação, vocalização, isolamento do rebanho, a fêmea para de
se alimentar, deita e levanta com frequência (BALL; PETERS, 2006; JACKSON,
2005). Apresentam intenso edema de vulva, associado a hiperemia e edema de
mucosa vaginal, a cérvice encontra-se dilatada, iniciam-se contrações uterinas e
ocorre o relaxamento dos ligamentos sacro-isquiáticos e da articulação sacroilíaca
(GRUNERT; BIRGEL ,1982). Próximo ao parto ocorre mudança na secreção da
glândula mamária, que anteriormente era liquida e nessa fase assume aspecto
viscoso (PRESTES; ALVARENGA, 2017).
O segundo estágio do trabalho de parto tem início com o rompimento das
membranas fetais, vesícula alantoide e amniótica, e culmina com o nascimento do
feto (GRUNERT; BIRGEL ,1982). O feto no interior do canal do parto é empurrado
em direção a cérvice pelas contrações uterinas, exercendo pressão mecânica nos
receptores, que estimulam a liberação de ocitocina pela hipófise, esse processo é
15

denominado “Reflexo de Fergunson” que estimulará as contrações miometriais, além


disso por estimulação do nervo pudendo o feto estimula os centros motores da
medula espinhal, desencadeando as contrações abdominais, esse processo é
conhecido como reflexo de esvaziamento, que se associa as contrações uterinas
para expulsão do filhote. A vaca que no estágio inicial do parto permanecia em
estação, nesse momento pode ficar em decúbito até que o feto seja expelido
(PRESTES; ALVARENGA, 2017).
A segunda fase tem duração de 30 minutos a 3 horas, o âmnion é projetado
na vulva, precedendo o bezerro. Após o seu aparecimento ele deverá nascer dentro
de 2 horas. As contrações uterinas e abdominais iram se intensificando a medida
que o estágio do parto avança. A passagem da cabeça do feto pela vulva é o
momento do parto de maior esforço, após a passagem da cabeça a expulsão do
corpo ocorre facilmente na maioria dos casos (JACKSON, 2005).
No terceiro estágio do trabalho de parto as membranas fetais serão
expelidas, após o nascimento do bezerro, dentro de até 12 horas (BALL;
PETERS,2006; JACKSON,2005).

Tabela 1- Principais eventos fisiológicos dos estágios do parto.

Estágio Eventos fisiológicos Duração


Primeiro Relaxamento e dilatação da cervix; 4 a 24 horas.
estágio Início das contrações uterinas;
O corialantoide entra na vagina.
Segundo Contrações uterinas; 30 min a 3 horas.
estágio O feto adentra o canal do parto;
Início das contrações abdominais;
O âmnion e a alantoide entram na vagina;
Feto expelido.
Terceiro Interrupção da circulação da placenta; Dentro de 12 horas
estágio Contrações uterinas e abdominais; após nascimento.
Placenta expelida.
Fonte: Adaptação de JACKSON (2005).
16

2.2 PARTO DISTÓCICO

A distocia é definida como um parto prolongado que apresenta complicações


onde a primeira ou a segunda fase podem prevalecer por período superior ao
fisiológico. Pode ser resultado de causas que interferem nas forças expulsivas como
inércia uterina, dilatação insuficiente da cérvice e vagina (ABDELA; AHMED,2016).
O bovino em comparação as outras espécies é a que mais apresenta
complicações no parto, devido a conformação anatômica da sua pelve, que possui
cavidade estreita e dificulta a passagem do feto no momento do parto. São diversas
as causas de distocia, que pode ocasionar desde um prolongamento do parto ou até
mesmo incapacitar a fêmea de parir. O animal necessitará de auxílio obstétrico, pelo
médico veterinário, que escolherá de acordo com as condições da parturiente e do
feto a melhor opção para o tratamento. Em casos mais simples não será necessário
intervenção cirúrgica, apenas manobra obstétrica, já os casos mais graves
necessitam de outros procedimentos como fetotomia ou intervenção cirúrgica como
cesariana (ALDOLFATO; DELFIL, 2014).
Segundo Ball e Peters (2006), a distocia pode ter causa de origem materna
ou fetal. As causas maternas podem ocorrer devido aos defeitos nas vias fetais,
desordens ou falha nas contrações do útero. Entretanto, nos bovinos a distocia
frequentemente é de origem fetal devido ao mal posicionamento, tamanho excessivo
e má formação.
Azevedo et al (2015) avaliaram o efeito da utilização de biotecnologias da
reprodução como inseminação artificial, clonagem, transferência de embriões com a
incidência de complicações no parto de bovinos. Concluindo que quanto mais
avançada a biotécnia aplicada maior a ocorrência de distocia.
A distocia causa impactos negativos na produção, pois está relacionada a
mortalidade dos bezerros e vacas, compromete a fertilidade dos animais e diminui a
produção de leite, além disso como consequência causa problemas reprodutivos
como retenção de placenta, endometrite, infecções uterinas e aumenta o descarte
involuntário de animais. Devido a isso é importante adotar medidas adequadas para
gerenciar e prevenir os impactos causados por distocias (ABDELA; AHMED, 2016).
Existem várias causas de distocias e de acordo com a Figura 2 serão
abordadas as principais, que podem ser de origem maternal ou fetal.
17

Figura 2 - Causas de distocia em vaca

Fonte: BALL; PETERS (2006).

2.3 DISTOCIAS DE ORIGEM MATERNA

Segundo Purohit et al (2011) as causas de distocia de origem materna são


devido a constrição, obstrução do canal do parto ou a falhas nas forças expulsivas.
Devido a diversos fatores anatômicos e particularidades fisiológicas do parto,
as distocias são mais frequentes em ruminantes (PRESTES; ALVARENGA, 2017).
Segundo Konig e Liebich (2011), a conformação anatômica da pelve e as dimensões
da sua cavidade tem importância obstétrica. Nos bovinos a pelve é relativamente
estreita o que dificulta a passagem do feto no momento do parto.

2.3.1 Inércia uterina


18

É definida como contração insuficiente da musculatura uterina e abdominal.


As falhas nas contrações uterinas são classificadas em primária e secundária de
acordo com sua causa. A etiologia da inércia primária está relacionada com
hipocalcemia, obesidade, gestação gemelar e distúrbios hormonais principalmente
de ocitocina e estrógeno (MEE et al, 2004).
A inércia uterina de origem secundária é devido a partos prolongados que ao
decorrer do tempo as contrações que eram vigorosas tornam-se enfraquecidas e
débeis devido ao esgotamento materno. Fetos grandes, torção do útero, mau
posicionamento do concepto, são fatores que predispõe atonia uterina secundária
(GRUNERT; BIRGEL,1982).

2.3.2 Falha na contração abdominal

Debilidades nas contrações da musculatura abdominal dificultam a expulsão


do feto, e podem ser causada devido a processos dolorosos como reticulopericardite
traumática, hérnia ventral, ruptura do tendão pré-púbico, caquexia e entre outros
(JACKSON, 2005).

2.3.3 Torção uterina

Segundo Grunert e Birgel (1982), a torção consiste em uma rotação do


útero sobre o seu eixo longitudinal, ocorre principalmente no fim da gestação, na
primeira ou na segunda fase do parto. Dentre as espécies, os bovinos são mais
susceptíveis a esta condição, geralmente associada a fetos desproporcionais (BAI et
al, 2016).
Os bovinos possuem predisposição a torção devido a algumas
particularidades anatômicas como útero assimétrico em gestantes onde o corno
uterino gravídico é mais pesado que o contralateral, desse modo desequilibra com
facilidade podendo provocar torção, as contrações uterinas e a flacidez da
musculatura abdominal principalmente em animais senis também é um fator
predisponente (GRUNERT; BIRGEL, 1982) .
19

2.3.3 Alteração da pelve

A via fetal óssea é constituída por ílio, ísquio, púbis que compõem a pelve,
pelo sacro e primeiras vértebras coccígeas. A estrutura anatômica da pelve dos
bovinos dificulta o parto por ser estreita e ter um assoalho côncavo elevado em sua
porção caudal (PRESTES; ALVARENGA, 2017). Segundo Jackson (2005) o
estreitamento da via fetal óssea é devido a desproporção entre o tamanho da pelve
materna em relação ao tamanho do feto, o que dificulta a passagem do mesmo pelo
canal do parto.
Reprodução de novilhas muito jovens e vacas que sofreram fraturas na
pelve podem resultar em estreitamento da via fetal óssea, o que aumenta as
chances de distocia (PUROHIT et al, 2011).
A anatomia dos ruminantes predispõe a problemas pélvicos, devido sua
fisiologia digestiva, são susceptíveis a enfermidades metabólicas e carências
minerais que comprometem a estrutura óssea predispondo a fraturas que afetam a
via fetal (PRESTES; ALVARENGA, 2017).
O obstetra deve palpar para verificar se o feto pode passar pelo canal do
parto, se houver espaço suficiente deve aplicar tração para removê-lo usando
lubrificantes. Contudo se o canal do parto for muito estreito impossibilitando a
passagem do concepto o veterinário deverá optar por intervenção cirúrgica como
cesariana, ainda mais se além do estreitamento houver alteração na atitude, postura
e posição do feto (PUROHIT et al 2011).

2.3.4 Obesidade

Animais obesos depositam gordura intrapélvica o que causa estreitamento


do canal do parto reduzindo a capacidade de dilatação da via fetal mole, dessa
forma dificulta a passagem do feto pelo canal (JACKSON, 2005).

2.4 DISTOCIAS DE ORIGEM FETAL

2.4.1 Feto grande


20

O tamanho do feto é classificado em relativamente ou absolutamente grande


e pode causar complicações no momento do parto. O feto relativo é comparado ao
tamanho da mãe, onde ele apresenta tamanho e proporção normal mas a mãe
possui canal do parto com espaço insuficiente para a sua expulsão. O feto absoluto
é quando o mesmo apresenta tamanho e peso acima dos padrões da raça,
dificultando ou impedindo sua passagem no canal do parto, pode ser devido a
monstruosidades, a escolha da raça do reprodutor também exerce influência no
tamanho do feto (BALL; PETERS, 2006).
Na aplicação de biotecnologias como fertilização in vitro e inseminação
artificial é necessário levar em consideração o tamanho dos genitores. Pois
influenciará no tamanho do feto, desse modo é necessário que não haja grande
desproporção entre o tamanho do macho e da fêmea, para evitar gerar fetos
absolutamente grandes.

2.4.2 Alteração da estática fetal

A estática fetal fisiológica é apresentação longitudinal dorsal anterior atitude


estendida, exemplificada na Figura 1, qualquer alteração pode causar problemas no
parto. Segundo Ball e Peters (2006) as alterações de estática fetal mais comuns são
apresentação posterior, flexão de membros e desvio lateral da cabeça. Alterações
de estática fetal tem etiologia desconhecida (SILVA, 2016).

2.4.2.1 Desvio lateral da cabeça

Nessa alteração há flexão lateral do pescoço e da cabeça, geralmente os


membros anteriores se encontram no canal vaginal saindo através da vulva. A
medida que os membros são tracionados é possível palpar a base do pescoço e
detectar que este está desviado lateralmente (GRUNERT; BIRGEL, 1982;
JACKSON, 2005).
21

2.4.2.2 Desvio esternal da cabeça

De acordo com Grunert e Birgel (1982), nela ocorre a flexão do pescoço do


feto em sentido ventral, dessa forma a cabeça se posiciona entre os membros
anteriores em direção ao esterno. Essa alteração é mais rara que o desvio lateral da
cabeça.

2.4.2.3 Flexão do carpo

O feto apresenta flexão da articulação do carpo de forma que o boleto fica


localizado sob o antebraço. Se somente um membro estiver flexionado, o membro
estendido e a cabeça se encontram no canal vaginal podendo estar evidentes na
vulva (GRUNERT; BIRGEL, 1982; JACKSON, 2005).

2.4.2.4 Flexão da articulação do ombro

Segundo Grunert e Birgel (1982) nessa alteração de estática fetal o membro


se direciona cranialmente, onde há uma flexão da articulação escápulo umeral,
podendo ser uni ou bilateral.

2.4.2.5 Flexão da articulação do tarso

Segundo Grunert e Birgel (1982) essa distocia acomete principalmente os


bovinos onde ocorre flexão da articulação do tarso podendo ser uni ou bilateral, de
tal forma que a região do tarso repousa sob a região inguinal abdominal. De acordo
com Jackson (2005) a cauda do feto pode ser insinuada na vulva, sendo possível
palpar os tarsos flexionados no canal pélvico.
22

2.4.2.6 Flexão da articulação coxo-femoral

Nesta alteração o membro pélvico está sob o corpo do concepto desviado


cranialmente, na maioria dos casos está flexão ocorre bilateralmente (GRUNERT;
BIRGEL, 1982).

2.4.2.7 Gêmeos

Os gêmeos são gerados a partir da ovulação dupla e fecundação desses


ovócitos. A gestação gemelar pode causar problemas no momento do parto, pois os
bezerros podem estar posicionados simultaneamente no canal. Além disso, apesar
de ser uma condição rara, podem causar distocia por anomalia fetal devido a divisão
incompleta de um óvulo fecundado, conhecida como “monstros duplos”. Na qual os
gêmeos conjuntos estão ligados um ao outro por alguma parte do corpo, podendo
apresentar cabeças unidas impedindo que os fetos entrem na cavidade pélvica e
saiam pelo canal do parto. Além dessa monstruosidade os fetos podem estar unidos
por outras partes do corpo (JACKSON, 2005).

2.5 SINAIS CLÍNICOS DE DISTOCIA EM BOVINOS

Os sinais clínicos apresentados pela parturiente podem ser indicativos de


distocia como um prolongamento na primeira ou na segunda fase do parto, de forma
não progressiva, postura anormal, intensas contrações por trinta minutos sem a
apresentação do concepto na vulva. Alterações de estática fetal podem ser
percebidas quando há evidência da cabeça do bezerro sem o aparecimento de seus
membros anteriores (JACKSON,2005).

2.6 EXAME OBSTÉTRICO

O exame clínico detalhado é de extrema importância para que o veterinário


possa diagnosticar o parto distócico, estabeleça um prognóstico e então providencie
o tratamento mais adequado para o caso apresentado. É recomendado que o exame
23

siga um plano geral através da: anamnese, exame do estado geral da paciente,
exame externo e por fim exame interno específico (GRUNERT; BIRGEL , 1982).
O exame obstétrico detalhado é muito importante, porém a distocia é uma
condição emergencial, na qual o atraso no atendimento pode resultar em
agravamento do caso e até mesmo a morte da parturiente e do feto. Desse modo é
necessário priorizar algumas etapas do exame, e após os riscos eminentes terem
sido controlados, demais informações relevantes podem ser incluídas para
conclusão do exame.

2.6.1 Anamnese

Precedendo a anamnese deve ser feita a identificação do animal devendo


conter informações sobre a raça, espécie, peso do animal, pelagem, número ou ferro
de identificação, idade e sexo. Além dos dados do animal a identificação deve incluir
informações do proprietário como nome, endereço, telefone e local da propriedade
(GRUNERT; BIRGEL,1982 ).
Segundo Jackson (2005), é importante saber o histórico do caso que deve
conter as seguintes informações:

· A paciente é primípara, ou já teve outras crias? Houve alguma


complicação no parto? Se sim, qual? E como foi resolvido?
· O tamanho do reprodutor é muito maior comparado ao da fêmea
gestante? Outras fêmeas gestantes do mesmo reprodutor sofreram distocia?
· Houve secreção vaginal?
· A gestante sofreu alguma doença ou acidente?
· Alguém tentou auxiliar a paciente? (A interferência por pessoas que
não tem experiências pode agravar o caso).
· Partes fetais membranas ou líquidos fetais foram vistos na vulva?

A idade do animal segundo Grunert e Birgel (1982) tem influência direta no


parto, onde fêmeas idosas ou muito jovens podem apresentar complicações. A idade
influência o parto pois ela interfere na energia das contrações uterinas em animais
idosos as contrações se apresentam fracas. Nos animais jovens existem grandes
24

possibilidades de desenvolverem fetos relativamente ou absolutamente grandes,


apesar de ter um bom relaxamento dos ligamentos sacro isquiáticos e apresentarem
capacidade articular, o parto se torna difícil e muitas vezes impossível. Deve ser
considerado o período de gestação e ter conhecimento de quando foi a última
cobertura do animal dessa forma é possível avaliar se o animal ficou gestante de
forma precoce, onde há possibilidade de dificuldade no parto devido a pelve juvenil.
Em relação aos partos anteriores em pluríparas deve se ter conhecimento do
número de crias, intervalo entre os partos e se ocorreu alguma complicação
(GRUNERT; BIRGEL,1982 ).
Para a fêmea em trabalho de parto deve se levar em consideração o início
do parto, o momento em que as contrações começaram, fase de dilatação da
cérvice, e o aparecimento das membranas fetais na vulva e sua ruptura (GRUNERT;
BIRGEL,1982).

2.6.2 Exame geral da parturiente

Deve ser realizado exame do estado geral da paciente avaliando o estado


nutricional, funções vitais, distúrbios circulatórios e sinais de alarme durante o parto
(GRUNERT; BIRGEL ,1982).

2.6.2.1 Estado nutricional

Animais subnutridos ou recebendo alimentos em quantidade insuficiente,


caquéticos ou obesos são mais predispostos a distocias. Parturientes em bom
estado nutricional, saudáveis tem bom prognóstico (GRUNERT; BIRGEL,1982 ).

2.6.2.2 Funções vitais

As funções vitais como frequência cardíaca e respiratória variam durante a


gestação, mas é necessário fazer a monitoração no exame geral, levando em
consideração que ocorrem alterações no momento do parto. É necessário controlar
25

a temperatura, os batimentos cardíacos, a frequência respiratória, avaliar também a


função digestiva do animal e a atividade rumenal (GRUNERT; BIRGEL,1982 ).
Parturientes com mucosas excessivamente anêmicas, globo ocular profundo
na cavidade, decúbito permanente, andar cambaleante, são sinais clínicos
indicativos de uma possível hemorragia interna profunda que servem de alerta para
o veterinário (GRUNERT; BIRGEL, 1982).

2.6.3 Exame interno específico

2.6.3.1 Inspeção

Na inspeção deve ser avaliado o abdome do animal, que pode evidenciar


anormalidades na gestação. Sua distensão excessiva pode indicar gestação
gemelar, peritonite, presença de gás no útero. Ao realizar a inspeção da parede
abdominal é possível notar as contrações do animal, podendo avaliar se o mesmo
apresenta contrações suficientes para desenvolver a expulsão do feto (GRUNERT;
BIRGEL,1982).
A genitália externa também deve ser inspecionada para avaliar se há
evidência dos membros do feto ou das membranas fetais na vulva, e se existe
dilatação suficiente. A secreção vaginal deve ser observada, para identificar se há
alteração como odor fétido ou coloração anormal, que pode ser indicativo de morte
do feto (JACKSON, 2005).

2.6.3.2 Avaliação do animal

No trabalho de parto a conduta do veterinário difere do exame obstétrico de


rotina, pois no momento do parto é realizado primeiramente o exame vaginal de
preferência com o animal em estação, raras vezes necessita realizar a palpação
retal (GRUNERT; BIRGEL ,1982).
O exame vaginal é realizado através de palpação, sendo necessário adotar
medidas higiênicas como o uso de luvas estéreis, fixação da cauda do animal, e
26

higienização do períneo. Caso o animal não seja cooperativo usar métodos


adequados de contenção através equipamentos auxiliares como peias, tronco de
contenção e formiga. Se for necessário avaliar o animal em decúbito, devido a
incapacidade em se levantar por fraturas ósseas, anestesia ou por outras causas, o
bovino deve ser avaliado em decúbito lateral esquerdo devido a posição anatômica
do rúmen (GRUNERT; BIRGEL ,1982).

2.6.3.3 Vias fetais

A avaliação é realizada por palpação vaginal onde é necessário inspecionar


e palpar a via fetal mole, que é constituída por ligamentos sacro-isquiáticos, vulva,
vestíbulo vaginal, cérvice e vagina, e a via fetal óssea avaliando o grau de dilatação
de ambas para precisar se há dilatação suficiente para que ocorra o parto de
maneira natural. Deve também ser observado se existem lesões e hemorragias na
mucosa e se há lubrificação suficiente do canal do parto (GRUNERT;
BIRGEL,1982).

2.6.3.4 Condições dos anexos fetais

É avaliado através de palpação vaginal onde observa-se a integridade ou


rompimento das membranas fetais. É possível avaliar se existem processos
infecciosos através de alterações nos líquidos das membranas alantóide e amniótica
quando apresentam alteração de cor e odor. Nos partos prolongados há rompimento
das membranas fetais com extravasamento do líquido isso leva a uma insuficiente
lubrificação do canal do parto, o que dificulta a passagem do feto (GRUNERT;
BIRGEL,1982).

2.6.3.5 Avaliação do feto

Deve ser avaliada a apresentação, posição e atitude do feto através de


palpação vaginal. Devendo o mesmo está em apresentação longitudinal anterior,
27

posição superior e atitude estendida (GRUNERT; BIRGEL,1982). Conhecer a


estática fetal é de extrema importância para o diagnosticar e planejar o tratamento
do parto distócico (LOCATELLI; PEREIRA, 2009).
Os bovinos são animais uníparos, ou seja que devem ter um filhote por
gestação, mas isso não exclui a possibilidade de ocorrência de gêmeos, ao detectar
gestação gemelar, deve levar em consideração a necessidade de auxílio no
momento do parto (GRUNERT; BIRGEL ,1982).
Deve ser avaliado se o feto está vivo, para determinar a escolha do auxílio
obstétrico pelo médico veterinário, sendo a cesárea indicada para conceptos vivos e
a fetotomia para fetos mortos. Os sinais que indicam que o feto está vivo são a
presença de reflexos e seus movimentos (GRUNERT; BIRGEL ,1982).
O veterinário pode provocar estimulação de reflexos no feto para verificar se
este possui vida. Na apresentação anterior pode ser estimulado o reflexo podal
através de pressão no espaço entre os dígitos, e o reflexo de sucção pode ser
estimulado inserindo o dedo na boca do concepto. Na apresentação posterior outros
reflexos podem ser avaliados como inserir o dedo na cavidade anal do feto
estimulará o reflexo anal através da contração do esfíncter, pressionar os testículos
também leva a movimentação do feto. Quando o feto não possui vida os reflexos e
movimentos espontâneos estarão ausentes (GRUNERT; BIRGEL ,1982).

2.6.4 Diagnóstico obstétrico

Através do exame obstétrico detalhado é possível determinar o diagnóstico


das condições da parturiente, o estado de lubrificação e dilatação das vias fetais, o
estado das membranas fetais se as mesmas foram rompidas ou permanecem
íntegras, identificar a apresentação do feto bem como sua vitalidade (GRUNERT;
BIRGEL 1989). O exame também indicará a causa da distocia para que o médico
veterinário possa escolher o auxílio obstétrico mais adequado (JACKSON, 2005).
É importante levar em consideração o bem estar da parturiente e do feto ao
planejar o tratamento (JACKSON, 2005).

2.7 CUIDADOS PRÉVIOS A INTERVENÇÃO OBSTÉTRICA


28

É importante saber se o animal possui histórico de aborto, pois é um sinal


clínico de Brucelose, uma doença infecciosa de caráter zoonótico causada pela
bactéria Brucella abortus. Para que o veterinário tome medidas preventivas para sua
proteção é necessário o uso de luvas, para qualquer procedimento devido ao risco
que está exposto no momento do auxílio obstétrico (BALTAIER et al, 2009;
GRUNERT; BIRGEL, 1982).
Segundo Jackson (2005), o obstetra deve ter disponível preferencialmente
três assistentes, dois para auxiliarem a remoção do feto e um para manusear a
cabeça da parturiente. A contenção da paciente é feita com um cabresto, amarrando
a sua cabeça de forma que permita que ela se deite sem dificuldades no momento
do parto. O tronco de contenção padrão não disponibiliza espaço suficiente para
auxílio obstétrico, se ele dispor de portas laterais facilitará o acesso para o
veterinário intervir no parto.
Medidas de higiene são cuidados necessários para o auxílio obstétrico deve
ser lavada a região posterior da fêmea com sabão e antisséptico, as mãos do
veterinário devem ser desinfetadas e o mesmo deverá usar luvas para os
procedimentos. O instrumental deverá estar à disposição devidamente esterilizado,
assim como o veterinário deverá ter água limpa e lubrificantes a disposição
(GRUNERT; BIRGEL 1982 ).

2.7.1 Contenção química

2.7.1.1 Sedação

Em animais nervosos pode ser feita a sedação, prévia ao exame interno,


com xilazina que produz tranquilização, na dose 0,05 mg/kg por via intramuscular.
Cuidados devem ser tomados para não exagerar na dose pois a sedação profunda
pode consequentemente provocar decúbito no animal, dificultando assim, os
procedimentos de manobras obstétricas, além da possibilidade de causar choque
hipovolêmico (JACKSON, 2005).
29

Para sedação devem se atentar ao uso de tranquilizantes pois eles


atravessam a barreira placentária, quando for necessário o seu uso é conveniente
utilizar doses menores, para evitar que causem depressão nos parâmetros vitais do
feto (MASSONE,2011).

2.7.1.2 Anestesia epidural

Segundo Grunert e Birgel (1982) no parto eutócico as contrações


abdominais e uterinas são eficientes para expulsão do concepto, mas em situações
anormais quando o auxílio obstétrico é necessário essas contrações atrapalham os
procedimentos desde manipulação obstétrica até cesariana ou fetotomia. A
anestesia epidural é indicada em cesarianas, fetotomia e em correções alteração da
estática fetal.
A vantagem da anestesia epidural é a interrupção das contrações
abdominais facilitando a realização de procedimentos pelo obstetra, importante
lembrar que esse bloqueio anestésico não tem influência sobre as contrações
cíclicas do útero. É muito eficiente para correção de estática fetal por manobras
obstétricas (GRUNERT; BIRGEL 1982). Quando administrado volumes superiores a
10 mL de lidocaína a 2%, pode resultar em decúbito, o que dificulta procedimentos
que devem ser realizados com o animal em estação, como as manobras obstétricas
(MASSONE, 2011).
Quando os anestésicos locais alcançam a corrente sanguínea da vaca,
atravessam a barreira placentária, e chegam ao feto podendo deprimir o seu débito
cardíaco. Esses fármacos devem ser utilizados com cautela nas doses adequadas,
para evitar complicações e até mesmo a morte do feto, além disso altas
concentrações do fármaco na corrente sanguínea causa hipotensão arterial
diminuindo o débito cardíaco da parturiente, devido ao bloqueio dos receptores beta
(MASSONE, 2011).
Este tipo de técnica anestésica é empregada para intervenções na vagina,
no reto, no ânus e para intervenções obstétricas. O procedimento é realizado por
meio da identificação da primeira e segunda vértebras coccígeas através da
palpação, elevando e abaixando a cauda do animal, identificando a vértebra móvel e
a fixa. Deve ser realizada tricotomia e antissepsia da área, feito isso insere-se a
30

agulha com mandril atravessando a pele e o ligamento espinhoso chegando ao


espaço epidural, o mandril deverá ser retirado e o fármaco lidocaína a 2% deverá
ser injetado de forma lenta de 2 a 4 ml. Se forem injetados volumes superiores a 10
ml o animal perde a coordenação e entra em decúbito (MASSONE, 2011). Anestesia
epidural inter coccígea está ilustrada na Figura 3.

Figura 3 - Anestesia epidural Intercoccígea em bovino

Fonte: MASSONE (2011).

2.7.2 Instrumentos obstétricos para manobras corretivas

Segundo Grunert e Birgel (1982) os instrumentos são:


· Correntes ou cordas obstétricas; (As correntes são preferidas em relação
as cordas pois permitem esterilização)
· Ganchos obstétricos;
· Fórceps;
· Puxadores de correntes;
· Muleta obstétrica.
31

2.8 PRINCIPAIS INTERVENÇÕES OBSTÉTRICAS

2.8.1 Tração

Nas distocias em alguns casos se faz necessário o uso de tração para


remoção do feto. É importante o conhecimento da técnica para executa-la, existe
grande negligência, por falta de conhecimento, de alguns proprietários que
empregam tração excessiva no animal como exemplo o uso de cavalos ou tratores
para remover o bezerro, e dessa forma causam lesões na vaca comprometendo a
sua capacidade reprodutiva futura ou até mesmo vir a óbito assim como o seu
bezerro.
Segundo Grunert e Birgel (1982) apenas a força humana é necessária para
extrair o feto por tração, no caso dos bovinos no máximo três pessoas. A força de
tração deve ser empregada de forma alternada para reduzir o diâmetro do tórax e da
pelve facilitando a extração do feto (Figura 4).
Para realizar o procedimento alguns cuidados devem ser tomados onde o
feto deverá apresentar estática fetal fisiológica, previamente avaliada pelo obstetra,
higiene e lubrificação adequada durante todo o processo, verificar se há todo
equipamento disponível, tais como cordas ou correntes obstétricas esterilizadas, ter
a disposição água limpa e lubrificantes. A extração do feto deverá ser realizada por
tração humana (GRUNERT; BIRGEL 1982; JACKSON, 2005).

Figura 4 – Tração alternada dos membros anteriores

Fonte: GRUNERT; BIRGEL (1982) .


32

Em apresentação anterior as cordas ou correntes obstétricas são colocadas


na cabeça e nos membros anteriores. Para aplicar a corda na cabeça do feto é feita
uma laçada no fim da corda, e a introduz na vagina e deve ser colocada atrás das
orelhas do bezerro formando um arco que passe por dentro da boca (Figura 5). Nos
membros anteriores a corda deverá ser fixada no boleto e no terço médio do
metacarpo (JACKSON, 2005).

Figura 5 – Aplicação das cordas obstétricas

Fonte: JACKSON (2005).

Após aplicação das cordas é feita a tração do bezerro da seguinte maneira


quando ele entra na cavidade pélvica a tração deve ser em sentido dorsal, à medida
que a cabeça passa pela pelve a tração deve ser horizontal, após atravessar a pelve
quando a cabeça se localiza na via fetal mole a tração deverá ser no sentido ventral
em direção ao tarso da vaca (Figura 6). Essa direção da tração facilita a retirada do
feto (GRUNERT; BIRGEL, 1982; JACKSON, 2005).
33

Figura 6 – Direção da força de tração para retirar o bezerro

Fonte: GRUNERT; BIRGE L (1982).

2.8.2 Manobras obstétricas

Segundo Jackson (2005) a estática fetal fisiológica é apresentação


longitudinal anterior dorsal atitude estendida, por volta do oitavo mês de gestação os
fetos adotam esse posicionamento, alterações nesse, podem dificultar o parto. Para
correção de alterações de posição, atitude e apresentação do feto o médico
veterinário pode utilizar manobras obstétricas, que consistem em reposicioná-lo para
corrigir sua má apresentação, para então conduzir o parto. As manobras corretivas
são escolhidas de acordo com o tipo de alteração da estática fetal.
O canal pélvico tem um espaço reduzido, portanto para que o obstetra
manipule o feto com maior facilidade é recomendado impeli-lo para o interior do
útero, dessa forma, tem se maior espaço para realizar o procedimento de manobra
obstétrica. Tal manobra exige lubrificação adequada para facilitar o procedimento de
retropulsão (JACKSON, 2005).
O clembuterol é um broncodilatador agonista beta-adrenérgico utilizado para
evitar constrição dos brônquios, muito empregado em alergias, influenza e em
doença crônica pulmonar obstrutiva em equinos (SPINOSA; GóRNIAK; BERNARDI,
2014). De acordo com Menárd (1994) que realizou um estudo para testar o
clembuterol, que possui efeito colateral de relaxamento muscular, como auxílio para
34

correções de distocia por manobras obstétricas. O medicamento foi administrado por


via intravenosa na dose de 0,6- 0,8 µg/kg, e promoveu um adequado relaxamento do
miométrio, que permitiu melhor acesso, com maior facilidade para o obstetra das
partes e segmentos fetais por palpação vaginal, dessa forma as extrações fetais
exigiam menos força física e eram menos traumáticas.
Manobras obstétricas de repulsão e rotação, correções de mau
posicionamento fetal, como desvio lateral da cabeça e flexão de membros foram
realizadas com maior facilidade empregando o uso do fármaco. Concluindo que o
medicamento forneceu facilidade para correções manuais, e não promoveu efeitos
adversos (MENÁRD,1994).
De acordo com Grunert e Birgel (1982) para retificar o mau posicionamento
do feto, a vaca deve permanecer em estação. Para facilitar o processo é
recomendado o uso de lubrificantes como carboximetilcelulose, e fármacos que
promovam relaxamento da musculatura uterina como o clembuterol. As manobras
obstétricas somente devem ser empregados se não houver condições desfavoráveis
como enfisema fetal, fetos absolutamente ou relativamente grandes. Para todas as
alterações de estática fetal que não for possível correção por manobra obstétrica,
deve ser realizada fetotomia ou tratamento cirúrgico por cesariana (JACKSON,
2005).

2.8.2.1 Correção das atitudes anormais de cabeça:

a) Desvio lateral da cabeça

Segundo Jackson (2005) ao localizar a narina do feto o obstetra deve


proteger o focinho e os dentes do bezerro com a mão, de forma que evite lesões na
mucosa uterina. Se a narina não estiver ao alcance a cabeça do feto pode ser
segurada pela cavidade ocular (Figura 7).
Deve se segurar a cabeça com os dedos polegar e indicador introduzidos na
cavidade ocular, no intervalo das contrações deve levantar e girar a cabeça do feto
até a linha média do útero, após isso tracionar a cabeça em direção a vagina
(GRUNET; BIRGEL,1982).
35

Em casos mais complicados quando o desvio da cabeça for para o lado


direito deve se passar a corrente obstétrica no membro anterior esquerdo, assim
como quando o desvio for esquerdo o membro anterior direito deverá ser fixado com
a corrente. O feto deverá ser impelido com o auxílio de muleta obstétrica para o
interior do útero. A mandíbula do feto deverá ser fixada com a mão ou com corda
obstétrica e então é realizada a distensão da cabeça, somente tracionar a corda é
errado, o obstetra deverá fixar a cabeça do feto através das cavidades oculares na
tentativa de suspender a cabeça e corrigir o desvio (GRUNET; BIRGEL, 1982).

Figura 7 - Estática fetal: longitudinal anterior desvio lateral da cabeça

Fonte: GRUNERT; BIRGEL (1982) .

Silva et al (2015) descreveram um relato de caso onde foi atendida uma


vaca holandesa, no distrito de Mauá, em uma propriedade rural. O animal pesava
675 kg, estava em decúbito ventral. O proprietário relatou que o animal estava em
trabalho de parto desde o dia anterior. Ao exame clínico detectou-se que a vesícula
alantóide não havia sido rompida, e devido aos sintomas apresentados como
decúbito, relutância para levantar constatou que a parturiente apresentava
hipocalcemia.
36

Administrou-se gluconato de cálcio por via intravenosa, 1000mL, o animal


levantou e a vesícula alántoide rompeu. Ao exame vaginal o obstetra detectou má
posição fetal com apresentação longitudinal anterior atitude estendida, porém a
cabeça e pescoço estavam desviados lateralmente (SILVIA et al, 2015).
Diante disso utilizou se uma corda obstétrica na mandíbula do feto, para
posicionar a cabeça corretamente no canal do parto, e então poder remover o
bezerro, por tração nas cordas laçadas nos seus membros anteriores. Um fórceps foi
utilizado para auxiliar a remoção, pois somente com as cordas não foi possível, e por
fim o feto foi retirado sem lesões ou fraturas. A distocia nesse caso foi devido ao mal
posicionamento do bezerro além disso o mesmo apresentava tamanho relativamente
grande, sendo necessário manobra corretiva para tracionar o feto. No presente
relato o bezerro foi entregue com vida sem fraturas ou ferimentos, além disso
posteriormente o exame obstétrico da mãe por ultrassom, evidenciou que não havia
metrite e o útero já estava em involução, concluindo que a manobra obstétrica foi um
método eficiente (SILVIA et al, 2015).
Rajashri et al (2015), relatam o caso do atendimento de uma vaca primípara
com baixo escore corporal, e histórico de trabalho de parto por mais de 24 horas. Ao
exame observou-se que havia adequada dilatação da cérvice, e ausência de fluidos
fetais, a estática fetal foi avaliada e diagnosticou-se distocia por má apresentação
fetal devido ao desvio lateral da cabeça e pescoço. Foi feita a lubrificação do canal
do parto com carboximetilcelulose, os membros anteriores foram removidos do canal
por fetotomia na altura da articulação do carpo, acima das articulações foram
colocadas correntes para auxiliar na tração. Um gancho obstétrico foi fixado no
canto interno do olho do feto e aplicando tração a cabeça foi trazia ao canal do
parto. Assim que os membros pronunciaram na vulva, foram tracionados de maneira
alternada, e dessa forma o bezerro foi removido por tração. A manobra obstétrica
associada a fetotomia foi eficiente para retirada do feto.
A manobra corretiva para desvio lateral da cabeça foi utilizada por Das et al
(2009) que relatam o caso de um búfalo com histórico de trabalho de parto a 17
horas. No exame geral o animal se apresentava alerta, sem alterações significativas
em seus parâmetros vitais. Os membros anteriores do feto estavam localizados no
canal do parto e seus cascos se apresentavam na vulva. No exame vaginal foi
avaliada a estática fetal que apresentava longitudinal dorsal anterior, porém com
37

desvio lateral do pescoço na entrada pélvica sendo inacessível cabeça do feto por
via vaginal. Dessa forma foi diagnosticada distocia por desvio lateral da cabeça.
Para a correção da estática fetal utilizou-se anestesia epidural com lidocaína
a 2%, e foi feita a lubrificação adequada do canal do parto com gel obstétrico, para
então realizar a manobra. O feto foi impelido para o interior do útero, e fixada a sua
cabeça, através de corda obstétrica laçada na forma de um arco atrás das orelhas e
por dentro da boca, e então foi realizada a distensão da cabeça (DAS et al, 2009).
Após a correção da flexão da cabeça e pescoço o feto foi removido por
tração através de cordas obstétricas laçadas na cabeça e nos membros anteriores.
A técnica teve sucesso na remoção do feto, porém ele estava sem vida, devido à
demora do proprietário a levar a gestante para o atendimento (DAS et al, 2009).

b) Desvio esternal da cabeça

Para corrigir o desvio esternal da cabeça (Figura 8), deve prender a


mandíbula levantar a cabeça e direcioná-la a vagina. Outra possibilidade de
correção é promover a flexão dos membros torácicos na articulação do carpo depois
impelir o feto para o útero, agarrando a cabeça pela mandíbula direcionando a para
a vagina. A manobra corretiva de desvio dorsal da cabeça é semelhante a de desvio
esternal (GRUNERT; BIRGEL , 1982).
Se a cabeça estiver ventral aos membros anteriores um dos membros
deverá ser flexionado e impelido para o útero, dessa forma permitirá que tenha
espaço suficiente para conduzir a cabeça em direção a pelve. Após reposicionar a
cabeça, o membro anterior deverá ser recolocado, e por fim o feto poderá ser
tracionado (JACKSON, 2005). Quando houver dificuldade para retificar o desvio da
cabeça, a parturiente ser colocada em decúbito dorsal antes da manobra corretiva
(GRUNERT; BIRGEL , 1982).
38

Figura 8 – Estática fetal: longitudinal anterior dorsal com desvio esternal da cabeça

Fonte: GRUNERT; BIRGEL (1982).

2.8.2.2 Correção das atitudes anormais dos membros anteriores:

a) Correção da flexão do carpo

O feto apresenta flexão da articulação do carpo de forma que o boleto fica


localizado sob o antebraço (GRUNERT; BIRGEL 1982). A manobra corretiva consiste
em impelir o feto para o interior da cavidade uterina, pois assim tem maior espaço
para realizar a manobra, o obstetra detecta o membro flexionado e o empurra
dorsalmente (para cima e para longe), facilitando localizar o casco (Figura 9). Para
evitar lesões no útero da parturiente, ao encontrar o casco do feto o veterinário deve
protegê-lo com a mão, e guiá-lo para a pelve. As contrações da fêmea ou o espaço
reduzido podem dificultar a manobra corretiva, diante disso empregasse uma
corrente obstétrica ou corda, em volta do boleto, para tracionar o membro e trazê-lo
ao alcance, para que o obstetra possa corrigir a flexão do carpo como descrito acima
(JACKSON, 2005).
De acordo com Grunert e Birgel (1982) o obstetra deve identificar o casco do
feto e prendê-lo com mão trazendo em direção a sua linha mediana a fim de
promover a sua extensão, tal procedimento deve ser realizado após retropulsão.
39

Figura 9 - Estática fetal: longitudinal anterior flexão do carpo, correção de postura


fetal

Fonte: JACKSON (2005).

b) Correção da flexão do ombro (articulação escápulo umeral)

A correção da alteração consiste em impelir o feto para o interior do útero,


com a intenção de localizar o membro flexionado para corrigi-lo. O obstetra deverá
colocar a mão abaixo do membro, em direção a articulação cárpica, tracionando o
para cima de modo que o carpo fique flexionado então o membro é guiado em
direção ao canal pélvico (JACKSON, 2005).
A flexão da articulação do carpo deverá ser corrigida primeiramente
(GRUNERT; BIRGEL, 1982). Como alternativa uma corda pode ser utilizada para
auxiliar na correção, laçando o membro flexionado e deslizando a em direção a
região do carpo, aplicando tração na mesma possibilitando que o carpo seja
alcançado, desse modo o obstetra poderá proceder a manobra corretiva (Figura 10).
40

Figura 10 - Estática fetal: longitudinal anterior flexão da articulação escapulo umeral,


correção da flexão da articulação do ombro

Fonte: JACKSON (2005).

2.8.2.3 Correção das atitudes anormais dos membros pélvicos:

a) Correção da flexão da articulação do tarso

A correção consiste em estender o membro flexionado e trazê-lo a pelve,


feito isso utilizasse generosa lubrificação com carboximetilcelulose para impelir o
feto empurrando o por sua região perineal. O membro é tracionado caudalmente e
dorsalmente (para trás e para cima) formando um arco, na tentativa de estender a
pata (Figura 11) (JACKSON, 2005).
Pode ser utilizado uma corrente obstétrica em volta da quartela, entre os
cascos do feto, para erguer o membro caudalmente e dorsalmente enquanto o
operador empurra dorsalmente articulação do tarso. O outro membro deverá ser
manipulado da mesma forma mas se faltar espaço suficiente para tal manobra,
deverá ser feita retropulsão do feto a fim de obter espaço para estender o membro
(JACKSON, 2005). Cuidados devem ser tomados com o casco do animal para que
esse não lesione o útero da mãe.
41

Figura 11 - Estática fetal: longitudinal posterior flexão do tarso, correção

Fonte: JACKSON (2005).

b) Correção da flexão da articulação coxo-femoral

Para correção da alteração pode se tracionar o feto somente nas seguintes


condições quando houver dilatação adequada da via fetal mole, e o feto for pequeno
(GRUNERT; BIRGEL,1982).
Jackson (2005) afirma que não é possível retirar o feto sem prévia correção
da flexão da articulação coxo-femoral. Nesse caso fazer bloqueio epidural e
administrar clembuterol facilita a correção obstétrica.
A manobra consiste em converter a flexão da articulação coxo-femoral em
flexão do tarso, onde deve ser realizada retropulsão para que o obstetra tenha
espaço para localizar e manipular o membro, ao identificar a articulação do tarso ele
deverá flexiona-la empurrando a no sentido ventral e dorsal. Ao encontrar o casco o
obstetra o protege com a mão e estende o membro flexionado (JACKSON, 2005).
Uma corrente ou corda obstétrica pode ser utilizada para auxiliar a manobra
passando a em volta do membro e escorregando a até o tarso, aplicasse tração na
corda e dessa forma alcançasse a articulação (JACKSON, 2005).
42

2.8.2.4 Alterações na apresentação:

a) Apresentação posterior

Esta alteração de apresentação frequentemente resulta em distocia, com


exceção dos casos em que o feto tem apresentação longitudinal dorsal com os
membros posteriores em atitude estendida, contudo ainda assim pode ser
necessária assistência obstétrica. A pressão exercida pelos membros posteriores no
canal do parto, não é a mesma dos membros anteriores que exercem pressão
máxima sobre o canal facilitando a dilatação, isso aumenta a possibilidade de
distocia. Há alta incidência de mortalidade fetal na apresentação posterior devido a
compressão ou ruptura do cordão umbilical causando asfixia (PUROHIT, 2012).
Geralmente não é possível alterar uma apresentação posterior para uma
anterior. O obstetra deverá avaliar e comparar por exame vaginal o tamanho da
pelve materna com o tamanho dos quartos posteriores do concepto, para definir se
há possibilidade de removê-lo por tração. Neste método não devem ocorrer atrasos,
pois na apresentação posterior ao início do parto o cordão umbilical pode sofrer
compressão ou romper interrompendo a oxigenação do concepto, que poderá
morrer por asfixia (JACKSON, 2005). Quando não for possível remoção do bezerro
por tração é indicada a cesariana ou fetotomia.
Um relato de caso descrito por Dogra et al (2017), onde foi atendido no
complexo clínico veterinário, o proprietário relatou que o animal estava em trabalho
de parto a mais de 24 horas, e afirmou que a vesícula alantoide tinha sido rompida a
um dia. Ao exame vaginal constatou-se que o animal estava em apresentação
longitudinal posterior com flexão bilateral da articulação coxo-femoral, a cauda do
feto se insinuava no canal do parto. Movimentos e reflexos fetais estavam ausentes
constatando sua morte. Foi impossível corrigir a alteração na estática fetal por
manobras obstétricas dessa forma a cesariana foi indicada.
O caso relatado foi diagnosticado como distocia por má apresentação
longitudinal posterior com flexão bilateral da articulação coxofemoral, sendo
impossível correção por manobras obstétricas devido à falta de espaço, dessa forma
foi retirado um feto morto por cesariana. Obtendo sucesso no procedimento que não
implicou em riscos para a vaca no pós operatório (DOGRA et al, 2017).
43

Visto que em apresentação posterior se houver atrasos na remoção do


bezerro o mesmo pode morrer por asfixia, pois nessa alteração o cordão umbilical
sofre compressão, o que o estimula a respirar com a sua cabeça imersa no líquido
amniótico. No caso apresentado a proprietária relata que o animal estava em
trabalho de parto a 24 horas, esse atraso resultou na morte do bezerro.

b) Apresentação transversal

A apresentação transversal raramente ocorre em bovino, diagnosticar e


tratar tal alteração requer habilidades (PUROHIT, 2012). A apresentação pode ser
ventrotransversa, dorsotranversa ou laterotransversa, a orientação do feto é
detectada por palpação, onde coluna vertebral do feto se localiza transversalmente
em relação ao eixo longo da mãe (GRUNET; BIRGEL , 1982). Na apresentação
ventrotrasversa a cabeça e os quatro membros do feto são identificados no canal do
parto, se o dorso estiver em direção ao canal é denominado transversodorsal
(Figura12). Estas apresentações são raras em bovinos (PUROHIT, 2012).

Figura 12 – Apresentação transversal

Fonte: GRUNERT; BIRGEL (1982).


44

Segundo Purohit (2012) teoricamente a apresentação transversal deve ser


corrigida manualmente por conversão para apresentação anterior ou posterior, mas
isso é extremamente difícil em prática principalmente quando há estreitamento do
canal do parto, desse modo o feto deve ser removido por cesariana.
Thangamani et al (2018) descreve um relato de caso em que uma vaca foi
levada a unidade obstétrica, com histórico onde o proprietário relatou que o animal
estava em trabalho de parto a 12 horas. Por exame vaginal detectou-se,
apresentação transversa ventral com um membro posterior e um anterior insinuados
no canal do parto, e ausência de líquidos fetais, sem espaço suficiente para realizar
qualquer tentativa de manobra obstétrica. Devido a isso o tratamento foi realizado
através de cesariana para remover o feto.
O animal foi laçado e induzido a decúbito após contenção dos membros. Foi
realizada assepsia no flanco, para laparotomia, o útero foi exteriorizado e feita sua
incisão para retirar um feto macho, que estava sem vida, o útero a musculatura e a
pele foram suturados por técnica cirúrgica padrão (THANGAMANI et al., 2018).
A técnica de correção manual por manobra obstétrica não foi possível,
sendo necessária intervenção cirúrgica, para retirada do feto por cesariana. Obtendo
sucesso não resultando em complicações para a vaca. A apresentação transversa é
uma condição rara de distocia que dificilmente é possível sua correção manual por
manobra obstétricas sendo indicado intervenção cirúrgica (THANGAMANI et al.,
2018).

2.8.3 Cesariana e fetotomia

Quando não há possibilidade de parto por via vaginal são duas as opções de
intervenção, que vão ser escolhidas de acordo com as condições da parturiente e do
feto, a cesariana consiste em abertura cirúrgica do útero para retirada do feto. A
fetotomia é um procedimento que consiste em fragmentar o feto em partes menores
para facilitar a sua remoção por via vaginal (JACKSON, 2005).
A cesariana é recomendada em distocia de origem materna ou fetal quando
há desproporção entre o tamanho do feto e pelve materna, em anormalidades na
estática fetal que não possam ser corrigidas por manobra obstétrica, quando há
dilatação insuficiente das vias fetais, em casos de torção uterina, prolapso da vagina
45

e monstros fetais (HENDRICKSON, 2010). Pode ser um procedimento eletivo nos


casos que apresentarem prolongamento da gestação, em animais que tem histórico
de distocia, em situações que for detectada desproporção feto-pélvica ou quando o
bezerro tem alto valor zootécnico. Animais sistemicamente comprometidos, e que
foram submetidos a vários procedimentos obstétricos como manobras corretivas e
fetotomia, não são bons candidatos a cesariana (HENDRICKSON, 2007).
A fetotomia consiste em introduzir uma serra no interior do útero para
fragmentar o feto em pedaços menores para facilitar sua remoção pelo canal do
parto, esta técnica somente poderá ser utilizada se o feto estiver morto. É indicada
em alterações de estática fetal que não possa ser corrigida por manobra obstétrica,
em desproporção feto-pélvica, e em monstruosidades fetais (JACKSON, 2005).
A fetotomia é contraindicada quando não houver dilatação suficiente do
canal cervical, pois não terá como o obstetra ter acesso ao feto para realizar a sua
fragmentação. Além disso não é indicada em rupturas do útero e da via fetal mole
pois a introdução da serra obstétrica poderia agravar as lesões (GRUNERT;
BIRGEL,1982).
Como o método de fetotomia consiste em seccionar o feto com uma serra
obstétrica no interior do útero, complicações como a perfuração desse órgão, lesões
na via fetal mole podem ocorrer (GRUNERT; BIRGEL1982) .
46

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A distocia é um problema reprodutivo desenvolvido durante o parto, no qual


o animal apresenta dificuldades para expulsar o feto, sendo que devido a
conformação anatômica da pelve, os bovinos são mais predispostos. Distocias
resultam em perdas econômicas, pois estão associadas a mortalidade de bezerros e
vacas, além de causar problemas reprodutivos que afetam a fertilidade futura.
Esta condição é uma das mais importantes na área de obstetrícia bovina,
sendo que o médico veterinário deve possuir conhecimento a cerca dos eventos
fisiológicos do parto, incluindo duração, estática fetal fisiológica e intervenções
obstétricas.
As distocias frequentemente são causadas devido a alterações na estática
fetal, sendo estas corrigidas através de manobras obstétricas. Desse modo é
imprescindível que o obstetra saiba como realizá-las para empregar auxílio
adequado, de acordo com a alteração. Cuidados, como o uso de equipamentos de
proteção individual, devem ser tomados para a realização destes procedimentos,
para que o médico veterinário não exponha-se desnecessariamente a doenças de
caráter zoonótico.
47

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CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CURSO BACHARELADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

FLAVIA LIVIA RODRIGUES RESENDE

PARTO DISTÓCICO EM BOVINOS - ENFOQUE EM MANOBRAS OBSTÉTRICAS

BOA VISTA-RR
2018

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