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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA – UEPB

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE – CCBS


DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

HUMANIZAR:
Escritório Social para o encaminhamento, ressocialização e cidadania.

RELATÓRIO DE ESTÁGIO BÁSICO II

Supervisor (a): Prof. Dr. José Pereira da Silva (CRP 3361/13)


Estagiários (as):

Mat. 161280137 - AGNES VITORIA CORDEIRO DURAES


Mat. 161280269 - ALINE CRISTINA BARROS VITAL
Matt. 161280056 - BRUNA FERNANDA FERREIRA FERNANDES
Mat. 161280552 - ENIO DE ALMEIDA BRITO NEVES
Mat. 161280455 - RENATA DINIZ SPINOLA RIBEIRO
Mat. 161280170 - SYLVESTER ROCHA CARVALHO

Campina Grande, JUNHO de 2019


HUMANIZAR:
Escritório Social para o encaminhamento, ressocialização e cidadania

Relatório de Estágio Básico II apresentado à


Coordenação de Estágios do Departamento de
Psicologia como condição para conclusão do
componente de Estágio Básico II correspondente.

Campina Grande, junho 2019


SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

I – FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS

O HOMEM

. Logoterapia (o que é, o conceito, definição e uso de abordagem no contexto do estágio)

. Vontade de sentido

. Sentido da vida

.Sentido do sofrimento

TENDÊNCIA A AUTOATUALIZAÇÃO

. ACP (definição, conceito e uso de abordagem no contexto do estágio)

. Tendência atualizante e não diretividade

. Aceitação Positiva Incondicional e Congruência

A AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA

Objetivo, relato e observação.

II – PRÁTICA DE ESTÁGIO

III – INTERVENÇÃO FINAL

IV- CONSIDERAÇÕES SOBRE A(S) PRÁTICA(S) REALIZADAS

V- REFERÊNCIAS
APRESENTAÇÃO

-
2018.2 que

- .

os
requisitos previstos na lei.

policial. Sendo assim, permitindo que a prisão atenda aos requisitos da lei.
Em Campina Grande o NAC foi insta
-
.
, caso o preso seja liberado, este será encaminhado para o
escritório social.

O encaminhamento tem como objetivo garantir apoio e acompanhamento aos


. Além disso, p
-

.
lacuna que seria o encaminh

a cidadania seja uma realidade possível para essas pessoas.

I - FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS

As abordagens humanistas da psicologia: a Logoterapia e a Abordagem Centrada na


Pessoa, ACP, foram utilizadas em nosso estágio a fim de nortear nossos acolhimentos em escuta
psicóloga e balizar nossa prática.

Criada pelo psiquiatra vienense Viktor Frankl a logoterapia se destaca como sendo um
dos movimentos importantes dentro da psicologia. Uma vez que a mesma possui como método a
motivação básica do ser humano, neste caso, o sentido existencial do sujeito. A ACP,
Abordagem Centrada na Pessoa, também exprime uma motivação básica do ser humano: a
autoatualização; a congruência de atitudes do sujeito; bem como, a consideração total do sujeito
e não só uma parte, como advoga seu criador, Carl Rogers.

O projeto Humanizar, realizado por estagiários de psicologia da Universidade Estadual


da Paraíba – UEPB, e desenvolvido no Escritório Social do Tribunal de Justiça da Paraíba, tem
como objetivo atender indivíduos liberados em audiência de custódia, e que tiveram como uma
das medidas da condicional de liberdade, o comparecimento aos serviços prestados pelo
escritório do referido projeto. A metodologia de atuação do Escritório Social e a filosofia do
projeto pautam-se num estudo teórico metodológico baseado, na prática, à participação nas
audiências de custódia; entrevista estruturada; marcação da escuta psicológica; e realização de
um evento com indivíduos atendidos pelo escritório. A importância do projeto está pautada em
pilares de conscientização e valorização das formas de trabalho digno, das possibilidades de
crescimento e desenvolvimento de potencialidades do sujeito e encorajamento de medidas
voltadas às alternativas de recomeços, além do lançamento de questões que possam fomentar no
indivíduo atendido, uma busca de propósitos pertinentes ao sentido da vida.

O intuito do estágio no projeto Humanizar, não pretende ter relação com o processo
criminal que a pessoa responderá em liberdade. Assim sendo, o mesmo não gera dados, adiciona
agravos ao processo, ou utiliza de qualquer outro meio que possa interferir ou pesar no processo
judicial. O atendimento psicológico é usado como forma de acolhimento psicológico,
motivacional e educacional dos usuários em questão.

1.1 O homem

Com o passar dos anos, dia-a-dia o homem se encontra cada vez mais inserido em
processos de mutabilidade. Estes, progressivamente levam-no ao encontro de evoluções
tecnológicas, sociais, ambientais e afetivas. Desta forma, e consequentemente devido a esta
constante evolução, o lugar do homem pôde ser elevado a outros patamares. Chega-se então, a
ponto de o próprio sujeito não se enxergar dentro da sua realidade, e, como consequência da
variada gama de tensões elevadas ao mesmo. Assim, a luta por um objetivo deve tornar-se uma
tarefa escolhida livremente, e de forma que valha a pena, como diz Frankl (1985):
O que o ser humano realmente precisa não é de um estado livre de
tensões, mas antes a busca e a luta por um objetivo que valha a pena,
uma tarefa escolhida livremente. O que necessita não é a descarga de
tensão a qualquer custo, mas antes o desafio de um sentido em potencial
à espera de seu cumprimento. O ser humano precisa não de homeostase,
â . Ouso dizer que nada no
mundo contribui tão efetivamente para a sobrevivência, mesmo nas
piores condições, como saber que a vida da gente tem um sentido. (p95-
96).

A compreensão psicológica de homem é também substancialmente diferente em Frankl.


Diferentemente do que predomina em Freud e Jung, a essência dessa abordagem predomina em
nível filosófico. Na perspectiva de Fankl, nenhuma teoria psicológica do homem pode optar
pela neutralidade ou pela indiferença em relação à filosofia. A neutralidade e a indiferença são
999 7

-existencial, Frankl cristaliza sua abordagem


psicológica em quatro conceitos eminentemente filosóficos: pessoa, liberdade, responsabilidade
999 7
A pessoa, nesse sentido, é vista como ser total e igualitário e mesmo sendo tomado por
suas características instintivas e primitivas é capaz de autoatualizar-se e determinar-se para
aquilo que almeja. A liberdade e a responsabilidade, nesse sentido, caminham juntas, pois é
garantido o direito à liberdade de escolhas a quem quer que seja, no entanto, essas escolhas
devem ser tomadas e preenchidas com responsabilidade. Toda escolha ou decisão, para Frankl,
deve ser feita com responsabilidade. Uma vez que o reflexo de uma escolha irresponsável pode
trazer sérios riscos à subjetividade e aos limites da vida do sujeito que decide. O significado é a
motivação destoada de sentido pelo qual o ser humano é motivado. O significado pode estar
também relacionado à vontade, pois caracteriza um desejo de busca destoado de sentido. Em
grosso modo, o sentido pode conter uma val
ele.

Em sua teoria, Frank também aponta o niilismo, que é um ponto de vista que considera
que as crenças e os valores tradicionais são infundados e que não há qualquer sentido ou
utilidade na existência, como forma, prejudicial, de reduzir o homem. Uma vez que tal redução
pode concatenar as justificativas populares e leigas frente às decisões irresponsáveis do sujeito.
-se por descuidar dos
valores; o homem aparece como objeto, e os valores, que têm caráter objetivo, transformam-se
999 -16).

1.2 Vontades de Sentido

A psicanálise nos deu a conhecer a vontade de prazer, a partir da qual podemos conhecer
o princípio do prazer, e a psicologia individual nos tornou familiarizados com a vontade
de poder, sob a forma de tendência a fazer-se valer. Mas no homem enraíza-se mais
profundamente aquilo que designei como a vontade de sentido: o esforço pelo melhor
cumprimento possível do sentido de sua existência (FRANKL, 2015, p.65).

Para iniciar as questões a respeito da vontade de sentido Frank inicia sempre perguntando
qual é o motivo da felicidade. Em suma, é para tentar dizer que ser conduzido a algum objetivo,
específico ele ou não, depende de um motivo maior. Esse motivo maior seria a vontade de
sentido, ou a vontade de se sentir motivado à.
Em virtude de sua vontade de sentido, o homem tende a achar um sentido e realizá-
(FRANKL, 2015, p. 66).

Nessa perspectiva a autorrealização só é possível de ser feita através dessa realização de


sentido. A vontade de sentido é um mecanismo motivador que conduz o indivíduo através de sua
jornada para poder alcançar sua finalidade. Caso o sujeito se determine a algo, estipulando
objetivos, ou vontades de sentido, a capacidade de enfrentamento de adversidades, que por
ventura possam aparecer, será bem mais fluida e mais encorajada do que uma simples vontade
voltada a significado.

1.3 Sentido da Vida

;
ser atribuído à vida? (FRANKL, 2005, p. 39).

Ao longo da existência, o homem buscou construir sentido para sua razão de ser e de
estar no mundo. Desde a luta pela sobrevivência, a ocupação do território e a formação das
sociedades primitivas, ele aos poucos foi tomando consciência de sua singularidade e condição
diferenciada das outras espécies e, cada vez mais, desenvolvendo meios para afirmar sua
presença no mundo e dar sentido a ela.

Se, no seu início, o homem parecia resolver a questão da sobrevivência com aparatos
mais simples – comida, abrigo, família – hoje, apesar de os recursos à sua disposição, sua
condição de permanência na Terra parece uma tarefa cada vez mais penosa. A crise de valores
por que passamos na atualidade nos remete a uma questão primordial: Que sentido tem a vida?

Em resposta a tal questionamento, se pode dizer que a elaboração de sentido da vida está
para o modo como o sujeito decide, responsavelmente, sobre ele. Assim, como na construção da
vontade de sentido, o sujeito pode encontrar um motivo pelo qual se sinta motivado a realizar em
sua vida. O sentido da vida pode consistir em só viver, ou outros aspectos comuns da vida:
afetividade, novas metas de vida, mudanças pessoais, conquistas materiais, profissionais dentre
outras.
1.4 Sentido do sofrimento

Mediante as concepções de Frankl, o sentido do sofrimento se baseia na perspectiva de


que a partir da sua decisão, o homem escolhe ser quem ele gostaria, no enfrentamento das mais
variadas circunstâncias promotoras do sofrimento. É nessa decisão que o indivíduo passa a tomar
a responsabilidade para si, ao que se refere relacionado ao seu comportamento como resposta,
gerando assim, um sujeito resiliente.

k liberdade
máxima do ser humano está em escolher a atitude diante das situações limite da vida e da morte.

Com base nessa afirmação, o projeto realizado no fórum de Campina Grande, põe em
prática a crença na capacidade humana de se emancipar, sendo congruente com o seu contexto
sociocultural e a sua hereditariedade. Os sujeitos que passam pelas audiências de custódia,
recebem o suporte do escritório humanizar de psicologia, onde são reconhecidas as capacidades
dos indivíduos e os seus recursos. Portanto é proporcionada a possibilidade de que o mesmo use
suas habilidades, ou seja, a sua própria realidade a seu favor com o intuito de redirecionar sua
vida ante a situação.

1.5 Tendência autoatualizante

A abordagem centrada na pessoa é uma linha teórico-filosófica da psicologia que foi


desenvolvida por Carl Rogers. Essa abordagem defende a ideia de que o ser humano é dotado
essencialmente por uma natureza positiva e que dessa maneira, se move em busca de uma
autorrealização. Compreendendo assim a concepção de Rogers acerca do homem, aplicamos sua
teoria no estágio realizado no fórum, com intuito de que fosse ofertada aos indivíduos a
oportunidade para que pudessem por si só, com o auxilio da entrevista, encontrar suporte para a
autoatualização.

Esse conceito desenvolvido na ACP entende que o homem está em um constante


processo, que visa à busca da sua melhor versão, em que, independente de qual seja a sua
situação atual, ele possui a capacidade de mudar a mesma. Sendo assim, foi possível lançar sobre
os custodiados em liberdade, uma visão de que aquela circunstância não se encerrava em si, mas
que existe a possibilidade desse sujeito buscar um aperfeiçoamento da sua condição humana.
Essa concepção, permite ao sujeito a quebra da rotulação que são atribuídos pela sociedade,
permitindo que eles sejam capazes de sentirem o seu lugar no mundo como sujeito, minimizando
os impactos causados pelo escanteamento que eles sofrem pelo social.

Essa tendência atualizante, ou seja, essa mudança deve ser promovida de forma não
diretiva. O sujeito deve de forma independente e autossuficiente, reconhecer a sua realidade
no que se diz referente às informações disponibilizadas pela mesma e seus recursos para que ele
seja encorajado a encontrar o seu próprio caminho. Não havendo interferências diretas da parte
dos estagiários, o sujeito deve ser estimulado, através da criação de uma atmosfera cuja mesma
proporcione a sensação de confiança, respeito e total aceitação de quem ele é. Essa sensação
pode ser desenvolvida através de um comportamento da parte do psicólogo em que ele perceba
que o consideramos responsável por ele mesmo e que ele é o único que possui a habilidade e
capacidade de mudar a sua situação.

1.6 A audiência de custódia

A audiência de custódia consiste na garantia da rápida apresentação do preso a um juiz nos


casos de prisões em flagrante. A ideia é que o acusado seja apresentado e entrevistado pelo Juiz,
em uma audiência em que serão ouvidas também as manifestações do Ministério Público, da
Defensoria Pública ou do advogado do preso.

Durante a audiência de custódia, o juiz analisa alguns aspectos da prisão dentro da


perspectiva da legalidade, necessidade, adequação da continuidade da prisão ou da eventual
concessão de liberdade. Com ou sem a imposição de outras medidas cautelares. Desta forma, o
juiz pode ainda, avaliar também eventuais ocorrências de tortura ou de maus-tratos, entre outras
irregularidades.

É imperativa a leitura que pode ser realizada dentro do discurso do sujeito detido, pois,
neste momento percebe-se que os indivíduos demonstram traços de seu comportamento e caráter
que, poderão servir de delineamento para o desenvolvimento da abordagem e de perspectivas a
serem tomadas em caso de liberdade provisória, se esta, a ele for determinada.

Um fato a ser destacado faz referência à forma em que diversas vezes é ou não apresentada
defesa em prol do acusado. Tanto o advogado de defesa quanto a própria defensoria pública,
muitas vezes chegam à audiência alegando não ter tido tempo suficiente para conhecer o devido
processo penal aplicado ao custodiado. Ainda assim, também existem advogados que preferem
não emitir defesa em prol dos seus constituídos, alegando o direito de esperar o julgamento final
do processo, para poderem então, emitir defesa em prol do acusado. É importante notabilizar que
no início da audiência de custódia o Juiz (a), esclarece ao custodiado, que tem o direito de
permanecer em silêncio e não responder a nenhuma das perguntas.

A implementação das audiências de custódia está prevista em pactos e tratados


internacionais assinados pelo Brasil, como o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e a
Convenção Interamericana de Direitos Humanos, conhecida como Pacto de San Jose.

Procedimentos para a realização da audiência de custódia:

1) Prisão em flagrante;

2) Apresentação do preso à autoridade policial (Delegado de Polícia);

3) Lavratura do auto de prisão em flagrante;

4) Agendamento da audiência de custódia (se o preso declinou nome de advogado, este deverá
ser intimado da data marcada; se não informou advogado, a Defensoria Pública será intimada);

5) Protocolização do auto de prisão em flagrante e apresentação do autuado preso ao juiz;

6) Entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado ou Defensor Público;

7) Início da audiência de custódia, que deverá ter a participação do preso, do juiz, do membro do
MP e da defesa (advogado constituído ou Defensor Público);

8) O membro do Ministério Público manifesta-se sobre o caso;

9) O autuado é entrevistado (são feitas perguntas a ele);

10) A defesa manifesta-se sobre o caso;

11) O magistrado profere uma decisão que poderá ser, dentre outras, uma das seguintes:
a) Relaxamento de eventual prisão ilegal (art. 310, I, do CPP);

b) Concessão de liberdade provisória, com ou sem fiança (art. 310, III);

c) Substituição da prisão em flagrante por medidas cautelares diversas (art. 319);

d) Conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva (art. 310, II);

e) Análise da consideração do cabimento da mediação penal, evitando a judicialização do


conflito, corroborando para a instituição de práticas restaurativas.

Nos últimos 2 anos, 258 mil audiências de custódia aconteceram no Brasil. O esforço
conjunto dos estados brasileiros evitou quase 15 mil prisões no ano passado e implantou uma
nova forma de pensar o sistema penal e carcerário.

Estar presente durante o processo de audiência de custódia é extremamente útil para a


aquisição de dados e também para a postura do estagiário/entrevistador. É neste momento,
durante a audiência, que de forma discreta e observadora, o representante do Escritório Social
pode se deparar com um lado singular do custodiado. Pois, nesta ocasião, lhe é dado o espaço
para contar sua versão dos fatos e elucidar a forma e os motivos que ensejaram a feitura de sua
prisão.

Esta participação promove a possibilidade do estagiário conhecer o sujeito a partir de


diversas óticas, pois além de percebê-lo através do delito ao qual está sendo acusado, terá a
oportunidade, no Escritório social, de conhecê-lo para além do delito, a partir de uma visão
integral do sujeito. E a partir disso, promover um espaço de acolhimento que poderá favorecer o
desenvolvimento de suas potencialidades e a percepção de si mesmo como agente e autor de
mudança em sua própria vida.

II – PRÁTICA DE ESTÁGIO

Estagiária: Aline Cristina Barros Vital

Acolhimento 1

Acolhimento realizado no dia 13/05/2019 com a custodiada B.F., sexo feminino, 20


anos, ensino fundamental incompleto. B.F. foi presa por furto e trabalha como doméstica. Ao
chegar ao escritório social, lhe foi explicado por mim o que significa o escritório e o que iria
realizar uma entrevista de acolhimento com a mesma. Ao iniciar a entrevista, lhe foi perguntado
como ela estava se sentindo, ela afirmou estar se sentindo horrível e constrangida. A custodiada
pensa em mudar de emprego, mas não possui experiência para isto. Possui uma relação instável
com a família, mas se inspira na mãe que, de acordo com a acolhida, é muito trabalhadora. Ao
ser questionada sobre o que são liberdade e justiça na visão dela, ela respondeu que liberdade é
ser livre e justiça é pagar pelos atos cometidos. Sobre o momento de acolhimento, ela relata que
é uma grande oportunidade de pensar e decidir o que quer da vida. B.F. não utiliza de drogas
ilícitas, mas fuma cigarro. Ao ser oferecido um momento posterior de escuta, com dia e hora
marcados, B.F. aceitou o convite, mas não compareceu à escuta.

Acolhimento 2

Acolhimento realizado no dia 13/05/2019 com a custodiada V.C.., sexo masculino,


53 anos, ensino fundamental incompleto. Foi preso por importunação sexual e trabalha como
eletricista, mas não se vê mudando de profissão no futuro. Ao chegar ao escritório social, lhe foi
explicado por mim o que significa o escritório e o que iria realizar uma entrevista de acolhimento
com a mesma. Ao iniciar a entrevista, lhe foi perguntado como ela estava se sentindo, ele disse
estar aliviado. Tem uma boa relação com a família e não se espelha em ninguém. Ao ser
perguntado o que mudaria na sua vida hoje, o mesmo disse para parar de ingerir bebidas
alcoólicas. Ao ser questionado o que é liberdade e justiça para ele, o custodiado diz que liberdade
é ser feliz e que a justiça faz seu papel. Ao lhe perguntar como estar se sentindo durante o
acolhimento, V.C. disse estar se sentindo ótimo. V.C. declarou não utilizar drogas ilícitas, mas
sim de drogas lícitas como o álcool.

Acolhimento 3

Acolhimento realizado no dia 03/06/2019 com o custodiado C.A., sexo masculino, 62


anos, ensino fundamental incompleto. Foi preso por agressão e trabalha como caminhoneiro de
mudanças, mas não se vê mudando de profissão no futuro e ser vendedor. Ao chegar ao
escritório social, lhe foi explicado por mim o que significa o escritório e o que iria realizar uma
entrevista de acolhimento com o mesmo. Ao iniciar a entrevista, lhe foi perguntado como ela
estava se sentindo, ele disse estar triste com a situação e que suas filhas o acusaram e armaram
para que ele fosse acusado de agredi-las. Tem relação relativamente boa com a família, mas diz
que suas filhas são muito problemáticas. Ao ser perguntado por mim em quem ele se espelha,
C.A. diz se espelhar em Jesus. Ao ser perguntado o que mudaria na sua vida hoje, o mesmo disse
que seria ouvir mais e falar menos. Ao ser questionado o que é liberdade e justiça para ele, o
custodiado diz que liberdade é tudo e que a justiça tem que estar presente, que precisamos dela
para o Brasil mudar. C.A. diz que suas filhas não querem seu bem, isto contribuiu para que o
crime acontecesse. Ele declarou não utilizar drogas ilícitas, nem lícitas.

Acolhimento 4

Acolhimento realizado no dia 03/06/2019 com o custodiado B.S., sexo masculino, 31


anos, ensino fundamental completo. Foi preso por furto e trabalha como catador em fábrica de
sacolas, mas não se vê mudando de profissão no futuro e ser eletricista ou mecânico de carros.
Ao chegar ao escritório social, lhe foi explicado por mim o que significa o escritório e o que iria
realizar uma entrevista de acolhimento com o mesmo. Ao iniciar a entrevista, lhe foi perguntado
como ela estava se sentindo, ele disse que quer esquecer o que aconteceu. Tem relação
conturbada com a família, relata que foi expulso de casa pela família que é evangélica, por ser
usuário de drogas. Ao ser perguntado por mim em quem ele se espelha, B.S. diz se espelhar em
Deus. Ao ser perguntado o que mudaria na sua vida hoje, o mesmo disse que quer arrumar um
emprego fixo. Ao ser questionado o que é liberdade e justiça para ele, o custodiado diz que
liberdade é tranquilidade para fazer o que quer e justiça significa errar e pagar pelo erro. B.S. diz
que abriu o olho e viu que fez coisa errada e não quer fazer novamente. Ele declarou utilizar
maconha e crack, mas disse que quer parar.

*****
Estagiária: Camila Victória Pereira da Silva

Acolhimento 1

Acolhimento realizado no dia 29/05/19 com o custodiado R.L.S., sexo masculino, 26


anos, ensino fundamental completo, músico, preso em flagrante mediante aplicabilidade do Art.
147 - ameaça a outrem por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico de causar
mal. Apesar de ser alertada, a advogada de R.L.S permaneceu na sala do Escritório Social, por
-se em

tal proposição. No primeiro momento mostrou-se angustiado e agitado, afirmando ter sido

nenhum momento explícita de fato o que ocorreu. Além disso, declarou que a prisão foi o pior
momento que já vivenciou -“aquilo não é lugar de gente” - e que se pudesse aconselhar as
pessoas, diria “pensem mil vezes antes de fazer alguma coisa”. Em relação a suas filhas, não as
menciona em nenhum outro momento, a não ser na indagação acerca de seu futuro, onde
compartilha o sonho de terminar os estudos, se formar em direito e oferecer melhores condições
de vida as meninas. Por fim, diz não fazer uso de drogas - lícitas ou ilícitas - e que, em suma,
liberdade para ele é fazer o que bem entende, e que justiça deve ser aplicada a todos. Anseia ir
para casa, e agradece pelo momento em questão.

Acolhimento 2

Acolhimento realizado no dia 29/05/19 com a custodiada E.V.S., sexo feminino, 46


tempo,
uma vez que cuida dos seus netos - fala sussurrando, pois uma de suas filhas encontra-se no
corredor do lado de fora da sala. A sua outra filha havia sido presa juntamente com ela, mas não
foi liberada pela audiência de custódia, por essa ser a segunda vez em que é encontrada com
drogas em sua propriedade. Explica todo o ocorrido, frisando que não tem nada a ver com as

prioridade. Relatou que rotineiramente é incubida de levar e buscar seu neto na escola, uma vez
que a mãe deles é uma presa domiciliar, e que no dia 28/05/19 enquanto chegava à casa da
referida filha, foi abordada pelos policiais e acabou sendo culpada por algo que não havia
cometido, sendo assim, associada ao tráfico de drogas - Art. 33. Enquanto estava presa, diz ter
pensado em cometer suicídio assim que chegasse ao presídio, pois não suportaria a pressão;
menciona ainda o temor em que sua filha faça o mesmo, pois por ser evangélica considera que a
pessoa que comete esse ato está condenada ao inferno. Indagada sobre alguém em que se
espelha, remete-se a sua filha presa, justificando que apesar do erro é uma mulher forte e que luta
por seus filhos. Acerca do que mudaria em sua vida, diz que jamais teria filhos, pois eles só
trazem dor de cabeça; e que seus planos para o futuro é pagar a faculdade de seus netos. Apesar
de ter sido usuária de drogas em um momento de sua vida, diz ter se afastado do meio por
procurar ser exemplo para suas filhas. Mesmo afirmando que gostou do momento e da
oportunidade de falar, não quis marcar escuta.

*****

Estagiária: Renata Diniz Spínola Ribeiro

Acolhimento 1

No dia 13 de Maio de 2019, o primeiro acolhimento feito no Escritório Social foi


realizado com V.A, uma moça de 18 anos de idade que estava cursando o 2° ano do Ensino
Médio e que havia sido presa por motivos de discussão familiar, onde ela havia agredido sua
irmã. Ela foi acompanhada até a sala do Humanizar por seu advogado que perguntou a mim se o
momento de acolhimento demoraria muito, pois ela saindo do Fórum ia ser internada com
urgência por motivos de "total desorientação e problemas psicológicos". Ele explicou que no
momento da audiência, V.A havia causado alguns problemas e que suas respostas haviam sido
"sem sentido", me alertando de que ela não iria conseguir responder de forma coerente o que eu
perguntasse no acolhimento. Outra advogada que estava presente perguntou se eu queria que ela
ficasse na sala, para não deixar V.A sozinha comigo. Nesse momento, a impressão que os
advogados haviam me passado era a de que V.A seria uma pessoa extremamente agressiva,
contudo eu respondi que não havia problemas em fazer o acolhimento a sós com ela. Quando
V.A entrou na sala, ela entrou calma e aparentemente triste, eu me apresentei como estagiária de
Psicologia e expliquei o intuito do Escritório Social de uma forma que ela se sentisse confortável
e realmente acolhida naquele espaço, mostrado também que aquele momento seria para conhecê-
la melhor e que ela poderia responder às perguntas da forma que achasse melhor e apenas se
quisesse responder. Diferente do que os advogados haviam me passado, V.A se mostrou
totalmente aberta para responder as perguntas e com tranquilidade. Eu perguntei primeiramente
como ela estava se sentindo naquele momento e ela relatou estar muito triste porque a mãe havia
a abandonado, pois foi ela que a levou para a polícia e que por causa dela V.A estava ali. Depois,
ao ser perguntado sobre suas habilidades ou no que pensava como profissão visto que ela estava
cursando o 2° ano do E.M, ela olhou pra mim e sorriu dizendo que desejava muito ser psicóloga.
Relatou não ter boas relações dentro de casa e que o que mudaria na sua vida seria tudo de mal
que ela já fez. Nesse momento perguntei se ela se sentia confortável para dizer o que significava
para ela esse "tudo de mal que fez", e ela disse que eram as brigas que aconteciam por sua causa
e os surtos que ela tinha. Quando perguntado sobre o que desejava para o seu futuro ela
respondeu que não sabia. Não sabia dizer o que era liberdade e justiça também e que não tinha
nada para falar sobre esse momento de acolhimento. Eu não ofereci o momento de escuta
psicológica porque a partir do que os advogados haviam relatado, ela iria ser internada assim que
saísse daquela sala. Apesar disso, pensei em realizar a escuta psicológica logo após o
acolhimento, mas não achei que seria confortável para ela naquele momento e, portanto não fiz.

Acolhimento 2

Também no dia 13 de Maio de 2019, foi realizado o acolhimento com I.A, um homem de
22 anos de idade que estudou até o 6° ano do Ensino Fundamental e que havia sido presa por
causa da Lei Maria da Penha. Inicialmente me apresentei como estagiária de Psicologia e
expliquei o intuito do Escritório Social, explicando também que iria fazer algumas perguntas
para ele, mas que ele poderia responder se sentisse à vontade. Sendo assim, primeiramente
perguntei como ele estava se sentindo em relação ao que estava passando e ele respondeu que a
sua única questão era a saudade da sua esposa, que havia chorado muito longe da mesma, mas
que ao mesmo tempo estava feliz porque iria encontrá-la ao sair dali. Quanto ao ofício, profissão
ou habilidades de I.A, ele relatou que n
cidade, mas
boa convivência familiar, que ele e sua esposa não brigavam muitas vezes, que esse havia sido
um acontecimento isolado. Falou não se espelhar em ninguém; que o que mudaria na sua vida
seria o lugar onde mora, pois segundo ele, é bem precário, sem rede elétrica, por exemplo, e que,
portanto, o que planeja para o futuro é ajeitar a casa em que mora, assim como ter filhos também.
Quanto à pergunta feita sobre o que ele entende por liberdade e justiça, I.A respondeu que
liberdade na sua concepção é uma bênção de Deus, é tudo. Quanto ao seu entendimento por
justiça, respondeu que considera ser algo que é necessário ter. Logo após esse momento,
expliquei que oferecemos um momento de escuta psicológica para todos que passam pelo
Escritório Social e expliquei também como funcionava esse espaço, perguntando logo após se o
mesmo tinha interesse em participar. I.A confirmou seu interesse, assim marcamos um dia e
horário para que a escuta acontecesse, mas I.A não compareceu nesse dia.

Acolhimento 3

No dia 27 de Maio de 2019 foi realizado o acolhimento no Escritório Social com C.P,
homem de 32 anos que estudou até o 7º ano do Ensino Fundamental e que atualmente trabalha
descarregando caminhão. C.P foi preso por causa de agressão física durante uma discussão. Ao
chegar ao Escritório Social, ele parecia um pouco ansioso e desconfiado, então expliquei o
intuito daquele espaço da forma mais clara possível, de forma que ele percebesse que aquele era
um espaço para conhecê-lo melhor e para ele poder falar o que sentisse necessidade, sobre como
ele estava se sentindo, por exemplo. Entendendo o intuito, ele pareceu mais à vontade para
aquele momento. C.P relatou estar inicialmente tranquilo, visto que não estava mais preso e iria
voltar para casa. Sobre o seu trabalho, de descarregar caminhões, ele disse que mudaria, mas não
sabe com o que trabalharia. Relatou ter uma família um pouco desunida, mas que se espelha
muito no pai que é um homem esforçado. Quanto ao que mudaria na sua vida, C.P respondeu que
mudaria os seus vícios para ser uma pessoa normal e se reintegrar na sociedade. Relatou também
que para o seu futuro deseja paz, saúde e trabalhar mais. Sobre o que considera como liberdade e
justiça, falou que a liberdade é quando se vive bem, já a justiça pode ser de duas formas, a que é
feita por Deus e a que é feita com as próprias mãos. Quando perguntado sobre como ele estava se
sentindo naquele espaço do Escritório Social, C.P respondeu que considerava um momento
tranquilo e de alegria. No final foi ofertado o momento de escuta psicológica e, antes que eu
pudesse explicar como funcionava, C.P perguntou aparentemente nervoso se eu havia visto em
sua fala necessidade para esse momento de escuta psicológica. Expliquei como funcionava,
ressaltando que não era algo obrigatório, que era um espaço para ele poder falar o que sentisse
necessidade de falar e que tudo que fosse falado nesse espaço ficaria só entre mim e ele, contudo,
mesmo assim, ele muito nervoso respondeu que não queria participar, que estava bem e que não
precisava dessa escuta, que só queria ir para casa.

*****

Estagiária: Agnes Vitória Cordeiro Durães

Acolhimento 1

Acolhimento ocorrido em 03/06/2019. Sexo Masculino, 40 anos. Trabalha de moto táxi e


reside com a esposa e 3 filhos. Ao chegar explica que passou pela audiência na sexta-feira, mas
pelo horário o escritório social já havia fechado e foi orientado pelo advogado a vir na segunda.
Foi explicado a ele acerca daquele momento, dada a abertura para fala e que haveria algumas
perguntas. Depois de recolhido os dados como nome, idade, e profissão, foi dado início a
entrevista. Ele conta que foi preso por agredir a filha mais velha de 15 anos durante uma
discussão. Estava mal, pois não tinha visto a filha desde o ocorrido (ela não queria vê-lo), e
gostaria de conversar com ela, pedir perdão, e seguir em frente. Conta que a relação familiar é
muito boa, eles discutem como qualquer família tradicional (palavras do custodiado), mas
sempre se ajeitam e resolvem; afirma ainda que a relação com os filhos é boa, e ele se sente
próximo da filha que foi agredida. Diz que o ocorrido foi resultado de várias discussões em que
aconselhou a filha e ela ainda assim não seguiu o conselho e em um momento de descontrole por
causa da irritação ele acabou por passar dos limites. Frisou várias vezes durante a entrevista que
reconhecia o erro e gostaria do perdão, e pretende aprender a se controlar mais para que algo
assim nunca mais aconteça. Quanto à religião ele afirma ter grupos de estudo bíblicos em sua
residência em que toda a família participa, Ao retomar esse assunto perto do fim da entrevista ele
tendo sabedoria para exercer e saber o caminho certo, sendo bom também ter alguém que
oriente. Justiça é Deus, pois só ele é justo. Conta que não planeja nada para o futuro, pois o que
tem hoje é suficiente, quer apenas dar o pão de cada dia a família e o sustento e permanecer com
a família para sempre. Com relação a mudar algo na vida, ele repete sobre a família e afirma que
mudaria apenas o fato ocorrido. Quando perguntado acerca de como foi o momento ele conta que
foi muito agradável e bom, pôde comunicar, falar e se expressar acerca do ocorrido e de muitos
assuntos que considera importante, afirmando que deveria conversar sobre essas coisas todos os
dias principalmente na família.

*****

Estagiária: Bruna Fernanda Ferreira Fernandes

Acolhimento 1

O primeiro acolhimento do dia 02 de maio de 2019 foi com A. P uma mulher de 35 anos
que compareceu ao Escritório Social dias depois de ter sido liberada da Audiência de Custódia,
ou seja, sua audiência não foi realizada no dia descrito. A.P possui o Ensino Fundamental
Incompleto e se mostrou bastante retraída ao entrar no Escritório Social, bem como para falar
sobre o ato cometido e responder as perguntas propostas no acolhimento. A. P relata que foi
detida por roubo e descreve a experiência como ruim, nesse momento se mostra cabisbaixa
relatando o ocorrido; diz também que possui ofício com carteira assinada e que não pretende
mudá-lo. Em seu relato ela descreve que mudaria a situação da prisão e fala que liberdade para

dadas após um momento de reflexão da própria A.P, após esse momento, afirma que não há mais
nada a dizer. Esclareço sobre o momento de escuta que é oferecido, A.P se mostra de certa forma
interessada, mas não compareceu no dia marcado para a escuta.

Acolhimento 2

Dia 02 de maio de 2019 também houve o acolhimento de W.B.C, um rapaz de 24 anos.


Após os esclarecimentos sobre o Escritório Social e sua função, pergunto se ele se sente
confortável para começarmos as perguntas com sua confirmação prosseguiu. W.B. C possui o
Ensino Médio Completo e relata que sua detenção foi após a discussão com a esposa naquele
mesmo dia. Ao ser perguntado sobre o que ele sente naquele momento, o relato foi de
arrependimento, diz: F
é boa e que se espelha no pai. Ele se mostra apressado e diz que não mudaria nada na sua vida
naquele momento, mas que se vê mudando de emprego no futuro e que planeja ter uma casa
própria e estar mais com os filhos. Apesar de ser informado sobre o momento de escuta, não
desejou marca-la.

Acolhimento 3

J.C é um homem de 43 anos que compareceu ao Escritório Social dia 02 de maio de 2019
devido a um fato que ocorreu no dia anterior. Ao ser esclarecido sobre os objetivos do projeto,
J.C relata que tem Ensino Fundamental Incompleto e que sua prisão foi motivada por uma
agressão a sua esposa. Quando perguntado sobre o que está sentindo, ele diz que está muito
envergonhado e arrependido; também diz que a sua relação familiar é boa e que tem como
inspiração o irmão. J.C reafirma o desejo de voltar a estudar, como também de mudar de
profissão e ter sua casa própria e sua borracharia. Para ele, liberdade e justiça se definem da

acreditarem nele. Ao ser informado sobre o momento de escuta, J.C não demonstra interesse no
momento, ele se mostra mais interessado no encaminhamento para voltar aos estudos e diz que
voltaria ao Escritório Social para obter mais informações, pois não há como contata-lo por
telefone.

Acolhimento 4

E.B compareceu ao Escritório Social dia 02 de maio de 2019 após ser liberado da
audiência de custódia de um fato que aconteceu no dia 30 de abril. E.B mostrou-se bem solícito
no momento do acolhimento e entendeu bem que aquele ambiente era um espaço de fala que ele
poderia se apropriar. E.B possui ensino fundamental incompleto e seu delito foi o
descumprimento de uma medida protetiva, e este foram um contexto que lhe causou revolta e
muita tristeza. Ao ser perguntado sobre o que ele sentia naquele momento, J.B faz um completo
desabafo sobre sua situação perante a justiça e sobre o seu filho. Ele relata que a justiça deveria
se informar sobre a veracidade da acusação, uma vez que ele não descumpriu a medida protetiva
por querer, foi uma situação relacionada ao filho que o levou a fazer isso. Sobre o filho ele conta
que não o via fazia alguns anos, mas que recentemente ele apareceu lhe pedindo ajuda, e ele,
como pai, prontamente se dispôs a ajudar. O filho havia relatado para ele as dificuldades que
estava passando no cotidiano e também com a justiça e para ajudá-lo de forma mais efetiva, ele
procurou sua ex-esposa, mãe do rapaz. Então, foi desse modo que a medida protetiva foi
descumprida. Ele relata também que esta medida foi posta anos atrás, mas que ele já se
arrependeu e se redimiu do que fez. Separou-se na época e hoje vive bem com a sua atual
companheira. Na sua fala ele diz que a justiça (por não ter escutado o lado dele) o proibiu de dar
carinho ao filho no momento que ele mais precisava e nesse momento ele está preocupado de o
; ele completa. Ele pede até

momento reafirma-se o nosso compromisso com o momento do acolhimento e da escuta ao


sujeito. No seguimento das perguntas, J.B fala que trabalha, mas não com carteira assinada e que
pretende mudar de emprego no futuro. Descreve também que admira muito a força de vontade da
sua mãe e que tem ela como maior inspiração. Ao ser perguntado sobre o que ele mudaria na sua
vida, ele prontamente responde que queria voltar atrás e conquistar o que perdeu, e ainda mostrar
ao filho que ele é um homem bom. Há sempre uma volta na fala sobre a preocupação que ele tem
sobre o que o filho pode estar pensando dele nesse momento que ele ficou detido. J.B também
d

injustiçado e que seus planos para o futuro seria voltar a estudar e ter o amor do filho. Ao ser
informado sobre o momento de escuta, J.B se mostra interessado; porém não comparece no dia
previsto.

Acolhimento 5

No dia 02 de maio de 2019 também compareceu ao Escritório Social R.A, um homem de


38 anos que possui Ensino Fundamental Incompleto e que foi detido por causa de uma discussão
com a irmã. Em todo o acolhimento junto a R.A ele foi solícito para responder as questões, mas
as respondia com pressa. Sobre como ele estava se sentindo em relação ao ocorrido, disse que
estava chateado e envergonhado. Diz também que possui um ofício e que não pretende mudar de
profissão. Tem a mãe como a maior inspiração e se diz católico. Ao ser perguntado sobre o que
ele mudaria hoje em sua vida, ele diz que mudaria tudo e pararia de beber. Em poucas palavras
define que liberdade é ser livre e fazer o que quiser, mas não soube responder o que seria justiça.
Termina falando que planeja para o futuro coisas boas para ele e para a família. Não deixou
contato, como também não solicitou escuta.

Acolhimento 6

No dia 30 de maio de 2019 foi realizado o acolhimento de H.P no Escritório Social. O


rapaz chega cabisbaixo ao Escritório Social e ao ser explicado sobre o acolhimento e sobre suas
etapas, mostra-se solícito para responder às questões propostas. H.P tem 20 anos e possui o
Ensino Médio Incompleto e que no momento encontra-se no 3º ano. O motivo da prisão
informado foi o de desacato, desobediência e resistência. Ele conta que estava na rua andando
roupa que está, e continua dizendo que foi parado na rua sem motivos,

… -se a
importância do projeto Humanizar para dar voz a essas pessoas que se sentiram coagidas, mas
que não tiveram um espaço para relatar tal fato sem sofrer represálias e julgamentos. H.P fala
que trabalha, mas que se vê mudando de profissão no futuro; posteriormente fala do seu desejo
de cursar Educação Física na universidade. Conta que sua relação familiar é boa e que se espelha
muito no seu irmão mais velho, pois foi o irmão que durante um tempo cuidou da casa em que
ele morava e dele. Ao ser perguntado sobre alguma mudança que faria na sua vida hoje, ele diz
que mudaria o estilo. Nesse momento repeti a palavra estilo e ele reafirmou, mudaria o estilo e

também que liberdade é andar tranquilo, sem medo. E que justiça não existe, apenas a de Deus.
Conclui reafirmando seu desejo de estudar educação física, além de trabalhar, evoluir como
pessoa e cuidar da mãe. Não solicitou escuta.

*****

Estagiária: Thamyres Maria Gomes de Almeida


Acolhimento 1

No dia 25/04/2019 compareceu ao Escritório Social o custodiado W.B., 50 anos, do sexo


masculino, ensino médio completo. Havia sido preso por furto. Chegou na companhia do seu
advogado, o qual nos orientou a não deixar W.B. sair do escritório ao final do procedimento.
Para iniciar o acolhimento, foi explicado o intuito do Escritório Social e os estagiários presentes
se apresentaram. Ao ser questionado sobre como se sentia naquele momento, ele descreveu a
situação como um pesadelo, como algo que divergia da formação/criação dele. Ele possui
emprego e não planeja trocar de profissão. É evangélico, frequenta a igreja e tem Jesus como
modelo no qual se espelha. Quando questionado acerca do que mudaria em sua vida, W.B.
afirmou que mudaria o dia de sua prisão. Quanto à definição de liberdade, ele disse que é estar
W
justiça tarda, mas não falha; a justiça foi correta para mim, ma
planos para o futuro, W.B. se vê servindo a Deus. Para finalizar o acolhimento, foi perguntado se
ele teria algo a dizer sobre aquele momento. Ele disse que se sentia mais leve, pois foi
F
ele preferiu não marcar, dispondo-se a procurar o escritório em outro momento.

Acolhimento 2

Um dos acolhimentos realizados no dia 16/05/2019 foi com o custodiado J.O., de 45


anos, sexo masculino, ensino fundamental incompleto. Para dar início ao acolhimento, foi
explicado o intuito do Escritório Social e os estagiários presentes se apresentaram. Ele havia sido
preso por furto e ao ser questionado sobre como se sentia naquele momento, respondeu que
estava feliz pela liberdade. Trabalha como auxiliar de serviços gerais, mas diz não saber como
ficará sua situação depois da prisão. J.O. é católico, diz se espelhar naquilo que tem em sua
própria cabeça e, em relação ao que mudaria em sua vida, afirmou que mudaria tudo. Foi pedido
para que ele definisse liberdade, então ele disse que não tem palavras para isso, pois liberdade é

respeito a seus planos para o futuro, falou que pretende estar melhor do que o dia da
prisão/soltura. Para finalizar o acolhimento, foi perguntado se ele teria algo a dizer sobre o
momento. Ele disse que estava sentindo a maior felicidade do mundo. Foi ofertada escuta, mas o
custodiado não teve interesse.

Acolhimento 3

Outro acolhimento realizado no dia 16/05/2019 foi com o custodiado L.S., o qual havia
sido preso por envolvimento em uma briga de trânsito motivada pela falta de acessibilidade (sua
audiência de custódia havia acontecido em um dia anterior). L.S. tem 30 anos, é estudante do
ensino médio, cadeirante e trabalha, embora não tenha carteira assinada. Quanto ao seu emprego,
L.S. afirmou que planeja mudar futuramente e tornar-se engenheiro de produção. No momento
de sua prisão até a audiência, ele se sentiu constrangido, coagido, e afirmou que não há respeito
ao cadeirante. Ele participa de diversos grupos sociais, como a UNESCO, Movimento Hip Hop e
Projeto Raízes – do qual ele é fundador. L.S. se identifica com todas as religiões, tem uma
relação familiar conturbada e se espelha em Lula e Nelson Mandela. Ao ser questionado sobre o
que mudaria em sua vida, ele respondeu que gostaria de ter mais participação social. Para definir
liberdade, L.S. falou sobre ter acesso aos direitos básicos (educação, saúde, etc) sem precisar
passar por processos jurídicos. Usou a mesma colocação para definir justiça. Para encerrar o
acolhimento, foi perguntando o que ele teria a dizer sobre aquele momento, então ele falou que é
muito bom receber esse suporte e que é necessário que se tenha mais participação desse tipo nas
comunidades. Foi ofertada escuta psicológica. L.S. marcou, porém não compareceu.

Acolhimento 4

No dia 06/06/2019 compareceu ao Escritório Social o custodiado W.S., preso por


embriaguez ao volante. Tem 36 anos de idade, ensino médio completo, não possui religião, mas
acredita em Deus. Foi apresentado o objetivo do escritório, assim como as estagiárias que
conduziriam o acolhimento. Ao ser questionado sobre como se sentia naquele momento, W.S.
É
loja, não se vê mudando de profissão no futuro, mas planeja abrir uma filial em outro estado. Sua
inspiração é a mãe, funcionária federal. Sobre o que mudaria em sua vida, ele disse que gostaria
de ter mais amor ao próximo. Para definir liberdade, W.S. falou sobre não dever a ninguém,
andar tranquilo e de cabeça erguida. Para definir justiça, falou sobre o que é certo e errado. Seu
plano para o futuro é se encontrar no caminho de Deus. Foi ofertada escuta, mas devido aos seus
horários de trabalho, o custodiado preferiu não marcar.

*****

Estagiário: Ênio de Almeida Brito Neves

Acolhimento 1

Foi realizado um acolhimento no dia 30/04/2019, com P.B. S, do sexo masculino e com
idade de 38 anos. Policial militar e estudante do curso de direito, foi preso, segundo registrado,
por agressão física e liberado após a audiência de custódia realizada nesse mesmo dia. P.B. S
demonstrou solicitude ao responder as perguntas, mas dava as respostas de modo muito rápido e
afirmava frequentemente que queria logo sair dali para encontrar novamente com sua mulher e
seus filhos. O advogado que o acompanhava permaneceu na sala durante a entrevista de
acolhimento, mas isso não apresentou interferências no discurso do custodiado, que procurava,
apesar da rapidez, dar respostas condizentes com o que era perguntado, sempre apresentando
uma fala bem estruturada. O constrangimento relativo ao processo de prisão surgiu diversas
vezes na sua fala e P.B.S. relatou, inclusive, que seus filhos presenciaram o momento. Ele
participa de grupos de artes marciais (Jiu-Jitsu e Judô) e seu futuro incluía a formação dos filhos
nesses esportes. Demonstrou insatisfação com a profissão de policial, a qual indicou que estava
se afastando, principalmente devido a fatores psicológicos. Disse ter uma relação muito forte
com a família, espelhando-se no pai. Apesar de não ser vinculada a nenhuma instituição
religiosa, apontou a crença em Deus e disse que o que mudaria naquele momento seria a sua
profissão, indicando como desejo a conclusão do curso de Direito que estava iniciando. Para ele,
liberdade estaria ligada à liberdade de expressão e a justiça à defesa dos direitos. Sentimos que as
respostas possuíam elementos a serem explorados, mas que não o foram devido à pressa já
relatada no início. Não demonstrou interesse para marcar uma escuta posterior.
Acolhimento 2

O segundo acolhimento do dia 06/06/2019 foi a J.R., que estava respondendo ao ato de
contrabando, segundo ele, de uma caixa de cigarros. A sua fisionomia, desde o início, indicava o
sofrimento de alguém que havia passado por algum tipo de constrangimento diante daquela
situação. Esse constrangimento foi explícito na sua fala ao dizer que se sentia humilhado diante

apontou para a necessidade de mudar de profissão, mas que não sabia ainda para qual outra. Não
participa de grupos de apoio e mora com a filha e a esposa. Disse que se espelhava no pai,
principalmente no trabalho e que estava afastado da igreja, mas pretendia voltar. Expressou
também sua pretensão em parar de beber e se aproximar mais da sua família, mas salientou que

enquanto Justiça seria um conceito complicado, pois atualmente estão prendendo pessoas de bem
enquanto os outros estão soltos. Relatou que o momento do acolhimento foi bom para desabafar
um pouco. Quando perguntado sobre o desejo de fazer escuta disse que havia, mas relatou alguns
problemas quanto ao número de celular, que provavelmente seria mudado depois do ocorrido.
Apesar disso, indicou que, se estivesse precisando, iria ao Escritório quando tivesse de voltar ao
Fórum para realizar os procedimentos do processo ao qual respondia.

*****

Estagiário: Sylvester Rocha Carvalho

Acolhimento 1

O primeiro acolhimento realizado no dia 07/05/2019 foi de L.L.C.J., que possui 33 anos,
é do sexo masculino, possui Ensino Médio completo e que, embora estivesse desempregado, é
cabeleireiro. Disse que estava ali (fórum) devido a envolvimento com drogas, vindo a ser preso e
responder por roubo de protetor solar visando fazer troca do produto por droga. Relatou também
que estava cansado, há dias sem tomar banho, que estava se sentindo mal, envergonhado pelo
que fez. Sobre seu passado, afirma ter trabalhado em um salão de beleza 5 estrelas e que perder
para as drogas, mas que pretende mudar agora. Disse que não participa de nenhum grupo social,
não é casado, mas a relação com os pais é boa, embora não tão boa devido às drogas. Disse ainda
que não faz parte de nenhum programa social, que se espelha em sua tia, uma grande
cabeleireira, é católica, que teria que nascer de novo para mudar sua vida, começando por
resolver seus problemas com as drogas, que mudaria algumas amizades, procurando outras
melhores e, somando-se a isso, futuramente planeja continuar na profissão de cabeleireiro ao
voltar para São Paulo. L.L.C.J., sobre o significado da palavra liberdade para ele, diz que só vê
quando fica sem ela, além de dizer como a prisão foi chata, foi humilhante. Sobre o significado
da palavra justiça para ele, afirmou que ela poderia melhorar muito em todos os sentidos. No
geral, sobre o momento que estava passando, o indivíduo ressaltou que a prisão foi humilhante,
que todo mundo o viu sendo preso, que está morrendo de vergonha de voltar para casa por causa
dos seus pais. Com isso, concluiu dizendo que gostaria de fazer escuta psicológica
posteriormente.

Acolhimento 2

O segundo acolhimento realizado no dia 07/05/2019 foi de J.T.C.A., que é do sexo


masculino, possui 33 anos, estudou até o 1° ano do Ensino Médio e, atualmente, trabalha
ajudando a mão na fábrica de bolo da qual ela é dona. Ele afirma ser usuário de drogas e que foi
preso devido a terem encontrado cocaína em sua residência. Relata que sente que foi muito
humilhado pelos policiais, que em sua visão deveriam respeitar mais o ser humano, que está com
o alto astral baixo, que só quem passa é quem sabe. J.T.C.A., asseverando que quer permanecer
ajudando a mão na fábrica, que não participa de grupos sociais, que tem boa relação familiar, que
não faz parte de nenhum programa social, que se espelha na mãe e no pai, e que é evangélico,
mas está afastado. Além disso, diz que gostaria de mudar sua vida atual abandonando as drogas
e, somando-se a isso, futuramente planeja o melhor para seus 3 filhos. Sobre o significado da
palavra liberdade para ele, declara que ela é tudo e que quando soube que estava solto foi só
alegria. Sobre o significado da palavra justiça para ele, diz que só funciona com os pobres e
denunciou que a polícia pediu R$ 2.000,00 para liberá-lo. No geral, sobre o momento que estava
passando, alega que foi conturbado, pois estava muito aflito, já que no dia anterior teve crise de
asma na cadeia e não chamaram SAMU para lhe prestar socorro, mas que agora vem o alívio.
Com isso, concluiu dizendo que gostaria de fazer escuta psicológica posteriormente.

Acolhimento 3

O primeiro acolhimento realizado no dia 21/05/2019 foi de P.T.S.S., que possui 67 anos,
é do sexo masculino, estudou até o 4° ano do Ensino Fundamental e que é soldador. Disse que
estava ali (fórum) devido a estar sendo acusado de agredir a esposa, sentindo, assim, uma tristeza
muito grande. Afirma que não se vê mudando de profissão no futuro, que participa da igreja
católica, que sua relação familiar, especificamente com seus filhos, é muito boa, que não faz
parte de nenhum programa social, que não se espelha em ninguém e que é cristão (católico). No
que se refere às mudanças, fala que atualmente gostaria de ter paz, saúde e felicidade e,
somando-se a isso, futuramente planeja ficar ao lado da esposa até a morte. Sobre o significado
da palavra liberdade para ele, diz que ela é tudo, que quem a possui tem tudo. Sobre o
significado da palavra justiça para ele, relata que é boa, desde que faça tudo certo. No geral,
sobre o momento que estava passando, o indivíduo desejou-me que a paz estive comigo. Com
isso, concluiu dizendo que não gostaria de fazer escuta psicológica posteriormente.

Acolhimento 4

O segundo acolhimento realizado no dia 21/05/2019 foi de J.B.S., que possui 33 anos, é
do sexo masculino, estudou até o 2° ano do Ensino Fundamental e que trabalha em serviços
gerais, geralmente com eletrônicos. Disse que estava ali (fórum) devido a ter discutido com a
esposa, sentindo-se, assim, muito mal por ter que ficar longe de casa e dos filhos. Afirma que
pretende se aprimorar em sua profissão, fizer formação futuramente, que não participa de
nenhum grupo social, que sua relação familiar é boa, que não faz parte de nenhum programa
social, que se espelha em Luiz Carlos, da banda Raça Negra e que é católico. No que se refere às
mudanças, fala que atualmente gostaria de não discutir tanto e, somando-se a isso, futuramente
planeja mudar de vida. Sobre o significado da palavra liberdade para ele, diz que ela é uma coisa
que dinheiro nenhum paga. Sobre o significado da palavra justiça para ele, relata que é poder
conversar para poder chegar a um acordo. No geral, sobre o momento que estava passando, o
indivíduo disse que estava se sentindo mal, porque é a mesma coisa que estar presa. Além disso,
diz que nada contribuiu para o delito, que não possui vícios e que nunca teve teve envolvimento
com drogas. Com isso, concluiu dizendo que não gostaria de fazer escuta psicológica
posteriormente.

Acolhimento 5

O primeiro acolhimento realizado no dia 04/06/2019 foi de J.H.G.F., que possui 20 anos,
é do sexo masculino, estudou até o 6° ano do Ensino Fundamental e que, atualmente, está
desempregado. Disse que estava ali (fórum) devido a ter sido detido em sua casa com posse
ilegal de arma de fogo calibre 38, sentindo-se, assim, mal, constrangido. Afirma que possui
como habilidades as funções de padeiro, garçom, servente de pedreiro, e chapeiro, sendo, esta
última, a profissão na qual quer trabalhar futuramente. Diz ainda que não participa de nenhum
grupo social, que sua relação familiar é boa, que não faz parte de nenhum programa social, que
se espelha em si mesmo e que é católico. No que se refere às mudanças, fala que atualmente
gostaria de voltar a trabalhar e, somando-se a isso, futuramente planeja cuidar dos filhos. Sobre o
significado da palavra liberdade para ele, diz que é ser livre, não dever nada a ninguém, andar
sem medo. Sobre o significado da palavra justiça para ele, relata que só existe a de Deus. No
geral, sobre o momento que estava passando, o indivíduo disse que agradece a Deus, que vai
retomar o trabalho e cuidar dos filhos. Com isso, concluiu dizendo que gostaria de fazer escuta
psicológica posteriormente.

Acolhimento 6

O segundo acolhimento realizado no dia 04/06/2019 foi de A.F.O., que possui 27 anos, é
do sexo masculino, estudou até o 2° ano do Ensino Médio e que, atualmente, é motorista de táxi.
Disse que estava ali (fórum) devido a ter sido detido em sua casa com posse ilegal de arma de
fogo calibre 32, não sabendo dizer como se sentia, pois foi a 1° vez que foi preso (réu primário).
Afirma que possui como habilidades a função de serigrafista, mas que não se vê mudando de
profissão futuramente. Diz ainda que não participa de nenhum grupo social, que sua relação
familiar é boa, que são muito unidos, que não faz parte de nenhum programa social, que se
espelha em seu pai e que não possui crença ou religião. No que se refere às mudanças, fala que
atualmente gostaria de construir uma família e, somando-se a isso, futuramente planeja ter
estabilidade financeira. Sobre o significado da palavra liberdade para ele, diz que é tudo, que não
há nada que pague. Sobre o significado da palavra justiça para ele, relata que ela é muito falha.
No geral, sobre o momento que estava passando, o indivíduo disse que é um aprendizado para
não errar novamente. Com isso, concluiu dizendo que não gostaria de fazer escuta psicológica
posteriormente.

Acolhimento 7

O terceiro acolhimento realizado no dia 04/06/2019 foi de A.F.S., que possui 49 anos, é
do sexo masculino, que nunca estudou e que, atualmente, é reciclador. Disse que estava ali
(fórum) devido a estar sendo acusado de agredir a esposa quando estava embriagado, dizendo
ainda que se sentia humilhado, desprezado, julgado, chutado, abandonado, sem apoio, vazio.
Afirma que possui como habilidades a função de vidraceiro, cabeceiro (cimento), pintor e
auxiliar de soldador, mas que não se vê mudando de profissão futuramente. Diz ainda que
participa da igreja, que sua relação familiar é boa, mas que ficou ruim após a mulher começar a
beber, que não faz parte de nenhum programa social, que se espelha em si próprio e que é
protestante. No que se refere às mudanças, fala que atualmente gostaria de comprar um carro
para trabalhar e, somando-se a isso, futuramente planeja ser feliz, ter renda para suprir a casa e a
família. Sobre o significado da palavra liberdade para ele, diz que é estar livre. Sobre o
significado da palavra justiça para ele, relata que se errar, a justiça proverá. No geral, sobre o
momento que estava passando, o indivíduo disse que está passando necessidade, que precisa de
apoio, que vai se apegar a Deus e Jesus para passar pelas dificuldades. Com isso, concluiu
dizendo que gostaria de fazer escuta psicológica posteriormente.

Acolhimento 8

O quarto acolhimento realizado no dia 04/06/2019 foi de J.R.S.S., que possui 38 anos, é
do sexo masculino, que estudou até o 5° ano do Ensino Fundamental e que, atualmente, está

agredir a esposa, dizendo ainda que se sentia péssimo, pois não adiantava falar algo e ser julgado
pela aparência. Afirma que possui como habilidades a função de pedreiro, eletricista e servente
de pedreiro, e que pretende ser motoboy futuramente. Diz ainda que participa da igreja, que não
sabe dizer como é a sua relação familiar, que não faz parte de nenhum programa social, que não
se espelha em ninguém e que é protestante. No que se refere às mudanças, fala que atualmente
gostaria de mudar tudo, porque queria voltar no tempo, com a sabedoria atual, e refazer tudo, e,
somando-se a isso, futuramente planeja ter uma vida digna, uma vida sossegada. Sobre o
significado da palavra liberdade para ele, diz que é poder estar em todos os lugares, sem dever a
ninguém e ir onde quiser. Sobre o significado da palavra justiça para ele, relata que ela não
existe, porque a bíblia diz que a do homem não é justa. No geral, sobre o momento que estava
passando, o indivíduo disse que Deus é onisciente e onipotente, sonda mente e coração, e que
seja feita a vontade Dele, e que não quer mais nada com a esposa. Com isso, concluiu dizendo
que não gostaria de fazer escuta psicológica posteriormente.

III - INTERVENÇÃO FINAL

Foi programa uma intervenção final para dia 13 de junho de 2019 com todos os
custodiados que passaram pelo Escritório Social neste semestre. Em função das dificuldades de
mobilização não foi possível à realização desta atividade que ficou para o próximo semestre.

IV- CONSIDERAÇÕES SOBRE A(S) PRÁTICA(S) REALIZADAS

Diante das práticas realizadas, o estágio no Fórum Afonso Campos pode proporcionar
uma experiência de extremo aprendizado, pois abriu possibilidades para visualizar os indivíduos
que comentarem um crime a partir de outra ótica. Foi possível através dos acolhimentos e das
escutas realizadas no escritório social, bem como na participação nas audiências de custódia,
visualizar o sujeito de forma integral. A partir disso, auxiliá-los no desenvolvimento de suas
potencialidades e na visualização de si mesmo como agente de mudança.
V - REFERÊNCIAS

ALVES, N. e LIBÂNEO, J. C. (Orgs.) Temas de Pedagogia; diálogos entre didática e currículo.


São Paulo: Cortez, 2013.

BENJAMIN, A. A entrevista de ajuda. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011.

REGO, T. C. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Rio de Janeiro: Vozes,


1995.

FIORINI, J. H. Teoria e técnica de psicoterapias. São Paulo: Martins Fontes: 2008.

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