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ithaca
Titulo original:
Philosophy in a timeof terror
rida)
(Dialogues with Jiirgen Habermas and Jacques Der
Todososdireitos reservados.
A reproducdo n4o-autorizada desta publicagao, no todo
ou em parte, constitui violagao de direitos autorais. (Lei 9.610/98)
Habermas,Jiirgen, 1929- .
H119f Filosofia em tempo de terror : didlogos com Jiirgen Habermas e Jacques Derrida /
aa Borradori ; tradug3o Roberto Muggiati. — Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,
PREFACIO
INTRODUGAO
‘Terrorismoe 0 legado do Iluminismo,
Habermas Derrida 3
PARTE 1
Fundamentalismoe terror —
Um didlogo com Jiirgen Habermas 37
PARTE 2
Auto-imunidade: suicidios reais e simbolicos —
Um didlogo com Jacques Derrida 95
4 *
Sur
147
Desconstruindo terrorismo — Derrida
Notas 181
Agradecimentos 203
Prefacio
TERRORISMO E
© LEGADO Do ILUMINISMO
Habermas e Derrida
esta 6 uma concep¢doiluséria, pois nao mergulha abaixo dasuperficie, nem per.
gunta por queos individuos fazem as escolhas que fazem. Comoessas OP¢Ges
sig
limitadas pelo acesso que temos a todosos tipos de recursos — €condmicos,cyl.
turais, educacionais, psicoldgicos, religiosos, tecnolégicos —, a idéia de queas
pessoas podem ser deixadas em paz para fazer suas préprias escolhas, sem q
interferéncia de outras, nao as tornalivres; ao contrario, deixa-as a mercé das
forcgas dominantes de sua época.
Acreditar que nada ha de mais filoséfico do que a histéria implica pensar que
a liberdadereal comeca com a percep¢ao de queas escolhas individuaissao forma-
!
das em permanente negociacdo com forgas externas. A liberdade é assim medida
pelo grau em que nos tornamosaptos a adquirir controle sobre essas forcas, que
de outro modo noscontrolariam. Dessa perspectiva,a filosofia tem naos6 a per-
missdo, masa responsabilidade de contribuir para a discussao publica sobreo sig-
nificado de 11 de setembro, que surge assim como um acontecimento que produz
um impacto sobre o nosso entendimento do mundoe de nés mesmos.
al d
trivialidadeirrefletida —a fala cheia declichés, a auséncia aparente de édio fang
tico pelos judeus e o orgulho de ser um cidadaorespeitador da lei —, Bichmany,
mal”.
pareceu-lhe uma encarnagao da “banalidade do
7
— forjadoa partir da partic.
tivo e da protecao de um espa¢o politico saudavel
pacdo popular, da diversidade humanae da igualdade — refletia a urgéncia de
sua propria reacdo ao terror total: uma reacdo que vinhado trauma,do deslo-
camento, da perdae doexilio. Isso é também, contudo, a marca de umaantiga
orientacdo que Arendt herdou dos gregos. Desde Sécrates, a filosofia envolvey
temporalidade
a insolucionavel mas produtiva tensao entre acao ¢ especulacao,
e atemporalidade, vita activa e vita contemplativa.
e Derrida
Apesar de suas concepgées totalmente distintas de filosofia, Habermas
cl ll ile
ario de
parecem seguir o modelo de Hannah Arendt. Comoela, e ao contr
nto a par-
Russell, eles nao encaram o engajamentopolitico como um compleme
uaté
ticipacao nafilosofia, como uma op¢ao que pode ser assumida,adiadao
i
con-
mesmototalmente recusada. Ambos encontraram e adotaram a filosofia no
o
texto dos traumas dahistéria européia do século XX: colonialismo, totalitarism
e Holocausto. Suas contribuicdes ao tema de 11 de setembroe do terrorismo glo-
bal seguem 0 mesmoveio.
Habermase Derrida nasceram com apenas um anodediferenga, em 1929¢
1930, respectivamente, e eram adolescentes durante a Segunda Guerra Mundial.
Habermasviveu na Alemanhasob 0 jugo ameagadordo Terceiro Reich, enquat
to Derrida vivia na Argélia, na época uma colonia francesa.
Habermas lembra o profundo estado de choque em queele e seus amigos
i a ah leNS li la, lies
Nao deveriamos porém presumir que, uma vez que Habermas Privilegia 0
papel constitutivo da historia, ele minimize a importancia daparticipagaoindi-
vidual na arena politica ou acredite que a identidade politica é fornecida de —
modo automatico por umatradicao historicamente estabelecida. Ao contrario, |
em particular no contexto da identidade nacional alema, Habermas defende
uma nocdo depatriotismo constitucional. Somentetal patriotismo,baseado na |
livre adesao a constituicdo por parte de cada cidadaoindividual, pode forjar uma
alianca nacional progressiva. Para Habermas,é essencial que os alemaesenten-
dam a si mesmos como umanac&o, baseados unicamente na sua lealdade a cons-
tituicao republicana, sem se agarrar ao que ele chama de “muletas pré-politicas
da nacionalidade e comunidadede destino”.!?
Derrida experimentouessas muletas em primeira mao quando,em outubro
de 1942, foi expulso de sua escola, o Lycée de Ben Aknoun,e viu-se alojado em
um antigo mosteiro localizado perto de El-Biar, na Argélia, onde viveuaté os 19
anosde idade. O motivo da expulsdo nao foi comportamento desordeiro, mas
a aplicagao das leis raciais na Franca e em suas possessdes coloniais, incluindoa
Argélia. A identidade emergiu para Derrida como um feixe de fronteiras insté-
veis. Comorelembra dolorosamente, o menino que foi expulso em 1942 era “um
moreninhoe judeu drabe demais, que nada entendia daquilo, a quem ninguém
nunca ofereceu a menorexplicacao, nem seuspais, nem seus amigos”.”” Osante-
cedentes de Derrida destacam o desafio de existir nas fronteiras de multiplos tr
ritérios: judaismoe cristianismo, judaismoe islamismo, Europa € Africa, Frans
continental e suas colénias, o mar e o deserto. Este € o mesmo desafio qué ele
apresenta filosofia.
e
A linguagem que Derridase lembra deter sido usada na €poca da sua expu-
/ sao da escola enfatiza a polifonia dessas vozes:
Terrorismoe o legado do Iluminismo 33
“circunscis4o’,
SeeeeotnenBe ES, angslindé, taramaente diziamos
, mas “comunhao”, com as conseqtiéncias de
abrandamento, de anula¢io — por meio de umaaculturagao medrosa,a qual sem-
eis, sen-
pre sofri mais ou menos conscientemente — de acontecimentosinadmissiv
,cir-
tidos comotais, nao-“catdlico”, violento, barbaro, duro, “arabe”, circuncidado
cuncisao,interiorizado, acusacao secretamente assumida de assassinato ritual.?!
do “antropologismo
»
ni st a as so ci ad a ao
ranga huma
sa, tomando com o certa a he , o humanismo perm
aneceu leal
Da Ren asc en ga it al iana a0 Tluminismo iéncias
thropos.
ad e do ho me m’ . Nao poderia haver “c
de “a unid
ao que Derrida chamou
24 Introdugao
ado
O legado do Muminismo em um mundo globaliz
as Torres Gémeas e 0
A ideologia explicita dos terroristas que atacaram
rnidade e secula-
Pentdégono em 11 de setembro é umarejeicao do tipo de mode
nismo. Em
rizacdo que, na tradicaofilos6fica,esta associada ao conceito de Humi
specifico, que coincide his-
filosofia, o Iluminismo descreve nao s6 um periodoe
cracia e a
toricamente com o século XVIII, mas também a afirmacao da demo
ituiram o cen-
separacdo entre poder politico e crenga religiosa, valores que const
a norte-americana.
tro da Revolucdo Francesa e da Guerra de Independénci
inismo é a emergéncia do
Kant escreveu, admiravelmente, que “go Ylum
a incapa-
homem com relagdo a sua jmaturidade auto-induzida. Imaturidade é
tagao de
cidade de lancar mao de nosso préprio entendimento sem a orien
crengas, o Iluminismo marca
outro”28 Menos do que um conjunto coerente de
somente com base na
uma ruptura com o passado, que se torna disponivel
idade. E precisamente essa inde-
independéncia do individuo diante da autor
26 Introdugao
. « 4
pendéncia a marca da modernidade. Quandonos perguntamos se, no Presen
te, vivemos em umaera iluminada,a resposta €: nao, mas vivemos em uma ety
de iluminagao.””?
Em 14 de fevereiro de 1989, mais de 200 anos depois da Publicacio das ’
palavras de Kant, foi lembrado ao mundo que 0 fildsofo estava certo: na Verda.
mas em uma
\% nunca podemosconfiar que vivernos em uma era iluminada,
sal
vidos na sua publicagao e que tinham conhecimento do seu contetido estaosen-
\tenciados a morte.”?° Durante nove anos Rushdie teve de viver escondido,pesa-
delo do qual foi formalmente liberado em 1998, quando representantes dos
| governosbritanico eiraniano fecharam um acordo nas Na¢Ges Unidaspara pér
fim a ameaca de morte.*}
: Em quelugaro filésofo se situa face a heranca do Iuminismo — esta 6,por-
tanto, ndo apenas umaquestdo tedrica, mas que também envolve delicadas rami-
ficagdes politicas. Como muitos filésofos que chegaram a maioridade nos anos
1980, cresci convencida de que Habermase Derrida expressavam opiniGes acen-
tuadamente opostas em relas4o ao Iluminismo: Habermas defendia-o, e Derrida
rejeitava-o. Mais tarde vim a perceber que essa era umavisio distorcida, da qual
a obsessaointelectual daquela década — a querelle entre o modernismoe 0 p6s-
modernismo — é principal culpada. Se a identificagao de Habermas com 0 mo-
dernismo ¢ osvalores politicos do Iluminismo indiscutivel, a alegacao predo-
minante de que Derrida é um pensadorantiiluminista revela-se simplesmente
errénea.*”
Habermas segue natradi¢ao da teoria critica,>> que atribui a filosofia um@
fungdo de diagnose em relacdo aos males da sociedade moderna e também 20
discurso intelectual que fundamenta sua insurreicao e justifica seus objetivos ¢
motiva¢Ges. E exatamente 0 que acontece na pratica da clinica médica, pois |
diagnéstico da teoria critica nao é uma empreitada especulativa, mas uma ava
conceito de
4
crítica liagdo orientada para a possibilidade de cura. Essa avaliacao confere a filosofia °
fardo e o privilégio da responsabilidadepolitica. A interdependéncia entre teria 4
€ pratica €é um dos axiomasdateoria critica. Seu fulcro é a emancipacao, encal® /
{
Terrorismo e 0 legado do Il
uminismo
27
da como “emand poe melh
oria da situacggo humana pres
ente. Habermas
chama essa demanda de “projeto inac
abado de modernidade”. Iniciado por Kant
e outros pensadores do Iluminismo, 0 Projeto requer a cren
ca em principios cuja
validade € universal, exatamente porqueeles se sustentam por meio deespecifi-
cidadeshist6ricas e culturais.
Em contrapartida,
. ; © suporte intelectual da desconstrugao de Derrida deve
muito a linhagem dosséculos XIX e XX, constituida porNietzsche, Heidegger e
Freud. Para Derrida, muitos dos principios aos quais a tradicao ocidental atri-
buiu validade universal nao comportam o que todos nés partilhamos ou até
esperamos. Em lugar disso, impd6em um conjunto de padrdes que beneficiam
alguns e trazem desvantagem para outros, dependendo do contexto. Para ele,
demarcaras fronteiras histéricase culturais desses principios é uma precondi¢ao
para esposar a demanda doIluminismoporjustica e liberdade para todos. No
entanto, a abordagem de Derrida com relagaoa ética e a politica tem umaoutra
dimensao: ele chama-a de responsabilidade diante da alteridade e da diferenga,
aquilo que esta além dasfronteirasda descricdo,do excluido e do silencioso. Para
ele, esse senso de responsabilidade expressa a demanda por universalismo que
esta associada ao Iluminismo.
A luz dos didlogos coligidos neste livro, nao podemosdeixar de nos persua-
dir de que Habermas e Derrida compartilham um compromisso com o
Tluminismo. A diferenca em suas abordagens nao é apenas deinteresse histérico
(porque langa umanovaluzsobrea relacao entre os dois), mas uma ilustra¢ado
oferecer 4
da riqueza e da variedade que a filosofia é singularmente capaz de
interpretacdo do momento presente. A questo datolerancia, um conceito-chave
ocidentais, é
tanto do Iluminismo como daauto-representacao das democracias
um tema em pauta.*4
crista da nogao de tolerancia, o
Derrida enfatiza a matriz marcadamente
que pretende ser. A
que a torna um conceito politico ¢ ético menos neutro do
dela o remancsca de
origem religiosa e 0 foco da nocdo de tolerancia fazem
mas
paternalista em que o outro nao é aceito entne um parceiro er ".
um gesto
interpretado em saat eren-
subordinado, talvez assimilado e certamente mal
certo a asncia
tolerancia é
€ antes de mais nada uma forma de caridade. Uma
ca. Por pudessem aparente-
z oe ‘nda que judeus e muculmanos_. _ e
caridadecrista, portanto, ainda que )
... Em adi¢&o ao significado
ambém. reli
iar dessa linguagem t ae yes
onar
mencirs as conot
T o e
a¢oes it a
bioldg i-
se apropriat . s tambéma
gioso [da tolerancia], ... deveriamo
mente
lim
ici tas. Na Franga a
éti cas ou organicis
Cas, genéti
2 Introducao
usada para descrever o limiar além do qual n4o é mais decente pedir a Uma
comunidadenacional que acolha outros estrangeiros,trabalhadores imigrante‘
e gente parecida.
A nocaode tolerancia é, para Derrida, de uso inadequadonapolitica secy.
lar. Sua implicagaoreligiosa, com raizes profundas na concep¢aocrista da cari.
’ dade, derruba qualquer pretensao de universalismo.*° Atento a todos08fatos dg
déncia o fato de que a toleran.
linguagem, Derridasalienta que nao é umacoinci
cia tenhasido apropriadapelo discurso bioldgi co para indicar a linha ténueentre
plantes de 6rgaose no con-
integracdoe rejeicao. Assim como acontece nos trans
ia com o 0 limite extremo
trole da dor, o limiar da tolerancia designa a toleranc
do colapso.
da luta do organismo para se manter em equilibrio antes
A tolerancia é, assim, 0 oposto da hospitalidade, termo que Derr
ida sugere
o¢
comoalternativa ao primeiro. A distincdo entre tolerancia e hospitalidadena
te
claramente umasutileza semantica, mas aponta para o que € mais importan no
enfoque de Derrida com relacao a ética e a politica: a obrigag4o unica que cada
um de nés tem com o outro.
ideclonawtecae oeP
to dos desafios especificamente globais
Terrorismo eo legado do Ilumin
ismo
29
no¢ao
A objecado que Habermas dirige a Derrida e 4 sua desconstrugao da
de tolerancia aplica-se a umasitua¢ao politica muito especifica: uma democra-
cada como a
cia funcional participante. Nela, a tolerancia nao pode ser prati
razao dos maisfortes. .
Observo no entanto que a globalizacao parece ter transformadoas condi-
e.
g6es e o significado da participacao, tanto econémica como politicament
de participagao global
Quem participa do qué? Se é verdade que novos rumos
, ir, em
parece regred neespecial por
estao se abrindo, por que o limite de tolerancia
parte daqueles que supostamente a
cabaram de entrar no forum publico na con-
30 Introdugao
ie ls Ni
fazer do conceito de tolerancia?
Habermasvolta-se para a modernidadea fim de fazer face a esses desafigg
aa ’
O paradigma daintolerancia religiosa — e ele a
sua encarnacao — aparece-lhe com:o um fenémeno exclusivamen
té moderno, i
i
a na atifude
Como Kant, Habermas entende que a modernidade é uma mudang
ngas. Umaatitude de crenca
de crenca, mais do que um corpo coerente de cre
mos,
indica 0 modo como acreditamos, mais do que aquilo em que acredita
Assim, o fundamentalismo tem menos a ver com qualquer texto especifico ou
ga. Quer discutamos
dogmareligioso, e mais a ver com a moralidade da cren
s sempre falando
crencas fundamentalistas islamicas, cristas ou hindus, estamo
de reac6es violentas contra a maneira moderna de entendere praticar a religiao,
o pré-
Nessa perspectiva, o fundamentalismonao € 0 simples retorno a um mod
rnida-
moderno dese relacionar com religiao: é uma reagdo de panico a mode
de, percebida mais como ameaga do que como oportunidade.
Habermas admite que toda doutrinareligiosa se baseia em um cerne dogmé-
tico de crenca; de outro modo,nao acarretaria a fé. No entanto, com 0 advento da
modernidade,as religides tiveram de “abrir mao do carater de envolvimento uni-
versal e aceitacao politica da sua doutrina’, a fim de coexistir em uma sociedade
pluralista. A transigdo da atitude de crenga pré-moderna para a moderna foi um
desafio monumental para asreligides mundiais. Estas so religides cuja reivindi-
cacao exclusiva da verdadefoi apoiada e confirmadaporsituagGes politicas “cujas
periferias pareciam se tornar indistintas além de suas fronteiras”. A modernidade
traz a cena tal pluralidade de nacdes e tamanho crescimento em complexidade
social e politica, que a exclusividade dereivindicac6es absolutas torna-se simples-
mente insustentavel. “Na Europa,o cisma confessional e a secularizacao da socie-
dade compeliram a crengareligiosaa refletir sobre seu prdprio lugar nao-exclusi-
vo dentro de um discurso universal partilhado com outras religidese limitado pot
um conhecimento do mundogeradocientificamente.”
A globalizacao acelerou a reagao defensiva que acompanha o medodo qué
Habermasdefine como0 “violento desenraizamento dos modostradicionais 4¢
vida”algo de que a modernizagao é geralmente acusada. Nao podemosnega, diz
e
Habermas,quea globalizacio dividiu a sociedade mundial em vencedores, ben
ficidrios e perdedores. Nesse sentido, “o Ocidente como um todoserve de bode
Terrorismo e o legado do Iuminismo
31
Nocurso dos ultimos poucos séculos, cuja histéria teria de ser cuidadosamente
is-
reexaminada (a auséncia de umaera do Iluminismo,da colonizac4o, do imperial
moe assim por diante), varios fatores contribuiram para a situacao geopolitica
uma mar-
cujos efeitos estamos sentindo atualmente, a comegar pelo paradoxo de
ento
ginalizacao e de um empobrecimento cujo ritmo é€ proporcional ao crescim
chamamos
demografico. Essas popula¢des estao nao s6 privadas de acesso ao que
brevemente), mas des-
de democracia (por causa da histéria que relembrei apenas
“riquezas”naturais sao de
pojadasaté das chamadas riquezas naturais daterra. ... As
s que hoje restam.
fato os tinicos bens nao-virtualizaveis e ndo-desterritorializ4vei
um lado, ele
A posicao do mun do islamico é tinica sob dois aspectos: por
tessencialmente moderna
carece historicamente de exp osicao a experiéncia quin
a necessdria para que
da democracia que Derrida, como Habermas, consider
cultura encare positivamente a moderniz
acao.Por outro lado, muitas cul-
uma
rsos naturais tais como o
turas islamicas floresceram em solo ri co de recu
curso “ndo-virtualizavel e nao-
petréleo, que Derrida define como 0 ultimore
o islamico mais vulneravel a
desterritorializavel”. Essa situagao torna © bloc
lizados e dominada
modernizagao selvagem produzida pelos me rcados globa
es internacionais.
por um pequeno ntimero de estados e corpora¢o'
34 Introdugao
eaialis era
mente como promessa, esperanca e auto-afirmagéo. Ambassao reflexdes som.
brias sobre o legado do Iluminismo,e a busca incansavel de umaperspectivacri-
tica que deve comegar pelo auto-exame.